Ponto 7 Direito Administrativo Novo

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DIREITO ADMINISTRATIVO:

Ato administrativo: conceito, espcies, elementos e requisitos. Vcios dos atos administrativos. Principais classificaes dos atos administrativos. Procedimento administrativo. Controle dos atos da Administrao. Controle administrativo e jurisdicional. Limites do controle jurisdicional. Mandado de Segurana. Ao Popular. Ao Civil Pblica. Improbidade administrativa.

ATO ADMINISTRATIVOI.1) ConceitoJos dos Santos Carvalho Filho a exteriorizao da vontade de agentes da Administrao Pblica ou de seus delegatrios, nessa condio, que, sob regime de direito pblico, vise produo de efeitos jurdicos, com o fim de atender ao interesse pblico. So espcies do gnero ato jurdico, uma vez que correspondem a manifestao humana voluntaria que a tenha a finalidade direta de produzir alterao no mundo jurdico.No se pode esquecer que embora os atos administrativos sejam tpicos do Poder Executivo, no exerccio de suas funes prprias, os Poderes Judicirio e Legislativo tambm editam atos administrativos, sobretudo relacionados ao exerccio de suas atividades de gesto interna (ex.: atos de contratao de pessoal, de aquisio de material etc.).

ATOS ADMINISTRATIVOSFATOS ADMINISTRATIVOS

Manifestao de vontade relevante para o direito administrativoAcontecimento relevante para o direito administrativo, podendo abranger as CONDUTAS MATERIAIS no exerccio da funo administrativa (Ex.: professor ministrando aula; mdico fazendo cirurgia; mudana de endereo de departamento), bem como os fatos naturais cujos efeitos se refletem na rbita administrativa (Ex.: queda do raio em uma repartio pblica; falecimento de um agente pblico).

DIGENES GASPARINI: denomina-os de ATOS AJURDICOS

Admite revogao e anulao No h revogao e anulao

Goza de presuno de legitimidadeNo goza de presuno

MARIA SYLVIA DI PIETRO diferencia fato administrativo (fato descrito na norma legal e que produz efeitos no campo do direito administrativo) de fato da administrao, o qual indica como sendo aqueles que no produzem qualquer efeito jurdico no Direito Administrativo.

ATOS ADMINISTRATIVOS so distintos de ATOS DA ADMINISTRAOATOS ADMINISTRATIVOSATOS DA ADMINISTRAO PBLICA

Atos regidos pelo direito pblicoAtos regidos pelo direito pblico ou privado

Podem ser exercidos pelo Judicirio, Legislativo e concessionrios e permissionrios. Quanto aos dois ltimos, h divergncia na doutrina, sendo que DIGENES GASPARINI adota essa posio.So todos os atos emanados da administrao pblica, a exemplo dos atos polticos exercidos pela administrao, EXEMPLO: sano e veto do PR.

Dentre os atos da administrao, incluem-se:

1. Os atos de direito privado, como doao, permuta, compra e venda, locao;

2. Os atos materiais da Administrao, como a construo de uma casa, apreenso de uma mercadoria (fatos administrativos);

3. Atos de conhecimento, opinio, juzo ou valor (atestados, certides, pareceres, votos);

4. Atos polticos, que esto sujeitos a regime jurdico-constitucional;

5. Contratos;

6. Atos normativos da administrao;

7. Atos administrativos propriamente ditos.

o regime jurdico de direito pblico (que se assenta sobre 2 pilares: a supremacia do interesse pblico e a indisponibilidade do interesse pblico) que rege basicamente os atos administrativos, cabendo ao direito privado faz-lo SUPLETIVAMENTE e sem contrariar o regramento fundamental especfico para os atos pblicos.

I.2) Requisitos de validade (ou elementos) do ato administrativoExtrados da Lei da Ao Popular (art. 2 da Lei 4.717/65): competncia, finalidade, forma, motivo e objeto (COM FIN FOR M OB).

So requisitos de validade, haja vista que a prtica em desacordo com o estabelecido em lei leva sua nulidade (exceo: em caso de vcio nos elementos competncia ou forma, poder-se- ter atos apenas anulveis, ou seja, potencialmente aptos convalidao).

COMPETNCIA (ou sujeito, para alguns doutrinadores) Crculo de atribuies do agente pblico. Para a prtica de qualquer ato administrativo necessrio que o agente tenha poder especfico para o desempenho da respectiva funo. A competncia administrativa INTRANSFERVEL e IMPRORROGVEL, podendo, entretanto, ser parcialmente delegada e avocada, desde que no haja impedimento legal. Somente a lei pode estabelecer competncias administrativas. Portanto, seja o ato administrativo vinculado ou discricionrio, esse elemento sempre vinculado.

Caractersticas da competncia:a) de exerccio obrigatrio(idia de dever-poder de CELSO ANTONIO);

b) Irrenuncivel trata-se de um mnus pblico, no pertence ao agente.

c) NO pode tambm ser transacionada;

d) NO pode ser modificada, pela vontade do agente; sendo elemento vinculado, somente a lei pode modific-la;

e) NO prescreve pela inexistncia de exerccio efetivo;

f) NO se prorroga de maneira que a competncia no se estende automaticamente a rgo ou agente incompetente pela simples circunstancia de haver ele praticado o ato ou de ter sido o primeiro a tomar conhecimento do fato que originou o ato. Para mudana de competncia, necessria a lei modificadora;

g) via de regra, INDELEGVEL (ou intransfervel), mas, mediante justificativa, e atendidos os requisitos da lei, pode ser delegada do agente superior para o seu inferior. Obs: o que se delega o exerccio da competncia (e no sua titularidade); quando o agente transfere a competncia para subordinado no deixa de ser competente, surgindo a COMPETNCIA CUMULATIVA; o superior pode avocar novamente a competncia que delegou (artigos 11 a 15, da Lei 9.784/99)..

( Delegao e avocao de competncias

DELEGAO

a) a regra geral a possibilidade de delegao de competncia, a qual somente no admitida se houver impedimento legal;

b) a delegao pode ser feita para rgos ou agentes subordinados, mas ela tambm possvel mesmo que no exista subordinao hierrquica, nos expressos termos do art. 12 da lei;

c) a delegao de ser de apenas parte da competncia do rgo ou gente, no de todas as suas atribuies;

d) a delegao deve ser feita por prazo determinado;

e) o ato de delegao pode conter ressalva de exerccio da atribuio delegada, vale dizer, e exerccio da atribuio pode no ser conferido em sua plenitude ao agente delegado, e sim com restries e ressalvas. Por exemplo, o delegante, se assim entender conveniente, pode enumerar casos ou circunstancias em que o agente delegado necessite receber dele uma autorizao prvia especifica para exercer a atribuio delegada, ou mesmo especificar situaes ou hipteses em que fique vedado o exerccio da atribuio pelo delegado;

f) o ato de delegao um ato discricionrio e revogvel a qualquer tempo pela autoridade delegante;

g) o ato de delegao e sua revogao devero ser publicados no meio oficial;

h) o ato por delegao deve mencionar expressamente esse fato e considerado adotado pelo delegado, ou seja, a responsabilidade recai sobre ele

i) Observa-se, todavia, que o ato de delegao no retira a competncia da autoridade delegante, que continua competente cumulativamente com a autoridade delegada

Em alguns casos, a lei VEDA A DELEGAAO (art. 13): atos administrativos normativos, deciso em recursos administrativos e matrias de competncia EXCLUSIVA do rgo ou autoridade.

AVOCAO

Quanto avocao, regulada em apenas um artigo da Lei n. 9784/99, segundo o qual: art. 15. Ser permitida, em carter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocao temporria de competncia atribuda a rgo hierarquicamente inferior. Prevalece na doutrina que no possvel avocar sem que exista hierarquia entre os agentes envolvidos.( Vcio de Incompetncia. Excesso de poder, funo de fato e usurpao de funo

a) Por incapacidade: A Lei 9.784/99 prev, em seu art. 18, os casos de impedimento, e no art. 20, os casos de suspeio de autoridade ou servidor pblico, praticamente nos mesmos moldes do CPC. Cumpre salientar, porm que, no Direito Administrativo, ambas as hipteses se enquadram como atos anulveis, passveis de convalidao por autoridade que no esteja na mesma situao de impedimento ou suspeio.b) Por incompetncia: ocorre por excesso de poder, usurpao de funo ou funo de fato. Ocorre excesso de poder quando o agente atua fora ou alm de sua esfera de competncias, estabelecida em lei.

Obs.: 1. abuso de poder o gnero, do qual so espcies o excesso de poder (vcio de competncia) e o desvio de poder (vcio no elemento finalidade dos atos administrativos).

O vcio de competncia (excesso de poder) admite convalidao, salvo se se tratar de competncia em razo da matria ou de competncia exclusiva. Nestes dois ltimos casos, o excesso de poder gera um ato nulo.

A usurpao da funo o crime (art. 328 do CP) que cometido por algum que no foi por nenhuma forma investido no cargo, emprego ou funo pblicos. O agente no tem nenhuma espcie de vinculo funcional com a administrao. Neste caso, a maioria da doutrina considera o ato inexistente.

Ocorre a funo de fato quando a pessoa foi investida no cargo, emprego ou funo pblica, mas h alguma ilegalidade em sua investidura ou impedimento para a prtica do ato. Ex.: idade inferior ao mnimo legal; ato praticado por servidor apos vencido o prazo da contrao.

Em funo da teoria da aparncia (para os administrados, a situao tem total aparncia de legalidade, de regularidade), o ato considerado vlido, ou pelo menos o so os efeitos dele decorrentes.

Finalidade A finalidade elemento VINCULADO de todo ato administrativo, haja vista que no se admite ato administrativo sem finalidade pblica ou desviado de sua finalidade especfica. Quem define a finalidade a ser perseguida pelo agente pblico sempre a lei. A alterao da finalidade expressa na norma legal ou implcita no ordenamento caracteriza desvio de poder, o qual torna o ato invlido.

a) FINALIDADE GERAL: a busca pelo interesse pblico;

b) FINALIDADE ESPECFICA: a finalidade que vem prevista na lei, o que alguns doutrinadores denominam de tipicidade, porque a lei estabelece para cada finalidade um ato administrativo respectivo.

( Vcio de Finalidade. Teoria do desvio do poder ou desvio de finalidade: Ocorre desvio de poder quando o agente se serve de um ato para satisfazer FINALIDADE ALHEIA natureza do ato utilizado. O desvio pode ser da finalidade geral ou da finalidade especfica do ato (agente busca uma finalidade, ainda que de interesse pblico, alheia categoria do ato). A grande dificuldade com relao ao desvio de poder a prova: o desvio de poder se comprova por meio de indcios.

