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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP Adilson Ulprist A Internet a Serviço da Evangelização Mestrado em Teologia São Paulo 2011

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUC-SP

Adilson Ulprist

A Internet a Serviço da Evangelização

Mestrado em Teologia

São Paulo 2011

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUC-SP

Adilson Ulprist

A Internet a Serviço da Evangelização

Mestrado em Teologia

1. Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, como exigência parcial para o título de MESTRE em Teologia Pastoral sob orientação do

professor Dr. Mons. Tarcísio Justino Loro

São Paulo 2011

Folha de Aprovação

Adilson Ulprist A Internet a Serviço da Evangelização

_____/____/______ Data de Aprovação

Banca Examinadora Prof. Dr. Mons. Tarcísio Justino Loro (Orientador) Prof. Dr. Cezar Teixeira Prof. Dr. Laércio Pires de Arruda

Dedicatória

Aos meus pais Ademir Ulprist e Nadir Alfonsetti Ulprist (In Memorian),

que me iniciaram na fé Cristã, ao meu Bispo Dom Luis Antônio Guedes

pela oportunidade dada e ao Povo de Deus da Paróquia São José Operário

onde exerço meu ministério pastoral.

Agradecimentos

A Deus pelo dom da vida, a professora Silene de Oliveira Costa

pela correção do texto, ao padre Odêmio A. Ferrari e

ao professor Tarcisio Justino Loro que me acompanharam na

elaboração desta dissertação.

Sumário

Siglas_______________________________________________________________08

Introdução___________________________________________________________09

Resumo______________________________________________________________14

Capítulo 1 – Um olhar sobre os meios de comunicação social a serviço da

Evangelização________________________________________________________16

1.1. A Imprensa: suas raízes e uso para a evangelização________________________17

1.2. O Rádio: histórico e uso para a evangelização____________________________22

1.3. O Cinema: Origens e ajuda na evangelização_____________________________27

1.4. A Tv: seus primórdios e contribuições para a evangelização_________________33

1.5. O Vaticano II e o Celam_____________________________________________38

Capítulo 2 - Informação digital__________________________________________49

2.1. Breve histórico da Internet___________________________________________50

2.2. Características da Internet____________________________________________58

2.3. Blogs e site: meios de ajuda na evangelização____________________________63

2.4. Informatização da paróquia___________________________________________70

Capítulo 3 - A Internet no processo evangelizador__________________________76

3.1. Contribuições para a evangelização____________________________________77

3.2. Informação evangelizadora a qualquer hora______________________________91

3.3. A internet a serviço da evangelização paroquial___________________________97

3.3.1. O site paroquial a serviço da evangelização____________________________101

Considerações finais__________________________________________________108

Bibliografia_________________________________________________________113

Anexos_____________________________________________________________126

Anexo 1_____________________________________________________________127

Anexo 2 ____________________________________________________________132

Anexo 3_____________________________________________________________139

Anexo 4_____________________________________________________________147

Siglas

AE – Instrução Pastoral Aetatis Novae

CP – Instrução Pastoral Communio et Progressio

CL – Exortação Apostólica Christifidelis Laici

CDC – Código de Direito Canônico

DAp – Documento de Aparecida

DP – Documento de Puebla

DM – Documento de Medellim

EN – Carta Encíclica Evangelli Nunciandi

EA – Exortação Apostólica Ecclesia in América

EI – Instrução Pastoral Ética na Internet

IM – Decreto Inter Mirifica

II – Instrução Pastoral Igreja e Internet

OA – Carta Encíclica Octagésima Adveniens

RM – Carta Encíclica Redemptoris Missio

RD – Carta Apostólica O Rápido Desenvolvimento

SD – Documento de Santo Domingo

VD – Exortação Apostólica Verbum Domini

9

Introdução

A presente dissertação tem por objetivo mostrar a viabilidade

do uso da Internet no processo de evangelização. Partindo do mandato do Senhor que

diz: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 15,16). Um

olhar rápido sobre a prática comunicadora de Jesus, já é suficiente para apresentá-lo

como o comunicador que utilizou todas as formas e meios disponíveis no seu tempo

para cumprir sua missão profética. Hoje, Jesus faria o mesmo. Com toda certeza,

utilizaria os recursos do espaço virtual.

A Igreja que sempre procurou adequar sua mensagem aos

meios de comunicação cada qual a seu tempo, ou melhor, próprio de cada época e o fez

com êxito, não deixará de fazer o mesmo em relação à Internet. Muito se tem refletido

sobre esta questão e muito se tem feito para que a Igreja inserida na Rede Mundial de

Computadores apresente sua mensagem numa linguagem capaz de ser compreendida

por aqueles que estão no espaço cibernético como o fez em relação aos outros meios.

Por isso, a presente dissertação percorre os meios de comunicação no propósito de

mostrar sua utilização no processo evangelizador e na vontade da Igreja de utilizá-los na

promoção da justiça.

Ao percorrer de forma sistemática alguns meios de

comunicação, entre eles o rádio, a tv e a mídia impressa para chegar ao mais recente

meio que é a Internet, essa dissertação ao tentar dialogar com a realidade presente, visa

conceituar a linguagem virtual, e ao mesmo tempo inserir a linguagem da Igreja nessa

nova forma de comunicação a fim de tornar possível a transmissão do Evangelho por

meio desta mídia que ainda parece ser nova para a Igreja, pois o novo muitas vezes

10

causa estranhamento, mas o desafio é lançado justamente para a superação da

dificuldade na aceitação e adequação na sua linguagem. Um desafio que aos poucos

deve ser superado e que chama a Igreja ao olhá-lo responda as expectativas atuais.

Contemplando essa realidade, é possível notar que o homem

contemporâneo tem se mostrado cada vez mais voltado às novas experiências não só de

vida no que diz respeito às suas reflexões, como também no que diz respeito aquilo que

é afetivo, mas também na forma de como se comunica com os outros e até consigo

mesmo. Voltado para essa experiência, muito se fala da comunicação virtual, ou como

conhecemos, a Internet. Hoje, um dos maiores, se não o maior fórum de discussão,

diálogo, conhecimento, entretenimento e busca de informação por parte do homem,

daquilo que está ao seu redor e até mesmo a busca de respostas para a sua existência.

Partindo desse pressuposto de que a Igreja deve evangelizar e

do fato de o homem contemporâneo estar voltado para aquilo que é imagético (imagem)

ou virtual, e que passa boa parte do tempo conectado ou plugado, a Internet pode se

tornar um grande meio para a proclamação do Evangelho de Cristo. Ao cumprir o

mandato de Jesus Cristo de pregar a sua Boa Nova a todos, a Igreja deve estar presente

em todas as instâncias, de modo especial nos meios de comunicação com o propósito de

evangelizar.

Se a Igreja que é chamada a estar atenta aos sinais dos tempos,

um dos grandes sinais dados é justamente o do espaço virtual. Ela deve estar inserida

nele rompendo com todas as barreiras de tempo e espaço. Este meio “abriu um novo

canal de comunicação, ou melhor, um novo púlpito, criando possibilidades de um

modelo interativo de diálogo evangelizador”1 tornando sua mensagem presente na vida

das pessoas a qualquer momento e em qualquer lugar. Frente a isso, é preciso à Igreja

1 Cf. LORO, T.J. Espaço virtual, um desafio para a Igreja: Revista de Cultura Teológica, São Paulo, v. 17, n. 66, p. 133-148, 2009

11

uma reflexão sobre sua forma de comunicação. Seu discurso em algumas situações

ainda continua instrumentalizado e isso por vezes já não mais responde aos anseios do

homem contemporâneo.

Assim, a proposta dessa dissertação é buscar, dentro da tradição

e dos valores da Igreja, uma maneira de fazer com que sua mensagem passe a se

enquadrar dentro deste novo conceito de comunicação, qual seja, a comunicação virtual.

O Papa João Paulo II em sua Carta apostólica O Rápido desenvolvimento diz:

A Igreja, de fato, é chamada a usar os meios de comunicação não somente para difundir o Evangelho, mas, hoje, mais do que nunca, para integrar a mensagem salvífica na ‘nova cultura’ que os poderosos instrumentos de comunicação criam e amplificam. 2

Os meios de comunicação social são um poderoso instrumento

de evangelização, de modo especial a Internet que rompe com todas as barreiras. Já não

há tempo e nem espaço físico (eis aqui a nova cultura comunicacional), mas sim, a

disponibilidade daquele que a acessa, ou seja, os internautas. Eles estão inseridos em

um dinamismo próprio desse tempo, por isso, são eles quem decidem a hora, o dia e o

lugar para buscar a informação, ou conectar-se dentro dessa linguagem dinâmica que é a

Internet.

A experiência nos mostra que a internet, um dos mais recentes

meios de comunicação, sob vários pontos de vista, é mais poderoso que muitos

instrumentos longamente utilizados, como o rádio, a televisão, telefone ou telégrafo.

Isso porque a internet rompeu com o espaço e o tempo no diálogo virtual, trouxe o

interlocutor para dentro de nossa casa e possibilitou um feedback instantâneo. Estes

elementos técnicos são suficientes para mostrar o quanto podem interferir no conteúdo

2 RD, 2

12

da mensagem a ser “conversada”. O internauta deve estar preparado para conversar

sobre questões de toda natureza, com pessoas de todos os credos e lugares, raças e

línguas. A internet globalizou o homem, o distante está próximo e o tempo é o tempo do

diálogo.

Diante desta nova realidade comunicativa, muitos

questionamentos aparecem para o evangelizador. Dentre elas destacamos: em que

medida o espaço virtual pode ser um espaço evangelizador, já que o interlocutor é

apenas alguém que tecla, muitas vezes escondido, debaixo de um pseudônimo? É

possível evangelizar alguém que pode desconectar o discurso evangelizador em fração

de segundos? Como é possível evangelizar num espaço onde se misturam em forma de

mosaico, as linguagens do ético com o anticristão, da pornografia e dos exemplos de

vida cristã. Estas questões não fecham o quadro de questionamentos para a

evangelização, mas apontam para a necessidade de reflexão e análise como pré-requisito

para a utilização deste meio.

É nesta ótica que se inscreve a presente dissertação de

mestrado. O que desejamos é refletir sobre a internet como meio ou instrumento de

comunicação a ser utilizado na pastoral, como também, contribuir com a reflexão da

Igreja sobre os meios de comunicação social, mas com relevância a Internet. Sua

possibilidade de uso na evangelização e na promoção humana. O campo pastoral na

Igreja é vasto, por isso, essa dissertação prima pela exploração do campo midiático

como forma de proclamação do Evangelho e de todos os trabalhos por ela realizados. É

preciso fazer uso desse instrumento de comunicação em nosso favor. Ele deve nos

favorecer na difusão da mensagem de Cristo como disse o Papa Bento XVI na

mensagem para o 42º dia mundial das comunicações sociais:

13

Pode-se mesmo afirmar que a busca e a apresentação da verdade sobre o homem constituem a vocação mais sublime da comunicação social. Usar para tal fim as linguagens todas e cada vez mais belas e primorosas de que dispõem as mídias é uma tarefa grandiosa, confiada em primeiro lugar aos responsáveis e operadores do setor. Mas tal tarefa, de algum modo, diz respeito a todos nós, porque todos, nesta época da globalização, somos utentes* e operadores de comunicações sociais3.

Destacaremos questões de ordem teórico-prática, a

preocupação da Igreja na utilização pastoral da Internet, a necessidade de se preparar os

internautas cristãos para o diálogo virtual evangelizador. Para que isso aconteça, esta

dissertação terá como propósito conceituar o que é Internet, a linguagem virtual, bem

como, trazer presente a utilização do espaço virtual em vista da evangelização.

Permanece como princípio nessa dissertação que a mensagem

evangélica deve ser comunicada. O canal tem um papel preponderante, mas em que

medida o meio faz a mensagem na relação “internet-evangelização”. Com estes

pressupostos acreditamos ter preparado e motivado o leitor dessa dissertação para

dialogar com o texto.

3 Em: http://vatican.va/holy_father/benedect_xvi/messages/comunications/documents/hf_bem-i_mes_20080124_42nd-world-comunications-day_po.html. Acesso em: 16.08.10 * Palavra derivada do termo italiano fruitori, que significa usuário, beneficente e consumidor

14

Resumo

PALAVRAS – CHAVES: Igreja, Comunicação e Internet

Nossa era é marcada pelo grande desenvolvimento tecnológico. A máquina, ou melhor,

o computador, passou a ser parte integrante da vida do homem. Podemos até tomar a

liberdade e dizer que ele passou a ser uma extensão das mãos humanas.

Envolvido com tanta tecnologia, o homem almeja buscar cada vez mais uma resposta

para sua existência e o porquê de estar neste mundo. Essa resposta ele não vai encontrar

se não estiver aberto àquilo que transcende.

É buscando responder a esta pergunta que a Igreja é chamada a estar presente nos meios

de comunicação social para ajudar o homem nessa busca e tornar possível sua relação

com o transcendente.

O objeto desse estudo perpassa a tecnologia da comunicação, e chega na mais moderna

de todas as tecnologias de nosso tempo que é a Internet. Buscando mostrar que é

possível por meio de um grande instrumento de comunicação como este levar a Boa

Nova de Cristo, como também o pensamento e a mensagem da Igreja para todos aqueles

que estão conectados.

A proposta é que aqueles que estão envolvidos no universo eclesial, não olhem para a

rede mundial de computadores como algo extremamente estranho, nem corram o risco

de demonizá-los, mas vejam nesse uma grande oportunidade de uso para o bem de

todos.

15

Abstract

KEYWORDS: Church, Communication and Internet

Our era is marked by great technological development. The machine or rather, the

computer has now become an integral part of human life. We can even take the liberty

to say that it has become an extension of human hands.

Involved with such technology, the man craves increasingly seek an answer to their

existence and why in this world. This response will not find if he is not open to what we

transcend.

It is seeking an answer to this question that the Church is called to be present in the

media to help man in this quest and make possible their relationship with the

transcendent.

The object of this study goes through the communication technology, and comes in the

most modern of all the technologies of our time is the Internet. Seeking to show what is

possible through a great communication tool like this to bring the Good News of Christ,

but also thought and message of the Church for all who are connected.

The proposal is that those involved in ecclesial universe do not look at the world wide

web as extremely odd or liable to demonize them, but look at this great opportunity to

use for the good of all.

16

Capítulo 1

Um olhar sobre os meios de comunicação social a serviço da evangelização

Conforme o mandato do Senhor Jesus “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinado-as a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28, 19-20), a Igreja deve continuar o anúncio do Evangelho, utilizando todos os meios possíveis de comunicação para que a mensagem do Cristo possa atingir todas as pessoas.

17

1.1 A imprensa: suas raízes e uso para evangelização.

A grande revolução na escrita, vai se dar com a mídia impressa,

inventada pelo alemão Johann Gutenberg entre os anos 1438 e 1440, ao inventar a

tipografia. Aquilo que levava anos para ser manuscrito, ficava pronto em algumas

semanas ou meses dependendo do conteúdo. Seu invento que usa tipos (letras) móveis

de metal e retêm a tinta, tornou possível a impressão de um texto com base na

impressão dos mesmos caracteres, que por sua vez eram montados em linhas e depois

em páginas.

Não era novidade o uso de moldes para reproduzir muitas vezes

um desenho: a xilografia é anterior à técnica de Gutenberg, e servia para a reprodução

de muitos exemplares de um só desenho1.

No ano de 1468, morre Gutenberg. Logo há uma grande

explosão da imprensa. Muitas cidades e países da Europa já têm sua própria editora e

começam suas publicações tendo em vista padronizar algumas destas publicações, como

livros “que já começam a ter a página de rosto e primeira folha com o título, o nome do

autor, o selo da gráfica, ou marca do impressor”2.

A partir desta descoberta, e com seu aperfeiçoamento, bem

como essa grande explosão, gerou diversas formar e maneiras de levar por meio da

impressão, informações, cultura e entretenimento à massa. Deste modo, fora, surgindo

os grandes jornais, revistas e as grandes empresas de comunicação. Há de se destacar a

jornal francês chamado Gazzete de France que foi o primeiro jornal impresso do

1 Cf. DORIA F.A, DORIA. P, Comunicação dos fundamentos à Internet, p. 29 2 Idem, p. 26

18

mundo. Isso datado do ano de 1632 e assim vieram tantos outros que ainda hoje temos

em circulação, como o The Times inglês, o The New York Times, norte americano e o Le

Figaro, espanhol.

Não se pode deixar de apresentar aqui o L’Osservatore Romano,

que teve seu primeiro exemplar publicado no dia 1º de julho de 1861 e que tinha por

objetivo a defesa do Estado Pontifício, já que após a derrota das tropas pontifícias em

Castelfidardo o poder temporal do Pontífice estava sendo redimensionado.

O L’Osservatore Romano foi criado por um grupo de

intelectuais que chegavam a Roma com o desejo de servir ao Papa Pio IX. Sua

finalidade era desmascarar e rebater as calúnias contra Roma e contra o pontificado

romano, bem como recordar os princípios da religião católica e os do direito e da

justiça. O mesmo propunha também a veneração ao Sumo Pontífice.

O jornal, desde a sua origem, passou por diversas situações de

perseguição, no ano de 1870 teve sua publicação suspensa por um mês. O mesmo foi

por várias vezes sequestrado. Mas não deixou de mostrar para que veio. Então logo após

a liberação de sua suspensão, é impresso na primeira página os seguintes dizeres:

“àquele imutável princípio de religião e de moral, do qual reconhece como único

depositário e víndece o Vigário de Cristo na terra”3. Hoje o L’Osservatore Romano é

publicado em diversas línguas, entre elas o português. Tornando presente no mundo o

papel da Igreja na evangelização, bem como, os trabalhos realizados pelo Romano

Pontífice, como também pelo Estado do Vaticano.

Em nosso país, temos na maioria das dioceses uma revista ou

um boletim informativo e evangelizador para orientar e ajudar os fiéis na vivência da fé

e dos valores da justiça. Sem contar claro o trabalho que é realizado pelas paróquias que

3 Em: http://www.vatican.va/news_services/or/history/hi_por.html Acesso em: 02.02.11

19

também buscam cada vez mais se inserir nesta forma de evangelizar e informar o povo

sobre aquilo que acontece na comunidade, bem como na Igreja no seu todo.

No Brasil, a imprensa chega com Dom João VI que por medo de

Napoleão Bonaparte e de seu exército, veio instalar-se no Brasil em 1808. Uma das

primeiras medidas adotadas por D. João foi abrir os portos brasileiros para as nações

amigas.

A Inglaterra, por sua vez, aproveitou-se disto para exercer sua

influência sobre o Brasil. Os comerciantes ingleses deixaram seu país, vindos para o

Brasil; com isto, trouxeram sua cultura e suas ideias. A chegada da corte também

permitiu mudanças: foram fundadas novas escolas e o ensino superior foi implantado,

assim, o grau de instrução dos estudantes tornou-se mais alto.

Ainda em 1808, D. João autorizou a Imprensa Régia, sujeita à

forte censura para impedir o aparecimento ou divulgação de qualquer coisa contra o

reino, a família e os bons costumes.

Em setembro de 1808 foi publicado o primeiro jornal brasileiro

oficial: “A Gazeta do Rio de Janeiro”. Esse publicava notícias sobre a natureza

europeia, documentos oficiais, as virtudes da família real, enfim, divulgava pontos a

favor da família real e suas origens.

Havia também jornais não oficiais. “O Correio Brasiliense” ou

“Armazém literário”, de Hipólito José da Costa, maçônico foragido que redigia o jornal

na Inglaterra e exportava por meio de contrabando para o Brasil, tinha mais de 100

páginas. Era vendido, em média, uma vez por mês.

20

A Revolução do Porto pôs fim ao absolutismo português e

exigiu a volta de D. João VI, em 1820. O processo de independência foi acelerado com

muitos grupos brasileiros por terem diferentes projetos.

Um dos maiores exemplos do papel da imprensa na

independência foi o “Revérbero Constitucional Fluminense”, escrito por Gonçalves

Ledo e Januário da Cunha Barbosa, em setembro de 1821. Em São Paulo, o primeiro

jornal impresso só foi surgir em 1823; era o chamado “Farol Paulistano”.

Após a independência, a imprensa viveu um período de

agressões aos jornalistas e muitos tumultos. A aristocracia rural brasileira, liderada por

José Bonifácio, perseguia de maneira implacável seus opositores. Os liberais radicais e

seus jornais foram os principais alvos. Como consequência, o jornal “Malagueta

Extraordinária”, de Augusto May, criticou a falta de liberdade da imprensa e o abuso de

autoridade do governo. Porém, recebeu muitas ofensivas por resposta, inclusive

vulgares, e, não bastando isto, foi espancado violentamente em sua própria casa.

Os jornais não davam trégua aos portugueses, embora a

Assembléia Constituinte e o imperador fizessem parte do maior palco de atritos. Com o

espancamento do jornalista David Pamplona, a situação tornou-se mais grave. D. Pedro

I, então, dissolveu a Assembleia Constituinte, dando força à imprensa. Cipriano Barata

foi o jornalista que mais se destacou na época, que foi caracterizada pela participação de

grandes escritores, dentre eles, alguns dos maiores autores da literatura brasileira.

Em 1857, “O Diário do Rio de Janeiro” publicou “O Guarani”,

série de incrível sucesso. Já em 1855, o “Brasil Ilustrado” iniciou a publicação regular

21

de uma revista de caricatura. O ano de 1876 foi o ano da “Revista Ilustrada”, semanal,

cujo destaque era Ângelo Agostini.

O jornal “A República”, surgiu no Rio de Janeiro, em 1870.

Ficou famoso pela publicação do manifesto republicano. Em São Paulo, o “Correio

Paulistano” agitava a opinião pública sobre a abolição e a República. Nessa época, já

haviam jornais espalhados por todo o país.

Em 16 de novembro de 1889, o jornal republicano “A Província

de São Paulo” publicava em letras ocupando toda a página: “Viva a República” e

passava a se chamar O Estado de São Paulo. No ano de1907, o carioca “Gazeta de

Notícias” é o primeiro jornal editado em cores. E três anos depois, em 1910 é fundada a

Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no Rio de Janeiro. Aqui vale lembrar também

os jornais “Folha de São Paulo”, “o Globo” e tantos outros que hoje continuam

contribuindo para a informação a cultura e bem como, para a vivência democrática em

nosso país.

22

1.2 O rádio: histórico e uso para a evangelização.

Outro meio de comunicação largamente utilizado pela Igreja é a

Radiodifusão. Com tantas transformações sociais e tecnológicas, o rádio é muito

utilizado pelas pessoas. “As suas transmissões atingem em cada dia, novas regiões,

saltando sobre barreiras políticas ou culturais”4. Podemos até dizer que em nossos dias,

o rádio é um dos mais importantes veículos de comunicação de massa e de formação de

opinião junto a internet, que por sua vez superou a televisão. Por ser um investimento

baixo, o mesmo traz um retorno rápido deste mesmo investimento.

Com as novas tecnologias, muitos acharam que as mídias

tradicionais iriam desaparecer, mas com o rádio está sendo diferente, pois a cada dia

tem crescido e atingido mais pessoas. Não obstante, é o de mais fácil criação, com um

custo financeiro bastante baixo, havendo em pouco tempo uma total recuperação do

dinheiro investido. Sabe-se hoje que em vez de diminuir, só tem aumentado o número

de emissoras de rádio em todo o mundo.

O rádio é aquilo que chamamos de linguagem acústica capaz de

aguçar a imaginação, principalmente por meio da associação de imagens. Isto é, o

ouvinte por não ter a imagem daquilo que está sendo falado, faz com que sua mente crie

uma narrativa de imagens para tal fato, fazendo-o transpor toda e qualquer realidade

concreta, pois tudo é fruto da sua própria imaginação. Deste modo, a Igreja chama a

atenção daqueles que utilizam deste meio, para que não haja equívocos de sua parte em

4 CP, 148

23

relação à mensagem que está sendo transmitida,5 porque por se tratar de um veículo do

qual chega às pessoas somente o áudio, a interpretação do fato é feita pelo ouvinte.

O rádio é definido como uma estação ou um aparelho emissor de

programas de radiodifusão, sendo considerado um meio de comunicação de massa para

a maioria dos estudiosos, ou de natureza social, para outros, e está baseado na difusão

da informação sonora por meio de sinais eletromagnéticos (ondas hartezianas), através

das diversas frequências existentes em kilohertz, megahertz e gigahertz6.

A Igreja procurando sempre utilizar-se dos meios para a

evangelização, não vai deixar de constituir a sua própria rádio, ou seja, a Rádio

Vaticano. Aos 12 de fevereiro de 1931, tem-se a transmissão da primeira mensagem

radiofônica saída do Vaticano para o resto do mundo. Este foi um grande marco para a

Igreja, pois ela viu que a mensagem evangélica poderia atingir muito mais pessoas do

que se podia imaginar. Claro que este projeto não ia surgir do nada. O primeiro

pensamento, ou melhor, plano para desenvolver a Rádio Vaticano, foi a disposição de

fazer dentro da cidade do Vaticano uma estação sem fio que foi pensada pelo padre

Giuseppe Gianfranschi então diretor geral de comunicação da cidade do Vaticano.

Buscando desenvolver o projeto juntamente com o cientista

Guglielmo Marconi, padre Giuseppe começa a apresentar os projetos para Pio XI, que

vê nessa iniciativa a grande chance de levar a Boa Nova em todos os cantos da Terra.

Não é à toa que ao ser inaugurada a rádio, Pio XI começa seu discurso da seguinte

forma: “ouça, ó céus, o que digo, escuta ó terra, escuta as palavras que vêm da minha

boca. Ouça ó povos de terras distantes”7.

