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CURSOS ON-LINE POLÍTICAS SOCIAIS E DE INFRA – ESTRUTURA NO BRASIL PROFESSOR – PAULO VIEIRA www.pontodosconcursos.com.br 1 Políticas Sociais e de Infra-Estrutura no Brasil Aula 09 Prezados alunos, Nosso tema central de hoje será as políticas setoriais no campo do emprego e renda. Desde logo, podemos afirmar que a estrutura institucional dessas políticas tem no Ministério do Trabalho e Emprego seu órgão central, contando com forte participação de setores da sociedade civil, por meio das representações de patrões e empregados nos diversos conselhos existentes nesses segmentos de nossas políticas sociais no Brasil. Políticas Setoriais – Emprego e Renda Nós podemos classificar as ações governamentais com impacto sobre o emprego e a renda das pessoas em três tipos: O primeiro tipo é formado pelas políticas que afetam o nível e a composição da produção e, dessa maneira, o nível de emprego e a renda média. Neste grupo, incluem-se as políticas macroeconômica, industrial e de comércio exterior, e tecnológica, assim como os incentivos para o investimento em infra- estrutura. O segundo tipo de ação refere-se à regulamentação das relações de trabalho, tais como definição do contrato de trabalho e dos direitos e obrigações das partes. Estas políticas podem aumentar simultaneamente o emprego e a remuneração, mas, em geral, apresentam um trade-off protegendo o emprego às custas de queda na remuneração ou a remuneração em troca de queda da produtividade. O terceiro tipo de ação inclui as políticas públicas de emprego e proteção social. Estas políticas atuam diretamente elevando a disponibilidade e qualidade do trabalho e o nível de renda dos trabalhadores. O objetivo central das políticas de emprego e proteção social é reduzir o desemprego e aumentar a produtividade e a renda dos trabalhadores. Por esta razão, estas podem ser funcionais às políticas de redução da pobreza existente no País. Por outro lado, as políticas públicas de emprego e renda também devem ser divididas em três grandes grupos: a) políticas compensatórias – visam transferir renda para os setores mais pobres ou mais vulneráveis da sociedade; As principais políticas compensatórias existentes no País são o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS); o Programa do Seguro-Desemprego; o Programa do Abono Salarial; as regras para a demissão imotivada e o aviso prévio. Podemos dizer que o Programa do Seguro-Desemprego é responsável pelo tripé básico das políticas de emprego, ao propiciar as seguintes ações:

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Políticas Sociais e de Infra-Estrutura no Brasil

Aula 09 Prezados alunos, Nosso tema central de hoje será as políticas setoriais no campo do emprego

e renda. Desde logo, podemos afirmar que a estrutura institucional dessas políticas tem no Ministério do Trabalho e Emprego seu órgão central, contando com forte participação de setores da sociedade civil, por meio das representações de patrões e empregados nos diversos conselhos existentes nesses segmentos de nossas políticas sociais no Brasil.

Políticas Setoriais – Emprego e Renda Nós podemos classificar as ações governamentais com impacto sobre o

emprego e a renda das pessoas em três tipos: O primeiro tipo é formado pelas políticas que afetam o nível e a composição

da produção e, dessa maneira, o nível de emprego e a renda média. Neste grupo, incluem-se as políticas macroeconômica, industrial e de

comércio exterior, e tecnológica, assim como os incentivos para o investimento em infra-estrutura.

O segundo tipo de ação refere-se à regulamentação das relações de

trabalho, tais como definição do contrato de trabalho e dos direitos e obrigações das partes.

Estas políticas podem aumentar simultaneamente o emprego e a

remuneração, mas, em geral, apresentam um trade-off protegendo o emprego às custas de queda na remuneração ou a remuneração em troca de queda da produtividade.

O terceiro tipo de ação inclui as políticas públicas de emprego e proteção

social. Estas políticas atuam diretamente elevando a disponibilidade e qualidade do trabalho e o nível de renda dos trabalhadores.

