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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JOSÉ SARNEY, DIGNÍSSIMO PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL A COMISSÃO DE JURISTAS PARA A ELABORAÇÃO DE ANTEPROJETO DE CÓDIGO PENAL, criada pelo Requerimento nº 756, de 2011, do SENADOR PEDRO TAQUES, aditado pelo de nº 1.034, de 2011, de Vossa Excelência, com aprovação pelos Senadores da República em 10 de agosto de 2011, tem a honra de apresentar o RELATÓRIO FINAL que inclui o histórico dos trabalhos, o anteprojeto de novo Código Penal e a exposição de motivos das propostas efetuadas. 1

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  • 1. EXCELENTSSIMO SENHOR JOS SARNEY,DIGNSSIMO PRESIDENTE DO SENADO FEDERALA COMISSO DE JURISTAS PARA A ELABORAO DEANTEPROJETO DECDIGO PENAL, criada peloRequerimento n 756, de 2011, do SENADOR PEDROTAQUES, aditado pelo de n1.034, de 2011, de VossaExcelncia, com aprovao pelos Senadores da Repblica em 10de agosto de 2011, tem a honra de apresentar o RELATRIO FINALque inclui o histrico dos trabalhos, o anteprojeto de novo Cdigo Penal ea exposio de motivos das propostas efetuadas. 1

2. Primeira ParteHISTRICO DOS TRABALHOS DA COMISSO Nos termos do Requerimento 756/2011, combinado com o Requerimento1.034/2011, foram nomeados membros da Comisso de Juristas o Ministro doSuperior Tribunal de Justia GILSON LANGARO DIPP, que recebeu o encargo depresidi-la, a Ministra do Superior Tribunal de Justia MARIA THEREZA MOURA,os advogados ANTONIO NABOR AREIAS BULHES, do Distrito Federal,MARCELO LEAL LIMA OLIVEIRA, do Distrito Federal, EMANUEL MESSIASOLIVEIRA CACHO, de Sergipe, TCIO LINS E SILVA, do Rio de Janeiro, RENARIEL DOTTI, do Paran, MARCELO LEONARDO, de Minas Gerais, GAMILFPPEL EL HIRECHE, da Bahia, o Desembargador do Tribunal de Justia do Rio deJaneiro JOS MUIOS PIEIRO FILHO, o Consultor Legislativo do SenadoFederal, TIAGO IVO ODON, a Defensora Pblica JULIANA GARCIABELLOQUE, de So Paulo, o Professor LUIZ FLVIO GOMES, de So Paulo, aProcuradora de Justia LUIZA NAGIB ELUF, de So Paulo, o Procurador Regionalda Repblica LUIZ CARLOS DOS SANTOS GONALVES, de So Paulo, e oPromotor de Justia MARCELO ANDR DE AZEVEDO, de Gois. Foi, a seguir,includo como membro da Comisso o Desembargador do Tribunal de Justia de SoPaulo MARCO ANTONIO MARQUES DA SILVA.Logo aps o incio dos trabalhos a Ministra MARIA THEREZA ROCHA DEASSIS MOURA e o advogado REN ARIEL DOTTI pediram, por razes pessoais,afastamento da Comisso.Na primeira reunio ocorrida em 18 de outubro de 2011, logo aps asolenidade de sua instituio, a Comisso de Reforma aprovou seu RegimentoInterno e estabeleceu plano de trabalho. Por indicao de seu Presidente, GILSONDIPP, o Procurador Regional da Repblica da Terceira Regio LUIZ CARLOS DOSSANTOS GONALVES foi escolhido Relator Geral dos trabalhos.A Comisso realizou, nos sete meses de sua atividade, vinte e quatro reunies,nas salas prprias da Ala das Comisses deste Senado Federal, conforme atas queficam fazendo parte integrante deste relatrio final. Foram realizadas audinciaspblicas em So Paulo, Braslia, Rio de Janeiro e Porto Alegre, bem como seminriosem Aracaj e Cuiab, que contaram com contribuies da comunidade jurdica eacadmica, alm de significativa presena de representantes da sociedade civil. Emespao reservado na pgina do Senado Federal na internet, o Al Senado, sepermitiu a toda a cidadania brasileira que enviasse sugestes para a reforma do 2 3. Cdigo Penal, que recebeu, ao todo, quase trs mil proposies. As sugestes foramorganizadas por temas e foram de grande utilidade, alm de indicar as maiorespreocupaes da sociedade brasileira. Entidades comunitrias e representativas dasociedade fizeram tambm sugestes, encaminhadas diretamente Presidncia e Relatoria Geral dos Trabalhos. As reunies da Comisso foram transmitidas pela TV Senado e causaramimensa repercusso nos meios de comunicao social, tendo merecido cobertura eeditoriais em jornais como o Correio Braziliense, a Folha de So Paulo, o Estado deSo Paulo, o Globo, o Estado de Minas e o Zero Hora, alm de outros grandesveculos da imprensa.A tarefa da Comisso, prevista no Requerimento 756, atualizar o CdigoPenal, sendo imprescindvel uma releitura do sistema penal luz da Constituio,tendo em vista as novas perspectivas normativas ps-88. Da mesma maneira: oatraso do Cdigo Penal fez com que inmeras leis esparsas fossem criadas paraatender a necessidades prementes. Como consequncia, tem-se o prejuzo total dasistematizao e organizao dos tipos penais e da proporcionalidade das penas, oque gera grande insegurana jurdica, ocasionada por interpretaesdesencontradas, jurisprudncias contraditrias e penas injustas algumas vezesmuito baixas para crimes graves e outras muito altas para delitos menores. A Comisso de Reforma aceitou, portanto, as seguintes tarefas: a) modernizar oCdigo Penal; b) unificar a legislao penal esparsa; c) estudar a compatibilidade dostipos penais hoje existentes com a Constituio de 1988, descriminalizando condutase, se necessrio, prevendo novas figuras tpicas; d) tornar proporcionais as penas dosdiversos crimes, a partir de sua gravidade relativa; e) buscar formas alternativas, noprisionais, de sano penal. Para a ordenao dos trabalhos, foram criadas trs subcomisses: a da partegeral, a da parte especial e a da legislao extravagante. A primeira, relatadainicialmente por REN ARIEL DOTTI, foi composta tambm por MARIA TEREZAROCHA DE ASSIS MOURA, EMANUEL CACHO, JOS MUIOS PIEIROFILHO e MARCELO ANDR DE AZEVEDO. A Comisso da Parte Especial,relatada por JULIANA BELOQUE, inclua NABOR BULHES, TCIO LINS ESILVA, LUIZ FLVIO GOMES, MARCO ANTONIO MARQUES DA SILVA eLUIZA NAGIB ELUF. A subcomisso da legislao extravagante foi integrada porTIAGO IVO ODON, que a relatou, e GAMIL FPPEL, MARCELO LEAL,MARCELO LEONARDO e LUIZ CARLOS DOS SANTOS GONALVES.As propostas das subcomisses foram submetidas a intenso debate nas reuniesgerais da Comisso, resultando na aprovao dos textos com inmeras modificaes,supresses e acrscimos, muitas vezes por voto de maioria. Os textos afinalaprovados so oferecidos em anexo. Abaixo, segue a explicao do modo como se3 4. procedeu codificao e a justificativa para algumas das principais inovaestrazidas pelo anteprojeto. Ao final, tem-se o texto aprovado, na ntegra. Este relatrio no estaria completo sem o reconhecimento e as homenagens apessoas que, ao longo das atividades, assdua e proficuamente, ofereceramvaliosssima colaborao jurdica para o bom xito dos trabalhos, sendo semprelembrados como entusiastas e consultores da Comisso, JOS CARLOS NOBREPORCINCULA NETO, advogado, e de PEDRO PAULO GUERRA DEMEDEIROS, advogado.Os funcionrios da Procuradoria Regional da Terceira Regio, lotados nogabinete deste relator, ofereceram tambm competente e entusiasmado trabalho eassessoria. o caso da FABIA BRITO DAMIA, TIAGO VANONI, SIMARAMIRANDA, ROBSON VALENA e dos estagirios DIEGO YASSUDARODRIGUES DE OLIVEIRA e BIANCA PAVAM LEITE DE OLIVEIRA.Um especial agradecimento desta relatoria vai para a Juza Federal SALISEMONTEIRO SANCHOTENE, que ao longo dos sete meses de trabalho prestoudiria e incansvel colaborao, dando mostras de eficientssima capacidade deorganizao, conhecimento jurdico soberbo, mpar entusiasmo e acendradapreocupao com o bom xito desta empreitada.A servidora LORENA CAROLINE LYRA DE OLIVEIRA, lotada no Gabinetedo Ministro GILSON DIPP foi essencial na realizao das Audincias Pblicas quenotabiizaram esta Comisso. A equipe tcnica do Senado Federal prestou servio competente, contnuo e damelhor qualidade aos esforos da Comisso de Reforma Penal, merecendo menohonrosa REINILSON PRADO e LEANDRO BUENO. A eles a Comisso deve umambiente e condies materiais e pessoais favorveis a seu escopo.4 5. Segunda ParteOS MODOS DA CODIFICAO "O direito no filho do cu. um produto cultural e histrico da evoluo humana." Tobias Barreto. A Comisso aceitou o projeto ambicioso de trazer, para um renovado CdigoPenal, toda a legislao extravagante que, nestes mais de setenta anos de vigncia dodiploma de 1940, foi sendo editada em nosso pas. Muitas vezes, estas leis esparsaschegavam a trazer mini partes gerais, como d exemplo a Lei 9.605/93, a Lei dosCrimes contra o Meio Ambiente, com nada menos do que vinte e oito artigos sobresua prpria aplicao. Houve debate se estas leis seriam transformadas em captulosou ttulos do novo Cdigo, pois muitas vezes traziam microssistemas, nos quais asnormas penais complementavam ou eram complementadas por disposies cveis eadministrativas. Sem embargo, as mais de cento e vinte leis com dispositivos penais,fora do Cdigo Penal, provaram mal, nestes anos. Elas conduziram adesproporcionalidades, com tipos protetivos dos mesmos bens jurdicos, apenas comum ou outro qualificativo, mas penas dspares. O caso da desobedincia, previstatanto no Cdigo Penal, como no Cdigo Eleitoral, nos crimes contra a ordemtributria e na legislao sobre o meio-ambiente, a cada vez com pena diferente,serviu de suporte para a deciso de proceder a ampla recodificao. Desta deciso, decorreu outra: a de criar tipos compreensivos, capazes deoferecer proteo para as diversas projees do mesmo bem jurdico, evitando-setipificaes prolixas e repetidas. por esta razo que a proposta dos crimes contra aadministrao pblica pretende reunir todas as leses a este bem jurdico,independentemente de qualificativos que se possa dar a esta administrao (comum,tributria, eleitoral, etc). O estelionato deixa de ter as seis variaes que hoje oacompanham (disposio de coisa alheia como prpria, alienao ou oneraofraudulenta de coisa prpria, defraudao de penhor, fraude na entrega de coisa,fraude para recebimento de indenizao ou valor de seguro e fraude no pagamentopor meio de cheque ) pois cada uma delas se insere na equao tpica da figuraessencial do crime (ardil + engano da vtima + prejuzo da vtima + vantagem ilcita). Cada crime previsto na parte especial do Cdigo Penal atual ou na legislaoextravagante foi submetido, portanto, a um triplo escrutnio: i) se permanecenecessrio e atual; ii) se h figuras assemelhadas previstas noutra sede normativa; iii)se as penas indicadas so adequadas gravidade relativa do delito. 