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CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
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Políticas Macroeconômicas da União e Evolução Recente da Economia dos
Entes Estaduais – O Caso da Paraíba
Andrea Carla de Azevêdo1
Roberto Alves de Araújo2
Rosilene Dias Montenegro³
Resumo: Propomos, no presente artigo, identificar os impactos sobre a economia da Paraíba gerados pelas políticas macroeconômicas praticadas pelo Governo Federal nos últimos 40 anos, verificando a evolução da carga e repartição do bolo tributário no Brasil a partir do final dos anos de 1960 até a segunda metade da década inicial do terceiro milênio. Partimos da premissa de que a dinâmica do sistema capitalista hoje instalado e em plena atuação em nível mundial, no seu processo de acumulação e reprodução em escala ampliada, se realiza atrelando e subordinando aos interesses do capital nos núcleos hegemônicos, atividades implementadas em regiões de menor dinâmica, produzindo nelas efeitos combinados e desiguais. Analisamos aspectos relacionados a arrecadação de fundos via mecanismos de tributação constitucionalmente a eles atribuídos e procuramos perceber como a Paraíba se insere nesse processo. Analisamos aspectos referentes a aplicação dos recursos para custeio de gastos com oferta de infra-estrutura e serviços de natureza essencial à população; e, a partir da análise dos grandes agregados do Produto Interno Bruto (PIB) estadual e itens da receita e da despesa pública da Paraíba, quais os principais problemas gerados pela dependência do Estado dos investimentos do Poder Público, em sua atuação como empresário (produzindo serviços típicos do setor privado ou fomentando atividades de interesse deste). Palavras-chave: Capitalismo; Desenvolvimento; Políticas Públicas; Economia da Paraíba.
1 Mestranda em Desenvolvimento Regional (UEPB/UFCG), [email protected]
2 Mestrando em Desenvolvimento Regional (UEPB/UFCG), [email protected]
³ Professora do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional (UEPB/UFCG), e PPGH (UFCG), [email protected]
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Introdução
O sistema capitalista de produção instalado em nível mundial, e em plena atuação,
no bojo do processo de acumulação, subordina as iniciativas levadas a efeito em cada um
dos seus subsistemas, sub-componentes, setores e atividades que o integram, portanto os
esforços neles desenvolvidos, aos interesses implícitos no processo de acumulação, que é a
obtenção de lucro, entendido este, para efeitos do estudo presente, como vantagem retirada
de uma operação (comercial, industrial ou outra), ganho proveniente de qualquer
especulação, deduzidas as despesas; ou, ganho gratuito ou que se obteve sem trabalho.
Com efeito, auferir lucro, enquanto objetivo geral do sistema capitalista que possibilita o
processo de acumulação em escala ampliada, não apenas guarda estrita relação com as
taxas de lucro alcançadas nas atividades de cada setor, como de resto dessas taxas são
dependentes, ou seja, quanto mais elevadas forem as taxas setoriais de lucro alcançadas,
quanto mais alta será a taxa média de lucro do sistema e a massa de lucro obtida. Implica
dizer que as taxas de lucro geradas nas atividades de cada setor devem ser superiores ou
no mínimo iguais a taxa média de lucro da economia (taxa média do sistema como um todo
ou taxa de mercado). Dito de outra maneira, a taxa média de remuneração das aplicações
vigentes no conjunto da economia no momento presente e previsão para o futuro, pelo
menos com horizonte de médio prazo. Se as taxas de lucro geradas em atividades de um
determinado setor se mantiverem abaixo da taxa média de lucro do sistema por um longo
período de tempo, fatalmente as aplicações em atividades desse setor – com taxas de
remuneração nas condições apontadas – tenderão a migrar para aplicações em setores com
rentabilidade superior ou igual a vigente no conjunto da economia.
Ao longo da história, em especial na fase mais recente, é possível visualizar que sob
determinação legal, governantes – em diversos regimes a exemplo de reis, imperadores
czares, etc. – exercitavam a função de arrecadar fundos junto à população, sob diferentes
formas de tributação, no sentido de garantir o suprimento necessário para cobrir os seus
gastos de manutenção enquanto responsáveis pela administração superior dos países –
“Entes Estados” – ou para custear a realização de benefícios os serviços de natureza
essencial a serem postos a disposição dos governados (estradas, equipamentos de saúde,
educação e segurança). No estudo “USA: A crise do Estado capitalista”, James O’Connor,
chama atenção para o fato de que na sociedade, a expectativa geral sobre a realização de
gastos governamentais, seja nas classes ou grupos sociais com mais altos rendimentos ou
em grupos sem rendimento ou com baixa renda familiar, portanto menos protegidos, é que o
governo gaste mais em investimentos e manutenção de serviços sociais e assistenciais. O
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fato, entretanto, é que ninguém parece predisposto a contribuir com recursos financeiros
para viabilizar a realização dos gastos, repudiando qualquer tentativa de criação de novos
tributos ou majoração das alíquotas dos já existentes (O’CONNOR, 1977).