O objetivo central das políticas de emprego e proteção social é reduzir o

desemprego e aumentar a produtividade e a renda dos trabalhadores. Por esta razão, estas podem ser funcionais às políticas de redução da pobreza existente no País.

Por outro lado, as políticas públicas de emprego e renda também devem ser

divididas em três grandes grupos:

a) políticas compensatórias – visam transferir renda para os setores mais pobres ou mais vulneráveis da sociedade;

As principais políticas compensatórias existentes no País são o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS); o Programa do Seguro-Desemprego; o Programa do Abono Salarial; as regras para a demissão imotivada e o aviso prévio.

Podemos dizer que o Programa do Seguro-Desemprego é responsável pelo tripé básico das políticas de emprego, ao propiciar as seguintes ações:

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benefício do seguro-desemprego - promove a assistência financeira temporária

ao trabalhador desempregado, em virtude de dispensa sem justa causa;

intermediação de mão-de-obra - busca recolocar o trabalhador no mercado de trabalho, de forma ágil e não onerosa, reduzindo os custos e o tempo de espera de trabalhadores e empregadores;

qualificação profissional (por meio do Plano Nacional de Qualificação – PNQ)

visa capacitar trabalhadores e elevar sua empregabilidade, contribuindo para sua inserção e re-inserção profissional.

As ações do Programa do Seguro-Desemprego são executadas, via de

regra, de forma descentralizada, por meio do Sistema Nacional de Emprego - SINE, agências privadas ligadas às entidades sindicais e entidades contratadas pelas Secretarias Estaduais de Trabalho, além de outras parcerias (sistemas de educação profissional, universidades, Sistema S, sindicatos de trabalhadores, entre outros), e contam com a participação das Comissões de Emprego locais.

Sistema Nacional de Emprego

Nota 1 - O SINE foi instituído pelo Decreto n.º 76.403, de 08.10.75 e tem como Coordenador e Supervisor o Ministério do Trabalho e Emprego.

A principal finalidade do Sistema, na época de sua criação, era promover a

intermediação de mão-de-obra, implantando serviços e agências de colocação em todo o País (postos de atendimento).

Além disso, previa o desenvolvimento de uma série de ações relacionadas a

essa finalidade principal: organizar um sistema de informações sobre o mercado de trabalho, identificar o trabalhador por meio da Carteira de Trabalho e Previdência Social e fornecer subsídios ao sistema educacional e de formação de mão-de-obra para a elaboração de suas programações.

Em 1988, o art. 239 da Constituição Federal criou o Programa do Seguro-

Desemprego, regulamentado posteriormente pela Lei nº 7.998, de 11.1.90, que também instituiu o Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT.

A partir dessa época, os recursos para custeio e investimento do SINE

passaram a ser provenientes do FAT, por intermédio do Programa do Seguro-Desemprego.

As normas e diretrizes de atuação do SINE, então, passaram a ser definidas

pelo Ministério do Trabalho e pelo Conselho Deliberativo do FAT - CODEFAT, a quem compete gerir o FAT e deliberar sobre diversas matérias relacionadas ao Fundo.

A partir da criação do Programa do Seguro-Desemprego, passou-se a

entender por Sistema Nacional de Emprego - SINE a rede de atendimento em que as ações desse Programa são executadas, geralmente de forma integrada, excetuando-se a ação de pagamento do benefício do seguro-desemprego, operacionalizada pela Caixa Econômica Federal - CEF.

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Nota 2 - As Comissões de Emprego, que possuem a mesma estrutura do CODEFAT (caráter permanente, deliberativo, tripartite e paritário), também têm papel importante no Programa de Geração de Emprego e Renda, uma vez que cabe a elas definir as prioridades locais de investimento, que orientam a atuação dos agentes financeiros.

Abono Salarial O Abono Salarial consiste no pagamento anual de um salário mínimo a todo

trabalhador da iniciativa privada ou do setor público que esteja inscrito no PIS-PASEP, por mais de cinco anos, que tenha trabalhado pelo menos trinta dias para empregadores contribuintes do PIS-PASEP e cuja remuneração média mensal não tenha superado dois salários mínimos no ano de referência.

