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ISSN 1413-4969 Publicação Trimestral Ano XV – Nº 1 Jan./Fev./Mar. 2006 Brasília, DF Sumário Carta da Agricultura O agronegócio brasileiro é um caso de sucesso .............. 3 Roberto Rodrigues Evolução recente e tendências do agronegócio .............. 5 Elisio Contini / José Garcia Gasques / Renato Barros de Aguiar Leonardi / Eliana Teles Bastos Projeções do agronegócio mundial .............................. 29 Elisio Contini / José Garcia Gasques / Renato Barros de Aguiar Leonardi / Eliana Teles Bastos Projeções do agronegócio no Brasil e no mundo .......... 45 Elisio Contini / José Garcia Gasques / Renato Barros de Aguiar Leonardi / Eliana Teles Bastos Projeções do agronegócio no Brasil ............................. 57 Elisio Contini / José Garcia Gasques / Renato Barros de Aguiar Leonardi / Eliana Teles Bastos Mercado de carnes – Aspectos descritivos e experiências com o uso de modelos de equilíbrio parcial e de espaço de estados ...................... 84 Rosaura Gazzola / Carlos Henrique Motta Coelho / Geraldo da Silva e Souza / Renner Marra / Antônio Jorge de Oliveira Agricultural Trade – International Ag Baseline Projections ......................... 102 Ronald G. Trostle Ponto de Vista Conquistas e desafios do agronegócio brasileiro ........ 117 Antônio Salazar P. Brandão Conselho editorial Eliseu Alves (Presidente) Ivan Wedekin Elísio Contini Hélio Tollini Antônio Jorge de Oliveira Regis N. C. Alimandro Biramar Nunes Lima Paulo Magno Rabelo Marlene de Araújo Secretaria-geral Regina M. Vaz Coordenadoria editorial Mierson Martins Mota Cadastro e distribuição Cristiana D. Silva Revisão de texto Wesley José da Rocha Raquel Siqueira de Lemos Francisco C. Martins Revisão de referências Celina Tomaz de Carvalho Projeto gráfico e capa Carlos Eduardo Felice Barbeiro Imagem da capa Joniel Sergio R. Oliveira (arte) e Arquivo do Mapa (foto) Impressão e acabamento Embrapa Informação Tecnológica

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ISSN 1413-4969Publicação Trimestral

Ano XV – Nº 1Jan./Fev./Mar. 2006

Brasília, DF

Sumário

Carta da Agricultura

O agronegócio brasileiro é um caso de sucesso .............. 3Roberto Rodrigues

Evolução recente e tendências do agronegócio .............. 5Elisio Contini / José Garcia Gasques / Renato Barros de Aguiar Leonardi /Eliana Teles Bastos

Projeções do agronegócio mundial .............................. 29Elisio Contini / José Garcia Gasques / Renato Barros de Aguiar Leonardi /Eliana Teles Bastos

Projeções do agronegócio no Brasil e no mundo .......... 45Elisio Contini / José Garcia Gasques / Renato Barros de Aguiar Leonardi /Eliana Teles Bastos

Projeções do agronegócio no Brasil ............................. 57Elisio Contini / José Garcia Gasques / Renato Barros de Aguiar Leonardi /Eliana Teles Bastos

Mercado de carnes – Aspectos descritivos eexperiências com o uso de modelos deequilíbrio parcial e de espaço de estados ...................... 84Rosaura Gazzola / Carlos Henrique Motta Coelho / Geraldo da Silva e Souza /Renner Marra / Antônio Jorge de Oliveira

Agricultural Trade –International Ag Baseline Projections ......................... 102Ronald G. Trostle

Ponto de VistaConquistas e desafios do agronegócio brasileiro ........ 117Antônio Salazar P. Brandão

Conselho editorialEliseu Alves (Presidente)

Ivan WedekinElísio ContiniHélio Tollini

Antônio Jorge de OliveiraRegis N. C. Alimandro

Biramar Nunes LimaPaulo Magno Rabelo

Marlene de Araújo

Secretaria-geralRegina M. Vaz

Coordenadoria editorialMierson Martins Mota

Cadastro e distribuiçãoCristiana D. Silva

Revisão de textoWesley José da Rocha

Raquel Siqueira de LemosFrancisco C. Martins

Revisão de referênciasCelina Tomaz de Carvalho

Projeto gráfico e capaCarlos Eduardo Felice Barbeiro

Imagem da capaJoniel Sergio R. Oliveira (arte)

e Arquivo do Mapa (foto)

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 2

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

Revista de política agrícola. – Ano 1, n. 1 (fev. 1992) - . – Brasília: Secretaria Nacional de Política Agrícola, Companhia Nacionalde Abastecimento, 1992-

v. ; 27 cm.

Trimestral. Bimestral: 1992-1993.Editores: Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, 2004- .Disponível também em World Wide Web: <www.agricultura.gov.br>

<www.embrapa.br>ISSN 1413-4969

1. Política agrícola. I. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento. Secretaria de Política Agrícola. II. Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento.

CDD 338.18 (21 ed.)

Esta revista é uma publicação trimestral da Secretaria dePolítica Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, com a colaboração técnica da Embrapa eda Conab, dirigida a técnicos, empresários, pesquisadoresque trabalham com o complexo agroindustrial e a quembusca informações sobre política agrícola.

Interessados em receber esta revista comunicar-se com:

Ministério da Agricultura, Pecuária e AbastecimentoSecretaria de Política AgrícolaEsplanada dos Ministérios, Bloco D, 5º andarCEP 70043-900 Brasília, DFFone: (61) 3218-2505Fax: (61) [email protected]

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaSecretaria de Gestão EstratégicaParque Estação Biológica (PqEB), Av. W3 Norte (final)CEP 70770-901 Brasília, DFFone: (61) 3448-4336Fax: (61) 3347-4480Mierson Martins [email protected]

É permitida a citação de artigos e dados desta Revista, desdeque seja mencionada a fonte. As matérias assinadas nãorefletem, necessariamente, a opinião do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento.

Tiragem5.000 exemplares

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O agronegócio brasileiro é um caso desucesso. Superou muitos obstáculos em suatrajetória de crescimento. Alguns, de caráterexterno ao setor, como as distorções macroeco-nômicas provocadas pela inflação e por problemascambiais. Outros, inerentes à atividade, como odesenvolvimento de tecnologia tropical, aidentificação de áreas propícias ao plantio degrãos no cerrado e a motivação de empreen-dedores do Sul do País, muitos deles pequenosprodutores, a se instalarem nas novas fronteirasagrícolas.

Com apoio do governo federal, o setorampliou os investimentos no campo, aumentou aprodução, gerou emprego e renda, promoveu odesenvolvimento do interior e incrementou asexportações. O agronegócio superou o gargalonas contas externas e foi um dos grandesresponsáveis pela retomada do crescimentoeconômico.

Mas crescimento acelerado pode gerardistúrbios e crises, como ocorre atualmente como agronegócio brasileiro. Entre os fatores quefavorecem este cenário está a ausência de infra-estrutura e logística à altura do desempenho dosetor. Um exemplo é o aumento dos custos com oescoamento da safra, provocado pelo transportebasicamente rodoviário e estradas mal conser-vadas. A elevação dos custos avilta a renda dosprodutores.

Outros fatores contribuem para o ambientedesfavorável. O câmbio flexível incentivou asexportações em vários setores da economia,gerando superávits. Os sucessivos superávits dabalança comercial valorizaram o real e, conse-qüentemente, reduziram os ganhos dos exporta-

O agronegócio brasileiroé um caso de sucesso

Car

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gric

ultu

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dores na moeda nacional. Os produtores de grãos,endividados, não conseguem honrar compromis-sos e reavaliam suas estratégias de investimentos.

Na pecuária, os focos de febre aftosa e aameaça da gripe aviária, que atinge vários países,estão levando os exportadores a amargarem forteretração nas vendas externas, diminuindo a rendados criadores. Os reflexos da queda das expor-tações atingem vários segmentos da cadeiaprodutiva de carnes.

Mas o agronegócio brasileiro já viveumuitas crises ao longo de sua história. Em muitasoportunidades, as crises foram superadas e emoutras, aprendemos a conviver com elas. A ciênciamelhorou as variedades de plantas cultivadas ede raças de animais. Também desenvolveusistemas de produção mais eficientes e adaptadosàs características regionais. Pequenos e médiosagricultores tornaram-se empresários, assumindoriscos e adotando novas tecnologias de produção.

Com agricultor eficiente, ciência e tecno-logia, capacidade organizacional e terra agricul-tável em abundância como nenhum outro paísdetém, venceremos a crise em breve. O governo,particularmente o Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento, tem a missão de apoiaro setor nesse processo de superação.

As ações das pessoas responsáveis peloagronegócio brasileiro, tanto do setor públicocomo do setor privado, vão além da batalha pelasuperação das dificuldades. Precisamos criaridéias e implementar ações de desenvolvimentoem longo prazo. Uma delas é a agroenergia, quetem potencial no mercado interno e para as

1 Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Roberto Rodrigues1

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exportações. É dever do Estado monitorar oportu-nidades de negócios para os agricultores e ajudaro setor a concretizá-las.

É neste contexto que o Ministério da Agri-cultura ganha papel importante. Ao deter informa-ções e estudos estratégicos sobre o agronegóciobrasileiro e o mundial, numa visão de médio elongo prazos, o ministério se transforma no grandeinstrumento de apoio ao setor privado.

Por isso, solicitei à minha assessoria aelaboração de uma ampla pesquisa sobre a dinâ-

mica da demanda mundial de alimentos e deoutros produtos agropecuários para os próximos20 anos e sobre como o Brasil poderá se destacarcomo fornecedor de produtos agrícolas para essesmercados.

São estudos que compõem a inteligênciacompetitiva para o agronegócio brasileiro. Estaedição da Revista de Política Agrícola sobrecenários do agronegócio mundial e do Brasil trazuma parte desta resposta.

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Evolução recentee tendênciasdo agronegócio

Resumo: Este trabalho faz parte de um conjunto de estudos realizados pelo Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento, sobre projeções do agronegócio mundial e do Brasil. Como parte desseestudo, analisa a evolução recente do agronegócio e suas tendências. A metodologia utilizada baseou-se na análise do material produzido por instituições internacionais sobre o tema. A evolução recente éabordada por meio de diversos indicadores do comportamento do agronegócio nos últimos anos. Alémdos indicadores usuais para analisar o tema, outros também foram usados, como o grau de abertura doagronegócio e a produtividade total dos fatores. A partir desses indicadoes, fica claro o grau de dinamismodesse setor no Brasil. As tendências representam a forma de identificar as linhas gerais do agronegócioem sua rota de crescimento futuro. Assim, foram analisadas as tendências populacionais, econômicas,tecnológicas e ambientais. Este trabalho conclui que, em função dessas tendências, projeta-se umadiversificação alimentar, com aumento da demanda de determinados grupos de produtos, comoprocessados (laticínios), de maior valor protéico (carnes), além de açúcar e frutas. Outros resultadosforam obtidos, como a importância de novas tecnologias para o agronegócio, e a busca do equilíbrioentre crescimento e práticas conservacionistas e de proteção ambiental.

Palavras-chave: agronegócio, tendência, evolução.

Elisio Contini1

José Garcia Gasques2

Renato Barros de Aguiar Leonardi3

Eliana Teles Bastos4

1 Chefe da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). [email protected] Coordenador-Geral de Planejamento Estratégico (CGPE/AGE/Mapa). [email protected] Gestor da CGPE/AGE/Mapa. [email protected] Economista, Assistente da CGPE/AGE/Mapa.

IntroduçãoOrganizações públicas e privadas necessi-

tam de rumos bem definidos. Precisam tambémsaber que caminhos seguir para direcionar seusesforços e recursos, num futuro próximo e de longoprazo. Essa visão prospectiva não é estática, masexige redirecionamentos periódicos, em face demudanças no ambiente externo. Essa diretrizaplica-se, também, ao Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento, como responsável por

políticas públicas e ações de normatização quevisam o desenvolvimento sustentável do agrone-gócio brasileiro.

Para a elaboração deste estudo, consulta-ram-se trabalhos de organizações brasileiras einternacionais, alguns baseados em modelos deprojeções. O cenário apresentado indica tendên-cias de produção, consumo e comércio exterior,para produtos básicos e alguns elaborados.

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A segunda parte deste trabalho apresenta aevolução recente do agronegócio, numa aborda-gem mundial e com relação ao Brasil; na terceiraparte, são apresentadas grandes tendências eco-nômicas, demográficas, ambientais e tecno-lógicas.

Evolução recente doagronegócio (1990–2005)

O agronegócio deve ser entendido como acadeia produtiva que envolve desde a fabricaçãode insumos, passando pela produção nos estabele-cimentos agropecuários e pela transformação, atéseu consumo. Essa cadeia incorpora todos osserviços de apoio: pesquisa e assistência técnica,processamento, transporte, comercialização,crédito, exportação, serviços portuários, distribui-dores (dealers), bolsas, e o consumidor final. Ovalor agregado do complexo agroindustrial passa,obrigatoriamente, por cinco mercados: o desuprimentos, o de produção propriamente dita,processamento, distribuição e o do consumidorfinal, conforme Fig. 1.

anos, a produção mundial de grãos passou de1,857 bilhão de toneladas em 2003–2004, parauma estimativa de 1,973 bilhão em 2005–2006, oque representa um aumento na produção mundialde 6,24%. Em ordem decrescente, os três maioresprodutores mundiais são, os Estados Unidos(361,71 milhões de toneladas), a China (356,20milhões de toneladas) e a União Européia (261,53milhões de toneladas). Em seguida, aparecem aÍndia (197,46 milhões de toneladas), Brasil (60,03milhões de toneladas)5 e Argentina (38,35 milhõesde toneladas).

Tomando-se a evolução da produção econsumo de alguns produtos selecionados (Tabela1), verifica-se que, em geral, em época recente,tem havido equilíbrio entre essas duas variáveis.Isso pode ser observado pelas estimativas de taxasde crescimento da produção e consumo. Asexceções são algodão em pluma e arroz, queapresentam o maior desequilíbrio entre produçãoe consumo. No caso do algodão, a produção temse elevado a uma taxa anual média de 4,21%,enquanto o consumo cresceu apenas 3,54% nosúltimos 7 anos. O consumo de arroz tem seelevado a uma taxa bem superior à da produção.Com relação à soja e ao farelo de soja, nota-seum crescimento da produção relativamentesuperior ao do consumo, o que afeta ocomportamento dos preços mundiais dessesprodutos.

Observando-se a tendência recente dosestoques mundiais dos produtos selecionados,aparentemente os casos mais críticos quanto àqueda dos estoques são o do arroz, cujos valorescaem de 146,4 milhões de toneladas em 1999–2000 para 66,8 milhões de toneladas em 2005–2006, e o do trigo, cujos estoques passam de 208,9para 147,4 no mesmo período. Soja e milhoapresentam estoques crescentes: a soja, nosúltimos 7 anos e o milho, particularmente, nosúltimos 3 anos. A relação entre estoques econsumo para arroz, milho e trigo, mostra-sedecrescente, o que pode estar sinalizando altasde preços para esses produtos para os próximosanos (Tabela 1).

Desde 1964, a liderança mundial naprodução de soja é dos Estados Unidos, em termos

5 Inclui grãos forrageiros (inclusive milho), trigo e arroz. Não inclui soja.

Fig. 1. Sistema agroindustrial.

GrãosSegundo o Departamento de Agricultura

dos Estados Unidos (USDA, 2005a), nos últimos 3

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Tabela 1. Evolução da produção e consumo mundiais de produtos selecionados.

1999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 2006(1)

Taxa anual decrescimento (%)

(1) Previsão.Fonte: Conab (2005).

Algod„opluma

19,119,321,519,220,726,123,6

4,38

ProduÁ„o mundial

Arroz

408,7398,2398,5377,9389,5401,2409,9

0,003

Milho

607,3590,0599,1601,8623,8706,3673,4

2,57

Sojaem gr„o

160,7175,9185,1197,0186,3214,3219,7

4,90

Farelode soja

107,4116,5125,2130,1128,8136,6143,8

4,47

”leode soja

24,626,728,930,529,931,933,5

4,81

Trigo

585,2581,4581,1567,4553,9624,5612,6

0,83

Milhıes de toneladas

1999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 2006(1)

Taxa anual decrescimento (%)

Algod„opluma

19,820,120,621,521,423,524,3

3,51

Consumo mundial

Arroz

397,7394,1409,3407,0413,2413,9417,6

0,91

Milho

605,7609,8622,7627,3647,2678,5680,3

2,17

Sojaem gr„o

135,5146,9158,3165,7163,7173,6182,4

4,60

Farelode soja

108,9117,5123,9129,6128,9135,9143,1

4,19

”leode soja

24,126,528,630,229,731,533,3

4,95

Trigo

584,4583,8585,2604,0588,8606,7617,9

0,90

Milhıes de toneladas

1999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 2006(1)

Algod„opluma

10,410,211,39,28,7

11,110,7

Estoques mundiais (finais)

Arroz

146,4150,5140,0110,987,274,666,8

Milho

171,7171,5149,1123,6100,2128,0121,0

Sojaem gr„o

28,631,933,340,435,045,150,7

Farelode soja

4,23,84,14,43,73,63,8

”leode soja

2,62,72,62,01,61,81,8

Trigo

208,9206,5202,5165,8131,0148,7147,4

Milhıes de toneladas

de área colhida e de produção. Entretanto, essaposição tem sido ameaçada por seus doisconcorrentes: Brasil e Argentina6. Usando-se amesma fonte de dados desse relatório e atualizan-

do-se as informações, observa-se que as áreascolhidas de soja no Brasil e nos Estados Unidosvêm convergindo, especialmente a partir de 2001.Em 2005, as áreas colhidas são de 29,3 milhões

6 Esse fato foi observado num relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, denominado Agriculture in Brazil and Argentina: Development andProspects for Major Field Crops, de novembro de 2001.

Ano

Ano

Ano

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de hectares nos Estados Unidos e de 23,0 milhõesde hectares no Brasil (Fig. 2). A produção conjuntado Brasil e da Argentina passa a ser superior àdos Estados Unidos, a partir de 2002 (Fig. 3). Apartir de 1999, a produtividade da soja no Brasilultrapassa a dos Estados Unidos e Argentina (Fig. 4).

Fig. 2. Área colhida de soja no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para o trabalho, com dados do Usda (2005a).

Fig. 3. Produção de soja dos Estados Unidos e conjunta Brasil/Argentina.Fonte: elaboração dos autores para o trabalho, com dados do Usda (2005a).

Nos últimos anos, os preços mundiais dosprodutos do agronegócio têm alternado situaçõesde altas e baixas. Contudo, tomando-se o períodode 2003 a 2005, observa-se que soja, milho, trigoe algodão apresentam redução de preços quandose comparam os períodos mar./2003 a fev./2004 emar./2004 a fev./2005. O preço da soja, por exem-

Fig. 4. Produtividades de soja na Argentina, no Brasil e nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para o trabalho, com dados do Usda (2005a).

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plo, passou de US$ 316 /t para US$ 191/t, quandose compara o mês de fevereiro desses doisperíodos (ver IPEA, 2005a; CONAB, 2005). Contra-riam essa tendência recente de queda de preços,café-arábica, arroz e açúcar, produtos com forteselevações de preços, especialmente o açúcar.

CarnesNo contexto mundial, nos últimos anos, a

produção de carnes tem se elevado, principal-mente a carne suína e a carne de frango. Por suavez, embora também tenha experimentado umaexpansão na produção, a carne bovina teve umíndice de produtividade menor que a carne suínae a de frango.

Em 2006, prevê-se uma produção mundialde carne suína da ordem de 97,2 milhões de tone-

ladas, seguida pela carne de frango, 57,48 milhõese pela carne bovina, 53,6 milhões de toneladas(Fig. 5). A liderança mundial na produção de carnesuína é da China, que deverá produzir 52,0milhões de toneladas em 2006. Esse país épraticamente auto-suficiente em carne suína.

O Brasil é o quarto produtor mundial dessacarne e o quarto exportador mundial. Atualmente,os maiores importadores de carne suína são oJapão, a Rússia e o México. De 2000 a 2005,dentre as demais carnes, a carne suína obteve amaior expansão no consumo mundial, de 81,6milhões de toneladas para 93,1 milhões (USDA,2005c) conforme Fig. 6. No mercado de carne defrango, a competitividade brasileira pode serconstatada pela citação do Departamento deAgricultura dos Estados Unidos (USDA, 2005c):“Combined with relatively low feed grain costs,

Fig. 5. Produção mundial de carnes.Fonte: elaboração dos autores para o trabalho, com dados do Usda (2005c).

Fig. 6. Consumo mundial de carnes.Fonte: elaboração dos autores para o trabalho, com dados do Usda (2005c).

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relatively low labor costs, and increasingly largereconomies of scales, Brazil's production costs forwhole eviscerated chicken are estimated to bethe lowest of any major supplier at 1.37 Real/kg(US$ 0.48/kg).”

O Brasil é um grande produtor, consumidore exportador de carnes. Em relação à carnebovina, atualmente o Brasil é o segundo maiorprodutor mundial e seu consumo é o terceiro maiordo mundo. Sua liderança ocorre, também, nasexportações, ocupando, a partir de 2004, oprimeiro lugar, com 26,4% das exportaçõesmundiais de carne bovina. Até então, essa posiçãoera ocupada pela Austrália. Em relação à carnede frango, o Brasil é o terceiro maior produtor,depois dos Estados Unidos e da China, mas é omaior exportador do mundo, estando previstoexportar 3,23 milhões de toneladas de carne defrango em 2006 (USDA, 2005c).

O agronegócio brasileiroA seguir, é feita uma sistematização dos

indicadores mais relevantes do agronegócio noBrasil, destacando-se sua tendência de crescimen-to recente. São apresentadas, ainda, informaçõessobre produção, produtividade e preços, queavaliam o desempenho de uma parte do complexodo agronegócio, o setor agropecuário. Busca-se,assim, situar em época recente, o desempenhode segmentos da estrutura apresentada na Fig. 1,com os traços mais relevantes desse crescimento.

Participação do agronegócio no PIBEm 2004, o produto interno bruto (PIB) do

agronegócio atingiu R$ 533,98 bilhões, enquantoo de 2003 foi de R$ 520,68 bilhões. A Fig. 7 ilustraa participação do agronegócio no produto totalda economia: nota-se que, em 2004, essaparticipação foi de 21,2%. Em 2005, o PIB previstodo agronegócio foi de R$ 537,63 bilhões (verCNA).

Nos últimos anos, a comparação do cresci-mento entre setores mostra que o setor agrope-

cuário tem sido superior aos setores de indústria eserviços. Na década de 1990, o crescimento doproduto real da agropecuária foi de 2,48%,enquanto a indústria cresceu 0,76% e serviços,1,37%. Nessa década, o PIB cresceu em média1,73% a.a., abaixo do produto da agropecuária.Nos primeiros anos desse novo milênio, o setoragropecuário vem tendo um desempenho aindamelhor do que na década de 1990. De 2000 a2004, esse setor cresceu, em média, a 4,64% a.a.,enquanto o crescimento da economia foi de 2,66%(Tabela 2).

Tabela 2. Taxas anuais de crescimento do PIB realpor setores (%).

2,66

Ind˙stria

2,63

MÈdias do perÌodo 2000 ñ 2004

ServiÁos

2,3

Agropecu·ria

4,64

Total

2,04

Ind˙stria

1,39

MÈdias do perÌodo 1990 ñ 2004

ServiÁos

1,68

Agropecu·ria

3,2

Total

1,73

Ind˙stria

0,76

MÈdias da dÈcada de 1990

ServiÁos

1,37

Agropecu·ria

2,48

Total

Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da FundaçãoGetúlio Vargas (FGV, 2005).

Fig. 7. PIB doagronegócio emrelação ao PIBtotal.Fonte: elaboração dosautores para este estudo,com dados do Banco Centraldo Brasil (Bacen) (2005) eConfederação Nacional daAgricultura (CNA, 2005b).

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200611

Comércio exterior do agronegócioUm dos principais – e mais conhecidos –

resultados do agronegócio do País tem sido emrelação ao desempenho externo. São bemconhecidos os resultados na geração do saldo daBalança Comercial. Entre 1989 e 2004, as expor-tações do agronegócio praticamente triplicaramao passar de US$ 13,9 bilhões para US$ 39,0bilhões. Em 1989, suas exportações representaram40,4% das exportações totais do País e em 2004,foi mantido esse percentual. Contudo, o que sedestaca é a importância do agronegócio nageração do Saldo Comercial. Nos últimos 15 anos,o saldo comercial do agronegócio tem sido maiorque o saldo dos demais setores. Em 2004, o saldo

do agronegócio atingiu o valor de US$ 34,13bilhões, enquanto o saldo dos demais setores foide US$ -0,4 bilhão (MAPA), conforme Fig. 8.

A seguir, a participação dos produtos agro-pecuários brasileiros – nas exportações totais – érepresentada para alguns complexos agroindus-triais. As mudanças mais expressivas ocorrem nacarne bovina, na carne de frango e na carne suína.A participação brasileira no mercado mundial decarne bovina passou de 8,55% em 2000, para26,43% em 2005. Nesse período, a carne defrango passou de 17,78% para 39,88%, e a suínapassou de 5,14% para 14,05%. Esses dados, comoutros apresentados, mostram como o Brasiltornou-se o maior exportador mundial em carnebovina e de frango (ver Tabela 3 e Fig. 9).

Tabela 3. Participação percentual dos produtos agropecuários brasileiros nas exportações mundiais(1).

AçúcarAlgodãoSuco de laranjaSoja

Em grãoFareloÓleo Bruto

CarnesBovinaDe frangoSuína

Produto 2005

38,75,4

83,02

32,9335,4730,04

26,4339,8814,05

2004

34,482,92

84,44

34,832,7727,91

25,0539,8713,97

2003

27,861,61

85,86

32,332,1326,39

18,6531,6614,98

2002

31,862,33

82,73

28,0929,0921,04

14,1427,4215,87

2001

-1,19

81,26

28,7829,9121,35

13,1821,9210,46

2000

---

---

8,5517,785,14

(-) = o fenômeno não ocorreu.(1) Relação entre a quantidade do produto exportado pelo Brasil e quantidade do produto nas exportações mundiais.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da Conab (2005) e Usda (2005c).

Fig. 8. Saldo da balança comercial do agronegócio e demais setores econômicos (1990–2004).Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da Secex/MDIC (BRASIL, 2005b).

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 12

Tabela 4. Ranking mundial dos principais produtos agropecuários brasileiros.

(1) Valores estimados.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005c).

CarnesCarne de avesCarne bovinaCarne suínaGr„os/OutrosAçúcarCaféSuco de laranjaSoja - GrãoSoja - FareloÓleo de sojaAlgodãoMilhoArroz

ProdutoPosiÁ„oem 2005

1º1º4º

1º1º1º2º2º2º4º5º11º

2005(1)

(%)

39,8826,4314,05

38,7030,0683,0231,7232,2428,25

5,402,260,78

2004(1)

(%)

39,8725,0513,97

33,3427,4284,4435,6033,0930,27

2,927,380,14

ParticipaÁ„o nasexportaÁıes mundiais (%)

CarnesCarne de avesCarne bovinaCarne suínaGr„os/OutrosAçúcarCaféSuco de laranjaSoja - GrãoSoja - FareloÓleo de sojaAlgodãoMilhoArroz

ProdutoPosiÁ„oem 2005

2º3º4º

1º1º1º2º2º2º4º5º9º

2005(1)

(%)

16,1215,36

2,85

19,8135,3955,3824,5016,9117,71

5,035,352,23

2004(1)

(%)

15,5815,13

2,85

18,5529,7352,2927,1117,6818,85

6,736,322,24

ParticipaÁ„o naproduÁ„o mundial (%)

Fig. 9. Participação da carne brasileira nas exportações mundiais.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da Conab (2005) e Usda (2005c).

Quanto aos demais produtos, (açúcar, café,suco de laranja e soja) os dados mostram uma po-sição de País fortemente competitivo no mercadointernacional: o açúcar, por exemplo, com umaparticipação de 38,7% nesse mercado em 2005;por sua vez, a soja em grão, alcançará 31,72%farelo, 32,24% e óleo de soja, de 28,25% (Tabela 4).

O aumento da atividade externa do agrone-gócio pode também ser analisado pelo seu graude abertura, medido pela relação entre exporta-ções do agronegócio e o PIB do agronegócio. Essa

relação mostra que o grau de abertura temaumentado consideravelmente, especialmente apartir de 2001, que à época era de 11,69%,passando para 19,98% em 2004. Esse percentualindica quanto representavam as exportações doagronegócio em relação ao produto gerado poresse setor. A partir de 2002, o grau de abertura doagronegócio passou a ser maior que o daeconomia (Tabela. 5). Apesar de ter havido umaexpansão acentuada desse indicador, há aindamuito espaço para seu crescimento.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200613

Tabela 5. Grau de abertura da economia e do agronegócio brasileiros(1).

(...) Dado desconhecido.(1) O grau de abertura total é a relação entre as exportações totais e o PIB do País.O grau de abertura do agronegócio é a relação entre as exportações do agronegócio e o PIB do agronegócio.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Mapa (BRASIL, 2005a) e Banco Central do Brasil (2005).

1989199019911992199319941995199619971998199920002001200220032004

34.38331.41431.26038.50538.55543.54546.50647.74752.99451.14048.01155.08658.22360.36273.08496.475

ExportaÁıestotais

(US$ milhıes)

13.92112.99012.40314.45515.94019.10520.87121.14523.40421.57520.51420.61023.86324.83930.63939.016

ExportaÁıes doagronegÛcio

(US$ milhıes)

8,276,697 ,719,948,978,026,596,166,566,498,959,15

11,4213,1414,4215,95

Grau deabertura total

(%)

415.916469.318405.679387.295429.685543.087705.449775.475807.814787.889536.554602.207509.797459.379506.784604.876

PIB total a preÁoscorrentes

(US$ milhıes)...............

2,674,064,585,495,417,908,00

11,6913,9016,9619,96

Grau de aberturado agronegÛcio

(%)

Nos últimos anos, observando-se asinformações sobre as exportações dos principaisprodutos do agronegócio brasileiro (Fig. 10),verificam-se várias mudanças importantes. Entre1989 e 2004, as variações das exportações –expressas em valor – indicam que os maiores des-taques ocorreram no complexo soja e nas carnes.

Contudo, outros produtos também tiveram aumen-tos, como o açúcar, a madeiras, a celulose e opapel. Um aspecto importante a ser observado,especialmente nas carnes, é que o valor das expor-tações se elevou, principalmente, pelo efeito pre-ço, já que, a quantidade exportada aumentou entre1989 e 2004, numa proporção inferior ao valor.

Fig. 10. Exportações dos principais produtos do agronegócio brasileiro.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da Análise das Informações de Comércio Exterior – ALICE em SPC/Mapa (BRASIL, 2005a).

Ano

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 14

Produção agropecuáriaA produção agropecuária é outro importante

indicador do agronegócio e o exame de seu com-portamento recente ajuda a compreender melhoro desenvolvimento do agronegócio no Brasil. Nosúltimos anos, a tendência tem sido de um cresci-mento sistemático da produção de lavouras. Ofato mais observado a respeito desse crescimentoé que ele tem ocorrido principalmente devido aosganhos de produtividade. Essa tem sido a forçaque impulsiona o crescimento da produção.

Em 2005, a linha de tendência da produçãoagropecuária resultaria numa produção estimadade cerca de 130 milhões de toneladas de grãos.Contudo, a seca ocorrida no Sul do País – e emmenor proporção – em outras regiões, levou auma queda brusca da produção anteriormenteesperada em 2005, resultando numa safra de cercade 112,37 milhões de toneladas. Em relação àsafra 2003–2004, a queda de produção foi de 5,4milhões de toneladas de cereais, leguminosas eoleaginosas. A Fig. 11 ilustra a evolução daprodução, área e rendimento nos últimos anos.

Nos últimos 14 anos, o aumento daprodução agropecuária permitiu que houvesse umaumento da disponibilidade de produtos delavouras. Em 1991, a relação entre produção epopulação era de 0,39 tonelada por pessoa. Em2004, essa relação passou para 0,65 tonelada porpessoa. Esse fato é importante, pois mostra aresposta da produção agrícola diante do aumentoda população e representa um bom indicador nocontexto da preocupação com a segurançaalimentar. Esse ponto torna-se mais visível aoobservarmos que a produção de alimentos básicostambém se elevou nesses últimos anos.

Adicionalmente, as culturas alimentarescomo arroz, feijão e trigo tiveram elevadosaumentos de produtividade7. Em época maisrecente, essas lavouras obtiveram ganhos deprodutividade superiores ao obtido na média dogrupo de cereais, leguminosas e oleaginosas. NaTabela 6, observa-se que as lavouras de alimentos,como arroz, feijão, milho e trigo tiveram elevadosaumentos de produtividade.

Outra tendência recente diz respeito aosdeslocamentos regionais da produção agrope-

Fig. 11. Produção de grãos1 no Brasil, entre 1990 e 2005.1 Algodão, Amendoim, Arroz, Aveia, Centeio, Cevada, Feijão, Girassol, Mamona, Milho, Soja, Sorgo, Trigo, Triticale.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da Conab (2005).

7 Muitas vezes o aumento da produção e da produtividade não vem acompanhado de aspectos de qualidade que atendam a cada segmento da cadeia produtiva.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200615

Esse deslocamento de produção agrope-cuária foi um dos fatores responsáveis pelas migra-ções líquidas da Região Centro-Oeste. Nessaregião, no período 1995–2000, as migraçõeslíquidas registradas pelo IBGE (2004) foram as maisintensas do País, com uma taxa qüinqüenal de2,75%. Os estados que mais têm recebidomigrantes foram Goiás e Mato Grosso, sendo queem Goiás há uma influência exercida por Brasíliae pela ampliação da área de influência do DistritoFederal (IPEA, 2005b p.164). As demais regiõesdo País apresentaram taxas de migrações líquidasnegativas ou mais baixas que o Centro-Oeste.

Insumos para a agropecuáriaNo Brasil, a evolução recente do agrone-

gócio também pode ser avaliada por indicadoresde utilização de insumos: tratores, defensivos efertilizantes. Em termos relativos, o maior cresci-mento ocorreu em defensivos, seguido de tratorese de fertilizantes. O aumento dos valores dedefensivos deu-se como um processo decorrenteda expansão da produção agropecuária noperíodo 1995–2004 e pelas necessidades de usode defensivos em lavouras como algodão e soja.

Como podemos observar na Fig. 12, entre1999 e 2000, as vendas internas de tratorespromoveram um aumento da potência de 68,9%.De 1995 a 2004, a venda de defensivos agrícolasaumentou em 192,6% (Fig. 13). Entre 1998 e 2004,houve uma elevação de 55,2% nas vendas defertilizantes (Fig. 14).

Tabela 6. Taxa anual de crescimento de 1991 a2005(1).

(1) As taxas de crescimento anual foram calculadas mediante a funçãoy=aet, onde y é uma variável dependente, a é o termo constante, e t éo período de tempo. Transformando essa função em sua formalogarítmica, tem-se: lny=lna+t. Para obter a taxa de crescimento énecessário obter a exponencial de lny e subtrair o resultado de 1.Fonte: elaboração dos autores para esse estudo.

AlgodãoAmendoim totalAmendoim 1ª safraAmendoim 2ª safraArrozAveiaCenteioCevadaFeijão totalFeijão 1ª safraFeijão 2ª safraFeijão 3ª safraGirassol(1997 – 2005)MamonaMilho totalMilho 1ª safraMilho 2ª safraSojaSorgoTrigoTriticale(2001 – 2005)Grãos

Produto

4,83,64,20,91,30,9

-3,17,20,30,6

-2,27,1

16,32,6

31,1

16,28,3

16,96,1

15,64,8

ProduÁ„o

10,62,42,70,83,5

-0,2-0,31,22,74,22,1

-4,3

2,72,43,73,75,82,31,63,4

17,43,3

Produtividade

-4,61,11,40,2

-2,11,1

-2,85,9

-2,3-3,4-4,211,9

13,30,2

-0,7-2,59,85,9152,7

-1,51,5

¡ r e a

cuária. Os casos mais flagrantes são os da soja edo algodão, cujos deslocamentos se dirigiramprincipalmente para o Centro-Oeste. No período2003–2005, a maior parte da área colhida e daprodução de soja se verificou nessa região.

Fig. 12. Vendas internas de tratores.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da Anfavea (2005).

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 16

Fig. 13. Vendas de defensivos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Sindag (2005).

Fig. 14. Vendas de fertilizantes.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da Anda (2005).

