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POR QUE É NECESSÁRIO REGULAMENTAR A PUBLICIDADE DE ALIMENTOS PARA CRIANÇAS? Carlos A. Monteiro [email protected] Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde - NUPENS Universidade de São Paulo XI Encontro Nacional de Aleitamento Materno I Encontro Nacional de Alimentação Complementar Saudável Santos São Paulo, 10 a 12 de Junho de 2010

POR QUE É NECESSÁRIO REGULAMENTAR A PUBLICIDADE DE ... · Fonte: WHO –World Health Report 2002. Or dem FATOR DE RISCO Anos perdi-dos x 1000 1º Consumo de álcool 9.297 2º Consumo

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POR QUE É NECESSÁRIO REGULAMENTAR

A PUBLICIDADE DE ALIMENTOS PARA

CRIANÇAS?

Carlos A. Monteiro

[email protected]

Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública

Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde - NUPENS

Universidade de São Paulo

XI Encontro Nacional de Aleitamento Materno

I Encontro Nacional de Alimentação Complementar Saudável

Santos São Paulo, 10 a 12 de Junho de 2010

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• Perfil atual de saúde/doença no Brasil e relação com a alimentação

• Mudanças na alimentação e projeção sobre o perfil de saúde/doença

• Determinantes de padrões de alimentação

• Políticas públicas para promover padrões saudáveis de alimentação.

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Carga de doença segundo “fatores de risco” na região

epidemiológica onde se situa o Brasil

Fonte: WHO – World Health Report 2002.

ORDEM FATOR DE RISCO

ANOS PERDIDOS DE

VIDA SAUDÁVEL (x1000)

1º Consumo de álcool 9.297

2º Excesso de peso 3.423

3º Hipertensão arterial 3.245

4º Consumo de cigarros 3.003

5º Colesterol elevado 1.873

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Carga de doença segundo “fatores de risco” na região

epidemiológica onde se situa o Brasil

Fonte: WHO – World Health Report 2002.

Or

dem

FATOR DE RISCO

Anos perdi-

dos x 1000

1º Consumo de álcool 9.297

2º Consumo excessivo de calorias 3.423

3º Consumo excessivo de sódio 3.245

4º Consumo de cigarros 3.003

5º Consumo excessivo de gorduras

saturadas ou trans

1.873

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Carga de doença segundo “fatores de risco” na região

epidemiológica onde se situa o Brasil

Fonte: WHO – World Health Report 2002.

Or

dem

FATOR DE RISCO

Anos perdi-

dos x 1000

2º Consumo 3.423

3º excessivo de 3.245

5º alimentos ultra-processados 1.873

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• Mudanças na alimentação no Brasil:

– Quantidade

– Qualidade

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TENDÊNCIA SECULAR DA DISPONIBILIDADE

DE ALIMENTOS NO BRASIL

2330

3060

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

1965 1970 1975 1980 1985 1990 1997 2000 2001-

2003

KCAL DIÁRIAS PER CAPITA

FONTE: FAOSTAT NUPENS/USP

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CALORIAS DISPONÍVEIS VS. CALORIAS NECESSÁRIAS

Brasil 1965 e 1997

2330 2096 23282960

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

1965 1997

KC

AL

DIÁ

RIA

S P

ER

CA

PIT

A

DISPONÍVEIS NECESSÁRIAS

FONTE: ESTIMATIVAS DA FAO

234 kcal

632 kcal

NUPENS/USP

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• Mudanças na alimentação no Brasil:

– Quantidade

– Qualidade

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ALIMENTOS PARA UMA SEMANA: FAMÍLIA TRADICIONAL DO BUTÃO

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ALIMENTOS PARA UMA SEMANA: FAMÍLIA MEXICANA

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ALIMENTOS PARA UMA SEMANA:

FAMÍLIA AMERICANA DA CAROLINA DO NORTE:

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Grupos de alimentos e sua

participação no total de calorias

disponíveis para consumo nos

domicílios brasileiros (2002-2003)

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Grupos de alimentos e sua participação no total de calorias

disponíveis para consumo nos domicílios brasileiros (2002-2003)

Carne/

Leite/Ovos

13,9%

Cereais/

Feijão/Raízes/

Tubérculos/

Nozes

26,0%

FLV 2,6%

Fonte: POF 2002/03

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Grupos de alimentos e sua participação no total de calorias

disponíveis para consumo nos domicílios brasileiros (2002-2003)

