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POLÍTICA MOÇAMBICANA GUARDIÃO DA DEMOCRACIA Domingo, 4 de Outubro de 2020 I Ano 02, n.º 63 I Director: Prof. Adriano Nuvunga I www.cddmoz.org Moçambique celebra Dia da Paz em meio a duas guerras que já provocaram a pior crise humanitária das últimas décadas M oçambique celebra hoje, 4 de Outubro, o Dia da Paz, uma data instituída para comemorar a as- sinatura do Acordo Geral de Paz de 1992, em Roma, capital da Itália, que pôs termo à prolongada guerra civil que opunha o Governo da Frelimo e a guerrilha da Re- namo, durante 16 anos. O acordo assina- do pelo então Presidente da República, Joaquim Chissano, e pelo líder da guerri- lha Renamo, Afonso Dhlakama, viabilizou a realização de eleições regulares para a escolha de dirigentes políticos, a partir de 1994. Entretanto, de 1992 a esta parte, Mo- çambique conheceu mais dois acordos de paz envolvendo os mesmos protagonistas. No dia 5 de Setembro de 2014, o Governo da Frelimo, desta vez representado pelo Presidente da República, Armando Gue- buza, e o líder da Renamo assinaram o se- gundo acordo que pôs fim às hostilidades militares iniciadas em 2012 e viabilizou as quintas eleições gerais. Meses depois do processo eleitoral, as partes retomaram o conflito armado, com a Renamo a não re- conhecer os resultados que deram vitória à Frelimo e ao seu candidato, Filipe Nyusi. Depois de um longo processo negocial que incluiu a revisão da Constituição da República para acomodar a descentrali- zação provincial exigida pela Renamo, foi assinado, no dia 6 de Agosto de 2019, o Acordo de Paz Efectiva e Reconciliação Nacional. À semelhança do segundo, este acordo foi assinado para viabilizar a reali- zação das eleições gerais de 15 de Outu- bro, onde foram eleitos, pela primeira vez, os governadores das províncias. Um dos pontos fracos dos acordos de 1992 e de 2014 tem que ver com as falhas verificadas nos processos de desmilitari- zação, desmobilização e reintegração dos homens armados da Renamo, situação que fez com que Moçambique passasse décadas com uma força armada fora do controlo estatal. Aliás, Afonso Dhlakama usou, por diversas vezes, os seus homens 28 ANOS DO ACORDO GERAL DE PAZ

POLÍTICA MOÇAMBICANA...POLÍTICA MOÇAMBICANA GUARDIÃO DA DEMOCRACIA Domingo, 4 de Outubro de 2020 I Ano 02, n.º 63 I Director: Prof. Adriano Nuvunga I Moçambique celebra Dia

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POLÍTICA MOÇAMBICANA

GUARDIÃO DA DEMOCRACIA

Domingo, 4 de Outubro de 2020 I Ano 02, n.º 63 I Director: Prof. Adriano Nuvunga I www.cddmoz.org

Moçambique celebra Dia da Paz em meio a duas guerras que já provocaram a pior crise humanitária das últimas décadas

Moçambique celebra hoje, 4 de Outubro, o Dia da Paz, uma data instituída para comemorar a as-

sinatura do Acordo Geral de Paz de 1992, em Roma, capital da Itália, que pôs termo à prolongada guerra civil que opunha o Governo da Frelimo e a guerrilha da Re-namo, durante 16 anos. O acordo assina-do pelo então Presidente da República, Joaquim Chissano, e pelo líder da guerri-lha Renamo, Afonso Dhlakama, viabilizou a realização de eleições regulares para a escolha de dirigentes políticos, a partir de 1994.

Entretanto, de 1992 a esta parte, Mo-çambique conheceu mais dois acordos de

paz envolvendo os mesmos protagonistas. No dia 5 de Setembro de 2014, o Governo da Frelimo, desta vez representado pelo Presidente da República, Armando Gue-buza, e o líder da Renamo assinaram o se-gundo acordo que pôs fim às hostilidades militares iniciadas em 2012 e viabilizou as quintas eleições gerais. Meses depois do processo eleitoral, as partes retomaram o conflito armado, com a Renamo a não re-conhecer os resultados que deram vitória à Frelimo e ao seu candidato, Filipe Nyusi.

Depois de um longo processo negocial que incluiu a revisão da Constituição da República para acomodar a descentrali-zação provincial exigida pela Renamo, foi

assinado, no dia 6 de Agosto de 2019, o Acordo de Paz Efectiva e Reconciliação Nacional. À semelhança do segundo, este acordo foi assinado para viabilizar a reali-zação das eleições gerais de 15 de Outu-bro, onde foram eleitos, pela primeira vez, os governadores das províncias.