Produtividade total dos fatores (PTF)A produtividade é a principal fonte de

crescimento da economia em longo prazo(BONELLI, 2005). A Produtividade Total dosFatores é um indicador que relaciona todos osprodutos agropecuários e todos os insumosutilizados. Essa medida expressa o crescimentodo produto que é devido ao uso mais eficientedos fatores de produção. Seu crescimento deve-se a melhorias da qualidade do trabalho e docapital físico, de modo que se obtém mais produtocom uma mesma quantidade de insumos. Alémda tecnologia, outras inovações podem afetar aProdutividade Total dos Fatores, como aorganização e a gestão do agronegócio.

No Brasil, a média anual de crescimentoda PTF, no período 1975–2003, foi de 2,29%. Nosúltimos anos, essa taxa vem sendo mais elevada,

como em 2000 e em 2003, que foi de 3,72% aoano. Historicamente, a produtividade da terra foio principal fator de crescimento da PTF. Maisrecentemente, a produtividade do capital e dotrabalho têm sido os principais determinantes docrescimento da produtividade total dos fatores.Esse comportamento se deveu ao aumento do graude mecanização da agropecuária, que temimpacto no aumento do produto, mas com ummenor emprego de mão-de- obra (como pode servisto no índice de mão- de-obra da Tabela 7 e nasFig.15, 16, 17 e 18).

A taxa média anual de crescimento da PTF,de 2,29%, para o período 1975–2003, é razoavel-mente elevada. A dos Estados Unidos, historica-mente (1948–1999), foi de 1,88% ao ano (USDA,2005a). Nesse país, mais recentemente, como noperíodo 1993–2002, a taxa de crescimento da PTFfoi de 1,24%, portanto bem abaixo da obtida no Brasil.

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Tabela 7. Taxas anuais de crescimento da produtividade total dos fatores, seus componentes e índices deproduto e de insumos.

Fonte: Gasques et al. (2005).

Prod. mão-de-obraProd. terraProd. capitalPTFÍndice produtoÍndice insumosÍndice mão-de-obraÍndice terraÍndice capital

Produto

3,432,472,022,293,341,03

-0,090,851,30

1975ñ2003

Fig. 15. PTF, Índice do Produto e Insumo.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Ipea (Gasqueset al., 2004).

Fig. 16. Índice do Produto e Insumo.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Ipea (Gasqueset al., 2004).

Fig. 17. Índice de Produtividade Total dos Fatores (PTF).Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Ipea (Gasqueset al., 2004).

Fig. 18. Índice de mão-de-obra, Índice de Terra e Índicede Capital.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Ipea (Gasqueset al., 2004).

4,362,35

-0,840,744,373,600,001,975,26

1975ñ1979

3,182,542,182,263,381,100,190,821,18

1980ñ1989

3,142,001,061,603,001,37

-0,140,981,91

1990ñ1999

6,201,915,263,725,902,10

-0,293,920,60

2000ñ2003

Fatores determinantes do desempenhoNos últimos anos, vários fatores estão

relacionados ao desempenho do agronegóciobrasileiro e são indicativos do seu potencial decrescimento. Numa palestra proferida peloMinistro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e

publicada na Revista USP (RODRIGUES, 2005),são indicados três principais fatores: o primeiro éa disponibilidade de terras – sendo que nenhumpaís tem tanto espaço territorial para crescer – euma fronteira agrícola por avançar, sem que issorepresente entrar na Amazônia Legal; o segundofator apontado é a tecnologia (o Brasil tem a melhor

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tecnologia tropical do mundo e isso se deve àexcelência das instituições de pesquisa como aEmbrapa, institutos estaduais de pesquisa euniversidades); o terceiro fator é o humano (oagronegócio brasileiro é gerido por pessoas jovenscada vez mais qualificadas e empreendedoras,ao contrário dos países desenvolvidos, onde aspopulações agrícolas estão envelhecendo porqueos jovens não querem se dedicar a essa atividade).

Um trabalho do Ipea (Gasques et al., 2004),que analisa o desempenho e crescimento doagronegócio no Brasil, mostra que nos últimosanos, num panorama geral de reformas, asreformas estruturais realizadas na economiabrasileira foram essenciais para o desempenho doagronegócio. Estas foram divididas em três grupos:comércio exterior, mercados domésticos e adesativação dos monopólios estatais. Comocomplementos a essas reformas, são citados oPlano Real – um divisor de águas na análise daspotencialidades da agricultura no Brasil – poispossibilitou que se operasse num ambiente deinflação baixa e controlada. Outra política decisivafoi a cambial, cuja mudança realizada em janeirode 1999, introduziu o regime de taxa de câmbioflexível com vários efeitos benéficos para aagricultura. Como fatores explicativos do sucessodo agronegócio, o trabalho do Ipea aponta aPesquisa e Desenvolvimento, Financiamento doAgronegócio, e a Organização do Agronegócio.

Grandes tendênciasGrandes tendências são forças-motrizes, já

em curso, que delineiam a demanda e ofertasfuturas de alimentos e de outros produtos doagronegócio.

Vários aspectos têm marcado a evoluçãorecente do mercado de produtos e serviços doagronegócio. O primeiro aspecto a ser mencio-nado é a mudança das necessidades dos consumi-dores, que passam a demandar, cada vez mais,produtos de qualidade, com preços baixos,conveniência, autenticidade, segurança e prote-ção da saúde. O segundo aspecto é a grandepreocupação com o meio ambiente e o aumentode interesse por produtos orgânicos. Há umacrescente compreensão dos consumidores sobresustentabilidade. Por fim, vale mencionar quecresce, também, a atração em relação às carnes

de frango, pescados, legumes e frutas, e oschamados produtos funcionais (VALOIS, 2005,GMA..., 2005).

Tendências demográficas:crescimento, urbanização eenvelhecimento da população

Na análise das tendências demográficas,três variáveis merecem destaque: o crescimentopopulacional, o envelhecimento da população ea urbanização em nível nacional e internacional.

Mundo

Segundo as Nações Unidas (UNITEDNATIONS, 2004), embora existam taxas decres-centes, estima-se que a população mundial passedos 6,07 bilhões em 2000 para 6,83 bilhões em2010, 7,54 bilhões em 2020 e 8,13 bilhões em 2030(Fig. 19). Isso significa que, em 30 anos, a popu-lação mundial aumentará em mais de 1/3, ou seja,mais de 2 bilhões de habitantes. Estima-se que astaxas anuais de crescimento para o período 2000–2010 situar-se-ão entre 1,11 e 1,22; para 2010–2020, entre 0,93 e 1,10; e para 2020–2030 entre0,73 e 0,91.

O crescimento maior dar-se-á na Ásia, comaumento de 1,21 bilhão de pessoas entre 2000 e2030, sendo responsável por 59% do aumentopopulacional mundial. Em segundo lugar, situa-se a África, com 0,60 bilhão, responsável por 29%do crescimento populacional. Dos 6,07 bilhõesde habitantes em 2000, 53% eram consideradoscomo população rural. Em 2010, prevê-se que apopulação urbana ultrapassará à rural em 3%; em2020, a percentagem da população urbana seráde 56% e em 2030 esse percentual ultrapassará60% da população total (Fig. 20).

Para expandir sua agricultura, a Ásia nãodispõe de recursos naturais adicionais, como terrase água. Ao contrário, áreas adicionais estarãosendo ocupadas para a construção de habitaçõesurbanas e águas estarão sendo utilizadas para finsde suprimento da população e para a indústria.

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Fig. 19. Estimativa da população total.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados de United Nations (2004).

Fig. 20. Projeção da população mundial rural e urbana.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados de United Nations (2004).

Embora disponha de espaços, a África não detémtecnologia nem estabilidade político-econômicapara crescimento significativo de sua produçãoagrícola. Essa tendência de progressiva urbaniza-ção, seguindo a tendência dos países desenvolvi-dos, significa menos gente trabalhando no campo,ainda que seja em nível de subsistência, e maispessoas para alimentar na área urbana, incluindo-se uma nova dieta mais calórica e mais rica emproteína animal.

Estudos têm mostrado que a urbanizaçãoacelera as mudanças na dieta, reduzindo o

consumo de alimentos básicos (basic staples),como sorgo, painço, milho e raízes, em direção aoutros que exigem menos preparação, comofrutas, produtos de origem animal e processados(IFPRI 2005).

A última tendência demográfica queinfluencia a demanda de alimentos refere-se aoenvelhecimento da população no mundo. Em2000, a ONU contabilizou 609 milhões de pessoascom mais de 60 anos. Em 2030, esse númeropassará para 1,37 bilhão, isto é, um aumento de124%, enquanto a população total crescerá 35%.

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Essa transformação ocorrerá em todas as regiõesdo mundo, com maior força na Ásia, onde estarãolocalizadas mais de 60% da população mundialacima de 60 anos. Em 2000, a população mundialcom mais de 100 anos era estimada em 180 mil e2030 será de 1.408 mil. Por sua vez, em 2000, osmaiores de 60 anos representavam 9% dapopulação. Em 2030, esse contingente devechegar a 16% (Fig. 21).

Ainda que baseadas em estatísticas,recentes descobertas médicas demonstram quedeterminadas dietas são importantes para oprolongamento da vida com qualidade, levandoa mudanças significativas nos hábitos alimentaresdas populações, principalmente das mais velhas.Nos próximos anos, a crescente preocupação coma funcionalidade dos alimentos ajudará aintensificar o consumo de frutas e legumes. Ademanda por produtos orgânicos deverá,igualmente, crescer com significativa rapidez. Em2004, segundo Willer e Yussef (2005), as vendasmundiais de orgânicos cresceram a cerca de 5%a 7%, tendo a União Européia e os Estados Unidosregistrado as maiores demandas (a expectativade crescimento das vendas no varejo alcança, nosEstados Unidos, 15% a 20% do total de vendasde alimentos).

Brasil

No início do século 20, a populaçãobrasileira somava 17 milhões de habitantes. Em2005, segundo o IBGE, a estimativa era de 4milhões de habitantes, e em 2020 deverá ser de219 milhões de habitantes (IBGE, 2005). Segundoa Organização das Nações Unidas (ONU), em2030, a população brasileira deverá atingir 235milhões de habitantes e crescerá 62 milhões dehabitantes de 2000 a 2030, representando umacréscimo de 35,4%.

Com esse aumento populacional, registram-se diversas transformações demográficas, duasdas quais são de particular interesse para opresente trabalho: a mudança na distribuição dapopulação do espaço rural para o urbano, e aalteração da distribuição da população por faixaetária (IPEA, 2005c). Em relação à primeiratransformação, em 2000, a população urbanarepresentava 81,1% da população total. A pro-jeção nos revela que a urbanização prosseguirá,atingindo 86,6% em 2010, 89,7% em 2020, e91,3% em 2030 (Fig. 22).

Portanto, o Brasil seguirá um padrão seme-lhante aos países desenvolvidos de concentraçãode sua população nos espaços urbanos. Quanto à

Fig. 21. Envelhecimento da população mundial.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do IBGE (2005).

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Fig. 22. Projeção da população brasileira, rural e urbana.Fonte: elaboração dos autores para o trabalho, com dados da United Nations (2004).

segunda transformação, registra-se menorpercentual de jovens e um aumento da populaçãode mais elevadas faixas etárias (CAMARANO,2002). Essa tendência ao envelhecimento dapopulação brasileira pode ser observada na Fig.23. Essas mudanças populacionais estão relacio-nadas com a tendência de crescimento populacio-nal cada vez menor.

Segundo o Ipea, entre 1960 e 2000, onúmero médio de filhos nascidos vivos que umamulher tinha ao longo de sua vida reprodutiva

Fig. 23. Envelhecimento da população brasileira.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados de United Nations (2004).

diminuiu de 6,2 para 2,3. Isso implica em famíliasmenos numerosas. Segundo a Pesquisa de Orça-mentos Familiares (POF), em 2003, o tamanhomédio da família no Brasil para todas as classesde rendimento monetário e não monetário era de3,62 unidades. Nos domicílios urbanos, esse valorera de 3,55 e nos domicílios rurais, de 4,05 pessoas.

Esse cenário demográfico – marcado peloenvelhecimento da população e pelas migraçõespara as áreas urbanas – tem implicações econômi-cas relevantes para o estudo de projeções da

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demanda de alimentos. A POF registra asaquisições alimentares por faixa de renda. Entreas grandes mudanças ocorridas nos últimos anos,quanto à demanda de alimentos, observa-se queo brasileiro diversificou sua alimentação,reduzindo o consumo de gêneros tradicionaiscomo arroz, feijão, batata, pão e açúcar, eaumentando o consumo de outros produtos como,por exemplo, o consumo per capita de iogurte,que passou de 0,4 kg para 2,9 kg. Os gastos comalimentação representam o segundo item maisimportante nas despesas das famílias, apresen-tando uma média de 17,10% para todas as classesde rendimento.

Em 2003, alimentação, habitação e trans-porte representaram 61,55% das despesas familia-res. Contudo, para as famílias com ganho mensalde até R$ 400, a alimentação representou 32,68%das despesas, menor apenas que habitação, querespondeu por 37,15%. A quanti-dade anual percapita adquirida de alguns tipos de alimentos diferebastante entre as áreas rurais e urbanas. Nas áreasrurais, adquire-se quase duas vezes mais arrozpolido, quase três vezes mais feijão, quase setevezes mais farinha de mandioca, e quase oitovezes mais fubá de milho do que nas áreasurbanas. Mas nestas, adquire-se quase seis vezesmais leite pasteurizado de vaca e quase quatrovezes mais pão francês do que nas áreas rurais.

Entre os grupos de produtos alimentares,existem alguns produtos cujas quantidadesadquiridas crescem acentuadamente e de formacontínua em relação ao rendimento. Encontram-se aqui, as hortaliças, frutas, carnes, laticínios, avese ovos. Os casos mais flagrantes são os dehortaliças, frutas e laticínios, cujas quantidadesadquiridas pelas famílias com rendimento mensalde até R$ 400 e pelas famílias com rendimentomensal acima de R$ 6 mil variam cerca de trêsvezes.

Além desses produtos, um grupo muitoexpressivo de alimentos é o de cereais e deoleaginosas. Este representa, em média, o grupocom maior aquisição per capita anual, sendo omais importante em termos de quantidadeadquirida para 24,8 milhões de famílias

pesquisadas pela POF, em 2003. Nesse grupo,estão contidos os chamados produtos básicos,como arroz, feijão, milho, soja, café, aveia, centeioe cevada.

Nos últimos anos, as grandes mudançasocorridas nos hábitos alimentares da populaçãobrasileira expressam o efeito combinado daurbanização e do envelhecimento da dessapopulação. Conforme as informações contempla-das na pesquisa de Orçamentos Familiares, nãoé possível separar esses efeitos na demanda dealimentos. Contudo, a redução do consumo dosprodutos tradicionais, a busca de alimentospreparados, bem como a importância crescentede frutas, hortaliças, laticínios e carnes reflete umacombinação daquelas duas mudanças ocorridasno País, nos últimos anos, e apontam para aimportância crescente desses produtos no futuro.

Segundo Willer e Yussef (2005), seguindo-se a tendência mundial, registra-se aumento dademanda e da produção nacionais de produtosorgânicos, passando o País a ocupar a quintamelhor colocação mundial em extensão da áreaorgânica agricultada em 2005, com 803.000 ha.

Tendências econômicas – Aumentoda renda, liberação de comércio eglobalização dos mercados

Mundo

Para os próximos 10 anos, institutos depesquisa como Food and Agricultural PolicyResearch Institute (Fapri, 2005), Usda, e Organiza-ção para Cooperação e DesenvolvimentoEconômico (OCDE) indicam que a economiamundial terá um crescimento superior a 3% aoano. Importante também é que esse crescimentoatinge países em desenvolvimento. O InstitutoInternacional de Pesquisas em Políticas deAlimentação (Ifpri) projeta um crescimento doProduto Interno Bruto entre 1997 e 2020 de 4,6%,para os países em desenvolvimento, e 2,4% paraos países desenvolvidos. A previsão é de que hajaum crescimento de 5,5% ao ano no Sul da Ásia,

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com 6% para a China e 5,8% para a Índia, os doispaíses mais populosos do mundo.

Outra fonte potencial de aumento dademanda por alimentos e outros produtos agrícolasé a liberalização do comércio internacional. Osprodutos do agronegócio brasileiro, sobretudo osmais competitivos, enfrentam forte protecionismonos mercados externos. Geralmente, há dois tiposde barreiras aos produtos agrícolas: as tarifárias(picos tarifários, escaladas tarifárias, tarifas proibi-tivas, quotas tarifárias, salvaguardas agrícolasespeciais, etc.) e as não tarifárias (barreiras fito-zoosanitárias, subsídios, etc.).

No que tange ao acesso a mercados,inúmeras são as quotas, tarifas específicas esalvaguardas especiais incidentes sobre osprodutos agrícolas, sobretudo aos de grandeinteresse do Brasil. Por exemplo, o açúcar brutoenfrenta, nos Estados Unidos, tarifa ad valoremde 167% e de 160,8%, na União Européia. Aentrada de carne bovina nos mercados norte-americano e europeu é taxada em 26,4% e176,7%, respectivamente. A Fig. 24 mostra asprincipais barreiras tarifárias impostas a produtosdo agronegócio estratégicos ao Brasil, em paísesdesenvolvidos e em desenvolvimento.

Nos países desenvolvidos, o apoio domés-tico aos produtores agrícolas tem se tornadoelemento responsável por grande distorção dospreços internacionais. Os subsídios reconhecidos

como ilegais pela Organização Mundial doComércio (OMC) concedidos à produção e àexportação de produtos agrícolas pelos paísesdesenvolvidos têm contribuído, significativa-mente, para a depreciação dos preços internacio-nais dos produtos agrícolas. Em 2005, os gastoscom subsídios aos produtores de soja dos EstadosUnidos subiram, para US$ 1,5 bilhão e estima-seque deverão alcançar US$ 3,2 bilhões em 2006;os de algodão, US$ 4,8 bilhões, e os de milho,US$ 7,5 bilhões, ambos em 2005. Segundo aEstimativa de Subsídios ao Produtor (PSE), a UniãoEuropéia concedeu US$ 25,4 bilhões em subsídiosaos produtores de carne bovina em 2004 e US$ 4,5bilhões ao açúcar refinado no mesmo ano (Fig. 25).

Negociações como a Rodada Doha, daOMC, Aliança para Livre Comércio das Américas(Alca), Mercado Comum dos Países do Cone Sul(Mercosul) e União Européia constituem iniciati-vas importantes para derrubar barreiras de comér-cio que tragam benefícios líquidos a todos,principalmente a países com forte competênciana área de agricultura. O crescimento do comér-cio internacional – de produtos do agronegócio –contribuirá para o desenvolvimento de paísespobres.

Espera-se que a tendência em curso deglobalização dos mercados prosseguirá, atingindo,também, os produtos agrícolas. O consumo dealimentos manterá certa diversidade regional, mastenderá progressivamente a se tornar mais

Fig. 24. Tarifas ad valorem aplicadas pelos Estados Unidos, Japão e China.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Ícone (2005).

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Fig. 25. Estimativa de Subsídio ao Produtor (PSE) para a UE em 2003 e 2004.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Ícone (2005).

universal. Principalmente em países onde oconsumo de produtos de alto valor agregado ébaixo, devido à baixa renda, haverá um aumentocomo carnes, derivados de leite, frutas e açúcar.Somente na China, estima-se que em 2015 haveráaumento de importação de, no mínimo, 7 milhõesde toneladas de açúcar e expansão de cerca de60% na demanda chinesa por laticínios.

Brasil

Nas projeções realizadas por diferentesinstituições, espera-se um crescimento econômicovigoroso da economia brasileira. Segundoprojeções do Instituto Internacional de Pesquisasem Políticas de Alimentação (Ifpri) para o períodode 1997 a 2020, a previsão de crescimento parao Brasil é de 3,6% ao ano. Já as projeções do (Fapri,2005) estimam um crescimento de 3,9% noperíodo de 2000 a 2009 e de 4,1% nos anossubseqüentes até 2014. Produtos com elevadaelasticidade/renda, como os de origem animal,frutas e legumes, terão aumento considerável emseu consumo.

À medida que essas taxas ocorram de formasustentável, deverão ocorrer efeitos positivos sobreo aumento da renda média das famílias, e comoconseqüência sobre o mercado de produtos doagronegócio. Esse efeito poderia ocorrer de formamais ampla, se a renda da população brasileirafosse melhor distribuída. Segundo dados do Ipea(2005c), 1% dos brasileiros mais ricos, que

corresponde a 1,7 milhão de pessoas, apropria-sede 13% do total das rendas domiciliares. Essepercentual é bastante próximo daquele apropriadopelos 50% mais pobres que equivale a 86,9milhões de pessoas.

Tendências ambientais

Mundo

Em todas as áreas de atividades, ocomponente meio ambiente faz parte daspreocupações fundamentais da vida presente efutura dos humanos. A agricultura, como umaatividade mais disseminada no espaço geográficodo que a indústria e serviços, tem maiorresponsabilidade na conservação dos recursosnaturais. Sistemas de produção que depredemrecursos naturais não são mais tolerados. Aprodução agrícola deve, progressivamente,fundamentar-se em práticas conservacionistas.Particularmente, em áreas sensíveis, devem-sedesenvolver novas tecnologias que conservemágua, florestas e a fertilidade natural das terras.

Com a entrada em vigor do Protocolo deKyoto e do Mecanismo de DesenvolvimentoLimpo (MDL), os países industrializados quetiverem dificuldade em cumprir a meta deredução de 5,2% das emissões de gases-estufa,poderão compensá-la com a compra de créditosde carbono (CER), que carreará recursos a projetos

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ambientalmente sustentáveis em países emdesenvolvimento. A agricultura deverá ter umpapel fundamental para a redução do aqueci-mento global, por um lado, contribuindo comprojetos redutores da emissão de gases-estufa(biocombustíveis, carvão vegetal, biodigestores efontes de energias limpas como a utilização dobagaço de cana e casca de arroz, entre outros) e,por outro, com atividades que seqüestrem carbono,como a agricultura agroflorestal e o refloresta-mento.

Por fim, vale mencionar que a disponibili-dade dos recursos hídricos será de fundamentalimportância para o desenvolvimento do agrone-gócio e para a segurança alimentar. Segundodados do Ifpri (ROSEGRANT et al., 2002), ademanda mundial de água para fins agrícolas,domésticos e industriais deverá aumentarsignificativamente até 2025, gerando crescenteescassez mundial com reflexos diretos nos preços.Inexistindo melhorias tecnológicas e em infra-estrutura para utilização dos recursos hídricos paraagricultura irrigada, a escassez de água poderáprovocar redução da área agricultável irrigada,com aumento dos preços mundiais e depressãoda demanda global por alimentos em 9%.

Estudo do Ipea (2005b) chama atenção parao valor crescente da água e começa a ganharcorpo o "mercado de água". Sua valorizaçãoreside na ameaça de escassez decorrente do fortecrescimento do consumo, a tal ponto que a águapotável passou a ser considerada "ouro azul" e oprincipal recurso natural (IPEA, 2005b, p.206).Ainda segundo esse estudo, a indústria mundialde água engarrafada já alcança uma taxa anualmédia de crescimento de 7% e criou um mercadoque já movimenta entre US$ 20 e US$ 30 bilhões.

Brasil

A Amazônia é uma área sensível peloimpacto que tem sobre a opinião pública brasileirae mundial. Atualmente, é uma questão nacional,justamente por seu imenso patrimônio naturalpouco e inadequadamente aproveitado, represen-ta um desafio à ciência nacional e mundial e se

constitui num instrumento de pressão externa sobreo Brasil. Caso seja adequadamente utilizado, opatrimônio natural amazônico terá influênciadecisiva no futuro do País (IPEA, 2005b).

A grande questão que se coloca é comoutilizar esse patrimônio, para se promover ocrescimento econômico com inclusão social, semdestruir a natureza. As novas tecnologias tendema alterar a noção de valor associado ao uso derecursos naturais, mas seu desenvolvimento nemsempre consegue acompanhar a rapidez dosprocessos econômicos e as práticas sociais.

Assim, as avaliações que têm sido realizadassobre os benefícios da preservação da florestatropical apontam para a necessidade de se agircom prudência quanto ao uso desse patrimôniopara fins econômicos imediatos em razão do valorfuturo de sua preservação. No caso da FlorestaAmazônica, alguns autores como Seroa da Mottae May (1992 citado por IPEA, 2005b) reconhecemque os ganhos econômicos da introdução daagropecuária subestimam as perdas provocadas,pois não levam em conta os benefícios resultantesda preservação da biodiversidade e dos serviçosambientais.

Nas últimas décadas, as mudanças ocorri-das na Amazônia – e que trouxeram muitas trans-formações – indicam que uma das prioridades éter uma visão clara de áreas de Cerrado quepodem ser cultivadas e o tratamento a ser dado àfloresta em si. Segundo dados do Ministério doMeio Ambiente, a taxa estimada de desmatamentono biênio 2003–2004 é de 26.130 km2, fruto, emgrande parte, da ação ilegal de madeireiros.A implantação e o desenvolvimento de culturasagroflorestais – e outros projetos de desenvolvi-mento sustentável – fazem-se necessários parase fornecer alternativas economicamente viáveise de sustentabilidade ambiental.

Outra área importante é a produção deenergia renovável que mitigue a poluição econtribua com as metas do Protocolo de Kyoto.Em conformidade com o Mecanismo de Desen-volvimento Limpo, a agricultura brasileira poderácontribuir tanto para o aumento da matrizenergética limpa do País – por meio dos biocom-

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bustíveis (etanol e biodiesel), dos mecanismos dosbiodigestores e das técnicas do plantio direto –quanto para seqüestrar gases-estufa da atmosfera,com projetos de reflorestamento e atividadesagroflorestais. O Brasil dispõe de áreas de Cerradoque podem ser incorporadas à produção debioenergia, como pastagens degradadas.

O sistema de plantio direto é consideradouma tecnologia que pode trazer acentuadosbenefícios à conservação do meio ambiente. Em2002, a Embrapa estimou que no Brasil, havia14,33 milhões de hectares no sistema de PlantioDireto. Atualmente, deve haver cerca de 25milhões de hectares sob esse sistema.

Na Embrapa Cerrados, localizada noDistrito Federal, as pesquisas com diferentessistemas de preparo do solo, incluindo o plantiodireto, foram iniciadas no final da década de 1970.Um estudo feito em Goiás, comparando o SistemaPlantio Direto com o convencional, observou quehouve um ganho de US$16,6 por hectare aoadotar o plantio direto. Além disso, o sistemaacumula no solo cerca de 1430 kg de carbonopor hectare por ano, podendo ser uma opção paraminimizar o efeito estufa desse gás. Em soja, oplantio direto proporciona redução de 44% nasperdas de solo em relação ao sistema conven-cional com arado de discos (RESCK, 2004).

Tendências tecnológicas naagricultura: biotecnologias,nanotecnologia e informação

A ciência básica da biologia aplicada,agronomia e correlatas, tem avançado, rapida-mente, na geração de novos conhecimentos. Entreas mais importantes, destacam-se a biotecnologia,a nanotecnologia e a informação.

Os avanços da biotecnologia, incluindo-sea engenharia genética, genômica e tecnologiasde clonagem animal, nanobiotecnologia, entreoutras, estão transformando os mercados eampliando as oportunidades na agricultura e nabioindústria. Nessa área, as inovações impactarão

os processos agroindustriais. Uma gama imensade produtos e processos está em desenvolvimento,beneficiando as indústrias alimentar, farmacêu-tica, química, da saúde, da energia, e constituindo-se num novo empreendimento: a bioindústria. Suatécnica permite mais rápido e preciso desenvol-vimento de plantas, animais e microrganismosmelhorados, com diversidade de atributos, alémde processos industriais mais eficientes eambientalmente corretos. Com o aquecimentoglobal em curso, auxiliarão, também, no controlede estresses hídricos, térmicos e nutricionais, eno combate a doenças e pragas.

Podem-se prever os seguintes avançosfuturos pela biotecnologia: a) novos híbridos,especialmente para os cultivos de autopolinização,baseados no sistema de proteção de tecnologia(TPS) e macho-esterilidade molecular; b)apomixia, de modo a fixar vigor híbrido nasculturas tradicionais; c) resistência a fatoresbióticos e abióticos; d) alto valor nutricional(aminoácidos, vitaminas, óleos e ferro); e) plantasmais eficientes na absorção de fósforo, na fixaçãode nitrogênio e atividade de fotossintética; f)tolerância à salinidade e ao alumínio; g) melhoriana qualidade relacionada à pós-colheita e aoabate; h) plantas e animais como biorreatores paraa produção de biomoléculas de interesseagropecuário; i) animais transgênicos comresistência a doenças; j) vacinas para doenças paraas quais não há imuno-profilaxias e vacinas quediferenciem animais infectados de animaisvacinados; e, l) animais compostos, com grau desangue definidos segundo a produtividade equalidade diferenciadas.

No agronegócio, a nanotecnologia podecontribuir para o desenvolvimento de novasferramentas para a biotecnologia e para ananomanipulação de genes e materiais biológicos,o desenvolvimento de catalisadores maiseficientes para a produção de biodiesel e autilização de óleos vegetais e de outras matérias-primas de origem agrícola para a produção deplásticos, tintas e novos produtos. Outras áreaspotenciais referem-se à produção de nanopartí-culas para liberação controlada de nutrientes,pesticidas e drogas, e nanodeposição de filmes

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bioativos para biofiltros, membranas e embalagensbiodegradáveis e/ou comestíveis para alimentos.

A exemplo de outras áreas econômicas, astransformações na informação também benefi-ciam o agronegócio, em termos de informaçõestecnológicas e de mercado. Projeta-se que astransformações ocorrerão de maneira mais rápidae mais confiável, atingindo maior número deusuários, e permitindo a troca de informações emtempo real. Nessa área, acompanhar o avançodo conhecimento é estratégico para a competiti-vidade do agronegócio brasileiro.

ConclusõesTendo em vista o crescimento da economia

mundial, em média, 3% ao ano até 2020 e umacrescente urbanização e envelhecimento dapopulação mundial, projeta-se uma diversificaçãoalimentar, com aumento da demanda, sobretudonos países em desenvolvimento, por produtosprocessados (laticínios, etc.), de maior valorprotéico (carnes), além de açúcar e frutas. Somentea China deverá responder, em 2015, por 60% dademanda mundial de laticínios e, em 2020, cercade 7 milhões de toneladas de açúcar deverão serabsorvidas pelo mercado chinês.

Pesquisa e adoção de novas tecnologiasdeverão tornar-se eixos fundamentais para aempresa do agronegócio. A biotecnologia, aengenharia genética e a nanotecnologia consti-tuem-se, importantes vetores tecnológicos para aampliação das oportunidades do setor agrope-cuário nacional, contribuindo, de maneira signifi-cativa, para a agregação de valor aos produtosdo agronegócio. Práticas conservacionistas, comoo plantio direto, o biocombustível, as culturasagroflorestais e demais projetos ambientalmentesustentáveis tenderão a ser cada vez maisvalorizados pelo mercado consumidor mundial.Além disso, com a entrada em vigor do Mecanis-mo de Desenvolvimento Limpo (MDL), o Brasildeverá alocar importantes recursos oriundos dacomercialização de créditos de carbono (CERs)com a implementação de tais projetos.

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Projeções doagronegóciomundial

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar as projeções das principais cadeias doagronegócio mundial para o período 2014–2015. Entre as cadeias selecionadas estão soja, algodão,açúcar, café, cereais, milho,arroz,trigo e carnes.O trabalho consistiu na organização das informaçõesde instituições internacionais que têm uma tradição de vários anos no trabalho de projeções, e tambémem projeções realizadas pelo Ministério da Agricultura O trabalho analisou as cadeias pelo lado daprodução, consumo, importações e exportações. As taxas obtidas para cereais e produtos como arroze trigo acompanham em grande parte o crescimento populacional dos países e sua demanda é definidapelo crescimento populacional e crescimento da renda per capita dos países consumidores. Até 2015deverá haver um areaquecimento da demanda mundial de cereais devido ao aumento da demandamundial de grãos, explicado pelo aumento da demanda para alimentação animal. Notou-se mudançasde hábitos alimentares expressivas em decorrência do envelhecimento populacional e da urbanização.Entre os produtos analisados notou-se grande dinamismo nas carnes, especialmente em carne deporco e carne de frango.

Palavras-chave: agronegócio, projeções, mundo.

Elisio Contini1

José Garcia Gasques2

Renato Barros de Aguiar Leonardi3

Eliana Teles Bastos4

1 Chefe da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). [email protected] Coordenador-Geral de Planejamento Estratégico (CGPE/AGE/Mapa). [email protected] Gestor da CGPE/AGE/Mapa. [email protected] Economista, Assistente da CGPE/AGE/Mapa.

IntroduçãoO estudo Projeções do Agronegócio Mun-

dial é o primeiro sobre uma visão prospectiva dosetor, base para a elaboração do planejamentoestratégico do Ministério da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento (Mapa). Para sua elaboração,foram consultados trabalhos de organizaçõesbrasileiras e internacionais, alguns baseados emmodelos de projeções. Dentre esses trabalhos,destacam-se os da Agriculture Organization of theUnited Nations (FAO), Food and AgriculturalPolicy Research Institute (Fapri), International FoodPolicy Research Institute (Ifpri), Organisation for

Economic Cooperation And Development(OCDE), Organização das Nações Unidas(ONU), União Européia (UE), United StatesDepartment of Agriculture (Usda), World Bank,Confederação Nacional da Agricultura (CNA),Fundação Getúlio Vargas (FGV), InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),Instituto de Estudos do Comércio e NegociaçõesInternacionais (Icone), Instituto de PesquisaEconômica Aplicada (Ipea), Núcleo de AssuntosEstratégicos (NAE), e projeções próprias daAssessoria de Gestão Estratégica (AGE) doMinistério da Agricultura Pecuária e Abasteci-mento (Mapa).

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Trabalhos futuros focalizarão tendências demais longo prazo, para os próximos 20 a 30 anos,ainda que com menor grau de segurança. Saliente-se ainda que essas projeções não são estáticas,mas deverão sofrer revisões periódicas, notada-mente quando houver mudanças significativas noambiente externo.

Mundo

Soja

O Fapri estima que, na safra 2014–2015, aprodução mundial de soja alcançará 305 milhõesde toneladas +26,8% sobre a safra 2004–2005estimada pelo Usda. A produção mundial de sojatornar-se-á ainda mais concentrada: em 2014–2015, os três maiores produtores (Argentina, Brasile Estados Unidos) representarão 75% da produçãomundial (FAPRI, 2005).

O complexo oleaginoso (soja, mamona,palma, etc.) experimentará o maior crescimentoentre os vários setores agropecuários até 2010,notadamente causados por aumentos da oferta empaíses com baixos custos de produção, comoBrasil e Argentina. Em termos globais, projetou-se um crescimento de 2,6% a.a., ao longo doperíodo 1998–20005 a 2010, na produção de óleosvegetais, abaixo dos 4,5% observados na décadapassada, segundo a FAO (2003a). De todo o óleoproduzido, 23% será óleo de soja ver Fig. 1, 2, 3 e4 (destaque para o Brasil, cuja produção de óleoscrescerá 3,9% a.a., devido, sobretudo, à produçãode óleo de soja), ver Fig.5.

Após uma leve queda em 2005, aprodução de oleaginosas na UE-25 crescerá atéatingir as 19,1 milhões de toneladas em 2011.A produção de oleaginosas destinadas a outrasfinalidades – que não a alimentação – também seexpandirá.

Fig. 1. Área colhida de soja nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005c).

Fig. 4. Produção de farelo de soja nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005c).

5 1998 – 2000 corresponde à média do período.

Fig. 3. Produção de óleo de soja nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005c).

Fig. 2. Produtividade de soja nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005c).

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O consumo mundial de soja é menosconcentrado. Atualmente, os Estados Unidos sãoos maiores consumidores, mas serão superadosem 2012–2013, pela China, que será responsávelpor 22% do consumo mundial em 2014–2015,segundo o Fapri (2005). Por sua vez, o Brasil e aArgentina também expandirão seu consumo.

Estudos do Ifpri (2001) revelam que aAmérica Latina manterá sua posição dominanteno consumo regional de soja entre os países emdesenvolvimento, apresentando um crescimentode 78% entre 1997 e 2020 (Tabela 1). Entre ospaíses em desenvolvimento, a China desafiará oBrasil quanto à posição de liderança de demanda,com um crescimento de 96%, comparada com63% do Brasil.

De acordo com projeções do Ifpri (2001),os preços da soja permanecerão ligeiramenteconstantes de 1997 a 2020, crescendo de $ 247por tonelada para $ 250 por tonelada, pressio-nados pelo aumento da demanda de rações, dadapelo aumento da produção mundial de produtosanimais. Já a OCDE (2005) e a FAO (2003a)esperam preços estáveis para os próximos anos,com a produção decrescendo, em média, 2% aoano, devido ao crescimento moderado da áreaagricultável mundial. Alguns fatores de risco, no

Fig. 5. Distribuição da produção mundial de soja por país (market-share) – OCDE e AGEFonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

entanto, são apontados por essas instituições,como a disseminação de doenças (e.g. BSE), asquais poderão mudar o fluxo de comércio da sojae seus derivados, alterando seu preço mundial.