5 Cf. CP, 154 6 Em: http://www.webartigos.com Acesso em: 05.05.2010 7 Em: http://www.vatican.va/news_services/or/history/hi_por.html Acesso em: 02.02.11

24

Para muitos a Rádio Vaticano parece ser algo fechado somente à

cidade do Vaticano. Enganam-se os que assim pensam. Seu sinal é distribuído para todo

o mundo em ondas curtas, médias e FM, sem contar com o sinal de satélite. Seus

programas são transmitidos em mais de 40 línguas utilizadas no ar, e mais de 30

idiomas no próprio site da rádio, sem contar o uso hoje da internet que torna possível

levar imagens da rádio para os internautas por meio do canal Youtube. Se contar, a

programação diária nas diversas línguas que são transmitidas se chega a soma de mais

de 60 horas diárias de programação.

No Brasil, a primeira Rádio somente surge em 1936, na cidade

do Rio de Janeiro, chamada Rádio Nacional, alcançando por duas décadas, altos índices

de audiência, o que a torna líder. Nessa década, as famílias brasileiras se reuniam para

ouvir as notícias do mundo através do “Repórter Esso”, programa líder de audiência.

Ainda nessa época surge a Rádio Record, de São Paulo no ano de 1931, repito, a Rádio

Nacional do Rio de Janeiro 1936, a maior empresa emissora do País, a Rádio Tupi em

1937, e a Rádio Bandeirantes em 19548.

Frente a tudo isso, o rádio no Brasil vai se firmar e se estruturar

a partir do Estado Novo, com Getúlio Vargas que com sua política nacionalista tem por

objetivo criar e formar a imagem do país, uma imagem, ou podemos dizer, uma

identidade nacional. Claro que para criar essa imagem será usada a ideologia

nacionalista. Tanto que no governo de Getúlio será criada a Voz do Brasil, justamente

para passar ao povo essa imagem de pertença a uma única nação. Não é à toa que

mesmo para aqueles que estavam no campo, as notícias e informações que eram

recebidas, eram sobre a cidade, pois o rádio vai falar sobre a capital nacional, assim para

formar esta imagem nacional, se tinha mais que tudo a verossimilhança com a realidade.

8 Em: http://www.webartigos.com Acesso em: 05.05.2010

25

Não podemos deixar de falar da grande época de ouro do rádio,

momento ímpar na vida do rádio no Brasil. A Rádio Nacional com seus programas de

auditório trazia grande entretenimento à população, bem como fazia surgir inúmeros

talentos, seja para a música, seja para a própria radionovela, bem como, nos anos 30 e

40 com programas de música popular, onde passaram cantoras como, Carmem Miranda,

Linda Batista e Orlando Silva, os programas de humor e de auditório e as novelas que

surgem em 1941.

Com a expansão das atividades nas áreas do comércio e da

indústria e com a legalização da publicidade, há, portanto, a partir desse momento a

veiculação de propagandas. O Rádio passa a ser um negócio bastante lucrativo. Em

plena 2ª Guerra Mundial, surge o famoso Repórter Esso, que inaugura o radiojornalismo

brasileiro. A partir desse momento são introduzidas as técnicas de frases curtas e

objetivas, instantaneidade, agilidade, e seleção das melhores notícias; tecincas que são

empregadas até hoje.

É preciso trazer presente, as inúmeras rádios católicas, bem

como de inspiração católica. Para ajudar nos trabalhos das rádios neste continente que

se chama Brasil, temos a Rede Católica de Rádio (RCR) que é uma associação de

emissoras vinculadas a organismos da Igreja Católica. Seu trabalho é realizar a

comunhão entres as emissoras, respeitando a diversidade e as características das

diferentes regiões do país.9

Além de prestar os serviços de ordem jurídica para as emissoras

associadas, a RCR oferece cobertura de eventos tanto nacionais, como internacionais,

sempre tendo em vista o espírito de partilha, colocando como base a defesa e a

9 Em: http://www.rcrunda.com.br Acesso em 25.02.11

26

promoção dos valores humanos e cristãos. Vale lembrar também as chamadas rádios

comunitárias, que teve a Igreja como aquela que mais se colocou e lutou a favor para

que elas pudessem ser instaladas. Se verificarmos, podemos ver que são muitas as

paróquias, como também as dioceses que se utilizam desse tipo de rádio para a

promoção humana e o anúncio do Evangelho.

27

1.3 O cinema: origens e ajuda para evangelização.

O cinema, que de forma sintética, é definido como um sistema

de reprodução de imagens em movimento, registradas em filmes e projetadas sobre uma

tela, usado como meio de expressão artística e comunicação de massa10. Daí não se

pode negar que o cinema é um artefato cultural, uma fonte de entretenimento popular e

um método poderoso para educar ou doutrinar os cidadãos, aqui falo em relação à

própria escolha da pessoa, pois:

entre os meios de comunicação social, o cinema é, hoje, um instrumento muito difundido e apreciado e dele partem, muitas vezes, mensagens que influenciam e condicionam as escolhas do público, sobretudo do público mais jovem, porque é uma forma de comunicação que se baseia não somente em palavras, mas em fatos concretos, expressos com imagens de grande impacto sobre os espectadores e sobre o seu subconsciente11.

Dentro desse conceito de formação, não podemos imaginar que

o cinema vai aparecer da nada, tudo vai acontecendo por um processo longo e histórico,

como o próprio desenvolvimento da humanidade. Por isso, segundo indícios históricos e

da arqueologia, mostram que sempre foi de interesse do homem registrar os

movimentos12.

10 Cf. http://www.webcine.com.br Acesso em: 18.05.2010 11 JOÃO PAULO II, Mensagem para o 29º dia mundial das comunicações sociais. Em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/communications/documents/hf_jp-ii_mes_06011995_world-communications-day_po.html Acesso em 18.05.10 12 Em: http//: www.webcine.com.br. Acesso em 18.05.2010

28

Os desenhos e as pinturas foram as primeiras formas de

representar os aspectos dinâmicos da vida e da natureza que tinham por objetivo

produzir narrativas através de figuras. Pode-se dizer que o jogo de sombras do teatro de

marionetes oriental é considerado um dos mais remotos precursores do cinema.

Depois com outras experiências, como a câmara escura

principiada por Leonardo da Vinci no século XV e desenvolvida pelo físico napolitano

Giambattista Della Porta, no século XVI. Este equipamento que é uma caixa escura com

um pequeno orifício coberto por uma lente do qual através dele penetram e se cruzam os

raios refletidos pelos objetos exteriores e no seu fundo inscreve-se de forma invertida a

imagem, temos a lanterna mágica que foi inventada pelo alemão Athanasius Kirchner,

na metade do século XVII. Seu processo é baseado na forma inversa da câmara escura,

pois ela é composta por uma caixa cilíndrica iluminada a vela, que por sua vez projeta

suas imagens desenhadas em uma lâmina de vidro. Esses dois elementos, ou inventos

constituem os fundamentos da ciência óptica, que torna possível a realidade

cinematográfica. É claro que vieram muitos outros inventos até se chegar ao que hoje se

conhece por cinema.

No entanto, o aparecimento, ou surgimento do cinema

propriamente dito, vai se dar no final do século 19 com os irmãos Lumière, eles eram

filhos de fotógrafo e proprietário de indústria de filmes e papel fotográficos, que depois

de uma série de estudos sobre os processos fotográficos, chegam ao cinematógrafo13.

Com isso, Louis Lumière passa a ser o primeiro cineasta realizador de documentários

curtos.

13 Segundo o site http://www.webcine. com, este aparelho é considerado um ancestral da filmadora. O mesmo é movido a manivela e utiliza negativos perfurados, substituindo com isso várias maquinas fotográficas para registrar o movimento. O cinematógrafo torna possível, também a projeção das imagens para o público.

29

Por se tratar de um artefato que tem registro de imagens e som

em comunicação, o cinema também é uma mídia. Mídia essa que tem por objetivo

envolver a pessoa e levar até ela o entretenimento. É por isso que João Paulo II ao

escrever a mensagem para o 29º dia mundial das Comunicações Sociais vai apresentar o

valor e a importância desse grande instrumento cultural e de entretenimento.

O cinema, desde o seu nascimento, embora, às vezes, por alguns aspectos de sua multiforme produção, dando motivos a críticas e a reprovação por parte da Igreja, com frequência também abordou temas de significado e valor do ponto de vista ético e espiritual. Agrada-me lembrar, por exemplo, as numerosas versões cinematográficas da vida e paixão de Jesus e da vida dos santos, ainda conservadas em muitas cinematecas, que serviram, além de tudo, para animar numerosas atividades culturais, recreativas e catequéticas, por iniciativa de muitas dioceses, paróquias e instituições religiosas. A partir dessas premissas se desenvolveu uma rica fonte de cinema religioso, com uma produção enorme de filmes que exerceram grande influência sobre as massas, embora com os limites que o tempo, inevitavelmente, costuma evidenciar14.

Os temas apresentados pelo cinema são totalmente variados. Por

esta razão hoje o cinema se tornou a maior indústria de comunicação de massa e

revolucionou o mundo, através dos conceitos de arte e cultura e de certa forma foi

precursor da globalização, pois foi através do cinema que culturas diferentes foram

conhecidas e reconhecidas, já que o mesmo venceu barreiras e fronteiras encantando e

levando as pessoas a conhecer mais sobre outros povos e organizações sociais, culturas

e religiões. E essa questão já foi abordada por Paulo VI na carta “Octagésima

Adveniens” que diz:

14 JOÃO PAULO II, Mensagem para o 29º dia mundial das comunicações sociais. Em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/communications/documents/hf_jp- ii_mes_06011995_world-communications-day_po.html Acesso em 19.05.10

30

Entre as mudanças maiores do nosso tempo, nós não queremos deixar de salientar a importância crescente que assumem os meios de comunicação social e o seu influxo na transformação das mentalidades, dos conhecimentos, das organizações e da própria sociedade. Eles têm sem dúvida muitos aspectos positivos: graças a eles, chegam até nós, quase instantaneamente, as informações do mundo inteiro, criando um contacto que elimina as distâncias e elementos de unidade entre todos os homens, e facultando uma difusão mais extensa da formação e da cultura15.

Como uma mídia, o cinema não deixa de acompanhar o

desenvolvimento tecnológico utilizando de todos os aparatos para que o espectador se

sinta envolvido por aquilo que está sendo projetado na película. Assim o que não pode

faltar é a criatividade, pois ela é absolutamente indispensável usando sua linguagem

própria que estabelece a relação sócio-cultural. Para se ter clareza desse

acompanhamento tecnológico, é só compararmos alguns filmes e perceber a evolução

contínua do cinema, bastam-nos dois exemplos: o filme “O gabinete do doutor Caligari”

do ano de 1919 e “2012”, do ano de 2010. Em termos de efeitos áudio-visuais a

mudança é clara.

Hoje temos os efeitos especiais computadorizados representando

um tempo dinâmico de alta tecnologia gerada pela informática. Sem contar a tecnologia

3D16 que envolve totalmente a pessoa no enredo do filme. As imagens já não só se

movimentam na película, mas vão ao encontro de quem as assiste.

O cinema evolui constantemente e acompanha o

desenvolvimento da sociedade, da tecnologia e das necessidades sinestésicas (sensação 15 OA, 20 16A terceira dimensão não existe, é apenas uma ilusão da mente, literalmente. E isso é possível graças a um fenômeno natural chamado estereoscopia. Apesar do nome complicado trata-se apenas da projeção de duas imagens, da mesma cena, em pontos de observação ligeiramente diferentes. O cérebro, automaticamente, funde as duas imagens em apenas uma e, nesse processo, obtém informações quanto à profundidade, distância, posição e tamanho dos objetos, gerando uma ilusão de visão em 3D. Para que isso seja possível, no entanto, a captação dessas imagens não é feita de uma forma qualquer. São filmadas duas imagens ao mesmo tempo. Essa correção de enquadramento é feita por softwares específicos, em tempo real, que reduzem as oscilações na imagem, deixando a composição mais realista (nota do autor).

31

que acompanha uma percepção) das audiências. É um documento histórico que tem

valor documental e suscita o interesse de toda a sociedade. Por isso, a Igreja vai

reconhecer que não só o cinema está no interesse da sociedade, “mas que faz parte

integrante da vida do homem moderno.” 17

A produção dos filmes atingiu uma evolução tecnológica

altamente sofisticada e se transformou em uma das linguagens de expressão visual mais

significativas da cultura contemporânea. A sua apreciação e leitura requer um mínimo

de informações acerca de aspectos variados sobre sua linguagem e sobre os meios

utilizados para sua análise.

É possível verificar que o discurso cinematográfico se utiliza de

vários sistemas de comunicação agindo em uma mesma mensagem que é concretizada

através das substâncias acústicas (som) e visual (imagem cinematográfica). Isso

significa que no cinema se tem a grande revolução ao fundir som e imagem. Tudo o

que há de se esperar é que a cinematografia digital continue a nos proporcionar aquela

dimensão imagética que é arte.

No Brasil, a primeira projeção cinematográfica vai se dar sete

meses após a exibição dos filmes dos irmãos Limière em Paris. Isso acontece no dia

08.07.1896 no Rio de Janeiro18.

Um ano depois, Paschoal Segreto e José Cunha Salles,

inauguram também no Rio de Janeiro uma sala de cinema permanente. Já em 1898,

Segreto roda o primeiro filme brasileiro com imagens de alguns lugares do Rio de

Janeiro. Aqui não se pode deixar de citar que em quase cem anos o cinema brasileiro

produziu dois mil filmes e ganhou inúmeros prêmios internacionais, mas ainda assim,

encontra dificuldades para se estabelecer como indústria.

17 CP, 142 18 Em: http//: www.webcine.com.br Acesso em: 27.05.2010

32

Com a chanchada na década de 1930, começa-se a formar um

mercado consumidor. O grande “boom” vai se dar em 1949 com a inauguração dos

estúdios Vera Cruz em São Bernardo do Campo, São Paulo, que vem a fechar cinco

anos mais tarde. Já nos anos 50 e 60 o cinema novo introduz temáticas e linguagens

nacionais.

A Embrafilmes criada neste período dá condições para o

desenvolvimento do cinema nacional, a fim de que, sua produção aumente

significativamente, chegando ao ponto de na década de 1980 o Brasil produzir

aproximadamente cem filmes por ano. Com a crise no modelo estatal, a Embrafilmes é

extinta e o cinema brasileiro lentamente vai dando sinais de vitalidade realizando de

forma limitada algumas produções.

Vale recordar que no Brasil, houve três grandes empresas

cinematográficas: a Cinédia de Adhemar Gonzaga em 1930 no Rio de Janeiro, em 1941

é criada a Atlântica de Moacir Fenelon que centraliza sua produção na chanchada

carioca, e por fim como já dito anteriormente, a Vera Cruz que foi criada no ano de

1949. Sua ambição era tamanha, pois renegava a chanchada e faziam produções

sofisticadas, entre elas o filme “o cangaceiro” no ano de 1953 de Lima Barreto,

chegando a fazer sucesso internacional. O grande astro da companhia Vera Cruz será

Amacio Mazzaropi, ou mais conhecido como Mazzaropi que fez três grandes filmes por

essa companhia19.

Hoje o cinema brasileiro embora mais maduro no sentido de

roteiro, bem como a tecnologia, não conta com uma grande indústria cinematográfica,

mas sim, algumas emissoras de televisão que produzem os filmes em parceria com

indústrias cinematográficas internacionais20.

19 Em: http//: www.webcine.com.br. Acesso em: 20.05.2010 20 Idem

33

1.4 A Tv: seus primórdios e contribuições para a evangelização.

Outro grande meio de comunicação é a televisão, que desde o

seu surgimento transformou e vem transformando a sociedade mundial. A televisão com

suas primeiras transmissões datadas do final dos anos de 1920, não demorou muito para

ser um meio de comunicação de massa. Ela será a grande concorrente do rádio, embora

nos seus primórdios a sua estrutura seja a mesma do rádio, já que não se pensava uma

linguagem diferente para a televisão nesse período. Vale ressaltar que todos os

profissionais envolvidos com a televisão no seu início vieram do rádio, utilizando com

isso a mesma linguagem.

O processo de crescimento da televisão no mundo é

impressionante, pois em poucos anos, embora caro, muitas residências terão seu

aparelho de recepção de imagens. Assim, o televisor vai aos poucos ocupando o lugar

do rádio nas famílias.

A televisão em sua criação herda algumas características do

cinema, mas sua proximidade com o tempo presente, sua praticidade de estar dentro de

um lar, deram possibilidades de fazer com que esse meio se tornasse o mais poderoso na

transmissão de informações e ideais.

Como a rádio, a televisão tem suas informações transmitidas por

meio de ondas sem fio, só que agora não só o som, mas também a transmissão com

imagens. Isso vai se dar graças a grandes físicos que descobriram alguns componentes

químicos, como o selênio que deu origem à transmissão de imagem recebendo o nome

de fac-símile, hoje popularmente conhecido como fax. Isso foi comprovado pelo

34

cientista inglês Willoughby Smith21 no ano de 1873 a possibilidade de fazer com que o

selênio tenha a propriedade de transformar energia luminosa em energia elétrica.

Começa-se a realizar a transmissão de imagens por corrente elétrica, como já dito, o fac-

símile. O processo vai sendo desencadeado até chegar ao tubo de televisão que permite

por meio dessa fórmula transmitir ou reproduzir as imagens. Aqui já temos aquilo que

conhecemos por televisão que vai sendo acolhida por muitos países da Europa e alguns

da América vão acolher bem mais tarde.

No que diz respeito à televisão, o Vaticano não possui uma

emissora, mas possui o Centro Televisivo Vaticano (CTV). Que tem por finalidade

através de imagens tornar conhecido o Evangelho, bem como o ministério pastoral do

Sumo Pontífice e as atividades da Sé Apostólica.

Diante disso, o CTV ao realizar a cobertura dos eventos, repassa

as imagens para as agências que por sua vez repassam para outras emissoras católicas,

de inspiração católica e as comerciais.

O Centro televisivo Vaticano, também faz suas transmissões ao

vivo por meio de satélite. As imagens são geradas por ele e o sinal repassado para as

emissoras em todo o mundo. Sem contar as produções que são realizadas. Histórias dos

Romanos Pontífices, das Basílicas romanas, entre outras22.

A preocupação da Igreja em se fazer presente nos diversos

meios a fim de levar o Evangelho aos corações, faz com que ela não ocupe uma posição

de velha guarda, mas sim de vanguarda, seja para a mídia impressa, seja para o rádio, já

que a Rádio Vaticano é uma das mais potentes do mundo, bem como a televisão, pois

seus equipamentos de transmissão são todos em HD.

21 Engenheiro eletricista inglês nasceu em 06.04.1828 e faleceu em 17.07.1891, descobriu a fotocondutividade do elemento selênio que originou a transmissão de imagens 22 Em: http//:www.vatican.va/news_services/or/history/hi_por.htlm. Acesso em: 22.02.11

35

Em relação ao nosso país, hoje temos várias emissoras

católicas23 e uma forte presença da Igreja nas emissoras comerciais. Na busca de se

fazer presente nos lares, a Igreja não só se utiliza de suas emissoras, mas vai ao encontro

das emissoras comerciais para fazer presente sua mensagem, e a mensagem do

Evangelho.

Voltando à questão da televisão, no Brasil, graças à visão de

Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, no ano de 1950 é feita a

inauguração da TV Tupi de São Paulo, que fazia parte do grupo Diários Associados, do

qual o mesmo era proprietário.

Esta primeira transmissão vai se dar no próprio saguão dos

Diários Associados de uma sala para outra. Assim, começa a ter início a transmissão

televisiva no Brasil. Após a importação de equipamentos de transmissão, bem como dos

próprios aparelhos de televisão que foram distribuídos para alguns membros da elite

paulistana, no dia 18.09.1950, inaugura-se a TV Tupi de São Paulo, ou também

conhecida com o prefixo PRF3 canal 3.

O sucesso foi absoluto, mas o grande desafio era como manter a

programação diária. Como era algo novo no Brasil e embora Chateaubriand tenha

buscado junto de seus colaboradores formação fora do país, os profissionais que vão

atuar na televisão são do rádio, teatro e jornal. Os mesmos buscam juntos uma

linguagem própria para a televisão.

Quem ouviu a primeira transmissão da TV Tupi, jamais vai se

esquecer daquela indiazinha dizendo: “está no ar a TV no Brasil”. Esta foi a primeira

imagem transmitida no Brasil.

23 Aqui vale lembrar as emissoras que se fazem presentes em todo território nacional: TV Século 21, Redevida, Canção Nova, TV Aparecida e as TV’s locais.

36

Não podemos dizer que a televisão não cumpre seu papel

social, pois assim ela o faz às vezes com maior eficiência do que qualquer outro, só que

infelizmente quando se tem o interesse político e comercial, ela consegue modificar os

fatos na opinião popular, por isso, vale ressaltar o que diz a instrução pastoral

Communio et Progressio:

Todos os cidadãos são chamados a prestar o seu contributo à reta formação da opinião pública, pessoalmente ou por meio dos seus representantes, na formação desta opinião é sobretudo grande o influxo daqueles que em virtude do seu cargo, qualidades naturais ou por motivos, exercem influência na sociedade. Os seus deveres de contribuição ativa neste campo serão tanto maiores quanto maior for a boa influência que poderão exercer24.

É por isso que todos os meios, e não só a televisão devem ser

utilizados, visando sempre o bem comum e a clareza das coisas informadas para que

não se incorra no risco de fazer com que tudo seja tendencioso.

Olhando para os dias atuais, talvez a grande pergunta a fazer em

relação à televisão é se realmente ela não está sendo tendenciosa. Um grande exemplo

disso é quando o Presidente do Brasil era José Sarney. Após o pedido de demissão do

então Ministro da Fazenda Bresser Pereira, assume interinamente Maílson da Nóbrega a

pedido do próprio Presidente. Após entrevista de aproximadamente 6 (seis) horas com

Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, mesmo sem saber da nomeação

por José Sarney, é anunciado Maílson da Nóbrega como Ministro da Fazenda.25 Aqui

tem-se a clareza da manipulação e da tendência dos meios de comunicação. Há de se

entender também que nesse período o Brasil está passando pelo processo de

redemocratização, embora isso não justifique tal postura em relação às Organizações

Globo.

24 CP, 28 25 Cf. BRITTOS, V.C. e BOLAÑO, C.R.S. Rede Globo: 40 anos de hegemonia, pp. 115-116

37

Em relação à utilização desse meio para a evangelização, hoje é

possível notar o crescimento no seu uso, sejam eles de propriedade da Igreja ou não. No

nosso país, há muitos anos alguns eventos, bem como missas, já são transmitidos. No

entanto, o que não pode ser deixado de lado é a própria dignidade do Sacramento

celebrado. Neste caso, tanto a CNBB, bem como, o próprio documento Sacrossanto

Concilium, vai dizer que “as transmissões por rádio e televisão das funções sagradas,

particularmente em se tratando da Santa Missa, façam-se com discrição e dignidade, sob

a direção e responsabilidade de pessoa competente, escolhida para tal pelo ofício dos

bispos” 26.

E esta deve ser a missão da Igreja de comunicar a Boa Nova de

Jesus Cristo nesta praça, neste grande e vasto campo de evangelização. Por isso ela, ao

longo de sua história, sempre teve a preocupação de aperfeiçoar seus instrumentos para

a realização dessa missão. Seu propósito sempre foi cumprir o mandato de Jesus Cristo:

“Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Diante

disso, ela se utilizou de instrumentos próprios de cada época para que, da melhor forma

possível pudesse alcançar esse objetivo.

26 SC, 20

38

1.5 O Vaticano II e a Conferência Episcopal Latino americana

Antes do Concílio Vaticano II, a Igreja não tinha um pleno

conhecimento dos meios de comunicação social, os via com certa desconfiança. No

entanto, reconhece neles um grande instrumento para os homens. Por conta dessa

desconfiança, não estava totalmente aberta para tal. Sua relação no período pré-conciliar

bem como em nossos dias é bastante delicada com os mesmos.

O grande impulso acontece por ocasião do Concílio Vaticano II,

com especial relevância o decreto Inter Mirifica, que apesar de ser um dos menores

documentos deste Concílio, é de fundamental importância para a relação entre a Igreja,

o mundo contemporâneo e os meios de comunicação, pois hoje não se pode negar que

estes meios invadiram todos os espaços e conversas, bem como os lares, tornando-se

competidores com o diálogo, a tradição, aquilo que chamamos de conhecimento

adquirido da vida.

Tudo passa a ser imediato, pode-se até dizer que vemos uma

espécie de delírio espacial, pois temos o privilégio de ter inúmeras transmissões

(informações), mas não é possível retê-las. A bem da verdade estamos presos entre a

tecnologia e a mercantilização, ou seja, informações preferenciais e um grande apelo ao

consumo27.

Nessa mesma linha, a Conferência de Puebla também vai dizer

da importância desses meios tanto para a comunhão, como também para a expansão e

democratização da cultura e da própria evangelização28. Embora existam algumas

questões que necessitam de uma reflexão mais profunda, como a citada pela

27 Cf. DAp, 38 28 Cf. DP, 1063 e 1068

39

Conferência de Aparecida. Com isso, a partir deste decreto, começa-se a ter uma maior

abertura e se busca um diálogo sereno, tranquilo e entendedor, a fim de que a Igreja

pudesse conhecer e se relacionar com os meios de comunicação social, e vice-versa.

O primeiro propósito da Igreja, além de reconhecer a

importância destes meios, é se utilizar deles para que a salvação seja comunicada a

todos os homens. E isso ela já vem fazendo, pois cada vez mais tem se dedicado aos

trabalhos voltados para os meios de comunicação. Bem como, a própria Pastoral da

Comunicação que tem se desenvolvido cada vez mais e também o aumento da

participação da Igreja nos meios comerciais. Isso significa que a Igreja tem buscado

acompanhar este avanço tecnológico, pois neles encontra-se uma versão moderna do

púlpito.