Um dos pontos fracos dos acordos de 1992 e de 2014 tem que ver com as falhas verificadas nos processos de desmilitari-zação, desmobilização e reintegração dos homens armados da Renamo, situação que fez com que Moçambique passasse décadas com uma força armada fora do controlo estatal. Aliás, Afonso Dhlakama usou, por diversas vezes, os seus homens

28 ANOS DO ACORDO GERAL DE PAZ

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2 l Domingo, 4 de Outubro de 2020

armados para obter fins político-partidá-rios, ordenando ataques contra civis como forma de pressionar o Governo a acomo-dar as suas reivindicações.

No terceiro acordo de paz, o proces-so de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) de 5.200 antigos guerrilheiros da Renamo e desactivação de 16 bases parece estar bem encaminha-do. Na verdade, o processo foi lançado a 6 de Outubro de 2018 (antes da assinatura do acordo de paz) e no dia 29 de Julho de 2019 foi realizada a primeira cerimónia de desmobilização dos homens residuais da Renamo. Depois deste acto, o processo conheceu um interregno de 11 meses até à sua retomada em Junho último, altura em que foi definido um novo prazo a sua conclusão: Junho de 2021.

De Junho a esta parte, pouco mais de mil homens e mulheres da Renamo foram desmobilizados e perto de cinco bases desactivadas, incluindo o local onde fun-

cionava o Estado-Maior, na serra de Go-rongosa. O processo de DDR é mediado pelo diplomata suíço Mirko Manzoni, re-presentante do Secretário-Geral das Na-ções Unidas, e conta com o financiamento da União Europeia, no valor de 12 milhões de euros.

Além da criação de condições atractivas para os antigos guerrilheiros da Renamo e da garantia do financiamento, a retoma-da do processo de DDR foi impulsionada pela aprovação do regulamento do Esta-tuto Especial do Líder do Segundo Parti-do com Assento Parlamentar (Estatuto do Líder da Oposição), através do Decreto nº 27/2020, de 8 de Maio. Ao contrário de Afonso Dhlakama que abdicou dos di-reitos e regalias previstos no Estatuto do Líder da Oposição – aprovado pela Lei nº 33/2014, de 30 de Dezembro, Ossufo Momade aceitou os privilégios aprovados pelo Governo.

O pacote inclui um salário mensal equi-

valente à remuneração do Vice-Presiden-te da Assembleia da República; residên-cia oficial equipada; gabinete de trabalho equipado; assistência médica e medica-mentosa (para si, cônjuge, menores e in-capazes); meios de transportes (incluindo um Mercedes protocolar); ajudas de cus-tos nas deslocações em missão de Estado, subsídio de apresentação e de reintegra-ção; e protecção garantida pela PRM.

Num País marcado por fortes hostilida-des entre o partido no poder e a oposi-ção, a aceitação do Estatuto do Líder da Oposição pode transmitir a ideia de aco-modação ou mesmo de coaptação de Os-sufo Momade, o que seria negativo para o futuro da democracia moçambicana. Entretanto, o enquadramento político do líder da Renamo na estrutura do Estado é positiva no sentido de que permitiu a re-toma do processo de DDR, que de outra forma não teria conhecido avanços signifi-cativos.

Ataques armados da Junta Militar ensombram acordos de paz

Este ano, o Dia da Paz é celebrado em meio a duas guerras: os ataques da Junta Militar da Renamo nas províncias de So-fala e Manica e a insurgência militar que afecta os distritos do centro e norte de Cabo Delgado.

Desde Agosto de 2019, a Junta Militar liderada por Mariano Nhongo tem estado a protagonizar ataques cobardes contra civis em Sofala e Manica, sobretudo em troços das Estradas Nacional Nº1 e Nº6. Os ataques já causaram a morte de mais de 40 pessoas, deslocação de cerca de cinco mil famílias, além de avultados pre-juízos em autocarros e camiões queima-dos. Mariano Nhongo usa a violência ar-mada contra civis indefesos como forma de exigir a demissão de Ossufo Momade da liderança da Renamo e de denunciar o terceiro acordo de paz em Moçambique, assinado no dia 6 de Agosto de 2019.

Na verdade, a Junta Militar represen-ta a continuação da Renamo de Afonso Dhlakama, sempre disposta a recorrer à força das armas para ver as suas reivindi-cações atendidas. Nesse sentido, Maria-no Nhongo seria, em miniatura, Afonso Dhlakama, figura “incapturável” através de mordomias e intransigente nas suas exigências. Por isso, conquistar a paz defi-nitiva e reconciliação nacional passa tam-bém por conquistar essa outra Renamo, a

Renamo invisível do ponto de vista políti-co e institucional, mas intensamente vivida pelos seguidores de Mariano Nhongo.