A Tributação e o Financiamento de Gastos Governamentais no Brasil: O Respaldo Constitucional
A Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 1º, estabelece que o Brasil
é uma República Federativa indissolúvel, constituindo-se em Estado democrático de direito
que tem como um dos seus fundamentos a soberania; e, que de acordo com a organização
político-administrativa nela proposta, compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, todos autônomos, nos termos definidos na Constituição. Equivale dizer que
somos, legalmente, uma República formada por um Ente Nacional e um conjunto de Entes
Sub-nacionais (Estados e Municípios), com Poder Político para exercer o seu comando e
controle, sem submissão aos interesses de quaisquer dos outros Entes. Para exercitar as
competências que constitucionalmente lhe foram atribuídas de exercer o seu próprio
comando e controle, os Entes Federados assumem o pressuposto de que devem dispor de
recursos para cumprir a sua finalidade como Instituição. A Constituição tratou e resolveu
essa questão delegando aos Entes o papel de arrecadar recursos financeiros via
mecanismos da tributação (impostos, taxas, contribuições, etc.), segundo um conjunto de
normas preestabelecidas, para aplicar em benefício da sociedade. Conforme estudos
realizados, como repercussão da delegação para arrecadar, estabeleceu-se no Brasil uma
competição tributária entre os Entes Governamentais quer entre os Entes de mesmo nível, a
denominada Competição Tributária Horizontal – CTH (GORDON, 1983), quer entre os Entes
dos diferentes níveis da Federação – Competição Tributária Vertical - CTV (VIOL, 1999 e
REZENDE et. al., 2007). Da competição tributária entre os Entes, emergem externalidades
com capacidade de impactar as receitas tributárias de cada Ente Federado, gerando
rebatimentos mais fortes e trazendo efeitos mais nocivos sobre as economias menores, com
menor dinâmica e, portanto, menor capacidade de resposta. Na economia do Brasil, em
função da distribuição da competência de tributar, decorreram alguns casos emblemáticos
de Competição Tributária, como:
a) Competição Tributária Horizontal (CTH) – iniciativas de fomento à atração de
investimentos com o mecanismo da renúncia fiscal de ICMS, o qual recebeu a
denominação de guerra fiscal entre os Estados, que drena recursos e reduz o
nível das receitas próprias dos estados no seu mais importante item; e,
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b) Competição Tributária Vertical (CTV) – elevação de alíquotas pelo Governo da
União de tributos sob sua competência (COFINS e outros) e concessão de
benefícios de renúncia em cima do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
ou Imposto de Renda (IR). No caso da renúncia de IPI e IR há impactos
negativos sobre as finanças públicas dos Estados e Municípios, visto que
constituem a base para formação dos Fundos de Participação dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal. As transferências que a União repassa aos
Estados, Municípios e Distrito Federal são denominados de Fundo de
participação do estado – FPE e Fundo de Participação do Município – FPM. A
título de ilustração adianta-se que no caso da Paraíba, as transferências do FPE
correspondem a cerca de quarenta por cento do orçamento do Ente Estadual e
as de FPM a mais de cinqüenta por cento do orçamento de alguns dos Entes
Municipais.
Dados apresentados em estudos recentes realizados por entidades como o Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA permitem identificar claramente que o Governo
Central não apenas almeja uma fatia maior na partição do “bolo tributário”, como de resto
desenvolve providências para conseguir o intento e mais adiante este artigo apresenta
dados que atestam que o projeto tem sido “coroado de êxito”. Liderau dos Santos M. Junior,
Cristiano Aguiar Oliveira e Eugenio Lagemman, subscreveram artigo em 2009, que inclui
tabela, reproduzida a seguir, com detalhes sobre a maneira como a carga tributária
brasileira é distribuída, quem tem a prerrogativa de arrecadar cada tributo – entre quais
Entes eles são distribuídos; e, a posição dos Entes no processo (vide tabela 1),
considerando o contexto do referencial teórico-metodológico adotado para as analises do
artigo. Justificando a escolha do método, afirmam os cientistas sociais:
A proposição de um jogo é justificada porque os estados e a União interagem ao tributar sobre a mesma base. Ambos sabem que suas decisões de política fiscal afetam uns aos outros e cada esfera de governo toma decisões de política fiscal, sem atuar de forma cooperativa, considerando as reações das demais esferas (JR., L. S. M., OLIVEIRA, C.A., LAGEMMAN, E., 2009, p.5).
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Tabela 1. Competências Tributárias no Brasil
Tributos Quem
legisla
Quem
administra
Com quem fica a receita
1. Sobre o patrimônio U, E, M U, E, M U, E, M
IPTU M M M
IPVA E E E (50%), M(50%)
ITR U U U(50%), M(50%)
ITCD E E E
ITBI M M M
2. Sobre o consumo U, E, M U, E, M U, E, M
COFINS U U U
PIS/PASEP U U U
CIDE combustíveis U U U (71%), E (21,75%), M(7,25%)
IPI U U U (42%), E(32%), M(26%)*
ICMS E E E(75%), M(25%)
ISS M M M
II U U U
3. Sobre a renda U U U,E,M
IR U U U(52%), E(21,5%), M(23,5)*
IOF U U U
CSLL U U U
4. Sobre a folha de pagamento U U U, E, M e entidades
CPS U U U
FGTS U U U
Salário-educação U U U, E
Sistema S U U Entidades
5. Taxas e Contr. de melhoria U, E, M U, E, M U, E, M
6. Outros tributos U, E, M U, E, M U, E, M
Fonte: elaboração Liderau dos Santos Marques (FEE-FS), Cristiano Aguiar de Oliveira (UFRGS),
Eugenio Lagemman (UFRGS).
Notas: U=União; E=Estados; M=Municípios.
* A como o FPE e FPM redistribuem o IPI e o IR entre a União, os estados e os municípios é
apresentada artigo dos autores.
