4
ESPÉCIES DE PEDIDO As espécies de pedido: a) cominatório (art. 287 do CPC): Toda obrigação que o réu tenha o dever de fazer ou não fazer alguma coisa ou entregar algum bem, o pedido pode conter, além do cumprimento efetivo, a cominação de uma multa pecuniária por dia de não-cumprimento. Exemplo: um determinado pintor se recusa a pintar uma tela da qual havia se comprometido por contrato. A parte ingressa no Judiciário, mas o Juiz não tem poderes físicos para obrigar o pintor a cumprir a obrigação. Assim, cria um mecanismo de estímulo, a multa, pois, enquanto perdurar a contumácia do réu, a multa será devida. b) alternativo (art. 288 do CPC): quando, pela natureza da obrigação, o réu puder cumprir a obrigação por mais de um modo. Os pedidos têm a mesma hierarquia, pois, cumprindo de qualquer maneira, o réu se exime da obrigação. A escolha cabe ao réu. Exemplo: Pedro vende para João um cavalo. Um dia após a aquisição do semovente, João verifica que o cavalo não tem os dentes de trás. Ingressa com uma ação formulando pedido alternativo para o réu. Ou bem se devolve o dinheiro, o autor devolve o cavalo ou se faz um abatimento no preço, pois se comprou o cavalo com todos os dentes. c) sucessivo (art. 289 do CPC): o autor formula mais de um pedido em ordem sucessiva, para que o Juiz conheça do posterior se não puder conhecer do anterior. Não se confunde com o pedido alternativo, porque o sucessivo contém um pedido principal e o outro, subsidiário, em caráter de prejudicialidade. É o famoso “caso Vossa Excelência não entenda”. Exemplo: João financia um apartamento e vem pagando devidamente as parcelas. Decorrido um ano, o proprietário do referido

Por Operar

Embed Size (px)

DESCRIPTION

M,.;/'

Citation preview

Page 1: Por Operar

ESPÉCIES DE PEDIDO

As espécies de pedido:

 

a) cominatório (art. 287 do CPC): Toda obrigação que o réu tenha o dever de fazer ou não fazer alguma coisa ou entregar algum bem, o pedido pode conter, além do cumprimento efetivo, a cominação de uma multa pecuniária por dia de não-cumprimento.

 

Exemplo: um determinado pintor se recusa a pintar uma tela da qual havia se comprometido por contrato. A parte ingressa no Judiciário, mas o Juiz não tem poderes físicos para obrigar o pintor a cumprir a obrigação. Assim, cria um mecanismo de estímulo, a multa, pois, enquanto perdurar a contumácia do réu, a multa será devida.

 

b) alternativo (art. 288 do CPC): quando, pela natureza da obrigação, o réu puder cumprir a obrigação por mais de um modo. Os pedidos têm a mesma hierarquia, pois, cumprindo de qualquer maneira, o réu se exime da obrigação. A escolha cabe ao réu.

 

Exemplo: Pedro vende para João um cavalo. Um dia após a aquisição do semovente, João verifica que o cavalo não tem os dentes de trás. Ingressa com uma ação formulando pedido alternativo para o réu. Ou bem se devolve o dinheiro, o autor devolve o cavalo ou se faz um abatimento no preço, pois se comprou o cavalo com todos os dentes.

 

c) sucessivo (art. 289 do CPC): o autor formula mais de um pedido em ordem sucessiva, para que o Juiz conheça do posterior se não puder conhecer do anterior. Não se confunde com o pedido alternativo, porque o sucessivo contém um pedido principal e o outro, subsidiário, em caráter de prejudicialidade. É o famoso “caso Vossa Excelência não entenda”.

 

Exemplo: João financia um apartamento e vem pagando devidamente as parcelas. Decorrido um ano, o proprietário do referido apartamento aliena o imóvel a um terceiro. João formula um pedido sucessivo. O principal deseja o apartamento e, se o Juiz não entender cabível requer, ao menos, a devolução das parcelas pagas.

 

d) prestações periódicas (art. 290 do CPC): as obrigações de uma pessoa para com outra poderão se dar, por vezes, não apenas em uma parcela, mas em várias. Nesses casos, se o autor formular um pedido, os demais que se vencerem no curso da lide são devidos automaticamente. É a espécie de pedido implícito, ou seja, aquele que não está formuladoexpressamente na petição inicial, contudo, encontra-se subentendido. Nesse caso, o Juiz poderá conceder todas as parcelas mesmo que se tenha pedido apenas a primeira (relações de trato sucessivo). Exemplo: alimentos ou consignação em pagamento.