Nota - Cabe perguntar se um programa de transferência de renda deste tipo

faz realmente sentido. Este é um exemplo claro de má focalização da política social brasileira. A noção de política compensatória aqui (compensando teoricamente o salário baixo) é duvidosa em um país onde milhões de trabalhadores não estão no mercado formal.

b) políticas distributivas – influenciam na formação de preços e salários;

A principal política distributiva existente no Brasil é a do salário mínimo, que

experimentou expressivo aumento do poder de compra nos últimos anos. Este aumento, que tanto contribuiu para a atenuação dos níveis de pobreza, foi propiciado em boa medida pela estabilidade de preços conquistada após 1994.

O salário mínimo tem um impacto na remuneração do emprego estadual e

municipal e no setor de serviços. Mas o principal deles é nas contas públicas pelos seus efeitos sobre as aposentadorias dos regimes geral e rural.

Como resultado da correlação entre salário mínimo e valor das

aposentadorias dos regimes geral e rural, houve um crescimento do valor real das aposentadorias médias de ambos regimes.

Esses ganhos reais afetaram positivamente a renda familiar de muitos

domicílios brasileiros. Dados recentes da PNAD/IBGE mostram que a renda proveniente da aposentadoria ganhou participação na renda familiar, nos domicílios do Norte e Nordeste.

c) políticas estruturais – procuram alterar a configuração da oferta de mão-de-obra, aumentando a qualificação ou a produtividade.

As políticas estruturais de emprego e renda ganharam um grande impulso com o surgimento do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), em 1990. Os objetivos iniciais do Fundo eram o financiamento do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial, e de programas de desenvolvimento econômico por intermédio do BNDES.

Entretanto, o FAT acabou sendo uma fonte segura e permanente de verbas

para o sistema de programas de geração de emprego e renda e de qualificação possibilitando o surgimento do Plano Nacional de Qualificação Profissional (PLANFOR), e permitindo a reestruturação do Sistema Nacional de Emprego (Sine), resolvendo,

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inclusive, o problema da descontinuidade de fluxos de recursos que atingia essas políticas durante a década de oitenta.

Fundo de Amparo ao Trabalhador

O Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT é um fundo especial, de natureza

contábil-financeira, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, destinado ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico.

A principal fonte de recursos do FAT é composta pelas contribuições para o

Programa de Integração Social – PIS e para o de Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP.

Os recursos provenientes da arrecadação das contribuições para o PIS e

para o PASEP são destinados ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e, pelo menos quarenta por cento, ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico, esses últimos a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.

As principais ações de emprego financiadas com recursos do FAT estão

estruturadas em torno de dois programas: O Programa do Seguro-Desemprego com as ações de pagamento do

benefício do seguro-desemprego, de qualificação e requalificação profissional e de orientação e intermediação do emprego; e

Os Programas de Geração de Emprego e Renda, cujos recursos são

alocados por meio dos depósitos especiais criados pela Lei nº 8.352, de 28 de dezembro de 1991 (incorporando, entre outros, o próprio Programa de Geração de Emprego e Renda - PROGER, nas modalidades Urbano e Rural e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF).

Os Programas de Geração de Emprego e Renda são voltados, em sua

maioria, para micro e pequenos empresários, cooperativas e para o setor informal da economia - associam crédito e capacitação na busca de geração de emprego e renda.

Voltaremos ao tema na Aula 10 para descrever as principais políticas

públicas de emprego e renda da atualidade. Infra –Estrutura – Setor Elétrico – Implementação e Financiamento

Ao longo de sua evolução, o Setor Elétrico promoveu arranjos institucionais

e financeiros, que resultaram em uma estrutura organizacional predominantemente estatal.

Essa estrutura, apesar da autonomia das unidades empresariais (empresas

estatais autônomas), caracterizou-se pelo comando centralizado do governo federal e pelo funcionamento integrado dos sistemas de geração e distribuição de energia elétrica.