Um exame às informações da tabela, objetiva identificar quais são os tributos que
compõem a carga tributária no país, quem legisla sobre eles e por fim, que instâncias de
governo se apropriam das receitas e quem as administra. É possível ver, analisando os
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dados da tabela acima, que os Entes Governamentais concorrem entre si (Ente Nacionais,
Entes Sub-nacionais e Entes Municipais), configurando o que foi denominado por Gordon
como Competição Tributária Horizontal – CTH e por Rezende e outros estudiosos como
Competição Tributária Vertical – CTV.
Evolução da Carga Tributária no Brasil
Sendo o foco do presente trabalho identificar impactos gerados sobre a economia
paraibana como efeito das políticas macroeconômicas praticadas no País nos últimos 40
anos, é importante conhecer e compreender como evoluiu a carga e a repartição do bolo
produto da arrecadação tributária no Brasil a partir do final dos anos de 1960 até os dez
anos iniciais do terceiro milênio. As estatísticas mostram que o indicador Carga Tributária
como Proporção do PIB, no Brasil vem se elevando ao longo do tempo e que a União se
apropria da maior parte do bolo, conforme números referentes aos anos selecionados no
período, mostrados a seguir:
a) Carga Tributária como Proporção do PIB em 1960 = 17,40%
Apropriação por esfera: União 10,40%; Estados 5,90%; e, municípios 1,10%;
b) Carga Tributária como Proporção do PIB em 1980 = 24,50%
Apropriação por esfera: União 17,00%; Estados 5,40%; e, municípios 2,10%;
c) Carga Tributária como Proporção do PIB em 1988 =22,40%
Apropriação por esfera: União 14,00%; Estados 6,00%; e, municípios 2,40%;
d) Carga Tributária como Proporção do PIB em 2002 = 32,35%
Apropriação por esfera: União 18,81%; Estados 8,09%; e, municípios 5,45%;
e) Carga Tributária como Proporção do PIB em 2004 = 32,62%
Apropriação por esfera: União 19,25%; Estados 7,93%; e, municípios 5,44%.
Pelo menos sete fatos ou pontos relevantes podem ser apreendidos a partir do
exame do comportamento do indicador Carga Tributária como proporção do PIB, em cinco
anos selecionados na série histórica referente ao período 1960 a 2004. Os dois primeiros
diretamente relativos ao comportamento da economia do país, com efeitos negativos sobre
a produção e o consumo; e, os outros cinco atinentes a forma de apropriação e distribuição
do excedente verificado na relação Carga Tributária / PIB. São eles:
1. Os efeitos restritivos gerados pela brutal elevação da carga tributária
brasileira sobre a dinâmica da economia do país, na medida em que retira
recursos produtivos da economia via aumento na cobrança de tributos
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oneradores do processo de produção de mercadorias e serviços;
2. Os efeitos sobre o consumo (redução) acarretados pela diminuição do
poder de compra da população, afetado pelos efeitos gerados com a
criação, majoração de alíquotas e manutenção de taxas e contribuições
diversas, algumas das quais criadas em caráter emergencial e transitório e
transformadas em permanente;
3. A carga tributária do Brasil como proporção do PIB, que de 1960 a
2004, aumentou de 17,40% para 32,62%, o que corresponde a uma
ampliação de 15,22 pontos percentuais no indicador. Desse incremento a
união capturou 8,85 pontos percentuais, em prejuízo dos outros Entes cujo
montante capturado foi de 4,34 pontos percentuais (os Entes Municipais);
e, os Entes Estaduais apenas 2,03 pontos percentuais;
4. A tendência ascendente do indicador Carga Tributária / PIB registrado
em quatro dos cinco anos da série (17,40% em 1960, 24,50% em 1980,
32,35% em 2002; e, 32,62 em 2004), com uma inflexão em 1988, com o
patamar da relação sendo reduzido para 22,40%;
5. O Governo da União mantém o seu percentual de participação sobre o
total da carga tributária comparativamente aos outros Entes, iniciando no
patamar de 59,77% em 1960 e fechando em 2004, com 59,02% de
participação;
6. A situação dos Entes Estaduais, que embora tenham apropriado 2,03
pontos percentuais do aumento de carga verificado entre 1960 e 2004,
tiveram a sua participação sobre o total da carga tributária reduzido de
33,91% em 1960, para 24,32% em 2004, configurando forte perda para
esses Entes Sub-nacionais; e,
7. O ano de promulgação da constituição (1988) marca um divisor na
participação dos municípios sobre o bolo, que evoluiu do patamar de
1,10%% da carga em 1988, para 5,45% em 2002 e 5,44% em 2004,
capturando 4,34 pontos percentuais do aumento de carga verificado entre
1960 e 2004, o que destaque-se corresponde a melhor performance real e
relativa entre os Entes dos três níveis da Federação.
A Evolução da Economia Paraibana no Período 1995-2007
De maneira preliminar pode-se dizer que analisar a evolução da economia paraibana
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nas últimas quatro décadas e entender os fatores que são determinantes para a sua
performance, pressupõe esforço para compreender alguns aspectos e fatores que sobre ela
exercem influência e trazem desdobramentos. Entre os principais, cabe destacar:
a) O caráter periférico como a economia paraibana se insere no contexto
regional e nacional, sob os ditames do processo de acumulação em escala
ampliada, presente na contemporânea economia capitalista em nível
mundial;
b) O direcionamento conferido pelo Ente Nacional às macro políticas
orientadoras da economia do país e as políticas públicas por ele propostas
e executadas tendo como destinação os Entes Sub-nacionais (Estados
Municípios); e,
c) A atuação do Ente Estadual, enquanto agente econômico com
competência para atuar fomentando o processo de desenvolvimento do
estado em moldes sustentáveis, posto a sua função de arrecadador de
fundos, via tributos, para aplicar no fortalecimento e expansão da oferta de
serviços públicos sociais de natureza essencial e infra-estrutura
econômica.
