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Por que é importante conservar a biodiversidade NOVO CLIMA, NOVO AMBIENTE Desafios para o Século 21 SÉRIE

Por que é importante conservar a biodiversidade

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Cartilha educacional sobre mudanças climáticas e biodiversidade

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  • Por que importante conservar a

    biodiversidade

    Novo clima, Novo ambieNte

    Desafios para o Sculo 21SRIE

  • Este livro ilustrado integra a srie Desafios para o Sculo 21 - uma coleo de

    seis publicaes do Instituto Nacional de Cincia e Tecnologia para Mudanas

    Climticas dirigidas ao pblico infanto-juvenil, sobre os grandes temas que

    preocupam os pesquisadores da rea de mudanas ambientais globais: biodiver-

    sidade, segurana alimentar, segurana hdrica, segurana energtica, desastres

    naturais e sade humana.

    Outras publicaes da srie:

    Novo clima, novo ambiente - A sade das pessoas

    Novo clima, novo ambiente - A vida nas cidades

    Novo clima, novo ambiente - A produo de alimentos

    Novo clima, novo ambiente - Energia renovvel e limpa

    Novo clima, novo ambiente - gua limpa para todos

    Leia tambm:

    Mudanas Climticas O clima est diferente. O que muda na nossa vida?

    O Futuro que Queremos Economia verde,

    desenvolvimento sustentvel e erradicao da pobreza

    Pegada Ecolgica Qual a sua?

    Disponveis em: http://inct.ccst.inpe.br

    Apoio

  • INPESo Jos dos Campos

    2015

    Novo clima, Novo ambieNte

    Por que importante conservar a biodiversidade

  • 4Novo clima, novo ambiente

    Por que importante conservar a biodiversidade

    Livro ilustrado sobre biodiversidade editado

    pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

    Realizao: Instituto Nacional de Cincia

    e Tecnologia para Mudanas Climticas

    Coordenao editorial: Ana Paula Soares

    Textos: Fabiano Scarpa e Ana Paula Soares

    Reviso tcnica: Mercedes Bustamante e Jean Ometto

    Ilustraes: Jean Galvo

    Projeto grfico: Magno Studio

    N945n

    CDU 502.2

    Novo clima, novo ambiente : por que importante conservar a biodiversidade /Fabiano Micheletto Scarpa, Ana Paula Soares. - So Jos dos Campos: INPE, 2015.28 p. : il.Ilustraes de Jean Galvo.Esta obra faz parte das aes do Instituto Nacional de Cincia e Tecnologia para Mudanas Climticas INCT-MC.ISBN: 978-85-17-00075-1.1. Biodiversidade. 2. Meio ambiente 3. Sustentabilidade. 4. Recursos Naturais.

    I. Ttulo.

  • 5v oc j parou para pensar na imensa quantidade e diversidade de formas de vida do nosso planeta? Convivemos diariamente com muitos organismos vivos, sejam aqueles que enxergamos, como os animais e as plantas, sejam aqueles que s vemos com a ajuda do microscpio, como as bactrias. A conservao dessa diversidade, ou biodiversidade, e das relaes entre inmeras espcies e seus ecossistemas so fundamentais para a manuteno da vida na Terra, da forma como conhecemos hoje. Porm, as aes do homem sobre a natureza esto provocando a extino de inmeras espcies, a uma velocidade sem paralelo na histria recente do planeta Terra. Essa perda de biodiversidade pode provocar problemas graves. O funcionamento dos ecossistemas, a ciclagem dos nutrientes e da gua na natureza, o equilbrio da paisagem e das espcies so alguns exemplos. Isso pode afetar a incidncia de doenas e interferir no ciclo hidrolgico e na produo de alimentos. Nas prximas pginas, voc vai saber como o homem est afetando a biodiversidade do planeta, como essas aes interferem no meio ambiente e o que podemos fazer para ajudar. boa leitura!

  • 6O termo biodiversidade comeou a ser utilizado amplamente pelos cientistas no final da dcada de 80. Nesse perodo come-aram a ganhar fora os estudos que apontam que a degradao ambiental e a perda de espcies esto atingindo nveis sem pre-cedentes desde a Revoluo Industrial (entre os sculos 18 e 19).