A criação do Ministério de Minas e Energia, em 1960, e da ELETROBRÁS

(Centrais Elétricas do Brasil), em 1963, foram os passos fundamentais para a

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consolidação da estrutura dominante nas décadas seguintes, favorecendo o processo de centralização setorial.

Posteriormente, além da função de empresa holding do governo federal, a

ELETROBRÁS passou a gerir expressivos recursos, tornando-se a principal agência financeira do setor, além de exercer as funções de planejamento, coordenação, supervisão dos programas de construção, ampliação e operação dos sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no território nacional.

É importante observar que esse modelo foi o responsável pela expansão da

capacidade de oferta de energia elétrica, que se constituiu em um dos elementos centrais da estratégia de desenvolvimento brasileiro nas últimas décadas.

A intervenção do estado, com vultosos investimentos, principalmente na

geração de energia elétrica, foi determinante para o sucesso dessa empreitada. O financiamento do setor era formado por um mix de recursos de terceiros

(empréstimos e financiamentos), aportes de capital do acionista (recursos fiscais federais e estaduais, incluindo a reinversão dos dividendos), recursos do Imposto Único sobre Energia Elétrica e Empréstimo Compulsório.

Nota – É importante observar que quase todo o parque de geração de

energia elétrica no Brasil ainda encontra-se sob responsabilidade do Estado, tendo sido privatizado, notadamente, o segmento de distribuição nas regiões mais desenvolvidas do País, enquanto em regiões mais distantes, tais como Rondônia e Acre, a União continua atuando ainda na distribuição.

Institucionalização das Políticas Sociais

(ESAF/IPEA – 2004) – Embora a Constituição de 1988 não tenha promovido uma distribuição sistemática das responsabilidades pelas políticas sociais entre a união e os entes federativos, contém dispositivos a esse respeito. Os enunciados a seguir tratam da competência dos entes federativos em relação a algumas dessas políticas. Identifique aqueles que são falsos (F) e os que são verdadeiros (V). Em seguida, escolha a opção que contém a seqüência correta. ( ) Compete à União instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso. Trata-se de atribuição da União, cuja regulação e fiscalização estão a cargo da Agência Nacional de Águas, conforme já estudamos anteriormente. ( ) Compete à União instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos. Trata-se também de atribuição da União, inscrita na Constituição Federal. Conforme já estudamos nas nossas aulas, o papel da União no campo de habitação e saneamento é, notadamente, normatizador e financiador, sendo a execução feita de forma descentralizada, via estados e municípios. Em termos de estrutura institucional, os principais recursos para essas ações são

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oriundos do FGTS e operacionalizados pela Caixa Econômica Federal, na condição de agente financeiro. ( ) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência. A assertiva aqui reafirma o que já dissemos nas nossas aulas, ou seja, as políticas públicas são de competência concorrente de todos os entes da federação. ( ) Compete aos Municípios organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local. Aprendemos nas nossas duas anotações sobre concessões de serviços públicos que o conceito de poder concedente compreende todos os entes da federação, entretanto, a Constituição Federal reserva a titularidade de certos serviços para entes específicos da federação, como, por exemplo, gás canalizado para os estados e para os municípios e os serviços de interesse local, tais como serviço de transporte urbano. Todas as afirmações da questão são verdadeiras. Gastos em Políticas Sociais (ESAF/AFC - 2004) Nos últimos dois anos, enquanto coube ao Ensino Fundamental cerca de 13% do gasto direto do Governo central brasileiro com educação e cultura, quase metade dos recursos públicos destinados ao Ensino Superior beneficiaram apenas indivíduos situados entre os 10% mais ricos da população. Sobre a política educacional brasileira, assinale a opção incorreta.

O enunciado da questão remete a uma velha discussão sobre o financiamento público do ensino superior, por meio das Universidades Federais, uma vez que, segundo os críticos, grande parte dos alunos dessas instituições são oriundos das classes mais abastadas da sociedade, levando o gasto público a beneficiar os mais ricos em detrimento dos mais pobres.

a) O Brasil gasta com o ensino superior relativamente, mais que os países ricos e

muito mais que os países em desenvolvimento. Como já estudamos em nossas aulas, o Brasil é uma das nações que mais gastam, em todo o mundo, recursos públicos com ensino superior.

b) As avaliações de desempenho dos alunos apontam uma baixa efetividade do ensino e da aprendizagem em disciplinas básicas e não deixam dúvida de que é baixa a qualidade do ensino básico no Brasil.