Para um estudo de tal dimensão, é extremamente difícil encontrar um indicador
comportamental que, aplicado isoladamente, possa gerar informações necessárias e
suficientes para prover suporte à realização de análises que produzam informes sobre o
quadro geral de uma determinada economia, compreendendo estrutura, evolução,
comportamento, potencial e perspectivas.
Alguns indicadores, entretanto, aplicados de forma associada a outros instrumentos
de avaliação comportamental ou mediante utilização de informações geradas por estes,
podem vir a se constituir em importantes instrumentos para utilização em estudos e
análises. Neste trabalho, buscou-se escolher um indicador cuja aplicação tivesse relevância
no contexto teórico e prático, cujas informações pudessem ser facilmente acessadas e
utilizadas; e, ainda, que a sua escolha não gerasse questionamentos sobre o seu uso e
ensejasse repercussões positivas e confiabilidade por sua aplicação nas análises do estudo.
Por melhor atender as características descritas, a escolha recaiu sobre o indicador Produto
Interno Bruto – PIB.
O conceito de Produto Interno Bruto – PIB, utilizado para fins do artigo é: o valor
final representativo da soma de todos os bens (produtos e serviços) produzidos
internamente na economia de um determinado Ente (seja Município, Estado, Região ou
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País), num período de tempo específico.
Aplicando o conceito a situação da Paraíba, tem-se que Produto Interno Bruto – PIB
é o valor representativo da soma de todos os produtos e serviços gerados internamente pela
economia paraibana, no período de tempo de um ano, o que no caso corresponde a um
exercício financeiro.
Compreender a dinâmica do PIB estadual no bojo da evolução da economia
paraibana; e, os desdobramentos que geram para o Estado, requer disponibilidade e
possibilidade de acesso a estatísticas relativas a esse agregado e sobre o Estado de modo
geral. Assim, o estudo se apropria de estatísticas produzidas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE e pelo Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da
Paraíba – IDEME, órgão estadual de estatísticas do Estado, relativamente às atividades
econômicas do Estado nas últimas três décadas; e, de modo particular, do período
compreendido entre 1995-2007, trabalhando séries históricas sobre os indicadores
comportamentais PIB e PIB per capita do Estado. Realiza análises e ilações entre os
números registrados para o PIB estadual, com os dados referentes ao crescimento
populacional e grau de urbanização, com o objetivo de detectar, e nos casos possíveis
avaliar, a influência exercida pelo agregado PIB sobre os outros agregados e indicadores
referenciados e, em caso positivo, como ocorre essa influência e em que grau.
Tabela 2. Produto Interno Bruto Total e Per Capita a Preços Correntes e Taxa Anual de
Crescimento Brasil/Nordeste/Paraíba (1995-2007).
BR NE PB BR NE PB BR NE PB BR NE PB
1995 705.641 84.970 5.183 2,98 2,09 4,01 4.438 1.877 1.557 -0,82 -1,03 2,03
1996 843.966 105.223 6.439 2,15 2,08 2,64 5.234 2.298 1.919 0,74 0,94 1,93
1997 939.147 116.981 7.205 3,38 4,27 3,06 5.745 2.527 2.134 1,97 3,13 2,35
1998 979.276 121.901 7.647 0,04 -0,40 -2,29 5.910 2.605 2.248 -1,30 -1,48 -3,01
1999 1.065.000 132.577 8.397 0,25 0,94 2,78 6.311 2.791 2.446 -1,57 -0,54 1,81
2000 1.179.482 146.827 9.338 4,31 4,09 4,37 6.886 3.054 2.699 2,77 2,85 3,57
2001 1.302.135 163.465 10.849 1,31 0,76 0,83 7.491 3.360 3.111 -0,17 -0,45 0,05
2002 1.477.822 191.592 12.434 2,66 2,91 4,77 8.378 3.891 3.538 1,16 1,69 3,96
2003 1.699.948 217.037 14.158 1,15 1,89 5,29 9.498 4.355 3.998 -0,32 0,68 4,47
2004 1.941.498 247.043 15.022 5,71 6,52 2,78 10.692 4.899 4.209 4,20 5,26 1,99
2005 2.147.239 280.545 16.869 3,16 4,56 3,98 11.658 5.499 4.691 1,70 3,35 3,18
2006 2.369.484 311.104 19.951 3,96 4,75 6,70 12.687 6.028 5.506 2,52 3,56 5,90
2007 2.661.345 347.797 22.202 6,09 4,85 2,21 14.465 6.749 6.097 7,70 5,00 1,70
Fonte: IBGE / IDEME - Equipe de Contas Regionais do Brasil.