FORMA A forma o modo de exteriorizao da vontade, o revestimento material do ato. Em regra, os atos administrativos devem ser escritos. Quanto forma, vige o PRINCPIO DA SOLENIDADE; para o particular, vige o informalismo. A doutrina tradicional costumava classificar a forma como elemento vinculado (ex.: HELY LOPES MEIRELLES). Atualmente esse tema controverso, sendo prefervel dizer que este elemento , em regra, vinculado, pois:

a) quando a lei no exigir forma determinada para os atos administrativos, cabe administrao adotar aquela que considere mais adequada, conforme seus critrios de convenincia e oportunidade administrativas; a liberdade da administrao , entretanto, estreita, porque a forma adotada deve proporcionar segurana jurdica e, se se tratar de atos restritos de direitos ou sancionatrios, deve possibilitar que os administrados exeram plenamente o contraditrio e ampla defesa;

b) diferentemente, sempre que a lei expressamente exigir determinada forma para a validade do ato, a inobservncia acarretar sua nulidade.( Vcio de forma

a) Em regra passvel de convalidao, ou seja, defeito sanvel que pode ser corrigido, salvo se a lei estabelecer determinada forma como essencial validade do ato. A MOTIVAO (declarao escrita dos motivos da pratica do ato), quando obrigatria, integra a forma do ato administrativo. Sua ausncia acarreta a nulidade do ato por vcio de forma. A motivao deve ser prvia ou contempornea expedio do ato. Para Celso Antnio Bandeira de Mello e Eros Roberto Grau, se o ato vinculado deve ser motivado, muito mais deve ser o ato discricionrio, a fim de demonstrar que a finalidade pblica est sendo atendida. O art. 50 da Lei 9784/99 estabelece os casos em que o ato deve ser motivado:

Art. 50. Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleo pblica; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatrio; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofcio; VII - deixem de aplicar jurisprudncia firmada sobre a questo ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatrios oficiais;VIII - importem anulao, revogao, suspenso ou convalidao de ato administrativo.Silncio administrativo. O silncio puro e simples no nada, EXCETO, quando a lei der a ele algum efeito. Silncio possui natureza de FATO JURDICO ADMINISTRATIVO.

O Poder Judicirio, no silncio do administrador, pode exercer controle sobre essa ausncia de ato (omisso), entretanto, no pode substituir a vontade do administrador, ou seja, no pode dar a resposta no lugar do administrador, mas deve fixar um prazo para cumprimento e estabelecer multa.

CELSO ANTONIO: se o ato for VINCULADO a vontade da lei; assim, o juiz pode suprir a manifestao do administrador, porque NO h juzo de valor, no h juzo de convenincia e de oportunidade. Judicirio concorda com essa posio (Ex: fornecimento de medicamentos ante o silncio administrativo). JOSE DOS SANTOS CARVALHO FILHO e DIOGENES GASPARINI no concordam com tal entendimento, aduzindo que, em face da separao de poderes, s poderia o magistrado determinar ao administrador o cumprimento de atuao comissiva (facere), proferindo deciso de carter mandamental. A doutrina majoritria doutrina entende que, na hiptese de a omisso dizer respeito a um ato DISCRICIONRIO, apenas seria possvel ao magistrado impor prazo para que a Administrao, sob pena de cominao diria de multa, oferte a motivao daquela denegao ficta, chegando CELSO ANTONIO a afirmar que o administrado faz "jus a um pronunciamento motivado, mas to-somente a isto".

Os efeitos do silncio da administrao podem ser:

a) positivos: imprescindvel a autorizao legal expressa. Implica a concesso de direitos materiais aos requerentes. S possvel falar em efeito positivo do silncio quando a providncia negligenciada pelo administrador seja de carter vinculado (a providncia discricionria implica a anlise do caso concreto para se aferir qual a soluo dita "tima", no se podendo operar os efeitos positivos do silncio em tais situaes)

b) negativos: no dependem de autorizao legal expressa. Carrega um carter eminentemente processual, j que, a despeito de no implicar a concesso de direitos materiais aos requerentes, abre as portas da instncia processual administrativa subseqente.

Se a Administrao, por meio de conduta omissiva, contraria, nega vigncia ou aplica indevida smula vinculante, cabe reclamao para o STF, aps esgotadas as vias administrativas. Para Carvalho Filho, no h possibilidade de o STF suprir a omisso, em face da separao de poderes, s podendo determinar ao administrador o cumprimento de atuao comissiva (facere), deciso de carter mandamental.

Nas hipteses de no haver previso legal especfica de prazo para a oferta de resposta pela Administrao, deve-se aplicar, subsidiariamente, o lapso de 30 dias previsto na Lei 9.784/99 (arts. 49 e 59, 1), responsvel pela regulao do processo administrativo no mbito federal.

MOTIVO O motivo ou causa a situao de direito (ou normativo) e de fato que determina (ato vinculado) ou autoriza (ato discricionrio) a realizao do ato administrativo. ILEGALIDADE ou VCIO DO MOTIVO: o motivo no existe ou falso; motivo for ilegal; motivo for incompatvel com o resultado/motivo ilegtimo (ou juridicamente inadequado) Ex.: servidor reprovado em estgio probatrio por apresentao pessoal imprpria, mas a lei no prev esse fato como motivo para tanto.

DISTINES importantes:a) motivo e mvel: o mvel a vontade, o que est na cabea do administrador;

b) motivo e motivao: a motivao a fundamentao, a exteriorizao formal dos motivos no ato administrativo. Trata-se da justificativa, ligada forma do ato.

TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES: Em regra, destina-se aos atos adm. discricionrios que dispensam motivao. Apresentados os motivos no ato adm. que prescindia de motivao, a autoridade administrativa fica a eles vinculados. Ou seja, uma vez enunciados os motivos do ato pelo agente, ainda quando a lei no haja expressamente imposto, o ato s ser vlido se estes realmente ocorreram e justificaram o ato. Assim, a invocao de motivos de fato falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados viciam o ato administrativo. H corrente que defende que essa teoria aplica-se tanto a atos vinculados como discricionrios. STJ j entendeu aplicvel essa teoria em caso de ato administrativo vinculado: apostilamento no cargo pblico quando a Administrao Pblica impe ao servidor empossado por fora de deciso liminar a necessidade de desistncia da ao judicial como condio para o apostilamento e, na sequncia, indefere o pleito justamente em razo da falta de deciso judicial favorvel ao agente (MS 13.948-DF, Rel. Min. Sebastio Reis Jnior, julgado em 26/9/2012) Informativo 505, STJ.

Em alguns casos, os atos no precisam de motivao: exonerao ad nutum, ou seja, exonerao de cargo em comisso, de livre nomeao e exonerao, o administrador coloca e tira livremente. Mas se o administrador disser qual o motivo (exemplo: falar que seria para racionalizar a mquina administrativa), nesse caso, no pode contratar outra pessoa para o cargo, sob pena de ilegalidade. O administrador no precisava dar os motivos, mas, se os der, estar a eles vinculado.

OBS: TREDESTINAO: exceo ao princpio da TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. um instituto peculiar da desapropriao, por meio do qual se autoriza a mudana de destino do bem desapropriado, se for no interesse pblico (D.L. 3.365/41).

OBJETO

CELSO ANTONIO afirma que o OBJETO diferente do CONTEDO. O objeto sobre o que se decide e o contedo a deciso, o prprio ato, em sua essncia. O contedo elemento do ato, o objeto PRESSUPOSTO DE EXISTNCIA do ato.

a) no ato vinculado: motivo e objeto so vinculados. A um motivo corresponde um nico objeto, sendo a prtica do ato obrigatria;

b) no ato discricionrio: motivo e objeto so discricionrios. h liberdade de valorao do motivo e, consequentemente, da escolha do objeto, dentre os autorizados por lei.

So os elementos motivos e objeto que permitem verificar se o ato discricionrio ou vinculado. O binmio motivo-objeto determina o mrito administrativo (MARCELO ALEXANDRINO e VICENTE PAULO).Requisitos do objeto:

o resultado prtico do ato administrativo, tambm chamado de efeito imediato do ato administrativo. Para ser lcito, o objeto deve estar previsto na LEI, no basta a no vedao.

O objeto do ato administrativo precisa ser possvel, do ponto de vista ftico.

O objeto deve ser determinado, ou seja, bem definido.

( Vcio de objeto:

insanvel, sempre levar nulidade do ato. OBS: Jos dos Santos Carvalho Filho afirma que possvel a convalidao do vcio no objeto do ato administrativo, quando se tratar de ato com OBJETO PLRIMO.RESUMO DA DIVERGNCIA DE CELSO ANTONIOPara CELSO ANTONIO, o termo elementos do ato administrativo sugere a ideia de parte componente de um todo, entretanto alguns elementos aqui elencados no podem ser considerados partes do ato porque so exteriores a ele (Ex: competncia do agente pblico, e, no, do ato administrativo), surgindo assim a expresso pressupostos que sero divididos em pressupostos de existncia e pressupostos de validade. Sem os elementos e os pressupostos de existncia, no h ato administrativo. Sem os pressupostos de validade, no h ato administrativo vlido.

Estabelece o autor (CABM), ento, que so:

Elementos do ato: realidades intrnsecas ao ato: so contedo ou o objeto e a forma. Pressupostos de existncia: objeto e pertinncia do ato ao exerccio da funo administrativa;

Pressupostos de validade: 1. subjetivo (sujeito); 2. objetivos (motivo e requisitos procedimentais); 3. teleolgico (finalidade); 4. lgico (causa) e formalstico (formalizao).

I.3) Mrito AdministrativoO tema tem pertinncia em relao aos atos discricionrios. A convenincia (indica em que condies vai se conduzir o agente) e a oportunidade (definio do momento mais adequado para a prtica do ato) configuram o mrito administrativo que est situado no MOTIVO e no OBJETO do ato administrativo (elementos discricionrios do ato administrativo).

OBS: Lembrar que, para certo segmento doutrinrio, a FORMA apesar de ser, em regra vinculada permite certa discricionariedade quanto escolha, se no houver exigncia legal expressa de forma determinada, observando-se critrios que ofeream segurana jurdica aos destinatrios do ato.

OBS: O exame dos atos administrativos pelos critrios da razoabilidade e da proporcionalidade controle de legalidade, e, no, de mrito.

O Poder Judicirio nunca revoga atos administrativos (prprio do controle de mrito), apenas os anula no exerccio da funo jurisdicional.

ATOS VINCULADOS E DISCRICIONRIOS

Atos VINCULADOS so aqueles para os quais a LEI estabelece os requisitos e as condies para sua realizao, absorvendo quase por completo a liberdade do administrador.