Em 2006–2007, estudos realizados peloFapri (2005), Usda (2005a) e OCDE (2005) prevêemque o Brasil tornar-se-á o maior exportadormundial de soja (Fig. 6). A expansão rápida daárea plantada no Brasil com soja possibilita aoPaís ganhar maior representatividade nas

Tabela 1. Produção e demanda de soja, paísesselecionados, 1997 e 2020.

(1) Em 2005 a produção do Brasil foi de 51 milhões de toneladas (IBGE,2005).Fonte: IBGE (2005), Ifpri (2001).

ArgentinaBrasilEstados UnidosUnião Européia 15ChinaSudeste da Ásia

Regi„o/paÌs

26,848,1(1)

94,91,9

25,53,1

ProduÁ„o

14,127,170,9

1,414,3

2,0

1997 2020

22,235,662,921,337,6

5,6

Demanda

13,021,846,016,619,2

3,2

1997 2020

milhıes de toneladas

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exportações mundiais de soja em grão e de farelode soja. A participação dos Estados Unidos nomercado mundial deverá cair de 48% para 29%em 2014–2015 e a participação do Brasil passarádos 36% atuais para 51%, atingindo 45 milhõesde toneladas. Essa projeção poderá ser atrasada,em alguns anos, por causa da seca ocorrida nasafra de 2004–2005.

Todas as instituições pesquisadas são unâni-mes em afirmar que a China continuará sendo omaior importador de soja, com 42 milhões detoneladas, passando dos 35% atuais para 47% daimportação total mundial no período 2014–2015,representando 70% do consumo (+6,8% anuais).A participação da UE-15 permanecerá estável,com 16 milhões de toneladas por ano no período.Segundo André Pessoa (PESSOA, 2005), devidoao aumento mundial do consumo de carnes,estima-se que, até 2015, 1,4% a mais de soja sejanecessário para atender a demanda mundial.

A União Européia continuará sendo umaimportadora líquida de oleaginosas (principalmen-te soja e girassol) para atender uma demandadoméstica futura, de aproximadamente 39milhões de toneladas, em 2011.

Algodão

Segundo a FAO (2003a), o cultivo de novostipos de algodão geneticamente modificados, oaparecimento de novos modos de produção debaixo custo, a implementação do Agreement onTextiles and Clothing (ATC), além dos esperados

crescimentos econômico e populacional sãofatores que elevarão a demanda por algodão, nosanos vindouros. Com as novas tecnologias esistemas de produção de baixo custo, espera-seque o algodão mantenha-se competitivo frente àsdemais fibras. O consumo desse produto elevar-se-á 1,5% a.a. Por sua vez, China, Índia e Paquis-tão consumirão mais da metade do algodão produ-zido no mundo. Segundo levantamentos realiza-dos pela FAO (2003a), nos próximos anos, oconsumo desse produto sofrerá uma desacelera-ção no Brasil

A FAO também estima que a produção dealgodão deverá crescer a uma taxa anual de 1,5%,alcançando as 23,1 milhões de toneladas em 2010.Até lá, sobretudo por causa do aumento daprodução da China, da Índia e do Paquistão, aÁsia será o maior produtor do mundo. Segundo oUsda (2005c), a remoção de barreiras ao comérciodo algodão pode levar a aumentos na produção eno comércio mundiais.

De acordo com estudos da FAO (2003b) edo USDA (2005b), até 2010, o comércio dealgodão crescerá a uma taxa anual de 1%. Ospaíses desenvolvidos continuarão a ser os maioresexportadores líquidos de algodão. Os EstadosUnidos permanecerão como os maioresexportadores mundiais, com 3,3 milhões detoneladas (atualmente, 2,7 milhões), ver Fig. 7 e8, de acordo com dados do Fapri (2005). Asexportações brasileiras permanecerão no mesmopatamar atual.

Fig. 6. Exportação de soja em grão.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005a).

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Fig. 7. Área colhida de algodão nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

Fig. 8. Produtividade de algodão nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

Açúcar

A FAO projeta uma produção global deaçúcar de 165 milhões de toneladas em 2010,representando um crescimento anual de 2%. Asestimativas da OCDE são semelhantes: a produçãomundial de açúcar aumentará em 28 milhões detoneladas em 2013, numa taxa média decrescimento de 1,7% a.a. O consumo mundialdesse produto deve continuar crescendo a umataxa de 1,9% a.a. (FAO, 2003a; OCDE, 2005 ).

A FAO (2003a) atesta que o consumo deaçúcar ficará um pouco acima dos 160 milhõesde toneladas, uma expansão de 32 milhões detoneladas entre 1998–2000 e 2010 – um cresci-mento anual de aproximadamente 2%.

As projeções da OCDE (2005) e do Fapri(2005) são coincidentes ao demonstrarem que oBrasil será um país-chave na determinação dofuturo dos preços mundiais do açúcar, permane-cendo como o líder em produtividade e em

exportação do produto (Fig. 9). Segundo a OCDE,o Brasil deverá contar com um aumento da produ-ção de 9,5 milhões de toneladas, atingindo ummontante de 34 milhões de toneladas em 2013, auma taxa de crescimento de 1,7% a.a. Assim, até2013, as exportações brasileiras do produtodeverão aumentar em 50%. Cuba deverá aumen-tar sua produção em 42%, devido à reestruturaçãode sua indústria. No Brasil e na Índia, ganhos deprodutividade e de eficiência na produção deaçúcar podem ocasionar a queda de preços nomercado internacional.

Segundo o Fapri (2005), entre 2004–2005 e2014–2015, a área colhida com cana-de-açúcarcrescerá 8,8% e da beterraba açucareira, 4,7%,a despeito da diminuição da área colhida na UniãoEuropéia. Nos próximos 10 anos, a produçãocrescerá 20,6%, o consumo, 21,6% e o comérciointernacional, 16,5% (Tabela 2 e Fig. 10). Prevê-se aumento de preços, atingindo seu pico em2009–2010.

Fig. 9. Principais exportadores de açúcar.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

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Tabela 2. Produção, consumo e importação deaçúcar – Mapa/AGE.

Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda(2005c).

1997 – 19981998 – 19991999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

Ano ProduÁ„o

124,9130,4136,5130,5134,4148,8142,3142,1146,3149,0151,7154,5157,4160,3163,3166,3169,4172,5

Consumo

122,8124,1127,4130,2134,6138,4138,7140,6142,7145,6148,6151,6154,7157,8161,1164,3167,7171,1

ImportaÁ„o

35,435,941,437 ,741,946,345,746,046,348,049,851,753,755,757,859,962,264,5

AÁ˙car ñ Mundo (milhıes de toneladas)

Fig. 10. Produção, consumo e exportação de açúcar.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Mapa/AGE (BRASIL, 2005).

De acordo com projeções do Fapri (2005),Rússia e Ucrânia serão os maiores importadoresde açúcar (9% do comércio internacional no finaldo período de projeção). As importações líquidasda Ásia (especialmente China, Paquistão eFilipinas) aumentarão significativamente, a umataxa de 7,2% a.a. Em 2014–2015, China, Indo-nésia, Japão, Malásia e Coréia do Sul serãoresponsáveis por 18,5% do comércio internacio-

nal. Nos próximos anos, as importações da Índiacrescerão, atingindo 5,4 milhões de toneladas em20014–2015.

Café

A FAO (2003a) estima que de 1999 a 2010,a produção mundial de café crescerá 0,5% a.a.,comparada à taxa de 1,9% apresentada nadécada passada. Em 2010, a produção globalatingirá 117 milhões de sacas de 60 kg, 5 milhõesde sacas a mais do que a média do período 1998–2000. Os maiores produtores de café continua-rão na América Latina e no Caribe. Em 2010,espera-se uma queda na produção do café brasi-leiro (apenas 22 milhões de sacas), enquanto ototal produzido no período 1998–2000 foi de 35milhões de sacas.

O consumo mundial de café crescerá 0,4%a.a., de 112 milhões de sacas no período 1998–2000 para 115 milhões de sacas em 2010 (FAO,2003a). As projeções do Neumanm Gruppe Gmbh(2005) indicam que o consumo mundial de cafécontinuará a crescer em 1,9% a.a., de 118,9 mi-lhões de sacas em 2005 para 144,6 milhões desacas em 2014.

Em 2010, espera-se que as exportaçõeslíquidas de café atinjam 92 milhões de sacas. AAmérica Latina e o Caribe responderão por 48milhões de sacas em exportações, mantendo-sena posição de liderança nesse quesito. Já as

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importações devem crescer 0,2% a.a., no períodoprojetado, de acordo com levantamentosrealizados pela FAO (2003a).

Cereais

Demanda

Estudos realizados pelo Ifpri (2001) têmmostrado que a urbanização acelera as mudançasna dieta alimentar, reduzindo o consumo dealimentos básicos (basic staples) como sorgo,painço (millet), milho e raízes, em direção a outrosque exigem menos preparação como frutas,produtos animais e alimentos processados,particularmente nos países em desenvolvimento(Tabela 3). Além das mencionadas mudanças noshábitos alimentares, a desaceleração da taxa decrescimento populacional mundial e o declínioda elasticidade/renda da demanda de cereais, emmuitos países, afetarão negativamente a demandamundial desse produto.

A OCDE (2005) afirma que o consumomundial de cereais aumentará mais vagarosa-mente que no passado, sendo que seu cresci-

Tabela 3. Mudanças no consumo mundial de produtos alimentícios – kg/pessoa/ano.

Fonte: FAO (2003b).

1979 – 19811997 – 199920152030

Ano Cereais

160171171171

RaÌzes etubÈrculos

7 46 97 17 4

AÁ˙car

23,524,025,126,3

Leguminosas

6,55,95,96,1

”leosvegetais

8,411,413,715,8

Carnes

29,536,441,345,3

Leite eprodutos

7 77 88390

mento ocorrerá, principalmente, em função daexpansão de seu uso para a alimentação animalnos países não membros dessa instituição.

A FAO (2003b). projeta um reaquecimentoda demanda mundial por cereais até alcançar acifra de 1,4% de crescimento anual em 2015,reduzindo a 1,2% nos anos posteriores, apontandoa expansão do setor de animais como a maiorfonte de crescimento da demanda por essesprodutos – em que pese o aumento gradativo dademanda destinada à alimentação humana.

Já de acordo com estudos realizados peloIfpri (2001), a demanda de cereais crescerá, emmédia, 1,32% a.a. entre 1997 e 2020, particular-mente nos países em desenvolvimento. Nessemesmo período, espera-se crescimento na de-manda de cereais em torno de 49,8% nos paísesem desenvolvimento e 13%, nos países desen-volvidos), apresentando um declínio em relaçãoàs taxas históricas (Fig. 11).

De 1997 e 2020, a composição da deman-da de cereais deverá mudar, significativamente,diminuindo a participação do arroz e do trigo eaumentando a participação do milho (maize).

Fig. 11. Demanda total de cereais por região.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Ifpri (2001).

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Entre 1997 e 2020, o maior acréscimo na demandade cereais deverá ocorrer no grupo alimentos(53%), seguido de rações para animais (35%),segundo o Ifpri (2001) (Fig. 12).

O Fapri (2005) projeta aumento de demandados principais grãos, com diferenças acentuadasentre eles, ocasionado pelo crescimentopopulacional mundial (positivo) e da expectativade crescimento do produto interno bruto (PIB), nosgrandes mercados consumidores. Crescerátambém o comércio internacional, no qual a Chinafigurará como o grande mercado comprador decereais.

Na União Européia, o consumo domésticode cereais exibirá um pequeno crescimento de 5milhões de toneladas, alcançando as 251 milhõesde toneladas em 2011. A demanda para alimen-tação animal estagnará ao longo dos próximos 7anos, não passando das 157 milhões de toneladas– ao contrário da demanda para alimentação hu-mana e indústria que apresentará um crescimentoconsiderável.

Produção de cereaisSegundo a FAO (2003a), a produção global

de cereais deverá crescer 1,1% a.a., ao longo do

período projetado (1999–2000 a 2010), manten-do-se assim a tendência de queda, em termos percapita, iniciada na década passada. No conjuntode países em desenvolvimento, acredita-se que aprodução de cereais não crescerá no mesmo ritmoda demanda, ocasionando um agravamento dodéficit líquido desses países, a ponto de atingir as265 milhões de toneladas em 2030, o que repre-sentará 14% do consumo.

De acordo com dados do Ifpri (2001), aprodução de cereais está projetada para crescera uma taxa anual de 1,26% no período 1997 a2020, levemente menor do que a demanda de1,32% a.a. (Fig. 13). As projeções mostram que ogrande supridor de cereais serão os paísesdesenvolvidos, por apresentarem o maior exce-dente entre oferta e demanda.

A única região em desenvolvimento – quedeve apresentar excedente de cereais entre 1997e 2020 – é a América Latina. Por sua vez, osmaiores déficits de cereais deverão ocorrer noLeste e no Sul da Ásia. A decomposição do cresci-mento da produção – em área e em rendimento –mostra que, em todas as regiões, o crescimentoda produção de cereais dar-se-á, predominante-mente, pelo aumento da produtividade.

Fig. 12. Participação de alimentos, rações e outros usos na demanda total de cereais dos países desenvolvidos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Ifpri (2001).

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Na União Européia, os aumentos de produti-vidade projetados para cereais compensarão asperdas decorrentes da diminuição da área plan-tada, favorecendo uma expansão gradual da pro-dução ao longo do período 2004–2011, que podechegar a 274 milhões de toneladas em 2011(11 milhões de toneladas a mais que em 2005),ver Tabela 4.

Estudos realizados pela OCDE (2005)apresentam uma produção mundial de mais de2,1 bilhões de toneladas de cereais em 2013, 17%maior que em 2003. As produções de trigo e docomplexo milho, sorgo, cevada e centeiocrescerão mais rapidamente que a produção dearroz. Segundo o Usda (2005a), os Estados Unidoscontinuarão ocupando a posição de exportadoreslíquidos de cereais6 e de grandes exportadoresdo complexo milho, sorgo, cevada e centeio, comaproximadamente 62% de participação nocomércio mundial em 2014.

Preços de cereaisDe acordo com estudos da FAO, espera-se

que os preços dos cereais, em termos reais, voltema subir somente ao final desta década. A OCDEprojetou uma elevação dos preços de alguns cereais(arroz e trigo) ao longo do período 2004–2013.

Já o Ifpri (2001) aponta tendência declinantedos preços internacionais de cereais entre 1997 e2020. Nesse período, os preços do trigo estãoprojetados para caírem 8%, preços do arroz, 13%,de outros grãos, 11%, e o milho permanecerá comos preços quase constantes.

No âmbito da União Européia, o comérciode commodities agrícolas demonstrará cresci-mento constante, uma vez que a demanda poralimentos superará a produção em muitos paíseseuropeus em desenvolvimento, enquanto ospreços das commodities elevar-se-ão moderada-mente em médio prazo. Com a desvalorizaçãorelativa do Euro, projetada para o futuro, os cereaiseuropeus podem ganhar maior competitividadeno mercado internacional.

Milho

O Fapri (2005) atesta que, para o ano de2005–2006, a área plantada com milho continua-rá com tendência de crescimento, atingindo 144milhões de hectares e estabilizando-se até o finaldo período. Graças a aumentos de produtividade,a produção mundial aumentará para 767 milhõesde toneladas em 2014–2015, contra 677,5previstas para 2005–2006. A Argentina aumen-tará sua produção em 4,1 milhões de toneladas

Fig. 13. Aumento da produção e demanda de cereais por região, 1997–2020.Fonte: elaboração dos autores para o trabalho, com dados do Ifpri (2001).

6 Destaque para o milho, cujo comércio internacional continuará sendo dominado pelos Estados Unidos, que deterão 73% de participação.

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Tabela 4. Área agricultável, área plantada e produtividade por blocos de países.

(1) Países em desenvolvimento: África Subsaariana, América Latina e Caribe, Oriente Próximo e África do Norte, Ásia Meridional e Ásia Oriental.(2) Países industriais: União Européia, Europa Ocidental (Islândia, Malta, Noruega e Suíça), América do Norte, Oceania, Israel, Japão e África do Sul.(3) Países em transição: Europa Oriental e Sérvia e Montenegro, Comunidade de Estados Independentes da ex-União Soviética e Estados Bálticos.Fonte: FAO (2003a).

MundoPaíses emdesenvolvimento(1)

Países industriais(2)

Países em transição(3)

¡rea agricult·vel(milhıes dehectares)

1997ñ1999

1.608

956387265

2015

1.017

2030

1.036

Total

1979ñ1981

210

1513 722

1997ñ1999

271

2024225

2015

221

Irrigada

2030

242

TrigoArroz (em casca)MilhoTodos os cereais% do total

¡rea plantada eprodutividade nospaÌses emdesenvolvimento

1979ñ1981

9 61387 6

40860

2015

11316211849753

2030

11816413652851

¡rea de colheita (milhıes ha)

1979ñ1981

1,62,72,01,9

1997ñ1999

2,53,62,82,6

2015

3,14,23,43,2

Produtividade (tonelada/ha)

2030

3,54,74,03,6

1997ñ1999

1111579 7

46555

nos próximos 10 anos (2014–2015), exportando15,9 milhões de toneladas e detendo 16,6% domercado mundial.

Ainda segundo a mesma instituição, nospróximos 10 anos, projeta-se um aumento docomércio de milho de 78,4 milhões em 2005–2006 para 95,2 milhões de toneladas em 2014–2015. Os Estados Unidos apropriar-se-ão da maiorparte desse crescimento (Fig. 14 e 15), aumen-tando sua participação no mercado mundial dos

Fig. 14. Área colhida de milho nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005a).

Fig. 15. Produtividade de milho nos Estados Unidos.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005a).

atuais 64,2% (2004–2005) para 73,3% em 2014–2015. A partir de 2006–2007, tornar-se-á umimportador líquido de milho, atingindo 4 milhõesde toneladas em 2014–2015.

A Coréia do Sul elevará suas importaçõeslíquidas de milho para 10,6 milhões de toneladasem 2014–2015 (Fig. 16), principalmente para aprodução de ração animal. Taiwan aumentarásuas importações para 5,4 milhões de toneladas,sendo que seu uso para ração animal aumentará

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mais de 10% nos próximos 10 anos. As importa-ções japonesas declinarão para 15,6 milhões detoneladas em 2014–2015.

Na União Européia, o cenário para o milhoé positivo em médio prazo. A produção da UE-25estabilizar-se-á por volta das 51 milhões detoneladas, das quais 10,5 milhões de toneladasserão produzidas pelos dez novos membros daUnião Européia (UE-10). Desequilíbrios entre asregiões européias nos custos de transporte e custosde produção evidenciarão as diferenças existentesentre as regiões deficitárias do oeste europeu e assuperavitárias do leste. Os excedentes deprodução dos novos estados membros (UE-10)decrescerão gradualmente, causando queda doproduto exportado. A UE-25 exportará 2,7 milhõesde toneladas de milho, enquanto 3 milhões detoneladas continuarão sendo importadas pelooeste e norte europeus.

Arroz

A FAO estima um crescimento da produçãomundial de arroz sem casca a uma taxa inferior a1% a.a., ao longo do período projetado (1998–2000 a 2010), atingindo um total produzido de 440milhões de toneladas em 2010. FAO (2003a).

De acordo com projeções da FAO, ademanda global por arroz sem casca deveráexpandir pouco mais de 1% a.a. Em 2010, ospaíses em desenvolvimento consumirão 424milhões de toneladas, 46 milhões a mais do que a

média consumida no período 1998–2000. O Fapriprojeta que o consumo per capita mundial de arrozcontinuará a cair nos próximos 10 anos, devido àurbanização, ao crescimento da renda e àdiversificação da dieta em numerosos países daÁsia (FAO 2003a; FAPRI, 2005).

Em 2014, o comércio global de arroz deveráatingir 36,4 milhões de toneladas, crescendo 26%em relação ao recorde de 2002, mas, em termosde consumo global, representará apenas 8,1%. Osgrandes exportadores serão Tailândia, Vietnam eÍndia (responsáveis por 78% do crescimento dasexportações), ver Fig. 17. Os maiores importa-dores serão Nigéria (2,3 milhões de toneladas),Irã, Iraque e Arábia Saudita, (FAPRI, 2005).

Já de acordo com as projeções da FAO(2005a) para arroz sem casca, o comércio mundialdesse produto crescerá a uma taxa de 2,2% a.a.,alcançando 31,4 milhões de toneladas em 2010,comparado às 24,6 milhões de toneladascomercializadas no período-base (média 1998–2000). Em 2010, três quartos do mercadointernacional de arroz sem casca serão dominadospelos dois maiores exportadores, Tailândia eVietnam.

Trigo

O Fapri (2005) estima uma produçãomundial de trigo de 618,5 milhões de toneladasem 2005–2006 e de 658,5 milhões em 2014–2015(+6,5%) – com um consumo humano de 548

Fig. 16. Exportações de milho.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

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milhões de toneladas e animal, de 109,6 milhõesde toneladas.

Em 2014–2015, a UE-15 atingirá as 110,4milhões de toneladas de produção (105,4 milhõesem 2005–2006), a Argentina, 21 milhões (18,1milhões em 2005 2006) e a Austrália, 28 milhões.Já segundo estimativas da FAO (2003b), a produ-ção de trigo crescerá 1,3% a.a. no período proje-tado (1998–2000 a 2010), até alcançar as 679milhões de toneladas em 2010, perfazendo umincremento de 12 milhões de toneladas, ou 15%,em relação ao período base (média 1998–2000).Na América Latina e no Caribe, o maior cresci-mento da produção será experimentado pelo Brasil,em resposta à expansão da demanda doméstica.

Nos países da União Européia, o cenário érelativamente favorável a esse produto. Após umaqueda de mercado projetada para 2005, o trigo

experimentará um aumento na sua produção emmédio prazo, alcançando 122,9 milhões detoneladas em 2011 (número similar àqueleobservado em 2004). Parte desse crescimento sedeve à queda da rentabilidade da cevada.

O Fapri afirma que o consumo per capitade trigo continuará decrescendo e o aumento dademanda advirá do crescimento populacional,principalmente de países da Ásia, Oriente Médioe África. Segundo a FAO, o consumo total desteproduto está projetado para crescer 1,3% a.a., aolongo do período 1998–2000 a 2010, principal-mente devido ao crescimento econômico dospaíses em desenvolvimento (incluindo-se o Brasil).

O Fapri (2005) estimou um comérciointernacional de trigo de 92,8 milhões de toneladasem 2005–2006, atingindo 108,4 milhões de tone-ladas em 2014–2015 (Fig. 18). No mesmo período,

Fig. 17. Exportação de arroz.Fonte: elaboração dos autores para o trabalho, com dados do Fapri (2005).

Fig. 18. Exportação de trigo.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

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observar-se-á um decréscimo da participação dosEstados Unidos de 28,3% para 23,8%. A Argentinaterá uma exportação líquida de 15,1 milhões detoneladas em 2014–2015. A Ásia terá umaimportação líquida de 35,8 milhões de toneladasem 2014–2015, sendo 6,6 milhões da China e 5,4milhões do Japão. Cazaquistão e Ucrânia sãoconsiderados, pelo Usda, como importantes atoresfuturos do comércio mundial de trigo, refletindoos baixos custos de produção e os continuadosinvestimentos nos setores agrícolas. Segundo aOCDE (2005), a China deverá aparecer como omaior importador mundial de trigo no período 2004–2013.

A FAO projeta um crescimento de 2% a.a.do comércio de trigo, atribuído ao aumento dademanda de importações pelos países emdesenvolvimento, especialmente a China, ondeas importações deverão atingir, em 2010, a 3milhões de toneladas. Alguns países desenvolvidos(Austrália, Estados Unidos e Canadá) deverãoexportar 71% do total de trigo exportado em 2010.

A partir de 2007, na União Européia, omercado comum de trigo beneficiar-se-á daexpansão do mercado mundial, com 19 milhõesde toneladas de trigo sendo exportadas pela UE-25. Já as importações ficarão limitadas a 4,5milhões de toneladas. Os estoques crescerão,lentamente, até atingir as 25 milhões de toneladas,das quais 5 ou 6 milhões serão estoques públicos.

Carnes

Segundo a FAO (2003b), o setor de carnesvem apresentando o maior crescimento no quese refere a consumo e comércio entre todos ossegmentos do agronegócio, devido às mudançasde hábitos alimentares geradas principalmentepela urbanização.

Segundo o Fapri, em 2014, a produçãomundial de carne de aves atingirá 70,9 milhõesde toneladas, o que representa um acréscimoanual, até essa data, de 2,9% a.a. Os principaisexportadores serão os Estados Unidos e o Brasil,e os importadores, o Japão, a Arábia Saudita, aChina e o México (FAPRI, 2005). As carnes de aves

serão o tipo mais consumido tanto pelos países daOCDE como pelos países em desenvolvimentoaté 2013 (OCDE, 2005). Devido ao aparecimentoda gripe aviária, tal mercado deverá sofrerbarreiras com medidas sanitárias.

Em 2013, os Estados Unidos exportarão 3milhões de toneladas de carnes de aves, com umaumento de 18% comparado com o período de1998 a 2003, retomando a sua posição de lídernas exportações mundiais. Prevê-se que, em 2006,o Brasil perderá para os Estados Unidos, a atualposição de líder nas exportações mundiais decarne de aves.

Para 2014, o Fapri projeta uma produçãomundial de carne bovina de 60,4 milhões detoneladas, e um crescimento anual para o mesmoano, de 1,4%. Outras instituições mantêmprojeções semelhantes, conforme a Fig. 19.Segundo essa projeção, o Brasil mantém-se comoo principal exportador mundial de carne bovina.A produção mundial de carne suína deverá atingir110,2 milhões de toneladas em 2014, com umcomércio mundial de 4,2 milhões de toneladas(FAPRI, 2005), ver Fig. 20.

Em 2004, os problemas sanitários ocorridos(BSE, febre aviária, etc.) causaram um crescimentode apenas 1,5% no comércio mundial de carnes(FAPRI, 2005). Segundo esse órgão, na próximadécada, espera-se um aumento de 36,6% (5,1milhões de toneladas) nesse comércio. Mais de60% da demanda por importações de carnes(cerca de 10 milhões de toneladas) serãoprovenientes dos países em desenvolvimento,sendo que somente a Ásia receberá a metade detodo o crescimento do comércio em 2010 (FAO,2003a).

Como na década passada, o setor de avesserá o mais dinâmico, crescendo a uma taxamédia de 3% a.a. e gerando 40% dos 60 milhõesde toneladas de carne adicionais que serãoproduzidos em 2010, segundo a FAO. Os setoresde suínos e bovinos exportarão 38% e 17%,respectivamente, dos aumentos de produção.

Segundo a FAO (2003a), do lado dasexportações, os ganhos ocorridos ao longo do

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período projetado (1998–2000 a 2010) originar-se-ão dos aumentos de oferta de carnes por partedos países em desenvolvimento, com destaquepara o Brasil, a Tailândia e a China. Com oaumento da produção de suínos e aves,combinado com o crescimento das exportaçõesdo setor de bovinos da América Latina –abundantes em terras disponíveis como o Brasil –espera-se que os países em desenvolvimentoexportem 33% das exportações mundiais decarnes em 2010.

Ainda segundo a FAO, em 2010, espera-seum crescimento de 60 milhões de toneladas decarnes em relação ao período-base, 1998–2000,atingindo-se 283 milhões de toneladas. Nos países

em desenvolvimento, a produção de carnes estáprojetada para aumentar 3% a.a., enquanto nospaíses desenvolvidos, as projeções alcançarãoapenas 1,2% a.a., ao longo da década (1998–2000e 2010).

As projeções da OCDE (2005), para oconsumo mundial per capita de carnes, mostramuma convergência das carnes de frango e suínano horizonte de 2014 (Fig. 21). Nesse ano, oconsumo per capita projetado é de 36,6 kg/pessoa/ano de carne de frango e de 35,6 kg/pessoa/anode carne suína. Segundo a mesma instituição, oconsumo per capita de carne bovina mostra-seestável ao longo do período das projeções (Média1999–2003 a 2014). Os preços mundiais de carnes

Fig. 20. Exportação mundial de carne.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005).

Fig. 19. Produção mundial de carnes.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005), FAO (2003b) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005).

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mostraram uma ligeira tendência de alta entre oinício da projeção da OCDE (média 1999–2003).A previsão é de que essa alta ocorrida no iníciodo período também aconteça no final do período(2014). Contudo, esse acréscimo é mais forte emcarne suína e aves (Fig. 22).

Leite e derivados

Em 2010, as importações de leite e deriva-dos alcançarão 51 milhões de toneladas, represen-tando um crescimento de 12 milhões de toneladasem relação ao período base da FAO (1998–2000).Aproximadamente, 85% desse aumento deimportações virão dos países em desenvolvimento.Para esses países, estimou-se uma taxa de

crescimento médio anual de 2,5 % para ademanda até 2010, e de 1,5% para o mundo. Aprodução de leite deverá crescer, sobretudo nospaíses em desenvolvimento. A Nova Zelândiadesponta como o país mais dinâmico na produçãode leite. Nesse país, nos últimos 20 anos, orebanho leiteiro mais que dobrou (FAO, 2003a).

Segundo projeções do Fapri (2005), aprodução mundial de leite crescerá 14% napróxima década, principalmente devido aosganhos de produtividade por animal. A produçãomundial passará de 475 milhões de toneladas para542 milhões. Os principais produtores serão aUnião Européia, com 122 milhões de toneladas;a Índia, com 112 milhões de toneladas; e os EstadosUnidos, com 86 milhões de toneladas.

Fig. 21. Consumo mundial per capita de carne.(1) Valor estimadoFonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

Fig. 22. Preço mundial de carnes.(1) Valor estimadoFonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

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Ainda segundo o Fapri, em 2014, os grandesexportadores serão a Austrália, a Nova Zelândiae a União Européia. Na próxima década, o Brasilé visto como um pequeno exportador de leite ederivados. Pelas projeções do Fapri, o maiorimportador de queijo será o Japão, com 268 miltoneladas, seguido pela Rússia, com 212 mil tone-ladas.

ConclusõesTendo em vista o crescimento da economia

mundial, em média, 3% a.a. até 2020 e umacrescente urbanização e envelhecimento dapopulação mundial, projeta-se uma diversificaçãoalimentar, com aumento da demanda, sobretudonos países em desenvolvimento, por produtosprocessados (laticínios, etc.), de maior valorprotéico (carnes), além de açúcar e frutas. Em 2015,somente a China deverá responder, por 60% dademanda mundial de laticínios e, em 2020, cercade 7 milhões de toneladas de açúcar deverão serabsorvidas pelo mercado chinês.

Pesquisa e adoção de novas tecnologiasdeverão tornar-se eixos fundamentais para aempresa do agronegócio. A biotecnologia, a enge-nharia genética e a nanotecnologia constituem-se importantes vetores tecnológicos para aampliação das oportunidades do setor agropecuá-rio nacional, contribuindo, de maneira significati-va, para a agregação de valor aos produtos doagronegócio. Práticas conservacionistas, como oSistema Plantio Direto (SPD), o biocombustível,as culturas agroflorestais e demais projetosambientalmente sustentáveis tenderão a ser cadavez mais valorizados pelo mercado consumidormundial. Além disso, com a entrada em vigor doMecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL),o Brasil deverá alocar importantes recursosoriundos da comercialização de créditos decarbono (CERs) com a implementação de taisprojetos.

Em relação ao comércio e à produção degrãos, projeta-se que, em 2006, a produçãomundial de soja alcançará 223 milhões detoneladas e continuará concentrada, sendo osEstados Unidos, o Brasil e a Argentina os maioresprodutores.

Até 2015, deve haver um reaquecimentona demanda mundial de grãos, explicado peloaumento da demanda para alimentação animal.O milho deverá aumentar sua participação,enquanto decairão as participações do arroz e dotrigo na demanda mundial. Até 2020, a produçãomundial de cereais crescerá, a uma taxa anualde 1,26%.

Devido a mudanças nos hábitos alimen-tares, até 2013, projeta-se significativo aumentoda demanda mundial de carnes, sobretudo aavícola, que será o tipo de carne mais consumidonos países da OCDE e nos países em desenvol-vimento.

ReferênciasFAPRI. World agricultural outlook. Center for Agricultural andRural Development - Iowa State University, 2005. Disponívelem: <http://www.fapri.iastate.edu/publications>. Acesso em:12 maio 2005.

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BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em:13 jun. 2005.

OCDE. OECD Agricultural Outlook: 2004-2013. Disponívelem: <http://www.oecd.org>. Acesso em: 20 maio 2005.

PESSOA, A. Tendências mundiais: grãos e carnes. Palestraproferida no IV Congresso Brasileiro de Agribusiness, SãoPaulo, 23 e 24 de junho de 2005.

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Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar as projeções do agronegócio no Brasil e no mundopara um conjunto selecionado de produtos, como soja, milho, arroz, feijão e mandioca, trigo, açúcar,etanol e carnes. As projeções se estendem até 2014–2015. O trabalho se baseia em informações eestudos de instituições nacionais e internacionais, servindo de base para as projeções dos produtosanalisados. O trabalho mostra as grandes tendências que servem de orientação para o estudo dasprojeções do agronegócio. Essas tendências se referem ao crescimento econômico, à urbanização, aoenvelhecimento das populações, à preocupação ambiental. A partir delas, são apresentadas as projeçõesmundiais do agronegócio, quando se identifica uma forte tendência de concentração da produção edo comércio. Há no Brasil e no mundo um grande dinamismo de alguns produtos, caso do açúcar, doetanol e das carnes. Aponta-se também um grupo de produtos com grande potencial de crescimentonos próximos anos: carnes, soja, açúcar, álcool, frutas e madeira. As análises apontam incertezas quepodem afetar o caminho projetado, embora se tenha concluído que o agronegócio brasileiro tempotencial para crescer. Aumentos da população e da renda elevarão a demanda por alimentos. Paísescomo a China e a Índia terão dificuldades de atender às demandas, devido ao esgotamento de áreasagricultáveis.

Palavras-chave: agronegócio, projeções, mundo, Brasil.

Projeções doagronegócio noBrasil e no mundo

1 Chefe da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). [email protected] Coordenador-Geral de Planejamento Estratégico (CGPE/AGE/MAPA). [email protected] Gestor da CGPE/AGE/MAPA. [email protected] Economista, Assistente da CGPE/AGE/MAPA.

IntroduçãoA visão prospectiva representada neste

estudo baseia-se em informações e estudosprospectivos de diversas instituições internacio-nais e nacionais, como: Organização das NaçõesUnidas para Agricultura e Alimentação (FAO),Food and Agricultural Policy Research Institute(Fapri), Instituto Internacional de Pesquisas emPolíticas de Alimentação (Ifpri), Organização paraCooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE), Organização das Nações Unidas (ONU),

União Européia (UE), Departamento deAgricultura dos EUA (Usda), Banco Mundial (Bird),Confederação Nacional da Agricultura (CNA),Fundação Getúlio Vargas (FGV), Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE), Instituto deEstudos do Comércio e Negociações Interna-cionais (Icone), Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea), Núcleo de Assuntos Estratégicos(NAE), e projeções próprias da Assessoria deGestão Estratégica (AGE), do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Elisio Contini1

José Garcia Gasques2

Renato Barros de Aguiar Leonardi3

Eliana Teles Bastos4

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Grandes tendências

Tendências demográficas

Crescimento – A população mundial, queera de 6,1 bilhões em 2000, deverá passar para8,13 bilhões em 2030. O crescimento maior dar-se-á na Ásia, com aumento de 1,21 bilhão de pes-soas entre 2000 e 2030 (Fig.1). A população brasi-leira deverá alcançar 235 milhões de habitantesem 2030 (mais 62 milhões em relação a 2000).

Urbanização – Em 2010, prevê-se que apopulação mundial urbana ultrapassará a rural e,em 2030, atingirá 60%. A taxa de urbanizaçãobrasileira em 2030 atingirá 91,3%. O Brasil seguiráum padrão, semelhante ao dos países desenvolvi-dos, de concentração de sua população nosespaços urbanos (Fig. 2).

Envelhecimento – Em 2000, foram apurados609 milhões de pessoas com mais de 60 anos nomundo, o que correspondia a 10% da populaçãomundial. Em 2030, serão 1,37 bilhão de pessoasnessa condição, cerca de 16% da população domundo (Fig. 3).

Tendências econômicas

Para os próximos 10 anos, prevê-se que aeconomia mundial global terá um crescimentosuperior a 3% ao ano. Até 2020, a projeção é de4,6% para os países em desenvolvimento e de2,4% para os países desenvolvidos: Sul da Ásia, 5,5%ao ano, com 6% para a China e 5,8% para a Índia.