Graças a eles, “pode se falar às multidões”29. Isso significa que

a Igreja tem tentado responder aos sinais dos tempos e “tem utilizado desses meios para

evangelizar a cultura”30. Chamando desta maneira o homem a fazer o uso de forma

correta, não perdendo de vista a importância desses meios para o crescimento de si

mesmo e da sociedade:

A Igreja Católica, tendo sido constituída por Cristo Nosso Senhor a fim de levar a salvação a todos os homens e, por isso, impelida pela necessidade de evangelizar, considera como sua obrigação pregar a mensagem de salvação, com recurso também dos instrumentos de comunicação social, e ensinar aos homens seu reto uso.31

A Igreja entende que é preciso utilizar-se de todos os

instrumentos para o anúncio do Evangelho, e os meios de comunicação se revelam uma

oportunidade providencial para atingir os homens em qualquer lugar, pois rompe com a

29 EN, 45 30 DAp, 99f 31 IM, 3

40

barreira do tempo, já que hoje vivemos num mundo globalizado, o que não se pode

deixar de entender é que este contexto global também se dá no que diz respeito à mídia,

ou seja, o mundo é visto como grande cultura midiática e isso implica “em se ter a

capacidade de reconhecer as novas linguagens que podem favorecer maior humanização

global”32, e assim o mesmo colabora para o crescimento humano.

Partindo do princípio do crescimento humano, não se pode

esquecer a própria questão da dignidade do homem, já que os meios de comunicação

estão para ajudar o homem. Por isso, diz a instrução pastoral Communio et Progressio

que os meios apresentam: “as grandes virtualidades que neles contêm em ordem à

promoção eficaz do progresso humano, virtualidades de tal ordem que vale a pena o

esforço de superação das dificuldades que elas mesmas implicam”33, buscando criar

uma mentalidade, uma cultura de comunicação, isto é, saber utilizar e relacionar com os

meios sem vê-los como algo estranho ou alheio à Igreja. Esta “era da comunicação, bem

como, da informação, que hoje se está formando, contribui a criar novas relações entre

pessoas e as comunidades e exige – por parte dos cristãos – uma união cada vez mais

profunda por meio de uma intensa colaboração”34.

Neste contexto, ela vai deixar bem claro que não só a

instituição, mas os leigos têm neste instrumento “a tarefa de vivificar estes mesmos

instrumentos com um espírito humano e cristão, para que correspondam plenamente à

grande esperança da família humana e ao desígnio divino”35.

Isto significa que os meios aí estão, mas eles devem

salvaguardar o respeito ao homem e apresentar tudo que favorece a humanidade dentro

do contexto da criação, levando o ser humano à plena comunhão entre si, com os meios

32 DAp, 484 33 CP, 21 34 PONTIFÍCIO CONSELHO PARA AS COMUNICAÇÕES SOCIAIS. Critérios de colaboração Ecumênica e Interreligiosa nas comunicações sociais, 6 35 IM, 3

41

e também com o Criador, pois “a história da humanidade e o conjunto das relações entre

homens desenvolve-se no quadro desta comunicação de Deus em Cristo”36.

Dessa forma, cabe aos que recebem as informações através dos

meios de comunicação social, buscar sabedoria na sua utilização, também, naquelas que

hão de receber, e não tratá-las como verdade absoluta, mas buscar discernir o que

edifica a si mesmo, pois por haver a questão do monopólio da informação, os meios de

comunicação incorrem no risco de manipular a mensagem de acordo com interesses

próprios37.

Aqui se pode dizer que a questão é que se sabendo olhar de

forma crítica a informação e tudo aquilo que é apresentado e ver as circunstâncias a que

elas são colocadas, e se traz em seu bojo inverdades e disposição de manipulação.

Diante desta constatação, o que se deve fazer é rejeitá-la de forma imediata. Não é à toa

que a Igreja vai manifestar sua preocupação em relação aos meios e tudo aquilo que por

eles são veiculados:

Os meios de comunicação social, em virtude da sua mesma natureza, dirigem-se ao grande público; portanto, para não ferir alguns setores deste público, opta-se por uma certa neutralidade; como é que então, numa sociedade pluralista, o indivíduo conseguirá discernir entre o verdadeiro e o falso, o bem e o mal? [...] Que fazer para que o homem não caia numa apatia e preguiça mental? Finalmente, como evitar que o contínuo apelo à emoção não desequilibre a razão?38

O homem tem direito à informação, que deve trazer assuntos

que interessam a si, mas que também tragam interesse à sociedade “conforme as

condições de cada um”39. Ela deve quanto ao seu objetivo ser sempre verdadeira,

honesta e equilibrada, que observe as leis morais, a dignidade e os legítimos direitos do 36 AE, 6 37 Cf. DP, 1071 38 CP, 21 39 IM, 5

42

homem40. As informações que serão apresentadas, devem sempre primar pela ordem

moral objetiva, isto é, é ela quem sobrepõe e “coerentemente harmoniza todas as demais

ordens das coisas humanas, por mais respeitáveis que sejam em dignidade”41.

A experiência de todo aquele que tem acesso aos meios de

comunicação, quanto às informações deve se dar pela recusa quanto à falta de

comprometimento com a verdade, principalmente quando buscam incitar no homem

desejos perversos, que o faz afastar da ordem moral, bem como dos bons costumes.

Neste caso, não só primar por estas questões, mas também saber que embora a

tecnologia esteja ao nosso favor, e de fato, podemos afirmar que sim, pois como nos diz

Douglas Kellner42, “a cultura midiática não aborda apenas grandes momentos da

experiência contemporânea, mas oferece também matéria para a fantasia e sonho

modelando pensamento e comportamento”43, em outras palavras, ela constrói

identidades.

Para isso, “é melhor conhecer as vantagens dos meios de

comunicação e melhor superar os seus inconvenientes, impõe-se considerar mais

detalhadamente em que medida eles influenciam a vida da sociedade”44, aqui se pode

acrescentar também cada indivíduo.

O propósito da Igreja é proclamar Jesus Cristo e seus

ensinamentos, “todos os homens de boa vontade são convidados a um trabalho

conjunto, para que os meios de comunicação social contribuam para a procura da

verdade e para o verdadeiro progresso humano”45.

40 Idem 41 Ibidem, 6 42 É PhD em Filosofia pela Universidade Columbia e professor na mesma Universidade em Los Angeles, Estados Unidos da América 43 KELLNER. D, Cultura da mídia e triunfo do espetáculo. In Sociedade midiatizada, p. 119 44 CP , 23 45 Idem, 13

43

Olhando para os meios não se pode também deixar de salientar

o que eles trazem em si, pois embora tenham a função de informar, têm uma grande

contribuição para o entretenimento, “já que o entretenimento popular há muito tem suas

raízes no espetáculo [...] agora, os tecnoespetáculos vêm moldando decisivamente os

contornos e trajetórias das sociedades e culturas atuais, ao menos nos países capitalistas

avançados”46.

É por isso, que a questão da opinião pública, se faz fundamental

em relação aos meios47, pois os mesmos, sendo instrumentos de formação de

consciência, e se retamente passam informações e valores aos que a eles têm acesso, a

opinião pública deve, mais do que nunca, estar presente e observar tudo aquilo que é

apresentado, de modo que não diminua a dignidade do homem, mas o faça conhecer a

verdade e não deixe de cumprir os deveres da justiça e da caridade, pois a liberdade de

expressão é direito de todos. Isso traz uma cooperação indispensável para a vida social,

mas há de se afirmar que embora se tenha esta liberdade de expressão, não significa que

todas serão aceitas, mas ao mesmo tempo, outras serão aperfeiçoadas e servirão de base

para este processo.

Chamados a contribuir para a opinião pública, os cidadãos

devem fazê-la com clareza e sempre para a formação de si e da sociedade, como nos é

dito na Instrução Pastoral, Communio et Progressio:

Todos os cidadãos são chamados a prestar o seu contributo à reta formação da opinião pública, pessoalmente ou por meio dos seus representantes, na formação desta opinião é sobretudo grande o influxo daqueles que em virtude do seu cargo, qualidades naturais ou por motivos, exercem influência na sociedade. Os seus deveres de contribuição ativa neste campo serão tanto maiores quanto maior for a boa influência que poderão exercer48.

46 KELLNER. D, op cit, p. 120 47 Cf. DM, 5 48 CP, 28

44

A questão da opinião pública deve estar também no próprio

interior da Igreja, pois por meio do diálogo, se busca a construção da comunhão, que

torna a pessoa capaz de se relacionar com o diferente, criando condições para o

encontro entre as pessoas para a vigência de uma autêntica e responsável liberdade de

expressão49 como também, com o outro de modo que, não se crie nenhum preconceito.

É ter claro que a comunhão ultrapassa os limites eclesiais e gera este diálogo de forma

construtiva e totalmente transparente:

Tanto a comunicação no interior da comunidade eclesial como a da Igreja com o mundo exigem transparência e um modo novo de enfrentar as questões ligadas ao universo dos meios de comunicação social. Esta comunicação deve tender a um diálogo construtivo para promover na comunidade cristã uma opinião pública retamente informada e capaz de fazer conhecer as próprias atividades, como outras instituições e grupos, mas ao mesmo tempo, quando necessário, deve poder garantir uma reserva adequada, sem que isto prejudique uma comunicação pontual e suficiente sobre os fatos eclesiais50.

Não só os meios devem agir assim, mas também os usuários, já

que os mesmos “estão comprometidos por especiais obrigações, isto é, os leitores, os

espectadores e os ouvintes que por uma escolha pessoal e livre recebem as

comunicações difundidas por estes instrumentos”51. Por isso é sempre bom lembrar que

todos os usuários desses meios saibam usá-los com moderação e disciplina, ou seja, é

preciso não se ater totalmente e tornar-se escravo desses meios, mas sim, usar da

inteligência a fim de “penetrar naquilo que viram, ouviram e leram”52, de modo que

sejam capazes de emitir um julgamento correto de todas as informações. Como então

aplicar estas questões no que diz respeito ao trabalho pastoral da Igreja? Eis aqui o

desafio lançado pelo Concílio Vaticano II.

49 Cf. SD, 282 50 RP, 22 51 IM, 9 52 Idem, 10

45

O grande apelo conciliar é que se busque de forma concreta e

imediata um esforço comum para que todos os membros da Igreja:

empenhem-se e empreguem eficazmente os meios de comunicação social, nas multiformes obras de apostolado, como estão a exigir instantemente a conjuntura das coisas e dos tempos, antecipando-se às más iniciativas, sobretudo naquelas regiões onde o progresso moral e religioso requer um trabalho mais urgente53.

Para nós, esse é o grande chamado que a Igreja faz, a fim de

que haja um verdadeiro entendimento dos meios de comunicação social e que a própria

Igreja se utilize do mesmo54 para que a mensagem do Evangelho possa chegar a todas as

pessoas de todas as formas, ou seja, é preciso levar em conta os sistemas e recursos da

linguagem audiovisual própria do homem hodierno55.

O apostolado de cada um deve ser desenvolvido com

criatividade, de maneira que se utilizem todos os recursos disponíveis com uma única

intenção: anunciar a Boa Nova de Jesus, já que de forma instantânea os meios são

bastante favoráveis a isso, tendo o Cristo como modelo de comunicador, pois “durante

sua permanência na terra, se manifestou o comunicador perfeito”56. Nesse sentido, deve

pensar uma maneira de fazer presente essa mensagem em todos os meios, sejam eles de

propriedade da Igreja, sejam eles de uso comercial. O que mais é pedido, é que se usem

esses meios para o bem, antes que outros chegam e o façam para o mal. É por isso que a

Igreja chama todos os seus membros para:

promover uma boa imprensa para que possa imbuir os leitores do espírito autenticamente cristão [...] edita-

53 Ibidem, 13 54 Cf. DM, 9 55 Cf. DP, 1091 56 BAMBONATTO, V. I. e ALTEMEYER, F. Jr. Trindade, mistério de comunicação e comunhão. In: Teologia e comunicação: Corpo, palavra e interfaces cibernéticas, p. 106

46

se claramente com o fim de formar e promover a opinião pública de acordo com o direito natural e a doutrina e os princípios católicos, como também divulgar e devidamente explanar os acontecimentos ligados à vida da Igreja57.

O que de fato não se pode em nenhum momento deixar de

evidenciar nos meios de comunicação social é que eles estão para criar laços de

solidariedade entre os homens e a Igreja no uso de seus próprios meios. Deve ser cada

dia mais a voz dos desamparados, ainda que isso implique em riscos58, já que os

mesmos “são dons de Deus e devem colocar-se a serviço da sua vontade salvadora”59.

Com isso, a Igreja propõe às Dioceses que da melhor forma

possível tentem se estruturar criando seus conselhos e dando uma atenção especial para

a comunicação social. Que tenham tanto leigos, como clérigos especializados nesta área,

e que dê o apoio suficiente para que eles possam cumprir sua missão60 tornando

possível um diálogo e um entendimento mútuo e permanente entre a Igreja e estes

meios, para que os mesmos colaborem para a união entre homens e na continuidade na

obra criadora de Deus. É por isso que ela “encara estes meios de comunicação social

como dons de Deus”61 para a edificação da pessoa, da sociedade e para uma maior

comunhão entre todos. Isto é claro, sempre seguindo a vontade de Deus que é de salvar

todo o gênero humano.

Se por um lado os meios com toda sua técnica têm por

finalidade dar e conhecer os problemas humanos, o homem “criado à imagem e

semelhança de Deus” (Gn 1,26) participando da obra criadora na construção da “cidade

57 IM,14 58 Cf. DP, 1094 59 IM, 29 60 Cf. SD 283 61 IM, 1

47

terrena”62 deve buscar, à luz da Palavra de Deus, fazer com que esta técnica favoreça o

diálogo entre todos, tornando esta cidade cada vez mais justa e humana.

“O cristão pela visão que tem da história, do homem e da

solidariedade”63, jamais pode deixar de descobrir nesses meios e nessas técnicas por ele

empregadas, um significado para uma melhora na condição de vida de todas as pessoas,

a começar pela comunicação entre elas mesmas.

É imprescindível ao homem comunicar-se. É sabido que desde

o começo da história da salvação, foi Deus quem se comunicou com os homens, nestes

últimos tempos, quis Ele nos falar, ou melhor, se comunicar por meio de seu filho Jesus

Cristo (Cf. Hb 1,2) a fim de que o homem pudesse participar do seu plano salvífico,

pois Jesus é o “comunicador do Pai”64 revelando ao homem a salvação que vem de

Deus, tornando assim “a comunicação entre Deus e a humanidade atingir portanto sua

perfeição”65 e chamando o homem que ao utilizar dos meios de comunicação social,

leva em conta todos os aspectos para comunicar também sua Boa Nova a todos os

povos66.

O homem que é chamado a manter-se em plena comunhão com

Deus e com todo o gênero humano, jamais deve viver de forma isolada, mas sim,

construir por meio da unidade, uma verdadeira relação e comunhão entre si e com Deus,

já que Deus ao se comunicar com o homem propõe para ele na sua benevolência o estar

unido consigo e com os outros, mas acima de tudo ter nessa união a capacidade de

comunicar a verdade que é Jesus Cristo, como Ele mesmo nos diz: “Eu sou o caminho,

a verdade e a vida” Jo 14, 6).

62 IM, 2 63 CP, 7 64 RP, 13 65 Idem, 5 66 Cf. DP, 1063

48

Por isso que “comunicar não é apenas exprimir ideias ou

manifestar sentimentos, no seu mais profundo significado, é doação de si mesmo, por

amor, pois a comunicação de Cristo é Espírito e Vida” 67. Daí o fato de que todo aquele

que está envolvido com os meios de comunicação social, deve utilizá-lo sempre visando

a verdade, a unidade entre os homens e acima de tudo a transparência, que é mais que

necessária para uma boa comunicação para a verdade e para a própria integridade de

todas as pessoas, e que por consequência, ajuda no “verdadeiro progresso humano” 68.

Toda comunicação deve ter em seu bojo questões fundamentais

que revelem aquele que é seu papel, ela jamais pode deixar de “obedecer à lei

fundamental da sinceridade, honestidade e verdade” 69. Sem esses princípios a

comunicação deixa de ser verdadeira e transparente, por conta disso, há de se dizer que

se impõem tarefas e desafios concretos para a Igreja no campo da comunicação social70

para que ela oriente os seus fiéis de modo que percebam que a informação passa a ser

totalmente parcial e manipulada, não colaborando quase que em nada no progresso dos

povos. Agir com a verdade é apresentar aquilo como é e não como alguém quer que

seja. A comunicação deve ser sempre verdadeira e honesta. Este é um princípio básico

para toda e qualquer comunicação.

Por fim, todos os meios de comunicação devem ser vistos como

um grande instrumento para a evangelização e proclamação da Palavra de Deus, bem

como, para a própria promoção da dignidade da pessoa e suas relações. Eles devem ser

como que uma praça pública aonde se trocam informações, impressões e se criam laços.

67 CP, 11 68 Idem, 13 69 Ibidem, 17 70 Cf. SD, 279

49

Capítulo 2

A Internet no processo evangelizador

A Internet por ser hoje um meio de comunicação de fácil acesso, se tornou um instrumento que cada vez mais atinge um número grande de usuários, se fazendo presente diariamente na vida dessas pessoas, transformando seu comportamento como também fazendo com que elas mudem sua postura em relação a algumas questões, tanto de ordem prática, como ética e moral.

A proposta neste capítulo é mostrar que, mesmo diante de tantas situações que pareçam desfavorecer o uso desse meio para a evangelização, vemos que cada dia não só é preciso utilizá-lo para tal, mas podemos dizer que é indispensável seu uso, pois ao fazer uso da Internet, a Igreja se faz presente na vida das pessoas e consegue levar a tantos quantos que não atinge com o seu púlpito a sua mensagem, como também a mensagem do Evangelho.

50

2.1 Breve histórico da Internet

Antes propriamente de falar deste novo espaço de comunicação

que é a Internet; não podemos deixar de reafirmar aquilo que diz a Igreja em relação aos

meios de comunicação, também para a Internet, já que a “Igreja encara estes meios de

comunicação social como dons de Deus, na medida em que criam laços de solidariedade

entre os homens, pondo-se assim ao serviço de sua vontade salvífica”71. Gostaria aqui

de apresentar um pouco sobre a história da Internet. Todo o processo de criação,

desenvolvimento e daquilo que hoje é este meio de comunicação.

O surgimento de uma proposta de rede entre computadores vai

se dar no período da guerra fria, após o lançamento do primeiro satélite artificial na

órbita da Terra pela antiga União Soviética no ano de 195772.

Por conta disso, o então presidente dos Estados Unidos da

América, Dwight Eisenhower anunciava a criação da Advanced Research Projects

Agency, conhecida como ARPA73. Esta agência é criada e ligada ao Departamento de

Defesa dos Estados Unidos.

O propósito da ARPA era de criar um sistema de rede de

computadores totalmente não hierarquizados, isto é: os dados não ficariam centralizados

numa única unidade, aqui neste caso, o Pentágono, mas distribuídos por toda a rede,

pois caso ocorresse um atentado, as informações seriam não só preservadas, mas

também repassadas de outras unidades preservando a informação e tendo a

71 RP, 2 72 Cf. PINHO. J.B, Jornalismo na Internet, p. 21, o Satélite artificial lançado pela União Soviética foi o Sputnick. 73 PINHO. J.B, op. cit, p. 20

51

possibilidade de articulação para a própria defesa. Vale ressaltar que este sistema de

redes de computador foi criado por uma única causa: a causa militar74.

Usando do modelo não hierarquizado para a comunicação a

ARPA quebra toda uma estrutura gerando assim condições de fazer com que as

informações sejam transmitidas em pequenos blocos por diversas máquinas, ou seja,

com endereços totalmente separados. Isso leva à preservação da informação e à

segurança. Embora tendo a impressão de que a informação esteja descentralizada ou

solta, uma coisa é certa: ela de forma segura chega ao seu destino.

Após a criação da ARPA subsidiada pela Rand Corporation e

vendo que isso seria possível para um uso ainda maior do que propriamente militar, o

governo norte americano tem o propósito de expandir essa tecnologia e procura

agremiar inúmeras universidades, bem como grandes cientistas para fazer acontecer a

implantação de redes de pacotes.

Com o funcionamento experimental desse sistema em 1969, a

ARPA passa a ser denominada como ARPAnet, assim, podemos chamar esta como

antecessora da Internet, que por sua vez foi formada pela conexão de quatro hosts75, das

Universidades da Califórnia em Los Angeles (UCLA), do Stanford Research Institute

(SRI), da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB) e da Universidade

Utah.

Na primeira tentativa de transmissão, inúmeras foram as

dificuldades, pois quando se tentava estabelecer conexão entre as máquinas das hosts o

sucesso não se alcançava, pois usando da conexão por telefone, ao se fazer os testes de

conexão, a mesma muitas vezes tinha sua queda.

74 Ibidem, p. 22 75 Cf. PINHO. J. B, op. cit, p. 21, computador ligado à Internet, também às vezes chamado de servidor ou nó.

52

Mas nem por isso houve desistência por parte dos

pesquisadores e cientistas, pois aos poucos foi se aperfeiçoando o sistema de conexão

construindo a sua solidez e a eficácia para que fosse possível manter a comunicação

entre os computadores. Esta foi a grande motivação tanto para a ARPAnet, como para a

Internet, a condição de compartilhar recursos, já que conectar duas redes, tornou mais

viável economicamente do que a multiplicação de computadores que naquele período

eram muito caros.

A possibilidade de tornar isso viável vai se dar por conta da

ideia de se ter uma rede de arquitetura aberta, isto é, a rede individual não é ditada por

nenhuma rede particular, mas sim escolhida de forma livre pelo provedor, por isso ser

arquitetura aberta a torna capaz de entrar em rede com outras redes pela arquitetura, ou

rede do Internetworking.

Com essa condição de haver uma rede aberta, começa-se a ter

seu desenvolvimento e por consequência seu crescimento. No ano de 1972, a ARPA

recebe um novo nome, The Defense Advenced Research Projects Agency (DARPA)76, a

ARPAnet ampliava sua rede para 23 hosts conectando universidades e centros de

pesquisa do governo. Para conhecimento, manter um site na rede ARPA custava na

época U$ 250 mil por ano77. No ano de 1985, a Internet já estava bem estabelecida

como uma larga comunidade de suporte de pesquisadores e desenvolvedores e começa a

ser utilizada por diversas comunidades para comunicações diárias pelo computador. O

correio eletrônico, ou e-mail, como hoje é conhecido também está sendo usado por

inúmeras comunidades78.

Ao se libertar de suas origens militares, a ARPAnet se dividiu,

em 1983, na Milnet, para fins militares, e na nova ARPAnet, uma rede com propósitos

76 Cf. PINHO. J. B, op. cit, p. 24 77 Idem, 78 Cf. http//: www.aisa.com.br/historia.html Acesso em: 17.03.2011

53

de pesquisa, que começa progressivamente a ser chamada de Internet. Com esse

crescimento, podemos até dizer, desenvolvimento, a Internet representa um dos mais

bem sucedidos exemplos dos benefícios da manutenção, bem como do investimento e

do compromisso com a pesquisa e o desenvolvimento de uma infraestrutura para a

informação.

A Internet é a rede das redes, um aglomerado de redes de

computadores conectados nos diversos países dos continentes para compartilhar

informações, bem como, recursos computacionais. “Suas conexões se utilizam de

diversas tecnologias, como linhas telefônicas, linhas de transmissão de dados, satélites,

linhas de microondas e cabos de fibra óptica”79. Por conta dessa grande rede conectada,

nenhum governo, empresa ou qualquer instituição controla a rede mundial de

computadores. Quem determina normas e padrões da Internet, são aqueles que estão

conectados, ou os membros das comunidades virtuais.

Se tivéssemos como olhar de forma física para a rede mundial

de computadores, ela seria como que uma superestrada de informação que conduz os

dados para cada máquina conectada. É por isso que já na década de 1990, a Internet vai

explodir por todos os cantos da Terra. Com essa explosão, era preciso criar algo que

facilitasse a conexão pela rede mundial de computadores, por conta disso, surgiram

vários navegadores (browsers) como, por exemplo, o Internet Explorer da Microsoft e o

Netscape Navigator. O surgimento acelerado de provedores de acesso e portais de

serviços on line contribuíram para este crescimento. A Internet passou a ser utilizada

por vários segmentos sociais. Os estudantes passaram a buscar informações para

pesquisas escolares, enquanto jovens utilizavam para a pura diversão em sites de games.

79 PINHO. J. B, op. cit, p. 41

54

As salas de chat tornaram-se pontos de encontro para um bate-

papo virtual a qualquer momento. Desempregados iniciaram a busca de empregos

através de sites de agências de empregos ou enviando currículos por e-mail. As

empresas descobriram na Internet um excelente caminho para melhorar seus lucros e as

vendas on line dispararam, transformando a Internet em verdadeiros shoppings centers

virtuais. Isso claro traz benefícios, mas também pode fazer com que o internauta veja na

rede mundial de computadores somente o divertimento e a gratificação consumista80,

por isso é preciso olhar para a Internet e ver que ela é um instrumento para a realização

do trabalho útil, e os jovens devem aprender a observá-la e a utilizá-la como tal81.

Na década de 1990, foi também quando o Brasil entrou para a

rede junto com alguns países da América Latina e Europa. Nesse mesmo ano é

encerrada a ARPAnet. Aqui se tem o início da Internet, que já conta com mais de 250

mil hots, pronta para fazer parte da vida das pessoas. Alguns chegam a afirmar que

depois da televisão, esta foi a maior descoberta tecnológica dos últimos tempos82.

Nesse mesmo ano a Internet passou a contar com o World

(http://www.world.std.com), este foi o primeiro provedor de acesso comercial do

mundo. Já no final da década de 1990 são mais de 610 mil computadores ligados na

rede mundial de computadores. O crescimento experimentado pela Internet tornou-se

algo absurdo.

Em 1991, a grande novidade da Internet, foi a criação da World

Wide Web (www). O mesmo é fundamentalmente um modo de organização da

informação e dos arquivos na rede, ou aquilo que é conhecido como http, que é baseado

no modelo cliente-servidor. Posteriormente entra o html, que é a linguagem padrão para

escrever páginas de documentos Web. Este padrão permite os diversos formatos: som,

80 Cf. II, 11 81 Idem 82 Cf. http://www.suapesquisa.com/internet Acesso em: 21.03.2011

55

imagens textos e animação. O Hypertext Transport Protocol (http) permite a interação

entre dois programas que permite entre eles transferir comandos e informações relativos

ao www. Hoje, termos como e-mail, rede social e até mesmo site, ou o www, são

usados diariamente por milhões de pessoas.