5 6. Esta tarefa resultou em forte descriminalizao de condutas, em regra porserem consideradas desnecessrias para a sociedade brasileira atual, insuscetveis detratamento penal ou incompatveis com a Constituio Brasileira de 1988. As penasforam redesenhadas para coibir excessos ou insuficincias. A exagerada pena doartigo 273 do atual Cdigo Penal (falsificao de medicamentos), por exemplo, foireduzida dos atuais dez a quinze anos para quatro a doze anos. Por outro lado, aspenas do homicdio culposo, hoje com mximo de trs anos, foram aumentadas paraquatro, alm da previso da culpa gravssima, capaz de elevar as penas destaconduta para o intervalo de quatro a oito anos.Uma proposta de revogao, a da Lei das Contravenes Penais, repercutefortemente na prpria nomenclatura das infraes penais no Brasil. Hoje, infraopenal termo genrico, pois pode compreender tanto crimes quanto contravenes.A vingar a presente proposta, infraes penais e crimes sero termos sinnimos.Algumas das contravenes, s quais se reconheceu dignidade pessoal, foram objetode proposta de transformao em crime. o caso da explorao dos jogos de azar.Importante sublinhar que se fez levantamento de toda a legislao penalextravagante em vigor. Toda lei com alguma implicao de direito penal material foianalisada pela Comisso, com o fim de propor as revogaes necessrias. Foramusados os critrios constantes do Plano de Trabalho da Comisso, aprovado no dia 18de outubro de 2011, para a anlise da legislao extravagante: a) da necessidade de adequao s normas da Constituio de 1988 e aostratados e convenes internacionais; b) da interveno penal adequada e conforme entre a conduta e a resposta denatureza penal por parte do Estado; c) da seleo dos bens jurdicos imprescindveis paz social, em harmonia coma Constituio; d) da criminalizao de fatos concretamente ofensivos aos bens jurdicostutelados; e) da criminalizao da conduta apenas quando os outros ramos do direito nopuderem fornecer resposta suficiente; f) da relevncia social dos tipos penais; g) da necessidade e da proporcionalidade da pena.Tais critrios formam um conjunto que concebe um direito penal mais voltadopara a sua funcionalidade social, em sentido forte, conjuntamente com o respeito dignidade da pessoa humana ou seja, um sistema em perfeita sintonia com aConstituio de 1988, e que traduz uma leitura rigorosa do constitucionalismo penal. Foi aprovada pela Comisso a seguinte diretriz, constante do Plano deTrabalho: Fazer a Parte Especial o centro do sistema penal, reduzindo o peso dalegislao especial extravagante. Isso significa que a Comisso de Reforma6 7. trabalhou para tornar o Cdigo Penal o centro do ordenamento jurdico-penal. Essemodelo otimiza o controle sobre a expanso desordenada do direito penal, assimcomo facilita o conhecimento do universo penal em vigor, tanto para seus operadorescomo para a sociedade como um todo. Nesse sentido, consagra-se a reserva decdigo: ou seja, que as normas em matria de crimes e penas devem ser objeto demodificao ou integrao do texto do Cdigo Penal.No por outra razo que a Comisso traz para o Cdigo Penal todas asdisposies de direito penal material que hoje esto fora dele e atendem aos critriossupracitados. Da a extensa e necessria clusula de revogao ao final da minuta doAnteprojeto do Cdigo. Ateve-se a Comisso de Reforma necessidade de dar cumprimento a tratadose convenes internacionais firmados pelo Brasil, seja prevendo expressamentedireitos, como o das celas individuais para o cumprimento das penas privativas deliberdade, seja criminalizando comportamentos, como o enriquecimento ilcito.Especial destaque merece a previso de ttulo prprio, no Cdigo Penal, para incluiros crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crimes contra os direitos humanos,dando tipificao interna s condutas sujeitas competncia do Tribunal PenalInternacional, objeto do Tratado de Roma. A Comisso aproveitou a tcnica do atual Cdigo Penal: uma parte geral,conceitual e de aplicao da lei e das penas e outra, especial, na qual as condutastpicas vem definidas e as penas indicadas, sempre com ndice mnimo e mximo. Adiviso em ttulos e captulos, tanto na parte geral quanto na parte especial, procuroumanter, ao mximo, a estruturao do atual Cdigo, muito embora, em diversostrechos, alteraes profundas tenham sido realizadas. Afinal, no h no atual diplomaum Ttulo Dos Crimes contra a Humanidade, nem nele se viu a necessidade deagrupar a criminalidade econmico-financeira, como faz o ttulo includo nestaproposio. Grande cuidado teve a Comisso em manter o indicativo numrico de condutasque, de to tradicionais, ingressaram no patrimnio imaterial dos aplicadores eestudiosos do Direito Penal, como o caso do art. 121, (homicdio), 155 (furto), 157(roubo) e 171 (estelionato). Esta deciso, todavia, significou que os ttulos e captuloscorrespondentes tiveram que permanecer na mesma ordem atual. No foi possvel,desta maneira, dar primazia aos Crimes contra a Humanidade, que bem poderiaminiciar a parte especial.A ordem proposta para os ttulos a seguinte:7 8. PARTE GERAL Ttulo IDa aplicao da lei penal Ttulo II Do crime Ttulo IIIDas penas Ttulo IV Individualizao das penas Ttulo VMedidas de segurana Ttulo VI Ao penal Ttulo VIIBarganha e da colaborao com a Justia Ttulo VIII Extino da punibilidadePARTE ESPECIAL Ttulo ICrimes contra a pessoa Ttulo II Crimes contra o patrimnio Ttulo IIICrimes contra a propriedade imaterial Ttulo IV Crimes contra a dignidade sexual Ttulo VCrimes contra a incolumidade pblica Ttulo VI Crimes cibernticos Ttulo VIICrimes contra a sade pblica Ttulo VIII Crimes contra a paz pblica Ttulo IX Crimes contra a f pblica 8 9. Ttulo XCrimes contra a Administrao Pblica Ttulo XI Crimes eleitorais Ttulo XIICrimes contra as finanas pblicas Ttulo XIII Crimes contra a ordem econmico-financeira Ttulo XIVCrimes contra interesses metaindividuais Ttulo XV Crimes relativos a estrangeiros Ttulo XVICrimes contra os direitos humanos Ttulo XVII Dos crimes de guerra Disposies FinaisOutra deciso adotada pela Comisso de Reforma foi oferecer nome a cada umdos tipos penais propostos. O nome juris ou rubrica lateral se apresenta comopoderoso instrumento interpretativo das descries tpicas. Esta necessidade semostrou especialmente premente diante de novos tipos penais propostos. por estarazo que bullying tornou-se intimidao vexatria e stalking se tornouperseguio insidiosa ou obsessiva.Houve tambm a preocupao de se valer da linguagem mais clara e acessvel,permitida pela necessidade de rigor tcnico nas definies. Os destinatrios da normapenal no so, evidncia, apenas os seus estudiosos e aplicadores, mas toda asociedade brasileira. por isto que conjuno carnal virou estupro vaginal. Tipos remetidos tambm foram evitados. So aquelas descries tpicas queremetem a outras, muitas vezes indicando nmero da lei, artigo e pargrafo na qualpodem ser encontradas. O problema com estes tipos que as leis ou artigos referidospodem ser revogados, deixando sem aplicao a norma que faz a remisso. Noutrasvezes, a indicao apenas da figura principal suscita dvida sobre se suas formasqualificadas ou privilegiadas tambm se inserem na remisso. Foi o que aconteceucom a Lei dos Crimes Hediondos. Melhor evitar estes males... Quando a indicao daoutra figura for, entretanto, imprescindvel, o que se fez foi usar o seu nomen juris.Em sua tarefa, a Comisso esteve atenta interpretao judicial que, ao longodos anos, os tribunais deram ao Cdigo Penal. De maneira geral, a jurisprudncia,notadamente a do Supremo Tribunal Federal, foi confirmada. Quando assim no 9 10. ocorreu, por exemplo, na fixao de critrios para a consumao dos delitospatrimoniais, porque a Comisso entendeu que avanos na redao tpica eramrecomendveis.Por fim, especial cuidado teve a Comisso de Reforma em face de leis queforam recentemente aprovadas ou processos legislativos em matria penal que j seencontram em fase final de concluso. Nestes casos, como o dos crimes contra aordem econmica e a lavagem de dinheiro, prevaleceu a deciso de prestigiar osdebates legislativos que culminaram naqueles resultados.Seguem as propostas aprovadas pela Comisso de Reforma Penal, com breveapontamento e justificao das alteraes ocorridas. O texto do vigente Cdigo Penal, nos casos de alteraes, indicado em notas de rodap. A justificao no sepretende aprofundada, nem lastreada em lies doutrinrias. Seu objetivo, maismodesto, facilitar o trabalho dos intrpretes e, em especial, dos representantespopulares, no entendimento das razes que levaram a Comisso a aprovar os textos. Encerrando esta introduo, confia a Comisso de Reforma Penal que olegislador brasileiro, do alto da sua elevada condio e forte na legitimao popularque o caracteriza e engrandece, saber adotar as providncias administrativas,legislativas e, notadamente, oramentrias, para fazer do novo marco penal do direitobrasileiro, se por ele adotado, mais do que mera aspirao, mas realidade incentivadae concretizada.Aos Senadores PEDRO TAQUES e JOS SARNEY, DD. Presidente doSenado Federal, o respeito e o agradecimento dos membros desta Comisso, porterem permitido que ela pudesse, em to essencial matria, servir ao pas.Braslia, 18 de junho de 2012 LUIZ CARLOS DOS SANTOS GONALVES Relator GeralEm meu nome pessoal, dedico este trabalho aos meninos Joo Hlio e Ives Ota 10 11. Segunda ParteANTEPROJETO DE CDIGO PENALPARTE GERALTTULO IAPLICAO DA LEI PENALLegalidadeArt. 1 No h crime sem lei anterior que o defina. No h pena sem prviacominao legal.Pargrafo nico. No h pena sem culpabilidade.Sucesso de leis penais no tempoArt. 2 vedada a punio por fato que lei posterior deixa de considerar crime,cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentena condenatria. 1 A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aosfatos anteriores, ainda que decididos por sentena condenatria transitada em julgado. 2 O juiz poder combinar leis penais sucessivas, no que nelas exista de maisbenigno.Lei excepcional ou temporriaArt. 3 A lei excepcional ou temporria, embora decorrido o perodo de sua duraoou cessadas as circunstncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante 11 12. sua vigncia.Tempo do crimeArt. 4 Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda queoutro seja o momento do resultado.TerritorialidadeArt. 5 Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no territrio nacional, salvo odisposto em tratados, convenes, acordos e atos internacionais firmados pelo pas. 1 Considera-se territrio nacional o mar territorial, o seu leito e subsolo, bem comoo espao areo sobrejacente, sendo reconhecido s aeronaves e embarcaes de todasas nacionalidades o direito de passagem inocente. 2 Para os efeitos penais, consideram-se como extenso do territrio nacional:I as embarcaes brasileiras, de natureza pblica ou a servio do governo brasileiro,onde quer que se encontrem, bem como as embarcaes brasileiras, mercantes ou depropriedade privada, que se achem em alto-mar ou regio que no pertena aqualquer Estado;II as aeronaves brasileiras, de natureza pblica ou a servio do governo brasileiro,onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves brasileiras, mercantes ou depropriedade privada, que se achem no espao areo sobrejacente ao alto-mar ouregio que no pertena a qualquer Estado;III a zona contgua, a zona de explorao econmica e a plataforma continental,desde que o crime seja praticado contra o meio marinho, demais recursos naturais ououtros bens jurdicos relacionados aos direitos de soberania que o Brasil possua sobreestas reas.Lugar do crimeArt. 6 Considera-se praticado o crime no territrio nacional se neste ocorreu a aoou omisso, no todo ou em parte, bem como se neste se produziu ou deveria produzir-se o resultado.12 13. Crimes de extraterritorialidade incondicionadaArt. 7 Aplica-se tambm a lei brasileira, embora cometidos fora do territrionacional, aos crimes:I que lesam ou expem a perigo de leso a ordem constitucional e o EstadoDemocrtico de Direito;II que afetem a vida ou a liberdade do Presidente e Vice-Presidente da Repblica;do Presidente da Cmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Supremo TribunalFederal;III de genocdio, racismo, terrorismo, tortura e outros crimes contra a humanidade,quando a vtima ou o agente for brasileiro, ou o agente se encontrar em territrionacional e no for extraditado; ouIV que por tratados, convenes, acordos ou atos internacionais, o Brasil se obrigoua reprimir.Crimes de extraterritorialidade condicionadaArt. 