Liberalização do comércio internacional –Espera-se queda de barreiras tarifárias e nãotarifárias em produtos agrícolas, como o açúcar ea carne, o que aumentará o intercâmbio (Fig. 4).

Fig. 1. Projeção dapopulação mundial.Fonte: elaboração Mapa/AGE, com dadosde United Nations (2004).

Fig. 2. Projeção dapopulação brasileira.Fonte: elaboração Mapa/AGE, com dadosde United Nations (2004).

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Fig. 3. Envelhecimento dapopulação mundial.Fonte: elaboração Mapa/AGE, comdados de United Nations (2004).

Fig. 4. Tarifas ad valoremaplicadas pelos EstadosUnidos, União Européia,Japão e China.Fonte: elaboração Mapa/AGE, comdados do Ícone (Araújo, 2005).

Tendências ambientais

A produção agrícola deve, progressivamen-te, fundamentar-se em práticas conservacionistas.Desenvolver-se-ão tecnologias que conservem aágua, as florestas e a fertilidade natural das terras.A Floresta Amazônica será objeto de uma políticaespecífica, visando preservar sua sustentabilidade.A disponibilidade de recursos hídricos será defundamental importância para o desenvolvimentodo agronegócio e para a segurança alimentar.

Tendências tecnológicas

Os avanços da biotecnologia estão transfor-mando os mercados e ampliando as oportunidadesna agricultura e na bioindústria. A nanotecnologiapode contribuir para o desenvolvimento de novasferramentas para a biotecnologia e para a nano-manipulação de genes e de materiais biológicos.

O desafio é incorporar as inovaçõescientíficas e tecnológicas, em desenvolvimentono Brasil e no mundo, ao agronegócio brasileiro,garantindo a sua competitividade em médio elongo prazos.

Projeções do agronegócio

Mundo

Soja em grão

Na safra 2014–2015, a produção mundialde soja alcançará 305 milhões de toneladas(aumento de 26,8% em relação à safra 2004–2005). A produção tornar-se-á mais concentrada:em 2014–2015, os três maiores produtores (Argen-tina, Brasil e Estados Unidos) reponderão por 75%da produção mundial (Fig.5).

O complexo oleaginoso (soja, mamona,palma, etc.) experimentará, até 2010, maiorcrescimento que os outros setores agropecuários,notadamente em países com baixos custos deprodução, como Brasil e Argentina. Os preços per-manecerão ligeiramente constantes até 2020. Em2014–2015, o Brasil será o maior exportadormundial de soja em grão. A participação dosEstados Unidos no mercado mundial cairá de 48%para 29% em 2014–2015 e a participação do Brasilmanter-se-á ao redor de 37% (Fig. 6).

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Fig. 5. Distribuição daprodução mundial de soja.Fonte: elaboração Mapa/AGE, com dados daOCDE (2005).

Açúcar

A produção global de açúcar atingirá 172,5milhões de toneladas em 2015, representando umcrescimento anual de 1,85%. O consumo mundialdeverá continuar crescendo a uma taxa de 2,0%ao ano. O Brasil será um país-chave na determi-nação dos preços mundiais do açúcar, permane-cendo como líder em produtividade e em exporta-ção (59% do total) (Fig.7).

Fig. 6. Exportações desoja em grão.Fonte: elaboração Mapa/AGE, com dados doFapri (2005).

atingindo 144 milhões de hectares. A produçãomundial aumentará para 767 milhões de tone-ladas em 2014–2015 (677,5 em 2005–2006). Proje-ta-se um aumento do comércio mundial de milho,de 78,4 milhões em 2005–2006, para 95,2 milhõesde toneladas em 2014–2015. A participação dosEstados Unidos no mercado mundial, 64,2% (2004–2005), aumentará para 73,3% em 2014–2015.

Trigo

Estima-se uma produção mundial de 618,5milhões de toneladas de trigo em 2005–2006 ede 658,5 milhões em 2014–2015 (aumento de6,5%), sendo de 548 milhões de toneladas o con-sumo humano e de 109,6 milhões, o animal. Em2014–2015, a produção da UE-15 atingirá os 110,4milhões de toneladas (105,4 milhões em 2005–2006), a da Argentina será de 21 milhões (18,1 milhõesem 2005–2006) e a da Austrália, 28 milhões.

Estima-se também um comércio internacio-nal de trigo de 92,8 milhões de toneladas em 2005–2006, atingindo 108,4 milhões de toneladas em2014–2015. Observar-se-á um decréscimo da par-

Fig. 7. Exportação de açúcar.Fonte: elaboração Mapa/AGE com dados do Fapri (2005).

Milho

Para 2005–2006, a área plantada commilho continuará com tendência de crescimento,

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ticipação dos Estados Unidos, no mesmo período,de 28,3% para 23,8%. A Argentina terá uma expor-tação líquida de 15,1 milhões de toneladas em2014–2015 (Fig. 8). A Ásia terá uma importaçãolíquida de 35,8 milhões de toneladas em 2014–2015, sendo 6,6 milhões da China e 5,4 milhõesdo Japão.

Arroz

A produção mundial de arroz deverá atingir466,1 milhões de toneladas em 2014–2015. A pro-dução mundial entre 2005–2006 e 2014–2015 devecrescer a uma taxa anual de 1,19%, pouco superiorà taxa de consumo, estimada em 1% ao ano.

As exportações totalizarão 32,9 milhões detone-ladas em 2014–2015, quando mais de 30%desse total devem ser supridos pela Tailândia, eoutros 30% pelo Vietnã e pela Índia (Fig. 9).

Além desses exportadores tradicionais, osEstados Unidos deverão abastecer 10% do mer-cado mundial em 2014–2015. Os maiores impor-tadores de arroz serão a Indonésia (3,8 milhõesde toneladas), a Nigéria (2,3 milhões), as Filipinas(1,7 milhão) e a Arábia Saudita (1,3 milhão).

Fig. 8. Exportaçãode trigo.Fonte: elaboração Mapa/AGE, comdados do Fapri (2005).

Fig. 9. Exportaçãode arroz.Fonte: elaboração Mapa/AGE, comdados do Fapri (2005).

Carnes

De todos os segmentos do agronegócio, osetor de carnes é o que vem apresentando o maiorcrescimento no que se refere ao consumo e aocomércio. Até 2015, as carnes de aves serão otipo mais consumido tanto pelos países da OCDEquanto pelos países em desenvolvimento (Fig.10).

Os ganhos ocorridos nas exportações até2015 (Fig.11) originar-se-ão dos aumentos de ofertade carnes pelos países em desenvolvimento, comdestaque para Brasil, Tailândia e China. Em 2015,a produção mundial de carnes de aves atingirá90,9 milhões de toneladas.

Brasil

Soja

As projeções para a soja até 2014–2015mostram uma produção de 83,9 milhões detoneladas. O consumo de soja em grão deveráatingir 51 milhões de toneladas, que representará60,8% da produção. As exportações serão de 31,7milhões de toneladas, 54,6% superiores àsexportações de 2004–2005 (Fig. 12).

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Fig. 10. Produção mundial de carnes.Fonte: elaboração Mapa/AGE, com dados da OCDE (2005) e da FAO (2003).

Fig. 11. Exportação mundial de carnes.Fonte: elaboração Mapa/AGE, com dados do Fapri (2005).

Fig. 12. Produção, consumo e exportação de soja.Fonte: Conab (2005) e OCDE (2005).

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Trigo

O Brasil deverá permanecer com umaprodução relativamente estável até 2014–2015.O consumo interno continuará a crescer 1,9% aoano, em média, alcançando a cifra de 12,7 milhõesde toneladas em 2015. O abastecimento internoexigirá importações de 6,3 milhões de toneladasem 2014–2015 (Fig. 13).

Arroz

Ao longo do período projetado, o Brasilapresen-tará um aumento de produtividade e umamode-rada queda no consumo per capita de arroz.O País permanecerá na posição de pequeno im-portador líquido. A produção projetada para 2014–

2015 é de 14,6 milhões de toneladas, sendo pre-vista a importação de 100 mil toneladas (Fig. 14).

Feijão e mandioca

Representam dois típicos produtos de consu-mo doméstico e de enorme importância na ali-mentação e na geração de renda dos pequenosprodutores no Brasil. De 2005–2006 até 2014–2015, a taxa anual projetada, de aumento da pro-dução e do consumo, está ao redor de 1,3% parao feijão. Pelas duas últimas Pesquisas de Orça-mentos Familiares, nota-se que, nos últimos oitoanos, o consumo per capita de feijão apresentoupequena queda: de 10,2 kg/ano para 9,2 kg/ano.

A produção de mandioca para os próximos10 anos é de 35,7 milhões de toneladas. Em

Fig. 13. Produção, consumo e importação de trigo.Fonte: Conab (2005) e OCDE (2005).

Fig. 14. Produção e consumo de arroz.Fonte: Conab (2005) e OCDE (2005).

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relação a 2005–2006, o aumento previsto é de8,7 milhões de toneladas.

Milho

Em 2014–2015, a produção deverá situar-se em 60,8 milhões de toneladas e o consumo,em 57,1 milhões (Fig. 15). Esses resultados indicamque o País poderá atender ao quadro de supri-mentos de modo a garantir o abastecimento domercado interno e obter algum excedente paraexportação, previsto em 2,8 milhões de toneladasem 2014–2015.

Açúcar

Nos próximos 10 anos, o Brasil continuarálider em competitividade, com aumento da

produção previsto em 17,1 milhões de toneladas,o que atingirá um montante de 45,2 milhões detoneladas em 2014–2015 (Fig. 16). A produção deaçúcar deve crescer a uma taxa anual média de6,5% no período de 2005–2006 a 2014–2015,enquanto a projeção para as exportações em2014–2015 indica um volume de 24 milhões detoneladas.

Etanol

Produzido nas regiões Centro-Sul e Norte-Nordeste, o etanol no Brasil tem como fonte acana-de-açúcar. O etanol é considerado pelosespecialistas como o álcool etílico de biomassa,para uso combustível ou industrial, inclusive naprodução de bebidas industrializadas, excluindo,entretanto, o álcool contido em bebidas originais,

Fig. 15. Produção, consumo e exportação de milho.Fonte: Conab (2005), OCDE (2005) e Fapri (2005).

Fig. 16. Produção, consumo e exportação de açúcar.Fonte: Usda (2005).

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como cachaça, rum, vodca, uísque, bourbon econhaque. Nesse sentido, a produção de etanol écomposta pelo álcool anidro e pelo álcoolhidratado. Brasil e Estados Unidos são atualmenteos maiores produtores de etanol, valendo ressaltarque os Estados Unidos extraem esse produto domilho, e não da cana-de-açúcar como no Brasil.

As projeções referentes à produção, aoconsumo e à exportação refletem grande dina-mismo desse produto, devido especialmente aocrescimento do consumo interno e às exportaçõesde etanol. Para 2015, a produção projetada deetanol é de 36,8 bilhões de litros, mais que o dobroda produção de 2005. O consumo interno para2015 está projetado em 28,4 bilhões de litros, e asexportações estão estimadas em 8,5 bilhões (Fig.17). Para 2010, a Secretaria de Produção eAgroenergia do MAPA projeta vendas de 1,0milhão de automóveis flex, quase o dobro dosautomóveis a gasolina, cujas vendas projetadassão de 467 mil unidades. A expansão do setorautomobilístico e a opção crescente pelos carrosflex são os principais responsáveis pelo cresci-mento da produção de etanol no Brasil.

Carnes

Para o setor de carnes, as projeções mos-tram intenso dinamismo nos próximos anos (Fig.18). As maiores taxas de crescimento da produçãono período de 1998 a 2015 são para as carnes

bovina, 4,4% ao ano, e de frango, com 4,5% aoano. Já a produção de carne suína tem cresci-mento projetado de 2,6% ao ano.

Com relação ao consumo, as projeçõesmostram preferência dos brasileiros pela carnebovina, cujo crescimento projetado é de 3,5% aoano no período de 1998 a 2015. A carne de frangoassume o segundo lugar no aumento do consumoe,num nível mais baixo de crescimento, situa-se acarne suína (Fig. 19).

No Brasil, a mudança de hábito foi consta-tada na última Pesquisa de Orçamentos Familiares(POF). Os resultados mostram que, em 30 anos, obrasileiro diversificou sua alimentação, reduzindoo consumo de gêneros tradicionais como arroz,feijão, batata, pão e açúcar e aumentando, porexemplo, o consumo per capita de iogurte.

Quanto às exportações, as projeçõesindicam elevadas taxas de crescimento para ostrês tipos de carnes analisados. As estimativasprojetam um quadro favorável para as exportações,o que mostra uma coerência em relação aresultados anteriormente apresentados nestetrabalho no que se refere às potencialidades doPaís nesse setor e também às mudanças nospadrões de consumo apontados. As taxas decrescimento das exporta-ções, obtidas para ascarnes no período 1997–1998 a 2014–2015, sãoas seguintes: bovina, 8,8% ao ano; suína, 7,8%ao ano; e de frango, 8,8% ao ano (Fig. 20).

Fig. 17. Produção, consumo e exportação de etanol.Fonte: Brasil (2003).

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Fig. 18. Produção de carnes.Fonte: OCDE (2005) e Conab (2005).

Fig. 19. Consumo de carnes.Fonte: OCDE (2005) e Conab (2005).

IncertezasEmbora para os próximos anos as projeções

apresentadas para o Brasil sejam favoráveis,algumas incertezas permanecem:

Fig. 20. Exportação de carnes.Fonte: OCDE (2005) e Conab (2005).

Crescimento econômico abaixo do previsto– O mundo vive um período de prosperidade.Quedas nas taxas de crescimento econômico,principalmente de países em desenvolvimentodinâmicos, como a China e Índia, podem impactar

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negativamente a produção e o comércio interna-cionais de produtos do agronegócio.

Protecionismo dos países desenvolvidos –Parte-se da hipótese de que haverá redução desubsídios aos produtores rurais nos paísesdesenvolvidos. Um recrudescimento do protecio-nismo, tarifário ou não tarifário, terá forte impactono comércio internacional. Para o Brasil, as carnese o açúcar são produtos estratégicos.

Falta de investimento em infra-estruturafísica – Cabe ao Brasil oferecer uma infra-estruturaadequada ao armazenamento e ao escoamentoda produção, principalmente no Centro-Oeste,condição necessária para a competitividade doagronegócio brasileiro, em curto, médio e longoprazos.

Atrasos na tecnologia e defesa agropecuária– Outro fator de competitividade é a disponibi-lidade de tecnologia, principalmente tropical, paraa melhoria da produtividade. Sistemas deprodução e comercialização não confiáveis quan-to à sanidade vegetal e animal comprometerão aexportação de produtos do agronegócio e amanutenção do mercado interno.

Conclusões• O agronegócio brasileiro tem potencial paracrescer. Aumentos da população e da renda

elevarão a demanda por alimentos. Países superpopulosos, como a China e a Índia, terão dificulda-de de atender às demandas devido ao esgotamen-to de áreas agricultáveis. A disponibilidade derecursos naturais no Brasil é fator de competitivi-dade.

• Os resultados das projeções de grãos (arroz,feijão, milho, soja e trigo) mostram que em 2014–2015 o Brasil terá uma produção de 170,3 milhõesde toneladas (Fig. 21), 58,6% superior à produçãode 2004–2005. Trigo, soja e milho lideram oaumento de produção em termos relativos.

• Quanto às carnes, o aumento de produçãoprojetado para 2015 é de 35%, em que o aumentorelativo mais expressivo se dará para a carnebovina (Fig. 22). Em quantidade de carnesproduzida, o montante projetado para 2015 é de28,67 milhões de toneladas.

• A dinâmica do agronegócio brasileiro estávinculada à exportação, embora seja amplo omercado interno. Produtos com mercadospotenciais: carnes, soja, açúcar, álcool, frutas emadeira. Outros produtos tradicionais e novos,como o café, devem ser incentivados.

• A tendência será para produtos de médio e altovalor agregado, devido aos custos de transporte(por exemplo, no Centro-Oeste).

• Para os principais produtos da agricultura(carnes, soja, milho, açúcar), dados projetados

Fig. 21. Produção brasileira de grãos.Fonte: Brasil (2005).

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indicam concentração crescente da produção edas exportações por poucos países.

• A solução dos graves problemas delogística e de infra-estrutura criará condições parao crescimento da produção e maior rentabilidadepara o setor, haja vista a necessidade de escoa-mento a longas distâncias de produtos brasileiros.A não realização dos investimentos necessáriosno setor poderá acarretar perda de competitivi-dade internacional e estagnação do agronegóciobrasileiro.

• Do ponto de vista do Estado, esforçosespeciais deverão ser envidados objetivando adisponibilização de tecnologias e melhorias dosistema de defesa sanitária.

• A falta de apoio a tecnologias implicaráperda de competitividade e de mercado interna-cional e menor remuneração ao agronegócio.Sem defesa eficiente e com crescentes barreirasàs exportações, a conseqüência é a perda dodinamismo do agronegócio.

ReferênciasARAÚJO, L. R. de. Negociações internacionais sobre oagronegócio brasileiro. In: SEMINÁRIO SOBRE NOVOS

Fig. 22. Produção brasileira de carnes.Fonte: Brasil (2005).

ENFOQUES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO, 2005,Não me Toque, RS. Disponível em: <http://www.iconebrasil.org.br/Apresenta%C3%A7%C3%B5es/Expodireto-2005-rev.pdf>. Acesso em: 12 maio 2005.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento.Assessoria de Gestão Estratégica (AGE).Projeções do Agronegócio Mundial e Brasil. Brasília, DF, Nov.2005. 74 p. Relatório.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento.Câmara Setorial do Açúcar e Ácool. Brasília,DF, dez. 2005. Relatório.

CONAB. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>. Acessoem: 12 maio 2005.

FAO. Medium-term prospects for agricultural commodities:projections to the year 2010. Roma, 2003. Disponível em:<http://www.fao.org>. Acesso em: 11 maio 2005.

FAPRI. World agricultural outlook. Center for Agricultural andRural Development - Iowa State University, 2005. Disponívelem: <http://www.fapri.iastate.edu/publications>. Acesso em:15 maio 2005.

OCDE. OECD Agricultural Outlook: 2004-2013. Disponívelem: <http://www.oecd.org>. Acesso em: 14 maio 2005.

UNITED NATIONS. United Nations Department of Economicand Social Affairs - Population Division. World population in2300. NewYork: USDA, 2004.

USDA. USDA agricultural baseline projections to 2014.Disponível em: <http://usda.mannlib.cornel.edu/data-sets/Baseline>. Acesso em: 13 maio 2005.

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Resumo: O presente trabalho apresenta uma visão prospectiva do agronegócio para os próximos 10anos (2005–2006 a 2014–2015). Baseia-se em informações e estudos prospectivos de diversasinstituições nacionais e internacionais. As taxas utilizadas para se fazer as projeções dos diversosprodutos analisados partiram de referências dessas instituições e foram ajustadas por meio de observaçõesespecíficas sobre cada produto. Foram analisados os seguintes produtos: trigo, soja, farelo de soja, óleode soja, carne bovina, carne suína, carne de frango, açúcar, etanol, milho, feijão, mandioca, algodãoe café. Nesse ponto, para se obter as projeções de documentos de câmaras setoriais, valeu-se tambémde discussões com especialistas em temas específicos. As taxas de crescimento obtidas por meio desseprocesso, foram aplicadas à base de dados de instituições com tradição no acompanhamento do produtoanalisado. Os resultados obtidos apontam que a produção de soja do Brasil em 2014–2015, deveráatingir o volume de 83,9 milhões de toneladas, 3 milhões de toneladas abaixo da produção dos EstadosUnidos. O Brasil deverá, também, continuar sendo um país-chave na produção e na exportação deaçúcar e de etanol. Deverá haver um reaquecimento na demanda mundial de cereais (milho), explicado,em grande parte, pelo aumento da demanda para alimentação animal. Devido a mudanças nos hábitosalimentares, projeta-se significativo aumento da demanda mundial de carnes, sobretudo a avícola.

Palavras-chave: Agronegócio, projeções, Brasil.

Projeções doagronegóciono Brasil

IntroduçãoAo projetar o futuro do agronegócio mundial

e brasileiro, este trabalho tem como objetivofornecer subsídios aos formuladores de políticaspúblicas quanto às principais tendências de algunsprodutos do ramo agropecuário, para sua tomadade decisão e para o delineamento de suas linhasde atuação, embasando e fortalecendo, assim, osinstrumentos de política agrícola nacionais. Essastendências permitirão identificar trajetóriaspossíveis, bem como estruturar visões de futurodo agronegócio brasileiro no contexto mundial,para que o País continue conquistando mercados.

Este trabalho integra uma visão prospectivado agronegócio para os próximos 10 anos (2005–2006 a 2014–2015), fundamento para o plane-jamento estratégico do Ministério da AgriculturaPecuária e Abastecimento (Mapa). Baseia-se eminformações e estudos prospectivos de diversasinstituições internacionais e nacionais, como:Food and Agriculture Organization of the UnitedNations (FAO), Food and Agricultural PolicyResearch Institute (Fapri), International Food PolicyResearch Institute (Ifpri), Organisation for EconomicCo-Operation and Development (OECD),Organização das Nações Unidas (ONU), Union

1 Chefe da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). [email protected] Coordenador-Geral de Planejamento Estratégico (CGPE/AGE/MAPA). [email protected] Gestor da CGPE/AGE/MAPA. [email protected] Economista, Assistente da CGPE/AGE/MAPA.

Elisio Contini1

José Garcia Gasques2

Renato Barros de Aguiar Leonardi3

Eliana Teles Bastos4

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European (UE), United States Department ofAgriculture (Usda), World Bank, ConfederaçãoNacional da Agricultura (CNA), Fundação GetúlioVargas (FGV), Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), Instituto de Estudos do Comércioe Negociações Interna-cionais (Icone), Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Núcleo deAssuntos Estratégicos (NAE), e projeções própriasda Assessoria de Gestão Estratégica (AGE), doMinistério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento (Mapa).

MetodologiaAs projeções do Mapa/AGE para o Brasil

1997–1998 a 2014–2015, foram desenvolvidas daseguinte forma: tomaram-se como referência osvalores projetados pela OCDE para a produção,consumo e comércio líquido, para o período de2003–2004 a 2013–2014, e foram calculadas astaxas de crescimento nesse período para osseguintes produtos: trigo, soja, farelo de soja, óleosvegetais, carne bovina, carne suína, carne defrango, açúcar e etanol. Para esses produtos eoutros como milho, feijão, mandioca, cana-de-açúcar, algodão e café, outras fontes foramtambém tomadas como referencia, tais como Ifpri,Fapri, FAO, Usda, além de instituições nacionaiscomo a Companhia Nacional de Abastecimento(Conab) e Instituto de Economia Agrícola (IEA).Assim, as taxas utilizadas para fazer as projeçõespartiram de referenciais das Instituições mencio-

nadas e foram ajustadas através de observaçõesespecíficas sobre cada produto. Nesse ponto,valeu-se, também, para se obter as projeções, dedocumentos de câmaras setoriais, e discussõescom especialistas em temas como grãos, carnes,açúcar e etanol.

As taxas de crescimento para produção,consumo e exportações, obtidas por meio desseprocesso, foram aplicadas à base de dados deinstituições com tradição no acompanhamento doproduto analisado, como a Conab, o Usda e oIBGE, entre outras. Além dos cálculos das proje-ções – a partir das informações existentes –, aAGE vem testando o modelo Impact do Ifpri, ealguns modelos setoriais de projeções, cujosresultados mostram-se interessantes para discus-são, mas que não serão ainda apresentados nestetrabalho.

Soja

O Fapri projeta para o Brasil uma produçãode 95 milhões de toneladas em 2014–2015(Fig. 1), devido à expansão de área e conversãode pastagens, aliadas a aumento de produtividadee melhores alternativas de transporte. Isso signifi-cará 35% da produção mundial. A Argentina teráum aumento de produção de 36% até 2014–2015.O setor permanecerá orientado para as expor-tações. De acordo com projeções do Ifpri, aprodução brasileira de soja deverá crescer 78%e a Argentina, 91% entre os anos de 1997 e 2020.

Fig. 1. Produção brasileira de soja em grão.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

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O Brasil deve aumentar sua produção deoleaginosas numa taxa de 3% ao ano, enquantoos Estados Unidos deverão alcançar somente 1%ao ano. Dois terços do aumento provêm daexpansão da área agricultável do País. Segundoa OCDE, o grau de expansão da área agrícolabrasileira será fundamental para se determinar opreço futuro da soja nos mercados internacionais.Nos Estados Unidos, a tendência é de reduçãoda área com soja e aumento da produtividade.

O consumo mundial de soja deverápermanecer concentrado, sendo o Brasil um dosprincipais consumidores internacionais do produto,ficando atrás, porém, dos Estados Unidos e daChina (22%). No comércio internacional, o Brasil

deverá galgar mais posições em suas exportaçõesmundiais de soja em grão e farelo (Fig. 2 e 3). Ospreços da soja no mercado internacional deverãopermanecer ligeiramente constantes até 2020,crescendo de US$ 247 por tonelada em 1997 paraUS$ 250 em 2020.

Estimativa apresentada (CUSTÓDIO et al.,2004a) aponta que o consumo interno per capitade soja deverá aumentar timidamente, passandode 81 kg/hab/ano em 2005 para 82,60 kg/hab/anoem 2015.

As projeções para a produção de sojarealizadas pela AGE/Mapa para o Brasil, noperíodo 1997–1998 a 2014–2015, mostramvalores abaixo daqueles obtidos pelo Fapri. Uma

Fig. 2. Exportações brasileiras de soja em grão.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

Fig. 3. Exportações de soja em grão.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

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das razões das diferenças é que essa instituiçãopartiu de estimativas de produção de soja para asafra 2004–2005 que, por problemas climáticosocorridos no Sul do Brasil e parte do Centro-Oeste,não se confirmaram. As estimativas realizadaspela AGE indicam uma produção brasileira de 83,9milhões de toneladas de soja em 2014–2015. Nãoseria ainda nesse ano que a produção do Brasilultrapassaria a produção dos Estados Unidos,estimada pela OCDE em 87,6 milhões detoneladas em 2014–2015. O consumo de soja emgrão deverá atingir 51,0 milhões de toneladasnaquele ano, representando 60,8 % da produção.As exportações de soja projetadas pela AGE para2014–2015 são de 31,7 milhões de toneladas,54,6 % superiores às exportações de 2004–2005,conforme Tabela 1 e Fig. 4.

No Brasil, a produção de farelo de sojadeverá passar de 25,8 milhões de toneladas para39,0 milhões de toneladas entre 2005–2006 e2014–2015. O consumo projetado para o final doperíodo é de 14,5 milhões de toneladas, e asexportações, de 21,7 milhões de toneladas (Fig.5). Por sua vez, o óleo de soja tem uma produção

Fig. 4. Produção,consumo eexportaçãode soja.Fonte: elaboração dosautores para este estudo,com dados do Mapa/AGE(BRASIL, 2005a).

Tabela 1. Produção, consumo e exportação de sojano Brasil.

1997 – 19981998 – 19991999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

31.370,030.765,032.344,038.431,841.916,952.017,549.770,153.119,260.000,062.274,464.635,167.085,269.628,372.267,775.007,177.850,580.801,683.864,5

ProduÁ„o

Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE(2005), Conab (2005) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

22.400,022.300,022.520,024.380,027.450,030.470,031.650,034.000,036.672,138.042,839.463,640.936,242.462,544.044,445.684,047.383,349.144,650.969,4

Consumo

9.287,78.917,0

11.517,315.675,015.970,019.890,519.247,720.500,022.127,923.031,623.971,524.949,025.965,827.023,328.123,229.267,130.457,031.694,2

ExportaÁ„o

Soja (mil toneladas )

Fig. 5. Produção,consumo eexportação defarelo de soja.Fonte: elaboração dosautores para este estudo,com dados do Mapa/AGE(BRASIL, 2005a).

Ano

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projetada de 8,5 milhões de toneladas e umconsumo de 4,9 milhões de toneladas (Fig. 6). Issorepresenta quase a metade da produção de óleo. Asexportações de óleo projetadas para 2014–2015 são

Tabela 2. Produção, consumo e exportação de farelo e óleo de soja.

1997 – 19981998 – 19991999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

16.590,016.511,016.669,018.051,520.263,522.041,022.949,524.648,025.806,527.019,428.289,329.618,931.011,032.468,533.994,535.592,237.265,139.016,5

ProduÁ„o

Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005), Conab (2005) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

5.900,06.300,06.800,07.200,07.580,08.100,08.600,09.000,09.441,09.903,6

10.388,910.897,911.431,911.992,112.579,713.196,113.842,714.521,0

Consumo

10.477,010.431,0

9.375,011.270,712.517,213.602,214.486,616.200,016.686,017.186,617.702,218.233,218.780,219.343,619.924,020.521,721.137,321.771,4

ExportaÁ„o

Farelo de soja (mil toneladas )

3.990,03.971,04.009,04.341,54.873,55.301,05.519,55.928,06.148,76 .377 ,76.615,16.861,57.116,97.381,97.656,87.941,98.237,68.544,4

ProduÁ„o

2.740,02.780,02.860,02.950,02.960,02.980,03.050,03.100,03.248,83.404,73.568,23.739,43.918,94.107,04.304,24.510,84.727,34.954,2

Consumo

1.366,91.551,81.072,91.651,51.934,82.485,92.508,92.850,02.907,02.965,13.024,43.084,93.146,63.209,63.273,83.339,23.406,03.474,1

ExportaÁ„o

”leo de soja (mil toneladas )

Fig. 6. Produção, consumo e exportação de óleo de soja.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

de 3,5 milhões de toneladas, com um acréscimo de21,9 % sobre 2004–2005 (Tabela 2). Nessasprojeções não estão computadas as possibilidadesde a soja se tornar um produto para o biodiesel.

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Algodão

O Fapri projeta uma expansão da áreaagrícola ocupada por algodão para 1,7 milhão dehectares em 2014–2015, o Brasil deverá aumentara sua produção de algodão para 2,1 milhões detoneladas para o mesmo período, resultando emum aumento significativo nas exportações, quepassarão para 1,1 milhão de tonelada (Fig. 7).

Apesar do aumento de suas exportações,a participação brasileira no mercado mundialde algodão continuará ainda pequena, sobretu-do pela débil participação do Brasil no mercadochinês, que deverá, em 2005–2006, represen-tar 42% da compra mundial desse produto.

A principal incerteza quanto às exporta-ções apresentadas pelo Fapri, para o algodãobrasileiro, é a taxa de câmbio. O produtor nacio-nal tem tecnologia para produzir um produtode qualidade e se houver condições de preçose câmbio, não deve haver dificuldade para

Fig. 8. Produção,consumo eexportaçãobrasileira dealgodão.Fonte: elaboração dosautores para este estudo, comdados do Fapri (2005) e Usda(2005a, b e c).

Fig. 7. Exportaçãobrasileira de algodão.Fonte: elaboração dos autorespara o trabalho, com dados doFapri (2005).

atingir essa meta, que representa um aumentode 134,8% em relação à exportação de 2005–2006.

As projeções realizadas pela AGE para oalgodão brasileiro, indicam a passagem daprodução de 1,5 milhão de toneladas de algodãoem 2005–2006 para 2,4 milhões de toneladasem 2014–2015. A taxa de crescimento daprodução utilizada nessa projeção é de 6,53%anual. Essa taxa está próxima do crescimentoda produção de algodão observada nos princi-pais países produtores nos últimos anos. Oconsumo projetado até 2014–2015 segue umataxa anual de 3,9%, pouco acima do consumomundial de algodão observado nos últimos 7anos. Assim, o consumo projetado para o Brasilem 2014–2015 é de 1,26 milhão de toneladasde algodão. Por último, projeta-se um volumede exportações próximo a 1 milhão detoneladas em 2014–2015 (Fig. 8 e Tabela 3).

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200663

Fig. 9. Produção econsumo brasileirode trigo.Fonte: elaboração dos autorespara este estudo, com dados doFapri (2005).

Fig. 10. Importaçãobrasileira de trigo.Fonte: elaboração dos autorespara este estudo, com dados doFapri (2005).

Tabela 3. Produção, consumo e exportação dealgodão.

1999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

700,0939,0766,0847,0

1.310,01.306,01.500,01.500,01.591,71.689,11.792,41.902,02.018,32.141,72.272,72.411,6

ProduÁ„o

(1) Exportações do Fapri a partir de 2004 – 2005.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dadosdo Usda(2005a, b e c), Fapri (2005), Conab (2005) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005).

922,0914,0827,0784,0860,0914,0893,0927,8964,0

1.001,61.040,71.081,31.123,41.167,21.212,81.260,1

Consumo

3,069,0

147,0106,0210,0359,0465,0602,0721,0790,0837,0883,0936,0989,0

1.039,01.092,0

ExportaÁ„o(1)

Algod„o ñ Brasil (mil toneladas)

Trigo

Devido à estabilização do crescimento daárea destinada ao cultivo do trigo, o Brasil deverápermanecer com uma produção relativamenteestável até 2014–2015. O consumo interno detrigo no País continuará, contudo, a crescer emmédia 1,9% ao ano, alcançando a cifra de 12milhões de toneladas em 2015 (Fig. 9) O aumentoda demanda doméstica e a estabilização daprodução interna acarretarão tendência deaumento das importações de trigo, atingindo 6,8milhões de toneladas em 2014–2015 (FAPRI, 2005),como mostra a Fig. 10.

As projeções obtidas pelo Mapa/AGE sãomuito próximas às do Fapri. A produção projetadapara 2014–2015 é de 7,4 milhões de toneladas, eum consumo de 12,7 milhões de toneladas nomesmo ano. O abastecimento interno exigiráimportações de 6,3 milhões de toneladas em2014–2015, conforme Fig. 11 e Tabela 4.

Ano

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 64

Tabela 4. Produção, consumo e importação de trigo.

1999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

2.402,81.658,43.194,22.913,95.851,36.021,66.150,86.282,76.417,56.555,16.695,76.839,46.986,17.135,97.289,07.445,4

ProduÁ„o

Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE(2005), Conab (2005) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005).

9.975,09.324,0

10.193,09.940,0

10.151,010.310,010.525,010.744,410.968,411.197,111.430,611.668,911.912,212.160,612.414,212.673,0

Consumo

7.718,17.631,97.055,46.853,25.707,05.246,75.345,65.446,45.549,05.653,75.760,25.868,85.979,46.092,26.207,06.324,0

ImportaÁ„o

Trigo ñ Brasil (mil toneladas)

Fig. 11. Produção, consumo e importação de trigo.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005) e Usda (2005a, b e c).

Custódio et al. (2004a) projetam que oconsumo interno per capita de trigo aumentaráde 57,58 kg/hab/ano em 2005, para 58,35 kg/hab/ano em 2015. A demanda total interna de trigo,segundo esses autores, ficará, em 2015, em 11,75milhões de toneladas, perfazendo um aumento de1,31 milhão de tonelada em relação a 2005, queregistrou o patamar de 10,44 milhões de toneladas.

Arroz

De acordo com as projeções do Fapri, oBrasil apresentará um aumento de produtividadee uma moderada queda no consumo per capitade arroz ao longo do período projetado (2004–2005 a 2014–2015). O País permanecerá naposição de importador líquido de arroz até 2015.De 2004–2005 a 2006–2007, as importaçõesbrasileiras são projetadas para crescer, em média,16% ao ano. A partir daí, a taxa de crescimentoiniciará uma trajetória de decréscimo, a ponto dese tornar negativa a partir de 2007–2008,confirmando, de certa maneira, a tendência dediminuição do consumo per capita, ver Fig. 12.

Já os estudos da OCDE projetam umaumento tanto da produção quanto do consumode arroz ao longo do período de 2004–2005 a2013–2014, porém a um ritmo modesto. Aindasegundo a mesma instituição, o Brasil continuaráfigurando como importador líquido de arroz (Fig. 13).

As projeções de produção e consumo dearroz, feitas pelo Mapa/AGE mostram umasituação muito apertada entre essas duas variáveis,havendo necessidade de importações de arroznos próximos anos. A produção projetada para2014–2015 revela um acréscimo de 1,7 milhãode toneladas em relação a 2004–2005. Assim aprodução projetada em 2014–2015 é de 14,6milhões de toneladas de arroz, conforme Fig. 14e Tabela 5.

Ano

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200665

Fig. 12. Importação brasileira de arroz.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri, (2005).

Fig. 13. Produção e consumo brasileiro de arroz.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

Fig. 14. Produção e consumo de arroz.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005) e Conab (2005).

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 66

Custódio et al. (2004a) estimam um cresci-mento médio anual modesto (0,8%) do consumointerno per capita de arroz no período 2004–2015.No último ano considerado pelo estudo, 2015, apopulação brasileira consumirá 76,7 kg/hab/anode arroz, 5,6 kg/hab/ano a mais que o projetadopara o ano de 2004. Em 2015, a demanda internatotal de arroz, segundo os autores, ficará em 15,5milhões de toneladas, 2,8 milhões de toneladas amais que a demanda interna projetada em 2004.