AnosPIB (R$ Milhão) PIB Variação Anual % PIB Per capita (R$ 1,00) PIB Per Capita Variação Anual %
O PIB da Paraíba, conforme os dados do período de 1995 a 2007, a preços
correntes, evoluiu de R$ 5.183 milhões no ano inicial do período, para R$ 22.202 milhões no
ano final. Observa-se que a série não apresenta um comportamento homogêneo, com uma
taxa média de crescimento anual que ficou situada numa faixa de variação cujos percentuais
mínimos registrados foram respectivamente, -2,29% em 1998/1997 e 0,83% em 2001/2000;
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e na banda superior, atingiu os seus resultados mais expressivos no início da série
2003/2002, quando atingiu 5,29%; e, em 2006/2005, seu ponto máximo, 6,70%.
Registre-se por fundamental que embora a performance das taxas de crescimento do
PIB da Paraíba ao longo da série 1995-2007, tenha registrado melhores índices do que as
do Nordeste e do Brasil em seis dos treze anos da série (1995,1996, 2000, 2002, 2003 e
2006), comparativamente ao PIB da Região e do País, a participação do PIB da Paraíba,
mostra uma trajetória estável com discreto crescimento na participação. Em 1995 a relação
PIB PB/NE e PIB PB/BR registrava participação de respectivamente 6,10% e 0,73%. Quanto
ao comportamento da relação PIB PB/NE, verifica-se um gradativo crescimento até 2001,
quando registra 6,64%, alternando pequenos decréscimos e aumentos até 2007, quando
marca o nível de 6,38% de participação. No que se refere ao desempenho da relação PIB
PB/BR, a relação apresenta crescimento até 2002, quando registra o nível de 0,84%,
alternando a partir daí pequenos decréscimos e aumentos, até se fixar no ano de 2007 no
patamar de participação de 0,83%. Esses números configuram crescimento na participação
do PIB da Paraíba nas relações PIB PB/NE e PIB PB/BR, de respectivamente 4,65%
13,58% sobre o patamar de participação no ano inicial da série. Cabe destacar que essa
performance, entretanto, não foi suficiente para fazer a Paraíba melhorar sua posição de
sexto lugar na hierarquia de participação no PIB da Região.
Dinâmica do PIB PER Capita Paraibano
O Produto Interno Bruto Per Capita da Paraíba, a preços correntes, considerando o
período 1995 a 2007, evoluiu de R$ 1.557,00 em 1995 para R$ 6.097,00 em 2007, conforme
demonstra o Gráfico 1 abaixo, apresentando no período, em termos de crescimento, uma
variação anual que está situada entre -3,01% registrado em 1998/1997 (resultado negativo)
e 5,90%, melhor nível de participação, conseguido em 2006/2005.
Embora os números do período 1995-2007 mostrem que a participação do PIB Per
Capita da Paraíba no PIB do Nordeste e no PIB do Brasil melhorou (PIB PB/PIB NE:
1995=82,97%; 2007=90,34%; e, PIB PB/PIB BR: 1995=35,08%; 2007=42,15%), é preciso
destacar que o PIB Per capita da Paraíba apresenta uma dinâmica de crescimento que é
inferior a do PIB estadual. Equivale dizer que os ganhos de crescimento do produto,
relativamente ao indicador PIB Per capita, são incorporados em proporção inferiores a do
PIB
Gráfico 1. Participação Percentual do PIB Per Capita da Paraíba no PIB do Nordeste e do
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Brasil (1995 – 2007).
Sendo a Região Nordeste periférica aos Centros Hegemônicos do capitalismo no
País, ela é subordinada aos interesses do processo de acumulação capitalista, como Região
de menor dinâmica, situação idêntica aos termos em que é enquadrada a economia
paraibana. Com efeito, são produzidos sobre a economia do Estado, enquanto região
periférica, efeitos negativos, combinados e desiguais, com a maior fatia dos ganhos nela
gerados, direcionados para os centros hegemônicos, em detrimento da Paraíba, posto seu
caráter periférico.
Outro grave fator negativo relacionado ao comportamento do PIB Per Capita da
Paraíba sobre o qual comporta profunda reflexão, diz respeito à desproporcionalidade da
distribuição do PIB Per Capita entre as diversas regiões do Estado e a heterogeneidade das
taxas regionais de crescimento do agregado no Estado, entre 1999 e 2007. Poucas regiões
da Paraíba registraram crescimento do seu PIB Per Capita entre 1999 e 2007 em nível
superior a média registrada para o Estado, que evoluiu de R$ 2.446,00 em 1999 para R$
6.099,00 em 2007. Registra-se como destaque de crescimento, a 1ª Região Geo-
Administrativa, que tem João Pessoa, a capital do Estado, como município sede, tendo o
seu PIB evoluído de R$ 3.149,00 em 1999, para R$ 8.431,00, superando e PIB de todas as
outras regiões do Estado em mais 100%. Por outro lado, as regiões Geo-Administrativas de
Cuité e Cajazeiras apresentaram os menores percentuais de crescimento de todas as
regiões, chegando aos índices de 226,66 e 227, 41, em 2007, partindo do ano de 1999
tomado base igual a 100.
A distribuição setorial do PIB Estadual da Paraíba, de acordo com os números do
período 1999 a 2007, mostra um desbalanceamento na participação de um dos seus
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setores. O Setor Agropecuário apresenta uma trajetória declinante no período, com sua
participação sendo gradativamente reduzida, de 13,6% em 1995 para 5,6% no ano de 2007,
configurando uma redução na dinâmica econômica do setor. As atividades industriais, por
seu lado, registraram no mesmo período, uma melhoria na sua performance, com o setor
apresentando trajetória uma ascendente, passando de uma participação de 18,5% no ano
1995, para 22,4% no ano de 2007. Quanto ao setor de comércio e serviços, houve um
aumento na sua participação, evoluindo do patamar de 67,9% em 1995 para uma
participação de 72,0% em 2007.