Aos poucos o mundo começa a descobrir a rede mundial, seu

crescimento se torna espantoso, o tráfego na “www” cresce a uma taxa de mais de 340%

ao ano. O número de hosts da Internet dobra em um ano, atingindo a marca de 2

milhões no ano de 1993.

A Internet tem revolucionado o mundo dos computadores, bem

como o das pessoas e das comunicações como nenhuma outra invenção foi capaz de

fazer antes. A invenção do telégrafo, telefone, rádio, televisão e computador,

prepararam o caminho para a integração dessas capacidades. A Internet tem

revolucionado não só o mundo dos computadores, mas também as pessoas, sem

duvidas ela é:

Sob muitos pontos de vista, o mais poderoso de uma série de instrumentos de comunicação [...] que para muitas pessoas ao longo do último século e meio, eliminaram gradualmente o tempo e o espaço como obstáculos para a comunicação. Ela tem consequências enormes para os indivíduos, as nações e o mundo em geral.83

A Internet é um grande instrumento de disseminação da

informação no âmbito mundial, ou como na própria linguagem cibernética, global,

83 EI, 2

56

tornando possível a colaboração e interação entre as pessoas e seus computadores,

rompendo com todos os limites geográficos.

Se esses inventos prepararam o terreno para a Rede Mundial de

Computadores, ela hoje não é um simples meio de comunicação, mas sim, uma mídia

de convergência, pois nela se tem: rádio, mídia impressa e mídia televisiva. Olhando

para essa convergência que é própria da Internet, a Igreja não pode deixar de adaptar-

se, ou até mesmo, inculturar sua mensagem na rede, só assim ela terá condições de falar

a todos os homens, como nos diz Vincenzo Grienti:

La Chiesa non vuole né benedire, né regettare questa opportunità derivante dal processo tecnologico. Una cosa però è certa: restare spettatori in um mondo che cambia così rapidamente, dove la comunicazione globale e interattiva si mescola com la vita reale, non appartiene alla logica del cristianesimo e alla missione della Chiesa che, sotto la spinta della Pentecoste, è chiamata ad entrare in dialogo com tutti gli uomini parlando il loro linguaggio84.

Assim, a Igreja é chamada ao olhar para a Internet, buscar na

adaptação da sua linguagem para essa linguagem do mundo virtual, respondendo com

isso aos anseios dos internautas, como também tornando possível o diálogo com o

mundo moderno no qual a realidade virtual está presente. Aqui vale ressaltar que a

comunicação de Deus expressada “na história tem características particulares: a

84A Igreja não pretende abençoar e nem rejeitar esta oportunidade decorrente do processo tecnológico. Uma coisa é certa: não se pode permanecer espectadores em um mundo que muda tão rapidamente, onde a comunicação global e interativa se mistura com a vida real. Isso não pertence à lógica do cristianismo e da missão da Igreja, que, sob o impulso de Pentecostes, é chamado a entrar em diálogo com todas as pessoas utilizando da sua própria linguagem (minha tradução). In. GRIENTI. V, Chiesa e Web 2.0, p. 25

57

iniciativa é de Deus, que age com gratuidade e liberdade, comunicando-se de forma

dialógica, pessoal, histórica, progressiva e inculturada”85, e assim também deve a

Igreja, a exemplo do próprio Deus e de seu filho Jesus Cristo, caminhar para essa

inculturação de sua mensagem no espaço cibernético.

85 BOMBINATTO, V. I. e ALTEMEYER, F. Jr. op. cit. p, 111

58

2.2 Características da Internet

Nos dias atuais, é impossível pensar no mundo sem a Internet.

Ela se tornou parte das pessoas em todo mundo. Estar conectado à rede mundial passou

a ser uma necessidade de extrema importância. A Internet também está presente nas

escolas, faculdades, empresas e diversos locais, possibilitando acesso às informações e

notícias do mundo em apenas um click.

Como acontecia com a mídia tradicional que o controle ora

poderia ser do governo, ora da própria empresa, bem como a linearidade da mídia

impressa, a Internet rompe completamente com isso, pois o controle, a não linearidade,

ou podemos dizer, os padrões e as normas são estabelecidos pela comunidade virtual.

Isso significa um rompimento com a forma tradicional de

informação, comunicação e entretenimento, pois o usuário por meio do hipertexto não

precisa buscar a informação de forma linear, mas como ele deseja navegando entre os

diversos assuntos que lhe interessa. Assim o hipertexto trabalha como se fosse a mente

humana, por associações de ideias e não recebe a informação linearmente. Dessa

maneira funciona a Internet que nesta não linearidade ajuda a fazer com que o usuário

busque de forma rápida em uma página como no próprio site aquilo que lhe interessa.

Outra questão desenvolvida pela internet é o entretenimento,

que diferentemente da televisão, torna o internauta participante, isto é, ele não só aceita

e vê aquilo que é oferecido como é feito pela mídia tradicional, mas participa

interagindo com o sistema ou com outra pessoa em qualquer parte do mundo.

59

De um sistema midiático dominado pela televisão, estamos passando a uma rede de comunicação permitindo a onivisão que nos permitirá dirigir nosso olhar aonde desejarmos no espaço, nas escalas de grandeza, nas disciplinas, no tempo e nos mundos virtuais fictícios e experimentáveis que iremos multiplicar no futuro86

No entanto, embora a Internet ofereça isso tudo ao que navega

no espaço cibernético, é necessária a prudência em ordem a observar claramente quais

são suas implicações87, por isso, todo aquele que acessa a rede mundial de

computadores deve neste novo meio de comunicação enfrentar de maneira criativa os

seus desafios e as suas oportunidades88.

Já totalmente solidificada, a Internet não vai só ficar nas

questões de envio de remessas de pacotes (informações) ou simplesmente hospedar

sites e redes sociais, ela vai além, pois as corporações viram nesta um novo mercado

comercial. Descobriram um nicho que poderia aumentar em muito as vendas e por

consequência os lucros, já que atingiriam um público que nunca fora atingido.

Esta grande investida comercial na Internet vai se dar na

década de 1990 e 2000. Podemos até dizer que este é um tema novo, mas também

tradicional, pois já se tinha a televendas e o teleatendimento. O principal ponto é o fato

de tudo estar centralizado na filosofia de comprar na forma eletrônica. Essa é a grande

novidade, pois por meio da Internet, o usuário pode fazer todo tipo de pesquisa até

chegar ao produto e valor desejado. No entanto, aqui há de ressaltar que:

86 LEMOS. A, LÉVY. P, O futuro da Internet: Em direção a uma ciberdemocracia planetária, p. 63 87 Cf. IM, 12 88 Cf. Idem

60

a Internet seja um lugar para quase todos os tipos de expressão, independentemente de quão ignóbeis ou destruidores os mesmos sejam, e aqueles que desejam que ela constitua um veículo de atividades comercias incondicionadas, segundo o modelo neoliberal que ‘considera o lucro e as leis de mercado como parâmetros absolutos, em prejuízo da dignidade e do respeito das pessoas e dos povos’89.

Logo se cria uma nova percepção de compra por meio do

próprio internauta, ou um novo canal de comunicação de compra, que nesse caso é a

Internet. Esta percepção também chamada de comércio eletrônico90, pode ser definida

como “trocas mediadas pela tecnologia entre parceiros (indivíduos, organizações ou

ambos), bem como as atividades internas e externas, apoiadas na informática, que

facilitam essas trocas”91.

Hoje, o comércio eletrônico já não é mais novidade, mas ainda

existem pessoas que embora busquem produtos da rede mundial de computadores,

precisam ir até a loja física para ver o produto e depois fazer sua compra pela loja

virtual, “quando vão às compras, a geração Internet [...] entra on line para analisar

meticulosamente um produto – tantos os recursos quanto o preço – antes de colocar os

pés numa loja”92.

Mas o que se precisa é entender e compreender o mecanismo

de televendas, para também entender a venda virtual. O primeiro é a desmaterialização;

é a substituição do movimento e o contato físico por informação telefônica ou por

catálogos.

89 EI, 8; EA, 56 90Cf. KOTLER, P; HAYES T; BLOOM, N. P, Marketing de Serviços Profissionais: Estratégias inovadoras para impulsionar sua atividade, sua imagem e seus lucros, p. 433 91 Cf. Idem 92TAPSCOTT. D, A hora da geração digital: Como os jovens que cresceram usando a Internet estão mudando tudo, das empresas aos governos, p. 224

61

O comércio eletrônico é mediado pela tecnologia e está se distanciando das simples transações comerciais, transformando-se em um relacionamento mediado pela tecnologia. O lugar onde compradores e vendedores se encontram para transacionar está se afastando do ambiente físico do mercado para um espaço de mercado no mundo virtual93.

O segundo é a saída da figura de intermediação; pode parecer

estranho, mas com esse tipo de venda acabam-se todos os intermediários até a aquisição

final do produto. Isso ajuda no valor final do mesmo, pois o usuário ou cliente controla

o processo, define o tempo, o processo de busca94, até chegar à aquisição final do

produto (daquilo que ele busca). E por fim, o grupo de afinidades; este é para os

produtos e serviços similares, que oferecem ao consumidor soluções visuais, cujas

características são inquestionáveis em termos de qualidade, preço e garantia.

Por conta de tudo isso, surgiram os chamados call-centers

como forma de atendimento ao cliente. Surgem também os sistemas de informação, os

chamados bancos de dados, e os diversos sistemas e comandos de voz que torna o

ponto máximo de evolução em relação ao atendimento virtual. Os recursos de telefonia

que integram o sistema de banco de dados tornou possível o comércio eletrônico que

“juntou-se” aos recursos da Internet, como: home page, browser, servidor Web e

provedor de acesso.

Hoje a Internet oferece ao mundo e ao mesmo tempo a cada

pessoa, uma gama de serviços, negócios, informações e entretenimento. Levando o

internauta a fazer uma experiência em sua vida que o leva a sair da realidade física para

assim participar da realidade virtual, embora uma seja reflexo da outra.

93 KOTLER, P; HAYES T; BLOOM, N. P, op. cit, p. 434 94 Idem, p. 437

62

Tra non molto tempo la dicotomia realie/virtuale non avrà quase più senso: saremo sempre connessi e la gran parte della nostra vita si svolgerà on line. Per non “perdersi” sara necessária ancora uma volta la consapevolezza: i social network non sono che la riproposizione nelle spazio – per ore virtuale – del web di um tessuto di relazioni che fa comunque parte delle nostre vita95.

As mudanças que estão acontecendo na vida do homem que o

levará a estar mais voltado para o universo virtual, aqui podemos dizer estar conectado

na rede mundial de computadores, e a novidade que esta traz ao homem, levando-o a

fazer com que a sua própria identidade apresente suas diversas faces como nos mostra

Lucia Santaella:

A novidade do ciberespaço não está na transformação de identidades previamente unas em identidades múltiplas, pois a identidade humana é, por natureza múltipla. A novidade está, isso sim, em tornar essa verdade evidente e na possibilidade de encenar e brincar com essa verdade, jogar com ela até o limite último da transmutação, da metamorfose; enfim, da “mutamorfose” identitária.96

Esta é a grande mudança que este invento, ou podemos dizer,

processo de agremiação de meios de comunicação trouxe ao homem, fazendo-o olhar

para si mesmo e ao mesmo tempo olhar ao seu redor e colocar em maior evidência

aquilo que de fato ele é nas suas mais variadas identidades.

95 Em pouco tempo, a dicotomia entre o real e o virtual não vai ser quase sem sentido: vamos ficar conectados e a maior parte de nossas vidas será realizada online. Para não se "perder" será necessário voltar à consciência: as redes sociais são a mera repetição no espaço - durante horas - na web de relações que ainda fazem parte da nossa vida (minha tradução). In: GRIENTI, V. Chiesa e web 2.0, p. 37 96 SANTAELLA. M. L, Linguagens líquidas na era da mobilidade, p. 94

63

2.3 Blogs e sites: meios de ajuda na evangelização

A grande mudança comportamental que a Internet traz hoje e

de modo especial aos jovens, é a criação dos blogs. Pode até nos parecer estranho dizer

esse tipo de coisa. Mas se olharmos para o passado não tão distante, víamos que as

pessoas tinham seu diário particular, onde ali colocavam tudo de sua vida, aquilo que

gostariam que fosse mantido em sigilo, mas que por aquele que o escreveu sempre

havia o interesse de ser partilhando com alguém.

Quando há a mudança no meio de comunicação, e aqui falamos

da Internet, aquilo que era da esfera privada, passa a fazer parte da esfera pública.

Penso que aqui podemos até dizer que isso é um paradoxo: aquilo que é escrito e que a

princípio deveria permanecer fechado para o mundo e para as relações exteriores se

abre para ambos, de uma nova maneira.

Durante muito tempo o diário foi um marco da defesa da intimidade do indivíduo, de seu espaço privado. Apesar da tradição coletiva inicial dos diários, presente nos livros comunitários e nos diários de bordo, o caráter privado tornou-se um traço forte e conformador da escrita íntima desde o renascimento europeu. Por que então abri-lo ao público?97

Essa é uma questão da qual o próprio blogueiro tem

consciência e que busca por meio da rede não só tornar presente o seu dia a dia, ou

fatos relevantes do dia, mas também fazer com que outros conheçam sua intimidade e

97 SCHITTINE. D. Blog: comunicação e escrita íntima na internet, p. 32

64

partilhem com ele das diversas situações vividas. De fato, hoje não mais se pensa na

intimidade, mas se busca tornar público aquilo que é privado, ou de foro íntimo.

Quando o ciberespaço rompe com os limites do público e o

privado, ele também rompe com as diferenças, bem como o preconceito. Se de um lado

se tem alguém conectado e alimentando seu blog com informações de sua vida pessoa

como também de fatos relacionados às questões sociais, do outro, tem uma pessoal que

independente de quem seja, acolhe, lê e pode até fazer comentários sobre tudo o que foi

postado no blog sem um prévio julgamento e sem qualquer discriminação.

Aqui até podemos aludir à questão da democracia, por isso que

a Igreja afirma que a liberdade de expressão é fundamental à democracia98. Assim

tendo a Internet seu caráter alternativo, e deixando por conta daquele que está

conectado criar sua publicação e aqui não só individual, mas também coletiva, traz sua

própria criação e valor, pois vem totalmente desprendida dos clássicos da literatura, do

folhetim e da tradição dos quadrinhos99.

Tudo muda com a passagem do diário íntimo do papel para a Internet. A posição do autor, de onde fala e para quem fala – já que agora ele possui um interlocutor. A questão da linguagem, que mistura a formalidade do texto escrito e a linguagem coloquial do texto oral – [...] abarca a realidade e a ficção, que traz um pouco de informação da época, de crítica aos costumes cotidianos [...] mas que precisa de leitores, e de seus comentários e sugestões para ser alimentado100

98 Cf. EI, 12 99 Cf. VILCHES. L, Migrações midiáticas e criação de valores, In: Sociedade midiatizada, p. 182 100 SCHITTINE, D. op. cit, p. 187

65

É claro que aqui não se pode em nossos dias imaginar que o

blog passou a ser simplesmente uma espécie de diário pessoal digital, mas muitos

descobriram neste uma grande ferramenta de comunicação e propagação de suas ideias

como também de questões profissionais.

Como qualquer site ou rede social lançados na rede mundial de

computadores, os blogs cresceram em ritmo espantoso, deixando realmente de ser um

simples diário para agregar valores, ideias, como dito acima, bem como produtos e

tornar cada vez mais presente na web os diversos profissionais.

Cria-se com isso, os blogs por afinidade e por interesse de

assuntos, ou por segmento como de fato é conhecido pelos meios de comunicação e

marketing. A partir daqui, os blogs passam a ser classificados de algumas formas:

Blogs pessoais: Estes são os mais populares, sua utilização se

dá com postagens voltadas para os acontecimentos da vida e as opiniões do usuário.

Não se pode deixar de dizer que estes são largamente utilizados por celebridades

buscando ter um canal, uma comunicação direta com seus fãs.

Blogs corporativos e organizacionais: Como o próprio nome

já diz, este tipo de blog é utilizado por empresas que o tem como ferramenta de

divulgação de seus produtos e canal de contato com seus clientes.

Blogs de gênero: hoje são muitos os blogs de gêneros

específicos, que tratam de um assunto que é de domínio do usuário ou dos usuários. O

blog de gênero é o que tem o maior número de acessos. Seu conteúdo pode ser

totalmente variado, como humorístico, informativo, de variedades e também de opinião

pública.

66

Não podemos deixar de falar também dos blogs de cunho

religioso. Muitos deles se fazem presentes da rede mundial de computadores, levando

as mais diversas formas de crenças para todos aqueles que estão conectados a Internet.

No caso da Igreja Católica, o seu esforço deve se dar também não só com sua presença

nessa aldeia global transmitindo sua mensagem e cumprindo o mandato de Jesus Cristo,

mas “reforçar e estimular o intercâmbio de experiências e informações que

intensifiquem a prática religiosa através de acompanhamentos e orientações”101, e não

deixar de tentar colocar em prática aquilo que “hoje é exigido por parte de todos os que

vivem uma crença religiosa e estão a serviço do diálogo público, um compromisso

mútuo pelo bem da humanidade”102.

Qualquer pessoa pode criar um blog, ela não precisa ser

alguém formado em comunicação, marketing ou qualquer outra área relacionada à

comunicação. Basta ter conhecimento básico em computadores, como também de

alguns aplicativos de uso próprio para a Internet e simplesmente ter a coragem de

escrever, ser criativa e atrair a atenção dos internautas por aquilo que está sendo

postado.

Já em relação ao site, este já exige mais profissionalismo. É

preciso ter presente que este não é um blog, mas algo altamente profissional e que

expõe de forma mais direta tantos aqueles que possuem seus sites, como também as

empresas e instituições diversas que estão na rede.

O site é um conjunto de páginas web, isto é, de hipertextos

acessíveis que na maioria das vezes utiliza-se do protocolo HTTP na Internet. O

101 DAP, 489 102PONTIFÍCIO CONSELHO PARA AS COMUNICAÇÕES SOCIAIS: Critérios de colaboração ecumênica e inter-religiosa nas comunicações sociais, 15

67

conjunto de todos os sites públicos compõe a rede mundial de computadores, ou como é

universalmente conhecida a World Wide Web. As páginas em um site são organizadas a

partir de um URL básico em que fica a página principal. Esta organização feita traz a

chamada hiperligação fazendo com o que o leitor controle a forma de como vai navegar

pelo site, como também a maneira de como vai ler os textos presentes.

É claro que o site não pode conter somente textos, mas ele na

dinamicidade que é próprio da Internet deve trabalhar todas as linguagens que são

utilizadas na construção do site, tornando-o assim interessante e atrativo para os

internautas. Como o blog, o site hoje também é elaborado por categorias:

Site institucional: muitas empresas usam sites como ponto de

contato entre ela e seus clientes e fornecedores. Quando o site é de uma instituição

comercial, o mesmo faz uso deste para a venda de seus produtos, isto é, para o

comércio eletrônico. Temos também instituições sem fins lucrativos que estão na rede

com o propósito de divulgarem seus trabalhos e eventos. E tem também aqueles que são

mantidos pelos profissionais liberais.

Site de informações: os diversos veículos de comunicação

como jornais, revistas e agências de notícias utilizam a Internet para veicular notícias

por meio dos seus site. Aqui também se pode citar os profissionais em comunicação

que trabalham como freelancer e pessoas comuns que por meio da rede mundial de

computadores publicam informações.

Site de aplicativos: existem sites do qual o conteúdo consiste

de ferramentas de automatização, produtividade e compartilhamento. Estes dispõem de

68

ferramentas como processadores de textos, planilhas eletrônicas, editores de imagens

entre outros.

Site de armazenagem de informações: alguns sites

funcionam como banco de dados, catalogam registros e permitem efetuar buscas, que

incluem áudio, vídeo, imagens, softwares, mercadorias, até mesmo outros sites. Como

exemplo, os sites de busca, os catálogos da Internet, e os Wikis, que estão abertos tanto

para a leitura, como também para a escrita.

Site comunitário: este serve para a comunicação de usuários

com outros usuários da rede. Neste tipo de site se encontram os chats, fóruns e sites de

relacionamento.

Portais: os sites que recebem este nome são aqueles que

congregam conteúdos de diversos tipos e que na maioria das vezes são fornecidos por

uma mesma empresa. Recebem estes nomes por ter no mesmo local diversos serviços

da Internet.

Sites religiosos: é sabido que a Internet é um grande

instrumento de comunicação, como também de evangelização. A Igreja católica deve

estar atenta para isso, pois como dito por Paulo VI, a Igreja “sentir-se ia culpada diante

de seu Senhor se não empregasse esses meios poderosos”103. Ela é chamada a olhar

para este “primeiro areópago dos tempos modernos”104 e realmente tornar presente a

mensagem do Evangelho, como também fazer o possível para atingir todos os homens,

103 EN, 45 104 RM, 37c

69

já que o espaço virtual rompe com toda e qualquer barreira e limite de espaço e de

língua105.

O site é um dos instrumentos de informação e propaganda de

grande eficiência. Serve de apoio para os diversos meios de comunicação tradicional,

pois ele não só converge todas essas mídias para si, mas ajuda naquilo que diz respeito

à divulgação de um produto, e mostra que acima de tudo atinge um público muito

maior, com um custo bem inferior.

105 Cf. RP, 5

70

2.4 Informatização da Paróquia

Neste capítulo vamos trabalhar a questão técnica, de como hoje

nos é possível aplicar em nossas paróquias sistemas de informatização que auxiliam

tanto nas questões administrativas, como também pastorais e de evangelização.

Em nosso tempo, precisamos nos perguntar se é possível

imaginar uma paróquia que ainda não possua um computador, e se que muitas das

atividades por ela realizadas não estejam passando pelo processo digital, ou que alguns

materiais e documentos estejam sendo digitalizados para manter presente o processo

histórico desta paróquia.

A tecnologia veio para facilitar o cotidiano das pessoas e do

mundo corporativo, criando sistemas e programas para que se tornasse possível adaptar

ao mundo digital aquilo que em algumas situações eram feitos de maneira manuscrita

e/ou por máquinas de escrever.

Com o tempo, foi notado que os mesmos sistemas tendo suas

alterações e atualizações poderiam ser um grande instrumento de ajuda para as Igrejas

nas suas atividades cotidianas. A proposta destes sistemas é fazer com que os trabalhos

realizados pela Igreja se tornem cada vez mais com caráter profissional, isto é,

profissionalizar aquilo que é realizado pela instituição, abandonando com isso a

tendência amadorista que muitas vezes somos tentados a ter, e ver no modelo de gestão

das outras instituições como também pelo mundo corporativo o sucesso que alcançam e

a própria credibilidade que as mesmas têm, e que nos é possível alcançar.

A missão primeira da Igreja é evangelizar, isso deve é pra ser

do conhecimento de todos, por outro lado, essa evangelização deve estar sempre

71

contextualizada, pois não podemos abandonar a ideia do uso das tecnologias ao nosso

favor.

Desvalorizar, por um lado, a comunicação

como experiência de vida que surge da e na comunidade e, por outro lado, ignorar o mundo das tecnologias, ou simplesmente subestimar a sua capacidade de incidir sobre as consequências, significa privar-se da possibilidade de evangelizar a cultura moderna.106

Seguindo o modelo de comunicação do qual o próprio Jesus

fez, usando de palavras e ações próprias de sua época, tornando possível a compreensão

de sua mensagem por seus contemporâneos, a Igreja, neste caso, chamada a estar

inserida no contexto atual, deve fazer uso da tecnologia para a eficácia da mensagem de

salvação que ela é portadora, dos trabalhos pastorais por ela realizados e por tudo aquilo

que diz respeito às questões administrativas.

O verbo encarnado nos deixou o exemplo de como nos comunicar com o Pai com os homens, tanto vivendo momentos de silêncio e de recolhimento, como pregando em qualquer lugar e com várias linguagens possíveis. Ele explica as escrituras, se expressa em parábolas, dialoga na intimidade das casas, fala nas praças, nas estradas, nas margens do lago, no alto dos montes.107

Quando falamos desse legado deixado por Cristo e como a

Igreja segue seu caminho para a adaptação, ou inculturação não só da mensagem

evangélica108, mas também de suas estruturas, devemos nos perguntar: como buscamos

dentro desta aldeia global, não incorrer no risco de não mais responder aos anseios do

homem contemporâneo, como também estar com nossa estrutura já superada frente a

tanta tecnologia?

106 CNBB coleção de estudos, nº 101. A comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil. nº 45, p. 39 107 RD, 5 108 Cf. Mensagem para o 43º dia mundial das comunicações sociais. In: VD, 113

72

A resposta já está sendo dada pela Igreja que não está nem

estagnada e nem alheia a essa situação, mas acompanha com muita atenção todo esse

processo e tem plena consciência de como hoje é preciso estar atento a isso, e buscar no

mundo das tecnologias a adaptação de suas estruturas, bem como, a sua forma de

pensamento, como fora dito pelo Papa João Paulo II: “O mundo da mídia, em sequência

ao acelerado movimento inovador e ao influxo, ao mesmo tempo, planetário e capilar

sobre a formação da mentalidade e dos costumes, representa uma nova fronteira da

missão da Igreja”.109

Antes mesmo de se informatizar a paróquia, se faz necessário

romper com a própria falta de comunicação interna, não podemos ficar fechados ou

faltar com a comunicação. Num mundo globalizado, a comunicação é fundamental, “as

culturas fechadas são, bem ou mal, colocadas em perigo pelo progresso da globalização

e da cibercultura, assim com as disciplinas separadas e as formas de pensamentos

exclusivas e dogmáticas”,110 é preciso “uma verdadeira conversão pastoral”,111

buscando assim fazer com que se tenha uma comunicação horizontal no seu interior,

tornando possível o entendimento, ou até mesmo a comunicação entre os diversos

movimentos e pastorais nela existentes.