Tabela 5. Produção e consumo de arroz.

1997 – 20981998 – 20991999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

8.462,911.582,211.423,110.386,010.626,110.367,112.808,212.809,412.970,813.134,213.299,713.467,313.637,013.808,813.982,814.159,014.337,414.518,0

ProduÁ„o

(1) Usamos as taxas do Ifpri para cereais: 1,26% ao ano para a produçãoe 1,32% ao ano para a demanda.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE(2005), Conab (2005) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

11.750,011.700,011.850,011.950,012.000,012.250,012.660,012.830,012.999,413.170,913.344,813.521,013.699,413.880,314.063,514.249,114.437,214.627,8

Consumo

Arroz (mil toneladas)(1)

Fig. 15. Produção e consumo de milho.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005), Conab (2005) e Fapri (2005).

Tabela 6. Produção e consumo de milho.

1997 – 19981998 – 19991999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

30.187,832.393,431.640,942.289,335.280,747.410,942.191,534.769,043.074,044.753,846.499,248.312,750.196,952.154,654.188,656.302,058.497,860.779,2

ProduÁ„o

(-) = o fenômeno não ocorreu.(1) Taxas de 3,9% a.a. para produção e de 3,6% a.a. para o consumoObs.: o Brasil tem importado quantidades pequenas de milho (CONAB,2005).Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OECD(2005), Conab (2005), Fapri (2005) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

35.000,035.000,034.480,036.135,536.410,038.700,039.400,040.100,041.543,643.039,244.588,646.193,847.856,749.579,651.364,553.213,655.129,357.113,9

Consumo

Milho ( mil toneladas )(1)

-------

2.000,01.958,02.215,02.227,02.345,02.336,02.370,02.492,02.662,02.821,02.838,0

ExportaÁ„o

Milho

As projeções de produção de milho noBrasil indicam um aumento de 17,7 milhões detoneladas nos próximos 10 anos. Isso representaum aumento de 3,9% ao ano. Em 2014–2015, aprodução deverá situar-se em 60,8 milhões detoneladas (MAPA/AGE) e um consumo de 57,1milhões, conforme Fig.15 e Tabela 6. Esses resulta-

Ano

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dos indicam que o País deverá fazer ajustes noseu quadro de suprimentos de modo a garantir oabastecimento do mercado interno e obter algumexcedente para exportação, estimado em 2,8milhões de toneladas em 2014–2015.

O Brasil está colocado entre os países queterão aumentos significativos de suas exportaçõesde milho, ao lado do Canadá, Hungria, Cazaquis-tão, Ucrânia, Rússia e África do Sul (FAO, 2005a).Este crescimento das exportações brasileiras demilho far-se-á possível por meio de ganhos deprodução e produtividade. O Fapri (2005) apre-senta resultado semelhante ao da FAO (2005a) noque toca ao comércio internacional do milhobrasileiro, projetando exportações líquidas entre2 e 2,8 milhões de toneladas anuais, no período2005–2006 a 2014–2015 (Fig. 16 e 17).

Fig. 17. Exportação brasileira de milho.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

Fig. 16. Exportações líquidas de milho.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

No que se refere ao consumo interno percapita de milho, Custódio et al. (2004a) apresentamuma situação de quase estagnação, com apopulação brasileira consumindo aproximada-mente 221 kg/hab/ano ao longo do período proje-tado de 2004–2015. Em 2015, a demanda internatotal de milho, segundo os autores, ficará em 44,6milhões de toneladas, 5 milhões de toneladas amais que a demanda interna projetada em 2004.

Feijão e mandioca

Por serem produtos que têm seu consumo eprodução restritos a algumas regiões do mundo,as projeções das instituições consultadas paraelaboração desta pesquisa, não cobrem feijão emandioca no que se refere à produção, consumo

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e comércio. Mesmo as informações nacionais sãoincompletas, pois no caso da mandioca não setem as estatísticas de consumo e comércio. Asexplicações como as projeções foram realizadassão encontradas no rodapé das tabelas dessesprodutos. Representam dois típicos produtos deconsumo doméstico e de enorme importância noconsumo e na geração de renda da agriculturafamiliar no Brasil. O feijão tem uma taxa anualprojetada de aumento da produção, de 2,6%, edo consumo, de 1,9% para o período 2005–2006a 2014–2015. Sua produção no Brasil deverápassar de 2,91 milhões de toneladas para 3,67milhões de toneladas nesse período (Tabela 7 eFig. 18), equivale a um aumento de 763,4 mil tone-ladas. Por ser um produto de hábitos arraigados

Tabela 8. Produção de mandioca.

1997 – 19981998 – 19991999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

19.50320.86423.04122.57723.06621.96123.78226.22427.05027.90228.78029.68730.62231.58632.58133.60734.66535.757

ProduÁ„o

(1) A taxa usada para a projeção foi de 3,149, que é a taxa de crescimentoda produção no período base.Fonte: IBGE (2005b) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005).

Mandioca (mil toneladas)(1)

Tabela 7. Produção e consumo de feijão.

1997 – 19981998 – 19991999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

2.206,32.895,73.098,02.587,12.983,03.205,02.994,42.837,52.911,92.988,23.066,53.146,93.229,33.314,03.400,83.489,93.581,43.675,3

ProduÁ„o

(1) A taxa usada para a produção é de 2,6% a.a., e para o consumo é de1,9% a.a.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE(2005), Conab (2005) e Mapa/AGE (2005a).

2.500,02.950,03.050,02.880,03.000,03.030,03.050,03.050,03.081,13.112,53.144,23.176,23.208,63.241,33.274,33.307,73.341,43.375,4

Consumo

Feij„o (mil toneladas)(1)

Fig. 18. Produção econsumo de feijão.Fonte: elaboração dos autorespara este estudo, com dados doMapa/AGE (BRASIL, 2005a).

no consumo da população brasileira, nota-se pelasduas últimas Pesquisas de Orçamentos Familiares(POF), que nos últimos oito anos o consumo defeijão teve uma queda relativamente pequena, de10,2 kg/per capita/ano para 9,2 kg/per capita/ano.

Conforme observamos, a mandioca tambémé uma atividade com poucas estatísticas, apesarde sua importância no consumo nacional eregional. Sua produção está projetada com umcrescimento de 3,14% ao ano nos próximos 10anos. De uma produção de 27,0 milhões detoneladas em 2005–2006, espera-se obter 35,7milhões de toneladas em 2014–2015 (Tabela 8 eFig. 19). O avanço das pesquisas e as possibili-dades de seu uso industrial traçam perspectivas

Ano Ano

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muito favoráveis para a mandioca no País nospróximos anos. Em parte essas possibilidades estãoexpressas na produção projetada para os próximosanos.

Açúcar

No biênio 2004–2005, Brasil, Austrália,Cuba, Tailândia e a UE-15 foram responsáveis por90,7% de todo o comércio mundial de açúcar. OPaís aumentou sua produção em 7,5%, ou 2milhões de toneladas, em 2004–2005, e continuacom perspectivas de produção recorde, segundoo Fapri. A OCDE afirma que o Brasil continuaráocupando a posição de produtor com maiorcompetitividade, apresentando um aumento daprodução em 9,5 milhões de toneladas, atingindo

um montante de 34 milhões de toneladas em 2013,a uma taxa média de crescimento de 1,7% aoano (Fig. 20).

De acordo com estudos realizados peloFapri, as exportações brasileiras deverão passardos 18,1 milhões de toneladas para 21,9 milhõesem 2014–2015 (+21%), detendo 56% do comérciointernacional (Fig. 21). A OCDE afirma que, até2013, as exportações brasileiras de açúcardeverão aumentar em 34,4%.

Índia e Brasil produzirão 18% e 17%,respectivamente, de toda a produção mundial deaçúcar entre 1998–2000 e 2010, de acordo comprojeções da FAO (2005a). Ganhos de produtivi-dade e eficiência na produção de açúcar nessesdois países podem levar a uma queda dos preçosdeste produto no mercado internacional. O Brasilserá um país-chave na determinação do futuro dos

Fig. 19 . Produção de mandioca.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

Fig. 20 . Produção e consumo brasileiro de açúcar.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

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Fig. 22. Exportações líquidas de açúcar.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

Tabela 9. Produção consumo e exportação deaçúcar.

1997 – 19981998 – 19991999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

15.70018.30020.10017.10020.40023.81026.40028.15029.50027.31929.09530.98633.00035.14537.43039.86342.45445.213

ProduÁ„o

(1) As taxas utilizadas foram as do crescimento do período-base, pois astaxas da OCDE nos parecem muito baixas.Fonte: Usda (2005a, b e c) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

8.8009.1009.1009.2509.4509.750

10.40010.65010.85011.69612.60913.59214.65215.79517.02718.35519.78721.330

Consumo

AÁ˙car - Brasil (mil toneladas)(1)

7.2008.750

11.3007.700

11.60014.00015.24017.82018.80019.31719.84920.39620.95721.53422.12722.73623.36124.004

ExportaÁ„o

Fig. 21. Exportação brasileira de açúcar.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

preços mundiais do açúcar, permanecendo como olíder em produtividade e em exportação do produto.

As estimativas obtidas pela AGE para aprodução brasileira de açúcar indicam uma taxamédia anual de crescimento de 6,5% no período2005–2006 a 2014–2015. Essa taxa deve condu-zir a uma produção de 45,2 milhões de toneladasdo produto em 2014–2015 (Tabela 9). Essa pro-

dução corresponde a um acréscimo de 17,1 mi-lhões de toneladas em relação ao projetado para2005–2006. A estimativa obtida para 2014–2015,situa-se num nível superior à estimada pelo Fapri, de33 milhões de toneladas. As taxas projetadas paraexportações e consumo para os próximos 10 anossão, respectivamente, de 2,75% ao ano e de 7,8%ao ano. Para as exportações, a projeção para 2014–2015 é de um volume de exportações de 24 milhõesde toneladas (Fig. 22 e 23).

Etanol

No Brasil, a produção de etanol tem comofonte a cana-de-açúcar e é produzido nas regiõesCentro-Sul, Norte e Nordeste. O etanol é conside-rado pelos especialistas como o álcool etílico debiomassa, para uso combustível ou industrial,inclusive na produção de bebidas industrializadas,excluindo o álcool contido em bebidas originaiscomo cachaça, rum, vodka, whisky, bourbon,conhaque e outras. Assim, a produção de etanol

Ano

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é composta pelo álcool anidro e álcool hidratado.Atualmente, o Brasil e os Estados Unidos são osmaiores produtores de etanol, embora os EstadosUnidos extraiam esse produto do milho, e não dacana-de-açúcar, como no Brasil.

As projeções do etanol, referentes aprodução, consumo e exportação refletem grandedinamismo desse produto devido especialmenteao crescimento do consumo interno e asexportações de etanol. A produção de etanolprojetada para 2015 é de 36,8 bilhões de litros,mais que o dobro da produção de 2005. Oconsumo interno para 2015 está projetado em 28,4bilhões de litros e as exportações em 8,5 bilhões(Fig. 24 e Tabela 10). A Secretaria de Produção eAgroenergia do Mapa projeta para 2010, vendasde automóveis Flex de 1,0 milhão de veículos,quase o dobro a mais que os automóveis agasolina, cujas vendas projetadas são de 467 milunidades. Essa expansão do setor automobilístico

Fig. 23. Produção consumo e exportação de açúcar.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

Fig. 24. Produção, consumo e exportação brasileira de etanol.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com estimativas da AGE.

Tabela 10. Produção, consumo e exportaçãobrasileira de etanol.

2003200420052006200720082009201020112012201320142015

13.69015.63816.21617.27318.89120.86923.03425.38427.42729.56831.81134.23436.849

ProduÁ„o

(1) Não inclui abertura de mercado de álcool para fins combustíveis empaíses importadores. Até 2010, usou-se uma taxa anual de 14,63%.A partir de 2011, usou-se 10% ao ano.Torquato,S.A. (2005), IEA.(2) Inclui alcool combustível e álcool industrial.Fonte: Mapa/Câmara setorial de açúcar e álcool – Dezembro de 2003 eMapa/AGE (BRASIL, 2005).

6562.3212.6613.0513.4974.0094.5955.2685.7956.3747.0127.7138.484

ExportaÁ„o(1)

Etanol (milhıes de litros)

13.03413.31713.55514.22215.39416.86018.43920.11621.63323.19424.80026.52128.365

Consumo(2)Ano

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 72

Tabela 11. Produção e exportação de café.

1999 – 20002000 – 20012001 – 20022002 – 20032003 – 20042004 – 20052005 – 20062006 – 20072007 – 20082008 – 20092009 – 20102010 – 20112011 – 20122012 – 20132013 – 20142014 – 2015

27,131,131,348,528,839,333,3

...

...

...

...

...

...

...

...

...

ProduÁ„o

(...) Dado desconhecido.Fonte: Cecafé/Decex/Secex, (BRASIL, 2005b), Neumann Gruppe (2005).Elaborado por SPC/Mapa e Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

21,916,921,826,823,924,726,224,625,125,626,126,727,227 ,728,328,9

ExportaÁ„o

CafÈ ñ Brasil (milhıes de sacas de 60 kg)

e o uso crescente dos carros flex é atualmente oprincipal fator responsável pelo crescimento daprodução de etanol no Brasil.

Outras projeções indicam que, mantendo-se a mistura de anidro na gasolina na proporçãode 25%, e as vendas de veículos flexíveis, deveráocorrer, em 2013, um consumo doméstico deálcool de 24,95 bilhões de litros, dos quais 7,4 bi-lhões de litros como anidro combustível e 16,35bilhões de litros como hidratado combustível.

Café

A produção de café, devido às caracterís-ticas da cultura apresenta elevadas oscilações, oque dificulta ainda mais a possibilidade de realizarprojeções. As informações do MAPA para o períodode 1999–2000 a 2005–2006 mostram o grau deoscilação da produção de café. Assim, asprojeções realizadas pela AGE se restringiram àsexportações. As estimativas disponíveis para 2005mostram que o País deverá exportar 26 milhõesde sacas de 60 kg. Para 2015, a projeção obtida éde 29 milhões de sacas (Fig. 25 e Tabela 11). Essevalor foi obtido projetando uma taxa anual decrescimento do consumo mundial de 2% ao ano,no período de 2005 a 2014.

Carnes

As projeções de carnes para o Brasilmostram que esse setor deve apresentar intenso

dinamismo nos próximos anos. Entre as carnes,as que se projetam com maiores taxas de cresci-mento da produção no período 1997–1998 a 2014–2015 são a carne bovina, que deve cresceranualmente a 4,4 % ao ano, e a de frango, cujocrescimento projetado para esse período é de4,5% ao ano. Por último a produção de carne suínatem um crescimento projetado de 2,6% ao ano, oque também representa um valor relativamenteelevado, pois consegue atender ao consumodoméstico e às exportações (Mapa/AGE),conforme Fig. 26.

Fig. 25. Produção e exportação brasileira de café.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005a , b e c) e Fapri (2005).

Ano

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200673

As projeções do consumo mostram que apreferência dos consumidores brasileiros é pelacarne bovina, cujo crescimento projetado é de3,5% ao ano no período 1997–1998 a 2014–2015.Isso significa um consumo interno de 9,9 milhõesde toneladas daqui a 10 anos (Tabela 12). A carnede frango assume o segundo lugar no aumento doconsumo com uma taxa anual projetada até 2014–2015 de 2,8%. Num nível mais baixo decrescimento situa-se a projeção do consumo de

Fig. 26. Produção de carnes.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Mapa/AGE.

carne suína, de 1,7% ao ano para os próximosanos (AGE/Mapa), conforme Fig. 27.

Quanto às exportações, as projeçõesindicam elevadas taxas de crescimento para ostrês tipos de carnes analisados. As estimativasrealizadas pela AGE/Mapa projetam um quadrofavorável para as exportações, o que mostra umacoerência em relação a resultados anteriormenteapresentados neste trabalho no que se refere àspotencialidades do País nesse setor e também às

Tabela 12. Produção, consumo e exportação de carnes.

2000200120022003200420052006200720082009201020112012201320142015

Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados OCDE (2005), Conab (2005) e Mapa/AGE (BRASIL, 2005a).

6.578,86.823,67.139,37.568,58.673,99.167,09.462,29.766,9

10.081,410.406,110.741,211.087,111.444,111.812,712.193,112.585,7

ProduÁ„o

6.074,66.043,96.248,36.374,87.031,27.121,97.361,57.609,27.865,38.129,98.403,58.686,38.978,69.280,79.593,09.915,7

Consumo

Carne bovina ( mil toneladas )

580,7821,9964,8

1.259,21.697,62.103,82.153,32.204,12.256,02.309,12.363,52.419,12.476,12.534,42.594,12.655,2

ExportaÁ„o

2.556,02.730,02.872,02.698,02.679,02.939,83.017,23.096,73.178,33.262,03.348,03.436,23.526,73.619,63.714,93.812,8

ProduÁ„o

2.415,02.447,02.397,92.210,72.176,52.243,92.309,92.377,92.447,82.519,82.593,92.670,22.748,82.829,62.912,92.998,5

Consumo

Carne suÌna ( mil toneladas )

141,1283,3474,3488,2504,2697 , 7705,9714,2722,6731,1739,7748,5757,3766,2775,2784,3

ExportaÁ„o

5.980,66.567,37.449,07.645,28.408,59.144,99.419,29.701,89.992,9

10.292,710.601,410.919,511.247,111.584,511.932,012.290,0

ProduÁ„o

5.064,55.301,45.824,15.685,45.938,86.032,16.195,06.362,26.534,06.710,46.891,67.077,77.268,87.465,07.666,67.873,6

Consumo

Carne de frango ( mil toneladas )

916,11.265,91.624,91.959,82.469,73.112,83.206,23.302,43.401,43.503,53.608,63.716,83.828,43.943,24.061,54.183,3

ExportaÁ„oAno

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 74

Fig. 27. Consumo de carnes.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Mapa/AGE.

mudanças nos padrões de consumo apontados(Fig. 28). No Brasil, a mudança de hábito foi consta-tada pelo IBGE na última POF. A pesquisa cons-tatou que, em 30 anos, o brasileiro diversificousua alimentação, reduzindo o consumo de gênerostradicionais como arroz, feijão, batata, pão eaçúcar e aumentando, por exemplo, o consumoper capita de iogurte (IBGE, 2005a). Assim, as taxasde crescimento obtidas para as carnes no período1997–1998 a 2014–2015 são as seguintes: bovi-na, 8,8 % ao ano; suína, 7,8% ao ano; e de frango,8,8% ao ano. Como as carnes são produtos queapresentam elevada elasticidade renda, o aumen-to de renda interna pode dirigir parte dessa produ-ção para o consumo interno e reduzir o excedentepara as exportações. No caso, as elasticidadesrenda-despesa de carne bovina, calculadas porHoffmann (2000) variam entre 0,44 e 1,34, de-pendendo do tipo de carne5. Esses valores sãoconsiderados elevados quando comparados a

Fig. 28. Exportações de carnes.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Mapa/AGE.

outros alimentos e indicam que o aumento dopoder aquisitivo da população tem um acentuadoimpacto no consumo de carnes.

As projeções para as exportações brasilei-ras de carnes elaboradas pelo Fapri (Fig. 29) epelo Usda (Fig. 30) são relativamente semelhantesquanto aos seus resultados. Em ambas, o maiorcrescimento até 2014 deverá ocorrer em carnede frango. Suas exportações crescerão nospróximos anos, a uma taxa superior às carnesbovina e suína.

O consumo per capita do Brasil, projetadopela OCDE, indica um consumo total de carnescrescente, passando de 59,5 kg/pessoa/ano, noperíodo 1998–2002, para 79,2 kg/pessoa/ano, em2013. Esse aumento no consumo per capita decarnes é motivado principalmente pelo aumentodo consumo da carne de frango e da carne suína(Fig.31).

5 Geralmente, os valores das elasticidades dispêndio/renda são maiores que os da elasticidade/renda tradicionais (ver Homem de Melo, 1988, p.18)

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200675

Fig. 30. Exportações de carnes no Brasil.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados do Usda (2005a, b e c).

Fig. 29. Exportações líquidas de carne no Brasil.Fonte elaboração dos autores para este estudo, com dados do Fapri (2005).

Fig. 31. Consumo per capita de carne no Brasil.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 76

Custódio et al. (2004b,c,d) desenvolveualgumas projeções para o Brasil para carnesbovina, suína e de frango para o período de 2004a 2015. A tendência é que o consumo de carnesbovina e de frango, até o ano 2015, devem ficarmuito próximos. A projeção do consumo de carnebovina é de 7,7 milhões de toneladas e carne defrango, 7,7 milhões de toneladas. O consumo decarne suína se eleva pouco no período de 2004 a2015 e deverá representar, em 2015, 31% doconsumo da carne bovina (Fig.32).

O consumo per capita de carnes projetadopor Custódio et al. (2004b,c,d) não deve se alterarmuito nos próximos anos: para carne suína, deverá

passar de 11,34 kg/hab/ano, em 2004, para 11,97kg/hab/ano; para carne de aves, de 32,45 kg/hab/ano para 38,03 kg/hab/ano; por fim, para carnebovina, o consumo passará de 36,23 kg/hab/anopara 38,28 kg/hab/ano, entre 2004 e 2015(Fig. 33).

Segundo Custódio et al. (2004b,c,d), asexportações de carnes do Brasil devem se elevarconsideravelmente entre 2004 e 2015. Asexportações de carne de frango devem atingir5.141 mil toneladas em 2015, partindo de umabase de 1.888 mil toneladas em 2004. Asexportações de carne bovina devem atingir 3.106mil toneladas em 2015 e suína, 1.679 mil toneladas

Fig. 32. Consumo interno de carnes no Brasil.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados de Custódio (2004b, c e d).

Fig. 33. Consumo per capita de carnes no BrasilFonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados de Custódio (2004b, c e d).

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(Fig. 34). Há, assim, um mercado bastantepromissor para o Brasil nos próximos anos. Issovai exigir uma continuidade do esforço que vemsendo feito no sentido de melhoria de qualidade ede aperfeiçoamento de nossos rebanhos.

Principais incertezasEmbora as projeções apresentadas para o

Brasil, para os próximos anos, sejam favoráveis,permanecem algumas incertezas. A esse respeito,quatro principais áreas de incerteza podem seridentificadas.

Crescimento econômiconão sustentado

O crescimento econômico do Brasil, comoum todo, contribuirá para a expansão do agrone-gócio, ao criar demanda interna. Experiências decrescimento econômico medíocre, como nadécada de 1980, inibem o potencial do agrone-gócio, não incorporam trabalhadores ao mercadoformal de trabalho e aumentam a desigualdade ea miséria.

Crises políticas e macroeconômicas afetamtambém o crescimento sustentável do agronegó-cio (principalmente em alimentos). Taxas deinflação elevadas, como as vividas no passado,comprometem os investimentos produtivos na

expansão do setor. Sobrevalorização cambial,como a experimentada no Plano Real, até janeirode 1999, torna a importação, incluindo produtosagrícolas, relativamente baratos e muitos produtosexportáveis não competitivos. Taxas de juroselevadas dificultam os investimentos produtivose atrasam a expansão do potencial do agrone-gócio.

Se o Brasil voltar a ter taxas de crescimentodo PIB muito baixas ou negativas, pode compro-meter o cenário de crescimento do agronegócio.Crescimento econômico mundial baixo breca asexportações brasileiras.

Protecionismo dospaíses desenvolvidos

Um dos potenciais entraves à evolução doagronegócio é o protecionismo atual dos paísesricos em relação a sua agricultura. Segundo aOCDE, no período de 2000 a 2002, a média anualde subsídios aos produtores rurais nos países ricosficou em 235 bilhões de dólares americanos. AUnião Européia é a campeã destas distorções, com40% do total, seguida dos Estados Unidos, com21% e do Japão, com 20%. Além dos subsídiosaos produtores locais, principalmente a UniãoEuropéia concede subsídios às exportações deprodutos agrícolas, dominando mercados em quenão seria competitiva e aviltando os preçosinternacionais, com notórios prejuízos aos demais

Fig. 34. Exportações de carnes no Brasil.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados de Custódio (2004b, c e d).

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exportadores. Segundo a OMC, em 2000, a UniãoEuropéia concedeu 474 milhões de euros desubsídios para a exportação de carnes (CONTINI,2004).

Por sua vez, os Estados Unidos concedemsubsídios de maneira contracíclica, ou seja, quantomaior a queda dos preços internacionais paradeterminados produtos, maiores os subsídiosrecebidos pelos produtores agrícolas domésticos.Somente em 2004, os Estados Unidos concederamUS$ 46 bilhões em subsídios ao produtor interno.Segue, comparativa sobre o nível dos subsídiosconcedidos pelos Estados Unidos e pela UE aseus produtores (Fig. 35).

Negociações passadas trouxeram progres-sos como, por exemplo, durante a Rodada Uru-guai, em que houve diminuição de alguns subsí-dios (TANGERMAN, 2003). Tanto as negociaçõesmultilaterais quanto as regionais e birregionaisatuais caminham a passos lentos, como a RodadaDoha e outros acordos regionais, como a Nafta eo acordo entre Mercosul e União Européia. Aconclusão é óbvia: se o Brasil não fechar bonsacordos, o cenário positivo de crescimento doagronegócio brasileiro estará comprometido.

Para crescimento rigoroso do agronegóciobrasileiro, é importante a diminuição internacionaldos subsídios dos países ricos (Fig 36). No atualestágio de negociações, não há certeza de queisto venha a ocorrer, no curto prazo pelo menos.

Fig. 35. Evolução daestimativa de subsídios aoprodutor (PSE) para osEstados Unidos e UE.Fonte: elaboração dos autores para esteestudo, com dados da OCDE (2005).

Fig. 36. Estimativa de subsídio ao produtor (PSE) na União Européia 25.Fonte: elaboração dos autores para este estudo, com dados da OCDE (2005).

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Falta de investimentoem infra-estrutura física

Apesar do crescimento dos transportesaquaviário e ferroviário, a matriz de transportesno Brasil ainda é majoritariamente rodoviária(62%), acarretando vulnerabilidade para o Paíspela dependência excessiva nesse modalespecífico. Segundo dados da Conab (2005),74,7% da malha rodoviária brasileira apresentaalgum grau de imperfeição (36,4% deficientes,23,7% ruins, 14,6% péssimos). Tal situaçãoacarreta impacto negativo nas cargas agrícolas,encarecendo o preço final e diminuindo, com isso,a competitividade brasileira no exterior. Somentenas BR's 163, 364 e 242, consideradas estratégicaspara o escoamento das safras agrícolas destinadasà exportação, há considerável deterioração damalha, com graves prejuízos ao transporte desafras agrícolas.

Nogueira Junior e Tsunechiro (2005)mostram que, enquanto a produção brasileira degrãos no período 1994–2003, cresceu 62,1%, acapacidade de armazenagem avançou apenas7,4%. Os autores observam ainda que, além damá qualidade e da inadequação da redearmazenadora e da má localização das unidadesexistentes, há necessidade de infra-estruturaadicional para culturas em expansão como o sorgogranífero, e o triticale, cujos produtos demandamunidades específicas. Além disso, os produtosgeneticamente modificados, cujas previsões sãode acentuada e rápida expansão da produção,exigem igualmente unidades próprias para suaguarda.

Com a interiorização cada vez maior daprodução agrícola, a rentabilidade da produçãoe os novos investimentos deverão depender, emgraus consideráveis, dos macro-eixos detransporte. No eixo ferroviário, há carênciade investimento, ineficiência e baixa capacidadede escoamento, com baixas perspectivas derecuperação para o curto e o longo prazos. Ashidrovias, por seu turno, malgrado carente depolíticas específicas para melhor viabilizar o seuuso, mostra-se promissora por ser menos custosa,a exemplo das hidrovias dos rios Madeira e Tietê-

Paraná. Em relação à navegação de cabotagem,nota-se escassez de oferta devido à baixaatratividade do negócio, atingindo as produçõesde arroz, fertilizantes, trigo e milho.

Atrasos na tecnologiae defesa agropecuária

O conhecimento é insumo fundamental paraa produção, inclusive na agricultura. Paísesdesenvolvidos investem significativamente emciências agrárias, desenvolvem conhecimento etecnologias. O não acesso pelo Brasil e aimpossibilidade de suprimento adequado pelageração própria (falta de recursos) pode deixar oPaís em atraso.

A Tabela 13 apresenta a produção científicapor regiões do mundo e alguns países pordisciplina. Para as ciências agrárias, o fundamentalsão a biologia fundamental e a biologia aplicada.A América do Norte e a Europa dominam essasduas áreas do conhecimento, com mais de 70%de toda a produção científica. China e Brasil sãodois países que vêm progredindo nos últimos anos,mas ainda são pouco significantes. A solução paraum país em desenvolvimento como o Brasiltransita necessariamente pela aquisição deconhecimentos básicos nestes centros deexcelência, por meio de treinamento, laboratóriosno exterior (Labex da Embrapa), consultorias,imigração de acadêmicos ou pessoas qualificadas,etc. Ainda que dominemos tecnologias tropicais

Tabela 13. Produção científica em 2001 (% emrelação ao mundo).

América do NorteÁsiaEuropaChinaJapãoBrasilÍndia

39,214,339,7

1,49,11,22,2

Biologiafundamental

Fonte: OST, 2004.

32,414,338,4

1,66,92,22,1

BiologiaaplicadaRegi„o/PaÌs

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de produção agrícola, os novos conhecimentosque estão em geração nos países desenvolvidos,como aplicações da nova biotecnologia, vãorevolucionar o modelo e as práticas de fazeragricultura e na agroindustrialização.

O controle sanitário, por sua vez, é funda-mental para a erradicação e prevenção de doen-ças dos animais e pragas dos vegetais, inspeçãoe classificação de produtos de origem animal, seusderivados, subprodutos e resíduos de valor econô-mico, inocuidade em produtos de origem animale vegetal e proteção ao meio ambiente, garan-tindo, com isso, a saúde pública para o consumidorbrasileiro e para as exportações do País.

A detecção de doenças e pragas, contudo,é uma das principais causas de barreiras tarifáriase não-tarifárias no comércio exterior. A descobertade casos de febre aftosa no Estado do Pará, porexemplo, gerou prejuízo de bilhões de dólares aoPaís. Além das questões de saúde pública e desaúde dos rebanhos e sanidade das lavouras, misterse faz considerar, também, os aspectos econô-micos do controle sanitário, uma vez que barreirasao comércio exterior podem causar desempregoe redução da renda em diversos segmentos doagronegócio. A erradicação de doenças e pragase a garantia de qualidade de produtos agrope-cuários para exportação são condições necessá-rias para a projeção do Brasil como grande supri-dor mundial de alimentos.

ConclusõesAs estimativas da AGE, para a soja no

Brasil, indicam que a produção em 2014–2015ficará em 83,9 milhões de toneladas, com 3,0milhões de toneladas abaixo da produção norte-americana para o mesmo período. O Brasil deveráser, também, país-chave na produção de açúcar,com 45,2 milhões de toneladas em 2014–2015, ena exportação desse produto, atingindo 24,0milhões de toneladas em 2014–2015 (59% dasexportações mundiais).

Deverá haver um reaquecimento nademanda mundial de cereais (milho, trigo e arroz)até 2015, explicado, em grande medida, pelo

aumento da demanda para alimentação animal.Apesar dos maiores supridores de cereais seremos países desenvolvidos, a América Latina será aúnica região que apresentará excedente deprodução até 2020. A produção no Brasilcrescendo a uma taxa média de 3,9% ao ano(trigo, arroz, milho e feijão), sendo que o Paíspermanecerá como importador líquido de arroz(100 mil toneladas em 2015) e trigo (6,3 milhõesde toneladas em 2015). Em relação ao milho, oBrasil aumentará a sua produção em 3,9% ao ano,alcançando 60,8 milhões de toneladas em 2014–2015, com exportações de 2 a 3 milhões detoneladas nesse ano.

Devido a mudanças nos hábitos alimenta-res, projeta-se significativo aumento da demandamundial de carnes, sobretudo a avícola, que seráo tipo de carne mais consumido nos países daOCDE e nos países em desenvolvimento até 2013.A produção brasileira de carne de frangos deverácrescer, no período de 1998 a 2015, em 4,5% aoano, atingindo 12,3 milhões de toneladas em 2015.Apesar do aumento de 4,2% ao ano nasexportações dessa carne, o País perderá, em 2006,a atual posição de líder mundial nas exportaçõesmundiais de carne de frango.

O Brasil registrará grande incremento deprodução de carne bovina até 2015, com taxaanual de 4,4% e de 8,6% ao ano nas exportações,atingindo nesse ano, 2,6 milhões de toneladas emantendo-se, pois, como o principal exportadormundial dessa carne. Por fim, a produção nacionalde carne suína chegará a 3,8 milhões de toneladasem 2015, com a produção brasileira crescendoem 2,6% ao ano e as exportações, em 7,8% (784mil toneladas em 2014–2015).

Estratégias do agronegócio brasileiroCrescente diversificação alimentar abrirá novasoportunidades ao agronegócio brasileiro

A tendência de urbanização e envelheci-mento da população mundial acarretará umadiversificação nos hábitos alimentares, sobretudonos países em desenvolvimento, gerando incre-mento significativo na demanda mundial por

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gêneros alimentícios de maior valor protéico,como carnes, de valores nutricionais, como frutas,além de açúcar.

O Brasil poderá beneficiar-se consideravel-mente dessas tendências. Mister se faz, portanto,que o País continue investindo na produção eexportação de carnes, cujo consumo mundialdeverá crescer, à exceção da carne bovina – queexperimentará, até 2014, um consumo estável –,aliado a um aumento significativo, até o biênio2011–2012, do consumo doméstico de carnebovina e avícola. É lícito salientar, ademais, que,segundo a OCDE, a carne de aves deverá ser otipo mais consumido entre os países desse blocoe os em desenvolvimento, constituindo-se, pois,importante indicativo para políticas públicas volta-das ao setor.

É alvissareiro, também, estimular o setorprodutivo de frutas no Brasil, cuja demandamundial, especialmente nos países com maiorestaxas de envelhecimento, deverá aumentar. Talestímulo deverá ser concedido, também, àprodução de orgânicos.

Por fim, a manutenção da atual posição decampeão mundial na produção e exportação deaçúcar deve ser priorizada, atendendo àsinalização do mercado mundial de crescimentoda demanda por esse produto em 1,9% ao anoaté 2013, sobretudo devido ao aumento da rendaper capita da população em países emdesenvolvimento, com ênfase na Ásia.

Esforços deverão ser envidados para atenderà crescente demanda do mercado chinês

Com rápido crescimento econômico e percapita, a China deverá configurar-se como um dosmais dinâmicos mercados importadores deprodutos do agronegócio para os próximos 10 anos.Projeta-se que, nesse período, a China deveráabsorver, com taxa de crescimento elevada,produtos como açúcar, etanol, frutas, soja, algodão,tabaco, madeira e laticínios.

Somente em relação ao açúcar, estima-seque, devido ao crescimento populacional, à

urbanização e ao incremento de renda per capita,o mercado chinês importará cerca de 7 milhõesde toneladas em 2020. Crescentes oportunidadesabrir-se-ão, também, em relação ao etanolbrasileiro, posto que o setor energético chinês ébastante dependente do petróleo externo e, comas estimativas de esgotamento do produto emescala global, deverão crescer as importaçõeschinesas por este produto, inclusive como partede investimento em uma matriz energéticachinesa mais limpa.

O Brasil deverá, também, investir noaumento da produção nacional de soja com vistasa atender à crescente demanda do mercadochinês. Optar pela redução da incidência de IVAde 13% sobre a importação chinesa de farelo desoja é igualmente estratégico para o País, umavez que há significativo crescimento do consumointerno chinês por esse produto.

O mercado chinês de carnes, sobretudo ode aves, deverá registrar grande aumento deconsumo (cerca de 716 mil toneladas em 2013),o que trará renovadas oportunidades ao Brasil.Apesar de grande produtora de algodão, a Chinadeverá aumentar rapidamente a importaçãodesse produto segundo a Associação Nacional deExportadores de Algodão (Anea, 2005): em 2020,a China comprará cerca de 42% de todo algodãoproduzido no mundo.

Pesquisa e tecnologia:o diferencial do agronegócio

O fomento à pesquisa e à cunhagem denovas tecnologias devem ser áreas priorizadaspelo governo brasileiro para o agronegócio. Abiotecnologia, a nanotecnologia e a engenhariagenética tornam-se, num cenário altamentecompetitivo, importantes diferenciais do País que,aplicados às cadeias agroindustriais, são capazesde agregar valor aos produtos finais, beneficiandofortemente as indústrias alimentar, farmacêutica,energética e química.