A Presença do Setor Público Estadual na Formação do PIB Paraibano
É forte e crescente a presença do Setor Público na formação do PIB estadual, tendo
a sua configuração através da produção dos Serviços Industriais de Utilidade Pública –
SIUP (que tem como serviços componentes do agregado, a Produção e Distribuição de
Eletricidade, Gás, Água, Esgotos e Limpeza Urbana); e, dos serviços sociais de natureza
essencial de responsabilidade do Ente Estadual (cuja composição do agregado é formada
pelos serviços de Administração, Saúde e Educação Pública e Seguridade Social).
Os serviços de “administração, saúde, educação pública e seguridade social”
produzidos pelo Ente Estadual, aumentaram sua participação no PIB estadual, evoluindo de
28,78% sobre o total do PIB em 1995, para 30,60% em 2007, embora tenha apresentado
inflexões ao longo da série histórica (redução em 1996 para o nível de 27,14% e em 1997,
para 26,81%). No mesmo período, os Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP), que
em 1995 participavam com 1,56% do total do PIB, quadruplicaram sua participação em
2007, passando para o patamar de 6,50% sobre o total do produto estadual.
O somatório dos dois agregados, possibilita que se visualize o ritmo crescente de
participação do setor Público na economia e sua dimensão (evoluiu de 30,3% em 1995, para
37,1% em 2007), deixando claro a grande dependência da economia paraibana aos
investimentos públicos e mostrando uma das vias através da qual a economia paraibana é
atrelada ao modo de acumulação vigente, sob a égide do capital transnacional. Nesse
contexto, constitui fator de preocupação observar que o Setor Público aumenta a sua
participação na economia paraibana nos últimos 10 anos (até substituindo a iniciativa
privada em algumas atividades e funções), mesmo tendo havido uma redução de
participação no segmento energético, motivada pela privatização da companhia estadual
distribuição de energia elétrica, que tornou os serviços de eletricidade patrocinados pelo
Estado restritos apenas a segmentos específicos, a exemplo dos grupos familiares dos
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segmentos de menor renda e pequenos agricultores, que recebem beneficio via subsidio
nas tarifas.
Concentração Espacial do PIB e Predomínio da Região Litorânea na Economia
Estadual
A concentração espacial do PIB da Paraíba em algumas áreas do seu território é
uma questão a destacar como merecedora de reflexão dos estudiosos e agentes envolvidos
com o processo de planejamento do Estado. Os números da distribuição do PIB paraibano
segundo Regiões Geo-Administrativas, conforme Tabela 3, mostram que no período 1999-
2007 apenas quatro das catorze Regiões Geo-Administrativas da Paraíba apresentaram
ganhos em termos de participação no PIB estadual (1ª Região João Pessoa 4,96%, 5ª
Região Monteiro 0,01%, 11ª Região Princesa Isabel 0,04% e 14ª Região Mamanguape
0,07%). Pela dimensão de sua participação, a 1ª Região, que tem como município sede
João Pessoa, capital do Estado, capturou isoladamente 2,96 pontos percentuais de um total
de 3,08 registrado para as quatro regiões mencionadas, revelando uma forte tendência de
concentração do PIB paraibano na região litorânea (particularmente na 1ª Região Geo-
Administrativa) e entorno.
Tabela 3. Participação percentual do Produto Interno Bruto Total do Estado segundo
Regiões Geo Administrativas (1999-2007).
Tabela 3. Evolução do Produto Interno Bruto do Estado da Paraíba segundo Regiões Geoadministrativas - 1999 à 2007
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Paraíba 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
1ª Região: Sede João Pessoa (14 mun.) 46,1 46,5 47,8 50,0 48,4 47,8 50,3 49,1 49,1
2ª Região: Sede Guarabira (24 mun.) 5,5 5,2 5,1 4,8 5,0 5,1 5,1 5,0 5,0
3ª Região: Sede Campina Grande (39 mun.) 22,0 22,5 21,3 20,6 21,5 21,9 20,6 21,2 21,4
4ª Região: Sede Cuité (12 mun.) 1,6 1,6 1,6 1,5 1,4 1,5 1,5 1,5 1,5
5ª Região: Sede Monteiro (18 mun.) 1,9 1,9 1,9 1,8 1,8 1,8 1,8 1,8 1,9
6ª Região: Sede Patos (22 mun.) 4,5 4,3 4,3 4,0 3,9 4,1 3,8 3,8 3,8
7ª Região: Sede Itaporanga (18 mun.) 2,3 2,3 2,2 2,2 2,2 2,2 2,1 2,2 2,1
8ª Região: Sede Catolé do Rocha (10 mun.) 1,8 1,7 1,6 1,6 1,7 1,7 1,6 1,7 1,7
9ª Região: Sede Cajazeiras (15 mun.) 3,3 3,2 3,1 2,9 3,0 3,0 2,9 3,0 3,2
10ª Região: Sede Sousa (8 mun.) 2,2 2,1 1,9 1,9 1,9 2,0 1,9 1,9 2,0
11ª Região: Sede Princesa Isabel (7 mun.) 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,0 1,2 1,1
12ª Região: Sede Itabaiana (15 mun.) 3,7 3,6 3,8 3,3 4,0 3,6 3,4 3,4 3,2
13ª Região: Sede Pombal (9 mun.) 1,3 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2
14ª Região: Sede Mamanguape (12 mun.) 2,8 2,7 3,2 3,0 2,9 3,0 2,9 3,0 2,9
FONTE: IBGE/ IDEME
PARTICIPAÇÃO DO PIB DAS REGIÕES NO PIB DO ESTADODivisão Geoadministrativa / Municípios Sedes / Número
de Municípios das Regiões
Dinâmica da População Estadual
Segundo dados do IBGE, a Paraíba possuía, em 2007, uma população residente de
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3.713.721 habitantes, correspondendo a uma participação de 7,1% na população do
Nordeste e 2,0% do Brasil, distribuída num território de 56.584,60 km2, equivalente a 3,62%
da área da Região Nordeste e 0,66% do território brasileiro.