Constantemente, a discussão sobre a qualidade do ensino básico no Brasil aparece na imprensa e entre setores especializados. O certo é que os dados do Ministério da Educação, colhidos a partir de exames aplicados, apontam para níveis de baixo aprendizado.

c) O baixo desempenho dos alunos da educação básica resulta da combinação entre o insuficiente investimento público; a heterogeneidade da infra-estrutura dos sistemas de ensino; a distorção idade-série; o nível de escolaridade dos

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professores; as condições socioeconômicas dos alunos. Os principais fatores que levam ao baixo desempenho dos alunos estão expostos na afirmativa, pois os baixos salários recebidos pelos professores do ensino básico, em todo o País, associado às inúmeras diferenças e condições materiais espalhadas no interior da nossa sociedade, fortemente marcadas pela falta de recursos, são fatores que explicam o baixo desempenho dos estudantes. Vale observar que o papel da União, no ensino básico, é complementar, sendo atribuição principal de estados e municípios.

d) O Brasil é um dos países da América Latina com o maior índice de desigualdade do nível educacional entre indivíduos de diferentes faixas de renda.

A assertiva nos remete à constatação de que, diferentemente de outros países da América Latina, a desigualdade no Brasil concentra-se também entre indivíduos situados em diferentes faixas de renda.

e) Um importante fator de correção das desigualdades na política educacional brasileira tem sido os benefícios tributários concedidos às entidades educacionais sem fins lucrativos.

A assertiva é incorreta. Os benefícios tributários concedidos a instituições sem fins lucrativos que atuam na educação brasileira não vêm corrigindo as desigualdades existentes no interior do sistema, pelo contrário, essas entidades comportam-se na sociedade como empresas com fins lucrativos, tendo apenas disfarces de filantrópicas para escapar das obrigações tributárias impostas às organizações comerciais. nos últimos anos, esse mecanismo de renúncia fiscal tem sido fortemente criticado. (ESAF/AFC - 2004) O gasto público social é o instrumento central dos governos para a promoção da equidade na distribuição das oportunidades de acesso ao produto social e para a melhoria da distribuição da renda numa sociedade. Entre as assertivas abaixo, que versam sobre o gasto público social, assinale a única incorreta.

a) Os efeitos redistributivos do gasto público social são determinados pela magnitude e pela forma de financiamento deste.

A alternativa afirma que os resultados positivos do gasto público social são medidos e tem como determinante o seu volume, ou seja, produzirá mais eqüidade e mais distribuição de renda à proporção que for aumentado. Afirmação errada, pois como já estudamos, o Brasil é o dos países que mais gastam em ações sociais no mundo, entretanto, de forma pouco focalizadas e pouco planejadas, levando o País à condição de uma das nações com os maiores índices de desigualdade do planeta.

b) No Brasil, o gasto social direto representa o maior item do dispêndio não financeiro do governo federal.

O gasto social brasileiro, em ramos como previdência social, saúde, educação e assistência social, entre outros, constituem-se os maiores itens de despesas do governo federal, perdendo apenas para os gastos de natureza financeira, tais como juros e

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amortização das dívidas interna e externa. Hoje, no âmbito do governo federal, para cada real gasto (exceto juros), cinqüenta centavos se destinam a transferências de renda para aposentadorias, pensões, seguro-desemprego, abono salarial e políticas de assistência social (LOAS e Bolsa-Família). O desenho e a composição das políticas sociais no Brasil são importantes para reduzir a pobreza - notadamente o Bolsa-Família. Ao mesmo tempo, algumas reforçam a má distribuição de renda (a previdência do setor público, a aposentadoria por tempo de serviço, as universidades públicas).

c) O Brasil é um país de renda per capta relativamente baixa, mas tem alcançado uma arrecadação tributária equivalente à de países ricos.