8 Ser tambm aplicvel a lei brasileira, aos crimes praticados:I por brasileiro;II por estrangeiro contra brasileiro, desde que no ocorra a extradio;III em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,fora das hipteses do artigo 5 deste Cdigo;IV contra o patrimnio, f pblica ou administrao pblica de todos os entesfederados.Pargrafo nico. A aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintescondies:a) entrar o agente no territrio nacional;b) ser o fato considerado crime tambm no local em que foi praticado;c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza aextradio;d) no se tratar de infrao penal de menor potencial ofensivo, segundo a leibrasileira; e) no ter o agente sido absolvido ou punido no estrangeiro ou, por outro13 14. motivo, no estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorvel.Pena cumprida no estrangeiroArt. 9 A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmocrime, quando diversas, ou nela computada, quando idnticas.Sentena estrangeiraArt. 10. A sentena estrangeira pode ser homologada no Brasil para produzir osmesmos efeitos de condenao previstos pela lei brasileira, inclusive para a sujeio pena, medida de segurana ou medida socioeducativa e para a reparao do dano.1 A homologao depende:a) de pedido da parte interessada;b) da existncia de tratado de extradio com o pas de cuja autoridade judiciriaemanou a sentena, ou, na falta de tratado, de requisio do Ministro da Justia ou daMesa do Congresso Nacional.2 No dependem de homologao as decises de corte internacional cujajurisdio foi admitida pelo Brasil.Contagem de prazoArt. 11. O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se os dias, osmeses e os anos pelo calendrio comum.Conflito de normasArt. 12. Na aplicao da lei penal o juiz observar os seguintes critrios, sem prejuzodas regras relativas ao concurso de crimes: 1 Quando um fato aparentemente se subsume a mais de um tipo penal, afastada aincidncia:a) do tipo penal genrico pelo tipo penal especfico;b) dos tipos penais que constituem ou qualificam outro tipo.14 15. Consuno criminosa 2 No incide o tipo penal meio ou o menos grave quando estes integram a fase depreparao ou execuo de um tipo penal fim ou de um tipo penal mais grave. 3 No incide o tipo penal relativo a fato posterior quando se esgota a ofensividadeao bem jurdico tutelado pelo tipo penal anterior mais gravoso.Crime de contedo variado 4 Salvo disposio em contrrio, o tipo penal constitudo por vrias condutas,alternativamente, s incidir sobre uma delas, ainda que outras sejam praticadassucessivamente pelo mesmo agente e no mesmo contexto ftico.Regras geraisArt. 13. As regras gerais deste Cdigo aplicam-se aos fatos incriminados por leiespecial, incluindo o Cdigo Penal Militar e o Cdigo Eleitoral.15 16. TTULO IIDO CRIMEO fato criminosoArt. 14. A realizao do fato criminoso exige ao ou omisso, dolosa ou culposa,que produza ofensa, potencial ou efetiva, a determinado bem jurdico.Pargrafo nico. O resultado exigido somente imputvel a quem lhe der causa e sedecorrer da criao ou incremento de risco tipicamente relevante, dentro do alcancedo tipo.CausaArt. 15. Considera-se causa a conduta sem a qual o resultado no teria ocorrido.Supervenincia de causa independenteArt. 16. A supervenincia de causa relativamente independente exclui a imputaoquando, por si s, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se aquem os praticou.Crime omissivo imprprioArt. 17 Imputa-se o resultado ao omitente que devia e podia agir para evit-lo. Odever de agir incumbe a quem:a) tenha por lei obrigao de cuidado, proteo ou vigilncia;b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrncia do resultado.Pargrafo nico. A omisso deve equivaler-se causao.Dolo e culpaArt. 18. Diz-se o crime:16 17. I doloso, quando o agente quis realizar o tipo penal ou assumiu o risco de realiz-lo,consentindo ou aceitando de modo indiferente o resultado.II culposo, quando o agente, em razo da inobservncia dos deveres de cuidadoexigveis nas circunstncias, realizou o fato tpico.Excepcionalidade do crime culposoArt. 19. Salvo os casos expressos em lei, ningum pode ser punido por fato previstocomo crime, seno quando o pratica dolosamente.Reduo da pena no dolo eventualArt. 20. O juiz, considerando as circunstncias, poder reduzir a pena at um sexto,quando o fato for praticado com dolo eventual.Imputao de resultado mais graveArt. 21. O resultado que aumenta especialmente a pena s pode ser imputado aoagente que o causou com dolo ou culpa.Consumao e tentativaArt. 22. Diz-se o crime:I consumado, quando nele se renem todas os elementos de sua definio legal;II tentado, quando, iniciada a execuo, no se consuma por circunstncias alheias vontade do agente.Pena de tentativaArt. 23. Salvo disposio em contrrio, pune-se a tentativa com a penacorrespondente ao crime consumado, diminuda de um a dois teros.Incio da execuoArt. 24. H o incio da execuo quando o autor realiza uma das condutasconstitutivas do tipo ou, segundo seu plano delitivo, pratica atos imediatamenteanteriores realizao do tipo, que exponham a perigo o bem jurdico protegido.17 18. Pargrafo nico. Nos crimes contra o patrimnio, a inverso da posse do bem nocaracteriza, por si s, a consumao do delito.Desistncia voluntria e arrependimento eficazArt. 25. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execuo ou impedeque o resultado se produza, s responde pelos atos j praticados.Pargrafo nico. O disposto neste artigo no se aplica aos demais concorrentes queno tenham desistido ou se arrependido eficazmente.Crime impossvelArt. 26. No h crime quando, por ineficcia absoluta do meio ou por absolutaimpropriedade do objeto, impossvel a sua consumao.Erro de tipo essencialArt. 27. O erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui o dolo, mas permite apunio por crime culposo, se previsto em lei.Erro determinado por terceiro 1 Responde pelo crime o terceiro que determina o erro, independente de eventualpunio do agente provocado.Erro sobre a pessoa 2 O erro quanto pessoa contra a qual o crime praticado no isenta de pena. Nose consideram, neste caso, as condies ou qualidades da vtima, seno as da pessoacontra quem o agente queria praticar o crime.Excluso do fato criminosoArt. 28. No h fato criminoso quando o agente o pratica:I no estrito cumprimento do dever legal;II no exerccio regular de direito;III em estado de necessidade; ouIV em legtima defesa;Princpio da insignificncia18 19. 1 Tambm no haver fato criminoso quando cumulativamente se verificarem asseguintes condies:a) mnima ofensividade da conduta do agente;b) reduzidssimo grau de reprovabilidade do comportamento;c) inexpressividade da leso jurdica provocada.Excesso punvel 2 O agente, em qualquer das hipteses do caput deste artigo, poder responder peloexcesso doloso ou culposo.Excesso no punvel3 No se aplica o disposto no pargrafo anterior em caso de excesso escusvel porconfuso mental ou justificado medo.Estado de necessidadeArt. 29. Considera-se em estado de necessidade quem pratica um fato para protegerbem jurdico prprio ou alheio e desde que:a) o bem jurdico protegido esteja exposto a leso atual ou iminente;b) a situao de perigo no tenha sido provocada pelo agente;c) o agente no tenha o dever jurdico de enfrentar o perigo;d) no seja razovel exigir o sacrifcio do bem jurdico levando-se em consideraosua natureza ou valor.Pargrafo nico. Se for razovel o sacrifcio do bem jurdico, poder ser afastada aculpabilidade ou ser a pena diminuda de um a dois teros.Legtima defesaArt. 30. Entende-se em legtima defesa quem, usando moderadamente dos meiosnecessrios, repele injusta agresso, atual ou iminente, a direito seu ou de outremExcluso da culpabilidadeArt. 31. No h culpabilidade quando o agente pratica o fato:I na condio de inimputvel;II por erro inevitvel sobre a ilicitude do fato; ou19 20. III nos casos de coao moral irresistvel e obedincia hierrquica ou outrashipteses de inexigibilidade de conduta diversa.InimputabilidadeArt. 32. Considera-se inimputvel o agente que:I por doena mental ou desenvolvimento mental incompleto, era, ao tempo da aoou da omisso, inteiramente incapaz de entender o carter ilcito do fato ou dedeterminar-se de acordo com esse entendimento; ouII por embriaguez completa ou outro estado anlogo, proveniente de caso fortuitoou fora maior, era, ao tempo da ao ou da omisso, inteiramente incapaz deentender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esseentendimento.Imputvel com pena reduzidaPargrafo nico. A pena pode ser reduzida de um a dois teros, se o agente:I em virtude de perturbao de sade mental ou por desenvolvimento mentalincompleto no era inteiramente capaz de entender o carter ilcito do fato ou dedeterminar-se de acordo com esse entendimento; ouII por embriaguez ou outro estado anlogo, proveniente de caso fortuito ou foramaior, no possua, ao tempo da ao ou da omisso, a plena capacidade de entendero carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.Emoo, paixo e embriaguezArt. 33. No h excluso da imputabilidade penal se o agente praticar o fato:I sob emoo ou a paixo; ouII em estado de embriaguez ou estado anlogo, voluntrio ou culposo, se nomomento do consumo era previsvel o fato.Menores de dezoito anosArt. 34. So penalmente inimputveis os menores de dezoito anos, sujeitos s normasda legislao especial.Pargrafo nico. Responde pelo fato o agente que coage, instiga, induz, determina ou20 21. utiliza o menor de dezoito anos a pratic-lo, com a pena aumentada de metade a doisteros.Erro sobre a ilicitude do fatoArt. 35. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitvel, exclui a culpabilidade. 1 Se o erro sobre a ilicitude for evitvel, o agente responder pelo crime, devendoo juiz diminuir a pena de um sexto a um tero. 2 Considera-se evitvel o erro se o agente atua ou se omite sem a conscincia dailicitude do fato, quando lhe era possvel, nas circunstncias, ter ou atingir essaconscincia. 3 Aplica-se o disposto neste artigo s hipteses em que o agente supe situao defato que, se existisse, tornaria a ao legtima.ndiosArt. 36. Aplicam-se as regras do erro sobre a ilicitude do fato ao ndio, quando este opratica agindo de acordo com os costumes, crenas e tradies de seu povo, conformelaudo de exame antropolgico. 1 A pena ser reduzida de um sexto a um tero se, em razo dos referidoscostumes, crenas e tradies, o indgena tiver dificuldade de compreender ouinternalizar o valor do bem jurdico protegido pela norma ou o desvalor de suaconduta. 2 A pena de priso ser cumprida em regime especial de semiliberdade, ou maisfavorvel, no local de funcionamento do rgo federal de assistncia ao ndio maisprximo de sua habitao. 3 Na medida em que isso for compatvel com o sistema jurdico nacional e com osdireitos humanos internacionalmente reconhecidos, devero ser respeitados osmtodos aos quais os povos indgenas recorrem tradicionalmente para a represso dosdelitos cometidos pelos seus membros.Coao moral irresistvel e obedincia hierrquicaArt. 37. Se o fato cometido sob coao moral irresistvel ou em estrita obedincia a 21 22. ordem, no manifestamente ilegal, de superior hierrquico, s punvel o autor dacoao ou da ordem.Pargrafo nico. Considera-se manifestamente ilegal qualquer ordem para praticarterrorismo, tortura, genocdio, racismo ou outro crime contra a humanidade.Concurso de pessoasArt. 38. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a estecominadas, na medida de sua culpabilidade. 1 Concorrem para o crime:I os autores ou coautores, assim considerados aqueles que:a) executam o fato realizando os elementos do tipo;b) mandam, promovem, organizam, dirigem o crime ou praticam outra condutaindispensvel para a realizao dos elementos do tipo;c) dominam a vontade de pessoa que age sem dolo, atipicamente, de forma justificadaou no culpvel e a utilizam como instrumento para a execuo do crime; oud) aqueles que dominam o fato utilizando aparatos organizados de poder.II partcipes, assim considerados:a) aqueles que no figurando como autores, contribuem, de qualquer outro modo,para o crime; oub) aqueles que deviam e podiam agir para evitar o crime cometido por outrem, mas seomitem.Concorrncia dolosamente distinta 2 Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-aplicada a pena deste; essa pena ser aumentada at metade, na hiptese de ter sidoprevisvel o resultado mais graveConcorrncia de menor importncia 3 Se a concorrncia for de menor importncia, a pena pode ser diminuda de umsexto a um tero.Causas de aumento 4 A pena ser aumentada de um sexto a dois teros, ressalvada a hiptese dopargrafo nico do artigo 34 deste Cdigo, em relao ao agente que: 22 23. I promove ou organiza a cooperao no crime ou dirige a atividade dos demaisagentes;II coage outrem execuo material do crime;III instiga, induz, determina, coage ou utiliza para cometer o crime algum sujeito sua autoridade, ou , por qualquer causa, no culpvel ou no punvel em virtude decondio ou qualidade pessoal; ouIV executa o crime ou nele participa mediante paga ou promessa de recompensa.Circunstncias incomunicveisArt. 39. No se comunicam as circunstncias e as condies de carter pessoal, salvoquando elementares do crime.Execuo no iniciadaArt. 40. O ajuste, o mandado, o induzimento, a determinao, a instigao e o auxlio,salvo disposio expressa em contrrio, no so punveis, se a execuo do crime no iniciada.Responsabilidade penal da pessoa jurdicaArt. 41. As pessoas jurdicas de direito privado sero responsabilizadas penalmentepelos atos praticados contra a administrao pblica, a ordem econmica, o sistemafinanceiro e o meio ambiente, nos casos em que a infrao seja cometida por decisode seu representante legal ou contratual, ou de seu rgo colegiado, no interesse oubenefcio da sua entidade. 1 A responsabilidade das pessoas jurdicas no exclui a das pessoas fsicas, autoras,coautoras ou partcipes do mesmo fato, nem dependente da responsabilizaodestas. 2 A dissoluo da pessoa jurdica ou a sua absolvio no exclui a responsabilidadeda pessoa fsica. 3 Quem, de qualquer forma, concorre para a prtica dos crimes referidos nesteartigo, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bemcomo o diretor, o administrador, o membro de conselho e de rgo tcnico, o auditor,23 24. o gerente, o preposto ou mandatrio de pessoa jurdica, que, sabendo da condutacriminosa de outrem, deixar de impedir a sua prtica, quando podia agir para evit-la.Penas das pessoas jurdicasArt. 42. Os crimes praticados pelas pessoas jurdicas so aqueles previstos nos tipospenais, aplicando-se a elas as penas neles previstas, inclusive para fins de transaopenal, suspenso condicional do processo e clculo da prescrio. A pena de prisoser substituda pelas seguintes, cumulativa ou alternativamente:I multa;II restritivas de direitos;III prestao de servios comunidade;IV perda de bens e valores.Pargrafo nico. A pessoa jurdica constituda ou utilizada, preponderantemente, como fim de permitir, facilitar ou ocultar a prtica de crime ter decretada sua liquidaoforada, seu patrimnio ser considerado instrumento do crime e como tal perdido emfavor do Fundo Penitencirio.Art. 43. As penas restritivas de direitos da pessoa jurdica so, cumulativa oualternativamente:I suspenso parcial ou total de atividades;II interdio temporria de estabelecimento, obra ou atividade;III a proibio de contratar com instituies financeiras oficiais e participar delicitao ou celebrar qualquer outro contrato com a Administrao Pblica Federal,Estadual, Municipal e do Distrito Federal, bem como entidades da administraoindireta;IV proibio de obter subsdios, subvenes ou doaes do Poder Pblico, peloprazo de um a cinco anos, bem como o cancelamento, no todo ou em parte, dos jconcedidos;V proibio a que seja concedido parcelamento de tributos, pelo prazo de um acinco anos. 1 A suspenso de atividades ser aplicada pelo perodo mximo de um ano, que24 25. pode ser renovado se persistirem as razes que o motivaram, quando a pessoa jurdicano estiver obedecendo s disposies legais ou regulamentares, relativas proteodo bem jurdico violado. 2 A interdio ser aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiverfuncionando sem a devida autorizao, ou em desacordo com a concedida, ou comviolao de disposio legal ou regulamentar. 3 A proibio de contratar com o Poder Pblico e dele obter subsdios, subvenesou doaes ser aplicada pelo prazo de dois a cinco anos, se a pena do crime noexceder cinco anos; e de dois a dez anos, se exceder.Art. 44. A prestao de servios comunidade pela pessoa jurdica consistir em:I custeio de programas sociais e de projetos ambientais;II execuo de obras de recuperao de reas degradadas;III manuteno de espaos pblicos; ouIV contribuies a entidades ambientais ou culturais pblicas, bem como arelacionadas defesa da ordem socioeconmica.25 26. TTULO IIIDAS PENASArt. 45. As penas so:I priso;II restritivas de direitos;III de multa;IV - perda de bens e valores.A pena de prisoArt. 46. A pena de priso deve ser cumprida progressivamente em regime fechado,semiaberto ou aberto.Pargrafo nico. Considera-se:a) regime fechado a execuo da pena em estabelecimento penal de seguranamxima ou mdia;b) regime semiaberto a execuo da pena em colnia agrcola, industrial ouestabelecimento similar;c) regime aberto a execuo da pena fora do estabelecimento penal.Sistema progressivoArt. 47. A pena de priso ser executada em forma progressiva com a transfernciapara regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso ostentarbom comportamento carcerrio e aptido para o bom convvio social e tiver cumpridono regime anterior:I um sexto da pena, se no reincidente em crime doloso;II um tero da pena:a) se reincidente:b) se for o crime cometido com violncia ou grave ameaa; ouc) se o crime tiver causado grave leso sociedade.26 27. III metade da pena:a) se o condenado for reincidente em crime praticado com violncia ou grave ameaa pessoa ou em crime que tiver causado grave leso sociedade; oub) se condenado por crime hediondo.IV trs quintos da pena, se reincidente e condenado por crime hediondo. 1 As condies subjetivas para a progresso sero objeto de exame criminolgico,sob a responsabilidade do Conselho Penitencirio e com prazo mximo de sessentadias a contar da determinao judicial. 2 A no realizao do exame criminolgico no prazo acima fixado implicar naapreciao judicial, de acordo com critrios objetivos. 3 O condenado por crime contra a administrao pblica ter a progresso deregime do cumprimento da pena condicionada reparao do dano que causou, ou devoluo do produto do ilcito praticado, com os acrscimos legais, salvocomprovada impossibilidade, a que no deu causa. 4 Se, por razo atribuda ao Poder Pblico no houver vaga em estabelecimentopenal apropriado para a execuo da pena em regime semiaberto, o apenado terdireito progresso diretamente para o regime aberto. 5 A extino da pena s ocorrer quando todas as condies que tiverem sidofixadas forem cumpridas pelo condenado.RegressoArt. 48. A execuo da pena de priso ficar sujeita forma regressiva, com atransferncia para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:I praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; ouII sofrer condenao, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da penas emexecuo, torne incabvel o regime. 1 O condenado ser transferido do regime aberto se, alm das hipteses referidasnos incisivos anteriores, frustrar os fins da execuo ou no pagar, podendo, a multacumulativamente imposta. 2 O cometimento de falta grave interrompe o prazo para a progresso de regime,iniciando novo perodo a partir da data da infrao disciplinar. 27 28. Regime inicialArt. 49. O regime inicial de cumprimento da pena ser fixado de acordo com osseguintes critrios:I o condenado a pena igual ou superior a oito anos dever iniciar o cumprimento emregime fechado;II o condenado no reincidente em crime doloso, cuja pena seja superior a quatroanos e inferior a oito anos, poder iniciar o cumprimento em regime fechado ousemiaberto;III o condenado por crime praticado sem violncia ou grave ameaa, noreincidente, cuja pena seja superior a dois e igual ou inferior a quatro anos, poderiniciar o cumprimento em regime aberto.Pargrafo nico. A determinao do regime inicial de cumprimento da pena far-se-com observncia dos critrios previstos no art. 75 deste Cdigo.Regras do regime fechadoArt. 50. O condenado ser submetido, no incio do cumprimento da pena, a examecriminolgico de classificao para individualizao da execuo.1 O condenado fica sujeito a trabalho no perodo diurno e a isolamento durante orepouso noturno.2 O trabalho ser em comum dentro do estabelecimento, na conformidade dasaptides ou ocupaes anteriores do condenado, desde que compatveis com aexecuo da pena.3 O trabalho externo admissvel, excepcionalmente, no regime fechado, emservio ou obras pblicas.Regras do regime semiabertoArt. 51. Aplica-se o caput do art. 50 deste Cdigo ao condenado que inicie ocumprimento da pena em regime semiaberto. 1 O trabalho externo admissvel, bem como a frequncia a cursos supletivosprofissionalizantes, de instruo de segundo grau ou superior. 28 29. 2 Para sadas temporrias, em especial visita peridica ao lar, o benefcio s podeser concedido desde que cumprido um quarto do total da pena se o regime inicialfixado foi o semiaberto, no tenha havido regresso e o recomendarem as condiespessoais do condenado. 3 O prazo a que se refere o pargrafo anterior ser de um sexto do restante da penase tiver havido progresso do regime fechado ao regime semiaberto.Regras do regime abertoArt. 52. O regime aberto consiste na execuo da pena de prestao de servio comunidade, cumulada com outra pena restritiva de direitos e com o recolhimentodomiciliar.1 A pena de prestao de servio comunidade ser obrigatoriamente executada noperodo inicial de cumprimento e por tempo no inferior a um tero da pena aplicada. 2 O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso deresponsabilidade do condenado, que dever, sem vigilncia direta, trabalhar,frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido nosdias e horrios de folga em residncia ou em qualquer local destinado sua moradiahabitual. 3 O juiz poder definir a fiscalizao por meio da monitorao eletrnica. 4 em caso de descumprimento injustificado das condies do regime aberto ocondenado regredir para o regime semiaberto.Regime especialArt. 53. As mulheres cumprem pena em estabelecimento prprio, observando-se osdeveres e direitos inerentes sua condio pessoal, bem como, no que couber, odisposto neste Ttulo.Pargrafo nico. s presidirias sero asseguradas condies para que possampermanecer com seus filhos durante o perodo de amamentao.Direitos do presoArt. 