Atos DISCRICIONRIOS so aqueles em que o Administrador tem certa liberdade de escolha de seu contedo, de seu destinatrio, de sua convenincia, de sua oportunidade e do modo de sua realizao. No se confunde discricionariedade com arbitrariedade. Ao agir arbitrariamente, o agente estar agredindo a ordem jurdica, pois ter se comportado fora do que lhe permite a lei. Seu ato, em conseqncia, ilcito e por isso mesmo corrigvel judicialmente. Ao agir discricionariamente, o agente estar, quando a lei lhe outorga tal faculdade (que simultaneamente um dever), cumprindo a determinao normativa de melhor meio de dar satisfao ao interesse pblico.I.4) ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVOSo os seguintes: a presuno de legitimidade, a imperatividade, e a auto-executoriedade. H ainda para MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO a tipicidade.a) A presuno de legitimidadeAutoriza a imediata execuo/aplicao do ato administrativo, mesmo que se tenha arguido vcio que possa conduzi-lo invalidade. Assim, enquanto no forem declarados nulos, os atos tm plena validade, tanto para a Administrao Pblica quanto para os particulares sujeitos ou beneficirios de seus efeitos. A presuno relativa (iuris tantun).

Tem-se como consequncias jurdicas desse atributo:

o nus da prova da de quem alega o vicio;

MSZD: o Judicirio no pode apreciar ex officio a validade do ato, no se aplicando o art. 168 do CC.

A autora MSZD desmembra esse atributo em duas facetas:

presuno de legitimidade: a interpretao e a aplicao da norma jurdica pela administrao foram corretas;

presuno de veracidade: os fatos alegados pela administrao existem, ocorreram em so verdadeiros.

b) A imperatividade, coercibilidade ou poder extroverso traduz a possibilidade de a administrao pblica, unilateralmente, criar obrigaes para os administrados ou impor-lhes restries. No inerente a todos os atos, mas apenas queles que impem obrigaes para o administrado e que devem ser obedecidos sem o seu consentimento

c) A auto-executoriedade consiste na possibilidade que certos atos administrativos tm de provocar a imediata execuo pela Administrao, independentemente de ordem judicial. (Exceo: execuo das multas administrativas - exigibilidade), inclusive mediante o uso da fora, se necessria. Ex.: retirada forcada de moradores de um prdio que ameaa ruir, dissoluo de passeata.

Os autores afirmam que a autoexecutoriedade existe em duas situaes:

a lei expressamente prev: no que o ato autoexecutrio, mas que pode ser adotado em uma determinada situao (ex.: reteno de cauo em matria de contratos adminisrativos; apreenso de mercadorias);

em situaes de urgncia: pode adotar um ato no expressamente previsto, em prol da segurana coletiva, evitando maior leso ao interesse pblico (ex.: demolio de prdio que ameaa ruir). No h violao ao contraditrio e ampla defesa, porque esses princpios sero observados posteriormente (contraditrio e ampla defesa diferidos). Tais medidas de polcia muitas vezes deflagram o procedimento administrativo.

JOS DOS SANTOS CARVALHO FILHO: Em algumas hipteses, o ato administrativo fica despido desse atributo, o que obriga a Administrao a recorrer ao Judicirio. Cite-se, como exemplo, a cobrana de multa ou a desapropriao. Ambas as atividades impem que a Administrao ajuze a respectiva ao judicial.

OBS: Ainda sobre o assunto, registre-se que se mantm a autoexecutoriedade em relao s multas aplicadas em decorrncia de inadimplemento de contrato administrativo, Neste caso, a administrao pode executar diretamente a penalidade, por fora do art. 80, III (desconta a multa da garantia prestada) e 86, 3 e 1 (desconta as multas do valor que eventualmente deva ao contratado) da Lei n. 8666/96.

CABM faz a distino entre:

a) exigibilidade: obrigao que o administrado tem de cumprir o ato; possibilidade de a administrao criar obrigao para o particular, unilateralmente;

b) executoriedade: possibilidade de a administrao praticar o ato ou compelir, direta e materialmente, o administrado a pratic-lo (coao material). Quando a administrao s pode usar meios indiretos para compelir o administrado prtica do ato (ex.: multa), a imposio exigvel, mas no executria.

d) A tipicidade decorre da legalidade e significa que todo ato administrativo deve corresponder a figuras previamente definidas pela lei como aptas a produzir determinados resultados.

SNTESE: ATOS ADMINISTRATIVOS: ELEMENTOS E ATRIBUTOS:

ATRIBUTOSPRESUNO DE LEGITIMIDADE

(conforme a Lei)

PRESUNO DE VERACIDADE

(conforme os Fatos)

IMPERATIVIDADE(Imposio a terceiros, independente de sua concordncia)

AUTO-EXECUTORIEDADE(Pode ser executado pela prpria administrao, sem necessidade do Judicirio).ELEMENTOS

COMPETNCIA/ SUJEITO ( aquele que a lei atribui competncia para a prtica do ato)

OBJETO/ CONTEDO ( o efeito jurdico imediato que o ato produz. Basta verificar o que o ato ENUNCIA, PRESCREVE, DISPE).

FORMA (Art. 22 da Lei 9784/99). Os atos no dependem de forma determinada seno quando lei expressamente a exigir.

FINALIDADE ( o resultado que a administrao quer alcanar. Efeito jurdico MEDIATO. Sucede prtica do ato, corresponde a algo que a administrao quer alcanar).MOTIVO ( o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo. Motivo diferente de motivao).

MOTIVO ATO FINALIDADE

(resultado pressuposto)

I.5) ESPCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

a) ATOS NORMATIVOS so aqueles que contm um COMANDO GERAL, visando correta aplicao da lei. A essa categoria pertencem os decretos regulamentadores, os regimentos, as resolues, as deliberaes e as portarias de contedo geral. O decreto regulamentar autnomo, no Brasil, analisado sob o ponto de vista de trs correntes:

1 corrente: Hely Lopes Meirelles possvel decreto regulamentar autnomo no Brasil sempre e em qualquer caso.

2 Corrente: Celso Antnio Bandeira de Mello e Carvalho Filho no possvel decreto regulamentar autnomo no Brasil.

3 Corrente: Maria Sylvia Di Pietro e STF corrente essa que a mais aceita, diz que o decreto regulamentar autnomo no Brasil , excepcionalmente, possvel na hiptese do art. 84, VI da CF/88 (Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repblica: (...) VI dispor, mediante decreto, sobre: a) ORGANIZAO e FUNCIONAMENTO da administrao federal, quando no implicar aumento de despesa nem criao ou extino de rgos pblicos; b) EXTINO de funes ou cargos, quando vagos). De se observar ainda que esses decretos autnomos podem ser delegados pelo Presidente da Repblica aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repblica ou ao Advogado-Geral da Unio, que observaro os limites traados nas respectivas delegaes. Isso est no pargrafo nico do art. 84 da CF/88. Decidiu o STF, em 2008:

"[...] Execuo de lei inconstitucional. Carter residual de decreto autnomo. Possibilidade jurdica do pedido. Precedentes. admissvel controle concentrado de constitucionalidade de decreto que, dando execuo a lei inconstitucional, crie cargos pblicos remunerados e estabelea as respectivas denominaes, competncias, atribuies e remuneraes. Inconstitucionalidade. [...]" (ADI 3.232, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 14-8-2008, Plenrio, DJE de 3-10-2008.) No mesmo sentido: ADI 3.983e ADI 3.990, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 14-8-2008, Informativo 515.

b) Atos ordinatrios so aqueles que visam disciplinar o funcionamento da Administrao e a conduta funcional de seus agentes. Pode-se destacar entre essa categoria as instrues, as circulares, os avisos, as portarias, as ordens de servio, os ofcios e os despachos.

c) Atos negociais so aqueles que contm declarao de vontade do Poder Pblico coincidente com a pretenso do particular, visando a concretizao de negcios jurdicos pblicos ou a atribuio de certos direitos ou vantagens ao interessado. Ex: Licena (ato vinculado) e Autorizao (ato discricionrio).

d) Atos enunciativos so aqueles em que a Administrao se limita a CERTIFICAR ou a ATESTAR um fato, ou EMITIR uma OPINIO sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado.

e) Atos punitivos so aqueles que contm uma sano imposta a quem violar disposies legais, regulamentares ou ordinatrias dos bens ou servios pblicos.

I.6) CLASSIFICAO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

1. Quanto aos seus destinatrios:

a) Atos gerais ou regulamentares: So atos de comando abstrato e impessoal, revogveis, a todo tempo pela Administrao, e inalterveis pelo Judicirio, salvo na hiptese de inconstitucionalidade (ou ilegalidade). Exemplos: regulamentos, circulares de servio e instrues normativas.

b) Atos individuais ou especiais: So os dirigidos a destinatrios certos ou determinados, conferindo-lhes direitos ou impondo-lhes encargos. Exemplos: atos de desapropriao, de nomeao, de exonerao etc.

2. Quanto ao seu alcance:

a) Atos internos: Destinam-se produo de efeitos dentro das reparties, de tal modo que incidem, em regra, sobre os rgos e agentes da Administrao que os expediu. Exemplos: Portarias e instrues ministeriais que disponham s para os seus funcionrios.

b) Atos externos ou de efeitos externos: So os que alcanam os administrados, os contratantes e, em certas hipteses, at os prprios servidores, provendo sobre seus direitos, negcios, obrigaes ou condutas perante o Poder Pblico.

3. Quanto ao seu objeto:

a) Atos de imprio ou de autoridade: So todos aqueles que a Administrao pratica usando de sua supremacia sobre o administrado ou servidor e lhe impe obrigatrio atendimento. Exemplos: desapropriaes, interdies de atividade, ordens estatutrias.

b) Atos de gesto: Correspondem aos que a Administrao pratica sem fazer uso de sua supremacia sobre os destinatrios. Ocorre nos atos de administrao dos bens e servios pblicos. Nova Lei do Mando de Segurana, art. 1, par. 2: "No cabe mandado de segurana contra os atos de gesto comercial praticados pelos administradores de empresas pblicas, de sociedade de economia mista e de concessionria de servio pblico."

c) Atos de expediente: So os que se destinam a dar andamento aos processos e papis que tramitam pelas reparties pblicas, preparando-os para a deciso de mrito a ser proferida pela autoridade competente.

4. Quanto ao seu regramento:

a) Atos vinculados ou regrados: So aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condies de sua realizao. Nessa categoria de atos, as imposies legais absorvem, quase que por completo, a liberdade do administrador, uma vez que sua ao fica adstrita aos pressupostos estabelecidos pela norma legal, para a validade da atividade administrativa.

b) Atos discricionrios: So os que a Administrao pode praticar com liberdade de escolha de seu contedo, de seu destinatrio, de sua convenincia, de sua oportunidade e do modo de sua realizao.

5. Quanto formao

a) Simples aquele que s tem uma manifestao de vontade, mesmo que praticado por vrios agentes (rgo colegiado).

b) Composto aquele que depende de mais de uma manifestao de vontade, sendo a primeira principal e a segunda secundria, ou seja, a primeira manifestao decisria e a segunda no sentido de ratificar a primeira. Ex: atos que dependem de visto do chefe. Divergncia: alguns doutrinadores complementam dizendo que as manifestaes devem ser de um mesmo rgo.

c) Complexo depende de mais de uma manifestao, em patamar de igualdade, em rgos diferentes. Ex: nomeao de dirigente de agncia reguladora, onde o senado aprova e o presidente da Repblica nomeia.