A assertiva afirma uma realidade brasileira, ou seja, forte concentração de renda, renda per capita baixa e uma das maiores cargas tributárias do mundo, já ultrapassando mais de 30% do PIB. Isso significa que o Estado tributa a sociedade, mas tem dificuldade para produzir justiça e inclusão social, sobretudo devido ao forte endividamento do setor público.

d) Embora quase metade da carga tributária brasileira seja composta de contribuições diretamente vinculadas a gastos na área social, persiste no Brasil uma das mais extremas situações de desigualdade de renda do mundo.

Apesar do País ter como fonte de financiamento das ações sociais uma série de contribuições de natureza tributária, sobretudo aquelas inscritas no artigo 195 e seguintes da Constituição Federal, estes recursos não são efetivamente investidos em sua totalidade no desenvolvimento de políticas sociais, sendo inúmeras vezes canalizados para outras áreas e gasto da administração pública.

e) A maior parcela dos recursos alocados na área social é absorvida pela previdência social – o regime geral da previdência social e o regime jurídico único para os funcionários federais.

O forte déficit da previdência social, que constantemente gasta mais do que arrecada, faz deste segmento o principal item da despesa social brasileira, consumindo grande parte dos nossos recursos, destinados a produzir políticas sociais. Privatizações no Brasil (ESAF/AFC - 2004) Ao longo dos anos 90, o governo brasileiro privatizou mais de cem empresas estatais, gerando mais de US$ 80 bilhões em receitas e dívidas transferidas. Essas privatizações

(i) beneficiaram apenas o governo central, que aplicou os recursos na amortização da dívida pública e no financiamento de programas federais.

Item incorreto. Os recursos das privatizações foram aplicados, sobretudo, em obrigações da dívida pública, não sendo utilizados para financiamento de programas da União, valendo observar que houve diversas privatizações estaduais que, segundo os especialistas, melhoraram as condições fiscais de vários estados da federação.

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(ii) só foram realizadas depois de expressamente autorizadas pelo Congresso

Nacional. As privatizações das empresas estatais foram instituídas, conforme já estudamos, pela lei que criou o Programa Nacional de Desestatização, não havendo necessidade de autorizações específicas do Poder Legislativo Federal. Item incorreto.

(iii) foram conduzidas pelas agências reguladoras do respectivo setor, depois de definido o marco regulatório.

As agências reguladoras não participaram dos processos de privatização, eles foram conduzidos pela Comissão Nacional de Desestatização e pelo BNDES, conforme já estudamos. Assertiva incorreta.

(iv) Asseguraram ao Estado o poder de veto nas decisões da empresas privatizadas por meio de ações de classe especial (golden shares).

Nas privatizações federais, não foram instituídas ações do tipo golden shares, que concedem ao acionista minoritário poderes especiais na empresa privatizada. Assertiva incorreta.

(v) Foram realizadas por meio das bolsas de valores, o que permitiu a participação de pequenos investidores, seguindo modelo britânico.

As privatizações brasileiras foram realizadas, como já estudamos, a partir da venda do controle acionário das empresas estatais em bolsas de valores, sendo que, em vários casos, houve a participação dos trabalhadores, por meio da compra de ações com recursos do FGTS. Assertiva correta. Parceria Público-Privada (ESAF APO/2005) Complete a frase, indicando a opção correta. De acordo com o Art. 2º, da Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, a Parceria Público-Privado é o contrato administrativo de _______ na modalidade ______ ou _________. a) cessão – administrativa – comum b) concessão – comum – patrocinada c) concessão – comum – administrativa d) concessão – patrocinada – administrativa e) cessão – patrocinada – administrativa A questão nos remete às modalidades de contratos de Parceria Público-Privada, que estudamos em vários momentos das nossas aulas. Segundo a Lei n.º 11.079/2004, são modalidades de concessão, no âmbito das PPP's, a concessão patrocinada e a concessão administrativa. Na primeira, a remuneração do parceiro privado tem origem em duas fontes: recursos pagos pelo parceiro público e tarifas pagas pelos usuários. Na segunda, toda a remuneração do parceiro privado (a SPE) é para pelo parceiro público. Lembro a vocês que o contrato de concessão via PPP's é precedido de licitação na