54. O preso conserva todos os direitos no atingidos pela perda da liberdade,29 30. impondo-se a todas as autoridades o respeito sua integridade fsica e moral.1 O condenado tem direito ao recolhimento em cela individual no regime fechado,na forma da lei.2 vedada a revista invasiva no visitante ou qualquer outro atentado suaintimidade, na forma como disciplinada em lei.3 O preso provisrio conserva o direito de votar e ser votado.Trabalho e estudo do presoArt. 55. O trabalho do preso ser sempre remunerado, sendo-lhe garantidos osbenefcios da Previdncia Social. garantido o estudo do preso na forma dalegislao especfica.Crimes hediondosArt. 56. So considerados hediondos os seguintes crimes, consumados ou tentados:I homicdio qualificado, salvo quando tambm privilegiado;II latrocnio;III extorso qualificada pela morte;IV extorso mediante sequestro;V estupro e estupro de vulnervel;VII epidemia com resultado morte;VIII falsificao de medicamentos e produtos afins;IX reduo condio anloga de escravo;X tortura;XI terrorismo;XII trfico de drogas, salvo se o agente for primrio, de bons antecedentes, e no sededicar a atividades criminosas, nem integrar associao ou organizao criminosa dequalquer tipo;XIII financiamento ao trfico de drogas;XIV racismo;XV trfico de pessoas;XVI contra a humanidade. 30 31. 1 A pena por crime hediondo ser cumprida inicialmente em regime fechado. 2 Os crimes hediondos so insuscetveis de fiana, anistia e graa.Legislao especialArt. 57. A lei de execuo penal regular os direitos e deveres do preso, os critriosde transferncias e estabelecer as infraes disciplinares, procedimentos adotadospara apur-las e sanes que se fizerem necessrias, observado o devido processolegal.Supervenincia de doena mentalArt. 58. O condenado a quem sobrevm doena mental ou perturbao da sademental, deve ser recolhido a hospital de custdia e tratamento psiquitrico ou, faltadeste, a outro estabelecimento adequado, sem prejuzo da substituio da pena pormedida de de segurana, pelo tempo que restava de cumprimento da pena,instaurando-se o devido procedimento para sua aplicao.DetraoArt. 59. Computa-se, na pena de priso ou na medida de segurana, o tempo de prisoou internao provisria, no Brasil ou no estrangeiro. 1 A detrao no poder ser concedida em processo diverso daquele em que foidecretada a priso provisria, salvo se o crime foi praticado em momento anterior priso provisria decretada no processo em que se deu a absolvio ou a extino dapunibilidade. 2 Aplica-se o disposto neste artigo tambm s penas de multa substitutiva,restritivas de direitos e recolhimento domiciliar. 3 Se o condenado permaneceu preso provisoriamente e, na sentena definitiva, foibeneficiado por regime em que caracterize situao menos gravosa, a pena serdiminuda, pelo juzo da execuo, em at um sexto do tempo de priso provisria emsituao mais rigorosa.Penas restritivas de direitos 31 32. Art. 60. As penas restritivas de direitos so:I prestao de servio comunidade;II interdio temporria de direitos;III prestao pecuniria;IV limitao de fim de semana;AplicaoArt. 61. As penas restritivas de direitos so autnomas e substituem a pena de prisoquando:I aplicada pena de priso no superior a quatro anos ou se o crime for culposo;II o crime no for cometido com violncia ou grave ameaa pessoa, salvo:a) se for infrao de menor potencial ofensivo; oub) se aplicada pena de priso igual ou inferior a dois anos.III a culpabilidade e demais circunstncias judiciais constantes do art. 75 indicaremque a substituio seja necessria e suficiente para a reprovao e preveno docrime;IV nos crimes contra a administrao pblica, houver, antes da sentena, areparao do dano que causou, ou a devoluo do produto do ilcito praticado, salvocomprovada impossibilidade a que no deu causa;V o ru no for reincidente em crime doloso, salvo se a medida for suficiente parareprovao e preveno do crime.1 No caso de concurso material de crimes ser considerada a soma das penas paraefeito da substituio da pena de priso.2 Na condenao igual ou inferior a um ano, a substituio ser feita por uma penarestritiva de direitos; se superior a um ano, a pena de priso ser substituda por duasrestritivas de direitos.Converso3 A pena restritiva de direitos converte-se em priso no regime fechado ousemiaberto quando:I houver o descumprimento injustificado da restrio imposta;32 33. II sobrevier condenao definitiva por crime cometido durante o perodo darestrio;III ocorrer condenao definitiva por outro crime e a soma das penas seja superior aquatro anos, observada a detrao.4 No clculo da pena de priso a executar ser deduzido o tempo cumprido da penarestritiva de direitos.5 Durante o perodo em que o condenado estiver preso por outro crime, poder ojuiz suspender o cumprimento da pena restritiva de direitos.Prestao de servios comunidadeArt. 62. A prestao de servios comunidade ou a entidades pblicas consiste naatribuio de tarefas gratuitas ao condenado.1 As tarefas sero atribudas conforme as aptides do condenado, devendo sercumpridas razo de uma hora de tarefa por dia de condenao, fixadas de modo ano prejudicar a jornada normal de trabalho. 2 A prestao de servios comunidade ser cumprida com carga de, no mnimo,sete, e, no mximo, catorze horas semanais.Interdio temporria de direitosArt. 63. As penas de interdio temporria de direitos so:I proibio do exerccio de cargo, funo ou atividade pblica, bem como demandato eletivo;II proibio de exerccio de profisso, atividade ou ofcio que dependam dehabilitao especial, de licena ou autorizao do poder pblico;III suspenso de autorizao ou de habilitao para dirigir veculos, embarcaes ouaeronaves;IV proibio de exerccio do poder familiar, tutela, curatela ou guarda;V proibio de exerccio de atividade em corpo de direo, gerncia ou deConselho de Administrao de instituies financeiras ou de concessionrias oupermissionrias de servios pblicos;VI proibio de inscrever-se em concurso, avaliao ou exame pblicos.33 34. Prestao pecuniriaArt. 64. A prestao pecuniria consiste no pagamento em dinheiro, entidadepblica ou privada com destinao social, de importncia fixada pelo juiz, noinferior a um salrio mnimo nem superior a trezentos e sessenta salrios mnimosmensais.Limitao de fim de semanaArt. 65. A pena de limitao de fim de semana consiste na obrigao de permanecer,aos sbados e domingos, por quatro horas dirias, em instituies pblicas ouprivadas com finalidades educativas, culturais, artsticas ou de natureza semelhante,credenciadas pelo juiz da execuo penal.Pargrafo nico. Durante a permanncia na instituio, o condenados participaro decursos, palestras, seminrios e outras atividades de formao ou complementaoeducacional, cultural, artstica ou semelhante, assegurada a liberdade de conscincia ede crena do condenado.Perda de bens e valoresArt. 66. A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-, ressalvada alegislao especial, em favor do Fundo Penitencirio Nacional, e seu valor ter comoteto o que for maior o montante do prejuzo causado ou do proveito obtido peloagente ou por terceiro, em consequncia da prtica do crime, no sendo prejudicadapelo confisco dos bens e valores hauridos com o crime.Pargrafo nico. A pena de perda de bens e valores tambm aplicvel na conversoda pena de multa no paga pelo condenado solvente.MultaArt. 67. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitencirio da quantiafixada na sentena e calculada em dias-multa. Ser, no mnimo, de trinta e, nomximo, de setecentos e vinte dias-multa. 1 O valor do dia-multa ser fixado pelo juiz no podendo ser inferior a um trinta 34 35. avos do salrio mnimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a dez vezesesse salrio. 2 O valor da multa ser atualizado, quando da execuo, pelos ndices de correomonetria.Pagamento da multaArt. 68. A multa deve ser paga dentro de dez dias depois de transitada em julgado asentena. A requerimento do condenado e conforme as circunstncias, o juiz podepermitir que o pagamento se realize em at trinta e seis parcelas mensais. 1 A cobrana da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ousalrio do condenado. 2 O desconto no deve incidir sobre os recursos indispensveis ao sustento docondenado e de sua famlia.Execuo da pena de multaArt. 69. Transitada em julgado a sentena condenatria, a execuo da multa serpromovida pelo Ministrio Pblico.Converso da pena de multa em pena de perda de bens e valores1 A pena de multa converte-se em perda de bens e valores na forma do art. 66.Converso da pena de multa em pena de prestao de servios comunidade2 A pena de multa converte-se em pena de prestao de servios comunidade,pelo nmero correspondente de dias-multa quando o condenado for insolvente.3 Descumprida injustificadamente a pena de prestao de servios comunidade,ser a mesma convertida em pena de priso correspondente ao nmero de dias-multa,descontados os dias de prestao dos servios cumpridos.Suspenso da execuo da multaArt. 70. suspensa a execuo da pena de multa e do prazo prescricional sesobrevm ao condenado doena mental.35 36. TTULO IV DA INDIVIDUALIZAO DAS PENASPrisoArt. 71. A pena de priso tem seus limites estabelecidos na sano correspondente acada tipo penal.Pargrafo nico. As causas especiais de aumento ou de diminuio tero os limitescominados em lei, no podendo ser inferiores a um sexto, salvo disposio expressaem contrrio.Penas restritivas de direitosArt. 72. As penas restritivas de direitos so aplicveis, independentemente decominao no tipo penal, em substituio pena de priso.Pargrafo nico. A pena de prestao de servios comunidade tambm aplicvelna converso da pena de multa no paga pelo condenado insolvente.Art. 73. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos I, II e V do art. 60 tero amesma durao da pena de priso substituda.1 As penas de interdio, previstas nos incisos I e II do art. 63 deste Cdigo,aplicam-se para todo o crime cometido no exerccio de profisso, atividade, ofcio,cargo ou funo, sempre que houver violao dos deveres que lhes so inerentes.2 A pena de interdio, prevista no inciso III do art. 63 deste Cdigo, aplica-se aoscrimes culposos de trnsito.MultaArt. 74. A multa ser aplicada em todos os crimes que tenham produzido ou possamproduzir prejuzos materiais vtima, independentemente de que cada tipo penal apreveja autonomamente.36 37. Circunstncias judiciaisArt. 75. O juiz, atendendo culpabilidade, aos motivos e fins, aos meios e modo deexecuo, s circunstncias e consequncias do crime, bem como a contribuio davtima para o fato, estabelecer, conforme seja necessrio e suficiente parareprovao e preveno do crime:I as penas aplicveis dentre as cominadas;II a quantidade de pena aplicvel, dentro dos limites previstos;III o regime inicial de cumprimento da pena de priso;IV a substituio da pena de priso aplicada por outra espcie de pena, se cabvel.1 Na anlise das consequncias do crime, o juiz observar especialmente os danossuportados pela vtima e seus familiares, se previsveis. 2 No sero consideradas circunstncias judiciais as elementares do criem ou ascircunstncias que devam incidir nas demais etapas da dosimetria da pena.Fixao de alimentosArt. 