DI PIETRO, minoritria, entende que as nomeaes de autoridades ou dirigentes de entidades da Administrao sujeitas aprovao prvia pelo Poder Legislativo constituem exemplos de atos compostos. Cita como exemplo a nomeao do Procurador-Geral da Repblica e das demais autoridades previstas no art. 52 da CF/88).

6 Quanto estrutura do ato

a) Ato abstrato aquele que no atinge uma situao concreta, determinada, ou seja, atinge uma situao geral, abstrata.

b) Ato concreto - aquele que constitui uma situao especfica, ex: desapropriao da casa de Jos.

I.7) FORMAO DOS ATOS ADMINISTRATIVOSATO PERFEITO: aquele que concluiu o seu crculo de formao; se no concluiu ele no existe, sendo considerado um ATO IMPERFEITO.

ATO VLIDO: aquele que cumpre todas as exigncias legais; se no cumpre ele invlido, ilegal.

ATO EFICAZ: aquele ato que produz efeitos e no depende de condio ou termo.

Um ato pode ser:

a) perfeito, vlido e eficaz

b) perfeito, invlido e eficaz ex.: designao, produz efeitos at a sua declarao de invalidade (ex tunc).

c) perfeito, vlido e ineficaz. Ex.: celebrao de contrato sem publicao (condio de eficcia do ato administrativo), art. 61, pargrafo nico da Lei 8.666/93.

d) perfeito, invlido e ineficaz. Ex.: celebrao de contrato sem licitao e sem publicao.

1.9) EXTINO DO ATO ADMINISTRATIVOI) quando h o CUMPRIMENTO de seus efeitos:- esgotamento do contedo jurdico (o gozo de frias);

- execuo material (uma demolio);

- implemento de condio resolutiva ou termo final

Diz-se, neste caso, que h um ato exaurido.

II) desaparecimento do sujeito ou do objeto: Ex: morte extingue os efeitos da nomeao, a tomada pelo mar de um terreno de marinha extingue a enfiteuse.

III)retirada do ato pelo Poder Pblico (ato concreto)

a) revogaob) invalidaoc) CASSAO a retirada do atoem razo do descumprimento de condies inicialmente impostas.

d) CADUCIDADE retirada em razo da SUPERVENINCIA de NORMA JURDICA que tornou inadmissvel a situao anterior.e) contraposio ou derrubada atos de competncias diversas, mas, com efeitos contrapostos. Ex. exonerao de um funcionrio que aniquila os efeitos do ato de nomeao.

IV) renncia extino dos efeitos porque o beneficirio abre mo ex. renuncia a um cargo de Secretrio.

1.10) ANULAO E REVOGAOANULAO ocorre quando h uma ILEGALIDADE ou ILEGITIMIDADE (ofensa lei ou ao direito como um todo) consubstanciada um vcio insanvel. Em decorrncia de obedincia ao princpio da legalidade h dever de anular, porque, se o ato ilegal, h contrariedade ao ordenamento. Tanto Administrao (autotutela) quanto ao Judicirio cabe o ato de anulao. O Poder Judicirio sempre tem a anlise da legalidade. H duas smulas do STF tratando do assunto:

Smula 346. A administrao pblica pode declarar a nulidade dos seus prprios atos.

Smula 473. A administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial.

A ANULAO ir produzir EFEITOS RETROATIVOS (ex tunc). Para CABM, se o ato ampliativo de direitos, deve-se aplicar os efeitos ex nunc.

Vai se firmando o entendimento de que quando afetar interesses ou direitos de terceiros, deve ser precedida de contraditrio. O art. 64 da Lei n. 9784/99 corrobora esse entendimento.O prazo para a anulao de 05 (CINCO) anos. Trata-se de prazo DECADENCIAL, a Lei 9784/99 (Processo Administrativo). Mas, o Poder Judicirio poder, mesmo depois do prazo, rever o ato. Nos termos da lei, esse prazo decadencial s existe em caso de BOA-F do administrado. Havendo m-f, no h prazo para a anulao (art. 53 da Lei 9.784/99: O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, SALVO COMPROVADA M-F.

Emagis 16.13 Segundo a jurisprudncia pacificada pelo STJ, o prazo decadencial para o exerccio da autotutela administrativa somente surgiu em 1999; antes disso, no havia norma legal alguma que impusesse tal prazo Administrao Pblica, sob pena de decair no direito de anular os seus prprios atos. (STJ, Corte Especial, MS 9122, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe de 03/03/2008).

STF, Reviso de anistia poltica e decadncia: [...] o art. 54 da Lei 9.784/99 no estabeleceria o prazo decadencial de cinco anos para que a Administrao revisse seus atos, mas sim para a anulao de atos administrativos dos quais decorressem efeitos favorveis para os destinatrios, salvo comprovada m-f. Info 656, RMS 30973/DF, rel. Min. Crmen Lcia, 28.2.2012; RMS 30975/DF, rel. Min. Crmen Lcia, 28.2.2012.

Emagis 49.12 A apreciao, pelo Tribunal de Contas da Unio, quanto legalidade das concesses de aposentadorias, reformas e penses, para fins de registro (CF, art. 71, III), no se sujeita ao prazo decadencial disciplinado pelo art. 54 da Lei 9.784/99, porque antes dessa anlise sequer h ato administrativo, que, sendo complexo, somente se aperfeioaria aps o registro da aposentadoria pelo Tribunal de Contas. Apenas depois disso que se pode falar em contagem desse prazo decadencial.

Emagis 49.12 A contagem da decadncia para o exerccio da autotutela administrativa (art. 54 da Lei 9.784/99), em se tratando de aposentadoria de servidor pblico, somente tem incio com o registro do Tribunal de Contas (CF, art. 71, III) que homologa a anterior concesso da aposentadoria pelo rgo de origem. que, neste caso, enxerga-se tpico ato administrativo complexo que somente se aperfeioa com o registro pela Corte de Contas (STJ, EREsp 1.240.168-SC, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgados em 7/11/2012 INFO 508).

STF, TCU e decadncia administrativa. O disposto no art. 54 da Lei 9.784/99 no se aplica aposentadoria, porque esta reclama atos sequenciais. Com base nessa orientao, a 1 Turma denegou mandado de segurana impetrado contra julgado do TCU. Este, ao apreciar a legalidade, para fins de registro, de atos concessrios de aposentadoria, determinara a glosa dos proventos considerada a incorporao da Unidade de Referncia de Preos - URP concernente ao ms de fevereiro/89, no total de 26,05%, bem assim a restituio dos valores pagos durante a pendncia do julgamento de eventuais recursos. Alegava-se decadncia administrativa, alm de nulidade por ofensa aos princpios da coisa julgada, do contraditrio, da ampla defesa, da segurana jurdica, da boa-f, da razoabilidade, da moralidade e da separao dos Poderes. Arguia-se que se trataria de valor percebido h mais de 17 anos assegurado por ttulo judicial. Por fim, assinalava-se a inobservncia ao disposto na Smula Vinculante 3 (Nos processos perante o Tribunal de Contas da Unio asseguram-se o contraditrio e a ampla defesa quando da deciso puder resultar anulao ou revogao de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciao da legalidade do ato de concesso inicial de aposentadoria, reforma e penso). O Colegiado consignou que o contraditrio requereria, a teor do disposto no art. 5, LV, da CF, litgio ou acusao no alcanando os atos alusivos ao registro de aposentadoria. Ademais, reputou-se inexistir coisa julgada presente a situao de inativo. MS 28604/DF, rel. Min. Marco Aurlio, 4.12.2012. INFO 691.

Classificao: nulos, anulveis e inexistentes. Trata-se de assunto polmico na doutrina, pois nem todos admitem a anulabilidade.

Duas so as teorias aplicveis: a Monista e a Dualista.Pela Teoria Monista no h distino em ato nulo e anulvel, pois no mbito da Administrao Pblica todas as normas so de ordem pblica, cogentes. . A distino do Direito Privado entre atos anulveis e atos nulos apoia-se em que os primeiros ofendem interesses privados, disponveis pelas partes, e os segundos, interesses pblicos, indisponveis. Da sua inaplicabilidade ao Direito Administrativo, pois a invalidade do ato administrativo ofender sempre um interesse pblico e por isso coincidir com a nulidade. Assim, o ato feito em desconformidade com a lei nulo de todo efeito, no se convalidando nunca. Defendida por Hely Lopes.

J pela Teoria Dualista a distino entre nulo e anulvel justificada. O ato anulvel , pois, o ato passvel de convalidao, conforme doutrina. Prevalece a Dualista. (http://jus.com.br/artigos/3185/prescricao-e-decadencia-no-ambito-da-administracao-publica-e-sua-relacao-com-o-poder-de-imperio#ixzz2jNs0THd3)

Nesses termos, conclui-se que:

ATO VLIDO aquele que preenche todos os requisitos previstos no ordenamento jurdico, ou seja, no tem defeito algum.

ATO INEXISTENTEO vcio contido no ato to grave que ele nem sequer existe e no produz efeitos. Ato decorrente de conduta criminosa.Caractersticas: a) so imprescritveis; b) jamais podem ser convalidados ou objeto de converso; c) cabvel o direito de resistncia, inclusive manu militari; d) uma vez proclamado o vcio em que incorreram, em nenhuma hiptese so ressalvados efeitos pretritos que hajam produzido.

ATO NULO o ato defeituoso que no admite convalidao, mas produz efeitos at ser declarado invlido.

ATO ANULVEL o ato que tem defeito sanvel, ou seja, admite convalidao, de competncia e forma. Se o defeito for muito grave, no ser possvel a convalidao. A convalidao faculdade ou dever? H divergncia doutrinria, alguns pensam que se trata de um dever, porque o Estado tem que salvar o ato (majoritria), em razo do princpio da economia da administrao. Mas, quando a convalidao causar mais prejuzo melhor no convalidar.

ATO IRREGULAR o ato que tem uma pequena falha, mas que no causa prejuzo algum. No depende de reviso, por ser irrelevante. Normalmente, esto relacionados forma. No sero revistos e nem convalidados, os atos continuam como esto.

A Administrao tem, em regra, o dever de anular os atos ilegais, sob pena de cair por terra o princpio da legalidade. No entanto, poder deixar de faz-lo em circunstncias determinadas, quando o prejuzo resultante da anulao puder ser maior do que o decorrente da manuteno do ato ilegal; nesse caso, o interesse pblico que nortear a deciso.

Consoante j referido acima, Os vcios podem atingir os 5 elementos do ato:

1) Sujeito: vcio por incompetncia ou por incapacidade.

2) Objeto: o objeto deve ser lcito, possvel (de fato e de direito), MORAL E DETERMINADO3) Forma: quando a lei expressamente a exige ou quando determinada finalidade s possa ser alcanada por determinada forma.

4) Motivo:inexistncia ou sua falsidade.