Os números do crescimento populacional da Paraíba referentes aos anos de 1980,
1991, 1996, 2000 e 2007, apresentam-se inferiores aos da Região Nordeste e do Brasil, o
que decorre de dois fatos conjugados: do crescimento vegetativo em baixas taxas e do
saldo migratório negativo, este, ocasionado na visão de Cohn (1977) e Andrade (1988),
pela situação de fornecedor de mão-de-obra para o Centro Sul e Sudeste (Regiões
hegemônicas), ostentada pelo Nordeste.
Os dados relativos aos anos mencionados, mostram que o crescimento geral da
população da Paraíba vem ocorrendo em níveis abaixo das médias regional e nacional e
apresentando tendência declinante. O crescimento populacional do Estado nos sub-
períodos 1991/1980, 1996/1991, 2000/1996 e 2007/2000, foi de respectivamente 1,19%,
0,64%, 0,80% e 0,82%, em comparação com 1,93 1,36%, 1,56% e 1,15% do Brasil; e,
1,83%, 1,05%, 1,30% e 1,10%, obtidos pela Região Nordeste, nos mesmos sub-períodos.
Esse comportamento, fez com que a Paraíba tivesse reduzida sua participação na
população da Região e do País, tendo as estatísticas registrado no tocante a relação
População PB/NE, uma diminuição da participação da Paraíba no período entre 1980 e
2007, de 8,07% para 7,07%; e, na relação População PB/BR, uma redução de participação
da Paraíba do patamar de 2,36% em 1980 para 1,98% em 2007.
Projeções do IBGE para o período 2014 a 2022 apontam que os percentuais de
participação das Paraíba deverão continuar em tendência declinante, sendo projetados os
seguintes percentuais para as relações População da Paraíba/População do Nordeste e
População da Paraíba/População do Brasil: “Ano de 2014, relação pop. PB / pop. NE=7,0%
e relação pop. PB / pop. BR=1,9%; Ano de 2022, relação pop. PB / pop. NE=6,9% e relação
pop. PB / pop. BR=1,9%”.
Dinâmica Interna da População Paraibana
Análise da distribuição interna da população no âmbito dos municípios do Estado
Paraíba mostra que nas últimas duas décadas tem havido uma elevação no grau de
urbanização, com a população urbana passando de 65,99% da população estadual em 1998
para 78,64% no ano de 2007. A variação corresponde a um avanço em torno de 13 pontos
percentuais em comparação com a participação registrada no início do período.
Adicionalmente registre-se, que embora o aumento da taxa de urbanização da Paraíba entre
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1998 e 2007 seja inferior à elevação da taxa média registrada para o país, cuja taxa de
urbanização nacional alcançou 82,90%, o número registrado para a Paraíba significa uma
taxa de urbanização superior à média da Região Nordeste, que em 2007 ficou no patamar
de 70,70%.
O crescimento da população residente do Estado como um todo, tomando como
base os anos de 1991, 2000 e 2007, mostra que nos sub-períodos 1991/2000 e 2000/2007,
a população da Paraíba teve crescimento anual de 0,82% e 0,80%, respectivamente. A
evolução do crescimento da população das Regiões Geo-Administrativas do Estado
isoladamente, por seu turno, mostra que a Região Geo-Administrativa de João Pessoa
apresentou taxas de crescimento superior às atingidas pelo Estado, tendo registrado índices
de crescimento na ordem de 2,31% e 1,47%, nos sub-períodos 1991/2000 e 2000/2007.
Entende-se lúcido afirmar que o comportamento da taxa anual de crescimento
populacional da Região Geo-Administrativa de João Pessoa de 1991/2000 exerceu pressão
sobre a taxa média de crescimento apresentada pelo Estado nesse período, assim como no
sub-período 2000/2007, no qual a pressão para elevação da taxa média de crescimento da
população do Estado foi realizada conjuntamente, pelas taxas da 1ª Região (sede em João
Pessoa) e 14ª Região (sede em Mamanguape), que registraram crescimento de
respectivamente 1,41% e 1,43%, constituindo-se nas únicas Regiões que cresceram entre
2000/2007 acima da taxa atingida pelo Estado (0,80%).
As taxas anuais de crescimento populacional registradas pelas outras Regiões Geo-
Administrativas da Paraíba, estiveram abaixo da média do Estado e nos seguintes intervalos
limites:
a) Sub-período de 1991/2000: variação de um mínimo de -0,23% registrado
na 7ª Região (sede Itaporanga), a 0,61% na 4ª Região (sede Cuité); e,
b) Sub-período de 2000/2007: variação do mínimo de 0,24% na 2ª Região
(sede Guarabira) ao máximo de 0,75% na 5ª Região (sede Monteiro).