 

Page 2: Por Operar

Exemplo: o filho ingressa com uma ação de alimentos contra o pai. O Juiz fixa os alimentos provisórios. Todo mês esses alimentos serão devidos enquanto o processo estiver em curso. Os demais meses não precisam ser expressamente requeridos (pedido implícito), pois são devidos de pleno direito. Assim, pode o Juiz, v.g., determinar o desconto em folha mês a mês até a sentença.

 

e) cumulados (art. 292 do CPC): recebe também o nome de cumulação de ações. Difere-se do sucessivo, pois, no pedido cumulado, o autor pede que o Juiz conheça todos os pedidos conjuntamente. Assim, determinadas situações da vida que ensejam a propositura de uma ação podem oportunizar ao autor formular mais de um pedido, porque aconteceu mais de uma conseqüência jurídica.

 

Exemplo: ação de cobrança de aluguel cumulada com despejo, ação de dano emergente cumulada com lucros cessantes, ação de dano material cumulada com dano moral.

 

Entretanto, para que se possa cumular, é necessário observar os requisitos previstos em lei:

 

I) que os pedidos sejam compatíveis entre si, ou seja, decorram da mesma relação de Direito Material, que não se anulem.

 

II) mesmo Juízo competente para conhecer de todos os pedidos: para que se possa cumular, é necessário que o Juiz esteja investido de competência para julgar todos os pedidos (assim, não se pode cumular causa cível com causa de família, pois a competência é diferente).

 

III) adoção do mesmo procedimento: o procedimento que veiculará os pedidos deve ser o mesmo, deve se cumular ordinário com ordinário, sumário, com sumário.

 

Atenção: entretanto, serão aceitos procedimentos distintos se, para todos, puder adotar rito ordinário, consoante dispõe o art. 292, § 2.º, do CPC.

 

IV) valor da causa: sabe-se que toda causa tem um valor certo, ainda que sem conteúdo econômico imediato. Os arts. 259 e 260 do CPC dão os critérios do valor da causa, e o art. 261 do mesmo diploma legal permite ao réu impugnar esse valor no prazo da contestação.

V) provas: não basta apenas alegar, é preciso demonstrar a veracidade dos fatos narrados e alegados na inicial. As provas documentais, via de regra, são juntadas desde logo à petição inicial (art. 283 do CPC) e as demais formas (pericial, testemunhal, depoimento pessoal etc.) são protestadas para serem produzidas em posterior audiência de instrução.

Page 3: Por Operar

 

VI) requerimento de citação: consoante o art. 213 do CPC, a citação é o ato de se chamar o réu em Juízo para se defender. Pode ser realizada pelo correio, por Oficial de Justiça ou por edital.

 

Temos duas formas de citação: a real (correio e Oficial de Justiça) ou a ficta (edital e hora certa). A real aconteceu de fato (o carteiro entregou a citação para o réu, que assinou o aviso de recepção; o Oficial colheu a assinatura do réu no mandado), já a ficta, não se sabe ao certo se ocorreu (não há dados precisos para se saber se o réu leu por edital ou se soube da citação por hora certa – decorre do nome ficção).

 

No sistema processual pátrio, a regra é pelo correio, exceto nas alíneas do art. 222 do CPC, visto que, naqueles casos, a citação deve ser pessoal (por meio de Oficial de Justiça). Assim ocorre na execução, quando as Fazendas forem parte, ou nas ações de Estado.

 

Entretanto, existem outras formas de citação: dá-se a citação por edital (art. 231 do CPC) quando for desconhecido o réu ou residente em lugar incerto ou inacessível. Exemplo: citar réu que mora na favela (local de difícil acesso) ou quando se tratar de invasão de terra (réu desconhecido).

 

A citação por hora certa (art. 227 do CPC) ocorre quando o Oficial de Justiça procura o réu – que tem domicílio ou residência certa – por três vezes, porém não o encontra, havendo suspeita de ocultação. Assim, ele cita um parente ou vizinho e informa que, no dia seguinte, na hora em que se designar, irá comparecer na residência para efetivar a citação.