É a chamada “coragem de mudar várias estruturas pastorais em

todos os níveis, serviços, movimentos e associações”.112 Precisa-se de uma

comunicação integrada e que gere comunhão, de modo que aqueles que estão inseridos

nesse contexto, tenham informação, formação e torne por meio desse processo a

comunhão da qual nos é pedida por Jesus.

109 CL, 44 110 LEMOS. A; PIERRE. L, op. cit, p. 217 111 CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2008-2010, 46 112 Idem

73

A Igreja encontra nos meios de comunicação um apoio precioso para difundir o Evangelho e os valores religiosos, para promover o diálogo e a cooperação ecumênica e interrreligiosa, como também para defender aqueles princípios sólidos que são indispensáveis para construir uma sociedade que respeite a dignidade da pessoa humana e esteja ao bem comum. Ela os emprega de boa vontade para fornecer informações sobre si mesma e ampliar os limites da evangelização, da catequese e da formação, e considera sua utilização como uma resposta ao mandato do Senhor: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura.113

O desafio nos é apresentado, mas isso não é impossível de se

realizar, buscar informatizar todo o sistema paroquial, não só facilita a vida daqueles

que nos buscam para obter informações sacramentais, como também para a

administração da paróquia. O que não se pode perder de vista é a questão humana, pois

não é nosso papel instrumentalizar a pessoa, mas valorizar ainda mais aquilo que ela é,

afinal, fomos criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,26).

Tudo deve ser dosado, não se pode cair de um extremo a outro.

Os sistemas hoje oferecem inúmeras possibilidades para a realização dos trabalhos por

parte da Igreja. Desde o controle de dados dos fiéis, como toda parte contábil e

agendamentos diversos, ou seja, toda a atividade pastoral da paróquia. Isso é chamado

de modulo, que pelo sistema agrupa tudo e pelo mesmo sistema é organizado.

Há de se entender que em alguns casos mesmo que se utilize

dos sistemas de informação, ou a digitalização dos dados paroquiais, ainda sim, é

pedido que se mantenha na forma antiga os registros de batizados, casamentos, primeira

comunhão e crisma114 e que os mesmos registros sejam salvaguardados para pesquisas e

buscas de informações quando necessários.

O pároco do lugar em que se celebra o

batismo deve registrar no livro de batizados, cuidadosamente e sem nenhuma demora, os nomes dos batizados, fazendo menção do

113 RP, 7 114 Cf. CDC, Cânon 877 § 1

74

ministro, pais, padrinhos, bem como testemunhas, se as houver, do lugar e dia do batismo, indicando ao mesmo tempo o dia e o lugar do nascimento.115

Partindo do cânone acima mencionado, a informatização da

paróquia não pode ser feita por qualquer sistema, mas sim aquele que torna possível a

adequação ao que pede o próprio Código de Direito Canônico. Que sejam sistemas de

gestão canônico pastoral salvaguardando os dados dos fiéis e o sigilo que se deve ter por

conta de informações pessoais contidas nos registros.116

Ao falarmos de informatização da paróquia, a primeira coisa

que nos vem à cabeça é justamente em relação ao registro dos sacramentos. Hoje dentro

desse conceito de gestão canônico pastoral existem inúmeros sistemas com módulos que

facilitam o registro e o próprio acesso, ou pesquisa futura dos mesmos facilitando com

isso a localização e os dados daqueles que receberam os sacramentos.

Assim como o preenchimento para o registro dos sacramentos é

feito de forma manuscrita, os sistemas adaptaram o cadastro para a forma digital onde o

responsável por isso, ou as secretarias paroquiais que cuidam do atendimento e das

informações aos fiéis fazem esses cadastros de forma simplificada, mas que ao mesmo

tempo já são armazenadas no sistema, isto é, já é feito o registro de tal sacramento.

O cadastro sacramental é feito de forma independente para cada

tipo de sacramento, tornando possível o acompanhamento daquele fiel que está inserido

no território paroquial. Por pesquisa é possível saber quais os sacramentos que o mesmo

recebeu e ter um acompanhamento frequente de sua vida de cristão. Aqui há de se dizer,

que não é um controle sobre a vida da pessoa, mas sua caminhada enquanto cristão. É

mostrar a preocupação da Igreja com seus fiéis e um melhor acompanhamento destes.

115 Idem 116 Ibidem, cânon 488

75

Tudo isso se aplica não só na questão sacramental, mas em toda

a vida pastoral e administrativa da paróquia. Quando se tem realmente o propósito de

inserir a paróquia no sistema digital, como na rede mundial de computadores, é possível

compreender o quanto isso é benéfico para toda atividade paroquial.

A dinamicidade exigida pela rede mundial de computadores

que ao mesmo tempo torna presente a paróquia na vida de todos aqueles que buscam

por meio da Internet obter informações sobre ela, isso contribui e muito para a redução

em grande escala da burocracia e da necessidade de as pessoas despenderem tempo para

obter informações, pois consultando tudo sobre a paróquia na rede mundial de

computadores, ela se dirige à mesma para efetivar aquilo que lhe é necessário no que diz

respeito à sua relação com a Igreja.

76

3 Capítulo

A Internet no processo evangelizador

A Internet tem proporcionado uma verdadeira revolução no universo das comunicações, sua proposta de interação entre as pessoas e instituições deve fazer com que a Igreja se coloque de forma incisiva neste novo instrumento não só para o anúncio do Evangelho, mas também para a promoção humana. Chamada a fazer uso desta nova tecnologia de convergência, a Igreja ao ver as vantagens que elas oferecem, ao fazer uso da mesma, deve colocá-las ao serviço de todos os seres humanos e de todas as comunidades, sobretudo de quem está necessitado e é vulnerável.117

117 Cf. BENTO XVI, Mensagem para o 43º Dia mundial das comunicações sociais. Em: www.vatican. va. Acesso em: 18.05.2011

77

3.1 Contribuições para a evangelização

O advento da internet faz com que algumas empresas de

comunicação, como também aquelas instituições que se utilizam da forma oral de se

comunicar, refletissem seu papel, como também se enquadrassem nesta nova forma de

se comunicar. A velocidade da Internet gerou uma pré-disposição para a rejeição de um

grande texto por parte de membros da sociedade planetária. Isso não exime a pessoa à

busca de informações, pelo contrário, “é intrínseco à sociedade humana o direito à

informação naqueles assuntos que interessam aos homens, quer tomados

individualmente, quer reunidos em sociedade” 118.

Por isso, não se pode primar pelo interesse particular ou

econômico de alguns pequenos grupos, ou até mesmo daquele que está disponibilizando

a informação, pois cabe aos responsáveis pelos meios de comunicação social “equilibrar

os interesses econômicos, políticos ou artísticos de sorte que jamais se desviem do bem

comum”119.

Assim, hoje com esta nova forma de se passar a informação e

pensar a comunicação, a mídia impressa e todos aqueles que buscam uma transformação

na sociedade, precisam, não só refletir, mas pensar sobre a questão da “hegemonia

comunicacional do mercado na sociedade, ou melhor, a conversão da comunicação no

mais eficaz motor do deslanche e inserção de culturas – étnicas, nacionais ou locais – no

espaço/tempo do mercado das tecnologias”120

118 IM, 5 119 Idem, 11 120 BARBERO. M. J, Tecnicidades, identidades, alteridades: Mudanças e opacidades na comunicação no novo século. In: Sociedade Midiatizada, p. 53

78

A tecnologia tem marcado nossa era, o grande salto dessa

tecnologia é justamente a internet, ou melhor, o ciberespaço que tornado uma rede

universal conecta todos os indivíduos em escala planetária, como uma espécie de

“cérebro planetário”121. Todos interligados passam a ser redes, embora este ciberespaço

se liga sem fim, ou melhor, ele reelabora a ordem das coisas, isto é religa inserindo tudo

nas tecnologias122. Aqui não se pode deixar de comentar sobre a questão religiosa que

também fora inserida nesta teia, neste universo das tecnologias. Diante desta

constatação, e com a certeza de que a Igreja deve estar atenta aos sinais dos tempos,

respondendo ao apelo do concílio Vaticano II e ao mandato de Jesus Cristo, a Igreja,

busca alguns aspectos para a utilização da tecnologia para o serviço da evangelização,

“pois sendo ela signo de Cristo não pode deixar de dialogar com as pessoas e com o

mundo”123.

A tecnologia tem ocupado um lugar central e cada vez mais

decisivo na vida das pessoas. Se a tecnologia foi criada para favorecer os homens e

atendê-los em suas necessidades, nestes últimos tempos constatamos uma inversão

paradoxal: “não é mais a tecnologia que está a serviço de um projeto humano, mas ela

determina os rumos da sociedade, põe as pessoas humanas ao seu serviço”124.

Esta nova cultura de tecnologia e comunicação trouxe grandes

vantagens à humanidade. “Tornou a vida mais fácil, mais limpa e mais longa”125. Por

outro lado, o seu mau uso traz um desserviço à humanidade, gerando um aumento da

desigualdade social e as discriminações, “oferecendo a alguns muito mais do que

necessitam e para outros negando o mínimo necessário, condenando precocemente à

121 MUSSO. P, Ciberespaço, figura reticular da utopia tecnológica. In Sociedade midiatizada, p. 191 122Cf. Idem, p. 193 123 LORO, T.J. Fenomenologia da palavra: os processos de comunicação, a antropologia da linguagem e suas funções. In: Teologia e comunicação: Corpo, palavra e interfaces cibernéticas, p. 65 124 CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 1995-1998, 141 125 Idem, 141

79

morte milhões de seres humanos”126, por isso, os meios de comunicação que tem

penetração em todos os ambientes merecem especial atenção, já que por estar

concentrado na mão de poucos, tem-se o grave risco de condicionamento da informação

e de manipulação da opinião pública127. Por influir na opinião pública, é preciso à Igreja

uma atitude mais ativa.

A Igreja contribua também para que, na própria opinião pública cresça a consciência crítica em face aos meios de comunicação social. A própria Igreja empenhe-se para oferecer um tipo alternativo de comunicação, marcada pela transparência, pela capacidade de escutar, pelo esforço em dar a palavra a todos, especialmente aos que ‘não têm voz’ na sociedade. Finalmente, atualize e aprimore seus próprios meios de comunicação, colocando-os efetivamente a serviço da evangelização e prepare seu pessoal para torná-lo mais apto a comunicar melhor128.

Mas também não vamos imaginar e achar que os meios sejam

algo tão ruim assim, a internet trouxe um grande avanço na forma de comunicação, pois

o ciberespaço é uma troca recíproca e comunitária enquanto os meios de comunicação

tradicionais (televisão, rádio, jornal e revista) estabelecem uma comunicação

unidirecional. Não só isso, o ciberespaço põe em jogo centros de difusão direcionados a

receptores, pois aqui cada um pode trazer a sua parte, bem como retirar o que

interessa129.

Mas ainda sim, é possível notar que os meios de comunicação

social têm criado uma cultura individualista, tirando da pessoa o tempo à vida social,

isso se dá também dentro do próprio lar. A consequência disso é a exposição constante à

126 EV, 10 127 Comunicação Social na Igreja: Documentos fundamentais, p. 517 128 CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 1991-1994, 249 129 Cf. MUSSO. P, op. cit, p. 203

80

manipulação política e ideológica que leva a pessoa a se orientar segundo aquilo que é

determinado por esses meios130.

A mudança dentro deste contexto acontece de forma muito

rápida. “O fenômeno é facilitado pelo novo poder dos meios de informação, que

permitem a comunicação instantânea com qualquer parte do mundo”131. Acontecendo

isso, as pessoas passam a ver tudo como transitório, passageiro, gerando dificuldades

para a aceitação de um compromisso permanente132, “é preciso verificar as causas do

fenômeno para buscar soluções realistas e eficazes”133.

Estamos apenas no início de um gigantesco processo que

modifica profundamente a relação entre as pessoas com o tempo e o espaço, isto é, se

realmente a tecnologia colocou o ser humano ao seu serviço e o advento do computador,

da internet rompe com o espaço, esta relação vai se dar simplesmente com alguém que

nem sempre vai estar disposto a ouvir, ou melhor, teclar porque vai estar participando

deste grande fórum virtual tendo ao mesmo tempo inúmeras “janelas”, ou como

podemos dizer, “pessoas falando com ela ao mesmo tempo”134.

Pode parecer estranho, mas diante de tudo isso e frente a uma

proposta de relação fechada e aqui podemos dizer que esta relação se dá por meio da

pessoa e o computador, ou o outro que com ela está teclando, a cultura que há de

predominar será a do individualismo absoluto, pois quem tecla fala somente com quem

quer. Ele tem o domínio e o controle de tudo. Aqui podemos acrescentar um

pensamento de Karl Rahner que outrora disse que ao aceitarmos isso, aceitamos ao

130 Cf. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 1995-1998, 146 131 Idem 132 Cf. Ibidem, 147 133 Ibid, 239 134 GUILLEBAUD, J.C. O princípio de humanidade, p. 38

81

mesmo tempo permanecer “imbecis prudentes”, “idiotas patenteados”, que, sem se dar

conta, são marcados por uma “douta ignorância”135.

Respondendo a esta necessidade, olhando para toda questão, a

Igreja vê a necessidade de não só olhar para esses meios, mas para dentro de si mesma a

partir dos trabalhos já realizados por ela nos meios de comunicação social, pois é nesse

plano da comunicação que ela presta seu serviço, mas pode também ter seu fracasso136.

Isto significa que é preciso primeiro fazer um trabalho interno a fim de que haja um

verdadeiro diálogo entre todas as pastorais e uma comunicação para a verdade que é

Jesus Cristo. Por isso, antes de qualquer coisa, é preciso compreender que a Igreja pensa

a comunicação como processo, segundo a missão de Jesus Cristo, o verdadeiro

comunicador da vida de Deus e não como um fim em si mesma. A missão da Igreja é

comunicação de Deus com os homens, dos homens com Deus e dos homens com os

homens. É por meio deste processo que se constrói comunhão e uma comunicação

verdadeira, seguindo o modelo de comunicação de Cristo sobre quem é o Pai, já que o

fim dos homens não é neste mundo.

Por outro lado, não se pode num mundo globalizado, numa

sociedade virtual, pensar a Igreja sem o uso dos meios de comunicação social. É aquilo

que diz a Encíclica Redemptoris Missio sobre os meios de comunicação social: “o

primeiro areópago dos tempos modernos é o mundo das comunicações, que está

unificando e transformando a humanidade”137, com isso, há de se reconhecer que a

evangelização da “própria cultura moderna depende, em grande parte de sua

influência”138.

135 RAHNER. K, conferência apresentada no Centre Sèvres, no dia 11 de abril de 1983 e publicada em Études, setembro de 1999. In Princípio de humanidade, p. 40 136 Cf. LORO T. J. op. cit, p. 65 137 RM, 37c 138 Ibidem

82

É preciso a Igreja aprimorar sua forma de anúncio do

Evangelho, pois ao longo de sua história e ainda hoje, a Igreja continua, em grande parte

com seu discurso instrumental, à utilização das técnicas, enquanto o discurso da

comunicação já se tornou mais amplo e complexo, incluindo uma gama de variedades e

interferências na cultura midiática atual, a “Igreja deve saber como reagem nossos

contemporâneos, católicos ou não, aos acontecimentos e correntes de pensamento

atual”139, pois o uso dos meios de comunicação,

no entanto, não tem somente a finalidade de multiplicar o anúncio do Evangelho: trata-se de um fato muito mais profundo porque a própria evangelização da cultura moderna depende, em grande parte, da sua influência140.

Não é suficiente, portanto, usá-los para difundir a mensagem

cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nesta nova cultura

de comunicação. Se falamos que a era da informação, que foi precedida por métodos de

comunicação novos e avançados, tem na informática o seu aliado mais poderoso; a

internet é um recurso impulsionador desta nova era da qual já estamos em uma nova

dimensão: “um mundo eletrônico e virtual em que tempo e espaço parecem não ter um

profundo significado”141, pois hoje se se está na rua com um celular pode-se estar em

qualquer outro lugar142. Isto claro que graças à internet.

O que não se pode incorrer é no mesmo erro que hoje muitos

meios comerciais cometem. Banalizar e sensacionalizar a informação, bem como as

imagens e ficar na superficialidade da coisa. A utilização dos meios deve levar algo de

139 CP, 122 140 RM, 37c 141 A internet como meio de evangelização, em: http//: www.mundocatolico.com.br Acesso em 17.08.10 142 Cf. LIBANIO, J.B, op. cit, p. 31

83

concreto no que diz respeito à vida da pessoa. Deve expressar sentimento profundo e

não a emoção passageira.

A Igreja deve traçar linhas de ação a fim de que possa fazer um

melhor uso dos meios, sendo eles de uso comercial, ou os já existentes na Igreja, é como

diz padre Zezinho:

É preciso um novo projeto para uma nova linguagem a ser usada num novo púlpito. Temos o novo púlpito, temos muitos novos pregadores, mas não temos um projeto claro que os novos pregadores possam e devam seguir. Cada um está dizendo o que tem vontade de dizer143.

É mais do que necessário aprimorar o uso dos meios, por parte

daqueles que instrumentalizam, como também utilizam desse meio tornando-o capaz de

levar a todos a mensagem do Evangelho.

Os meios de comunicação ao qual a Igreja está inserida sejam os

de sua propriedade ou de inspiração católica, devem corresponder ao tempo em que se

vive, aliás, “o processo comunicacional questiona, faz refletir e quase <<exigir>> da

Igreja [...] adoção de novos métodos pastorais que dialoguem com a cultura

contemporânea”144, os mesmos devem ser eficientes e capazes de tornar mais atrativa a

proposta de Jesus Cristo. Para que isso aconteça, é preciso tornar os sites mais

dinâmicos e interessantes, atualizando-o e tornando-o dinâmico de modo que todos

tenham acesso145.

Mas dentro desta cultura de comunicação, é preciso também que

se tenha a capacidade de escuta e diálogo. A escuta, o saber ouvir é a base para toda e

qualquer comunicação, pois o ouvir precede a palavra e oferece condições ao diálogo.

143 OLIVEIRA. J.F, (Pe. Zezinho), Novos púlpitos e novos pregadores, p. 36 144 PUNTEL, J.T. Comunicação virtual: ciberespaço, interculturalidade e telerreligiões. In: Teologia e comunicação: corpo, palavra e interfaces cibernéticas, p. 153 145 Cf. CNBB. Igreja e comunicação Rumo ao Novo Milênio, 107

84

Realizando a missão profética, cada indivíduo deve ter em si esta capacidade de ouvir e

dialogar com o outro, para que não gere um proselitismo e um fechamento completo em

si mesmo, quebrando assim todo processo comunicacional.

Sem dúvida, o diálogo e o enriquecimento interculturais são deveras desejáveis. Com efeito, o diálogo entre as culturas é particularmente hoje, quando se pensa no impacto das novas tecnologias da comunicação sobre a vida das pessoas e dos povos. Contudo, este caminho deve ser bilateral. As culturas têm muito a aprender umas das outras, e meramente impor a visão, os valores e até mesmo a linguagem mundial de uma determinada cultura sobre as outras não significa diálogo, mas imperialismo cultural146.

Estar aberto ao diálogo faz com que se tenha em conta o outro, o

que leva a humanizar os relacionamentos e a própria comunicação. E isso é preciso para

que se possa chegar ao internauta e levar a mensagem da Boa Nova de Cristo, tendo

presente que “os meios de comunicação se revelam uma oportunidade providencial para

atingir os homens em qualquer latitude, superando barreiras de tempo, de espaço e de

língua”147, lembrando que sem sombras de dúvidas a Internet se coloca como uma

grande aliada, ou grande ferramenta para este anúncio.

Vivendo num mundo que valoriza os meios de comunicação, a

Igreja precisa estar atenta a esta questão, bem como, propor pontos que favoreçam a

cada crente não só o uso, mas uma ação concreta sobre estes meios. Assim à luz do

documento de Aparecida148, é preciso que a relação Igreja e meios de comunicação

social seja harmoniosa, mas não só esta relação, como também a relação consigo mesma

no diz respeito à sua mensagem.

146 EI, 11 147 RP, 5 148Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe de Aparecida, 2007

85

Hoje a mudança de linguagem é latente e cada vez mais rápida,

a Igreja precisa mais que depressa não só trabalhar a questão da técnica, mas ter em seu

cerne, a clareza da necessidade de aproximar e aplicar esta nova linguagem, ao seu

interior para que com eficácia consiga comunicar o Evangelho de Jesus Cristo numa

cultura midiática de comunicação.

Fazendo o bom e correto uso destes meios a mensagem do

Evangelho acaba por penetrar corações, se torna entranhada na cultura, é como aquilo

que o próprio apóstolo Paulo fez com os atenienses (cf. At 22, 25). É preciso inculturar

nossa linguagem à linguagem desta cultura de comunicação para que cada um ao

utilizar-se destes meios, o façam para a edificação de todos os crentes.

Desta exigência devem se fazer intérpretes, antes de tudo os pastores: é realmente importante empenhar-se para que o anúncio do Evangelho aconteça de modo incisivo, que estimule a sua escuta e favoreça a sua acolhida. Uma responsabilidade especial, neste campo, é reservada às pessoas consagradas que, pelo próprio carisma institucional, são orientadas à dedicação no campo das comunicações sociais. Formadas espiritual e profissionalmente, elas prestam de boa vontade o seu serviço, segundo as oportunidades pastorais149.

Ao dizer que hoje não só existem os meios de comunicação, mas

vivemos numa cultura de comunicação, o desafio para a Igreja que deve estar inserida

nesta cultura de comunicação é justamente levar a cabo a mensagem de Cristo de forma

que aqueles que participam dessa mesma cultura possam acolhê-la sem que haja uma

imediata rejeição, como um desconectar-se dessa mensagem.

A experiência nos mostra que embora muitos achem que aqueles

que estão conectados não estão preocupados com conteúdos, com aquilo de diz respeito

à questão moral e ética, enganam-se, pois embora haja uma mudança de mentalidade

149 RP, 8

86

entre as pessoas conectadas, muitos dos valores que a geração anterior à Internet possui,

são mantidos por aqueles que cresceram como geração digital e que estão conectados.

Uma pesquisa realizada pela professora de psicologia Jean

Twenge na Universidade Estadual de San Diego 150, nos Estados Unidos mostrou que os

jovens, embora pareçam estar na superficialidade, estão cada vez mais se aprofundando

nos valores principalmente naquilo que diz à própria pessoa, ou a liberdade da pessoa:

Esses jovens valorizam liberdade – liberdade para serem o que quiserem, liberdade de escolha. Querem customizar tudo, até o emprego – [...] Dão valor à integridade, ser honesto, respeitoso, transparente e cumpridor dos compromissos. São ótimos colaboradores, com os amigos on-line e no trabalho151.

Se esses internautas estão vivendo tais valores, aqui podemos

começar a responder à pergunta que fora feita no início desta dissertação. Se de fato

corre-se o risco de haver alguém que se utiliza de um pseudonome, para navegar no

ciberespaço, este traz em si tais valores que o tornam capazes de não só acolher a

mensagem evangélica, como também refletir sobre ela e ao mesmo tempo transmiti-la

aos seus amigos virtuais.

É a parte criativa e construtora da Internet da qual a Igreja deve

lançar mão sem nenhum medo ou mesmo preconceito, para que nessa criatividade todos

possam assumir “as responsabilidades que lhes cabem e para ajudarem a Igreja a

cumprir sua missão”152. É preciso acima de tudo a mudança de postura em relação aos

meios de comunicação, de modo específico da Internet, pois a Igreja tem feito uma

abordagem fundamentalmente positiva desses meios de comunicação153 mostrando que

os crentes não devem temer em relação à sua utilização, mas sim, “tornar este fórum

150 Cf. TAPSCOTT, Don. op. cit, p. 104 151 Idem, p. 118 152 IE, 10 153 Cf. Idem, 1

87

algo possível de proclamar a Boa Nova de Cristo gerando comunhão entre os povos, as

nações e as cultura”154.

Por outro lado, embora se tenha essa constante mudança no

mundo por conta da tecnologia, o homem não vai ficar à mercê dessa mudança, pois

isso acontece com ele também. Se olharmos para o passado não tão distante, vamos ver

que a forma de pensar e encarar as coisas e o mundo era totalmente diferente de como é

visto hoje, principalmente por aqueles que estão totalmente inseridos na tecnologia

digital, sua flexibilidade, sua capacidade imediata de localização de qualquer tópico ou

mesmo assunto, faz com que os mesmo tenham uma agilidade e flexibilidade, como

dito, em relação a praticamente todas as coisas.

O típico jovem da geração Internet troca de tarefas com mais rapidez do que eu, e acha mais depressa o que está procurando na Internet. [...] A mente da geração Internet parece ser incrivelmente flexível e hábil em várias mídias. 155 Aqui retomamos o desafio da Igreja em relação a utilização da

tecnologia para a evangelização. Pensar em um mundo onde tudo acontece de forma

rápida, podemos até dizer de forma imediata, deve fazer com que a Igreja olhando para

sua forma de pregação, vai aos poucos inserindo seu discurso nessa dinamicidade

existente nas tecnologias, de modo especial na rede mundial de computadores

mostrando que sua pregação está dentro desse contexto dinâmico. É por isso “que é

preciso que a Igreja se esforce por compreender os mass mídia”156, e nessa compreensão

continue a anunciar aquilo que por Cristo a ela foi confiado.

154 AN, 9 155 TAPSCOTT, D. op cit, p. 122 156 II, 3

88

A apresentação constante das imagens e das ideias, assim como a sua transmissão rápida, até mesmo de um continente a outro, têm consequências simultaneamente positivas e negativas, no desenvolvimento psicológico, moral e social das pessoas, na estrutura e no funcionamento da sociedade, na partilha de uma cultura com outra, na percepção e na transmissão dos valores, nas ideias do mundo, nas ideologias e nas convicções religiosas. A revolução das comunicações afeta, de igual modo, a percepção que se pode ter da Igreja, e contribui para a modelação das próprias estruturas e funcionamento157.