    O registro e a ampla difuso da palavra so atribudos ao pes-quisador americano Edward O. Wilson, que a utilizou como ttulo de seu livro, publicado em 1988. Alguns anos mais tarde, em 1992, ocorreu a primeira Conveno sobre Diversidade Biolgica (CDB), durante a Rio 92 - Conveno da ONU sobre meio ambiente e sus-tentabilidade -, realizada no Rio de Janeiro.

    A Rio 92 reuniu polticos, organizaes no governamentais e representantes da sociedade civil. O documento denominado Agenda 21, produzido e assinado por 179 pases, garantiu apoio poltico conservao da diversidade biolgica naquelas naes.

    Uma preocUpao recente

  • 7A conveno sobre diversidade biolgica define biodiversida-de como a variabilidade entre organismos vivos de todos os am-bientes do planeta. Ou seja, o conceito abrange todas as formas de vida nos mais variados ambientes da Terra, desde organismos que s podem ser vistos com o uso do microscpio - os chamados microrganismos, como bactrias e protozorios -, a organismos complexos, como as plantas e os animais.

    Os ambientes que abrigam essas formas de vida so extrema-mente variados e envolvem reas com cobertura de gelo, como os polos e as geleiras continentais; as florestas boreais; as florestas temperadas; os desertos; as savanas e as florestas tropicais - e ambientes aquticos, de gua doce (rios e lagos) e gua marinha (esturios, manguezais, recifes de corais, praias, ilhas, costes ro-chosos e o fundo dos oceanos).

  • 8Podemos dizer que a diversidade de formas de vida existe em trs nveis:

    Espcies: Estima-se que existam cerca de 8,7 milhes de esp-cies (excluindo-se bactrias e outros microrganismos) no planeta. No entanto, somente 1,3 milho (menos de 15%) foram cataloga-das pelos cientistas at o momento. Desse total, aproximadamen-te 4 mil espcies so mamferos, 9 mil so aves, 10,5 mil so an-fbios e rpteis, 19 mil so peixes, 270 mil espcies so plantas e 950 mil so insetos.

    os nveis de biodiversidade

  • 9Gentica: H uma grande diversidade de genes entre indiv-duos da mesma espcie (por exemplo, no h uma pessoa igual outra, com exceo dos gmeos idnticos) e entre organismos de espcies diferentes. A diferena gentica ampla entre indivduos e entre espcies fundamental, pois ela fornecer a base neces-sria para que a seleo natural atue. Em linhas gerais, podemos dizer que quanto maior a diversidade gentica de uma populao, maiores so suas chances de sucesso evolutivo.

    Ecossistemas: a variedade de ecossistemas presentes na biosfera, a variedade de espcies e processos ecolgicos que ocorrem em diferentes contextos fsicos.

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    Estima-se que a Terra tenha cerca de 4,6 bilhes de anos e que as primeiras formas de vida tenham surgido h aproximadamente 3,5 bilhes de anos. Os primeiros organismos do planeta eram muito sim-ples e compostos por uma nica clula. Ao longo do tempo geolgico (em milhes de anos), a evoluo biolgica determinou o surgimento de novas espcies, com maiores nveis de complexidade. A fascinante diversidade de formas de vida que temos hoje fruto desse processo.

    Damos o nome de extino perda definitiva de uma espcie. Os re-gistros fsseis permitiram que os cientistas descobrissem que desde o surgimento da vida na Terra at o presente momento, houve cinco even-tos de extines em grande escala, chamadas de extines em massa.

    a perda de espcies

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    Todos esses eventos ocorreram devido a causas naturais. A ltima e mais famosa extino em massa ocorreu h aproxima-damente 65 milhes de anos, quando a queda de um grande me-teoro alterou profundamente as condies ambientais do planeta e muitas espcies desapareceram, dentre elas os dinossauros.

    No entanto, nos ltimos 200 anos este planeta vem vivencian-do um processo sem precedentes em sua histria. Pela primeira vez, uma nica espcie o Homo sapiens sapiens (seres humanos) - est causando, com suas atividades, uma extino macia de espcies.

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    Alguns estudiosos afirmam que j estamos na sexta extino em massa. A espcie humana surgiu no planeta h mais ou menos 100 mil anos. A acelerao do ritmo de extino de espcies teve incio com a Revoluo Industrial, na segunda metade do sculo 18.