Entre os desafios para o futuro, o Ipea (2005ae b) aponta uma série de mudanças tecnológicasque devem alterar radicalmente o panorama da

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agropecuária, alcançando vantagens comparati-vas hoje existentes entre diversos países. É o casoda agricultura de precisão, da rastreabilidade egarantia de origem, além da transgenia. O trabalhoobserva, ainda, que a manutenção da competitivi-dade brasileira no campo exige, pois, um forteinvestimento, público e privado, em pesquisa deorganismos geneticamente modificados. AEmbrapa, que liderou a transformação doagronegócio brasileiro a partir de meados dos anos1970, tem potencial para transformar-se na líderde tecnologias de base agrícola (particularmentesementes), fornecendo soluções para a agriculturafamiliar, para o grande agronegócio, e inserindo-se internacionalmente na disputa da propriedadeintelectual (IPEA, 2005a e b).

Meio ambiente e sustentabilidade

Com a entrada em vigor do Protocolo deKyoto e do Mecanismo de DesenvolvimentoLimpo (MDL), os países dos chamado Anexo I(países industrializados) deverão reduzir em 5,2%as suas emissões de gases do efeito estufa (GEE)com relação aos níveis verificados em 1990. OMDL, contudo, flexibiliza essa obrigação, facul-tando a esses países que tiverem dificuldades emcumprir as suas metas de redução a investiremem projetos ambientalmente sustentáveis empaíses em desenvolvimento que seqüestrem oureduzam os GEE da atmosfera, recebendo, emtroca, créditos de carbono (CERs) por tonelada deGEE reduzido. O setor agropecuário brasileiro ébastante promissor em desenvolver projetos nessesentido.

Projetos de co-geração de energia elétricapor meio da utilização do bagaço da cana, do dearroz e o desenvolvimento da tecnologia dosbiodigestores (sobretudo suínos), além do estímuloà produção de biocombustíveis, são atividadeselegíveis de emissão de CERs, capazes de alocarimportantes recursos e gerar renda no campo.Ademais, o florestamento, o reflorestamento, asculturas agroflorestais, além do plantio diretoestão, igualmente, entre os principais projetosbrasileiros de seqüestro de GEE. Projeta-se que

uma grande janela de oportunidade deve-se abrirno País para o cultivo de florestas, cujo carvãovegetal tende a substituir o carvão mineraleuropeu.

Por fim, é oportuno mencionar que seregistra, cada vez mais, crescente demandainternacional por produtos com menores impactosambientais possíveis. O selo da sustentabilidadetende a tornar-se importante exigência demercados externos, sobretudo por parte daseconomias desenvolvidas. A agricultura orgânicapossui, nesse quesito, papel de significativarelevância, tendo esse setor crescido, no Brasil,em cerca de 20%, devido, em grande medida, aoaumento da parcela exportada (80% da produção).É imperioso, assim, fomentar o cultivo deorgânicos, inclusive o extrativismo sustentável,com vistas a agregar valor aos produtos doagronegócio, com preservação do meio ambiente.Neste sentido, há, também, promissorasperspectivas para os negócios relacionados aprodução, extração e transformação da madeirade espécies plantadas.

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Mercado de carnesAspectos descritivos eexperiências com o uso demodelos de equilíbrio parciale de espaço de estados

Resumo: Neste trabalho, apresentam-se aspectos descritivos do mercado internacional de carnes (bovina,suína e de frango), com ênfase na participação brasileira. O modelo de equilíbrio parcial da Organizaçãopara Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD/Aglink) é ajustado estatisticamente àsobservações do mercado brasileiro de carnes. Investiga-se a consistência do Aglink em dois contextos:o da concordância entre elasticidades especificadas e estimadas, e do outlook ou previsão, ante aevolução temporal das observações disponíveis. Conclui-se dessa análise que existem diferençasmarcantes em ambas as dimensões. Há instâncias relevantes em que as observações não suportam asespecificações e as previsões do modelo. No longo prazo, à medida que séries de tempo maiores setornem disponíveis, acredita-se que os modelos ajustados via séries de tempo, como o procedimentode espaço de estados, sejam de uso mais expedito quanto ao propósito de previsão ad hoc nos mercadosdo que os modelos de equilíbrio parcial. Estes últimos devem ser mais bem ajustados à realidade dasobservações disponíveis por meio do uso de especificações mais aceitáveis das elasticidades presentesnas curvas de oferta e de demanda. Só assim esses modelos se tornam interessantes do ponto de vistada avaliação de choques exógenos e de políticas setoriais específicas.

Palvras-chave: comércio de carnes; modelos de equilíbrio parcial; modelo de espaço de estados;elasticidade de produtos agrícolas; séries temporais.

Abstract: This article presents some descriptive aspects of the world meat (beef, pork and poultry)market emphasizing the Brazilian participation. A partial equilibrium model for the meat market, derivedfrom the Aglink model developed by OECD, is fit to Brazilian data. The consistence of Aglink isinvestigated in two contexts: the agreement between estimated and pre-specified values of elasticitiesand the agreement of the outlook or forecast of economic variables relative to observed and predictedvalues obtained via state space modeling. It is concluded from this analysis that sizable differencesexist in both dimensions. There are relevant instances in which the observations do not support thespecifications of the elasticities and the outlook proposed by OECD. In the long run, as more observationsbecome available it is believed that time series methods such as state space modeling would be moreexpeditious for the purpose of ad hoc forecasts than partial equilibrium models. These should be adjusted

Rosaura Gazzola1

Carlos Henrique Motta Coelho2

Geraldo da Silva e Souza3

Renner Marra4

Antônio Jorge de Oliveira5

1 Técnico Nível Superior da Embrapa, [email protected] Consultor da Embrapa, [email protected] Pesquisador da Embrapa, [email protected] Técnico Nível Superior da Embrapa, [email protected] Pesquisador da Embrapa, [email protected].

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better to the reality of the available observations through the use of more acceptable specifications ofsupply and demand elasticities. Only in this context partial equilibrium models become interesting fromthe point of view of assessing the effects of exogenous shocks and of specific sector policies.

Key-words: meat market; partial equilibrium models; state space modeling; elasticity of agriculturalproducts; multivariate time series.

IntroduçãoRecentemente, têm-se notado interesse

pelos órgãos gestores de políticas econômicas noBrasil e de muitos pesquisadores, na utilizaçãode modelos de equilíbrio geral e parcial para aavaliação quantitativa de efeitos de políticas e dechoques exógenos em vários construtos econô-micos.

Exemplos típicos de modelos de equilíbriogeral aplicados à economia brasileira envolvemvariações do Modelo Monash (ADAMS et al, 1994;DIXON; PARMENTER, 1996) desenvolvido paraa economia australiana, e do modelo GTAP(HERTEL, 1997). Representantes dessa literaturasão Haddad e Hewings (2005) e Domingues eHaddad (2005). No contexto dos modelos deequilíbrio parcial orientados especificamente parao mercado de commodities agrícola, são de usocomum os modelos de equilíbrio simultâneo e degeração de outlooks elaborados por alguns órgãosinternacionais e algumas universidades. De parti-cular importância são os modelos da Organizaçãopara Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OECD/Aglink), do Departamento de Agriculturados EUA (Usda) e o modelo conhecido como Foodand Agricultural Policy Research Institute (Fapri)das universidades de Iowa e Missouri-Columbia.

Tipicamente, todos os modelos de equilíbriogeral ou parcial citados são essencialmentedeterminísticos. Fazem uso, em sua especifi-cação, de funções de oferta e demanda nasfamílias CES, Cobb-Douglas ou Leontief. Osparâmetros dessas formas funcionais são fixadosa priori com o uso de elasticidades obtidas deoutras instituições. As elasticidades-substituição,por exemplo, são retiradas de um conjuntoconhecido como elasticidades de Armington. Omodelo Aglink faz uso de formas do tipo Cobb-Douglas com as elasticidades de oferta e

demanda, especificadas pela Organização dasNações Unidas para Agricultura e Alimentação(FAO). Esses parâmetros são raramente estimadose presume-se que sejam suportados pelos dadosdisponíveis no âmbito das aplicações a que essesmodelos se propõem.

Neste artigo, tem-se por objetivo apresentaraspectos descritivos do mercado de carnes noBrasil e no mundo e avaliar a performance e aconsistência do modelo Aglink. Os modelos deequilíbrio parcial definidos pelo Aglink são departicular interesse dado o envolvimento daEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa) em sua elaboração, tanto no âmbito deespecificação de suas equações, como nofornecimento dos dados necessários à elaboraçãodo outlook brasileiro produzido pela OECD.

Nossa exposição procede como segue. NaSeção 2, apresentam-se as característicasdescritivas do mercado mundial de carnes,enfatizando a participação do Brasil. Na Seção3, apresenta-se a formulação do Aglink para omercado brasileiro de carnes. Examinam-se aconsistência das equações do Aglink por meio dacomparação das elasticidades especificadas pelomodelo com as estimativas obtidas pelos métodosnão-lineares. Na Seção 4, considera-se umaalternativa para a caracterização de umaperspectiva futura de mercado, com base em ummodelo disponível para previsão de sériestemporais multidimensionais. Esse outlookeconométrico é então comparado com oproduzido pela OECD e pelo Aglink. Na Seção5, faz-se uma avaliação adicional do Aglink peloajuste das equações dos mercados de carne suínae de frango para os Estados Unidos. Essa avaliaçãotem particular interesse, uma vez que existemgraus de liberdade suficientes disponíveis paraestimação. Finalmente, na Seção 6, apresentam-se as conclusões e um resumo dos resultadosprincipais apresentados no artigo.

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Aspectos descritivos domercado de carnes

O estudo do mercado de carnes é deextrema importância para o Brasil, tendo em vistasua participação nas exportações brasileiras. Oagronegócio brasileiro representa 37% do total dasexportações brasileiras, com 18% desse total doagronegócio referente à participação das carnes(BRASIL, 2006).

Desse modo, torna-se necessário um estudocuidadoso das variáveis econômicas quecompõem esse mercado. Essa é a motivaçãofundamental do estudo de modelos economé-tricos, por parte da Embrapa, do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento e de váriosórgãos internacionais, que sirvam ao propósito deexplicar o comportamento dos agentes queinteragem nesse e em outros mercados decommodities de importância para o agronegóciobrasileiro.

A importância quantitativa do agregadocarnes, que é dominado por produtos de origembovina, suína e de frango, pode ser depreendidada Tabela 1, em que se apresenta a evolução das

exportações brasileiras totais, das exportaçõesgeradas pelo agronegócio como um todo e dasexportações de carne. O total das exportaçõesde carne tem crescido significativamente,representando em 2005: 6,74% do volume totaldas exportações brasileiras e 18,29% do total dasexportações geradas pelo agronegócio.

Do ponto de vista dos agregados interna-cionais, a participação brasileira também éextremamente relevante. Sob a ótica da oferta,os dados da FAO (2006) indicam que a produçãomundial de carne está concentrada basicamentenos Estados Unidos, União Européia, China eBrasil. Esses quatro países representaram poucomais de 70% da produção mundial de carnebovina, 80% da produção de carne suína e 58%da produção de carne de aves no período 1995–2004.

Quando se trata da produção de carnes noperíodo estudado, o Brasil aparece como terceiroprodutor mundial de carne bovina e de aves equarto produtor mundial de carne suína. O Brasiltambém apresenta, no mesmo período, as maiorestaxas de crescimento geométrico anual da

Tabela 1. Brasil – Exportações totais, agronegócio e complexo carnes.

19891990199119921993199419951996199719981999200020012002200320042005

34.38331.41431.62038.50538.55543.54546.50647.74752.99451.14048.01155.08658.22360.36273.08496.475

118.308

Total(a)

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) – Secex (BRASIL, 2006).

655615863

1.1521.3081.3181.2831.4941.5431.5671.8781.8942.8563.1194.0856.1447 . 9 7 7

Carnes(c)

Ano

13.92112.99012.40314.45515.94019.10520.87121.14523.40421.57520.51420.61023.86324.83930.63939.01643.601

AgronegÛcio(b)

US$ milhıes

40,4941,3539,2337,5441,3443,8744,8844,2944,1642,1942,7337,4140,9941,1541,9240,4436,85

(b/a)

4,704,736,967 ,978,216,906,157,076,597,269,159,19

11,9712,5613,3315,7518,29

(c/b)

1,901,962,732,993,393,032,763,132,913,063,913,444,905,175,596,376,74

(c/a)

%

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produção de carne bovina, suína e de frango.Estima-se, com dados da FAO (2006) e OECD(2006), que as taxas de crescimento da produçãode carne bovina sejam da ordem de 4,67%(±0,3%), de carne suína da ordem de 7,41%(±1,5%) e da carne de aves da ordem de 8,72%(±0,4%), superando em muito as taxas decrescimento da produção observadas em outrospaíses como Estados Unidos, China e o agregadoUnião Européia.

Sob a ótica das exportações, em 2005, oBrasil foi o maior exportador mundial de carnebovina (2,39 milhões de toneladas) (ABIEC, 2006)e de carne de aves (2,88 milhões de toneladas)(ABEF, 2006). Quando se trata de carne suína, oBrasil ficou em quarto lugar nas exportaçõesmundiais, atrás da União Européia, Estados Unidose Canadá (OECD, 2006; USDA, 2006).

O Brasil possui elevadas taxas de cresci-mento anual geométrico no volume das exporta-ções de carnes bovina, suína e de aves. Estimam-se essas taxas em 24,94% (±1,3%) para carnebovina, 34,21% (±2,7%) para carne suína e20,98% (±1,1%) para carne de aves, no períodoanalisado: 1995–2005 (OECD, 2006).

Finalmente, sob a ótica do consumo, noperíodo 1995–2004, o Brasil ocupa a segundaposição mundial no consumo de carne bovina ede aves (FAO, 2006) e a quarta posição no consu-mo de carne suína (OECD, 2006).

Um modelo de equilíbrio parcialA partir deste ponto, discute-se o uso de

modelos de equilíbrio parcial para a descrição docomportamento dos mercados de carnes no Brasil.Estudam-se os mercados de carne bovina, suínae de aves, separadamente. Modelos semelhantesaos apresentados aqui são utilizados por órgãosinternacionais para a caracterização dos merca-dos de commodities.

Tipicamente, esses modelos têm formasfuncionais completamente especificadas. Porespecificação completa entende-se a caracte-rização da fórmula definidora da forma funcionale a atribuição de valores exógenos para as váriaselasticidades que aparecem no modelo resultante.

O processo conhecido como calibração dizrespeito à estimação das constantes nãoespecificadas. O sistema de equações resultanteé utilizado no estudo do impacto potencial depolíticas setoriais e no estabelecimento depanoramas ou perspectivas futuras para osdiversos construtos envolvidos, tais comoquantidades produzidas, consumidas, importadase exportadas.

Neste artigo, nosso interesse concentra-sena classe de modelos desenvolvida pela OECD(2004), uma vez que a Embrapa tem servido comocolaboradora e fonte de informação para esseórgão. É nosso interesse avaliar a performancedos modelos da OECD em dois contextos.Primeiramente, em termos de sua consistênciacom os valores estimados para as constantes eelasticidades segundo a ótica de uma abordagemcompletamente econométrica, com o uso demínimos quadrados não-lineares em dois estágios(GALLANT, 1987). Finalmente, sob a ótica daconsistência do outlook da OECD para o mercadobrasileiro com as previsões geradas por outrosmétodos notadamente com o processo de previsãoproduzido com base na técnica de espaço deestados (AKAIKE, 1976).

Variáveis e equações – Carne bovinaComeçamos nossa discussão com o mer-

cado de carne bovina. A Tabela 2 apresenta adescrição das variáveis econômicas envolvidasna especificação do modelo de equilíbrio parcialpara esse mercado, acrescida de algumasvariáveis que só aparecem nos modelos de carnesuína e de frango. Com pequenas modificações,a notação é a mesma utilizada pela OECD (2004).De um modo geral a descrição das variáveis paraa carne bovina é similar às de carne suína e defrango. Os modelos específicos dessas commo-dities exigem apenas pequenas modificações queapresentaremos no momento apropriado.Tipicamente, com exceção de BF_CI, obtém-se avariável correspondente específica para suínos oufrangos substituindo-se a sigla BF por PK ou PT,respectivamente.

O modelo de equilíbrio parcial para omercado de carne bovina compõe-se de umconjunto de cinco identidades e quatro equações.As equações de oferta do mercado de carnes são

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definidas por funções do tipo qp = f(p, pi, cov) sendop o preço de mercado do produto em análise, pi,preço de insumos, e cov, um vetor de covariáveisque afetam a oferta. As curvas de demanda têm aforma qc = f(p, ps, i, cov) sendo ps os preços debens substitutos, i, a renda, e cov, uma covariáveldemográfica.

A Tabela 3 descreve as identidades e equa-ções para o mercado de carne bovina. Na Tabela3, a identidade ID-01 estabelece que o total daexportação de carne bovina compõe-se do totalda exportação de carne acrescida do total daexportação de animais vivos. A identidade ID-02estabelece que o total da exportação de carnecoincide com a produção total de carne +

importação total de carne - exportação de animaisvivos - consumo interno de carne + valor defasadodo estoque final - estoque final. A identidade ID-03 afirma que o total da importação de carnecoincide com o total da importação - importaçãode animais vivos. A identidade ID-04 é o saldo dabalança comercial de carne bovina e a identidadeID-05 estabelece que o total de carne de animaisabatidos coincide com a produção de carne+importação de animais vivos - exportação deanimais vivos. A Tabela 4 apresenta duasequações de oferta, uma para produção (BF_QP)e outra para o número de vacas de corte (BF_CI),uma de demanda (consumo) e uma fórmuladefinindo um ajuste de preços.

Tabela 3. Identidades para o mercado de carne bovina.

ID-01ID-02ID-03ID-04ID-05

BF_EX= BF_EXM+ BF_EXLBF_EXM= BF_QP+ BF_IM- BF_EXL -BF_QC+ BF_ST (-1)- BF_STBF_IMM=BF_IM-BF_IMLBF_NT=BF_EX-BF_IMBF_QPS=BF_QP+BF_IML-BF_EXL

EspecificaÁ„o

Fonte: OECD, 2004.

Identidade

Tabela 2. Variáveis para o mercado de carne bovina.

BF_CIB F _ P PB F _ Q CB F _ Q PME_FECIME_CPIM D _ C P C IME_GDPIME_POPMK_CIM E _ X RMER_BF_XPBF_EXBF_EXMBF_IMMB F _ N TB F _ Q P SBF_EXLBF_IMBF_IMLB F _ S T

EndógenaEndógenaEndógenaEndógenaExógenaExógenaExógenaExógenaExógena

EndógenaExógenaExógena

EndógenaEndógenaEndógenaEndógenaEndógenaExógenaExógenaExógenaExógena

Tipo

Fonte: OECD, 2004.

Vari·vel

Estoque de vacas de cortePreço recebido por produtores de carne bovinaConsumo de carne bovinaProdução de carne bovinaÍndice de custo de alimentaçãoÍndice de preços ao consumidorÍndice de custo de produção de animais e lácteosÍndice do produto interno brutoPopulaçãoEstoque de vacas leiteirasTaxa de câmbioPreço da carne no MercosulExportação total de carne bovinaExportação de carne bovinaImportação de carne bovinaBalança comercial de carne bovinaProdução de animais abatidosExportação de animais vivosImportação de carne bovinaImportação de animais vivosEstoques finais de carne bovina

DescriÁ„o

1.000 cabeçasR$/100 kg1.000 t1.000 t

Número1.000 cabeçasReal/USDUSD/100 kg1.000 t1.000 t1.000 t1.000 t1.000 t1.000 t1.000 t1.000 t1.000 t

Undiade

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Tabela 4. Equações do modelo de equilíbrio parcial de carne bovina(1).

Estoque de vacas decorte (BF_CI)

Preço ao produtor(B F_PP )

Demanda (BF_QC)

Oferta (BF_QP)

BF_CI=EXP (B_01_00 +B_01_01*LOG (BF_PP/ MD_CPCI)+B_01_02*LOG (ME_FECI(-1) / MD_CPCI (-1)) * (2/3) + (ME_FECI/MD_CPCI) * (1/3) +B_01_05*LOG (BF_CI (-1 ) ) )

BF_PP=EXP(B_02_00 +LOG(MER_BF_XP * ME_XR) )

BF_QC=EXP(B_03_00+B_03_01*LOG(PT_PP/ ME_CPI) +B_03_02*LOG(BF_PP/ME_CPI)+B_03_03*LOG(PK_PP/ ME_CPI) +B_03_04*LOG(ME_GDPI/ ME_POP)+LOG(ME_POP) )

BF_QP=EXP (B_04_00+B_04_01*LOG (BF_PP/ MD_CPCI)+LOG(BF_CI(-1)+ MK_CI(-1)))

FÛrmula

(1) As constantes B_0i_0j são parâmetros. A primeira componente 0i refere-se ao número da equação. Logs são considerados na base neperiana. Anotação (-j) representa defasagem j.Fonte: OECD, 2004.

EquaÁ„o

Variáveis e equações – Carne suínaO modelo de comportamento do mercado

de carne suína compõe-se de uma identidade ede duas equações, oferta (produção) e demanda(consumo), descritas na Tabela 5. Como ressalta-mos anteriormente, as variáveis envolvi-das nomercado de carne suína são definidas de modoanálogo às do mercado de carne bovina, com asubstituição de BF por PK. A identidade domercado de carne suína vem dada por ID-06:PK_EX=PK_QP+PK_IM-PK_QC+ PK_ST (-1)-PK_ST e estabelece que o total da exportação=

produção + importação-consumo+estoque finaldefasado - estoque final.

Variáveis e equações –Carne de frango

O modelo de mercado para a carne defrango compõe-se da identidade ID-07, definidapor PT_EX=PT_QP+PT_IM-PT_QC que carac-teriza o total da exportação e pelas três equaçõesapresentadas na Tabela 6, que correspondem àoferta (produção), demanda (consumo) e a umajuste de preços.

Tabela 5. Equações para o mercado de carne suína.

Oferta (PK_QP)

Demanda (PK_QC)

PK_QP=EXP (B_05_00+B_05_01*LOG(PK_PP(-1)/ MD_CPCI (-1))+B_05_02*LOG((ME_FECI (-2) / MD_CPCI (-2)) * (2/3)+ (ME_FECI (-1) / MD_CPCI (-1)) * (1/3))+B_05_03*LOG (PK_QP (-1)))

PK_QC=EXP(B_06_00+B_06_01*LOG(PT_PP/ME_CPI)+B_06_02*LOG(BF_PP/ME_CPI)+B_06_03*LOG(PK_PP/ME_CPI)+B_06_04*LOG(ME_GDPI/ME_POP)+LOG(ME_POP)

FÛrmulaEquaÁ„o

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Análise de dados – Calibraçãoe inferência estatística

O conjunto de equações definindo o merca-do brasileiro de carnes é estimado, separada-mente, sob a ótica de duas abordagens distintas.Primeiramente, com o uso de calibração, queenvolve simplesmente o ajuste econométrico dosparâmetros com a especificação final 00. A seguir,faz-se uso da técnica de mínimos quadrados não-lineares em dois estágios, aplicada a cadamercado (GALLANT, 1987). Como valores iniciaispara cada um dos modelos, utilizam-se os valoresresultantes da calibração e as elasticidadesespecificadas pela OECD (2004). A base de dadosutilizada no exercício estatístico compreende operíodo de 1995 a 2005. Esse é o período utilizadopela OECD na elaboração de seu outlook maisrecente. Essa base de dados está disponível naEmbrapa, Secretaria de Administração Estratégicae na OECD (2006). O software utilizado na análisefoi o SAS v9.1.3, PROC MODEL.

Ressalta-se aqui que o número reduzido deobservações disponíveis leva a questionamentosquanto à validade de resultados distribucionais as-sintóticos. No entanto, a julgar pelo comportamen-to típico de testes estatísticos em pequenas amos-tras, poder-se-ia esperar intervalos de confiançamais amplos e, nesse contexto, maiores chancespara a compatibilidade entre as elasticidadesespecificadas e as estimadas estatisticamente.

A Tabela 7 apresenta as estatísticas debondade do ajuste (goodness of fit) de mínimosquadrados não-lineares em dois estágios para as

equações definidoras do mercado de carnes. Todosos ajustes são significantes, embora a capacidadede previsão da equação de oferta de frango sejabastante reduzida.

A Tabela 8 apresenta os resultados obtidospara o mercado de carne bovina. Os valorescorrespondentes à coluna OECD referem-se aoprocesso de calibração e às elasticidades em usopela OECD, conforme o caso. Existem mudançasde sinais nas estimativas pontuais da maioria dosparâmetros. A maioria dos valores especificadossitua-se fora dos intervalos de confiança. Departicular importância são as mudanças de sinalobservadas nos coeficientes do preço da carnebovina nas equações de oferta (B_01_01 eB_04_01).

A Tabela 9 mostra os resultados para carnesuína. A única discrepância importante encontradadiz respeito ao parâmetro B_06_01, coeficientedo preço da carne de frango (bem substituto) na

Tabela 6. Equações do mercado de frango.

Preço ao Produtor( P T _ P P )

Oferta (PT_QP)

Demanda (PT_QC)

PT_PP=EXP (B_07_00 +LOG (USA_PT_PP*ME_XR) )

PT_QP=EXP (B_08_00+B_08_01*LOG (PT_PP/MD_CPCI) +B_08_02*LOG((ME_FECI (-1) / MD_CPCI (-1)) * (2/3) + (ME_FECI/MD_CPI) * (1/3)))

PT_QC=EXP (B_09_00+B_09_01*LOG(PT_PP/ME_CPI)+B_09_02*LOG(BF_PP/ME_CPI)+B_09_03*LOG(PK_PP/ME_CPI) +B_09_04*LOG(ME_GDPI/ME_POP)+LOG(ME_POP) )

FÛrmulaEquaÁ„o

Tabela 7. Estatísticas de bondade do ajuste(1).

BF_C IB F _ P PB F _ Q CB F _ Q PP K _ Q CP K _ Q PP T _ P PP T _ Q CP T _ Q P

710

6967

1068

GLEquaÁ„o

704.952,01.683,9

29.547,2750.270,0

31.053,275.002,9

410,5282.838,0

3.729.135,0

EMQ

0,9230,7640,8750,4190,8940,8520,7670,8460,111

R2

(1) Mínimos quadrados não-lineares em dois estágios. EMQ representa oerro médio quadrático e R2 o coeficiente de determinação.

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coeficiente do índice de preços do frango B_08_01e dos insumos B_08_02, mas os valores especifi-cados encontram-se dentro do intervalo devariação esperado.

Previsão via espaço de estadosUm modelo útil, automático e de fácil

implementação, para a obtenção de previsão deséries temporais multivariadas estacionárias, é ofornecido por Akaike (1976) e conhecido comorepresentação em espaço de estados. É particular-mente interessante para aplicação em séries nãoestacionárias quando estas são integradas deordem 1, de sorte que podem ser reduzidas àestacionaridade pelo cálculo de diferenças.

A representação em espaço de estados deuma série temporal estacionária multivariada dedimensão r pode ser vista em detalhes emBrocklebank e Dickey (2004). Tem a forma

zt = Fz

t-1 + Ge

t

em que zt é um processo estocástico vetorial dedimensão s>r, cujas r primeiras componentescoincidem com x

t e as demais s–r contêm toda a

informação necessária para a previsão de valoresfuturos de z

t. F é uma matriz de transição sxs , G

é uma matriz sxr e et é um vetor de erros ou cho-

ques, de dimensão r. A seqüência et é um ruído

branco multivariado com vetor de médias nulo ematriz de variâncias-covariâncias Σ. Tipicamenteos parâmetros da representação em espaço deestados são estimados via máxima verossimi-

equação do consumo. Relativamente, aos valoresda OECD têm o sinal trocado e está fora dointervalo de confiança. Há uma troca de sinal paraa constante B_06_00, mas o valor calibradopertence à região de confiança.

Tabela 9. Mercado de carne suína(1).

B_05_00B_05_01B_05_02B_05_03B_06_00B_06_01B_06_02B_06_03B_06_04

1,3640,325

-0,2000,8001,0000,1800,200

-0,5500,440

OECDPar‚metro

1,8530,102

-0,1790,829

-5,546-0,6962,338

-0,4880,497

Estimativa

7,2601,1320,7181,2401,6640,0803,6620,4711,317

Lsup

-3,554-0,929-1,0760,418

-12,755-1,4711,014

-1,446-0,324

Linf

A Tabela 10 apresenta os resultados paracarne de frango. Na equação de consumo, ointercepto apresenta-se com valor calibrado forado intervalo de confiança e há uma mudança desinal na elasticidade B_09_04 que, no entanto, seencontra dentro do intervalo de confiança. Naequação de oferta, há uma mudança de sinal no

Tabela 8. Mercado de carne bovina(1).

B_01_00B_01_01B_01_02B_01_05B_02_00B_03_00B_03_01B_03_02B_03_03B_03_04B_04_00B_04_01

1,0510,231

-0,0210,8000,4783,8290,180

-0,4200,1700,530

-2,4250,050

OECDPar‚metro

-2,374-0,036-0,0211,2530,524

-2,9820,2220,153

-0,1670,11 71,687

-0,712

Estimativa

0,6940,2080,1081,5260,619

-0,6960,4780,5890,1320,3868,4780,538

Lsup

-5,441-0,280-0,1490,9800,430

-5,268-0,034-0,283-0,466-0,153-5,104-1,961

Linf

(1) Valores calibrados (OECD) e resultantes de mínimos quadra-dos não-lineares em dois estágios. Linf e Lsup são limites de confiança a 95%obtidos por meio da técnica de Wald.

Tabela 10. Mercado de carne de frango(1).

B_07_00B_08_00B_08_01B_08_02B_09_00B_09_01B_09_02B_09_03B_09_04

-0,6678,3240,450

-0,2702,712

-0,6200,3000,2300,500

OECDPar‚metro

-0,37611,075-0,9950,433

-13,476-0,0110,4160,592

-0,403

Estimativa

-0,28019,3951,1192,675

-4,4540,9262,0571,7250,611

Lsup

-0,4722,756

-3,108-1,809

-22,499-0,948-1,225-0,541-1,416

Linf

(1) Valores calibrados (OECD) e resultantes de mínimos quadrados não-lineares em dois estágios. Linf e Lsup são limites de confiança a 95%obtidos por meio da técnica de Wald.

(1) Valores calibrados (OECD) e resultantes de mínimos quadra-dos não-lineares em dois estágios. Linf e Lsup são limites de confiança a 95%obtidos por meio da técnica de Wald.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 92

lhança supondo-se que o vetor de choquesresiduais tem distribuição normal multivariada. Ainconveniência desta hipótese, neste contexto,parece similar a existente com o uso da mesmahipótese no ajuste de modelos ARMA. De qualquermodo, para a aplicação em apreço, o númeroreduzido de observações (1995–2005) nos pareceum fator bem mais restritivo do que as hipótesesdistribucionais sobre o ruído e

t.

O modelo de espaço de estados, comoformulado aqui, pode ser ajustado no SAS v9.1.3pelo procedimento STATESPACE. Utilizamos esseprocedimento para produzir um outlook para ospróximos 3 anos dos mercados de carne bovina,suína e de frango separadamente. Faz-se misterobservar primeiramente que todas as variáveis deinteresse para projeção aparentemente se comportamcomo variáveis integradas de ordem 1. Estas sãodefinidas pela produção, consumo, importação,exportação e preços de cada um dos produtos sobestudo tal como são definidos no modelo Aglink.

Um ponto importante a considerar do pontode vista econométrico é a amplitude de previsão,i.e, quantos passos à frente pretende-se produzirestimativas. Tipicamente, os intervalos de previsãose tornam tão amplos que qualquer previsão torna-se inútil para períodos superiores a 1 ou 2 anos.Por essa razão apresentamos aqui previsõesapenas para o futuro próximo.

Carne bovinaAs Fig. 1 a 4 e as Tabelas 11 a 14 mostram

as observações, o outlook produzido pela OECDe as previsões, 3 anos à frente, via espaço deestados, com os respectivos intervalos a 95% deconfiança das variáveis BF_EX (exportação),BF_QP (produção), BF_QC (consumo) e BF_IP(preços), respectivamente. O índice de preçoBF_IP é o preço americano multiplicado pela taxade câmbio real. Nota-se nesse conjunto de figurasa pior performance no mercado de carnes dooutlook OECD, que tem por base informação até2004. O outllook subestima os níveis das sériesde produção e exportação. Observa-se aqui amaior consistência do procedimento de espaçode estados, o qual, sem nenhuma hipóteseestrutural, gera previsões aparentemente maisfidedignas.

Fig. 1. Exportação brasileira de carne bovina BF_EX(1).(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaçode estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

Fig. 2. Produção brasileira de carne bovina BF_QP(1).(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaçode estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

Fig. 3. Consumo brasileiro de carne bovina BF_QC(1).(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaçode estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

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Fig. 4. Evolução dos preços internacionais da carnebovina BF_IP(1).(1) A variável PRO representa projeção e Linf e Lsup, os limites de confiança paraa projeção no nível de 95%.

Tabela 11. Exportação brasileira de carne bovina BF_EX(1).

285,29278,99286,30377,75560,58580,70822,00965,00

1.247,021.386,501.427,721.399,751.434,151.452,34

AG

675,16463,94516,45911,84799,84

1.024,011.224,491.451,631.889,422.319,232.513,732.980,153.367,13

Lsup

258,0246,8099,31

494,71382,71606,88807,35

1.034,491.472,291.902,092.096,602.068,982.020,33

Linf

466,59255,37307,88703,28591,27815,45

1.015,921.243,061.680,852.110,662.305,162.524,562.693,73

PRO

285,10278,40286,70377,60559,90591,90858,30

1.006,001.300,801.854,402.100,00

BF_EX

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

Tabela 12. Produção brasileira de carne bovina BF_QP(1).

55296045497350666413

6.578,86.823,6

7.1397.530,1787.844,1358.169,565

8.212,78.259,645

8.411,56

AG

6.027,7096.158,3026.420,8036.724,0856.841,2227.231,0597.600,5037.990,8358.495,5049.192,5899.447,185

9.953,0510.454,68

Lsup

5.442,2915.572,8845.835,3866.138,6676.255,8056.645,6417.015,0867.405,4187.910,0868.607,1718.861,7689.062,4179.253,261

Linf

57355.865,5936.128,0956.431,3766.548,5136.938,35

7.307,7957.698,1268.202,7958.899,88

9.154,4769.507,7339.853,97

PRO

54006045582060406270665069007300770083508750

BF_QP

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaço de estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a95%.

(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaço de estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeçãoa 95%.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 94

O mercado de carne bovina apresentatendência decrescente no preço internacionalmedido em reais. Note-se que nesse contexto oprocedimento de previsão da série é automático,isto é, não foram efetuadas previsões separadasde preços e da taxa de câmbio.

Carne suínaAs Fig. 5 a 8 e as Tabelas 15 a 18 mostram

as observações, o outlook produzido pela OECD

e as previsões, 3 anos à frente, via espaço de estados,com os respectivos intervalos a 95% de confiançadas variáveis PK_EX (exportação), PK_QP (produção),PK_QC (consumo) e PK_IP (preços), respectivamente.O índice de preço PK_IP é o preço Mercosulmultiplicado pela taxa de câmbio real.

Contrariamente ao caso da carne bovina,nota-se nesse conjunto de figuras um acordorazoável entre os procedimentos de espaço deestados e o outlook da OECD. O mercado decarne suína também apresenta tendência decres-cente no preço internacional medido em reais.

Tabela 14. Preço internacional da carne bovina BF_IP(1).

140,93150,99170,79164,99178,02169,52156,76151,24135,86114,02117,90121,82134,52

Lsup

108,36118,42138,23132,42145,45136,95124,19118,68103,29

81,4685,3369,1851,79

Linf

124,65134,71154,51148,70161,73153,24140,47134,96119,5797,74

101,6295,5093,15

PRO

126,89124,47138,65163,98149,82149,04143,95132,92146,33116,16104,41

BF_IP(2)

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

Tabela 13. Consumo brasileiro de carne bovina BF_QC(1).

5.559,896.032,704.874,114.834,285.909,796.074,606.043,806.209,186.321,196.495,436.780,846.850,956.863,496.997,22

AG

5.980,076.083,906.278,056.107,426.322,396.455,756.632,396.808,516.852,237.158,617.175,797.311,717.504,52

Lsup

5.367,935.471,755.665,905.495,285.710,255.843,616.020,246.196,376.240,096.546,476.563,646.610,866.708,47

Linf

5.674,005.777,825.971,985.801,356.016,326.149,686.326,316.502,446.546,166.852,546.869,716.961,287.106,49

PRO

5.559,896.021,905.709,735.799,895.788,176.158,006.091,006.391,886.462,946.548,706.701,00

BF_QC

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

(1) V alores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaço de estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeçãoa 95%.