Cabe destacar que o crescimento médio registrado pelos municípios integrantes do
grupo que por autorização da Lei Nº. 8.950 de 04 de novembro de 2009, foram destacados
da 1ª Região e passaram a compor a 14ª Região com sede em Mamanguape, foi de 0,78%
e 1,43%, considerando as estatísticas referentes aos sub-períodos 1991/2000 e 2000/2007.
Para compreender o peso da população da Região da Grande João Pessoa na 1ª
Região Geo-Administrativa, é composta por 14 municípios, registre-se que os seis
municípios que formam o aglomerado da Grande João Pessoa (municípios de João Pessoa,
Bayeux, Cabedelo, Conde, Lucena e Santa Rita), juntos representaram da população da 1ª
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Região, respectivamente, 84,76% em 1991; 86,06% em 2000; e, 86,81% em 2007.
Relativamente ao percentual de participação da população das Regiões Geo-
Administrativas da Paraíba sobre o total do Estado, os números atestam que a gradual
perda de população pelas Regiões Geo-Administrativas do interior foi capturada pela 1ª
Região Geo-Administrativa do Estado que tem como Sede o município de João Pessoa, cuja
participação na população estadual, passou de 26,4% em 1991, para 29,4% em 2000 e
30,7% em 2007. No gráfico abaixo esses dados podem ser visualizados de maneira mais
detalhada.
Gráfico 2. Participação da População das Regiões Geo-Administrativas no total da Paraíba
1991-2000-2007
Na dinâmica populacional da Paraíba, tomando-se a situação particular da Região de
João Pessoa, cumpre destacar quatro pontos principais característicos do período recente:
1º. A participação na população da Região da Grande João Pessoa na
população da 1ª Região Geo-Administrativa, apresenta uma tendência
ascendente;
2º. A participação da população da área litorânea da Paraíba em que está
localizado o Aglomerado da Grande João Pessoa comparativamente à
população do Estado, aumenta gradativamente (22,39% em 1991;
25,27% em 2000 e 26,66% em 2007);
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3º. A Região da Grande João Pessoa está em acelerado processo de
conurbação (quatro dos seis municípios que compõem a região já estão
conurbados: Santa Rita, Bayeux, João Pessoa e Cabedelo); e,
4º) Os municípios limítrofes de João Pessoa estão tendo aumento gradativo
no grau de urbanização.
Considerações Finais
Considerando a amplitude da temática abordada e a grande quantidade de estudos
realizados sobre ela por importantes cientistas sociais contemporâneos, com certeza
inúmeros outros aspectos poderiam ser agregados aos dados e análises deste estudo,
como elementos capazes de impulsionar ou trazer restrições sobre o processo de
desenvolvimento do Estado. Dois estão sendo destacados, pela dimensão que assumem no
bojo da economia do Estado, pela sua atualidade; e, pela pouca possibilidade de que
possam vir a ser resolvidos ou atenuados, no curto e até médio prazo. São eles:
a) A manutenção da orientação presente no modelo econômico em utilização no
Estado, que segue os moldes capitalistas de apropriação de lucros, concentrando
maiores ganhos nos centros urbanos de produção e consumo, vai continuar
estimulando o aumento do grau de urbanização da maior parte dos Municípios do
Estado e a concentração das atividades econômicas e do PIB na área do entorno
da capital e de algumas das cidades mais importantes do Estado; e,
b) A dependência da Paraíba dos investimentos realizados pelo Poder Público, como
decorrência, continuará persistindo, levando o Estado a funcionar como empresário
em algumas atividades e/ou fomentar o setor privado, em áreas de interesse deste,
em conformidade com o modelo capitalista de reprodução em escala ampliada, via
expropriação de lucro.
Depreende-se então, que reverter ou atenuar a tendência de concentração descrita,
requer a tomada de decisões políticas, diferentes das apresentadas até então, que invertam
a ótica de aplicação dos recursos públicos, desconcentrando e descentralizando os
investimentos realizados para fortalecer a infra-estrutura econômica, ampliar a produção de
serviços sociais básicos sob a responsabilidade do Estado, no curto, médio e longo prazo.
A Paraíba, tomada como objeto de estudo neste trabalho, assim como ocorre em
outros Estados do Brasil, vem revelar que o modelo econômico vigente prioriza os centros
urbanos de produção e consumo em detrimento das regiões interioranas que apresentam
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menor dinâmica econômica, o que resulta em menores percentuais de crescimento.
Ocorre que, sendo a Paraíba um Estado pequeno economicamente, o Poder Público
representado pelo Ente Estadual é um ator econômico imprescindível para, com base em
políticas públicas que considere as peculiaridades locais, apoiar o processo de
desenvolvimento com redução de disparidades inter e intrarregionais.
Assim, entende-se necessária a realização de estudos mais aprofundados, para indicar
caminhos para a correção ou minimização dos problemas, os quais deverão orientar os
gestores públicos do Ente Estadual na criação e/ou incentivo à mecanismos que possam:
elevar e homogeneizar as taxas de crescimento do PIB nas diversas regiões do Estado e a
reduzir a desproporcionalidade na distribuição regional do PIB Per Capita da Paraíba,
contrabalançando os efeitos provocados pelo processo de acumulação em bases
capitalistas.
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