    Nesse perodo, ocorreram muitos avanos sociais e tecnol-gicos. O ser humano dominou praticamente todas as paisagens do planeta, seja para produo agrcola, seja para habitao ou extrao de recursos naturais, resultando na perda de habitats de muitas espcies. A utilizao de mquinas aumentou significati-vamente o consumo de combustveis fsseis, necessrios ao seu funcionamento.

    as aes do homem

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    Esses avanos trouxeram melhoria inquestionvel na quali-dade de vida. As pessoas passaram a viver por mais tempo e o nmero de habitantes comeou a crescer rapidamente. Paralela-mente, vieram as mudanas ambientais em escala global. A ne-cessidade de se obter carvo para gerar energia e a expanso da agricultura para a produo de alimentos provocou a devastao de florestas. A destruio dos ecossistemas desencadeou a ex-tino em massa de espcies. Grandes quantidades de gases de efeito estufa (que aprisionam calor) e poluentes foram lanadas no ambiente terrestre e aqutico, gerando presses adicionais so-bre a biodiversidade.

    A partir da dcada de 1950, a degradao ambiental adquiriu dimenses ainda maiores. As novas tecnologias para a produo de herbicidas e fertilizantes permitiram que a produo de ali-mentos no mundo dobrasse. Esse perodo da histria chamado de Revoluo Verde. O lado negativo que a qualidade dos recur-sos hdricos passou a ser muito prejudicada. Grandes extenses de cobertura vegetal, como as florestas, por exemplo, passaram a ser substitudas por plantaes agrcolas. Tudo isso vem afetando muito a biodiversidade do planeta.

    Esse processo de degradao ambiental e uso excessivo dos recursos naturais se estende at os dias atuais, assim como a ur-banizao (crescimento das cidades) e expanso das atividades industriais, demandando muita gua e energia e levando des-truio contnua de reas naturais.

    Estamos vivendo a chamada crise de biodiversidade. As ativi-dades humanas tm provocado a extino de espcies a um ritmo que chega a ser at 1.000 vezes mais rpido que a extino que ocorreria por causas naturais.

    Esta rpida transformao levou o Prof. Paul Crutzen, Prmio Nobel de Qumica (1995), a definir os ltimos 200 anos a partir da Revoluo Industrial como o antropoceno, isto , um pero-do dominado pelas transformaes ambientais globais causadas pelas atividades humanas. Entretanto, essa nova era geolgica ainda no reconhecida oficialmente*.

    *Uma comisso internacional de cientistas est analisando se o Antropoceno deve reconhecido como uma nova era geolgica.

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    Diversos benefcios esto associados diversidade biolgica. Em termos gerais, podemos classific-los como:

    Econmicos: Nesta categoria esto as espcies de animais e vege-tais que consumimos. Cerca de 80 mil espcies de plantas so potencial-mente comestveis. No entanto, usamos apenas um pequeno nmero de espcies vegetais, frequentemente cultivadas em larga escala. O mesmo ocorre com as milhares de espcies animais. Usamos apenas uma pe-quena parcela, que geralmente ocupa grandes extenses de terra para o seu manejo (por exemplo, pastagens). Espcies aquticas de gua doce e salgada, como peixes e frutos do mar, so tambm usadas para ali-mentao. Fibras vegetais e de couro animal de espcies domesticadas so usadas para a produo de vestimentas (roupas e calados). Mais de 70% dos medicamentos descobertos entre 1981 e 2006 provm direta ou indiretamente da biodiversidade. O AZT, primeiro remdio utilizado para o controle da Aids, por exemplo, foi descoberto e isolado a partir de uma espcie de esponja marinha (Tectitethya crypta). Recentemente, um novo e poderoso antibitico extrado de bactrias que vivem no solo conseguiu combater microrganismos - at ento indestrutveis - causa-dores de doenas.

    Servios ecossistmicos: Refere-se ao papel que os ecossiste-mas desempenham na preservao e manuteno da qualidade dos recursos hdricos, ciclagem de nutrientes, regulao climtica, manu-teno das propriedades do solo e remoo de poluentes. Ambientes preservados so tambm reservatrios de polinizadores (importan-tes para a produo), de dispersores de frutos e sementes e de in-setos predadores (importantes para o controle de pestes agrcolas).