(1) PRO é a projeção via espaço de estados e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.(2) R$/100 kg

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200695

Fig. 5. Exportação brasileira de carne suína PK_EX(1).(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaçode estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

Fig. 6. Produção brasileira de carne suína PK_QP(1).(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaçode estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

Fig. 7. Consumo brasileiro de carne suína PK_QC(1).(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaçode estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

Fig. 8. Evolução dos preços no Mercosul de carnesuína PK_IP(1).(1) A variável PRO representa projeção e Linf e Lsup os limites de confiança paraa projeção no nível de 95%.

Tabela 15. Exportação brasileira de carne suína PK_EX(1).

32,0055,0096,00

119,00123,00141,10283,30474,00550,00515,92590,59616,99642,85671,14

AG

164,48167,03183,22137,05188,81335,38533,11583,96603,47627,93714,25812,32942,16

Lsup

26,2428,7944,98-1,1950,56

197,14394,87445,72465,23489,69576,01556,81525,47

Linf

95,3697,91

114,1067,93

119,69266,26463,99514,84534,35558,81645,13684,57733,82

PRO

36,5064,4063,8081,6087,30

127,90265,20475,90495,50507,70625,10

PK_EX

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaço de estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a95%.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 96

Tabela 16. Produção brasileira de carne suína PK_QP(1).

1.430,001.600,001.520,001.650,001.748,002.556,002.730,002.872,002.710,002.371,342.603,492.797,942.907,993.000,00

AG

2.016,482.368,802.112,542.272,252.478,543.194,113.326,143.152,223.235,623.270,633.238,993.607,013.961,02

Lsup

1.103,921.456,241.199,971.359,681.565,972.281,552.413,572.239,662.323,052.358,062.326,422.248,982.243,95

Linf

1.560,201.912,521.656,261.815,962.022,252.737,832.869,852.695,942.779,332.814,342.782,702.927,993.102,48

PRO

1.430,001.600,001.520,001.650,001.748,002.556,002.730,002.872,002.698,002.679,002.732,00

PK_QP

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

Carne de frangoAs Fig. 9 a 12 e as Tabelas 19 a 22 mos-

tram as observações, o outlook produzido pelaOECD e as previsões, 3 anos à frente, via espa-ço de estados, com os respectivos intervalos a95% de confiança das variáveis PT_EX (expor-tação), PT_QP (produção), PT_QC (consumo) ePT_IP (preços), respectivamente. O índice depreço PT_IP é o preço Mercosul multiplicadopela taxa de câmbio real.

Existem discrepâncias entre o outlook daOECD e as projeções do espaço de estado naprodução, no consumo e nas exportações. Os valoresdo outlook são mais modestos, caindo fora do inter-valo de previsão no caso da produção e das expor-tações. A tendência do preço Mercosul é crescente.

Tabela 17. Consumo brasileiro de carne suína PK_QC(1).

1395,001555,001435,001528,001626,502394,402473,002398,202160,201858,122015,602183,642267,842331,57

AG

1900,542252,201982,072183,352332,802917,352841,332622,572672,882688,142569,222883,653141,88

Lsup

1032,001383,651113,531314,811464,262048,811972,791754,031804,341819,601700,681596,461588,64

Linf

1466,271817,921547,801749,081898,532483,082407,062188,302238,612253,872134,952240,062365,26

PRO

1395,001545,601467,201565,401662,202407,602477,102396,302204,402173,002107,70

PK_QC

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

(1) V alores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaço de estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaço de estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

Tabela 18. Índice de preços Mercosul da carne suínaPK_IP(1).

196,29169,28170,97171,25150,28147,10138,79136,88136,63148,69137,41134,60136,86

Lsup

127,72100,71102,40102,68

81,7178,5370,2268,3168,0680,1268,8453,1538,59

Linf

162,00135,00136,68136,97115,99112,81104,50102,60102,35114,41103,13

93,8887,73

PRO

168,88134,11151,42137,60120,15128,22119,7399,07

115,53127,22100,13

PK_IP

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

(1) PRO é a projeção via espaço de estados e Linf e Lsup são limites deconfiança para a projeção a 95%.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200697

Fig. 9. Exportação brasileira de carne de frango PT_EX(1).(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaçode estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

Fig. 10. Produção brasileira de carne de frango PT_QP(1).(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaçode estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

Fig. 11. Consumo brasileiro de carne de frango PT_QC(1).(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaçode estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

Fig. 12. Evolução dos preços no Mercosul de carne defrango PT_IP(1).(1) A variável PRO representa projeção e Linf e Lsup os limites de confiança paraa projeção no nível de 95%.

Tabela 19. Exportação brasileira de carne de frango PT_EX(1).

433,70568,80651,30616,50776,40916,10

1.265,901.689,002.032,002.494,632.687,472.672,992.689,522.773,64

AG

892,73865,68

1.040,98900,48

1.170,691.344,821.726,162.100,222.610,273.122,273.387,403.936,384.448,25

Lsup

448,47421,42596,73456,23726,43900,57

1.281,911.655,972.166,012.678,012.943,153.028,223.085,70

Linf

670,60643,55818,85678,35948,56

1.122,701.504,041.878,092.388,142.900,143.165,283.482,303.766,97

PRO

429,00568,80649,40612,50770,60906,70

1.249,301.599,901.959,802.469,702.845,00

PT_EX

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaço de estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a95%.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 98

Tabela 20. Produção brasileira de carne de frango PT_QP(1).

4.050,404.051,504.460,904.853,605.526,005.980,606.567,007.449,007.574,008.283,448.527,798.758,508.957,909.163,96

AG

5.020,644.893,095.425,375.820,296.567,126.912,117.756,758.376,988.948,709.570,82

10.090,1710.886,2711.565,36

Lsup

4.110,083.982,534.514,814.909,735.656,566.001,556.846,197.466,428.038,148.660,269.179,619.497,089.848,39

Linf

4.565,364.437,814.970,095.365,016.111,846.456,837.301,477.921,708.493,429.115,549.634,89

10.191,6810.706,87

PRO

4.050,404.051,504.460,904.853,605.526,005.977,006.736,007.517,007.843,008.494,009.200,00

PT_QP

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

Tabela 21. Consumo brasileiro de carne de frango PT_QC(1).

3.617,773.483,683.810,704.238,304.749,805.064,805.301,105.760,185.542,035.789,125.840,616.085,806.268,686.390,62

AG

4.258,114.162,314.518,995.054,365.530,305.701,176.164,656.411,026.472,416.582,816.837,147.228,387.592,90

Lsup

3.524,943.429,143.785,834.321,204.797,134.968,005.431,485.677,855.739,245.849,656.103,976.193,206.290,78

Linf

3.891,533.795,724.152,414.687,785.163,725.334,585.798,076.044,436.105,836.216,236.470,556.710,796.941,84

PRO

3.617,773.483,683.812,604.242,304.755,605.070,605.486,705.917,285.883,386.024,356.355,30

PT_QC

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

Tabela 22. Índice de preços Mercosul da carne de frangoPT_IP(1).

147,12146,46166,94164,60163,36187,75156,93166,63195,77186,17191,25207,97

Lsup

112,49111,83132,31129,97128,73153,12122,30132,00161,14151,54156,62148,16

Linf

129,80129,15149,62147,28146,05170,44139,61149,31178,46168,85173,94178,06

PRO

126,08132,27128,11133,65158,61141,18169,47142,98159,39186,62163,25

PT_IP

19951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Ano

A consistência do modelo Aglinknos mercados de carnes suínae de frango dos EUA

Para fazer a estimação, no caso brasileiro,poucos graus de liberdade estão disponíveis. Asinformações confiáveis para utilizar nas projeçõessomente estão disponíveis para poucos anos. Essefato pode colocar em dúvida a validade dealgumas críticas e de alguns resultados apre-sentados anteriormente, associados à avaliaçãoda performance do modelo Aglink do ponto devista da estatística inferencial, notadamente no quediz respeito aos níveis de confiança.

(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaço de estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

(1) Valores em 1.000 t. AG representa o outlook OECD, PRO, a projeção via espaço de estados, e Linf e Lsup são limites de confiança para a projeção a 95%.

(1) PRO é a projeção via espaço de estados e Linf e Lsup são limites deconfiança para a projeção a 95%.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 200699

Baseado nesse fato, decidiu-se ajustar aquias equações do modelo Aglink para os mercadosde carne bovina e de frango dos Estados Unidos.Para esse país, tem-se 30 anos de informação(1975 a 2004), numa economia bem menos volátildo que a brasileira. A consistência entre oscoeficientes especificados e calibrados, com asestimativas obtidas via mínimos quadrados não-lineares em dois estágios, pode ser levada a efeitode um modo mais favorável do ponto de vista davalidade dos intervalos de confiança assintóticos.

Os modelos do Aglink para os EstadosUnidos apresentam diferenças nas equações deoferta e demanda relativamente ao modelobrasileiro, mas, de um modo geral, a abordagemé a mesma. A notação e o significado das variáveissão os mesmos estabelecidos na Tabela 2.

As novas variáveis que aparecem nos modelossão CAN_PK_EX_SHR, CAN_PK_EX_USA,

CAN_PK_EXL_USA, CAN_PT_IM_USA, PT_EX_ROW e TRND, que significam a participação dasexportações de carne suína para os EstadosUnidos nas exportações totais de carne suína doCanadá, as exportações totais de carne suína doCanadá, as exportações de carne suína emanimais vivos do Canadá, as importaçõescanadenses de carnes de aves dos Estados Unidose as exportações de carne de aves dos EstadosUnidos para o resto do mundo e tendência,respectivamente.

As Tabelas 23 a 26 apresentam as identi-dades e equações utilizadas no ajuste separadodos mercados de carne suína e de frango.

A Tabela 27 mostra a bondade do ajuste demínimos quadrados não lineares. O único poderde previsão baixo é o definido pela equação deajuste de preços. A Tabela 28 apresenta aselasticidades e demais parâmetros estimados.

Tabela 23. Identidades do mercado de carne suína – Aglink – EUA.

ID-08

ID-09

ID-10

ID-11

PK_EX=PK_QP+PK_ST(-1)+PK_IM-PK_ST- P K _ Q C

PK_EXM=PK_EX-PK_EXL

PK_IM=PK_IM_OTH+CAN_PK_EX_SHR*CAN_PK_EX_USA

PK_IMM=PK_IM-CAN_PK_EXL_USA

EspecificaÁ„oIdentidade

Tabela 24. Equações do mercado de carne suína – Aglink – EUA.

Demanda (PK_QC)

Oferta (PK_QP)

Estoque (PK_ST)

EXP(B_10_00+B_10_01*LOG(BF_MP/ ME_CPI)+B_10_02*LOG(PK_MP/ME_CPI)+B_10_03*LOG(PT_PP/ ME_CPI)+B_10_04*LOG(ME_GDPI/ME_POP)+B_10_05*TRND+LOG(ME_POP) )

EXP(B_11_00+B_11_01*LOG(PK_MP/MD_CPCI)+B_11_02*LOG(PK_MP(-1)/MD_CPCI(-1) )+B_11_03*LOG(PK_MP(-2)/ MD_CPCI(-2))+B_11_04*LOG(PK_MP(-3)/MD_CPCI(-3) )+B_11_05*LOG (ME_FECI/ MD_CPCI)+B_11_06*LOG (ME_FECI (-1) /MD_CPCI (-1) )+B_11_07*LOG (ME_FECI (-2) / MD_CPCI (-2))+B_11_08*LOG(ME_FECI (-3) / MD_CPCI (-3))+B_11_09*LOG(PK_QP(-1))+B_11_10*TRND)

EXP(B_12_00+B_12_01*LOG(USA_PK_MP/PK_MP(-1)))

FÛrmulaEquaÁ„o

Tabela 25. Identidades do mercado de carne de frango – Aglink – EUA.

ID-12

ID-13

PT_EX=CAN_PT_IM_USA+PT_EX__ROW

PT_QP=PT_QC+PT_EX-PT_ IM+PT_ST- PT_ST(-1)

EspecificaÁ„oIdentidade

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 100

Tabela 26. Equações do mercado de carne de frango – Aglink – EUA.

Preço ao produtor( P T _ P P )

Demanda (PT_QC)

Preço no atacado( P T _ W P )

EXP (B_13_00+B_13_01*LOG (ME_FECI (-1) *0.5+ME_FECI*0.5)+B_13_02*TRND+B_13_03*LOG (ME_GDPD))

EXP(B_14_00+B_14_01*LOG(BF_MP/ME_CPI)+B_14_02*LOG(PK_MP/ME_CPI)+B_14_03*LOG(PT_PP/ME_CPI)+B_14_04*LOG(ME_GDPI/ME_POP)+B_14_05*TRND+LOG(ME_POP) )

EXP(B_15_00+B_15_01*LOG(PT_PP))

FÛrmulaEquaÁ„o

Tabela 28. Estimativa de mínimos quadrados emdois estágios – EUA.

B_10_00B_10_01B_10_02B_10_03B_10_04B_10_05B_11_00B_11_01B_11_02B_11_03B_11_04B_11_05B_11_06B_11_07B_11_08fB_11_09B_11_10B_12_00fB_12_01B_13_00B_13_01B_13_02B_13_03B_14_00B_14_01B_14_02B_14_03B_14_04B_14_05B_15_00B_15_01

1,6200,362

-0,5020,0460,348

-0,0201,202

-0,0140,2620,0860,0170,010

-0,173-0,056-0,0100,7450,0155,473

-0,9302,1910,4500,0020,400

-2,3090,2080,196

-0,5010,1150,0250,9450,891

OECDPar‚metro

-7,2350,251

-0,2540,071

-0,2500,004

-0,507-0,2270,352

-0,0060,2190,094

-0,006-0,072-0,0180,8250,0145,185

-0,4523,5580,1360,0070,1254,189

-0,0330,011

-0,2810,4890,0100,7140,943

Estimativa

-0,8400,336

-0,1820,1760,2180,0145,188

-0,0270,5500,2000,3590,1750,0850,1810,1461,2690,0245,2690,0464,9450,3970,0240,699

16,9990,1420,144

-0,0751,4370,0311,1881,051

Lsup

-13,6290,165

-0,325-0,034-0,718-0,007-6,202-0,4270,154

-0,2130,0790,012

-0,096-0,325-0,1820,3810,0055,100

-0,9512,170

-0,126-0,009-0,449-8,622-0,207-0,122-0,488-0,460-0,0110,2400,834

Linf

Tabela 27. Bondade do ajuste de mínimos quadradosnão-lineares em dois estágios – EUA.

P K _ Q CP K _ Q PP K _ S TP T _ P PP T _ Q CP T _ W P

241928232125

GLEquaÁ„o

32628,839603,3

1762,438,307320980716,229

EMQ

0,96130,96830,08850,56280,98260,9172

R2

Os termos constantes B_11_00 e B_14_00têm sinal diferente do valor calibrado; B_10_00tem o sinal trocado e o valor calibrado está forado intervalo de previsão. O valor calibrado deB_12_00 também está fora do intervalo deprevisão. As elasticidades B_10_04, B_10_05 eB_14_01 estão estimadas com sinal trocado e osvalores especificados estão fora do intervalo deprevisão.

A elasticidade B_11_03 está com o sinaltrocado e os valores especificados de B_10_02,B_10_01, B_11_04, B_11_05, B_11_06, B_11_08,B_13_01, B_14_02 e B_14_03 estão fora dosrespectivos intervalos de previsão. As diferençasparecem substanciais.

Resumo e conclusõesNeste trabalho, apresentam-se aspectos

descritivos associados à evolução do mercadointernacional de carnes enfatizando a participaçãodo Brasil. Com essa análise, concluiu-se que aparticipação brasileira no mercado internacionalvem crescendo significativamente e que repre-

senta uma contribuição substancial do total dasexportações do agronegócio brasileiro. Esse perfiljustifica o esforço levado a efeito por organizaçõesnacionais para o desenvolvimento de modeloscomportamentais e de previsão para os mercados

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006101

de commodities agrícolas em geral, e emparticular, para o mercado de carnes.

Contudo, a utilização apropriada dessesmodelos está condicionada à obtenção de maisobservações nas séries históricas envolvidas edados confiáveis que permitam o uso deestimativas de elasticidades que sejam suportadaspelas observações e com sinais consistentes coma teoria econômica.

Os procedimentos de séries de tempo paraprevisão têm apelo estatístico e não dependemda formulação de modelos estruturais, masdependem, para validade dos intervalos deprojeção, de graus de liberdade suficientes paraa validação desses intervalos construídos comresultados assintóticos. Esse aspecto também érelevante no ajuste de modelos de equilíbrioparcial. Nossa experiência com os modelos Aglinkda OECD, tanto no contexto brasileiro, cominformações limitadas, como no dos EUA, é queas elasticidades especificadas não parecem seconformar aos dados em várias instânciasimportantes. Dado os resultados encontradosnesse estudo, sugere-se que previsões e estudosde políticas definidas por choques nas variáveisexógenas sejam levados a efeito com cautela. Aprática de previsões de longo prazo é espúria emqualquer contexto. Os intervalos de previsão sãotão amplos que se tornam inúteis do ponto de vistado estabelecimento de políticas econômicas.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 102

Agricultural TradeInternationalAg Baseline Projections

1 Economic Research Service, coordenador deste estudo; e-mail: [email protected] publicado em USDA - ERS. Briefing Rooms. Agricultural Baseline Projections to 2015, n. OCE 2006-1, February 2006. Disponível em: <http://www.ers.usda.govpublications/oce061/oce20061f.pdf>.

With strong world economic growth, globalagricultural trade is projected to rise throughoutthe baseline. Agricultural trade will remain verycompetitive, reflecting expanding production in anumber of foreign countries.

The growing economies of developingcountries provide a foundation for gains in demandfor agricultural products and increases in trade.Broad-based economic growth and increasingurbanization lead to diet diversification in mostdeveloping regions, generating increased demandfor livestock products and feeds, as well as for fruits,vegetables, and processed products. Developing-country import demand is further reinforced bypopulation growth rates that remain nearly doublethe growth rates of developed countries.

International trade in animal products,however, remains heavily dependent on demandfrom developed countries and from market accessachieved under existing global trade agreements.Trade is also affected by disease-related concernssuch as bovine spongiform encephalopathy (BSE),avian influenza (AI), and foot-and-mouth disease(FMD). Strong policy support for domesticallyproduced meat is expected to motivate growth infeed grain trade, especially to those regions wherelimited land availability or agroclimatic conditionspreclude expanding domestic crop production,such as North Africa, the Middle East, and Eastand Southeast Asia.

Strong competition is expected ininternational commodity markets, not only fromtraditional exporters such as Argentina, Australia,and Canada, but also from countries that aremaking significant investments in their agriculturalsectors, including Brazil, Russia, Ukraine, andKazakhstan.

Rapid expansion of ethanol and biodieselproduction in some countries is projected to havea significant impact on global demand for cornand vegetable oils and on world pricerelationships. The continued expansion of oilseedcrushing capacity in a number of countries isexpected to augment the demand for oilseeds morethan for protein meals and vegetable oils.

Baseline trade projections to 2015 arefounded on assumptions concerning trends inforeign area, yields, and use, and on theassumption that countries comply with existingbilateral and multilateral agreements affectingagriculture and agricultural trade. The baselineincorporates the effects of trade agreements anddomestic policy reforms in place or signed byNovember 2005.

Domestic agricultural and trade policies inindividual foreign countries are assumed tocontinue to evolve along their current paths, basedon the consensus judgment of USDA's regionaland commodity analysts. In particular, economicand trade reforms underway in many developing

Ronald G. Trostle1

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006103

countries are assumed to continue. Similarly, thedevelopment and use of agricultural technologyand changes in consumer preferences areassumed to continue evolving based on pastperformance and analysts' judgments regardingfuture developments.

Brazil, Argentina, and Indonesia. Growth in globalproduction is derived mostly from rising yields. Thegrowth rate in crop yields has slowed somewhatduring the last several decades and is projectedto continue to do so.

• Slower growth in aggregate cropproduction is offset by slower growth in worldpopulation. Nonetheless, population is a significantfactor driving overall growth in demand foragricultural products. Additionally, rising percapita income in many countries generates growthin demand for vegetable oils and livestock andhorticultural products.

Rising unabated since the early 1990s,global trade in soybeans and soybean productshas surpassed wheat-the traditional leader inagricultural commodity trade-and total coarsegrains (corn, barley, sorghum, and other).Continued strong growth in global demand forvegetable oil and protein meal is expected tomaintain soybean and soybean-product trade wellabove wheat and coarse grains trade throughoutthe next decade.

• These three major commodity groupings-wheat, coarse grains, and oilseeds (includingsoybeans)-compete with each other and withother crops for increasingly limited temperatecropland. However, previously uncropped landin tropical regions of Brazil and Indonesia is beingconverted to soybean and palm oil production.

• Virtually no growth in overall global wheatand coarse grain trade occurred in the 1990s,largely reflecting reductions in imports by theformer Soviet Union (FSU) and Central and EasternEurope (CEE). In the coming decade, overall gainsin global grain trade come from a broad range ofcountries, particularly from developing countriesin Africa and the Middle East.

• In the projections, total area planted to allcrops changes little in most countries other than

Growth in wheat imports is concentrated inthose developing countries where robust growthin income and population underpins increases indemand. Important growth markets include Sub-Saharan Africa, Brazil, Mexico, and Egypt. Worldwheat trade (including flour) expands by 20 milliontons (18 percent) between 2006 and 2015 to morethan 130 million tons.

• Egypt maintains its position as the world'slargest importing country, as imports climb slowlyto nearly 9 million tons. Imports by Brazil, anotherlarge importer, are projected to surpass 7 milliontons. Brazil's climate does not favor wheat, andin some key wheat-producing states, winter cornis expected to have better returns than wheat.

• Imports by developing countries in Sub-Saharan Africa, North Africa, and the Middle Eastrise 7 million tons and account for nearly 40percent of world wheat trade. In most developing

(1) Soybeans and soybean meal in soybean-equivalent units.Source: USDA-ERS (2006).

(1) Predominatly South and Southeast Asia.(2) Former Soviet Union and Other Europe; prior to 1999, incudes Czech Republic,

Estonia, Hungary, Latvia, Lithuania, Malta, Poland, Slovakia and Slovenia.(3) EU-25 excludes intra-trade after 2002, EU-15 intra-trade before 2003, Slovenia

before 1992.Source: USDA-ERS (2006).

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 104

countries, little change in per capita wheatconsumption is expected but imports expandmodestly because of population growth and limitedpotential to expand production. Nigeria hasemerged as a major wheat importer.

• Changing consumption patterns will boostthe wheat imports of some major developingcountries. In Indonesia, diversification of diets andstrong economic growth are projected to increaseper capita wheat consumption. Mexicanconsumers are projected to continue substitutingwheat for corn in their diets.

• Stocks of low-quality wheat are large atthe beginning of the projection period. Low pricesfor this feed-quality wheat during the next coupleof years, and lower wheat-to-corn price ratiosduring most of the projection period, enable wheatto compete effectively with corn for feed use in anumber of countries. South Korea, for example, isprojected to substitute 1 million tons of feed wheatfor corn annually by 2015.

• Shares of the world wheat market heldby Canada, the EU, and the United States declineslightly, offsetting increases by Australia, Argentina,Ukraine, and Kazakhstan.

• In Canada, increased demand for barleyand oilseeds is expected to cause wheat area todecline, which causes Canadian exports to trendslowly downward.

• The EU lowered the set-aside rate from10 percent to 5 percent in 2004 in response to thedrought-reduced 2002 crop and low stock levels.These projections assume that the set-aside ratereverts back to 10 percent for the duration of theprojections.

• Russia, Ukraine, and Kazakhstan havebecome significant wheat exporters in recentyears. Low costs of production and investment intheir agricultural sectors have enabled their worldmarket share to climb to 14 percent in recentyears. Exports from Ukraine and Kazakhstan areprojected to continue gaining market share, morethan offsetting a slight decline in the share held byRussia. However, because of the region's weatherextremes, high year-to-year volatility in productionand trade can be expected.

• Exports by Turkey, China, and other minorexporters trend slowly downward during theprojection period.

• Although India has exported some wheatin recent years, exports are expected to cease asstocks are drawn down.

(1) Former Soviet Union and Other Europe; prior to 1999, incudes Czech Republic,Estonia, Hungary, Latvia, Lithuania, Malta, Poland, Slovakia and Slovenia.

(2) EU-25 excludes intra-trade after 2002, EU-15 intra-trade before 2003, Sloveniabefore 1992.

Source: USDA-ERS (2006).

The top five wheat exporting nations (theUnited States, Australia, the European Union (EU),Canada, and Argentina) account for about 75percent of world trade from 2006 through 2015.This is down from the average of 85 percent duringthe latter part of the 1990s, mostly due to increasedexports from the Black Sea area. U.S. wheatexports are projected to account for about 23percent of global wheat trade, down from 25percent in recent years.

(1) Includes rye, oats, millet and mixed grains.Source: USDA-ERS (2006).

Growth in trade of coarse grains is stronglylinked to expansion of livestock activities inregions unable to meet their own forage and feedneeds. Key growth markets include Mexico, NorthAfrica and the Middle East, China, and Southeast Asia.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006105

• Corn is the dominant feed grain traded ininternational markets. Corn accounts for anaverage of 76 percent of all coarse grain tradethrough the projection period, followed by barley(16 percent), and sorghum (5 percent).

• The commercialization of livestockfeeding has been a driving force behind thegrowing dominance of corn in internationalfeedgrain markets as well as the gains in globalprotein meal markets. Hogs and ruminants, suchas cattle and sheep, are capable of digesting abroad range of feedstuffs, making demandrelatively price-sensitive across alternate feedsources. However, as pork and poultry productionbecome increasingly commercialized, higherquality feeds are used.

• World coarse grain trade is projected toincrease about 2 percent a year, with cornaccounting for a growing share. Mexico'scomposition of imports accounts for most of theshift. Following the 2002 and 2003 drop in U.S.sorghum production and exportable supplies,Mexico's imports of kibbled corn (processed cornthat is tariff free) rose sharply, reaching a record2.6 million tons (whole-corn equivalent) in 2004/05. Under the North America Free TradeAgreement (NAFTA), Mexico's over-quota tariff onU.S. and Canadian corn is eliminated by 2008.As Mexico's over-quota tariff on corn imports isfurther reduced, Mexico's grain imports continueshifting from sorghum to corn. After 2008/09,kibbled corn imports are entirely replaced bywhole-grain corn. Mexico's corn imports continueto rise through the rest of the projections, whilesorghum imports resume growth after 2011/12.

World coarse grain trade expands about 19million tons (18 percent) from 2006 to 2015. Abouttwo-thirds of global coarse grain supplies are usedas animal feed. Industrial uses, such as starch,ethanol, and malt production, are relatively smallbut growing. Food use of coarse grains,concentrated in parts of Latin America, Africa, andAsia, has generally declined over time asconsumers tend to shift consumption towardwheat, rice, and other foods as their incomes rise.

• Steady longrun growth in the livestocksectors of developing countries in Asia, LatinAmerica, North Africa, and the Middle East isprojected to account for most of the growth inworld imports during the next decade.

• Mexico's corn imports are projected to risefrom 7.3 million tons in 2006 to more than 13million tons in 2015. Imports will be stimulated byrising poultry production and a steady reductionin Mexico's over-quota tariff on corn imports fromthe United States to zero by January 1, 2008. Somecorn imports will substitute for imports of sorghum,which already have tariff-free status.

• North Africa and the Middle Eastexperience continued growth in import demandfor grain and protein meals through 2015, as risingpopulations and increasing incomes sustain strongdemand growth for domestically produced animalproducts.

• Increasing meat imports will limit coarsegrain imports in Japan, South Korea, and Taiwan.By 2015, low-priced feed wheat is projected toreplace about 1 million tons of South Korean cornimports.

(1) Former Soviet Union and Other Europe; prior to 1999, incudes Czech Republic,Estonia, Hungary, Latvia, Lithuania, Malta, Poland, Slovakia and Slovenia.

(2) EU-25 excludes intra-trade after 2002, EU-15 intra-trade before 2003, Sloveniabefore 1992.

Source: USDA-ERS (2006).

(1) Republic of South Africa, Brazil, EU, former Soviet Union and others.Source: USDA-ERS (2006).

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 106

• The EU's imports of corn from other EasternEuropean countries, particularly Romania andBulgaria, are expected to increase as the lattercountries prepare for accession to the EU.

The United States dominates world trade incoarse grains, particularly corn. However,increasing use of corn for U.S. ethanol productionis assumed to limit export growth. The U.S. cornsector faces increased competition from exportsby non-EU Eastern Europe, Argentina, and Brazil.Still, the U.S. share of world corn trade is projectedto grow from 60 percent in recent years to 63percent by 2015 as few countries have similarcapability to respond to rising international demandfor corn.

• Argentina, with a small domestic market,remains the world's second largest corn exporter.As Argentina's economy expands, investmentsand planted area gradually return to cornproduction over the baseline, with exportsprojected to rise from 11 million to 16 million tons.Argentina and other South American countriesincrease corn exports to Chile to support itsexpanding pork exports to South Korea.

• The Republic of South Africa continuesexporting about 2 million tons of corn to itsneighboring countries. Uncertainties associatedwith its land reform program are assumed to limitincreases in production.

• Corn exports from non-EU EasternEuropean countries, primarily Romania andBulgaria, rise to nearly 3 million tons by 2015.Favorable resource endowments, increasingeconomic openness, greater investment in theiragricultural sectors, and preparation for joining theEuropean Union are behind the projected gainsin production and trade.

• Brazil's corn exports nearly double duringthe next decade, rising to 4.5 million tons, inresponse to higher corn-to-soybean price ratios.Brazil targets niche market demand fornongenetically modified grain. However, stronggrowth in domestic demand from its livestocksector limits more rapid expansion.

• China's corn exports decline in thebaseline, reflecting strengthening domestic

demand driven by its expanding livestock sector.It is assumed that Chinese policy will tend to favorimporting soybeans rather than corn.

Source: USDA-ERS (2006).

As more U.S. corn is used to produceethanol, China is assumed to increase it cornproduction, slowing its decline in exports and itsincrease in imports. Nonetheless, China isprojected to become a net corn importer in 2012/13 as demand for livestock feed overtakes China'sinternal supplies of corn. China continues to exportcorn throughout the projection period, althoughin declining amounts, due to regional supply anddemand differences. Northern China runs a cornsurplus, while southern China has a corn deficit.

• Corn is the favored crop in northeastChina. Proximity to South Korea and other Asianmarkets provides a nearby source of demand,while various government measures-includingwaiver of certain transportation construction taxes,and a rebate of the value-added tax on exportedcorn-keep corn exports competitively priced ininternational markets. High ocean-freight ratesraise the delivered cost of U.S. corn to Asianmarkets, another factor that keeps Chinese corncompetitive. Shipments of corn from northeastChina to the country's southern markets are limitedby China's high internal transportation costs.

• China experienced a large buildup of cornstocks in the mid- to late 1990s due to acombination of favorable weather and local self-sufficiency policies that boosted grain productionto record levels. In the last 6 years, China's cornconsumption exceeded production, and stocks

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006107

have declined sharply. Because a continued dropin stocks is unsustainable, China is projected toincrease imports and reduce exports, and toeventually become a net corn importer, aslivestock feeding continues to increase inresponse to income growth and rising meatdemand.

which limits the growth in imports of maltingbarley. Expansion in China's brewing capacity isbeing aided by foreign investment in the industry.Australia and Canada are China's main sources ofmalting barley imports.

(1) Former Soviet Union and Other Europe; prior to 1999, incudes Czech Republic,Estonia, Hungary, Latvia, Lithuania, Malta, Poland, Slovakia and Slovenia.

(2) Includes Mexico.Source: USDA-ERS (2006).

Global barley trade expands throughout thebaseline, driven by rising demand for both maltingand feed barley.

• Feed barley imports by North African andMiddle Eastern countries-where barley is preferredas a feed for large populations of camels, goats,and sheep-grow steadily through the period. Inthe mid-1990s, corn overtook barley as theprincipal coarse grain imported by these countries,due mainly to rising poultry production. This patternis expected to continue through the projectionperiod. However, the North Africa and MiddleEast region is expected to remain the world'slargest barley importing area.

• Saudi Arabia-the world's foremost barleyimporter-accounts for over 30 percent of worldbarley trade through the baseline. Saudi Arabia'sbarley imports are used primarily as feed forcamels, goats, and sheep.

• International demand for malting barleyis boosted by strong growth in beer demand inmany developing countries, notably China-theworld's largest malting barley importer. China'sbeer demand is rising steadily due to growth inincomes and population. China's breweries userice and other grains, as well as malting barley,

(1) EU-25 excludes intra-trade after 2002, EU-15 intra-trade before 2003, Sloveniabefore 1992.

(2) Former Soviet Union.Source: USDA-ERS (2006).

Historically, global barley exports haveoriginated primarily from the EU, Australia, andCanada. However, Ukraine and, to a lesserextent, Russia, have emerged as importantcompetitors in international feed barley marketsand remain so throughout the baseline period.

• Barley production is expected to increasein the EU-25 as a result of Common AgriculturalPolicy (CAP) reform and EU enlargement. Theabolition of EU intervention for rye, combined withhigher barley prices in the acceding countries, willstimulate the allocation of more area to barleyproduction. Within the enlarged EU-25, barley tradewill rise. However, EU-25 exports to non-EUcountries are projected to hover around 3 million tonsover the projection period (16 percent of world trade).

• The FSU remains a major barley exporterthroughout the baseline as exports exceed 5 milliontons. Together, the FSU and EU-25 account forabout 50 percent of world barley trade throughoutthe baseline.

• Malting barley is a different variety andquality than feed barley and commands asubstantial price premium over feed barley. Thispremium is expected to influence plantingdecisions in Canada and Australia and, in bothcountries, malting barley's share of total barleyarea rises in the latter half of the projection period.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 108

World sorghum trade, which averagednearly 7 million tons during the last decade,declines to just above 5 million tons by the middleof the projection period before rising through theremainder of the baseline. This trade pattern isdriven almost entirely by Mexico.

• Mexico is the world's leading sorghumimporter, although its imports fell in 2002 and 2003due to reduced U.S. production and exportablesupplies. Since then, Mexico's sorghum importshave recovered somewhat. However, sorghum'sshare of Mexico's total coarse grain importsdeclined as imports of duty-free kibbled cornincreased rapidly. Whole-grain corn imports alsoare rising as Mexico's over-quota tariff on U.S. andCanadian corn is reduced to zero by 2008. In theprojections, Mexico's sorghum imports increaseslightly in the later years, but remain around 3million tons. Even at this reduced import level,Mexico is expected to account for more than 55percent of world imports.

• Japan imports a fairly constant volume ofsorghum (1.3 million tons) throughout the periodto maintain diversity and stability in its feed grainsupplies.

• The United States is the largest exporterof sorghum, accounting for about 80 percent ofworld trade in recent years. During the projectionperiod, the U.S. share declines slightly as itssorghum exports to Mexico account for a smallershare of world trade.

• The primary sorghum markets forArgentina, the world's second largest exporter, areJapan, Chile, and Europe. In Argentina, prices andprofitability favor planting other crops, particularlysoybeans and corn, so sorghum exports only riseslightly during the projection period.

• Brazil has begun to export small quantitiesof sorghum and the volume is projected to riseduring the projection period. Because of specialsoil characteristics in the Campos Cerrado regionof Brazil, sorghum is increasingly planted betweencrops of soybeans or cotton to protect soils fromthe negative effects of solar radiation.

Source: USDA-ERS (2006).

Source: USDA-ERS (2006).

Strong income and population growth indeveloping countries generates increasingdemand for vegetable oils for food consumptionand for protein meals used in livestock production.World soybean trade grows at an average annualrate of 3.6 percent through the projection period,compared with rates of 2.8 and 2.2 percent forsoybean oil and soybean meal.

• Many countries with limited opportunityto expand oilseed production continue investmentin oilseed crushing capacity, such as China andsome countries in North Africa, the Middle East,and South Asia. As a result, import demand forsoybeans grows faster than for either soybean mealor soybean oil throughout the baseline. However,strong competition in international protein mealmarkets is expected to pressure crushing marginsand shift some of the import demand for oilseedsto cheaper meals. The steady competitivepressure of new oilseed crushing capacity isexpected to result in some inefficient crushersgoing out of business.

• China's expansion of domestic crushingcapacity instead of importing protein meal andvegetable oil significantly influences thecomposition of world trade by raising internationalimport demand for soybeans and other oilseedsrather than for soybean products.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006109

• Brazil's rapidly increasing soybean areaenables it to gain a larger share of world soybeanand soybean meal exports, despite increasingdomestic feed use. Its share of world exports ofsoybeans plus the soybean equivalent of soymealexports rises from about 32 percent in recent yearsto 45 percent by 2015.

• The expansion in Argentine soybean areaslows as incentives to grow corn and sunflowerseed improve and conversion of new farmlandapproaches its practical limits.

strong gains in soybean imports as China seeks tocapture the value added from processing oilseedsinto protein meal and vegetable oil.