5) Finalidade: trata-se do desvio de poder ou desvio de finalidade,Uma questo terminolgica precisa ser esclarecida. Diferentemente do Direito Privado, em que o termo anulao refere-se invalidao de atos anulveis e a expresso nulificao corresponde invalidao de atos nulos, no Direito Administrativo no se faz usualmente essa distino. Assim, anulao e invalidao so tratados como sinnimos, muito embora no se negue a existncia de atos administrativos nulos e anulveis. O critrio a ser utilizado para diferenciar os atos nulos dos anulveis o da sanabilidade dos vcios e a consequente possibilidade de convalidao.INVALIDAO E DEVER DE INDENIZARa) se o administrado no teve despesas =>no h indenizao;

b) se o administrado j desenvolveu de boa-f atividade dispendiosa =>cabe indenizao pelas despesas efetuadas.

Direito de resistncia contra atos invlidos.

Manu militari =>s atos inexistentesNo obedincia => conta e risco para o administrado => ser legtima se o judicirio invalidar e ser ilegtima em caso contrrio.

REVOGAOAto administrativo discricionrio pelo qual a prpria administrao extingue um ato vlido que no mais CONVENIENTE ou OPORTUNO, assim, os efeitos da revogao so ex nunc. Natureza Jurdica da revogao (para Hely): constitutiva negativa (para a invalidade, o efeito o declaratrio e, conforme o caso, ex tunc).

1) no existe revogao da revogao: A revogao do ato revogador no tem efeitos repristinatrios automticos.

2) Na Lei 8.666/93 (Licitaes), art 49, caput, as razes de interesse pblico devem ser SUPERVENIENTES ao ato, sendo necessria a comprovao (Art. 49. A autoridade competente para a aprovao do procedimento somente poder revogar a licitao por razes de interesse pblico decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anul-la por ilegalidade, de ofcio ou por provocao de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado).

3) Quando a revogao atinge ato ainda ineficaz, a doutrina a apelida de mera retirada.

Quanto competncia para revogar, s a detm aquele que o praticou ou tenha poderes para dele conhecer de ofcio ou por via de recurso.

Atos irrevogveis:

a) atos vinculados nunca houve a verificao de convenincia nesses atos, portanto no se pode falar em revogao por falta de convenincia e oportunidade. EXCEO: As licenas, em regra, no permitem a retirada por revogao, salvo, nos termos da jurisprudncia do STF (RE 105634, Relator(a): Min. FRANCISCO REZEK, Segunda Turma, julgado em 20/09/1985), quando se tratar de licena para construo de obra no iniciada (REVOGABILIDADE COM INDENIZAO). Jos dos Santos Carvalho Filho critica essa deciso, aduzindo que a soluo mais tcnica seria desapropriar o direito de construir.b) atos declarados pela lei como irrevogveis.

c) atos que produziram direitos adquiridos est-se protegendo a segurana jurdica.

d) atos de efeitos exauridos.

e) atos de deciso em processo administrativo contencioso podem ser objeto de recurso, mas no podem ser revogados. O processo pode ser TODO revogado, mas, no pode somente o ato anterior ser revogado, quando j tenha sido praticado o ato seguinte.

atos de controle os atos de fiscalizao no podem ser revogados.

CONVALIDAOAto administrativo pelo qual suprido o vcio sanvel existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos. Pode derivar da Administrao ou do administrado. Fundamento: o interesse pblico nem sempre ser mais bem atendido com a invalidao do ato; pode-se tutelar a boa-f e a segurana jurdica por meio da convalidao.

Para Celso Antnio, no h discricionariedade: sempre que possvel, deve ser feita (exceto em ato discricionrio viciado por incompetncia: a autoridade competente pode refazer o juzo de discricionariedade). Diz que a convalidao do ato: (a) modo de recompor a legalidade; (b) tem em seu abono a tutela da segurana jurdica e da boa-f. Assim, quando o art. 55, Lei 9784/99 fala que Art. 55. Em deciso na qual se evidencie no acarretarem leso ao interesse pblico nem prejuzo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanveis podero ser convalidados pela prpria Administrao, na verdade, estabelece um dever de convalidar.

NO SE ADMITE convalidao quanto COMPETNCIA EXCLUSIVA, ao MOTIVO (ou ocorreu ou no), FINALIDADE (ou atende originalmente ao fim ou no) e ao CONTEDO (pode admitir a converso). So hipteses de vcio insanvel.

A Lei, explicitamente, trouxe duas hipteses de convalidao de atos administrativos defeituosos, o que nos permite falar em ato administrativo anulvel (aquele eivado de defeitos sanveis). So as seguintes as hipteses de convalidao previstas na Lei 9.784/99:

1) quando os efeitos do ato viciado forem favorveis ao administrado, a Administrao dispor de cinco anos para anul-lo, prazo este decadencial. Findo este prazo sem manifestao da Administrao, convalidado estar o ato e definitivos sero os efeitos dele decorrentes, salvo comprovada m-f (do beneficirio). Trata-se de hiptese de CONVALIDAO TCITA.

2) o art. 55 prev a possibilidade de CONVALIDAO EXPRESSA, por iniciativa da Administrao, quando dos defeitos do ato no resulte leso ao interesse pblico ou a terceiros. A Lei expressamente utiliza o termo defeitos sanveis para referir-se a tais vcios.

No basta que a convalidao no cause prejuzo a terceiros para que possa se implementar validamente: em verdade, o que mais interessa que no cause leso ao interesse pblico.Existem trs espcies de convalidao: a) ratificao, que supre vcio de competncia; b) reforma, que suprime a parte invlida do ato anterior; e c) converso: alterao completa do ato. Por meio da converso, a Administrao converte um ato invlido em ato de outra categoria, com efeitos retroativos data do ato original. Ex.: concesso de uso feita sem licitao quando a lei exige, convertida em permisso precria onde no h tal exigncia.

DVIDA: Pode o Judicirio convalidar um ato administrativo? Partindo-se da ideia de CABM de que, diante do silncio administrativo sem respaldo legal, o Judicirio pode substituir-se Administrao e praticar o ato vinculado exigido pelo jurisdicionado, estaria tambm aberta a via da convalidao para o Judicirio? H, na doutrina, quem entenda que sim, exceto no caso da convalidao de ato viciado por motivo de competncia para a prtica de ato discricionrio, que a nica hiptese em que a convalidao facultativa.

O TRF 5 J ADMITIU A POSSIBILIDADE DE O JUDICIRIO CONVALIDAR ATO ADMINISTRATIVO: A convalidao, pelo Judicirio, do resultado final do concurso, no implica usurpao de atribuies tpicas da Universidade, mas o realce do papel desempenhado pela administrao na conduo de um procedimento complexo, til, necessrio e urgente. (TRF5, PROCESSO: 200881000051713, AC460292/CE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO NAVARRO, Quarta Turma, JULGAMENTO: 17/03/2009, PUBLICAO: DJ 17/04/2009 - Pgina 436)

PROCESSO ADMINISTRATIVOConceito Conjunto de atos coordenados e interdependentes necessrios a produzir uma deciso final a respeito de alguma funo ou atividade administrativa (Dirley da Cunha Jnior). Todo ato da administrao (ato jurdico ou fato material) fica documentado em um processo administrativo.

Processo x Procedimento.

O procedimento e o processo administrativo no se confundem. O primeiro corresponde ao rito e realizado no interior do processo, para viabiliz-lo. O segundo, processo administrativo, implica, alm do vnculo entre atos, vnculos jurdicos entre sujeitos, englobando direitos, deveres, poderes, faculdades, na relao processual. (Elias Rosa citando a Professora Odete Medauar). Em outras palavras, procedimento a forma pela qual o processo se materializa.

Objetivos do processo administrativo: Documentao de atos; Garantia - impede que a Administrao cometa abusos contra o servidor e contra o particular(administrado); Transparncia no servio pblico.

Espcies (segundo Celso Antnio Bandeira de Mello)

Procedimentos restritivos ou ablatrios: restringem um direito do administrado. Podem ser:

a) meramente restritivos ou oblativos - no sancionador, como as revogaes em geral;

b) sancionadores - preordenam aplicao de uma sano, como nas interdies de direitos ou no processo administrativo contra funcionrio que praticou falta.

Procedimentos ampliativos: concedem ou ampliam direitos dos administrados, como as concesses, licenas, permisses, autorizaes, registro de marcas e patentes.

Princpios do Processo Administrativo (Celso Antnio Bandeira de Melo):1) Princpio da audincia do interessado - o direito ao contraditrio. Significa oportunizar ao administrado se manifestar, sempre que se fizer necessrio.Cf. art. 45, Lei 9784/99:Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administrao Pblica poder motivadamente adotar providncias acauteladoras sem a prvia manifestao do interessado. (CONTRADITRIO DIFERIDO)

2) Princpio da Acessibilidade aos elementos do expediente direito da parte de examinar toda a documentao constante dos autos. Encontra respaldo no direito assegurado a todos de receber dos rgos pblicos informaes (art. 5, XXXIII, CF), de obter certides (art. 5, XXXIV, b, CF), de conhecer dados em poder da administrao (habeas data, art.5, LXXII, CF), bem como no Princpio da Publicidade (art. 37, CF), ressalvadas as hipteses de sigilo, quando indispensvel ao interesse pblico. O art. 2, pargrafo nico, inc. V, lei 9784/99, prev a: divulgao oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipteses de sigilo previstas na Constituio. Alm disso, o art. 46, do mesmo diploma, consagra o direito de vista e de obteno de certides e cpias dos dados e documentos do processo, ressalvando as informaes de terceiros protegidas pelo sigilo ou pelo direito privacidade, honra e imagem.

3) Princpio da ampla instruo probatria Significa no apenas o direito de oferecer e produzir provas, mas tambm o de fiscalizar a produo de provas da Administrao, isto , o de estar presente, se necessrio, a fim de verificar se efetivamente se efetuaram com correo ou adequao tcnica devidas. O art. 2, pargrafo nico, inc. X, lei 9784/99, estabelece como critrio a ser observado no processo administrativo: garantia dos direito comunicao, apresentao de alegaes finais, produo de provas e interposio de recursos, nos processos de que possam resultar sanes e nas situaes de litgio.

4) Princpio da motivao obrigatoriedade de explicitar tanto os fundamentos normativos, quanto os fticos das decises, de modo a assegurar a transparncia da Administrao Pblica. O art. 2, pargrafo nico, inc. VII, lei 9784/99, prev a: indicao dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a deciso. O art. 50, lei 9784/99 contempla tal princpio, dispondo que a motivao deve ser explcita, clara e congruente ( 1). Tal dispositivo, todavia, reduz o mbito de incidncia obrigatria desse princpio, pois arrola as hipteses em que os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e fundamentos jurdicos (vide art. 50). Conclui-se, a contrariu sensu, que afora tais hipteses, o ato administrativo prescinde de motivao. Celso Antnio Bandeira de Melo entende inconstitucional tal restrio, pois embora abarque importantes situaes, em um pas onde frequentemente so praticados favoritismos e liberalidades, a motivao se faz extremamente necessria tambm em atos ampliativos, no contemplados na enumerao.