76. Na hiptese de homicdio doloso ou culposo ou de outro crime que afete avida, o juiz, ao proferir sentena condenatria, fixar alimentos aos dependentes davtima, na forma da lei civil.Circunstncias agravantesArt. 77. So circunstncias agravantes, quando no constituem, qualificam ouaumentam especialmente a pena do crime:I a reincidncia, observado o pargrafo nico do art. 79;II os antecedentes ao fato, assim considerados as condenaes transitadas emjulgado que no geram reincidncia ou quando esta for desconsiderada na forma doart. 79, pargrafo nico, deste Cdigo;III ter o agente cometido o crime:a) por motivo ftil ou torpe;b) para facilitar ou assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem deoutro crime;37 38. c) traio, de emboscada, ou mediante dissimulao, ou outro recurso que dificultouou tornou impossvel a defesa do ofendido;d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,ou de que podia resultar perigo comum;e) contra ascendente, descendente, irmo, cnjuge, companheiro ou com quemconviva ou tenha convivido;f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relaes domsticas, de coabitaoou de hospitalidade, ou com violncia contra a mulher na forma da lei especfica;g) com abuso de poder ou violao de dever inerente a cargo, ofcio, ministrio ouprofisso;h) contra criana, idoso, enfermo, pessoa com deficincia ou mulher grvida;i) quando o ofendido estava sob a imediata proteo da autoridade;j) ocasio de incndio, naufrgio, inundao ou qualquer calamidade pblica ou dedesgraa particular do ofendido;l) em estado de embriaguez preordenada;m) contra servidor pblico em razo da sua funo; oun)preconceito de raa, cor, etnia, orientao sexual e identidade de gnero,deficincia, condio de vulnerabilidade social, religio, procedncia regional ounacional.ReincidnciaArt. 78. Verifica-se a reincidncia quando o agente comete novo crime depois detransitar em julgado a sentena que, no Pas ou no estrangeiro, o tenha condenado porcrime anterior.Art. 79. Para efeito de reincidncia:I no prevalece a condenao anterior, se entre a data do cumprimento ou extinoda pena e a infrao posterior tiver decorrido perodo de tempo superior a 5 (cinco)anos;II no se consideram os crimes militares prprios e polticos e os punidos com penarestritiva de direitos e/ou multa.38 39. Paragrafo nico. O juiz poder desconsiderar a reincidncia quando o condenado jtiver cumprido a pena pelo crime anterior e as atuais condies pessoais sejamfavorveis ressocializao.Art. 80. A sentena condenatria que no gera a reincidncia mas pode serconsiderada como antecedente para fins de dosimetria da pena perder esse efeito noprazo de cinco anos contados da extino da punibilidade.Circunstncias atenuantesArt. 81. So circunstncias atenuantes, quando no constituam, privilegiem oudiminuam especialmente a pena do crime:I ser o agente maior de setenta e cinco anos, na data da sentena;II ter o agente:a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;b) procurado, por sua espontnea vontade e com eficcia, logo aps o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequncias, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;c) cometido o crime sob coao a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem deautoridade superior, ou sob a influncia de violenta emoo, provocada por atoinjusto da vtima;d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;e) cometido o crime sob a influncia de multido em tumulto, se no o provocou.f) sofrido violao dos direitos do nome e da imagem pela degradao abusiva dosmeios de comunicao social; oug) voluntariamente, realizado, antes do fato, relevante ato de solidariedade humana ecompromisso social.Art. 82. A pena poder ser ainda atenuada em razo de circunstncia relevante,anterior ou posterior ao crime, embora no prevista expressamente em lei.Concurso de circunstncias agravantes e atenuantesArt. 83. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite 39 40. indicado pelas circunstncias preponderantes, entendendo-se como tais as queresultam dos motivos determinantes do crime e da reincidncia.Clculo da penaArt. 84. A pena-base ser fixada atendendo-se ao critrio das circunstncias judiciaisdeste Cdigo; em seguida sero consideradas as circunstncias atenuantes eagravantes, observados os limites legais cominados; por ltimo, as causas dediminuio e de aumento. 1 Na anlise das circunstncias judiciais, atenuantes e agravantes, o juiz devefundamentar cada circunstncia, indicando o quantum respectivo. 2 No concurso de causas de aumento ou de diminuio previstas na parte especial,pode o juiz limitar-se a um s aumento ou a uma s diminuio, prevalecendo,todavia, a causa que mais aumente ou diminua. 3 Quando a pena-base for fixada no mnimo cominado e sofrer acrscimo emconsequncia de exclusiva causa de aumento, o juiz poder reconhecer atenuante atento desprezada, limitada a reduo ao mnimo legalmente cominado.Causas de diminuio 4 Embora aplicada no mnimo, o juiz poder, excepcionalmente, diminuir a penade um doze avos at um sexto, em virtude das circunstncias do fato e consequnciaspara o ru. 5 Nos crimes cometidos sem violncia ou grave ameaa pessoa, reparado o danoou restituda a coisa, at o recebimento da denncia ou da queixa, por ato voluntriodo agente, a pena ser reduzida de um tero a metade. 6 Ocorrida a confisso voluntria convergente com a prova produzida na instruocriminal, a pena poder ser reduzida de um doze avos at um sexto. 7 No caso de delao premiada no se aplica o 6 deste artigo.Fixao da pena de multaArt. 85. A pena de multa ser fixada em duas fases. Na primeira, o juiz observar ascircunstncias judiciais para a fixao da quantidade de dias-multa. Na segunda, ovalor do dia-multa ser determinado observando-se a situao econmica do ru.40 41. 1 A multa pode ser aumentada at o quntuplo, se o juiz considerar que, em virtudeda situao econmica do ru, ineficaz, embora aplicada no mximo. Nos crimespraticados por pessoas jurdicas ou em nome delas, o aumento pode chegar aduzentas vezes, em deciso motivada.Multas no concurso de crimes 2 No concurso de crimes, as penas de multa so aplicadas distinta e integralmente.Concurso materialArt. 86. Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois oumais crimes, idnticos ou no, aplicam-se cumulativamente as penas de priso emque haja incorrido. 1 Na hiptese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena de priso porum dos crimes, para os demais ser incabvel a sua substituio. 2 Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirsimultaneamente as que forem compatveis entre si e sucessivamente as demais.Concurso formalArt. 87. Quando o agente, mediante uma s ao ou omisso, pratica dois ou maiscrimes, idnticos ou no, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabveis ou, se iguais,somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto at metade. Aspenas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ao ou omisso dolosa e oscrimes concorrentes resultam de desgnios autnomos, consoante o disposto no artigoanterior.Pargrafo nico. No poder a pena exceder a que seria cabvel pela regra doconcurso material.Crime continuadoArt. 88. Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois oumais crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira deexecuo e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuaodo primeiro, aplica-se-lhe a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave,41 42. se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois teros. 1 Nos crimes dolosos, contra vtimas diferentes, cometidos com violncia ou graveameaa pessoa, poder o juiz, considerando a culpabilidade do agente, bem comoos motivos e as circunstncias do fato, aumentar a pena de um s dos crimes, seidnticas, ou a mais grave, se diversas, at o triplo, observadas as regras do concursoformal de crimes. 2 Aplicam-se cumulativamente as penas dos crimes dolosos que afetem a vida,bem como as do estupro.Erro na execuoArt. 89. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execuo, o agente, aoinvs de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde comose tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se s disposies do erro sobrea pessoa. No caso de ser tambm atingida a pessoa que o agente pretendia ofender,aplicam-se as regras do concurso formal de crimes.Resultado diverso do pretendidoArt. 90. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execuodo crime, sobrevm resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, seo fato previsto como crime culposo; se ocorre tambm o resultado pretendido,aplicam-se as regras do concurso formal de crimes.Limite das penasArt. 91. O tempo de cumprimento da pena de priso no pode ser superior a trintaanos. 1 Quando o agente for condenado a penas de priso cuja soma seja superior a trintaanos, devem elas ser unificadas para atender ao limite mximo deste artigo. 2 Sobrevindo condenao por fato posterior ao incio do cumprimento da pena, far-se- nova unificao, com limite mximo de quarenta anos, desprezando-se, para essefim, o perodo de pena j cumprido. 42 43. Concurso de infraesArt. 92. No concurso de infraes, executar-se- primeiramente a pena mais grave.Efeitos genricos e especficosArt. 93. So efeitos da condenao:I tornar certa a obrigao de indenizar o dano causado pelo crime;II a perda em favor da Unio, de Estado ou do Distrito Federal, a depender daautoridade judiciria que tenha proferido a sentena condenatria, ressalvado odireito do lesado ou de terceiro de boa-f:a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienao,uso, porte ou deteno constitua fato ilcito;b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferidopelo agente com a prtica do fato criminoso.III suspenso dos direitos polticos, enquanto durarem seus efeitos.Art. 94. So tambm efeitos da condenao, independentemente da substituio dapena de priso por outra:I a perda de cargo, funo pblica ou mandato eletivo:43 44. a) quando aplicada pena de priso por tempo igual ou superior a dois anos, noscrimes praticados com abuso de poder ou violao de dever para com aAdministrao Pblica;b) quando for aplicada pena de priso por tempo superior a quatro anos nos demaiscasos.II a incapacidade para o exerccio do ptrio poder, tutela ou curatela, nos crimesdolosos, sujeitos pena de priso, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;III a inabilitao para dirigir veculo, quando utilizado como meio para a prtica decrime doloso ou com culpa gravssima, pelo prazo de at cinco anos.Pargrafo nico. Salvo disposio expressa em contrrio, os efeitos de que trata esteartigo no so automticos, devendo ser motivadamente declarados na sentena.44 45. TTULO V MEDIDAS DE SEGURANAEspcies de medidas de seguranaArt. 95. As medidas de segurana so:I Internao compulsria em estabelecimento adequado;II sujeio a tratamento ambulatorial. 1 Na aplicao das medidas de segurana devero ser observados os direitos daspessoas com deficincia, inclusive os previstos na legislao especfica. 2 Extinta a puniblidade, no se impe medida de segurana, nem subsiste a quetenha sido imposta.Imposio da medida de segurana para inimputvelArt. 