Fazendo isso dentro dessa cultura digital e tecnológica, visando

o bem comum de todos158 e a virtude da qual é necessária para a construção da

comunhão entre as pessoas, os diversos grupos e culturas, sendo claro e evidente a

questão da solidariedade159 para que toda e qualquer diferença seja superada e se

coloque o Evangelho como proposta e valor havendo assim uma possível aceitação do

pensamento da Igreja por aqueles que estão conectados. Com esses pressupostos, a

Igreja não só está inserida nessas tecnologias, ou na rede mundial de computadores,

como também vai fazendo presente seu pensamento e vai trazendo para dentro de si essa

mudança tão necessária, nessa busca constante de não só dialogar com as novas

tecnologias, mas também como quem que confia no seu Senhor, se fazer presente nelas,

mas não de uma forma qualquer, e sim com o propósito de saber que é possível tornar

presente na vida dos internautas a sua mensagem. Isso exige claro, mudança de

mentalidade e abertura para dialogar com estes que estão do outro lado, em uma

máquina, não só aceitando aquilo que é apresentado, mas dialogando com o que é

proposto.

Pense-se por exemplo, em como a Internet não somente fornece recursos para uma maior informação, mas acostuma as pessoas a uma comunicação interativa. Muitos cristãos já estão usando criativamente este novo instrumento, explorando-lhes as

157 AN, 4 158 Cf. EI, 3 159 Cf. Idem, 5

89

potencialidades na evangelização, na educação, na comunicação interna, na administração e no governo160.

A cultura hoje exige essa abertura para o diálogo, não é

possível querer impor qualquer forma de pensamento, nem mesmo cultura. É preciso

respeitar e saber respeitar principalmente o espaço virtual, se isso não acontece, aquele

que está conectado imediatamente deixa de lado o conteúdo que estava sendo

apresentado e nunca mais volta ao mesmo. É a chamada tolerância que hoje se faz

necessário ter, ninguém vive hoje nas condições de imposição, mas na capacidade de

dialogar. E o espaço virtual tornou este fórum cada vez mais democrático e dialogável.

Se a Igreja se empenhar em quebrar todo e qualquer

preconceito em relação ao espaço virtual, ou melhor, a Internet, verá que este é um

grande instrumento de ajuda na evangelização e da presença da Igreja, neste que

podemos chamar de o sétimo continente, é como nos diz Mario de França Miranda:

Desse modo, de um lado a cultura

cibernética possibilita como nunca à proclamação cristã atingir um

auditório vastíssimo, mas não pode garantir que esta proclamação não

sofra deturpações e atrofias. Importante aqui é que o querigma seja

captado como interpelação à liberdade do individuo e não apenas

como objeto de conhecimento e de curiosidade. O objetivo deste

processo comunicativo é sempre levar a pessoa a uma experiência

salvífica, plenificante, significativa.161

Utilizemos com confiança a rede mundial de computadores,

mas o façamos de forma correta para o anúncio da Boa Nova de Cristo. Estejamos

160 RD, 9 161 MIRANDA, M. de F. O cristianismo entre o próximo e o distante no processo comunicativo. In: Teologia e comunicação: Corpo, palavra e interfaces cibernéticas, p. 173

90

presentes na Internet, mas estejamos para fazer a diferença, como aqueles que querem

tornar presente na vida dos internautas a proposta da Igreja, pois assim somos chamados

a dar testemunho do Evangelho de Cristo a todos e em todas as circunstâncias.

91

3.2 Informação evangelizadora a qualquer hora

O nosso maior desafio enquanto Igreja é estar presente na rede

mundial de computadores, desafio esse que deve nos levar a refletir sobre como estar

presente nela, “pois a evangelização atual deveria encontrar apoio na presença ativa e

aberta da Igreja no mundo das comunicações”162. Deste modo, não podemos ser mais

uma instituição simplesmente ocupando espaço na web, precisamos ter clareza porque lá

estamos e qual o nosso papel, pois chamados pela Igreja devemos fazer uso da Internet

para integrar sua mensagem salvífica nesta nova cultura163. Conseguiremos fazer isso,

quando quebrarmos nossos preconceitos em relação à rede mundial de computadores, e

a mudança na própria linguagem que utilizamos para a pregação do Evangelho.

Muitas vezes as linguagens utilizadas parecem não levar em consideração a mutação dos códigos existencialmente relevantes nas sociedades influenciadas pela pós- modernidade e marcadas por amplo pluralismo social e cultural. As mudanças culturais e da sociedade. Frente a isso, não se vê uma presença importante da Igreja na geração de cultura, de modo especial no mundo universitário e nos de comunicação social.164

É preciso ter presente que hoje o mundo é uma grande realidade

urbana, ele se tornou uma grande aldeia. Mesmo aquele que está no mais longínquo dos

lugares, por conta da rede mundial de computadores, ou revolução da informática165

sabe o que acontece com o resto do mundo, já não mais está preso ao seu pequeno

universo, mas totalmente vivendo, não de forma física, mas virtual esta realidade urbana

global. Como afirma Santaella:

162 AN, 11 163 Cf. RD, 2 164 DAp, 100d 165 Cf. LIBANIO, J. B. op cit, p. 34

92

Antes de tudo, deve ser declarado que os meios de comunicação, desde o aparelho sonoro até as redes digitais atuais, embora, efetivamente, não passam de meros canais para a transmissão de informações, os tipos de signos que por eles circulam, os tipos de mensagens que engendram e os tipos de comunicação que possibilitam são capazes não só de moldar o pensamento e a sensibilidade dos seres humanos, mas também de proporcionar novos ambientes socioculturais.166

E hoje nossa linguagem deve responder a estas questões, como

também estar adaptada para tal. Falar uma linguagem globalizada requer estar aberto e

presente no universo on line, como também para as diversas expressões culturais e de

vida das pessoas. Isso significa que devemos nos fazer presentes na rede mundial de

computadores, como aqueles que estão para agregar, para unir forças.

È necessario innanzitutto sviluppare l’impegno nella proposta, nell’iniziativa e nel rinnovamento pastorale, cioè del soggeto ecclesiale, che il progetto culturale implica fin dall’inizio ed è allá base anche di tante iniziative. La realtà di um processo do convergenza, di incontro tra associazioni, movimenti, aggregazioni ecclesiali e di ispirazione cristiana che purê há avuto significative manifestazioni publiche sta procedendo in forme diverse.167

Toda nossa ação deve gerar interesse e fazer com que o outro

ao navegar pelo ciberespaço encontro tais situações que de fato o agregue e desperte

interesse por aquilo que é apresentado e proposto. Estamos fazendo isso. Muitas das

paróquias como a Igreja num todo tem buscado fazer uso da Internet para a

evangelização, como também para os trabalhos pastorais.

166 SANTAELLA, L. Cultura e arte do pós-humano, p. 97 167 É necessário desenvolver o compromisso na proposta, a iniciativa pastoral, isto é, o assunto que envolve o projeto cultural desde a sua criação e é também a base para muitas iniciativas. A realidade de convergência do processo de encontros, reuniões entre as organizações, movimentos eclesiais e de inspiração cristã, e as manifestações públicas e os eventos significativos estão acontecendo de diversas formas. (minha tradução) In: GRIENTI, V. op. Cit, p. 92

93

Pense-se, por exemplo, em como a internet não somente fornece recursos para uma maior informação, mas acostuma as pessoas uma comunicação interativa. Muitos cristãos já estão usando criativamente este novo instrumento, explorando-lhe as potencialidades na evangelização, na educação, na comunicação interna, na administração e no governo.168

Mas acima de tudo, é preciso que as paróquias rompam com

sua estrutura e se coloquem numa condição não só de reconhecimento do

desenvolvimento da tecnologia, mas fazer uso dela para uma maior harmonia e

consonância com o tempo em que se vive, tornando possível o acesso e o conhecimento

de todas as atividades realizadas pela paróquia. “Para isto é essencial o desenvolvimento

da formação – em todos os níveis do apostolado católico das comunicações sociais –

das capacidades profissionais e teológicas”169.

A Internet oferece à Igreja uma condição impar para a

realização dos seus trabalhos, principalmente na sua própria administração, na formação

de seus agentes de pastoral, entre outros tantos trabalhos nela existentes, gera assim a

base e a organização para que a evangelização seja mais eficaz.

A Internet é relevante para muitas atividades e programas da Igreja: a evangelização, incluindo reevangelização, a nova evangelização e a obra missionária tradicional ad gentes, a catequese e outros tipos de educação, notícias e informações, a apologética, governo e administração, assim como algumas formas de conselho pastoral e de direção espiritual.170

Se a Internet encurta as distâncias, seu acesso é fácil, e se tem a

informação quase que de forma instantânea, esta informação não sofre qualquer tipo de

pressão para a aceitação, pois a escolha é de quem está conectado do outro lado, e este é

livre para escolher o que quer, o papel da Igreja é colocar seu conteúdo e suas

168 RD, 9 169 PONTIFÍCIO CONSELHO PARA AS COMUNICAÇÕES SOCIAIS Critérios de Colaboração Ecumênica e Interrreligiosa nas Comunicações Sociais, 12 170 II, 5

94

informações para que todos, ou aqueles que assim o quiserem, possam tirar proveito

desta, já que a escolha parte daqueles que estão no ciberespaço.

É do conhecimento de boa parte da sociedade que os mais

diversos assuntos que tange a Igreja, desperta interesse na sociedade quase que num

todo, sejam eles de cunho moral, ético, pastoral ou mesmo administrativo. Sendo assim,

a Igreja deve frente à busca de informação e conhecimento da instituição por parte da

sociedade, estar aberta, ou abrir-se, de modo que o conhecimento chegue até aqueles

que o buscam. “A Igreja tem a necessidade e o direito de fazer conhecer as próprias

atividades, como a outros grupos, mas ao mesmo tempo, quando necessário, deve poder

garantir uma reserva adequada”171.

Neste caso, a paróquia, que embora esteja inserida numa

pequena porção da sociedade e a ela dirige e orienta segundo aquilo que é pedido pela

Igreja, deve estar presente no mundo virtual e ali apresentar as propostas da Igreja, seus

trabalhos e todo e qualquer tipo de informação que venha a interessar, não só ao fiel que

está presente com frequência na paróquia, mas também todos que necessitam de alguma

informação, ou serviço da paróquia.

A presença religiosa no espaço virtual é

ampla e cresce continuamente. A cada dia, dioceses e instituições (universidades, escolas, comunidades e congregações religiosas) entram nesse espaço virtual. Somos convidados a não hesitar em utilizar as ‘redes das redes’ na evangelização. É possível nesse novo espaço público falar do Evangelho, encontrando-se para partilhar opiniões religiosas, encontrar respaldo nos momentos de crise de fé, evocar e criar espaços novos de espiritualidade.172

Por isso, é preciso cada vem mais fazer uso deste espaço,

estando presente, orientando e informando para que todos tenham conhecimento da vida

da paróquia e ali possam participar de suas atividades, pois o espaço virtual é um espaço

171 RD, 12 172 CNBB. Coleção de estudos nº 101. A Comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil, 161

95

democrático onde a informação é compartilhada. Daí poder dizer da necessidade de

abertura da paróquia, pois assim como ela informa, ela deve abrir um canal direto com

seus fiéis para que possam opinar fazer crescer as atividades pastorais e tantos outros

trabalhos que ali são realizados.

Podemos até dizer que a rede mundial de computadores é um

espaço de formação, “uma democracia”, como fora dito acima, pois o seu uso gera a

interação, troca de ideias e informações contribuindo para que haja uma efetiva prática

de comunhão e participação entre os membros da Igreja, como também àqueles que

estão fora dela. É fazer conhecer aquilo que pela Igreja é realizado.

Se queremos nos fazer presentes na rede mundial de

computadores, precisamos entender o funcionamento e a linguagem da rede, como fora

dito no inicio desta dissertação, a Internet é democrática, é um espaço de comunicação

horizontal, não vertical, pois todos participam, já não há o controle absoluto, como é na

mídia tradicional. Esta forma de comunicação favorece e muito as instituições, como

também a Igreja para que busque na utilização da Internet, ter presente a necessidade de

ter um canal aberto com os fiéis e ver o que pensam e esperam da Igreja.

O desenvolvimento das novas tecnologias

e, na sua dimensão global, todo o mundo digital representam um recurso, tanto para a humanidade no seu todo como para o homem na singularidade do seu ser, e um estímulo para o confronto e o diálogo. Mas aquelas apresentam-se igualmente como uma oportunidade para os crentes. De fato, nenhum caminho pode, nem deve, ser vedado a quem, em nome de Cristo ressuscitado, se empenha em tornar-se cada vez mais solidário com o homem, por conseguinte e antes de mais nada, os novos meios oferecem aos presbíteros perspectivas sempre novas e, pastoralmente ilimitadas, que os solicitam a valorizar a dimensão universal da Igreja para uma comunhão plena e concreta; a ser no mundo de hoje testemunhas da vida sempre nova, gerada pela escuta do Evangelho de Jesus, o Filho eterno que veio ao nosso meio para nos salvar.173

173 BENTO XVI, Mensagem para o 44º dia mundial das comunicações sociais. Em: www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/communications/index_po.htm. Acesso em: 23.05.11

96

Por conta disse, devemos estar preparados para as criticas e

qualquer outra opinião que não nos favoreçam. A aceitação disso é sinal de uma

instituição madura e capaz de ao olhar para dentro de si, procure consertar aquilo que

está errado não se sobrepondo aos outros e muito menos ignorando a opinião dos que

integram a Igreja. Sejam no estado laico, sejam no clerical. Isto só favorece a própria

Igreja e por sua postura, mostra a sociedade que ela está tentando se inserir dentro dessa

nova realidade mundial do diálogo aberto e participativo.

Parece-nos utópico essa realidade, mas se realmente existe a

predisposição para que isso aconteça, em nenhum momento a opinião pública haverá de

afetar de forma tão negativa as estruturas internas da Igreja, pelo contrário, lhe será de

muita utilidade para seu constante amadurecimento.

A reflexão sobre o papel da opinião pública na Igreja e da Igreja na opinião pública desperta grande interesse. Encontrando-se com os editores dos jornais católicos, o meu venerável predecessor Pio XII disse que faltaria alguma coisa na vida da Igreja se não houvesse a opinião pública. Este mesmo conceito foi reafirmado em outras circunstâncias, e no Código de Direito Canônico foi reconhecido, em determinadas condições, o direito à expressão da própria opinião.174

Rompendo essa barreira, o próximo passo é tornar presente a

paróquia no mundo virtual. É levar à todos aquilo que está somente entre as paredes do

templo, é o romper com o tempo e o espaço, é fazer-se conhecer e deixar-se ser

conhecido pelo rede mundial dos computadores. É não exitar, mas sim, com muita

coragem se lançar neste universo virtual do qual boa parte do mundo está presente e

buscando algo que responda às suas necessidades, bem como, uma resposta a própria

existência.

174 RD, 12

97

3.3 A Internet a serviço da evangelização paroquial

Algumas experiências nos mostram o quão está sendo útil e

favorável à Igreja sua presença na rede mundial de computadores. Não só para a

pregação do Evangelho, “o espaço virtual pode propiciar uma evangelização, como

qualquer outro meio de divulgação. A Palavra de Deus pode ser lançada não só nos

meios físicos, mas também no virtual”175, embora esta seja sua primeira missão, mas

também para o dinamismo nos trabalhos pastorais e questões administrativas. Quando a

Conferência Episcopal Italiana (CEI) viu a grande necessidade de fazer com que as

paróquias da Itália buscassem se inserir no mundo virtual, ou na rede mundial de

computadores, viu que esta seria uma grande oportunidade para as informações

paroquiais, para a catequese, evangelização, como também sua administração,176

tornando públicas as informações e fazendo com que todos passassem a conhecer os

trabalhos realizados pelas paróquias daquela região.

Isto deve manifestar na Igreja do Brasil, este mesmo anseio, de

tornar presente na rede mundial de computadores as paróquias aqui existentes, mas

claro, isso cabe a cada membro do clero que é responsável por tal paróquia perceber e

reconhecer a necessidade para tal, vendo que de fato a Internet é um grande meio de

comunicação e que leva a paróquia a uma interação com a sociedade.

É entender que hoje as mudanças tecnológicas são latentes e

que essa mesma mudança está contribuindo com intensidade para o processo de

globalização que pelo mundo hoje é vivido. É preciso fazer com que cada paróquia

tenha essa visão global, só assim ela se integrará à rede mundial de computadores, como

também aos diversos meios de comunicação social.

175 LIBANIO, J.B. op. cit, p. 63 176 Cf. GRIENTI, V. op. cit, p. 94

98

Em nosso século tão influenciado pelos meios de comunicação social, o primeiro anúncio, a catequese ou o posterior aprofundamento da fé não podem prescindir desses meios. Colocados a serviço do Evangelho, eles oferecem possibilidade de difundir quase sem limites o campo de audiência da Palavra de Deus, fazendo chegar a Boa Nova a milhões de pessoas. A Igreja se sentiria culpada diante de Deus se não empregasse esses poderosos meios, que a inteligência humana aperfeiçoa cada vez mais. Com eles, a Igreja proclama a partir dos telhados a mensagem da qual é depositária. Neles, encontra uma versão moderna e eficaz do “púlpito”. Graças a eles, pode falar às multidões.177

A Internet estando fora de qualquer limitação de tempo e

espaço, faz chegar a todos a informação e a mensagem da Igreja a qualquer hora. Vale

lembrar aqui o que já foi dito anteriormente nesta dissertação, que a busca pela

informação é de quem está conectado do outro lado em seu computador e ele vai buscar

esta informação na hora em que ele achar conveniente, e da maneira como ele quiser. É

a chamada quebra da linearidade da informação. Embora isto aconteça, não incorre em

nenhum dano à informação dada pela paróquia.

A Igreja se aproxima deste novo meio de comunicação com realismo e confiança. Como os outros instrumentos de comunicação, este é um meio e não um fim em si mesmo. A Internet pode oferecer magníficas oportunidades de evangelização, se usada com competência e clara consciência de suas forças e fraquezas.178

Daí ser fundamentalmente importante a presença da Igreja na

rede mundial de computadores promovendo uma cultura de paz e união, e claro, aquilo

que é fundamental em seu papel de proclamar o Evangelho de Cristo nesta cultura

digital e que está em constante mudança.

Comunicare il Vangelo in questo mondo in costante cambiamento non è um compito facile; perciò la Chiesa,

177 DAp, 485 178 Idem, 488

99

volendo evangelizzare ed esercitare il suo ruolo profético, deve comprendere e dialogare com la nuava cultura generata, principalmente, dalla crescente diffusione dei media179. É possível utilizar a Internet para a evangelização, pois embora

nos pareça quase que impossível tal tarefa, é preciso olhar para esta mídia e ver nela um

grande instrumento de difusão para todo e qualquer pensamento, bem como, para o

anúncio do Evangelho. Pois se se pensa que muitos não vão estar abertos para acolher a

mensagem da Igreja, enganam-se, pois o próprio site do Vaticano tem um acesso diário

de mais de 3 milhões de internautas180. Aqui vemos o quanto é possível evangelizar,

como também tornar a palavra da Igreja presente no universo virtual.

L'importanza di internet per la missione evangelizzatrice della chiesa è innegabile: Internet è importante per molte attività e numerosi programmi ecclesiali quali l'evangelizzazione, la re-evangelizzazione, la nuova evangelizzazione e la tradicionale opera missionaria ad gentes, la catechesi e altri tipi di educazione, le notizie e informazioni, l'apologetica, il governo, l'amministrazione e alcune forme di direzione spirituale e pastorale.181

Com isso, gostaria de apresentar algumas propostas que são

possíveis de se aplicar em um site paroquial, para uma boa evangelização, comunicação

com os internautas e com os fiéis de um modo geral. Propostas estas que visam tornar

conhecida a vida da paróquia e todos os seus trabalhos pastorais e de caridade por ela

realizados, claro que as propostas aqui apresentadas não esgotam o assunto, pois cada

179Comunicar o Evangelho neste mundo em constante mudança não é tarefa fácil, por isso a Igreja, querendo evangelizar e exercendo o seu papel profético, deve compreender e dialogar com a nova cultura gerada principalmente pelo aumento crescente da mídia (minha Tradução). In: GRIENTI, V. op. cit, p. 14 180 Segundo padre Adrián Ruiz Diretor do site do Vaticano. Em: http://www.decoloresnoticias.com.br/site-do-vaticano-registra-3-milhoes-de-acessos-diarios/ Acesso em: 28.04.2011 181 A importância da Internet para a missão evangelizadora da Igreja é inegável: a internet é importante para muitas atividades e programas de evangelização da Igreja, a re-evangelização, a nova evangelização e a tradicional obra missionária ad gentes, a catequese, educação, e outros tipos de notícias e informação apologética, governo, administração e algumas formas de orientação espiritual e pastoral (minha tradução). In: GRIENTI, V. op. cit, p. 17

100

paróquia deve aplicar, além daquilo que é fundamental para a existência de um site,

aquilo que lhe é necessário segundo a realidade que está inserida.

101

3.3.1 – O site paroquial a serviço da evangelização

Para começar, é importante que todos conheçam a história do

padroeiro da paróquia. O que ele fez e como viveu e porque se tornou santo. Colocar

toda a biografia do padroeiro, mas numa linguagem acessível e compreensível para

aqueles que no ciberespaço buscam a informação rápida.

Pensando nisso, o interessante é fazer a apresentação da história

do padroeiro não como texto corrido, mas em animação utilizando da linguagem do

flash, algo próprio da Internet e que torna o site mais dinâmico, e menos cansativo para

este tipo de leitor que visa muito mais a imagem do que propriamente o texto.

Embora os internautas primem quase que na sua maioria pela

imagem, fazendo neste formato, não vai prejudicar em nada aquilo que será apresentado

pela paróquia, mas ao mesmo tempo em que ele vê a imagem e a história do santo, ele

vai associar tudo e terá uma boa compreensão da mensagem transmitida, pois como dito

acima, os mesmos na sua maioria priorizam pelas imagens e não propriamente dito pelo

texto corrido.

É como se estivéssemos fazendo uma história animada para que

isso se torne agradável ao internauta, já que o mesmo terá mais familiaridade com o

conteúdo neste formato e maior aceitação daquilo que é o propósito para a definição da

mensagem da paróquia, que neste caso é falar sobre seu padroeiro e tornar conhecida a

vida deste santo.

Como dito, esta é só uma sugestão. Cabe aos responsáveis pela

comunicação paroquial ver a melhor maneira de apresentar a história de seu padroeiro a

fim de despertar o interesse dos internautas. A seguir alguns assuntos que não podem

faltar no site paroquial.

102

a) Dados da Paróquia: É muito importante que todos os que

estão na rede mundial de computadores conheçam a instituição que estão buscando por

meio de acesso na Internet. É indispensável que seja apresentado a localização da

paróquia, uma ferramenta que pode ajudar nessa localização é o google, com o mesmo é

possível inserir o mapa indicando aonde está a paróquia no próprio site e esta

ferramenta orienta o internauta de como chegar até o local.

Com esta ferramenta que já apresentou a localização geográfica

da paróquia, pode-se também acrescentar sua localização na (arqui)diocese, os limites

de território com as outras paróquias. O google como um site de busca, torna possível e

de forma rápida a localização das coisas e instituições. Sendo ele gratuito, pode-se

também patrocinar o site. Isso significa quando o internauta for buscar qualquer

informação seja da paróquia, ou relacionada a ela, será apresentado o link que por ele é

chamado de link patrocinado em destaque já com a localização geográfica.

b) Tipo de população: É de se pensar sobre a realidade da

paróquia. Embora a localização geográfica possa dizer algo sobre a realidade paroquial,

colocar no site um link sobre a realidade sócio-econômica e cultural dos que fazem

parte do território paroquial tornaria conhecedor por aqueles que acessam o site a real

condição daquela comunidade e criaria possibilidades para uma melhora em todos os

aspectos sociais.

Aqui vale ressaltar que o intuito deste link, não é tornar pública

a vida e a privacidade da pessoa que está dentro do território da paróquia, mas estar

apresentando a realidade paroquial para tornar mais eficaz a ação da Igreja, bem como

de todos aqueles que são responsáveis na solução dos problemas básicos da população.

c) Expediente paroquial: Esta informação é imprescindível, é

preciso colocar a forma do contato com aquele, ou aqueles, que fazem o atendimento

103

direto com o público (fiéis). Aqui não se deve omitir nenhuma informação, desde o

endereço até o fone. Se no instante em que a pessoa está conhecendo a paróquia pela

Internet, ela quiser fazer contato via fone, naquele momento ela deve ter a informação a

sua disposição de forma imediata.

Por isso é imprescindível que sejam colocados todos os dados

da paróquia, telefone, horário de expediente da secretária, horário de missas, confissões,

atendimento espiritual do padre e a questão social quando e como são realizadas. Com

isso, se torna possível esse conhecimento, motivando o internauta a buscar um contado

físico (conhecer o local e as estruturas físicas da paróquia), e todos os trabalhos por ela

realizados. Como sugestão para este tópico, pode-se pensar em deixar um canal aberto

para que sejam colocadas as intenções de missa, se faça solicitações de segunda via dos

sacramentos realizados como Batismo, Matrimônio, Primeira Comunhão e Crisma.

d) Pastorais: Nem todos conhecem os trabalhos pastorais

realizados pela Igreja, até mesmo pela própria paróquia que frequenta. Deste modo, no

site seria interessante colocar todas as pastorais. Mas não simplesmente colocar. Cada

pastoral tem seu plano e linha de ação, por isso é bom que se coloque o diretório das

pastorais, bom como o plano pastoral diocesano e o paroquial. Colocando-os facilitaria

para que as pessoas saibam realmente qual a finalidade de cada pastoral e quem ela quer

atingir, e claro, apresentar os dias que se reúnem.