    Culturais e recreativos: reas naturais possuem um valor im-portante para recreao. Nessa categoria incluem-se trilhas em ecossistemas preservados, como florestas, savanas e desertos. Banhos de cachoeira, em rios e lagos tambm fazem parte dessa categoria. Muitos povos tradicionais e indgenas viveram e ainda vivem em reas naturais, deixando um legado cultural importante atravs de seu artesanato e de pinturas de paisagens, fauna e flora da regio onde vivem. H tambm danas tpicas e uma relao es-piritual e religiosa com o meio ambiente, j que suas crenas esto comumente ligadas aos elementos da natureza.

    os valores da biodiversidade

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    Hoje somos 7 bilhes de pessoas na Terra. As projees indi-cam que seremos 9 bilhes at 2050. Com o aumento da popula-o mundial, h maior demanda por gua e alimentos. No entan-to, esses recursos esto se tornando escassos, devido presso exercida pelas atividades humanas.

    Cerca de 70% do globo terrestre composto de gua. Porm, 97,5% desse montante gua salgada dos oceanos e inapropria-da ao consumo humano. Ou seja, apenas 2,5% esto na forma de gua doce, e a maior parte est congelada nos polos do planeta.

    a crise da gUa

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    Restam somente 0,3% de gua superficial (rios e lagos), que pode ser consumida.

    As vegetaes das margens dos rios so importantes tanto para a manuteno da biodiversidade aqutica como para a proteo dos recursos hdricos. H espcies de peixes que se alimentam exclusiva-mente de frutos que so produzidos pelas rvores e caem na gua. Mas a vegetao que protege os cursos dgua tem sido removida, principalmente pela expanso da pecuria e da agricultura e pela urbanizao desordenada.

    Sem essa proteo natural, a gua das chuvas vai fazendo o solo ceder. Um excesso de sedimentos est sendo levado para os leitos dos rios, tornando-os mais rasos - um processo chamado assoreamento, que dificulta a captao e o uso da gua. Muitos rios esto desaparecendo por esse processo de degradao.

    Alm disso, a adubao qumica e os pesticidas usados na agricultura

    chegam aos rios, causando con-taminao dos mananciais. O lanamento de esgotos sem tratamento tambm tem contribudo para a poluio fluvial. Infelizmente, essas perturbaes ambientais esto tomando propor-es cada vez maiores. Atualmente, cerca de 1 bi-lho de pessoas no tem acesso a gua potvel no mundo. A esse processo de escassez extrema da-mos o nome de crise da gua, que atualmente j afeta diversas regies do planeta.

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    Outro papel importante das formaes vegetais a manuten-o da boa qualidade do solo. Os frutos, folhas, galhos e flores que caem das plantas formam uma camada chamada serrapilheira. Os microrganismos se encarregam de fazer a decomposio dessa ca-mada e os seus nutrientes retornam ao solo, garantindo a fertilida-de. A serrapilheira tambm permite uma maior reteno de gua no terreno.

    Alguns sistemas agrcolas so compatveis com a manuteno da biodiversidade e dos servios ecossistmicos e so chamados sistemas agroecolgicos. A cobertura vegetal preservada e no h uso de fertilizantes qumicos nem de pesticidas e herbicidas. A chamada agricultura orgnica um dos exemplos de uso deste sis-tema produtivo.

    No entanto, a agricultura de larga escala e a pecuria extensiva ainda so a regra no mundo e tm levado os solos exausto e per-da da produtividade ao longo do tempo. Atualmente, cerca de 25% dos solos do planeta esto degradados. A situao pode se tornar pior, j que para a manuteno do sistema vigente, novas reas precisam ser abertas, o que leva diminuio das reas produtivas e ao aumento da poluio dos solos e dos recursos hdricos.

    as reas prodUtivas esto diminUindo

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    Entre os principais fatores que influenciam negativamente a biodiversidade, destacam-se:

    Bioinvaso: Refere-se introduo de espcies em reas onde elas no viviam originalmente. Essas espcies introduzidas pelo ho-mem podem se proliferar e levar extino espcies nativas daquele ambiente. A bioinvaso tem ocorrido em escala global. Na Austrlia, por exemplo, a introduo da r touro (Bufo marinus), proveniente da Amrica do Sul, tem levado espcies nativas ao risco de extino. A espcie foi introduzida na dcada de 1930 para o controle de uma praga (um besouro) que ataca plantaes de cana de acar. A ideia no foi boa, pois a r come outros insetos nativos e muitos outros animais tambm. Os animais que se alimentam da r, por sua vez, morrem, pois ela venenosa.

    as principais ameaas biodiversidade

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    Destruio de habitats: Algumas espcies s vivem em um de-terminado ambiente. So as chamadas espcies endmicas. Se o ambiente onde vivem for devastado, elas so inevitavelmente leva-das extino. A ararinha azul (Cyanopsitta spixii), uma espcie na-tiva da caatinga (ambiente semirido do nordeste brasileiro), est atualmente extinta no ambiente natural e s pode ser encontrada em cativeiro.