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modalidade concorrência, não podendo ter um único objeto. Desigualdade Social (ESAF/Analista – MPU – 2004) – De acordo com dados obtidos pelo IBGE na Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar realizada em 1995, naquele ano existiam no País, mais de meio milhão de crianças entre 5 e 9 anos trabalhando principalmente em atividades relacionadas à agricultura cujas famílias são pobres, de baixo nível educacional e trabalham por conta própria, envolvendo as crianças nas atividades. Na faixa etária de 10 a 14 anos, 3,3 milhões ou 18,7% dos indivíduos estavam trabalhando. Sobre as possíveis causas dessa situação, assinale a opção incorreta.

Não deixem de ler com atenção todos os enunciados de questões referentes a políticas sociais, pois quase sempre trazem informações valiosas para o aprendizado da disciplina e são importantes para resolver outras questões.

a) Concentração de renda.

b) Ausência de uma política educacional de atendimento integral.

c) Precariedade das relações de trabalho.

d) Consciência de parcela da população de que o trabalho precoce é solução para os

desvios e a marginalidade.

e) Fiscalização rigorosa realizada pelas autoridades.

A questão, ao falar de baixo nível educacional e trabalho infantil, traz à tona o problema da imensa desigualdade existente no País. Lembre-se de que é uma das maiores do mundo. As causas das desigualdades e motivação do trabalho infantil, inscritas no enunciado, são tidas pelos especialistas como as principais, valendo observar que o governo federal vem enfrentando o problema por meio de políticas como jornada ampliada, PETI, microcrédito, bolsa família etc (quase todas já comentadas em nossas aulas). Incorreta a alternativa E. Pobreza – causa e localização (ESAF/IPEA – 2004) – Ao longo dos últimos anos cresceu, no Brasil e no mundo, a percepção de que o crescimento econômico não conduz, por si só, à erradicação da pobreza absoluta. Atingir esse objetivo exige formulação de políticas específicas, fundamentadas num conhecimento mais aprofundado do problema. A literatura sobre o tema aponta alguns pontos de consenso. Os enunciados a seguir referem-se à questão. Identifique os corretos. 1) O número de pessoas consideradas indigentes é maior que o de pessoas que passam fome porque a indigência é calculada com base na renda e não na alimentação consumida. A indigência é calculada a partir do acesso das pessoas aos bens fundamentais para a existência digna, tais como alimentação, moradia e vestuário. 2) Considerando a renda per capita, pode-se dizer que a pobreza no Brasil é fruto da má

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distribuição da renda. A principal causa da pobreza no Brasil, como já estudamos em diversos momentos das nossas aulas, tem origem na forte concentração de renda existente no País. 3) A pobreza é essencialmente rural. A pobreza, nos centros urbano e rural, é um problema marcante no País. Entretanto, as dificuldades educacionais, o trabalho informal e os baixo rendimentos dos trabalhadores fazem do meio rural o local de maior concentração da pobreza no País. 4) A pobreza absoluta está diretamente relacionada à baixa escolaridade. Há consenso entre os especialistas, hoje, que a educação é fator primordial para o combate à pobreza, pois, por meio dela, o indivíduo tem acesso ao mercado de trabalho. Em relação aos enunciados acima, indique a opção correta.

a) Estão todos corretos. b) Estão todos incorretos. c) Estão corretos 1, 2 e 3. d) Estão corretos 2, 3 e 4 – Alternativa correta. e) Estão corretos 1, 2 e 4

Na próxima aula, quarta-feira, faremos uma reflexão de toda a matéria estudada, complementando os pontos ainda pendentes da matéria e esclarecendo eventuais dúvidas.

Fico por aqui, até a próxima e bons estudos. Paulo