Ao mesmo tempo, pode pensar em colocar a coordenação de

cada pastoral e movimento para que se possa ter um contado direto com os

coordenadores eliminando muitas vezes a burocracia gerada pelo fato de se haver a

necessidade de localização. Tudo aqui deve ser visto de maneira que as ações pastorais

sejam realizadas com menos burocrática o possível.

104

e) Sacramentos: Colocar como funcionam as estruturas para a

realização dos sacramentos e como e quando eles são realizados. Devem ser colocados

todos os sacramentos, sua fundamentação teológica e sua aplicação na vida do fiel. Aqui

como sugestão, colocar as informações de forma clara e simples. Tudo aquilo que é

exigido para a realização do sacramento deve ser deixado para que seja apresentada

quando o interessado se dirige para a paróquia. Não pode deixar de ser colocado o

diretório dos sacramentos, pois esse ajuda a orientar o fiel para a realização do mesmo.

f) Guia Litúrgico: Este tem por finalidade ajudar e orientar o

fiel sobre aquilo que é celebrado pela Igreja. O porquê das cores litúrgicas, as grandes

festividades da Igreja, como: Natal e Páscoa e tantas outras celebrações por ela

realizada. Neste campo, pode-se deixar um link para que sejam tiradas as dúvidas por

parte dos fieis no que diz respeito a questão litúrgica e devocional da Igreja, de modo

que entendam como funciona a estrutura celebrativa e sacramental da Igreja. Vale

ressaltar que não se deve focar somente nas celebrações eucarísticas, mas na vida

litúrgica no seu todo.

g) Informes e notícias: Toda e qualquer informação e notícia

que seja de interesse comum dos homens, devem ser colocadas no site. Precisa-se ter

sempre claro que as informações da vida da paróquia interessam os fiéis, mas muitos

que nem sempre tem uma presença ativa na Igreja também tem o interesse em saber o

que está acontecendo na paróquia de seu bairro. Aqui podemos colocar alguns

exemplos: Missas especiais, algum tipo de festa, o próprio trabalho ou evento realizado

pelas pastorais, a ação social e tantos outros.

Outro ponto que pode interessar os que frequentam a paróquia

são as comunicações e notas de falecimento dos membros da comunidade. Às vezes

falece um membro da paróquia e poucos são os que tomam conhecimento disso. Com

105

esse espaço, além de a própria paróquia fazer sua homenagem, muitos que tomarem

conhecimento de tal, também poderá fazer.

h) Galeria de Fotos: Recordando que aqueles que estão ligados

à rede mundial de computadores estão com o olhar voltado mais para as imagens, a

galeria de fotos deve por meio destas imagens apresentar a paróquia, suas atividades e

os eventos por ela realizados. É importante que as imagens apresentem suas legendas.

As pessoas precisam saber o porquê daquelas fotos e quando foram realizados tais

eventos.

i) Rádio e Tv web: Estes são excelentes recursos que podem

ser utilizados no site da paróquia. Se entendermos que a Internet é uma mídia de

convergência e que acolhe as mídias tradicionais, não podemos deixar de fazer uso

destes dois meios no site. Hoje é possível a transmissão de missas on line. Elas podem

ser transmitidas com ou sem imagens. Podem-se gravar as homilias do domingo e

inseri-las no site, criar alguns vídeos e fazer a mesma coisa. Aliás, qualquer evento pode

ser colocado na rede mundial de computadores. O próprio pároco pode criar em forma

de vídeo algumas mensagens e colocá-las no site, como também fazê-la em off (aqui o

off é somente o áudio sem o vídeo).

j) Jornal paroquial: Assim como se faz o jornal impresso, o

mesmo pode ser inserido no site da paróquia. Alguns programas de computador tornam

possível colocar o jornal na Internet no seu mesmo formato impresso. Isso torna

possível o conhecimento dos trabalhos paroquiais não só para aquele público, ou fieis

que frequentam a Igreja, mas para tantos quantos estejam buscando informações e

noticias sobre determinados assuntos da paróquia e da Igreja num todo.

k) Fale conosco: Nesta dissertação já foi dito que o internauta

não vê a Internet como uma mídia tradicional, aliás, ele vê na Internet a relação direta

106

com a instituição da qual está acessando. Neste caso, e fundamental ter um espaço

direto com o fiel, e o fale conosco é este espaço. Também fora dito que se caminhamos

para a maturidade institucional não devemos temer às criticas, o papel deste link é

justamente não só responder às duvidas daqueles que nos visitam no site, mas também

acolher e responder com caridade às criticas que por ventura forem a nós dirigidas. Aqui

é bom lembrar que neste caso, somente uma pessoa deve ter o acesso ao fale conosco

para responder ao internauta.

l) Links e rede sociais: Hoje qualquer site não pode ser estático

e muito menos desatualizado. Com a chamada web 2.0, é possível colocar inúmeros

links no site para que o internauta não tenha a necessidade de se desconectar de um site

para navegar no outro. Deste modo, os links devem ser relacionados ao site. Por

exemplo: um site paroquial pode colocar diversos links, entre eles o da diocese ou

arquidiocese que pertence, o site do Vaticano e tantos outros.

O mesmo se dá com as redes sociais. É possível àquele que está

no site paroquial linkar direto para a rede social do qual a mesma pertence. Os ícones

devem estar no site e o convite aberto para a participação daqueles que assim o desejar.

Um bom exemplo para isso é o miniblog Twiter. O convite é feito com uma simples

frase: siga-nos.

m) Biblioteca virtual: É de grande valia ter no site uma

biblioteca virtual. Ela pode auxiliar no trabalho da catequese e nos diversos trabalhos de

evangelização e apresentar a própria doutrina da Igreja. O site do Vaticano pode ser

pego como exemplo para isso. Aos que lá visitam virtualmente, os mesmo, não só tem

acesso ao funcionamento em si do Vaticano e suas estruturas, mas de muitos

documentos da Igreja que hoje estão digitalizados, sem contar as mensagens dos papas e

a atividade da Igreja no mundo.

107

A biblioteca virtual deve estar aberta para a pesquisa

convergente. O que isso significa: aquele que vai buscar conhecer um pouco mais da

Igreja, além de ter o material disponível, como documentos e cartas dos Sumos

Pontífices, teria um canal direto de informação e resposta sobre suas dúvidas. É pensar

uma biblioteca catequética evangelizadora que dispõe de livros e matérias que auxiliem

todos que buscam sanar suas dúvidas por meio deste link. Isso acontece quando se tem

essa relação entre instituição e internauta.

Embora a biblioteca virtual esteja em um site católico, ela pode

ser aberta. Isso quer dizer que além de tudo o que diz respeito à Igreja que lá está, ela

também pode trazer um literatura que diz respeito às questões humana para auxiliar o

internauta, bem como um espaço para que o ajude a tirar suas dúvidas e indicações de

outras literaturas que lá não constam.

Gostaria de ressaltar que as condições para a criação de um site

paroquial são muitas. Aqui resolvi colocar aquilo que pensei ser de grande relevância

para a presença da paróquia na Internet, mas como em qualquer situação, cada caso é

um caso. Cabe sempre aos responsáveis da comunicação na paróquia ver a real

necessidade da mesma e ter presente que embora a necessidade seja da paróquia, deve-

se pensar na necessidade do internauta.

Por fim, hoje é preciso pensar e ver o papel da paróquia na

sociedade e seu papel no mundo virtual. É preciso buscar uma maneira, uma forma de

fazer com que cada vez mais as paróquias estejam presentes no ciberespaço, mesmo que

não seja com o site próprio, mas nas redes sociais e nos blogs que são gratutitos.

108

Considerações Finais

Percorrer de forma sistematizada alguns meios de comunicação

até chegar naquilo que hoje chamamos mídia de convergência que é a Internet, faz-nos

refletir sobre a função das comunicações sociais na vida da Igreja e o papel da Igreja em

relação a estes meios. Ao percorrer a história e ver como em nossos dias as tecnologias

estão cada vez mais sendo parte integrante da vida dos homens, foi possível perceber

neste estudo, que a Internet trouxe uma grande mudança comportamental para o

homem, o fez rever sua condição, o inseriu numa realidade global tirando-o do seu

pequeno universo, para poder conhecer e dialogar com as mais diversas realidades e

culturas, abrindo-o assim para todo e qualquer tipo de relação e comunicação.

Quando do estudo deste tema, o que mais foi possível notar é

que o universo virtual é ainda algo novo para a Igreja, suas estruturas estão buscando se

adaptar a isso, como ainda há algumas estruturas que parecem estar fechadas para tal de

modo que é preciso à Igreja fazer um trabalho interno tornado possível um diálogo

verdadeiro entre as pastorais e uma comunicação para a verdade que é Jesus Cristo. Por

se tratar de algo novo, e pela dificuldade no diálogo e nas relações internas, a literatura

em relação ao tema abordado é ainda bastante escassa de modo que pouco se tem sobre

a relação Igreja-Internet, diferentemente da relação Igreja e os meios de comunicação

tradicionais. Mas esta realidade está começando a mudar, pois já estão despontando

vários esforços, várias pesquisas e reflexões para este tema, esta relação, apontando a

Internet como um grande instrumento para o serviço pastoral da Igreja.

Quanto ao fato da mudança comportamental do homem, a

mesma não só ficou nessa esfera, mas acabou por atingir tudo o que faz parte do seu

109

habitat, desde hábitos, até a forma de como se relacionar com o outro. Isso não é ruim,

porque contextualiza o homem fazendo-o compreender essa realidade global que hoje é

vivida por grande parcela da população planetária. Depois, por conta da tecnologia que

cada vez mais tem tornado quase que parte integrante da vida do homem, trazendo

grandes vantagens a ele e na maioria das vezes determinando rumos da sociedade, torna

possível afirmar que os meios de comunicação, têm penetração em todos os âmbitos e

por ter essa penetração, foi o objeto dessa dissertação.

Se hoje vemos esta mudança comportamental, ela também vai

atingir a forma de linguagem, pois como dito, ela atinge todas as esferas do homem. E

ao estar dentro dessa nova cultural de comunicação que em nossos tempos tem uma

velocidade que é própria do mundo e do homem contemporâneo, a Igreja tem por

necessidade trabalhar não só a questão técnica, mas também aproximar e aplicar em seu

interior esta nova linguagem comunicacional, pois a tecnologia digital traz a

flexibilidade para as relações e a aceitação no diálogo que deve ser possível no interior

da Igreja, bem como da Igreja com a sociedade. É dizer que é preciso à Igreja passar por

um processo de mudança de mentalidade, que a leva a abertura para o diálogo, aceitação

do que é apresentado, como também dialogar com o que é proposto.

Um dos pontos que podem ser colocados em destaque no que

diz respeito ao uso da Internet na pastoral da Igreja, é justamente a fluidez com que as

coisas acontecem na rede mundial de computadores. Essa fluidez que é própria da

Internet que também e chamada de rapidez que a tecnologia traz. Há que se dizer que a

Igreja não trabalha com essa rapidez tecnológica vivida pela rede mundial de

computadores, pois ela sabe que seu fim não é neste mundo. Mas ao mesmo tempo ela

não pode deixar de fazer uso da tecnologia para a proclamação do Evangelho, de modo

que ela também tem clareza que está inserida neste mundo para a proclamação da Boa

110

Nova de Jesus Cristo e para promover a justiça e da paz. Contextualizada ela vai aos

poucos aperfeiçoando seu discurso na dinamicidade existente nas tecnologias, ou

propriamente dito, na Internet e vai rompendo as barreiras do tempo e do espaço para se

inserir no campo das tecnologias e no espaço virtual.

O grande desafio está em justamente olhar para este novo meio,

que até podemos dizer que já não é tão novo assim em nossos tempos e saber que hoje

muito se fala do uso da Internet, aliás, hoje muito se faz uso desse meio de

comunicação, do qual tantos buscam por meio de pesquisas virtuais todo tipo de

informação no que diz respeito à pessoa, ao mundo corporativo e as instituições de um

modo geral. Isso não é diferente em relação à Igreja, pois a Internet insere, seja a

pessoa, seja a instituição, na mentalidade global da qual muitos vivem e buscam o

conhecimento global das diversas instituições.

Este foi o desafio dessa dissertação de apresentar a viabilidade

e a inserção da Igreja no mundo virtual mostrando-se uma instituição que busca

responder às expectativas de parte de seus membros, e ao mesmo tempo, olhando para o

presente na certeza de que o mundo virtual é uma realidade do nosso tempo e ela não

pode ficar alheia à isso, pois sendo seu papel, sua função primeira de proclamar o

Evangelho, ela deve fazendo parte da rede mundial de computadores promover uma

cultura de paz e união dentro do espaço virtual, sabendo que esta cultura

comunicacional está em constante mudança e seu discurso deve acompanhar tais

mudanças.

Como apresentado nessa dissertação, aqueles que estão

conectados, que se utilizam do espaço virtual, estão dispostos a acolher não só a

mensagem da Igreja, mas tudo aquilo que é apresentado, os internautas filtram todo o

conteúdo e buscam informações que são de seu interesse, pois estão abertos para acolher

111

a mensagem e tudo aquilo que é disponibilizado na rede mundial de computadores para

a sua própria edificação, chegam até mesmo a buscar respostas para a sua própria

existência. O que não podemos fazer é um pré-julgamento em relação a eles, como

apresentado no terceiro capitulo desta dissertação, os internautas estão preservando

valores ético-morais e se mostram cada vez mais abertos a isso. Aqui está a grande

oportunidade da Igreja, de aproveitar aquilo que já está na predisposição do internauta e

apresentar a mensagem do Evangelho e os valores da justiça.

Por outro lado, é preciso romper com o individualismo que a

internet gera na pessoa, bem como a religião particular, pois o grande risco que se tem

com a rede mundial de computadores é de justamente cada um criar seu próprio deus e

sua própria religião. Neste caso, o papel da Igreja no ciberespaço é de justamente

apresentar sua proposta e fazer o possível para tornar presente na vida do internauta a

necessidade de que o homem tem de se relacionar com o outro, e que é preciso romper

com a barreira do individualismo que por sua vez gera também o egoísmo e fecha a

pessoa em si mesma, tornando-a incapaz de ver e atender a necessidade do outro. É

preciso criar uma mentalidade de comunhão e participação, onde ao interagir, aquele

que está conectado compreenda sua função na rede e busque construir nesse novo

continente a paz e a harmonia.

Por fim, ao refletir ao longo da construção dessa dissertação,

pude notar que é possível à Igreja se fazer presente no ciberespaço aprimorando a forma

de como anuncia o Evangelho e a realização de todos os seus trabalhos pastorais. Ela

rompendo com a barreira do discurso instrumental e adaptando sua linguagem ao

universo virtual, não só cumpre o mandato de Jesus Cristo de anunciar o seu Evangelho,

mas vai se fazendo cada vez mais presente na vida dos internautas e vai utilizando este

instrumento para seus trabalhos pastorais tendo sempre o propósito de apresentar aos

112

que interessam sua mensagem, suas propostas, seus pensamentos. Isso ajudaria e muito

a Igreja e ser menos burocrática, pois muitas das decisões de cunho pastoral, como

também administrativo-canônico já não mais necessitariam de tanto tempo para a sua

execução, mas seriam feitas pela rede mundial de computadores, como também uma

rede interna onde todas as maquinas, ou melhor, os computadores estariam interligados

havendo entre eles uma comunicação instantânea, como o é na Internet.

113

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RODRIGUES, Bruno. Webwriting: pensando o texto para a mídia digital. São Paulo:

Barkeley Brasil, 2000.

SANTAELLA, Maria Lucia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo:

Paulus, 2007.

__________________, Navegar no ciberespaço: O perfil cognitivo do leitor imersivo.

São Paulo: Paulus, 2004.

SOUSA, Mauro Wilton (org). Recepção midiática e espaço público – novos olhares.

São Paulo: Paulinas, 2010.

SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2004.

SPERA, Marcelo. Caiu na rede é letra. São Paulo: About, 2002.

125

TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital: Como os jovens que cresceram usando a

internet estão mudando tudo, das empresas aos governos. Tradução Marcello Lino. Rio

de Janeiro: Agir Negócios, 2010.

TEILHARD DE CHARDIN, Pierre. La place de l’homme dans la nature. Paris: Albin

Michel, 1956.

126

Anexos

127

Anexo 1

Linha do Tempo Imprensa

128

Linha do Tempo Imprensa

1438-1440 – O alemão Johann Gutenberg inventa a tipografia.

1468 – Morre Gutenberg.

1611 – É publicado o periódico francês Lê Mercure de France, com publicação anual.

1631 – Nasce o La Gazette, primeiro jornal francês de cunho político.

1632 – Nasce o primeiro jornal do mundo impresso diariamente chamado: Gazzete de

France. Neste mesmo ano começam a circular o The Times inglês, The New York Times

norte americano e o Le Figaro espanhol.

1672 – Entra em circulação o Le Mercure Galant também francês.

1808 – Chega ao Brasil à imprensa régia por ordem do então imperador D. João VI. É

publicado A Gazeta do Rio de Janeiro. Neste período já existiam alguns jornais

clandestinos como: O Correio Brasiliense e o Armazém Literário.

1809 – Surge o Diário Lisboense.

1811 – Lançado na Bahia o jornal Idade D’Ouro

1812 – A primeira revista brasileira As Variedades ou Ensaios de Literatura.

1813 – Fundado O Patriota.

1815 – Tem-se a publicação da revista Brasil Ilustrado. Primeira revista de caricaturas

do país.

129

1821 – Fundado O Diário do Rio de Janeiro.

1822 – Brasil se torna independente e começa a censura imperial

1823 – Surge em São Paulo o Farol Paulistano. Neste mesmo ano entra a censura

imperial para a imprensa e surgem alguns jornais de oposição como: O jornal opositor

Tífis Pernambucano de Frei Caneca.

Fundado o jornal Sentinela da Praia Grande, o Atalaia, Sentinela da Liberdade na

Guarita de Pernambuco e o jornal Tamoio de São Paulo.

1825 – Nasce o jornal Diário Pernambucano e o Triunfo da Legitimidade Contra a

Facção de Anarquistas.

1826 – Entra em circulação o Jornal Científico, Econômico e Literário no Rio de

Janeiro e o Espectador Brasileiro que depois se torna o Jornal do Comércio também no

Rio de Janeiro.

1827 – Os jornais Aurora Fluminense, Jornal do Comércio também opositores ao

Imperador. Neste ano também entra em circulação O Observatório Constitucional.

1830 – Fundada a Revista da Sociedade Filomática, e o periódico literário Beija-Flor.

1831 – São fundados O Simplício da Roça, O Espelho das Brasileiras e A Voz

Paulistana.

1835 – Fundado o Jornal de Variedades

1836 – Na França começam a circular: La Presse e Le Siecle. No Rio de Janeiro circula

a revista Niterói.

130

1837 – Em Portugal é fundado o Panorama.

1838 – Entra em circulação o Relator de Novellas.

1840 – Entra em circulação o jornal London News.

1843 – É fundado o Correio Mercantil.

1852 – O primeiro jornal de segmento é lançado na Argentina e tem como título: Jornal

das Senhoras.

1860 – Fundado o Jornal do Futuro.

1861 – O jornal L’Osservatore Romano tem sua primeira edição publicada.

1864 – Criado o Jornal das Famílias.

1870 – É publicado o jornal A República no Rio de Janeiro, Correio Paulistano e

Província de São Paulo.

1874 – Circula o jornal A Instrução Pública.

1876 – Começa a circular a Revista ilustrada.

1880 – Fundada a Gazeta da Tarde, imprensa abolicionista. Criado também os jornais

de cunho humorístico, Diabo Coxo e Gazeta da Tarde.

1890 – O jornal a Província de São Paulo, passa a se chamar o Estado de São Paulo.

1891 – Começa a circular o Jornal do Brasil.

1907 – O jornal Gazeta de Notícias é o primeiro a ser impresso em cores.

131

1919 – Os Diários Associados entram em circulação com dois jornais: Diário da Noite

e O Jornal.

1921 – Nasce o Jornal Folha da Noite.

1925 – Começa a circular no Rio de Janeiro o jornal O Globo. Depois deste período

muitos foram os jornais que entraram e saíram de circulação.

Nestes últimos tempos, o jornal passou pelo processo de re-diagramação e ganhou

cores. Aquilo que hoje vemos e lemos nos jornais impressos

132

Anexo 2

Linha do Tempo Rádio

133

Linha do Tempo Rádio

1844 – Samuel Morse envia a primeira mensagem à distância através do telégrafo.

1863 – O físico escocês James Clerk Maxwell elabora a teoria de que as ondas

eletromagnéticas se propagam no espaço independentemente de um condutor sólido.

1865 – Institui-se a União Telegráfica Internacional no dia 17 de maio, data que ficou

conhecida como Dia Mundial das telecomunicações.

1875 – Grahan Bell inventa o transdutor magnético, o microfone.

1877 – Thomas Edson registra sons em cilindros.

1877 – O Físico alemão Heinrich Rudolf Hetz constrói um círculo elétrico que

comprova a existência das ondas eletromagnéticas, batizadas de ondas hertezianas.

1890 – O padre cientista brasileiro Roberto Landell de Moura nascido no Rio Grande do

Sul, obtém do governo brasileiro a carta-patente nº 3279, que lhe reconhece as méritos

de pioneirismo científico universal na área das telecomunicações.

1893 – Padre Landell faz a primeira transmissão de palavra falada, sem fios, através de

ondas eletromagnéticas e expõe em São Paulo, o Teleauxiofono (telefonia com fio), o

Caleofono (telefonia com fio), o Anematófono (telefonia sem fio), o Teletiton

(telegrafia sem fio, com o qual duas pessoas podem se falar sem serem ouvidas por

outras) e o Edífono (destinado a depurar as vibrações da voz fonografada, reproduzindo-

a ao natural).

134

1894 – Nos Estados Unidos da América, padre Landell é reconhecido como precursor

das transmissões de vozes e ruídos e recebe três cartas-patentes do The Patente Office at

Washington: para o telégrafo sem fio, para o telefone sem fio e para o transmissor de

ondas sonoras.

1896 – O cientista italiano Guglielmo Marconi realiza uma transmissão de rádio entre

dois navios de guerra italianos distantes 13 Km um do outro e obtém em Londres a

patente do invento.

1897 – Oliver Lodge inventa o circuito elétrico sintonizado, que veio possibilitar a

mudança de sintonia, com a escolha da frequência desejada.

1900 – Surge a primeira estação de transmissão comercial da Alemanha.

1905 – Começam a surgir as grandes empresas de material radioelétrico: Companhia

Marconi no Reino Unido, Telefunken na Alemanha e a Sociedade Francesa de

Radioeletricidade na França.

1906 – O Norte americano Lee de Forest cria válvulas de três pólos (tríodo), que

permite a utilização das ondas eletromagnéticas para propagar informações sonoras. No

Natal, Forest e o canadense Reginald Audrey Fesseden, realizam a primeira transmissão

radiofônica do mundo. Usando um microfone construído por eles mesmos, conseguem

transmitir suas vozes e o som de um disco de fonógrafo.

1916 – Forest coloca no ar em Nova York o primeiro programa de rádio de que se tem

notícia, com conferências, música de câmara, gravações e o primeiro de radiojornalismo

em forma de boletins da eleição presidencial vencida por Woodrow Wilson.

135

1919 – No final da Primeira Guerra Mundial, a empresa Westinghouse, fez nascer por

acaso, o modelo de radiodifuão como é conhecido hoje. Ela fabricava rádios para as

tropas americanas e com o fim do conflito, ficou com uma grande quantidade de

aparelhos. Para evitar prejuízos, a solução foi instalar uma grande antena no pátio da

fábrica e transmitir música para os moradores daquele bairro. Os aparelhos de rádio que

sobraram da guerra foram todos vendidos após essa instalação.

1920 – O microfone surge através da ampliação dos recursos do bocal do telefone que

foi conseguido pelos técnicos da Westinghouse e tem início a “Era do Rádio”, com a

popularização das transmissões. A rádio KDKA, instalada numa garagem em Pitsburg

nos EUA, é a primeira estação de que se tem registro.

1920 – Surgem na França os primeiros rádios a pilha e os fones de ouvido.

1921 – Surge o emissor da torre Eifell em Paris, e acontece a primeira transmissão ao

vivo de um evento esportivo: uma luta de boxe acompanhada por 330 mil ouvintes.

1922 – A primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil foi o discurso do Presidente

da República Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro durante as comemorações do

centenário da Independência. O discurso aconteceu numa exposição na Praia Vermelha

e o transmissor foi instalado no alto do Corcovado pela companhia norte americana

Westinghouse. Foram importados para o evento 80 receptores de rádio.

1923 – Edgard Roquete Pinto e Henry Morize fundam em 20 de abril a primeira estação

de rádio do Brasil: a Rádio Sociedade Rio de Janeiro, que contava com clubes de

ouvintes, que se associavam e contribuíam com mensalidades para a manutenção da

emissora. Roquete Pinto ficou conhecido como o “pai do rádio brasileiro”.

136

1923 – A emissora americana KDKA transmite para Londres o primeiro programa em

ondas a atravessar o oceano.

1924 – A Rádio Clube Paranaense faz a sua primeira transmissão no dia 27 de junho em

Curitiba. Internacionalmente reconhecida como PRB-2, é a terceira emissora de rádio

do país e a primeira do Paraná.

1932 – O governo Getúlio Vargas autoriza a publicidade no rádio e Ademar Casé, cria o

primeiro jingle do rádio brasileiro: “oh padeiro desta rua/tenha sempre na lembrança/

não me traga outro pão/que não seja pão Bragança”.

1933 – O norte americano Edwin Armstrong patenteia a frequência modulada (FM), que

permite a recepção em alta fidelidade, sem ruído de estática, mas de pequeno alcance.

1935 – A Sociedade alemã AEG faz uma demonstração do magnetofone, um aparelho

que registra o som em fita magnética.