Os fracassos sucessivos dos acordos de paz resultam também da falta de inclusão nos processos de negociação. O biparti-darismo herdado do Acordo de 1992 con-tinua a dominar a agenda política nacional, sendo que todas as reformas políticas de

organização e funcionamento do Estado reflectem as vontades da Frelimo e Rena-mo, os principais partidos do País. Os pro-cessos de negociação da paz, do DDR, da descentralização e da legislação eleitoral nunca envolvem a sociedade civil, e a As-sembleia da República é apenas chamada para homologar acordos alcançados fora do domínio.

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Paz efectiva passa por resolver a insurgência militar em Cabo Delgado

Além dos ataques em Sofala e Manica, as celebrações do Dia da Paz são marcadas pela insurgência armada em Cabo Del-gado que já causou a morte de mais de 1.500 pessoas (entre civis e elementos das Forças de Defesa e Segurança – FDS) e a deslocação de mais de 300 mil pessoas. Amanhã, 5 de Outubro, passam exacta-mente três anos após os primeiros ataques registados em Mocímboa da Praia, sendo que um deles visou o Comando Distrital da PRM, na vila municipal.

Aliás, nas suas primeiras incursões, os in-surgentes tinham como alvos as posições das FDS, instituições públicas e tudo que representasse o poder de Estado. Mais tarde passaram a queimar casas e saquear bens da população, sobretudo nas aldeias localizadas na zona costeira dos distritos de Quissanga, Macomia, Mocímboa da Praia e Palma, situação que causou a pri-meira vaga de deslocados. Seguiu-se a fase mais dolorosa do conflito, quando co-meçaram as decapitações de civis. Cente-

nas de pessoas foram executadas, incluin-do 52 jovens da aldeia de Xitaxi, Distrito de Muidumbe, que no dia 7 de Abril re-jeitaram integrar o grupo dos insurgentes.

Depois de arrasar as aldeias do litoral em 2018 e 2019, este ano os insurgentes inauguraram outra fase do conflito: o as-salto às vilas-sede de distritos, nomeada-mente Mocímboa da Praia, Quissanga, Namacande e Macomia. Quissanga foi a primeira vila a ser abandonada pela popu-lação e pelas autoridades, logo no primei-ro ataque registado em finais de Março último. A vila da Mocímboa da Praia foi a segunda a ser abandonada, depois do ter-ceiro ataque registado em Agosto, onde os insurgentes tomaram o porto local.

Há menos de um ano, Mocímboa da Praia era a vila mais movimentada do nor-te de Cabo Delgado. Atravessada pela Estrada (EN 380) que liga a turística baía de Pemba com a “capital” do gás - Palma, e servida por um aeródromo com capaci-dade para receber voos internacionais e

por um porto, Mocímboa da Praia era a plataforma giratória (hub) que dinamiza-va os distritos do norte da província. Era ali onde os trabalhadores das petrolíferas que operam na Bacia do Rovuma faziam a escala ou trocavam o avião pelo helicóp-tero ou mesmo pelo carro e seguiam para o “el dorado” de Palma. Era ali onde os distritos vizinhos se abasteciam com todo o tipo de produtos e bens. Com o relança-mento da cabotagem, Mocímboa da Praia seria paragem obrigatória dos navios que ligam Pemba e Palma (península de Afun-gi).

Antes dos ataques de Agosto, os ca-miões que transportam carga das em-presas que operam nos projectos de Gás Natural Liquefeito (LNG) faziam a rota Pemba – Montepuez – Mueda – Auasse – Mocímboa da Praia e Palma. Depois da ocupação de Mocímboa da Praia, a circu-lação passou a ser feita através de uma via alternativa de terra batida que parte de Mueda, passa pelo distrito de Nangade e

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Propriedade: CDD – Centro para a Democracia e Desenvolvimento Director: Prof. Adriano NuvungaEditor: Emídio Beula Autor: Emídio Beula Equipa Técnica: Emídio Beula , Agostinho Machava, Ilídio Nhantumbo, Isabel Macamo, Julião Matsinhe, Janato Jr. e Ligia Nkavando. Layout: CDD

Contacto:Rua Dar-Es-Salaam Nº 279, Bairro da Sommerschield, Cidade de Maputo.Telefone: +258 21 085 797

CDD_mozE-mail: [email protected]: http://www.cddmoz.org

INFORMAÇÃO EDITORIAL:

PARCEIROS DE FINANCIAMENTOPARCEIRO PROGRAMÁTICO

Comissão Episcopal de Justiça e Paz, Igreja Católica

entra em Palma através do Posto Adminis-trativo de Pundanhar. Mas um ataque con-tra viaturas de transporte de passageiros e carga registado em Setembro em Pun-danhar aumentou o medo e a insegurança na única via alternativa para se chegar à Palma. Além de viaturas queimadas, pelo menos 25 pessoas foram assassinadas no ataque.