    Caa: Pode ocorrer com objetivos variados: diverso, comercia-lizao, consumo como alimento. Essa prtica pode levar ao de-clnio populacional de espcies e a extines, trazendo prejuzos ao funcionamento dos ecossistemas. Animais polinizadores e dis-persores de sementes (como muitas espcies de aves), se extintos, podem trazer problemas reproduo de determinadas espcies vegetais.

    Sobrepesca: Atualmente, 30% das espcies de peixes carti-laginosos no mundo, grupo que inclui os tubares e raias, esto ameaadas pela pesca indiscriminada e 80% das espcies mari-nhas esto sendo capturadas em um ritmo muito superior sua capacidade de reproduzir e deixar descententes, o que pode trazer problemas graves alimentao no mundo em um futuro prximo.

    Poluio: Est ocorrendo principalmente devido ao lanamento, na atmosfera, na gua e no solo, de compostos txicos provenien-tes de atividades industriais e agrcolas, e pelo lanamento de es-goto domstico em cursos dgua. Esse fenmeno est ameaando muitas espcies, principalmente as do grupo dos anfbios (sapos, rs e pererecas), que so muito sensveis poluio ambiental.

    Aquecimento global: O lanamento de gases que aprisionam calor na atmosfera, principalmente o gs carbnico (CO

    2), o meta-

    no (CH4) e o xido nitroso (N

    2O) tem contribudo para uma elevao

    rpida e significativa da temperatura do planeta e mudanas no regime de chuvas. Esse processo pode potencialmente colocar em risco a sobrevivncia de muitas espcies.

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    os hotspots de biodiversidade

    Em um esforo conservacionista, cientistas identificaram 35 reas prioritrias no planeta (hotspots), por apresentarem elevadas taxas de endemismo (espcies que s existem em uma de-terminada regio geogrfica) e por estarem ex-tremamente degradadas (reduzidas a pelo menos 30% da cobertura original) pelas atividades huma-nas. Quando somados, os hotspots correspondem a 2,3% da superfcie continental da Terra.

    O Brasil o pas que possui a maior biodiversida-de conhecida. Aqui, dois hotspots de biodiversidade foram identificados: o Cerrado (a savana de maior biodiversidade no mundo) e a Mata Atlntica (uma das florestas tropicais mais ameaadas do planeta, atualmente reduzida a 7% da cobertura original).

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    O direito vida uma justificativa tica que muitas pessoas uti-lizam para a conservao da diversidade biolgica da Terra. Mas, como vimos, h vrias razes prticas para a conservao da biodi-versidade, j que a perda de espcies pode influenciar diretamente a nossa qualidade de vida.

    Podemos adotar vrias medidas para contribuir com a conser-vao:

    Exigir de nossos governantes maior empenho para a criao de reas de conservao (regies ricas em biodiversidade e que devem ser legalmente protegidas).

    Evitar o desperdcio na produo, distribuio e no consumo de alimentos.

    Dar preferncia ao consumo de alimentos orgnicos: como so produzidos de maneira compatvel com a preservao ambiental, a preferncia por esses produtos contribui para a conservao biol-gica. Alm disso, so mais saudveis, pois so livres de agrotxicos.

    Evitar o consumo de peixes e frutos do mar coletados de forma no sustentvel.

    Exigir dos governantes o incentivo a prticas de refloresta-mento com espcies nativas, para restaurar ecossistemas originais.

    Exigir rigor na legislao e fiscalizao do trfico ilegal de es-pcies e de atividades que estimulam as invases biolgicas.

    Evitar prticas consumistas, como a substituio frequente de equipamentos eletrnicos. Alm de compostos txicos, como me-tais pesados, esses produtos contm outros minerais. Atividades de minerao causam grande impacto ambiental.

    Evitar comprar produtos de empresas que j foram multadas por crime ambiental e preferir produtos de empresas que apoiam

    como podemos ajUdar?

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    projetos conservacionistas. Algumas delas adotam boas prticas, como a reciclagem da gua utilizada no processo produtivo.

