Por que a banda larga fixa ganhou limites no Brasil?

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  • 8/18/2019 Por que a banda larga fixa ganhou limites no Brasil?

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    Por que a banda larga fixa ganhou limites no Brasil

     www.istoedinheiro.com.br /noticias/economia/20160416/por-que-banda-larga-fixa-ganhou-limites-brasil/363120

     Além da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, uma outra polêmica tem conseguido encontrar espaço nos debates em redes sociais: a adoção, pelas operadoras, de franquia para os planos de banda larga fixaaos moldes do que já ocorre na internet móvel. Revoltados com o regime - anunciado pela operadora Vivo emfevereiro e que já estava previsto em contratos da Oi e da Net -, entidades de defesa do consumidor e movimentospopulares têm feito manifestações online contra a medida, pelas limitações que ela pode trazer ao uso da internetno País.

     Apesar de tanta discussão, até agora pouco se sabe sobre os motivos por trás da decisão das operadoras.Procuradas pelo reportagem, Oi, Net e Vivo não comentam o assunto. A falta de explicações levou o Procon-RJ anotificar ontem as três operadoras para que elas expliquem, em até 15 dias, o funcionamento do modelo defranquias. A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) e o Instituto Brasileiro de Defesa doConsumidor (Idec) entraram com ações na Justiça.

     A principal crítica é sobre como as operadoras vão restringir o acesso à internet após o fim da franquia, isto é, olimite de dados que o consumidor pode enviar e receber por meio da rede da operadora. O cliente pode ter avelocidade reduzida ou a conexão interrompida - em desacordo com o Marco Civil da Internet, que só permite ocorte em caso de inadimplência.

    Para o pesquisador de telecomunicações do Idec, Rafael Zanatta, as franquias são pequenas, principalmente emplanos populares, o que limita o conteúdo que pode ser consumido (veja quadro ao lado). Nos pacotes maisbaratos, o limite varia entre 10 GB e 30 GB. Para ele, a imposição de contratos com desvantagens excessivasinfringe o Código de Defesa do Consumidor. "As empresas não apresentaram estudo que embase o modelo defranquias. É abuso de poder econômico", afirma.

    Infraestrutura

    Para especialistas, a adoção da franquia na banda larga fixa é fundamental para a ampliação do acesso à internet."É uma solução dolorida, mas necessária", diz o professor de computação da Universidade Estadual Paulista(Unesp), Eduardo Morgado. Com um limite de uso, as operadoras poderão prever o crescimento da demanda, oque favorece a gestão. "A quantidade de dados utilizados afeta diretamente o congestionamento da rede", diz opresidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude. "Faz sentido cobrar mais caro do usuário que usa mais banda."

     Apesar de causar estranheza por aqui, o modelo de franquia já é adotado em outros países. Nos EUA, duas dasmaiores operadoras - a AT&T e a Comcast - estabelecem limites. Mas, ao contrário do que deve acontecer noBrasil, elas adicionam um pacote de dados de 50 GB quando os clientes ultrapassam a franquia. Por aqui, aoperadora vai oferecer planos adicionais - ainda sem preços.

    Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), Lisandro Granville, o argumento dainfraestrutura é uma "desculpa nobre" das operadoras. "O valor arrecadado sempre financiou a infraestrutura", dizele.

    Concorrência

     A mudança, na visão de Granville, deve ser creditada ao crescimento dos serviços de streaming de vídeo, como oNetflix. Em fevereiro, a empresa alcançou 70 milhões de usuários no mundo. Essas plataformas consomemgrandes volumes de dados. "O novo modelo é uma maneira de as empresas se beneficiarem do crescimento dosserviços sob demanda", diz.

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  • 8/18/2019 Por que a banda larga fixa ganhou limites no Brasil?

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    Há outro aspecto relevante. Serviços como o Netflix concorrem com a TV por assinatura, negócio em que Oi, Net eVivo atuam. Este segmento tem sofrido nos últimos meses: segundo dados da Agência Nacional deTelecomunicações (Anatel), as empresas perderam 500 mil assinaturas ou 2,3% em 2015. Para a AssociaçãoBrasileira de TV por Assinatura (ABTA), a culpa não é do Netflix, mas da crise.

     A banda larga fixa e móvel são reguladas pela Anatel. A agência exige que as empresas avisem sobre o fim doplano de dados e que ofereçam ferramenta para verificar o consumo, mas diz que a questão da franquia não estásob sua tutela.

    Em nota, a Oi informou que "atualmente não pratica redução de velocidade ou interrupção da navegação após ofim da franquia", embora o dispositivo esteja previsto no contrato. Já a Vivo esclareceu que o novo modelo valerápara novos contratos a partir de 2017. A Net não respondeu aos contatos da reportagem. Segundo Rodrigo Abreu,presidente da TIM, a operadora - que é a única a não adotar a franquia - "não planeja mudar as regras do jogo".

     As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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