5) Princpio da revisibilidade direito do administrado recorrer da deciso que lhe seja desfavorvel. S no ser possvel quando o processo for iniciado em autoridade do mais alto escalo, quando s restar a possibilidade de se socorrer do judicirio. Encontra arrimo no direito de petio (art.5, XXXIV, a CF), assim tambm no final do art. 5, LV, CF, que assegura o contraditrio e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

6) Princpio da representao ou assessoramento o direito de ser assistido por profissional legalmente habilitado indispensvel para a realizao eficiente dos direitos assegurados ao administrado. Note-se que, consoante o art. 3, lei 9784/99, o administrado tem o direto de fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatria a representao, por fora de lei. Tambm se a deciso administrativa depender de apuraes tcnicas, o administrado ter o direito de que perito de sua confiana assista anlise tcnica efetuada pela Administrao. Quanto a esse princpio, deve-se ter em conta a Smula Vinculante n 5 do STF: A FALTA DE DEFESA TCNICA POR ADVOGADO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR NO OFENDE A CONSTITUIO. Ou seja, como regra, o advogado no necessrio no processo administrativo. Mas se esse processo, ainda que com vis administrativo, referir-se a execuo penal, ser indispensvel a defesa tcnica.

7) Princpio da lealdade e boa-f Administrao, em todo o transcurso do procedimento, est adstrita a agir de maneira sincera, ficando, evidentemente, interditos quaisquer comportamentos astuciosos, ardilosos, ou que, por vias transversas, concorram para entravar a exibio das razes ou direitos do administrado. O art. 2, p. nico, IV, prev: atuao segundo padres ticos de probidade, decoro e boa f.

8) Princpio da verdade material em face do dever administrativo de realizar o interesse pblico, a Administrao deve perseguir sempre a verdade substancial, independentemente do que aportado aos autos do processo.

9) Princpio da oficialidade no dizer de Seabra Fagundes: administrar aplicar a lei de ofcio. Significa que o processo administrativo pode ser iniciado independentemente de provocao do administrado. Alm disso, a mobilizao do processo, uma vez desencadeado, encargo da prpria administrao - cumpre-lhe impulsion-lo de oficio. O art. 2, pargrafo nico, inc. XII, lei 9784/99 prev: impulso, de ofcio, do processo administrativo, sem prejuzo da atuao dos interessados. Disso decorre a irrelevncia de prazos preclusivos ou de caducidade para o administrado, porque a prpria administrao tem de conduzir o procedimento at o seu termo final. Ateno: esse princpio no se aplica aos processos ampliativos de exclusivo interesse do administrado.

10) Princpio da gratuidade segundo a art 2, pargrafo nico, inc XI, lei 9784/99, fica consagrada a proibio de cobrana de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei. Celso Antnio entende que a gratuidade s obrigatria nos procedimentos restritivos (j que no possvel fazer qualquer restrio ao direto de ampla defesa) nos procedimentos ampliativos, bastar-se-ia garantir a modicidade das taxas e emolumentos. ATENAO para o estabelecido na SUMULA VINCULANTE N. 21: INCONSTITUCIONAL A EXIGNCIA DE DEPSITO OU ARROLAMENTO PRVIOS DE DINHEIRO OU BENS PARA A ADMISSIBILIDADE DE RECURSO ADMINISTRATIVO.11) Princpio do Informalismo - o processo administrativo no poder ater-se a rigorismos formais. Isto no significa a ausncia absoluta de forma, pois forma sempre h, at porque o processo escrito. Mas o formalismo s deve existir quando indispensvel para atender o interesse pblico e proteger o interesse dos particulares. Assim preceitua o art.2, pargrafo nico: Inc.VIII observncia das formalidades essenciais garantia dos direitos dos administrados; Inc. IX adoo de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurana e respeito ao direito dos administrados. Celso Antnio entende que tal princpio no pode se aplicar aos procedimentos concorrenciais, visto que o formalismo destes ltimos essencial para garantir a igualdade dos vrios concorrentes.

A lei 9784/99 faz meno, em seu art.2, a princpios a que a Administrao deve obedecer. So eles: legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. Esses princpios, em sua maioria, dizem respeito Administrao Pblica como um todo.

Devem ser observados ainda: atuao conforme a lei e o Direito (inc.I); atendimento a fins de interesse geral, vedada a renncia total ou parcial de poderes ou competncia, salvo autorizao em lei (inc.II);objetividade no atendimento do interesse pblico, vedada a promoo pessoal de agentes ou autoridades (inc.III); adequao entre os meios e fins, vedada a imposio de obrigaes, restries e sanes em medida superior quelas estritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico (inc. VI); interpretao da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim pblico a que se dirige, vedada aplicao retroativa de nova interpretao.

Fases:1) Fase de instaurao, propulsria ou de iniciativa pode se iniciar de ofcio ou a pedido do interessado (art. 5, lei 9784/99). Em regra, o requerimento inicial do interessado deve ser escrito, salvo nos casos em que for admitida solicitao oral, e deve conter certos dados (art. 6, lei 9784/99). Os atos do processo devem realizar-se em dias teis, no horrio normal de funcionamento da repartio, podendo ser concludos depois do horrio os atos j iniciados, cujo adiamento resulte em prejuzo ou dano s partes (art.23 e pargrafo nico, lei 9784/99). vedada Administrao a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas (art.6, pargrafo nico, lei 9784/99). Se houver pluralidade de interessados com pedidos idnticos, estes podero ser feitos em um nico requerimento, salvo vedao legal art.8, lei 9784/99.2) Fase de Instruo objetiva investigar e comprovar os dados necessrios tomada de deciso. A instruo pode se realizar de ofcio, mas fica resguardado o direito dos interessados de propor atuaes probatrias, sendo que os atos de instruo devem se realizar do modo menos oneroso para estes (art. 29 e 2, lei 9784/99). O interessado poder, nesta fase, juntar documentos, pareceres, requerer diligncias e percias, bem como aduzir alegaes. Os elementos probatrios devero ser considerados na motivao do relatrio. As provas propostas pelos interessados s podem ser recusadas, fundamentadamente, quando sejam ilcitas, impertinentes, desnecessrias ou protelatrias (art.38, 1 e 2, lei 9784/99). Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Entretanto, quando tais fatos ou dados constarem de registros existentes na prpria Administrao, o rgo competente para a instruo dever promover, de ofcio, a obteno dos mesmos (art.36 e 37, lei 9784/99). Se for necessria a apresentao de informaes ou provas, os interessados sero intimados para tanto. Caso a intimao no seja atendida, a autoridade poder suprir a omisso de ofcio, no se eximindo de decidir. Entretanto, caso os dados, autuaes ou documentos solicitados forem indispensveis apreciao do pedido, o no atendimento implicar arquivamento do processo (art.39 e pargrafo nico e 40, lei 9784/99). A lei 9784/99 prev formas de participao de terceiros. Quando se trata de assuntos de interesse geral, poder ser aberto, mediante despacho motivado e desde que no resulte prejuzo para as partes, perodo de consulta pblica, quando terceiros (pessoas fsicas ou jurdicas) podero se manifestar, apresentando alegaes escritas. Quando se tratar de questo relevante, poder ser realiza audincia pblica (art.32) para debates sobre a matria, podendo ainda haver outros meios de participao, a critrio dos rgos e entidades administrativas (art.33). Ao cabo da instruo, o interessado tem o prazo de 10 dias para se manifestar alegaes finais (art. 44).

3) Relatrio - o rgo de instruo que no for competente para emitir a deciso final (comisso processante), elaborar um relatrio indicando tudo o que ficou apurado e formular uma proposta de deciso (concluso), objetivamente justificada, encaminhando o processo autoridade competente (art.47, lei 9784/99). O relatrio pea informativo-opinativa. Salvo previso legal, no vinculante para a Administrao ou para os demais interessados no processo. O artigo 168 da Lei 8112/90, que regula o processo administrativo disciplinar, determina que o julgamento acatar o relatrio da comisso, salvo quando contrrio s provas dos autos.

4) Deciso ou Fase dispositiva - a Administrao tem o dever de decidir. Concluda a instruo, a Administrao tem o prazo de at 30 dias para decidir, salvo prorrogao por igual perodo, expressamente motivada (art.48 e 49, lei 9784/99).

Obrigatoriedade da adoo de procedimento administrativo formalizado: 1 sempre que um interessado provocar manifestao administrativa; 2 quando a providncia administrativa a ser tomada, tendo efeitos imediatos sobre o administrado, envolver privao da liberdade ou de bens (art. 5, LIV da CF); 3 quando a providncia administrativa a ser tomada disser respeito matria que envolva litgio, controvrsia sobre direito do administrado ou implique imposio de sanes.

Aspectos relevantes da lei 9784/99

Abrangncia Aplicam-se as normas sobre processo Administrao Federal, direta e indireta (bem como aos rgos do Poder Legislativo e Judicirio da Unio, quando no exerccio de funo administrativa) Art 1, lei 9784/99.OBS: Segundo o STJ, ausente lei especfica, os comandos normativos contidos na Lei n. 9.784/99 so aplicveis no mbito das Administraes Estadual e Municipal, os quais estabelecem o prazo de 5 (cinco) anos para a Administrao rever seus prprios atos. (STJ, RMS 24423/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 23/08/2011, DJe 08/09/2011)

Legitimados - So legitimados como interessados no processo administrativo tanto (I) os que o iniciaram como titulares de direitos ou interesses individuais ou no direito de representao, como (II) os que, sem o haverem iniciado, tm direitos ou interesses que possam ser por ele afetados, e assim tambm (III) organizaes e associaes representativas no tocante a direitos e interesses coletivos e mais (IV) pessoas ou associaes legalmente constitudas quanto a direitos ou interesses difusos (art.9).

Competncia - A competncia se exerce pelos rgos a que foi atribuda, sendo irrenuncivel, salvo os casos de delegao e avocao legalmente admitidos (art.11). Inexistindo competncia legal especfica, o processo administrativo dever ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierrquico para decidir (art. 17).Impedimentos e suspeio os casos de impedimento esto elencados no art. 18 (quem tenha interesse direto ou indireto na matria; tenha participado como perito, testemunha ou representante ou se tais situaes ocorrerem quanto ao cnjuge, companheiro ou parente e afins at o terceiro grau; quem estiver litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cnjuge), ao passo que os de suspeio constam do art. 20 (quem tenha amizade ntima ou inimizade notria com o interessado ou com seu cnjuge, companheiro, parente e afins, at o terceiro grau). A omisso do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave (art.19, pargrafo nico). O indeferimento de alegao de suspeio poder ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo (art.21). A alegao de suspeio tratada pela lei como faculdade do interessado e se no for alegada tempestivamente, ocorre a precluso. Ao contrario do que ocorre com o impedimento, no h obrigao imposta pela lei para que o servidor declare-se suspeito.