    Minimizar o uso de papis, imprimindo apenas o que for ex-tremamente necessrio, preferindo papis reciclados. Empresas de papel e celulose utilizam grandes reas para plantio de eucalipto, contribuindo para a destruio de ecossistemas. Alm disso, conso-mem muita gua e energia.

    Preocupar-se com a destinao do lixo. Resduos txicos conti-dos em pilhas, baterias, eletrodomsticos e eletrnicos podem con-taminar o solo e a gua, trazendo srios danos ambientais. Por isso, quando forem descartados, devem ser encaminhados a postos de coleta especializados. Papis, vidro e metal devem ser separados para reciclagem.

  • Os impactos das aes homem no meio ambiente so objeto de estudo de diversos projetos e programas de pesquisa em todo o mundo. Conhea algumas iniciativas desenvolvidas no Brasil:

    INCT para Mudanas Climticas O Instituto Nacional de Cin-cia e Tecnologia para Mudanas Climticas uma abrangente rede de pesquisas interdisciplinares em mudanas climticas, contando com a cooperao de vrios grupos de pesquisa do Brasil e do ex-terior e constituindo-se na maior rede de pesquisas ambientais j desenvolvida no Brasil. Tem por misso o desenvolvimento de uma agenda cientfica que possa fornecer ao pas condies timas para desenvolver excelncia cientfica nas vrias reas das mudanas ambientais globais e sobre suas implicaes para o desenvolvimen-to sustentvel, principalmente quando se leva em considerao que a economia de naes em desenvolvimento fortemente liga-da a recursos naturais renovveis, como marcantemente o caso do Brasil. http://inct.ccst.inpe.br

    Rede CLIMA A Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanas Climticas Globais tem como misso gerar e disseminar conheci-mentos para que o Brasil possa responder aos desafios representa-dos pelas causas e efeitos das mudanas climticas globais. A Rede CLIMA constitui-se em fundamental pilar de apoio s atividades de Pesquisa e Desenvolvimento do Plano Nacional de Mudanas Cli-mticas criado pelo governo federal, que tem balizado a identifica-o dos obstculos e dos catalisadores de aes. Enseja o estabe-lecimento e a consolidao da comunidade cientfica e tecnolgica preparada para atender plenamente as necessidades nacionais de conhecimento, incluindo a produo de informaes para formula-o e acompanhamento das polticas pblicas sobre mudanas cli-mticas e para apoio diplomacia brasileira nas negociaes sobre o regime internacional de mudanas climticas. http://redeclima.ccst.inpe.br

    as pesqUisas no brasil

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    Programa Fapesp Mudanas Climticas Tem como objeti-vo promover e incentivar os avanos do conhecimento na rea de mudanas ambientais globais, com foco em: consequncias das mudanas climticas globais no funcionamento dos ecossistemas, com nfase em biodiversidade e nos ciclos de gua, carbono e ni-trognio; balano de radiao na atmosfera, aerossis, gases-tra-o e mudanas dos usos da terra; mudanas climticas globais e agricultura e pecuria; energia e gases de efeito estufa: emisses e mitigao; mudanas climticas e efeitos na sade humana; dimen-ses humanas das mudanas climticas globais: impactos, vulnera-bilidades e respostas econmicas e sociais, incluindo adaptao s mudanas climticas.

    www.fapesp.br/programas/mudancas-climaticasGlobal Land Project (GLP) - Com sede no Instituto Nacional de

    Pesquisas Espaciais (INPE), em So Jos dos Campos, SP, um dos maiores projetos de estudo de mudana de uso da terra do mundo. Os estudos abrangem vrios aspectos da degradao ambiental, como perda de biodiversidade, desmatamento, poluio de recur-sos hdricos e a relao do homem com o ambiente nos continentes do planeta. http://www.globallandproject.org

    Fontes consultadas: cvconservationstrategy.org, IPCC AR5, Journal of Natural Products, National Geographic, Nature Edu-cation, Nature Magazine, New Scientist, Organizao das Naes Unidas (ONU), Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura (FAO), Programa das Naes Unidas para o Meio Am-biente (Unep), Scientific American, The Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) e WWF.

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    www.inpe.br

    Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE

    http://inct.ccst.inpe.br

    INCT para Mudanas Climticas

    Av. dos Astronautas, 1758 Jardim da Granja12227-010 So Jos dos Campos SP

    Tel. (12) 3208-6000