96. Se o agente for inimputvel, o juiz determinar sua internao compulsriaou o tratamento ambulatorial.Prazo 1 O prazo mnimo da medida de segurana dever ser de um a trs anos. 2 Cumprido o prazo mnimo, a medida de segurana perdurar enquanto no foraveriguada, mediante percia mdica, a cessao da periculosidade, desde que noultrapasse o limite mximo:a) da pena cominada ao fato criminoso praticado; oub) de trinta anos, nos fatos criminosos praticados com violncia ou grave ameaa pessoa, salvo se a infrao for de menor potencial ofensivo. 3 Atingido o limite mximo a que se refere o pargrafo anterior, poder oMinistrio Pblico ou o responsvel legal pela pessoa, requerer, no juzo cvel, oprosseguimento da internao.Percia mdica 4 A percia mdica realizar-se- ao termo do prazo mnimo fixado e dever serrepetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execuo.Desinternao ou liberao condicional 45 46. 5 A desinternao, ou a liberao, ser sempre condicional devendo serrestabelecida a situao anterior se o agente, antes do decurso de um ano, pratica fatoindicativo de persistncia de sua periculosidade. 6 Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poder o juiz determinar ainternao do agente, se essa providncia for necessria para fins curativos.Substituio da pena por medida de segurana para o semi-imputvelArt. 97. Na hiptese do pargrafo nico do art. 32 deste Cdigo e necessitando ocondenado de especial tratamento curativo, a priso pode ser substituda pelainternao, ou tratamento ambulatorial, pelo tempo da pena de priso, observado o 3 do art. 96.Direitos do internadoArt. 98. O internado ser recolhido a estabelecimento dotado de caractersticashospitalares e ser submetido a tratamento, observados os direitos das pessoas comdeficincia.46 47. TTULO VIAO PENALAo pblica e de iniciativa privadaArt. 99. A ao penal pblica, salvo quando a lei expressamente a declara privativado ofendido. 1 A ao pblica promovida pelo Ministrio Pblico, dependendo, quando a lei oexige, de representao do ofendido ou de requisio do Ministro da Justia. 2 A ao de iniciativa privada promovida mediante queixa do ofendido ou dequem tenha qualidade para represent-lo. 3 A ao de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ao pblica, se oMinistrio Pblico no oferece denncia no prazo legal. 4 No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisojudicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ao passa ao cnjuge,companheiro,ascendente, descendente ou irmo.Irretratabilidade da representaoArt. 100. A representao irretratvel depois de recebida a denncia.DecadnciaArt. 101. Salvo disposio expressa em contrrio, o ofendido decai do direito dequeixa ou de representao se no o exerce dentro do prazo de seis meses, contado dodia em que veio a saber quem o autor do crime, ou, no caso do 3 do art. 99 desteCdigo, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denncia.Renncia expressa ou tcita do direito de queixaArt. 102. O direito de queixa no pode ser exercido quando renunciado expressa outacitamente.Pargrafo nico. Importa renncia tcita ao direito de queixa a prtica de ato47 48. incompatvel com a vontade de exerc-lo; no a implica, todavia, o fato de receber oofendido a indenizao do dano causado pelo crime.Perdo do ofendidoArt. 103. O perdo do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediantequeixa, obsta ao prosseguimento da ao.Art. 104. O perdo, no processo ou fora dele, expresso ou tcito:I se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;II se concedido por um dos ofendidos, no prejudica o direito dos outros;III se o querelado o recusa, no produz efeito. 1 Perdo tcito o que resulta da prtica de ato incompatvel com a vontade deprosseguir na ao. 2 No admissvel o perdo depois que passa em julgado a sentena condenatria. 48 49. TTULO VIIBARGANHA E COLABORAO COM A JUSTIABarganhaArt. 105. Recebida definitivamente a denncia ou a queixa, o advogado ou defensorpblico, de um lado, e o rgo do Ministrio Pblico ou querelante responsvel pelacausa, de outro, no exerccio da autonomia das suas vontades, podero celebraracordo para a aplicao imediata das penas, antes da audincia de instruo ejulgamento. 1 So requisitos do acordo de que trata o caput deste artigo:I a confisso, total ou parcial, em relao aos fatos imputados na pea acusatria;II o requerimento de que a pena de priso seja aplicada no mnimo previsto nacominao legal, independentemente da eventual incidncia de circunstnciasagravantes ou causas de aumento da pena, e sem prejuzo do disposto nos 2 a 4deste artigo;III a expressa manifestao das partes no sentido de dispensar a produo dasprovas por elas indicadas. 2 Aplicar-se-, quando couber, a substituio da pena de priso, nos termos dodisposto no art. 61 deste Cdigo. 3 Fica vedado o regime inicial fechado. 4 Mediante requerimento das partes, a pena prevista no 1 poder ser diminudaem at um tero do mnimo previsto na cominao legal.49 50. Imputado colaboradorArt. 106. O juiz, a requerimento das partes, conceder o perdo judicial e aconsequente extino da punibilidade, se o imputado for primrio, ou reduzir a penade um a dois teros, ou aplicar somente pena restritiva de direitos, ao acusado quetenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigao e o processo criminal,desde que dessa colaborao tenha resultado:I a total ou parcial identificao dos demais coautores ou partcipes da aocriminosa;II a localizao da vtima com a sua integridade fsica preservada; ouIII a recuperao total ou parcial do produto do crime.Pargrafo nico. A aplicao do disposto neste artigo exige acordo que ser celebradoentre o rgo acusador e o indiciado ou acusado, com a participao obrigatria doseu advogado ou defensor, respeitadas as seguintes regras:I o acordo entre as partes, desde que tenha efetivamente produzido o resultado ouos resultados mencionados no caput deste artigo, vincular o juiz ou tribunal dacausa;II a delao de coautor ou partcipe somente ser admitida como prova daculpabilidade dos demais coautores ou partcipes quando acompanhada de outroselementos probatrios convincentes;III ao colaborador da Justia ser aplicada a Lei de Proteo a Vtimas eTestemunhas;IV oferecida a denncia, os termos da delao sero dados a conhecimento dosadvogados das partes, que devero preservar o segredo, sob as penas da lei. TTULO VIIIEXTINO DA PUNIBILIDADEExtino da punibilidade50 51. Art. 107. Extingue-se a punibilidade:I pela morte do agente;II pela anistia, graa ou indulto;III pela retroatividade de lei que no mais considera o fato como criminoso;IV pela prescrio, decadncia ou perempo;V pela renncia do direito de queixa ou pelo perdo aceito, nos crimes de aoprivada;VI pela retratao do agente, nos casos em que a lei a admite; ouVII pelo perdo judicial, nos casos previstos em lei.Art. 108. A extino da punibilidade de crime que pressuposto, elementoconstitutivo ou circunstncia agravante de outro no se estende a este. Nos crimesconexos, a extino da punibilidade de um deles no impede, quanto aos outros, aagravao da pena resultante da conexo.Prescrio antes de transitar em julgado a sentenaArt. 109.A prescrio, antes de transitar em julgado a sentena final, salvo odisposto no pargrafo nico do art. 110 deste Cdigo, regula-se pelo mximo da penade priso cominada ao crime, verificando-se:I em vinte anos, se o mximo da pena superior a doze;II em dezesseis anos, se o mximo da pena superior a oito anos e no excede adoze;III em doze anos, se o mximo da pena superior a quatro anos e no excede a oito;IV em oito anos, se o mximo da pena superior a dois anos e no excede a quatro;V em quatro anos, se o mximo da pena igual a um ano ou, sendo superior, noexcede a dois;VI - em trs anos, se o mximo da pena inferior a um ano.Prescrio das penas restritivas de direitoPargrafo nico. Aplicam-se s penas restritivas de direito os mesmos prazosprevistos para as de priso.51 52. Prescrio depois de transitar em julgado sentena final condenatriaArt. 110. A prescrio depois de transitar em julgado a sentena condenatria regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais seaumentam de um tero, se o condenado reincidente.Pargrafo nico. A prescrio, depois da sentena condenatria com trnsito emjulgado para a acusao, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela penaaplicada, no podendo, em nenhuma hiptese, ter por termo inicial data anterior dadenncia ou queixa.Termo inicial da prescrio antes de transitar em julgado a sentena finalArt. 111. A prescrio, antes de transitar em julgado a sentena final, comea a correr:I do dia em que o crime se consumou;II no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;III nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanncia;IV no crime de falsificao ou alterao de assentamento do registro civil, da dataem que o fato se tornou conhecido;V nos crimes contra a dignidade sexual de crianas e adolescentes, previstos nesteCdigo ou em legislao especial, da data em que a vtima completar dezoito anos,salvo se a esse tempo j houver sido proposta a ao penal;VI nos crimes falimentares, do dia da decretao da falncia, da concesso darecuperao judicial ou da homologao do plano de recuperao extrajudicial.Termo inicial da prescrio aps a sentena condenatria irrecorrvelArt. 112. No caso do art. 110 deste Cdigo, a prescrio comea a correr:I do dia em que transita em julgado a sentena condenatria, para a acusao; ouII do dia em que se interrompe a execuo, salvo quando o tempo da interrupodeva computar-se na pena.Prescrio no caso de evaso do condenadoArt. 113. No caso de evadir-se o condenado, a prescrio regulada pelo tempo queresta da pena. 52 53. Prescrio da multaArt. 114. A prescrio da pena de multa ocorrer:I em dois anos, quando a multa for a nica cominada ou aplicada;II no mesmo prazo estabelecido para prescrio da pena de priso, quando a multafor alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.Reduo dos prazos de prescrioArt. 115. So reduzidos de metade os prazos de prescrio quando o criminoso era,ao tempo do crime, menor de vinte e um anos, ou, na data da sentena, maior desetenta anos.Causas impeditivas da prescrioArt. 116. Antes de passar em julgado a sentena final, a prescrio no corre:I enquanto no resolvida, em outro processo, questo de que dependa oreconhecimento da existncia do crime;II enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.Pargrafo nico. Depois de passada em julgado a sentena condenatria, a prescriono corre durante o tempo em que o condenado est preso por outro motivo.Causas interruptivas da prescrioArt. 117. O curso da prescrio interrompe-se:I pelo recebimento da denncia ou da queixa;II pela pronncia;III pela deciso confirmatria da pronncia;IV pela publicao da sentena ou acrdo condenatrios recorrveis;V pelo incio ou continuao do cumprimento da pena;VI pela reincidncia. 1 Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupo da prescrioproduz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que53 54. sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupo relativa aqualquer deles. 2 Interrompida a prescrio, salvo a hiptese do inciso V deste artigo, todo o prazocomea a correr, novamente, do dia da interrupo.Art. 118. As penas mais leves prescrevem com as mais graves.Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extino da punibilidade incidir sobre apena de cada um, isoladamente.Perdo judicialArt. 120. A sentena que conceder perdo judicial no ser considerada para efeitosde reincidncia54 55. PARTE ESPECIALTTULO ICRIMES CONTRA A PESSOACaptulo ICrimes Contra a VidaHomicdioArt. 