Comunicao dos atos A intimao do interessado para a cincia de deciso ou a efetivao de diligncias dever conter as exigncias do 1 do art. 26 e poder ser efetuada por cincia no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da cincia do interessado (art.26, 3).

STJ: a entrega de telegrama a terceiro no constitui prova suficiente de que seu destinatrio o tenha recebido. Seguindo essa linha de raciocnio, destacou-se julgado da Corte Especial no sentido de que, na hiptese de citao pelo correio, seria necessria a entrega da correspondncia pessoalmente ao destinatrio, sob pena de vcio insanvel. Precedente citado: SEC 1.102-AR, DJe 12/5/2010.3 S, MS 14.016-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 29/2/2012. INFO 492.

No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domiclio indefinido, a intimao deve ser efetuada por publicao oficial (4). Sero nulas as intimaes desconformes com as prescries legais, mas o comparecimento do administrado supre a falta ou irregularidade (5).

Devem ser objeto de intimao os atos do processo que resultem para o interessado em imposio de deveres, nus, sanes ou restrio ao exerccio de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse (art.28). O desatendimento da intimao no importa em reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renncia a direito pelo administrado (art.27).

Desistncia o interessado pode desistir, total ou parcialmente, do pedido formulado, atravs de manifestao escrita e pode renunciar a direitos disponveis. No prejudicam o prosseguimento do processo se a Administrao considerar que o interesse pblico assim o exige (art.51 e 1 e 2).

Recursos das decises administrativas podem ser interpostos recursos, independentemente de cauo, por razes de legalidade e de mrito. O recurso ser interposto perante a autoridade prolatora da deciso, no prazo de 10 dias, contados da cincia ou divulgao oficial da deciso recorrida. Cabe a esta, se no reconsider-la em 5 dias, encaminhar o processo autoridade superior, que dispor de 30 dias (prorrogvel por igual perodo), contados do recebimento dos autos, para decidir. Se o recorrente alegar que a deciso administrativa contraria enunciado da smula vinculante, caber autoridade prolatora da deciso impugnada, se no a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso autoridade superior, as razes da aplicabilidade ou inaplicabilidade da smula, conforme o caso (art. 59 e s e 56 e s). O recurso tramitar por, no mximo, trs instncias administrativas, salvo disposio legal em contrrio (art. 57). O recurso no tem efeito suspensivo, a menos que a lei o preveja. Todavia, havendo receio de prejuzo de difcil ou incerta reparao, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poder, de ofcio ou a pedido, dar-lhe tal efeito(art. 61). descabido falar-se em fumaa do bom direito ante a presuno de legitimidade de que se revestem os atos administrativos. O recurso no ser conhecido quando interposto: 1)fora do prazo; 2)perante rgo incompetente (hiptese em que ser indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso); 3)por quem no seja legitimado; 4)ou aps exaurida a esfera administrativa. Importante ressaltar que o no conhecimento do recurso no impede a Administrao de rever de ofcio o ato ilegal, desde que no ocorrida a precluso administrativa (art.63 e ).

A autoridade competente para decidir poder confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deciso recorrida. Se de qualquer desses atos puder resultar gravame situao do recorrente, este dever ser cientificado para que formule suas alegaes antes da deciso (art. 64 e pargrafo nico) POSSIBILIDADE DE HAVER REFORMATIO IN PEJUS NO RECURSO ADMINISTRATIVO.

No caso de o ato impugnado contrariar smula vinculante e o STF acolher a reclamao manejada pelo administrado, dar-se- cincia autoridade prolatora e ao rgo competente para o julgamento do recurso, que devero adequar as futuras decises administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilizao pessoal nas esferas cvel, administrativa e penal. (Includo pela Lei n 11.417, de 2006).O art. 65 prev o instituto da reviso. Os processos administrativos de que resultem sanes podero ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofcio, diante de fatos novos ou circunstncias relevantes que justifiquem a inadequao da sano aplicada. Nesse caso, da reviso do processo no poder resultar agravamento da sano(art. 65 e p. nico)

As sanes tero natureza pecuniria ou consistiro em obrigao de fazer ou de no fazer, assegurado sempre o direito de defesa (art.68).

Carter Subsidirio da lei 9784/99 esse diploma legal se aplica subsidiariamente aos processos administrativos especficos, regidos por leis prprias, como por exemplo o processo de licitao e o disciplinar (art.69). A quaisquer outros processos administrativos, aplica-se integralmente.

Prazos - Os prazos correm a partir da cientificao oficial, excluindo-se o dia do comeo e incluindo-se o do vencimento (art.66 e 1). Contam-se em dias corridos, de modo contnuo, se expressos em dia; se expressos em meses ou anos, contar-se-o de data a data, e se no ms do vencimento no houver o dia equivalente ao do incio do prazo tem-se como termo o ltimo dia do ms (diferente do direito civil, quando se tem como termo o dia seguinte imediato) art.66, 2 e 3. Salvo motivo de fora maior devidamente comprovado, os prazos no se suspendem (art. 67). So eles:

a) Prazo para emisso de parecer: quando um rgo consultivo deva ser obrigatoriamente ouvido, o parecer deve ser emitido no prazo mximo de 15 dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo. Se o parecer obrigatrio e vinculante, o processo no ter seguimento enquanto no emitido, responsabilizando-se quem deu causa ao atraso. Se o parecer obrigatrio e no vinculante, poder ser dispensado, sem prejuzo da responsabilidade de quem deu causa ao atraso (art.42 e 1 e 2, lei 9784/99).

Atente-se sobre a deciso do STF, acerca da responsabilidade do procurador pela emisso de parecer: Salvo demonstrao de culpa ou erro grosseiro, submetida s instncias administrativo-disciplinares ou jurisdicionais prprias, no cabe a responsabilizao do advogado pblico pelo contedo de seu parecer de natureza meramente opinativa." (MS 24.631, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 9-8-2007, Plenrio, DJ de 1-2-2008.)

b)Prazo de intimao em geral: os interessados sero intimados com 3 dias teis de antecedncia quanto data de comparecimento (art.26, 2, e 41, lei 9784/99).

c)Prazo para alegaes finais: encerrada a instruo, o interessado tem o direito de se manifestar em 10 dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado ( art. 44, lei 9784/99).

d) Prazo genrico: Inexistindo disposio especfica, os atos dos rgos ou autoridades e dos administrados devem ser praticados em 5 dias, salvo motivo de fora maior. Tal prazo pode ser dilatado at o dobro, mediante comprovada justificao (art. 24 e pargrafo nico, lei 9784/99).

e) Prazo para a Administrao decidir: concluda a instruo, a Administrao tem o prazo de at 30 dias para decidir, salvo prorrogao por igual perodo, expressamente motivada (art. 49, lei 9784/99).f) Prazo para recurso: de 10 dias, salvo disposio legal especfica (art.59).

g) Prazo para reconsiderao: 5 dias, findo os quais, no reconsiderando, elevar o processo autoridade superior(art.56, 1).

h) Prazo para alegaes no recurso: os demais interessados tm o prazo de 5 dias teis para apresentarem alegaes no recurso (art.62).

i)Prazo para deciso no recurso: prazo mximo de 30 dias, quando a lei no fixar prazo diferente, podendo ser prorrogado por igual perodo ante justificativa explcita (art. 59, 1 e 2).

j) Prazo para a Administrao anular ato: o direito da Administrao de anular ato de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada m f. No caso de efeitos patrimoniais contnuos, o prazo conta-se da percepo do primeiro pagamento (art.54 e 1).

Regime de Tramitao Prioritria Em 2009 foi acrescentado o art. 69-A Lei n. 9784/99, conferindo tratamento diferenciado a determinados administrados que se encontrem em situaes especiais: I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; II - pessoa portadora de deficincia, fsica ou mental; IV - pessoa portadora de doena grave descrita no rol da lei ou definida com base em concluso da medicina especializada, mesmo que a doena tenha sido contrada aps o incio do processo.

CONTROLE DA ADMINISTRAO PBLICA a vigilncia que um rgo exerce sobre outro rgo por atribuio legal e constitucional. Pode ser um autocontrole (mesmo rgo) ou heterocontrole (rgos distintos). Esse controle no s abrange os rgos do Poder Executivo, mas tambm os demais poderes, quando exeram funo tipicamente administrativa; em outras palavras, abrange a Administrao Pblica considerada em sentido amplo.

A finalidade do controle assegurar que a Administrao atue em consonncia com os princpios que lhe so impostos pelo ordenamento jurdico (legalidade, moralidade, finalidade pblica, publicidade, motivao, impessoalidade), abrangendo em determinadas circunstncias o controle do mrito que diz respeito aos aspectos de discricionariedade (oportunidade/convenincia) da atuao administrativa.

Administrado tambm tem participao efetiva, pois pode provocar o exerccio do controle. A EC 19/98 inseriu o 3 no art. 37, CF com os seguintes dizeres: A lei disciplinar as formas de participao do usurio na administrao pblica direta e indireta, regulando especialmente: I as reclamaes relativas prestao dos servios pblicos em geral, asseguradas a manuteno de servios de atendimento ao usurio e a avaliao peridica, externa e interna, na qualidade dos servios; II o acesso dos usurios a registros administrativos e a informaes sobre atos do governo, observado o disposto no art. 5, X e XXXIII; III a disciplina da representao contra o exerccio negligente ou abuso do cargo, emprego ou funo na administrao pblica.

Natureza jurdicaTrata-se de princpio fundamental da Administrao Pblica, conforme estabelecido no art. 6, I a V, do Decreto-lei 200/67, que relaciona cinco princpios fundamentais da Administrao: planejamento, coordenao, descentralizao, delegao de competncia e o controle.

FundamentosDecorre do poder de AUTOTUTELA que permite Administrao Pblica rever os prprios atos quando ilegais, inoportunos ou inconvenientes (hierarquia).

Administrao Indireta tutela (controle externo-interno) que s pode ser exercida nos limites estabelecidos em lei, sob pena de ofender a autonomia que lhes assegurada pela lei que as instituiu.

