Poesias Alvares de Azevedo

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Alvares de Azevedo

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  • -> Adeus, meus sonhos!

    Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!No levo da existncia uma saudade!E tanta vida que meu peito enchiaMorreu na minha triste mocidade!Misrrimo! Votei meus pobres dias sina doida de um amor sem fruto,E minh'alma na treva agora dormeComo um olhar que a morte envolve em luto.Que me resta, meu Deus?Morra comigoA estrela de meus cndidos amores,J no vejo no meu peito mortoUm punhado sequer de murchas flores!

    -> Lembrana de Morrer

    Quando em meu peito rebentar-se a fibraQue o esprito enlaa dor vivente,No derramem por mim nem uma lgrimaEm plpebra demente.

    E nem desfolhem na matria impuraA flor do vale que adormece ao vento:No quero que uma nota de alegriaSe cale por meu triste passamento. Eu deixo a vida como deixa o tdioDo deserto, o poento caminheiro Como as horas de um longo pesadeloQue se desfaz ao dobre de um sineiro; Como o desterro de minh'alma errante,Onde fogo insensato a consumia:S levo uma saudade desses temposQue amorosa iluso embelecia. S levo uma saudade dessas sombrasQue eu sentia velar nas noites minhas...De ti, minha me, pobre coitadaQue por minha tristeza te definhas! De meu pai... de meus nicos amigos,Poucos bem poucos e que no zombavamQuando, em noite de febre endoudecido,Minhas plidas crenas duvidavam. Se uma lgrima as plpebras me inunda,Se um suspiro nos seios treme ainda pela virgem que sonhei... que nuncaAos lbios me encostou a face linda! S tu mocidade sonhadoraDo plido poeta deste flores...Se viveu, foi por ti! e de esperanaDe na vida gozar de teus amores. Beijarei a verdade santa e nua,

  • Verei cristalizar-se o sonho amigo.... minha virgem dos errantes sonhos,Filha do cu, eu vou amar contigo! Descansem o meu leito solitrioNa floresta dos homens esquecida, sombra de uma cruz, e escrevam nelas Foi poeta sonhou e amou na vida. Sombras do vale, noites da montanhaQue minh'alma cantou e amava tanto,Protegei o meu corpo abandonado,E no silncio derramai-lhe canto! Mas quando preludia ave d'auroraE quando meia-noite o cu repousa,Arvoredos do bosque, abri os ramos...Deixai a lua prantear-me a lousa!