1936 – Fundada a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que foi a primeira em audiência

por mais de 20 anos.

1938 – A transmissão da radionovela A guerra dos mundos, levada ao ar pela rádio

CBS, causou pânico na costa leste dos Estados Unidos ao anunciar a invasão da Terra

por seres extraterrestres. Essa é considerada a mais famosa de todas as transmissões de

rádionovela, atingindo um público de 9 milhões de pessoas.

1938 – Acontece a primeira transmissão esportiva em rede nacional, da Copa da França,

por Leonardo Gagliano Neto, da Rádio Clube do Brasil do Rio de Janeiro.

137

1941 – Em julho tem a transmissão da primeira radionovela brasileira pela Rádio

Nacional do Rio de Janeiro com o título: Em busca da felicidade, que ficou no ar por

três anos. Nessa mesma época, vão ao ar “O grande jornal falado Tupi” em São Paulo, o

“Repórter Esso” pela Rádio Record, e o programa “Cassino do Chacrinha” pela

Difusora Fluminense.

1942 – A General Eletric começa a produzir nos Estados Unidos os primeiros aparelhos

de frequência modulada (FM).

1942 – Surgem os gravadores de fita magnética que vão dar maior agilidade ao rádio.

1947 – Os engenheiros eletrônicos norte-americanos John Bardeen, Waler Houser

Brattain e Willian Schockley, registram a patente do transístor, que substitui as válvulas

e possibilita a fabricação de aparelhos portáteis de rádio e televisão. Os mesmos ganham

o prêmio Nobel de Física no ano de 1956.

1949 – No dia primeiro de abril, o locutor Geraldo de Almeida, da Rádio Record,

irradia uma partida de futebol do São Paulo Futebol Clube que estava na Europa. O

resultado foi uma derrota do time paulista de sete a zero. No dia seguinte, a rádio

anunciava que tudo não tinha passado de uma brincadeira por conta do dia da mentira.

1953 – A cantora Emilinha Borba, que começou sua carreira na Rádio Cruzeiro é

consagrada Rainha do Rádio, na Rádio Nacional.

1954 – Chega o Regency TR1, primeiro rádio transistorizado do mundo, lançado nos

EUA.

1958 – Inaugura-se a transmissão via satélite com o Score I, primeiro satélite de

telecomunicações; as transmissões comerciais se iniciam sete anos depois, com o

138

lançamento do Intelsat. No mesmo ano, entra no ar a emissora Merkur, considerada a

primeira rádio pirata do mundo.

1962 – O Brasil passa a integrar o sistema Intelsat.

1967 – Criado em 25 de fevereiro o Ministério das Comunicações.

1985 – A Sony, empresa japonesa desenvolve um rádio do tamanho de um cartão de

crédito.

1987 – Nasce o sistema DAB (Digial Áudio Broadcasting) para transmissão via satélite

de áudio e dados para receptores domésticos, portáteis e móveis.

1990 – Nesta década, a Internet se populariza em todo o mundo e as emissões

radiofônicas via rede mundial de computadores se multiplicam.

2000 – A União Internacional de telecomunicações fixa os padrões mundiais para a

radiodifusão digital. Um consórcio de emissoras radiofônicas e de empresas eletrônicas

– Digital Radio Mondiale – realiza testes de transmissão digital em AM, ondas curtas e

longas.

2002 – Aprovada no Congresso a emenda constitucional que permite que empresas de

comunicação sejam de propriedade de pessoas jurídicas e permite também a entrada de

capital estrangeiro.

2003 – Emissoras internacionais de ondas curtas começam a transmitir em tecnologia

digital.

139

Anexo 3

Linha do tempo da Televisão

140

Linha do tempo da Televisão

1904 – Padre Landell começa a criar projeto de transmissão de imagens à distância,

pode-se dizer: a televisão.

1923 – Wladimir Zworrykin patenteia o inoscópio, aparelho que utiliza raios catódicos.

1924 – Baird Transmite contornos de objetos à distância.

1926 – Baird faz sua demonstração de imagens ao público.

1927 – Philo Farnsworth patenteou um sistema que desencadeia imagens por raios

catódicos.

1935 – Tem-se oficialmente a televisão na Alemanha e na França.

1936 – Inaugurada a BBC de Londres.

1938 – Começa a transmissão regular da TV na Rússia.

1939 – Início de transmissão de TV em circuito fechado no Brasil. No estado do Rio de

Janeiro.

1945 – É produzido o primeiro tubo de televisão pela RCA, isso já se dá em escala

industrial.

1948 – Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados viaja aos Estados Unidos na

América para comprar equipamentos de televisão.

141

1950 – Pretende-se criar a TV Paulista canal 5, mas não foi possível. Só alguns meses

após a transmissão da TV Tupi, houve a inauguração da mesma.

1950 – Inaugura-se a TV no Brasil em São Paulo. A TV Tupi de São Paulo, pertencente

ao jornalista Assis Chatreaubiand.

Em Julho é inaugurada a TV Rio canal 13 do Rio de Janeiro.

Em setembro desse mesmo ano é inaugurada a TV Record de São Paulo, e a TV

Itacolomi de Belo Horizonte.

Inaugurada a TV Excelsior de São Paulo, canal 9.

1954 – Começam as transmissões em cores nos Estados Unidos da América.

1960 – É inaugurada a TV Paranaense canal 12 de Curitiba.

1962 – NASA lança o Telstar, satélite de comunicação comercial.

É inaugurada a TV Gaúcha que hoje é conhecida como RBS.

1963 – Chegam ao Brasil os primeiros aparelhos de TV em cores importados dos EUA.

TV Tupi começa suas transmissões em cores.

1964 – TV Record começa a exibir o telejornal o “Repórter Esso”.

Inauguração da TV Excelsior do Rio de Janeiro.

1965 – Reserva pedida ao Governo Federal pelo MEC é aceito para a reserva de 100

canais de televisão para fins educativos.

Venda da TV Cultura de São Paulo de Assis Chateaubriand para o governo paulista.

142

Inaugurada a TV Globo no Rio de Janeiro canal 4.

1966 – A TV Paulista é comprada por Roberto Marinho e passa o usar o mesmo nome

da Globo.

1967 – Inauguração da TV Bandeirantes, canal 13 em São Paulo.

1968 – Morre Assis Chateaubriand aos 75 anos. Homem que trouxe a TV para o Brasil.

É decretado o AI-5 (Ato Inconstitucional número 5).

Roberto Marinho compra a geradora de Belo Horizonte.

TV Rio é vendida para os Machado de Carvalho da Record de São Paulo.

1969 – Rede Globo é a pioneira na transmissão do lançamento da nave espacial Apollo

IX.

Nesse mesmo ano, entra no ar o primeiro telejornal em rede, o Jornal Nacional da Rede

Globo de televisão.

Inaugurada a TV Cultura de São Paulo pertencente a Fundação Padre Anchieta.

1970 – Inauguração da TV Gazeta de São Paulo canal 11.

1972 – Primeira transmissão em cores via EMBRATEL.

Rede Globo se torna a maior rede de emissoras do Brasil.

1973 – Rede Tupi começa a trabalhar em rede no país.

143

1975 – Morte do Jornalista Wladimir Herzog do departamento de jornalismo da TV

Cultura.

1977 – TV Bandeirantes começa suas transmissões em rede.

1979 – Inaugurada a TV Campinas (futura EPTV) Emissoras Pioneiras.

1980 – Fim da censura no telejornal.

Cassada a Concessão da Rede Tupi e o fim da mesma.

Entra no ar o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), como rede de emissoras

independentes, lideradas pela Record em São Paulo e TVS no Rio de Janeiro.

1981 – Silvio Santos e Adolfo Block assinam contrato de concessão com o Ministério

das Comunicações. O evento foi transmitido pelo SBT.

Entra no ar a TV Manchete de São Paulo canal 9.

1982 – Suspensa a censura prévia dos noticiários e programas televisivos.

TV Bandeirantes passa a ser a primeira emissora a utilizar satélite em suas transmissões.

Nesse mesmo ano a Rede Globo começa a usar o satélite em suas transmissões.

Entra no ar a TV Abril.

1983 – TV Rio que estava fechada desde 1975 pela Dentel (hoje Anatel) é concedida à

Sociedade Erbenezer.

Rede Manchete entra no ar em definitivo com cinco emissoras e uma afiliada.

144

Rede Bandeirantes tem seu transmissor lacrado.

1984 – Depois de muito omitir, Rede Globo transmite alguns flashs da campanha das

“Diretas já”.

1985 – Transmissão ao vivo por todas as emissoras da eleição indireta de Tancredo

Neves.

O Brasil lança seu primeiro satélite de comunicação com 24 canais.

Inaugurada a TV Bahia.

1986 – Lançamento do segundo satélite brasileiro.

Inauguração da TV Educativa da Bahia da Fundação Instituto de Radiodifusão

Educativa da Bahia.

1987 – Volta ao ar em caráter experimental a TV Rio.

1988 – Lançamento do terceiro satélite brasileiro.

Reinício das transmissões da TV Rio canal 13.

1989 – Transmissão ao vivo pelas emissoras do Brasil da eleição do novo presidente

Fernando Collor de Mello.

A Rede Record é vendida para a igreja universal do reino de Deus.

1990 – Transmissão da posse do presidente eleito Fernando Collor de Mello.

Tv Cultura de São Paulo começa sua transmissão em rede nacional.

145

Concessão de canais UHF.

Entra no ar a MTV, primeira emissora de segmento do Brasil.

Concessão de TV a cabo.

Canal + ou Plus como era conhecido é o primeiro canal por assinatura no Brasil.

1991 – Início dos testes para TV digital nos Estados Unidos da América.

Inaugurada a TV Jovem Pan canal 16 em São Paulo UHF.

Entra no ar a primeira rede de TV a cabo no país, a TVA.

Inicio das atividades da Globocabo.

1992 – Entra no ar em canal UHF a MTV canal 32 em São Paulo e a Rede Vida canal

40.

1994 – Início das transmissões em HDTV nos Estados Unidos da América.

Inaugurada a Rede Mulher canal 42 UHF em São Paulo.

1995 – Inaugurada a Rede Vida disponível por TV a cabo e parabólica para todo o

Brasil.

1996 – Entra no ar o Canal 21 que vai tratar de questões da região metropolitana de São

Paulo, pertencendo ao grupo Bandeirantes.

1997 – Criada a Anatel para fiscalizar e regular o setor de telecomunicações.

1999 – Venda da Rede Manchete para o grupo TeleTv e o fim da TV Manchete.

146

Em novembro desse ano tem inicio a transmissão da Redetv, antiga Manchete.

2000 – Começam as vendas de TV de plasma no mercado brasileiro.

2003 – Assinado acordo do governo brasileiro para a implantação da TV digital.

2005 – Chegada da TV de LCD ao Brasil.

2006 – Definição do padrão de TV digital no Brasil, o japonês.

2007 – Começam as transmissões digitais pelas tv’s de São Paulo.

Criada a Record News em UHF transmitindo somente assuntos jornalísticos.

2008 – Início das transmissões em sinal digital no Rio de Janeiro, Belo Horizonte,

Brasília, Recife, Salvador e Fortaleza.

2009 – Outras cidades do Brasil já começam a transmitir em sinal digital.

É colocado no mercado a TV de LED.

2010 – Chega ao mercado mundial a TV 3D.

147

Anexo 4

Linha do tempo Internet

148

Linha do Tempo da Internet

1969 – Início da Internet.

1970 – É criada a Alohanet, primeira rede de computação via rádio

1971- A Arpanet já tem 23 servidores.

1972 - Ray Tomlinson inventa o primeiro programa de e-mail.

1973 – A Arpanet faz as primeiras conexões internacionais com a Noruega e a

Inglaterra.

1974 - Vinton Cerf e Bob Kahn publicam trabalho propondo um protocolo de

transferência de dados - TCP. Surge a Telenet, primeiro serviço comercial de acesso à

rede dos EUA.

1975 – É desenvolvido o MSG, primeiro programa que permite escrever, responder ou

redirecionar e-mail.

1976 – Rainha Elizabeth manda o primeiro e-mail “real”.

1977 – Apple lança o primeiro computador pessoal.

1978 - É criada a primeira BBS, por Ward Christensen e Randy Suess.

1979 - Estudantes da Duke University e da University of North Carolina criam o

primeiro grupo de discussão na USENET. Mensagem no MsgGroup propõe a utilização

dos Emoticon.

1980 - French Telecom é pioneira na criação de um sistema network de alcance

nacional, o Minitel. Xerox lança “The Star”, com mouse e Windows. IBM lança

primeiro PC.

1981 - TCP/IP torna-se linguagem padrão da Internet (aprovada pelo departamento de

defesa dos EUA). O termo Internet é usado pela primeira vez.

149

1982 – Internet tem mil usuários. Macintosh lança computador com mouse.

1987 – Já são mais de 10 mil computadores ligados à rede.

1988 - Primeiro vírus paralisa 6 mil dos 60 mil servidores de Internet.O IRC é lançado.

1989 – 100 mil computadores estão ligados à rede. Lançada a TV de alta definição. Tim

Berners-Lee, do Laboratório Europeu de Física de Partículas (Cern), propõe um sistema

de hipertexto para documentação de projetos. A ONG brasileira Ibase (Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) cria a Alternex, BBS que será a semente

da Internet no país, no mesmo ano em que é fundada a Rede Nacional de Pesquisas.

1990 – 300 mil computadores estão conectados à rede. Nasce primeiro serviço

comercial de acesso por linha discada nos EUA, “The World”.

1991 - Grupo de estudantes da Universidade de Minnessota, liderados por Mark

McCahill e Paul Lindner, lança o Gopher, sistema que permite fazer ligações entre as

páginas da Web.

Tim Berners-Lee finaliza o sistema de hipertexto World Wide Web, que funciona em

conjunto com a Internet. No Brasil, a Fapesp faz a primeira conexão com a Internet.

1992 - Primeira transmissão de áudio e vídeo no M-BONE da Internet. Número de

servidores na Internet ultrapassa 1 milhão.

1993 - Grupo de estudantes da Universidade de Illinois liderados por Marc Andreesen e

Eric Bina criam o navegador Mosaic. Casa Branca entra na Web e Bill Clinton e Al

Gore criam e-mails. IBM lança o Deep Blue, com capacidade de 10 bilhões de

operações por segundo.

1994 - Marc Andreesen e Jim Clark formam a Netscape. Rolling Stones transmitem

Voodoo Lounge pela Web. Pizza Hut aceita seu primeiro pedido via Web.

Primeiros banners publicitários aparecem na hotwired.com. Estações de rádio entram na

rede. Sai primeira versão Beta do Netscape.

150

1995 - James Gosling e programadores da Sun Microsystems lançam o Java, linguagem

de programação que permite novas aplicações e maneiras de exibir informações na rede.

Nascem o sistema de busca Lycos e o sistema de indexação de páginas Yahoo.

Microsoft lança o Explorer. 10 milhões estão conectados à rede; no Brasil são cerca de

120 mil. Surge Comitê Gestor da Internet no Brasil. Real Audio lança tecnologia

streaming. Rádio HK transmite 24 h por dia exclusivamente na Web. Prodigy,

Compuserve e AOL passam a prover acesso à Internet.

1996 - Surge o acesso em banda larga, pelo sistema ADSL, assim como os modems de

56 Kbps.

Na China, usuários e provedores precisam se registrar na polícia. Na Arábia Saudita, o

acesso é confinado a universidade e a hospitais. 12,8 milhões estão ligados à rede, em

150 países.

Abril – Yahoo!, Excite e Lycos, três grandes serviços de busca na rede, lançam suas

ações no mercado.

Junho - A CNET.com paga US$ 15 mil pelo domínio "tv.com".

Agosto - A Microsoft começa a "guerra dos navegadores" ao lançar o Internet Explorer.

Setembro - Um código malicioso apaga 25 mil mensagens na Usenet, o então popular

serviço de fóruns da Internet. Os sites do Departamento de Justiça dos EUA, da CIA e

da Força Aérea americana são hackeados e têm páginas pichadas.

Novembro - É lançado o comunicador instantâneo ICQ.

Dezembro - A Macromedia lança o Flash, que se tornaria um dos plugins mais

adotados na Web.

1997 - 16 milhões estão conectados à rede. 700 mil entregam declarações de Imposto de

Renda pela Web no Brasil.

Março – Os sites da NASA e do governo da Indonésia são hackeados.

151

Maio – A loja virtual Amazon.com faz seu lançamento de ações (IPO) na Nasdaq.

Junho - Erro humano na Network Solutions, que controlava o endereçamento DNS na

Web, deixa milhões de sites .com e .net inacessíveis. A versão 4.0 do Netscape é

lançada.

Novembro - Computador IBM Deep Blue vence o campeão de xadrez Garry Kasparov.

1998 – Tecnologias do ano: Comércio eletrônico, leilões via web e portais. 2 milhões de

brasileiros estão conectados è rede.

22/01 – Começa a era do software de código aberto, com a liberação do código-fonte do

Netscape Communicator.

05/03 - O serviço postal dos EUA começa a permitir a compra e download dos selos via

Web.

18/05 – O domínio de número 2 milhões é registrado nos EUA.

11/08 - A Compaq paga US$ 3, 3 milhões pelo site de buscas altavista.com.

07/09 – É lançado o Google, hoje o serviço de busca mais popular do mundo.

14/09 – O site do jornal The New York Times é hackeado.

23/09 - O site de leilão online eBay lança ações na Nasdaq.

24/11 – AOL anuncia compra da Netscape por US$ 4,2 bilhões em ações.

15/12 – Internautas franceses fazem a primeira “greve”, em protesto contra as tarifas

cobradas pela France Telecom para o acesso.

1999 – Tecnologias do ano : Online Banking e Mp3. 7,6 milhões estão conectados à

rede no Brasil. Alguns provedores nos EUA dão computadores grátis para quem assinar

um contrato de fidelidade por alguns anos.

05/01 – A Arábia Saudita permite o acesso público à Internet.

10/03 – É lançado o Napster. Microsoft lança a versão 5 do Internet Explorer e começa

a ganhar a “guerra dos browsers”, contra o Netscape.

152

25/07 – Corte americana determina que domínios de Web são propriedades que podem

ser confiscadas.

30/11 – O domínio business.com é vendido por US$ 7,5 milhões (ele havia sido

comprado em 1997 por US$150 mil).

2000 - 304 milhões de computadores estão conectados à rede no mundo. Estima-se que

a Internet tenha mais de 1 bilhão de páginas indexáveis, e cerca de 22 milhões de

servidores diferentes.9, 98 milhões de declarações de Impostos de Renda no Brasil são

feitos pela Web.

10/01 - AOL compra Time Warner por US$ 160 milhões.

07/11 - O primeiro grande ataque distribuído de negação de serviço (DDoS) é lançado

contra os portais Yahoo!, Amazon e eBay.

12/07- A Microsoft lança a versão 5.5 do navegador Internet Explorer.

23/07 - Napster conquista 20 milhões de usuários.

17/11 - O ICANN, órgão regulador da Internet, libera o registro de domínios .aero, .biz,

.coop, .info, .museum, .name e .pro.

20/11 - Acontece o estouro da chamada "bolha" da Internet. Centenas de empresas

“.com" perdem valor na bolsa de valores Nasdaq.

23/11 - IBM finaliza a construção do supercomputador ASCI White, com 8.192

processadores, 160 terabytes (suficientes para guardar 250 mil CDs) e capacidade de

realizar 12,3 trilhões de operações matemáticas por segundo.

2001 –A AOL e a Time Warner fundem-se, criando o maior grupo de mídia do mundo.

03/07 - O Napster é obrigado a interromper as atividades após uma longa batalha

judicial com as gravadoras. O serviço chegou a ter 20 milhões de usuários.

13/07 - O Talibã bane o acesso à Web no Afeganistão.

21/08 - Microsoft lança a versão 6.0 do Internet Explorer.

153

19/09 - Os vermes Code Red, Nimda e Sircam causam prejuízos avaliados em bilhões

de dólares.

05/11 - O software Seti@Home, que utiliza o tempo ocioso dos computadores para

fazer cálculos para a pesquisa que procura vida alienígena inteligente, chega à Web. Em

um mês, os internautas que o instalam proporcionam mais poder de computação do que

o maior supercomputador da época.

2002 - A febre dos WebLogs (Blogs, diários na Web) toma conta da Internet.

23/05 - O ICQ chega aos 200 milhões de downloads.

26/10 - Um grande ataque DDos atinge 13 roteadores de tráfego, derrubando 8 e

prejudicando seriamente a navegação global.

2003 - O vírus SQL Slammer causa um dos maiores e mais rápidos ataques DDos de

todos os tempos. Ele leva apenas 10 minutos para espalhar-se globalmente e derrubar 5

dos 13 grandes roteadores de tráfego.

17/02 - Google compra o Blogger.com, mais popular serviço de blogs.

23/04 - É lançado o Skype, software que permite a comunicação por voz entre

computadores do mundo todo.

18/07 - O Ministério da Cultura francês bane o uso do termo "e-mail", e obriga a adoção

da palavra "courriel". A RIAA, associação das gravadoras americanas, começa a

processar internautas que trocam músicas via rede.

20/07 - Surge em Nova York a onda dos "flash mobs", manifestações-relâmpagos

organizadas via Web.

17/09 - A AOL Brasil desiste de oferecer seu conteúdo somente por meio de seu

navegador proprietário.

2004 - A Verisign, que controla o cadastro de domínios .com e .net, oferece registros de

100 anos.

154

27/01 - Google cria o serviço de relacionamentos online Orkut.

25/06 - O Orkut, site americano de relacionamentos que virou febre mundial, é

dominado pelos brasileiros.

19/08 - Google faz seu IPO (abertura de capital, com o lançamento de ações) na

Nasdaq.

02/12 - Microsoft lança a versão Beta do MSN Messenger 7.0, comunicador que se

tornaria o mais popular no Brasil.

03/12 - A Lycos Europa oferece um protetor de tela que envia dados para spammers,

mas o serviço é tirado do ar após derrubar servidores e causar protestos na Web.

14/12 - Google anuncia projeto para digitalizar o conteúdo de bibliotecas em

universidades americanas e colocar o conteúdo para pesquisa online.

2005 - Segundo o Computer Industry Almanac, o total de internautas deve ultrapassar 1

bilhão em 2005. Os EUA lideram, com 135 milhões.

Começa a ganhar força o Podcasting - programas de rádio que são baixados da Web e

ouvidos em MP3 players.

05/04 - A morte do papa João Paulo II, se torna o evento com a maior cobertura online

de todos os tempos.

A internet em nosso país fez um percurso parecido, do meio acadêmico até a população

e aplicações comerciais. A linha do tempo da "aventura tupiniquim" podemos assim

dizer, pelo mundo virtual começa na década de 80:

1989: Uma rede conecta a Fapesp ao Fermilab, laboratório de Física de Altas Energias

de Chicago (EUA), por meio de retirada de arquivos e correio eletrônico. O Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) coloca no ar rede Alternex.

155

1991: O acesso ao sistema de páginas WWW foi liberado para instituições

educacionais, de pesquisa e a órgãos do governo.

1992: O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e a Associação

para o Progresso das Comunicações (APC) liberam o uso da Internet para ONGs. É

inaugurada também a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) que organiza e passa a operar o

acesso à rede por meio de um "backbone" (tronco principal da rede). É realizada a

primeira cobertura de um evento internacional via web no Brasil: a ECO 92, no Rio de

Janeiro.

1993: Ocorre a primeira conexão de 64 kbps à longa distância, estabelecida entre São

Paulo e Porto Alegre.

1994: Estudantes da USP criam centenas de páginas na Internet. A Embratel inicia

serviço comercial de acesso à internet.

1995: É criada a figura do provedor de acesso privado à Internet o que libera a operação

comercial no Brasil. Em maio, é lançado o primeiro jornal brasileiro na Internet, o

Jornal do Brasil. Em junho, o Bradesco dá início a seu serviço de Internet.

1996: O Brasil tem 100 mil usuários. Em maio, surge o Universo Online (UOL). Em 1º

de dezembro, é lançado o portal e provedor de internet ZAZ, com o slogan Zaz – O seu

canal na internet. Gilberto Gil lança a canção "Pela Internet". Lançado o primeiro

comunicador instantâneo, o ICQ.

1998: Começam os investimentos de empresas estrangeiras de tecnologia e de

comunicações no Brasil, que já tem 1 milhão de usuários. 26% das declarações de

Imposto de Renda são feitos via internet. O resultado das eleições para presidente,

156

governadores e deputados é publicado em tempo real. Surge o Zipmail, serviço de e-

mail gratuito via web.

1999: O país já tem 2,2 milhões de usuários. O Governo lança o programa Sociedade da

Informação, para combater a exclusão digital. A Telefônica compra o ZAZ e lança o

Terra Networks. A Jovem Pan estreia as transmissões de rádio via web.

2000: A Banda larga chega ao Brasil. O iG lança no país o primeiro provedor de acesso

grátis à internet.

2002: Governo levanta a bandeira do software livre para proporcionar a inclusão digital.

TV Terra atinge mais de 3 milhões de visitantes por mês.

2004: O Brasil é líder mundial de inscritos no Orkut, o site de comunidades virtuais

mais procurados do mundo. O número de usuários conectados sobe para 30 milhões.

2005: Em abril, o brasileiro bate recorde de navegação, passando 15 horas e 14 minutos

na internet, tornando-se o primeiro País com maior tempo de navegação domiciliar,

ultrapassando o Japão.

2007: A FGV divulga um novo censo de usuários: 40 milhões, um crescimento de 25%

sobre a base registrada no mesmo período do ano anterior. O comércio eletrônico

movimenta 114 bilhões de dólares.

2008: Serviços, comunicação e publicidade utilizam a internet como base principal de

suas operações. Explode o twitter no Brasil, serviço de pequenas mensagens em tempo

real, utilizado por empresas, marcas e usuários domésticos.

157

2009 – Nasce a rede social Fecebook que de forma muita rápida passa a ser utilizada por

uma grande parcela da população planetária.