121. Matar algum:Pena priso, de seis a vinte anos.Forma qualificada1 Se o crime cometido:I mediante paga, mando, promessa de recompensa; por preconceito de raa, cor,etnia, orientao sexual e identidade de gnero, deficincia, condio devulnerabilidade social, religio, procedncia regional ou nacional, ou por outromotivo torpe; ou em contexto de violncia domstica ou familiar, em situao deespecial reprovabilidade ou perversidade do agente;II por motivo ftil;III com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou meio igualmenteinsidioso, cruel ou de que possa resultar perigo comum;IV traio, de emboscada, mediante dissimulao ou outra conduta anloga paradificultar ou tornar impossvel a defesa do ofendido;V para assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem de outrocrime; ouVI por dois ou mais agentes em atividade tpica de grupo de extermnio.Pena priso, de doze a trinta anos.Aumento de pena 2 A pena aumentada de um tero se o crime praticado contra criana ou idoso.Homicdio privilegiado55 56. 3 A pena diminuda de um sexto a um tero se o agente comete o crime impelidopor motivo de relevante valor social ou moral, ou sob domnio de violenta emoo,logo em seguida de injusta provocao da vtima.Modalidade culposa 4 Se o homicdio culposo:Pena priso, de um a quatro anos.Culpa gravssima 5 Se as circunstncias do fato demonstrarem que o agente no quis o resultadomorte, nem assumiu o risco de produzi-lo, mas agiu com excepcional temeridade, apena ser de quatro a oito anos de priso. 6 Inclui-se entre as hipteses do pargrafo anterior a causao da morte naconduo de embarcao, aeronave ou veculo automotor sob a influncia de lcoolou substncia de efeitos anlogos, ou mediante participao em via pblica, decorrida, disputa ou competio automobilstica no autorizada pela autoridadecompetente.Aumento de pena 7 As penas previstas nos pargrafos anteriores so aumentadas at a metade se oagente:I deixa de prestar socorro vtima, quando possvel faz-lo sem risco sua pessoaou a terceiro;II no procura diminuir as consequncias do crime.Iseno de pena 8 O juiz, no homicdio culposo, deixar de aplicar a pena se a vtima forascendente, descendente, cnjuge, companheiro, irmo ou pessoa com quem o agenteesteja ligado por estreitos laos de afeio ou quando o prprio agente tenha sidoatingido, fsica ou psiquicamente, de forma comprovadamente grave, pelasconsequncias da infrao.Eutansia56 57. Art. 122. Matar, por piedade ou compaixo, paciente em estado terminal, imputvel emaior, a seu pedido, para abreviar-lhe sofrimento fsico insuportvel em razo dedoena grave:Pena priso, de dois a quatro anos. 1 O juiz deixar de aplicar a pena avaliando as circunstncias do caso, bem como arelao de parentesco ou estreitos laos de afeio do agente com a vtima.Excluso de ilicitude 2 No h crime quando o agente deixa de fazer uso de meios artificiais para mantera vida do paciente em caso de doena grave irreversvel, e desde que essacircunstncia esteja previamente atestada por dois mdicos e haja consentimento dopaciente, ou, na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cnjuge,companheiro ou irmo.Induzimento, instigao ou auxlio a suicdioArt. 123. Induzir, instigar ou auxiliar algum ao suicdio:Pena priso, de dois a seis anos, se o suicdio se consuma, e de um a quatro anos,se da tentativa resulta leso corporal grave, em qualquer grau. 1 No se pune a tentativa sem que da ao resulte ao menos leso corporal grave. 2 Aplicam-se ao auxlio a suicdio o disposto nos 1 e 2 do artigo anterior.Aumento de pena 3 A pena aumentada de um tero at a metade se o crime cometido por motivoegostico.InfanticdioArt. 124. Matar o prprio filho, durante ou logo aps o parto, sob a influnciaperturbadora deste:Pena priso, de um a quatro anos.Pargrafo nico. Quem, de qualquer modo, concorrer para o crime, responder naspenas dos tipos de homicdio. 57 58. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimentoArt. 125. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:Pena priso, de seis meses a dois anos.Aborto consensual provocado por terceiroArt. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:Pena priso, de seis meses a dois anos.Aborto provocado por terceiroArt. 127. Provocar aborto sem o consentimento da gestante:Pena priso, de quatro a dez anos.1 Aumenta-se a pena de um a dois teros se, em consequncia do aborto ou datentativa de aborto, resultar m formao do feto sobrevivente.2 A pena aumentada na metade se, em consequncia do aborto ou dos meiosempregados para provoc-lo, a gestante sofre leso corporal grave; e at no dobro, se,por qualquer dessas causas, lhe sobrevm a morte.Excluso do crimeArt. 128. No h crime de aborto:I se houver risco vida ou sade da gestante;II se a gravidez resulta de violao da dignidade sexual, ou do emprego noconsentido de tcnica de reproduo assistida;III se comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incurveisanomalias que inviabilizem a vida extra-uterina, em ambos os casos atestado por doismdicos; ouIV se por vontade da gestante, at a dcima segunda semana da gestao, quando omdico ou psiclogo constatar que a mulher no apresenta condies psicolgicas dearcar com a maternidade.Pargrafo nico. Nos casos dos incisos II e III e da segunda parte do inciso I desteartigo, o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante, ou, quando menor, 58 59. incapaz ou impossibilitada de consentir, de seu representante legal, do cnjuge ou deseu companheiro.Captulo IILeses CorporaisLeso corporalArt. 129. Ofender a integridade corporal ou a sade de outrem:Pena priso, de seis meses a um ano.Leso corporal grave em primeiro grau 1 Se resulta:I incapacidade para as ocupaes habituais por mais de quinze dias;II dano esttico; ouIII enfermidade grave.Pena priso, de um a quatro anos.Leso corporal grave em segundo grau 2 Se resulta:I perigo de vida;II enfermidade grave e incurvel;III incapacidade permanente para o trabalho que a vtima exercia;IV debilidade permanente de membro, sentido ou funo; ouV acelerao de parto.Pena priso, de dois a seis anos.Leso corporal grave em terceiro grau 3 Se resulta:I perda ou inutilizao de membro, sentido ou funo;II aborto, desconhecendo o agente a gravidez da vtima;III incapacidade para qualquer trabalho; ouIV deformidade permanente.59 60. Pena priso, de trs a sete anos.Leso corporal seguida de morte 4 Se resulta morte e as circunstncias evidenciam que o agente no quis oresultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:Pena priso, de quatro a doze anos.Diminuio de pena 5 A pena de todas as figuras de leso corporal ser reduzida de um sexto a umtero se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social oumoral ou sob o domnio de violenta emoo, logo em seguida a injusta provocao davtima.Substituio da pena de priso 6 O juiz, no sendo graves as leses, aplicar somente a pena de multa:I se ocorre qualquer das hipteses do pargrafo anterior; ouII se as leses so recprocas. 7 A pena de todas as figuras de leses corporais ser aumentada de um tero atdois teros se:I a vtima for criana ou adolescente, pessoa com deficincia fsica ou mental, idosoou mulher grvida; ouII por preconceito de raa, cor, etnia, identidade ou orientao sexual, condio devulnerabilidade social, religio, procedncia regional ou nacional ou em contexto deviolncia domstica ou familiar.Leso corporal culposa 8 Se a leso culposa:Pena priso, de dois meses a um ano, ou multaCulpa gravssima 9 Se as circunstncias do fato demonstrarem que o agente no quis produzir aleso, nem assumiu o risco de produzi-la, mas agiu com excepcional temeridade, apena ser de um a dois anos de priso.Iseno de pena10. O juiz deixar de aplicar a pena das leses culposas se:60 61. I a vtima for ascendente ou descendente, irmo, cnjuge ou companheiro do agenteou pessoa com quem este tenha laos estreitos de afeio; ouII o prprio agente for atingido fsica ou psiquicamente de forma comprovadamentegrave pela infrao ou suas consequncias.Ao penal11. Nos casos de leso corporal leve ou culposa, somente se procede medianterepresentao, exceto se se tratar de violncia domstica contra a mulher, caso emque a ao penal ser pblica incondicionada.Captulo III Periclitao da Vida e da SadeArt. 130. Expor a vida, a integridade fsica ou a sade de outrem a perigo direto eiminente:Pena priso, de seis meses a dois anos, se o fato no constitui crime mais grave.Pargrafo nico. A pena ser de um a quatro anos se a exposio for a risco de doenagrave.Abandono de incapazArt. 131. Abandonar pessoa que est sob seu cuidado, guarda, vigilncia ouautoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes doabandono:Pena priso, de um a quatro anos. 1 Se do abandono resulta leso corporal grave, em qualquer grau, aplicam-setambm as penas a ela correspondentes. 2 Se resulta a morte:Pena priso, de quatro a doze anos.Aumento de pena 3 As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um tero:I se o abandono ocorre em lugar ermo;61 62. II se o agente ascendente ou descendente, cnjuge, irmo, tutor ou curador davtima.III se a vtima idoso; ouIV se o abandono for de pessoa recm-nascida.Omisso de socorroArt. 132. Deixar de prestar assistncia, quando possvel faz-lo sem risco pessoal, criana abandonada ou extraviada, ou pessoa invlida ou ferida, ao desamparo ouem grave e iminente perigo, ou no pedir, nesses casos, o socorro da autoridadepblica:Pena priso, de um a seis meses, ou multa.Pargrafo nico. A pena aumentada de metade, se da omisso resulta leso corporalgrave, em qualquer grau, e triplicada, se resulta a morte.Condicionamento de atendimento mdico-hospitalar emergencialArt. 133. Exigir cheque-cauo, nota promissria ou qualquer garantia, bem como opreenchimento prvio de formulrios administrativos, como condio para oatendimento mdico-hospitalar emergencial:Pena priso, de trs meses a um ano.Pargrafo nico. A pena aumentada at o dobro se da negativa de atendimentoresulta leso corporal grave, em qualquer grau, e at o triplo se resulta a morte.Maus-tratosArt. 134. Expor a perigo a vida ou a sade de pessoa sob sua autoridade, guarda ouvigilncia, para fim de educao, ensino, tratamento ou custdia, quer privando-a dealimentao ou cuidados indispensveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ouinadequado, quer abusando de meios de correo ou disciplina:Pena priso, de um a cinco anos. 1 Se do fato resulta leso corporal grave, em qualquer grau, aplicam-se tambm aspenas da leso. 2 Se resulta a morte, aplicam-se tambm as penas do homicdio. 62 63. Confronto generalizadoArt. 135. Participar de confronto generalizado entre grupos de pessoas:Pena priso, de um a quatro anos, alm das penas das leses corporais graves, emqualquer grau, e do homicdio, se houver.Pargrafo nico. A pena ser de dois a cinco anos se o confronto for entre grupos oufaces organizadas. Captulo IV Crimes contra a honraCalniaArt. 136. Caluniar algum, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:Pena priso, de um a trs anos. 1 Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputao, a divulga.Exceo da verdade 2 A exceo da verdade somente se admite caso o ofendido tenha sido condenadopela prtica do crime que lhe tenha sido imputado.DifamaoArt. 137. Difamar algum, imputando-lhe fato ofensivo sua reputao:Pena priso, de um a dois anos.Ofensa pessoa jurdica1 Divulgar fato qu