• East Asia's trade outlook is dominated bya continuing shift from importing feedstuffs toimporting meat and other livestock products. Asa result, the growth in this region's import demandfor protein meal and oilseeds slows over the baseline.This process occurs most noticeably in Japan.

• As Argentina seeks to operate itsexpanding crushing facilities at full capacity, it isprojected to increase its soybean imports fromBrazil and other South American countries tonearly 3 million tons a year by the end of the period.

Source: USDA-ERS (2006).

(1) EU-25 excludes intra-trade after 2002, EU-15 intra-trade before 2003, Sloveniabefore 1992.

Source: USDA-ERS (2006).

• The EU has been the world's leadingimporter of soybean meal, and until 2002, ofsoybeans. However, increases in grain andrapeseed meal feeding are expected to continueto slow the growth in EU soybean and soybeanmeal imports. Increased barley production due to2003 CAP reforms, greater supplies of coarsegrains from acceding countries, and morerapeseed meal available as a result of the biofuelsinitiative, combine to slow the growth of soybeanmeal consumption. These factors are only partiallyoffset by an increase in the dairy quota that wouldincrease soybean meal feeding.

• China will face policy decisions regardingtradeoffs in producing or importing corn andsoybeans. The baseline projections assume thatChinese policies will tend toward maintainingdomestic corn production and importing soybeans.Thus, China accounts for over 70 percent of theworld's 27-million-ton growth in soybean importsover the next 10 years. Significant investments inoilseed crushing infrastructure by China drive

• The three leading soybean exporters-theUnited States, Brazil, and Argentina-account formore than 90 percent of world trade throughoutthe baseline.

• With continuing area gains, Brazilmaintains its position as the world's leadingexporter of soybeans and soybean products.Although combating soybean rust diseaseincreases production costs, soybeans remain moreprofitable than other crops in most areas of Brazil.It has been assumed that some land in southernBrazil will shift from oilseed to corn productionduring the middle of the projection period inresponse to higher corn prices and more limitedcompetition from U.S. corn exports. Still, withexpanded soybean plantings in the Central West,the growth rate for Brazil's soybean planted areais projected to average nearly 4 percent a year,reaching about 30 million hectares by 2015.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 110

• In the United States, projected declinesin soybean acreage and increased domestic crushlimit exportable supplies.

• Argentina's export tax structure favorsdomestic crushing of whole seeds and exportingthe products. To more fully utilize its large andexpanding crushing capacity, while diverting someland to corn production and exports, it is assumedthat Argentina will import some soybeans from Brazil,Paraguay, Uruguay, and Bolivia. Argentina's soybeanexports hold steady at about 7 million tons.

(1) Former Soviet Union and Other Europe; prior to 1999, incudes Czech Republic,Estonia, Hungary, Latvia, Lithuania, Malta, Poland, Slovakia and Slovenia.

(2) EU-25 excludes intra-trade after 2002, EU-15 intra-trade before 2003, Sloveniabefore 1992.

Source: USDA-ERS (2006).

• Despite increased domestic feeding ofgrains, the EU remains the world's principaldestination for soybean meal throughout the projectionperiod. Lower import prices for meal relative tosoybeans pressure crush margins, curtailing soybeanimports in favor of soybean products.

• The North Africa and Middle East regionbecomes a larger importer of soybean meal in theprojections as the demand for livestock feed boostsimport demand in a number of countries.

• Latin America, Southeast Asia, and theformer Soviet Union remain important growthmarkets for soybean meal, provided avianinfluenza can be controlled.

• Mexico's strong growth in demand forprotein feed and vegetable oils is projected tocontinue. The crushing industry is also expectedto continue expansion. This will boost soybeanimports but slow the growth in soybean meal imports.

Source: USDA-ERS (2006).

• Argentina, Brazil, and the United Statesremain the three major exporters in internationalprotein meal markets.

• Argentina, the world's largest exporter,increases its share of soybean meal exports fromless than 45 percent in recent years to more than53 percent in the latter portion of the projectionperiod. The export shares of Brazil, the UnitedStates, and other exporters fall. Argentinamaintains high utilization of its growing crushingcapacity and continues to expand soybean mealexports by importing soybeans from Brazil andother South American countries.

• In Brazil, strong growth in domestic mealconsumption due to rapid expansion of the poultryand pork sectors limits increases in soybean mealexports. Also, domestic soybean crushingcapacity is not expected to grow as fast as soybeanmeal consumption

• Significant expansion in domestic crushingin China and large imports of oilseeds in thebaseline result in Chinese soybean meal exportsrising to more than 1 million tons annually by theend of the projections. China's exports, along withsmall increases in exports from South America,keep international protein meal markets verycompetitive.

• The EU continues to be a small but steadyexporter of soybean meal to Russia and other EastEuropean countries. India remains an exporter,although export volume declines as domestic use,especially for poultry feed, rapidly expands.

• Import demand for soybean oil rises innearly all countries and regions. Although India

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006111

and China remain the world's largest importers,income and population growth in the North Africaand Middle East region and in Latin America(particularly Central America and the Caribbean)drive more rapid gains in soybean oil imports.

A strong emphasis on exporting soybeanproducts pushes Argentina's and Brazil's combinedshare of world soybean oil exports from less than80 percent in recent years to about 85 percent bythe end of the baseline.

• Argentina is the leading exporter ofsoybean oil, reflecting the country's large crushcapacity, its small domestic market for soybeanoil, and an export tax structure that favors theexports of products rather than soybeans.Increases in crush and soybean oil exports aresupported by gains in Argentine soybeanproduction due to extensive double-cropping,further adjustments to crop-pasture rotations, andthe addition of marginal lands in the northwest partof the country. Argentina also increases soybeanimports from other South American countries inorder to more fully utilize its crushing capacity.

• Brazil's expansion of soybean productioninto new areas of cultivation enables it to increaseboth its volume of soybean oil exports and its shareof world trade.

• The European Union and the United Statesremain the world's next largest soybean oilexporters throughout the baseline, although theirexport volumes and shares of world trade continuea downward trend. In the EU, exportable suppliesof vegetable oils are limited by the growth inbiodesel.

(1) Asia less India and China.(2) Includes Mexico.Source: USDA-ERS (2006).

• In India, lower tariffs on soybean oil (heldin check by World Trade Organization (WTO)tariff-binding commitments) compared with tariffsfor other vegetable oils support continued largeimports of soybean oil. Other factors that contributeto India becoming the world's largest soybean oilimporter include burgeoning domestic demand forvegetable oils and limitations on domesticproduction of oilseeds. Low yields, associated witherratic rainfed growing conditions and low inputuse, inhibit growth of oilseed production in India.

• In China, growing demand for high-qualityvegetable oils outpaces domestic oil productionand fuels a small expansion in soybean oil imports.Land-use competition from other crops constrainsarea planted to vegetable oil crops in China.

(1) Europe Union-25 excludes intra-trade after 2002, EU-15 intra-trade before 2003.Slovenia before 2005.

Source: USDA-ERS (2006).

(1) European Union, former Soviet Union and Other Europe.(2) Includes Mexico.Source: USDA-ERS (2006).

Global rice trade is projected to grow 2.5percent per year from 2006 through 2015. By 2015,global rice trade is projected to reach nearly 33million tons, nearly 15 percent above the recordset in 2002.

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 112

• Long-grain varieties account for aroundthree-fourths of global rice trade and are expectedto account for the bulk of trade growth over thenext decade. Long-grain rice is imported by abroad spectrum of countries in South andSoutheast Asia, much of the Middle East, nearlyall of Sub-Saharan Africa, and most of LatinAmerica. Indonesia, Nigeria, Iran, Iraq, thePhilippines, and Saudi Arabia are typically the toplong-grain import markets.

• Medium- and short-grain rice account for10-12 percent of global trade, with Japan, SouthKorea, Taiwan, Turkey, and Jordan the majorimporters. Expansion in medium-grain rice tradeis projected to be much smaller than for long grain.Among the Northeast Asian buyers, only SouthKorea is projected to increase purchases over thenext decade. All rice imports by Japan, SouthKorea, and Taiwan are the result of commitmentsunder the WTO.

• Aromatic rice, primarily basmati andjasmine, makes up most of the rest of global ricetrade. Aromatics typically sell at a substantialprice premium over long- and medium-grainvarieties. Aromatics are imported mostly for high-income consumers.

• Indonesia and Bangladesh, two of theworld's leading rice-importing countries, willexperience rising food demand due to growingpopulations. However, land constraints andalready high cropping intensities indicate littleopportunity for either country to significantlyexpand production. Thus, their imports areprojected to increase over the next decade andaccount for 22 percent of the increase in rice trade.

• Sub-Saharan Africa and the Middle Eastare also major destinations for internationallytraded rice. In both regions, strong demand growthis driven by rapidly expanding populations. Butopportunities to expand production are limited dueto constraints such as agroclimatic conditions inthe Middle East and infrastructure deficiencies inSub-Saharan Africa. Sub-Saharan Africa accountsfor 30 percent of the increase in world rice tradeduring the projection period.

Asia remains the largest rice-exportingregion throughout the projection period.

• Thailand and Vietnam, the world's largestrice-exporting countries, account for nearly halfof all rice exports in the baseline. Both countriesproduce and export primarily long?grain rice.Rising production, mostly due to higher yields, anddeclining per capita consumption, drive theexpansion in exports from both countries.

• The United States is projected to remainthe world's third-largest rice-exporting countryduring the first half of the baseline. Rising domesticdemand and a slower growth rate in yieldsconstrains the expansion of U.S. rice exports.

• Midway through the baseline, Indiabecomes the third largest rice exporter. India hasbeen a major exporter since the mid-1990s,although export levels have been rather volatile,primarily due to fluctuating production and stocklevels. Exports are projected to increase over thenext decade as high internal prices stimulateproduction and exportable supplies. India exportsboth low-quality, long-grain rice and smallerquantities of high-quality basmati rice.

• In recent years, Pakistan has replacedChina as the world's fifth-leading exporter. This isdue primarily to declining exports from Chinarather than an increase in Pakistan's exports.Pakistan has little ability to expand rice area, andits agricultural sector is confronting a growing watershortage. Rice exports are stable at around 2.2million tons. Pakistan exports both high-qualitybasmati and low-quality, long-grain rice.

• Rice exports from China have declinedfrom over 2 million tons in most years during the

Source: USDA-ERS (2006).

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006113

half-decade ending in 2003 to less than 0.9 milliontons during the last few years. Production growthis projected to be very slight during the nextdecade as higher yields are nearly offset bystagnant-to-declining area planted to rice.Consumption growth is negligible as declining percapita rice consumption offsets rising population.China exports high-quality, medium/short-grainrice to Northeast Asian markets and low-quality,long-grain rice to Sub-Saharan Africa and somelower income Asian markets.

stocks in 2003/04. Its cotton imports are expectedto grow more slowly than the rapid increase since2001. However, during the next decade, theincrease in cotton imports by China is projectedto more than offset the decline in imports by othercountries, and China accounts for 46 percent ofworld imports by 2015.

• India's textile industry has beenaccelerating in recent years, but cotton use is notexpected to grow as rapidly as in China, despiteIndia's growing textile exports. India's exportorientation and pace of income growth havegenerally lagged China's, limiting its growth incotton consumption.

• In recent years, Turkey's textile industryhas benefited from favorable trade access to theEU, its major export market for textiles and apparel.However, the end of the MFA quotas will now givelower cost competitors the same favorable accessto EU markets. Turkey's cotton imports areprojected to decline slowly over the next 10 years.

• The EU, Japan, Taiwan, and South Koreaall steadily reduce their cotton imports as textiletrade reforms and/or higher wages in thesecountries drive textile production to lower wagecountries.

Source: USDA-ERS (2006).

(1) Includes Mexico.(2) Malasia, Philippines, Thailand and Vietnam.(3) Bangldesh, India and Pakistan.(4) European Union, former Soviet Union and Other Europe.Source: USDA-ERS (2006).

Completion of the Multi-Fiber Arrangement(MFA) phaseout at the end of calendar year 2004eliminated the quotas that governed much of theworld's trade in textiles and apparel for more than30 years. These restrictions were removed perWTO commitments by the United States, the EU,and Canada, and their removal has been a majorinfluence on world trade patterns in cotton, textiles,and apparel. For apparel production, labor costsare decisive in determining the location ofproduction. As a result, textile production and rawcotton consumption will increase in countrieswhere labor costs are low. High-cost labormarkets in Europe and East Asia continue toreduce their cotton imports through the baseline.

• The textile industries in China, India, andPakistan are the major beneficiaries of the MFA'selimination.

• China has been importing record amountsof cotton following the depletion of government

Globalization is expected to continue tomove raw cotton production to countries whereresource endowments and technology result in thelowest production costs. Land is a key input factor.Traditional producers with large land basessuitable for cotton production are expected tobenefit from post-MFA trade patterns. Such

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Ano XV – Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2006 114

producer/exporter regions include the UnitedStates, Sub-Saharan Africa, Australia, and Brazil.

• The United States continues as the world'sleading cotton exporter throughout the baselineperiod, with annual exports remaining around 16million bales. Exports dip to 15.5 million bales in2006/07, but grow to almost 17 million bales by2015/16.

• The Central Asian countries of the formerSoviet Union have been the principal competitorsof the United States in world raw cotton marketsfor the last decade. However, governmentpolicies in Central Asia promoting investment intextiles have increasingly resulted in exports oftextile products rather than exports of raw cotton.

• Sub-Saharan Africa has overtaken CentralAsia as the principal competitor. Its cotton exportshave risen in large part due to economic reforms.A large correction in the foreign exchange valueof the currency of the major cotton exportingcountries of West Africa in 1994 led to nearly adecade of growth in West Africa's cottonproduction. As West Africa's production gainsbegan to lag at the end of the 1990s, severalsouthern African countries began increasing theircotton production, aided by reforms such as endingmarketing board monopolies. Continued increasesin output are expected as producers take advantageof more export-oriented government policies.

• Improved Indian cotton crop yields, in partdue to the adoption of genetically modified cotton,have raised India's output in recent years, increasingexportable supplies. This is expected to continue inthe early part of the projection period.

Increased market access achieved underglobal trade agreements was behind much of thegains in animal product trade over the past decade.During the baseline, per capita income growth ina broad number of importing countries is thedriving force behind rising global meat demand.However, animal diseases remain a dampeningforce in world meat trade.

• BSE in Canada and the United States hasresulted in changes in Canada's beef and live cattleexports to the United States. In 2004 and 2005,Canadian beef exports recovered all of the declinefollowing its 2003 BSE case. Canadian exports tothe United States of live cattle under 30 months ofage are assumed to continue. Canadian beefexports, after an initial decline associated with theincrease in live cattle exports, are projected toremain flat over the baseline period.

• EU enlargement results in greatershipments between the EU-15 and the acceding10 countries and restrained trade of meat outsidethe EU-25. EU beef exports remain well belowthe annual WTO export-subsidy limit of 817,000tons, as a stronger euro limits their competitivenessand policy changes lower beef production and theneed to remove beef from the domestic market.

• Argentine exports rose sharply during thelast 2 years. However, export taxes and otherrecent policy changes have made Argentina'sexports less competitive. Beef exports areprojected to decline throughout the baseline, butremain above their pre-2004 levels.

• The baseline assumes that Brazil does notgain nationwide FMD-free status. However,exports from Brazil's expanding pork sector areexpected to be competitive in Russia and otherprice-sensitive markets, and in non-FMD-freemarkets.

• U.S. poultry exports face strongcompetition from other countries. Brazilian poultryproduction and exports rise rapidly, bolstered bylow production costs and very competitive pricesin international markets.

• Because of avian influenza, Thailand'sexports of chilled and frozen poultry meat havebeen banned by importers. However, Thailand'sexports of fully cooked poultry products have

(1) Major exporters.Source: USDA-ERS (2006).

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expanded rapidly and partially offset the loss ofuncooked poultry exports.

consumer demand outpaces gains in domesticproduction. Russia remains a large market for EU-subsidized beef exports as well as Brazilian beef.

(1) Select importers.Source: USDA-ERS (2006).

(1) Select importers.(2) EU-25 excludes intra-trade after 2002, EU-15 intra-trade before 2003, Slovenia

beore 1992.Source: USDA-ERS (2006).

Traditionally, beef trade occurred largelybetween developed countries. However, Braziland India have become large exporters of lowerquality beef that is imported by lower incomecountries and countries with less stringent importrestrictions concerning FMD. The baselineassumes gradual recovery of U.S. and Canadianexports to Japan and South Korea.

• Higher income countries, such as Japanand South Korea, increase beef imports, reflectingdomestic cattle sectors that are constrained by landavailability. These imports are primarily of higherquality beef. U.S. beef exports to these countriesare projected to rebuild. Overall imports by Japanand South Korea rise to levels attained prior to theU.S. BSE case in 2003, but the United States losesmarket share because of the increased presenceof Australia and New Zealand in these markets.

• U.S. beef imports, primarily of grass-fedground beef and other processed products fromAustralia and New Zealand, decline slightlythrough the period. However, rising Asian importsof beef from Australia and New Zealand enablethese exporters to maintain their trade levels.

• Robust import growth of U.S. higherquality beef is projected for Mexico.

• The baseline assumes that Russia's tariffrate-quota (TRQ) for beef, first imposed in 2003,remains in effect until 2009. In the longer run, thegrowth in Russia's beef imports resumes as rising

• Mexican pork imports increase nearly400,000 tons between 2006 and 2015, makingMexico the fastest growing pork importer.Increases in income and population are theprimary drivers of Mexico's increasing demandfor pork products.

• Higher income countries of East Asia, suchas Japan, Hong Kong, and South Korea, increasepork imports as their domestic hog sectors areconstrained by environmental issues and importedfeed costs. In South Korea and Japan, consumerconcerns about BSE boost pork consumption andimports.

• As with beef, the baseline assumes thatthe TRQ that Russia imposed for pork in 2003remains in effect until 2009. Although the TRQinitially lowers pork imports, Russia remains amajor destination for competitively priced porkexports from the EU and Brazil as demand growthcontinues to exceed Russian meat producers'ability to respond.

• China's pork production and exportscontinue to rise rapidly. Although its imports alsorise, China's net pork exports rise slightly duringthe projection period.

• Russia is expected to remain the world'slargest poultry importer, with gains in consumerincome fueling increased demand for poultryproducts. Even with rapid gains in production,

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Russia's domestic output is expected to lag gainsin domestic demand.

(1) Selected importers.(2) EU-25 excludes intra-trade after 2002, EU-15 intra-trade before 2003, Sloveniabeore 1992.Source: USDA-ERS (2006).

• Russia's TRQ on poultry imports is assumedto remain in effect thorough 2009. Over thisperiod, the low-tariff quota expands slowly andthe over-quota tariff rate is gradually lowered.During the quota period, imports from the UnitedStates are given the largest share of the quota,averaging approximately 75 percent of the total.

• In Mexico, the world's second largestimporter, strong economic growth raises per capitapoultry consumption. Domestic poultry productionrises rapidly but lags increasing consumerdemand.

• Poultry consumption growth in China ismet largely by expanding domestic production,but imports are also projected to grow.

• Exports from Thailand and China will belimited to fully cooked products for most of theprojection period because of avian influenza. Mostof these exports are likely to be higher valueboneless products. For Thailand, exports of cookedchicken products replace some, but not all, of thedecline in its frozen poultry exports.

• Poultry imports into Saudi Arabia continueto rise throughout the baseline. However,consumer preference for freshly killed birds alsokeeps domestic production growing.

• Rising consumer incomes in manydeveloping countries is expected to providegrowing markets for lower valued poultryproducts.

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Conquistas e desafiosdo agronegóciobrasileiro

O conjunto de projeções apresentado nestenúmero da Revista de Política Agrícola reflete odinamismo de segmentos importantes do agrone-gócio brasileiro, com destaques para soja, açúcar,álcool, carnes e milho. Segundo o estudo, aprodução vai crescer a taxas significativas, e oBrasil manterá ou ampliará sua participação nasexportações desses produtos.

O cenário desenhado pelas projeções érealista. O agronegócio brasileiro apresentaelevados níveis de eficiência, obtidos por meiode investimentos em tecnologia de produção,como os avanços em genéticas vegetal e animale adaptação de espécies. Contribuíram de formaimportante também os investimentos emmodernização gerencial e organizacional.

Os segmentos de fruticultura e de produçãoflorestal não foram contemplados no estudo. Afruticultura vem apresentando grande dinamismonos últimos anos, e as possibilidades de cresci-mento tanto do mercado interno quanto do externosão muito grandes. O suco de laranja, principal-mente por sua participação nas exportações, aindaé o protagonista dessa transformação, mas há umanítida tendência para a diversificação. A moderni-zação dos processos de produção que está emcurso e o conseqüente aumento de produtividade,aliados à melhoria dos padrões sanitários,garantirão uma expansão significativa dosegmento, impulsionando o mercado interno elevando o Brasil a se transformar em grandeexportador de uma pauta diversificada de frutastropicais e de produtos derivados.

Antônio Salazar P. Brandão1

1 Professor de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

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A indústria de base florestal apresenta umdos maiores crescimentos do setor. As empresasbrasileiras detêm uma tecnologia invejável paraplantio de florestas, exibem elevadíssimaprodutividade, são grandes exportadoras eencontram-se entre as maiores do mundo no setorde celulose e papel. O mercado de madeira vemcrescendo em ritmo intenso, e essa tendência éde continuidade.

Em síntese, podemos dizer que o dinamismodo setor deverá ser mantido nos próximos anos.Entretanto, reitero que o uso de novas tecnologiasfoi fator preponderante para permitir que os ganhosde produtividade no Brasil dessem ao País aposição competitiva que ele hoje ocupa.

Pela diversidade de etapas e de agentesenvolvidos, a adoção de novas tecnologiasapresenta grande complexidade. De maneirasimplificada, podemos dizer que é necessário queas tecnologias estejam disponíveis e que existaminteressados em implementá-las.

A implantação de novas tecnologias requer,invariavelmente, a realização de investimentos.Freqüentemente, tais investimentos têm longosperíodos de maturação e, portanto, sua materiali-zação somente ocorrerá se o ambiente econô-mico for propício. O custo do dinheiro, representa-do pela taxa de juros, é apenas um dos elementosque contribuem para a materialização desseambiente favorável. Um outro elemento deimportância fundamental é a expectativa, peloinvestidor, de que os ganhos resultantes serãoapropriados por ele.

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Em relação a esse aspecto, há alguns sinaisnegativos, e eu gostaria de mencionar dois. Oprimeiro é a crescente agressividade do Movi-mento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)e de seus associados. Suas ações começaram ase intensificar no governo passado, havendo umaescalada ainda maior nos últimos anos, o queculminou, em março deste ano, com a trágicainvasão dos laboratórios da Aracruz Celulose noRio Grande do Sul. Esse evento sinaliza, ao mesmotempo, o desrespeito pelo direito de propriedadee a negação de que ciência e tecnologia sejaminstrumentos de desenvolvimento do agronegóciobrasileiro.

O segundo elemento a ser mencionado é aquestão ambiental. É importante observar que umaconvivência harmoniosa entre agropecuária erespeito ao meio ambiente e às leis ambientais doPaís é essencial para a própria sustentabilidadedessas atividades. Alguns grupos de ambienta-listas, entretanto, vêm fomentando noçõesequivocadas e tomando iniciativas, às vezesviolentas, contra os segmentos mais dinâmicos daagropecuária brasileira, em particular o complexosoja e a indústria de base florestal. Em relação àsoja, ambientalistas radicais têm consistentementeargumentado que a expansão recente no Centro-Oeste provocou desmatamento, violando leisambientais brasileiras.

Nenhum dos dois argumentos é correto,conforme mostraram Brandão, Rezende eMarques2. Os autores concluíram que a principalfonte para a expansão recente dessa cultura noCentro-Oeste foi a conversão de pastagensdegradadas, o que produziu um ciclo favorávelde aumento de fertilidade do solo, beneficiando osojicultor e posteriormente o pecuarista.

O plantio de eucaliptos pela indústria debase florestal, da mesma forma, é alvo defreqüentes manifestações, fundamentadas empreconceitos que associam o plantio dessasflorestas ao ressecamento do solo e à eliminaçãoda biodiversidade. Inúmeros experimentoscientíficos desenvolvidos em universidadesbrasileiras, em universidades de outros países eem parcerias entre empresas e universidadesdemonstram a falaciosidade dessas afirmações emrelação a plantios feitos segundo recomendaçõestécnicas.

Esses exemplos têm por objetivo ilustraralguns dos riscos à manutenção do dinamismo doagronegócio brasileiro nos próximos anos. Asociedade brasileira, que hoje é essencialmenteurbana, precisa ficar mais bem informada sobreesse processo de crescimento e seus benefíciospara o País, que podem ser resumidos em geraçãode renda, de divisas externas e em criação deempregos tanto no setor rural quanto no setorurbano.

2 BRANDÃO, Antônio Salazar P.; REZENDE, Gervásio Castro de; MARQUES, Roberta Wanderley da Costa. Crescimento agrícola no Brasil no período 1999-2004:explosão da soja e da pecuária bovina e seu impacto sobre o meio ambiente. Rio de Janeiro: IPEA, 2005. (Texto para Discussão 1103).

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1. Tipo de colaboraÁ„o

São aceitos, por esta Revista, trabalhos que se enquadrem nasáreas temáticas de política agrícola, agrária, gestão e tecnologiaspara o agronegócio, agronegócio, logísticas e transporte, estudosde casos resultantes da aplicação de métodos quantitativos equalitativos aplicados a sistemas de produção, uso de recursosnaturais e desenvolvimento rural sustentável que ainda não forampublicados nem encaminhados a outra revista para o mesmo fim,dentro das seguintes categorias: a) artigos de opinião; b) artigoscientíficos; d) textos para debates.

Artigo de opini„o

É o texto livre, mas bem fundamento sobre algum tema atual e derelevância para os públicos do agronegócio. Deve apresentar oestado atual do conhecimento sobre determinado tema, introduzirfatos novos, defender idéias, apresentar argumentos e dados,fazer proposições e concluir de forma coerente com as idéiasapresentadas.

Artigo cientÌfico

O conteúdo de cada trabalho deve primar pela originalidade, istoé, ser elaborado a partir de resultados inéditos de pesquisa queofereçam contribuições teórica, metodológica e substantiva parao progresso do agronegócio brasileiro.

Texto para debates

É um texto livre, na forma de apresentação, destinado à exposiçãode idéias e opiniões, não necessariamente conclusivas, sobretemas importantes atuais e controversos. A sua principal carac-terística é possibilitar o estabelecimento do contraditório. O textopara debate será publicado no espaço fixo desta Revista,denominado Ponto de Vista.

2. Encaminhamento

Aceitam-se trabalhos escritos em Português. Os originais devemser encaminhados ao Editor, via e-mail, para o endereç[email protected].

A carta de encaminhamento deve conter: título do artigo; nomedo(s) autor(es); declaração explícita de que o artigo não foi enviadoa nenhum outro periódico para publicação.

3.†Procedimentos editoriais

a) Após análise crítica do Conselho Editorial, o editor comunicaaos autores a situação do artigo: aprovação, aprovaçãocondicional ou não-aprovação. Os critérios adotados são osseguintes:

• adequação à linha editorial da revista;

• valor da contribuição do ponto de vista teórico, metodológico esubstantivo;

• argumentação lógica, consistente, e que ainda assim permitacontra-argumentação pelo leitor (discurso aberto);

• correta interpretação de informações conceituais e de resultados(ausência de ilações falaciosas);

• relevância, pertinência e atualidade das referências.

b) São de exclusiva responsabilidade dos autores, as opiniões eos conceitos emitidos nos trabalhos. Contudo, o editor, com aassistência dos conselheiros, reserva-se o direito de sugerir ousolicitar modificações aconselhadas ou necessárias.

c) Eventuais modificações de estrutura ou de conteúdo, sugeridasaos autores, devem ser processadas e devolvidas ao Editor, noprazo de 15 dias.

d ) A seqüência da publicação dos trabalhos é dada pela conclusãode sua preparação e remessa à oficina gráfica, quando entãonão serão permitidos acréscimos ou modificações no texto.

e) À Editoria e ao Conselho Editorial é facultada a encomenda detextos e artigos para publicação.

4. Forma de apresentaÁ„o

a) Tamanho – Os trabalhos devem ser apresentados no programaWord, no tamanho máximo de 20 páginas, espaço 1,5 entre linhase margens de 2 cm nas laterais, no topo e na base, em formatoA4, com páginas numeradas. A fonte é Times New Roman, corpo12 para o texto e corpo 10 para notas de rodapé. Utilizar apenasa cor preta para todo o texto. Devem-se evitar agradecimentos eexcesso de notas de rodapé.

b ) Títulos, Autores, Resumo, Abstract e Palavras-chave (key-words) – Os títulos em Português devem ser grafados em caixabaixa, exceto a primeira palavra ou em nomes próprios, com, nomáximo, 7 palavras. Devem ser claros e concisos e expressar oconteúdo do trabalho. Grafar os nomes dos autores por extenso,com letras iniciais maiúsculas. O resumo e o abstract não devemultrapassar 200 palavras. Devem conter uma síntese dos objetivos,desenvolvimento e principal conclusão do trabalho. É exigida,também, a indicação de no mínimo três e no máximo cinco pala-vras-chave e key-words. Essas expressões devem ser grafadasem letras minúsculas, exceto a letra inicial, e seguidas de doispontos. As Palavras-chave e Key-words devem ser separadaspor vírgulas e iniciadas com letras minúsculas, não devendo conterpalavras que já apareçam no título.

c) No rodapé da primeira página, devem constar a qualificaçãoprofissional principal e o endereço postal completo do(s) autor(es),incluindo-se o endereço eletrônico.

d) Introdução – A palavra Introdução deve ser grafada em caixa-alta-e-baixa e alinhada à esquerda. Deve ocupar, no máximoduas páginas e apresentar o objetivo do trabalho, importância econtextualização, o alcance e eventuais limitações do estudo.

e) Desenvolvimento – Constitui o núcleo do trabalho, onde que seencontram os procedimentos metodológicos, os resultados dapesquisa e sua discussão crítica. Contudo, a palavra Desenvol-vimento jamais servirá de título para esse núcleo, ficando a critériodo autor empregar os títulos que mais se apropriem à natureza doseu trabalho. Sejam quais forem as opções de título, ele deve seralinhado à esquerda, grafado em caixa baixa, exceto a palavrainicial ou substantivos próprios nele contido.

Em todo o artigo, a redação deve priorizar a criação de parágrafosconstruídos com orações em ordem direta, prezando pelaclareza e concisão de idéias. Deve-se evitar parágrafos longosque não estejam relacionados entre si, que não explicam, quenão se complementam ou não concluam a idéia anterior.

f) Conclusões – A palavra Conclusões ou expressão equivalentedeve ser grafada em caixa-alta-e-baixa e alinhada à esquerda dapágina. São elaboradas com base no objetivo e nos resultadosdo trabalho. Não podem consistir, simplesmente, do resumo dosresultados; devem apresentar as novas descobertas da pesquisa.Confirmar ou rejeitar as hipóteses formuladas na Introdução, sefor o caso.

g) Citações – Quando incluídos na sentença, os sobrenomes dosautores devem ser grafados em caixa-alta-e-baixa, com a dataentre parênteses. Se não incluídos, devem estar também dentro

InstruÁ„o aos autores

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do parêntesis, grafados em caixa alta, separados das datas porvírgula.

• Citação com dois autores: sobrenomes separados por “e”quando fora do parêntesis e com ponto-e-vírgula quandoentre parêntesis.

• Citação com mais de dois autores: sobrenome do primeiroautor seguido da expressão et al. em fonte normal.

• Citação de diversas obras de autores diferentes: obedecerà ordem alfabética dos nomes dos autores, separadas porponto-e-vírgula.

• Citação de mais de um documento dos mesmos autores:não há repetição dos nomes dos autores; as datas das obras,em ordem cronológica, são separadas por vírgula.

• Citação de citação: sobrenome do autor do documentooriginal seguido da expressão “citado por” e da citação daobra consultada.

• Citações literais que contenham três linhas ou menos devemaparecer aspeadas, integrando o parágrafo normal. Após oano da publicação acrescentar a(s) página(s) do trecho citado(entre parênteses e separados por vírgula).

• Citações literais longas (quatro ou mais linhas) serão desta-cadas do texto em parágrafo especial e com recuo de quatroespaços à direita da margem esquerda, em espaço simples,corpo 10.

h) Figuras e Tabelas – As figuras e tabelas devem ser citadas notexto em ordem seqüencial numérica, escritas com a letra inicialmaiúscula, seguidas do número correspondente. As citaçõespodem vir entre parênteses ou integrar o texto. As Tabelas eFiguras devem ser apresentadas no texto, em local próximo aode sua citação. O título de Tabela deve ser escrito sem negrito eposicionado acima desta. O título de Figura também deve serescrito sem negrito, mas posicionado abaixo desta. Só são aceitastabelas e figuras citadas efetivamente no texto.

i) Notas de rodapé – As notas de rodapé devem ser de naturezasubstantiva (não bibliográficas) e reduzidas ao mínimo necessário.

j) Referências – A palavra Referências deve ser grafada comletras em caixa-alta-e-baixa, alinhada à esquerda da página. Asreferências devem conter fontes atuais, principalmente de artigosde periódicos. Podem conter trabalhos clássicos mais antigos,diretamente relacionados com o tema do estudo. Devem sernormalizadas de acordo com a NBR 6023 de Agosto 2002, daABNT (ou a vigente).

Devem-se referenciar somente as fontes utilizadas e citadas naelaboração do artigo e apresentadas em ordem alfabética.

Os exemplos a seguir constituem os casos mais comuns, tomadoscomo modelos:

Monografia no todo (livro, folheto e trabalhos acadÍmicospublicados).

WEBER, M. CiÍncia e polÌtica: duas vocações. Trad. de LeônidasHegenberg e Octany Silveira da Mota. 4. ed. Brasília, DF: EditoraUnB, 1983. 128 p. (Coleção Weberiana).

ALSTON, J. M.; NORT ON, G. W.; PA R D E Y, P. G. Science underscarcity: principles and practice for agricultural research

evaluation and priority setting. Ithaca: Cornell University Press,1995. 513 p.

Parte de monografia

OFFE, C. The theory of State and the problems of policy formation.In: LINDBERG, L. (Org.). Stress and contradictions in moderncapitalism. Lexinghton: Lexinghton Books, 1975. p. 125-144.

Artigo de revista

TRIGO, E. J. Pesquisa agrícola para o ano 2000: algumasconsiderações estratégicas e organizacionais. Cadernos deCiÍncia & Tecnologia, Brasília, DF, v. 9, n. 1/3, p. 9-25, 1992.

DissertaÁ„o ou Tese

Não publicada:

AHRENS , S . A seleÁ„o simult‚nea do Ûtimo regime dedesbastes e da idade de rotaÁ„o, para povoamentos depÌnus taeda L. atravÈs de um modelo de programaÁ„odin‚mica. 1992. 189 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federaldo Paraná, Curitiba.

Publicada: da mesma forma que monografia no todo.

Trabalhos apresentados em Congresso

MUELLER, C. C. Uma abordagem para o estudo da formulação depolíticas agrícolas no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DEECONOMIA, 8., 1980, Nova Friburgo. Anais... Brasília: ANPEC,1980. p. 463-506.

Documento de acesso em meio eletrÙnico

CAPORAL, F. R. Bases para uma nova ATER p˙blica. SantaM a r i a : P R O N A F, 2003. 19 p. Disponível em: <http://w w w.pronaf.gov.br/ater/Docs/Bases%20NOVA%20ATER.doc>.Acesso em: 06 mar. 2005.

MIRANDA, E. E. de (Coord.). Brasil visto do espaÁo: Goiás eDistrito Federal. Campinas, SP: Embrapa Monitoramento por Satélite;Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2002. 1 CD-ROM.(Coleção Brasil Visto do Espaço).

LegislaÁ„o

BRASIL. Medida provisória nº 1.569-9, de 11 de dezembro de1997. Estabelece multa em operações de importação, e dá outrasprovidências. Di·rio Oficial [da] Rep˙blica Federativa doBrasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 14 dez. 1997. Seção 1, p.29514.

SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 42.822, de 20 de janeiro de1998. Lex: coletânea de legislação e jurisprudência, São Paulo,v. 62, n. 3, p. 217-220, 1998.

5. Outras informaÁıes

a) O autor ou os autores receberão cinco exemplares do númeroda Revista no qual o seu trabalho tenha sido publicado.

b) Para outros pormenores sobre a elaboração de trabalhos aserem enviados à Revista de Política Agrícola, contatar diretamenteo coordenador editorial, Mierson Martins Mota, ou a secretária-geral, Regina Mergulhão Vaz, em:

[email protected]; telefone: (61) 3448-4336

[email protected]; telefone: (61) 3218-2209