Quando a insurgência começou em Ou-tubro de 2017, o Governo menosprezou a gravidade dos ataques e disse que se tratava de acção de malfeitores. Aliás, na primeira visita que fez à vila da Mocímboa da Praia depois dos primeiros ataques, o Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, chegou mesmo a dar um ultimato aos “malfeitores” para que se entregas-sem às autoridades dentro de sete dias. Em menos de uma semana, os insurgentes reagiram ao ultimato com uma demonstra-ção de força: emboscaram uma coluna das FDS a 25 quilómetros da Mocímboa da Praia e a assassinaram o Director Nacional de Reconhecimento da Unidade de Inter-venção Rápida (UIR). Isso em Dezembro de 2017.

Face à intensificação dos ataques, o Executivo reforçou a presença de efecti-vos das FDS em Cabo Delgado, sobretudo da UIR e o Grupo de Operações Especiais (GOE), e contratou mercenários. Primeiro foram os russos que operaram entre 2019 e 2020 e em Abril último entraram em ac-ção os mercenários do grupo sul-africano Dyck Advisory Group (DAG). Sem capaci-dade militar para conter o avanço dos ter-roristas, o DAG assistiu ao assalto da vila

de Macomia e à ocupação de Mocímboa da Praia.

Além de ser uma prática já em desuso e desencorajada pela União Africana e pelas Nações Unidas – e mais recentemente cri-ticada pela União Europeia, a contratação de mercenários para o teatro das opera-ções em Cabo Delgado não reúne con-senso no seio das altas patentes das FDS. O Comando-Geral da Polícia - que assu-me a liderança do Comando Operacional Norte, liderou a contratação da empresa DAG, mas as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) estão contra a presença de mercenários no teatro das operações.

Na verdade, o desejo das FADM é assu-mir a liderança do comando operacional de Cabo Delgado, à luz do artigo 8 da Lei nº17/97, de 1 de Outubro, Lei da Política de Defesa e Segurança, que estabelece que a componente militar da Defesa Na-cional é exclusivamente assegurada pelas FADM e a não militar pelos demais órgãos do Estado. A mesma lei atribui às Forças Armadas a missão de assegurar a defesa militar contra quaisquer ameaças ou agres-sões externas, incluindo o terrorismo5. As FADM reivindicam ainda o controlo fron-teiriço para conter a entrada de terroristas a partir da Tanzânia, país que faz fronteira com o norte de Moçambique, através do rio Rovuma.

Se por um lado o Governo contrata mer-cenários para apoiar as FDS no teatro ope-racional de Cabo Delgado, por outro as-sina acordos que configuram privatização das FDS e uma clara violação da Política de

Defesa e Segurança.Tal é o caso do acordo assinado com a

francesa Total relativo à segurança das ope-rações petrolíferas do projecto Mozambi-que LNG em fase de construção na penín-sula de Afungi, distrito de Palma, extremo norte de Cabo Delgado. À luz do memo-rando, o Governo vai destacar contingen-tes das FDS que irão garantir a segurança das actividades do projecto Mozambique LNG em Afungi e na área mais vasta de operações. Em compensação, o projecto Mozambique LNG irá providenciar apoio logístico às FDS, que inclui alimentação, equipamentos e dinheiro que deverá ser usado pelo Governo para pagar subsídios aos efectivos destacados para proteger as operações petrolíferas em Afungi.

Depois de tanta resistência, o Governo acabou pedindo apoio militar à União Eu-ropeia, através de carta de 16 de Setem-bro, assinada pela Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Ma-camo. Especificamente, o Governo solicita à União Europeia apoio na área de treina-mento especializado para o combate ao terrorismo e insurgência, através de (i) for-mação, (ii) logística para as forças de com-bate ao terrorismo; (iii) equipamento de assistência médica em zonas de combate e capacitação técnica de pessoal.

Na semana passada, o Comandante-Ge-ral da PRM levou jornalistas para uma vi-sita guiada às vilas-sede dos distritos de Macomia, Palma, Metuge e Montepuez. O roteiro da visita não incluía Mocímboa da Praia, apesar d Bernardino Rafael afirmar que a vila não está nas mãos de terroristas.