Classificao (espcies ou modalidades)Vrios critrios existem para classificar as modalidades de controle.

a) quanto ao rgo competente

administrativo: origina-se da prpria Administrao

legislativo (parlamentar): exercido pelo Poder Legislativo

judicirio: exercido pelo Poder Judicirio, tendo por fundamento ao art. 5, XXXV, da CF/88

b) quanto ao momento (oportunidade)

prvio: exercido antes de consumar a conduta administrativa. concomitante: se processa a medida que se desenvolve a conduta administrativa.

posterior: tem por objetivo a reviso de atos j praticados, com o fim de confirm-los ou corrigi-los (Maria Sylvia)

c) quanto a extenso: interno: exercido por rgos de um Poder sobre condutas administrativas (sobre seus prprios atos e agente) produzidas dentro de sua esfera. o chamado controle administrativo ou executivo. (Edmir Netto). Os responsveis pela fiscalizao e controle interno devero dar cincia das ilegalidades e irregularidades ao Tribunal de Contas da Unio, sob pena de responsabilidade solidria .

externo: exercido por um dos Poderes sobre o outro, como tambm o controle da Administrao Direta sobre a Indireta. (Maria Sylvia)

OBS.: Importante registrar a posio de alguns doutrinadores no sentido de que o controle exercido pela administrao direta sobre as entidades da administrao indireta (controle finalistico, superviso ministeral ou tutela administrativa) seria classificado como controle externo (MSZD e CARVALHO FILHO). Esse no o posicionamento de CABM, j que esse fato no deixa de se enquadrar no conceito de controle interno, eis que realizado no mbito interno de um mesmo poder.

d) quanto ao objeto (natureza): legalidade ou de mrito

OBS.: Apenas em casos excepcionais o Poder Legislativo poder realizar controle de mrito sobre atos administrativos dos outros Poderes. Trata-se de um controle sobretudo poltico. Nestes casos o Legislativo atua com discricionariedade. Ex: apreciao prvia pelo Senado dos escolhidos pelo PR para presidente e diretores do BC.

e) quanto iniciativa

de ofcio: executado pela prpria administrao (autotutela)

provocado: deflagrado por terceiro

f) quanto ao mbito da Administrao

hierrquico ou por subordinao: exercido por meio de vrios patamares da hierarquia administrativa dentro da Administrao. Decorre da relao de subordinao que existe entre os diversos rgos pblicos, a qual permite ao rgo de graduao superior fiscalizar, orientar e rever a atuao de rgos de menor hierarquia. Esse controle tipicamente interno... (Carvalho Filho)

finalstico ou por vinculao: o poder de fiscalizao e de reviso atribudo a uma pessoa e se exerce sobre atos praticados por pessoa diversa. Tem, portanto, carter externo. Esse controle o mais comum na relao entre pessoas da Administrao Indireta e a respectiva Administrao Direta. (Carvalho Filho). um controle limitado e teleolgico: enquadramento da entidade ao programa de governo e avaliao do atingimento de suas finalidades. Tambm conhecido como tutela administrativa. Registre-se posio de CABM para quem, em situaes excepcionais, ocorrendo condutas aberrantes da entidade da AI, caber o controle por parte da AD, o qual denomina tutela extraordinria. Espcies de controle:a. Controle parlamentar direto.

b. Controle pelo Tribunal de Contas.

c. Controle jurisdicional.

d. Controle popular.

e. Controle pelo MP.

Controle parlamentar direto Fundamento: Insere-se entre os mecanismos constitucionais de pesos e contrapesos.

Limites: O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Administrao Pblica tem que se limitar s hipteses previstas na CF, sob pena de ofensa ao princpio da separao de poderes.

Pode ser exercido pelo Legislativo mediante os seguintes mecanismos:

a. Sustao de atos do Poder Executivo (artigo 49, V, CF. de competncia exclusiva do CN sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegao legislativa).

b. Processamento de reclamaes, solicitaes de informaes e convocao de ministros ou outras autoridades para depoimento podem ser convidados os Ministros de Estado ou quaisquer titulares de rgos diretamente subordinados ao PR.

c. Instaurao de CPIs sero criadas pela CD ou SF, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 1/3 de seus membros, para apurao de fato determinado e por prazo certo, sendo suas concluses, se for o caso, encaminhadas ao MP, para que promova a responsabilidade civil e criminal dos infratores.

d. Aprovao de atos concretos do Poder Executivo por exemplo, resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimnio nacional (artigo 49, I, CF); autorizar o PR a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que foras estrangeiras transitem pelo territrio nacional ou nele permaneam temporariamente, ressalvados os casos previstos em LC; aprovar iniciativas do PE referentes a atividades nucleares (usinas que operem com reator nuclear devero ter sua localizao definida em lei federal, sem o que no podero ser instalados); apreciar atos de concesso e renovao de concesso de emissora de rdio e televiso (a lei de concesso e permisso no se aplica a esses casos de concesso).

e. Participao na composio do Tribunal de Contas 9 ministros, sendo 6 indicados pelo CN e 3 pelo PR.

f. Aprovao pelo Senado de nomeaes promovidas pelo PR (por meio de sabatina):

Ministro do TC

Governador do territrio.

Presidente e diretores do BACEN

Chefes de misso diplomtica.

Destituio do PGR requer autorizao do Senado.

Diretores de agncias reguladoras.

g. Aprovao pelo Senado de algumas operaes de natureza econmica:

operaes financeiras externas.

fixao dos limites da dvida pblica.

fixao dos limites e condies para operaes de crdito e concesso de garantias externas ou internas.

h. Anlise das contas do PR julgamento anual pelo Congresso Nacional.

i. Julgamento do impeachment pelo Senado, com Presidncia do Presidente do STF, julgamento de crimes de responsabilidade (Lei 1079/50).

Essa lista acima exemplificativa existem vrias outras formas de controle pelo PL.

Controle pelo TCA base desse controle est no art. 70 da CF. O Legislativo realiza o controle externo, com o auxilio do tribunal de contas, de maneira que o controle interno fica a cargo de cada poder.a. o TC emite parecer prvio sobre as contas do PR, no prazo de 60 dias do recebimento, quem julga o congresso nacional que pode rejeitar as contas por 2/3. A rejeio de contas gera inelegibilidade, por 05 anos. (Smula, TSE. Proposta a ao para desconstituir a deciso que rejeitou as contas, anteriormente impugnao, fica suspensa a inelegibilidade).

b. Auditagem de contas

c. Apreciao das contas da administrao pblica em geral (artigo 71, II, CF); se o TC encontrar irregularidade, dever assinar prazo para que seja sanada (artigo 71, IX, CF).

d. Sustao da execuo dos atos do Poder Pblico (artigo 71, X), que estejam sendo impugnados, comunicando a deciso Cmara dos Deputados e ao Senado Federal.

No mbito do poder executivo, por exemplo, o controle interno est regulado pela Lei 10.180/2001, j tendo o STF decidido que o controle realizado pela CGU Controladoria Geral da Unio (sobre o Poder Executivo Federal) no implica usurpao de competncia do TCU.

De acordo com o art. 70, esse controle envolve os seguintes aspectos:

Contbilcorreta formalizao dos registros de receitas e despesasLegalidadeAdequao com as normas jurdicas, implicando sua anulao ou determinao para que seja anulado

Financeiroacompanhamento dos depsitos bancrios, empenhos, pagamentos, ingresso de valores etc.LegitimidadeCompatibilidade da atuao com o esprito, finalidade da lei, moralidade e demais princpios

Oramentrioacompanhamento da execuo do oramento, fiscalizao do registro nas rubricas adequadasEconomicidadeRacionalidade e eficincia na realizao da despesa; obteno do melhor custo-benefcio, tendo em conta o oramento

OperacionalObservncia dos procedimentos legais e adequao eficincia e economicidadeAplicao das subvenesLei 4320/64, art. 12, 3. Fiscalizao do emprego efetivo e adequado dos recursos pblicos recebidos

PatrimonialSobre os bens do patrimnio publico constantes de almoxarifados, estoques ou em usoRenncia de receitasLRF, art. 14. Exige previso legal e atuao nos limites desta, em ateno ao principio da indisponibilidade do interesse publico

( Atribuies do TC

Convm ressaltar que aos TCs a CRFB outorgou autonomia, que lhes assegura autogoverno, alm de prever prerrogativas prprias aos seus membros (ADIMC 4190/RJ). As atribuies do TC esto previstas no art. 71 da CRFB. Sobre essas atribuies, algumas observaes so importantes:

O controle que exerce sobre atos e contratos da administrao posterior (salvo inspees e auditorias que podem fazer a qualquer tempo, que so controles concomitantes). O STF j decidiu pela inconstitucionalidade de lei estadual que determinava que todos os contratos celebrados entre o Estado e particulares dependeriam de registro prvio no TC, pois afronta o art. 71 c/c 75.

O TC apenas aprecia as contas do PR (atravs de parecer prvio, que deve ser elaborado no prazo de 60 dias a contar do seu recebimento), as quais sero julgadas pelo CN (art. 71, I c/c 49, IX). A rejeio de contas gera inelegibilidade, por 05 anos, sendo irrecorrvel a deciso do PL. Quanto aos demais administradores pblicos, realizar o prprio julgamento (art. 71, II). OBS.: Smula, TSE: Proposta a ao para desconstituir a deciso que rejeitou as contas, anteriormente impugnao, fica suspensa a inelegibilidade).

Esse modelo de observncia obrigatria para Estados e Municpios. O STF decidiu que no pode a Constituio do Estado outorgar assembleia legislativa atribuio para julgar suas prprias contas, tampouco as contas dos administradores do Judicirio local, pois configuraria usurpao da competncia do TCE. ADI 1179/PE.

O STF decidiu pela inconstitucionalidade de norma da Constituio do Estado que subordinava o julgamento de contas realizados pelo TC a recurso para o plenrio da Assembleia Legislativa. Pelo 71, II, a deciso do TC no fica subordinada a crivo do PL. ADIMC 3715.

Sobre o julgamento das contas da prpria corte de contas, a despeito de inexistir previso pelo CRFB, o STF decidiu que vlida norma da CE que outorgue competncia respectiva Assemblia Legislativa para o julgamento. Trata-se de entendimento extensivo aos Municpios, que podem prever norma na LO no mesmo sentido. ADI 2597/PA.

No caso de irregularidade em ato administrativo, o prprio TCU pode sustar sua execuo, dando cincia CD e ao SF. No caso de contratos administrativos, apenas se o CN ou o PE no tomar as medidas cabveis para sustao, que o TCU adquirir competncia para decidir a respeito (art. 71, 1 e 2).

As decises do TCU de que resulte imputao de dbito ou multa tero eficcia de ttulo executivo (art. 71, 3 da CF). No preciso inscrever tais decises em dvida ativa, porque a prpria Constituio j confere eficcia executiva s decises do TCU. Contudo, a inscrio no vedada e, ocorrendo, faculta o uso da LEF (entendimento tranquilo do STJ). As execues desses ttulos so promovidas pela AGU e seguem o rito do CPC (ao invs do rito da execuo fiscal). O executado aquele que foi condenado pelo acrdo do TCU.

TCs e Ministrios Pblicos de Contas no tm competncia para executar as multas impostas pelos TCs. Entende-se que a legitimidade do ente beneficirio, por meio de seus rgos competentes (procuradorias), para a execuo da penalidade pecuniria imposta pelo TC. Havia divergncia entre o STJ e o STF sobre a possibilidade de o Ministrio Pblico ser legitimado para executar esses valores. O STJ admitia pacificamente essa possibilidade. Entretanto, aps reiteradas decises do STF negando legitimidade ao MP, o STJ, em alguns precedentes, passou a rever sua orientao anterior: Em que pese a anterior jurisprudncia desta Corte em sentido contrrio, deve prevalecer a tese diversa, pela qual entende-se no possuir o Ministrio Pblico legitimidade para cobra