AÇÚCAR/

OLEOS/

GORDURAS/

FARINHAS/

SAL

Carne/

Leite/Ovos

13,9%

Cereais/

Feijão/Raízes/

Tubérculos/

Nozes

26,0%

FLV 2,6%

Fonte: POF 2002/03

Alimentos

processados/

Ingredientes

culinários

37,4%

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Grupos de alimentos e sua participação no total de calorias

disponíveis para consumo nos domicílios brasileiros (2002-2003)

PÃES/

BISCOITOS/

DOCES/

REFRIGERANTES/

EMBUTIDOS/

COMIDA PRONTA

AÇÚCAR/

OLEOS/

GORDURAS/

FARINHAS/

SAL

Carne/

Leite/Ovos

13,9%

Cereais/

Feijão/Raízes/

Tubérculos/

Nozes

26,0%

FLV 2,6%

Fonte: POF 2002/03

Alimentos

ultra-processados/

prontos para

consumo

20,1%

Alimentos

processados/

Ingredientes

culinários

37,4%

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Grupos de alimentos e sua participação no total de calorias

disponíveis para consumo nos domicílios brasileiros (2002-2003)

GRUPO 3:

ALIMENTOS ULTRA-

PROCESSADOS/

PRONTOS PARA

CONSUMO

30,2%

GRUPO 2:

ALIMENTOS

PROCESSADOS/

INGREDIENTES

CULINÁRIOS

31,3%

GRUPO 1:

ALIMENTOS "IN

NATURA" OU

MINIMAMENTE

PROCESSADOS

38,5%Fonte: POF 2002/03

20% MAIS

RICOS

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Grupos de alimentos e sua participação no total de calorias

disponíveis para consumo nos domicílios brasileiros (2002-2003)

GRUPO 1:

ALIMENTOS "IN

NATURA" OU

MINIMAMENTE

PROCESSADOS

44,5%

GRUPO 2:

ALIMENTOS

PROCESSADOS/

INGREDIENTES

CULINÁRIOS

42,8%GRUPO 3:

ALIMENTOS ULTRA-

PROCESSADOS/

PRONTOS PARA CONSUMO

12.6%

Fonte: POF 2002/03

20% MAIS

POBRES

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• Mudanças na alimentação e projeção

sobre o perfil de saúde/doença

.

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Mudanças na participação de grupos de alimentos no

total de calorias adquiridas entre 1987 e 2003 (Brasil)

ARROZ

FEIJÃOLEITE

F&VOVOS

BISCOITOS

PÃES

-6

-4

-2

0

2

4

6Δ % CALORIAS TOTAIS

Fonte: Levy-Costa R et al 2005; Rev Saude Pub 39: 530-40

AÇÚCAR/FARINHAS/ÓLEOS E GORDURAS

REFRIGERANTES

E DOCESEMBUTIDOS/

QUEIJOSCOMIDA

PRONTA

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ARROZ

FEIJÃOLEITE

F&VOVOS

BISCOITOS

PÃES

-6

-4

-2

0

2

4

6Δ %

AÇÚCAR/FARINHAS/ÓLEOS/GORDURAS

REFRIGERANTES

E DOCES

EMBUTIDOS/

QUEIJOSCOMIDA

PRONTA

G1: alimentos

minimamente

processados

G2: alimentos processados/

Ingredientes culinários

G3: alimentos

ultra-processados

Ver Pub Health Nut 12: 729-31 para detalhes sobre a classificação

Mudanças na participação de grupos de alimentos no

total de calorias adquiridas entre 1987 e 2003 (Brasil)

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O que há de errado com

alimentos ultra-processados

(AUP)?

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AUP têm 30% mais de açúcar livre do que alimentos pouco

ou nada processados + ingredientes culinarios!

RICE

BEANSMILK

F&VEGGS

BISCUITS

BREADS

-6

-4

-2

0

2

4

6Δ %

SUGAR/FLOURS/OILS/FATS

SOFT DRINKS

AND SWEETS

SAUSAGES/

CHEESESREADY

MEALS

See Pub Health Nut 12: 729-31 for details on the food classification

19.5% of calories

from free sugar

G1: alimentos

minimamente

processados

G2: alimentos processados/

Ingredientes culinários

G3: alimentos

ultra-processados

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AUP têm 30% mais de gordura saturada do que alimentos

pouco o nada processados + ingredientes culinários!

RICE

BEANSMILK

F&VEGGS

BISCUITS

BREADS

-6

-4

-2

0

2

4

6Δ %

SUGAR/FLOURS/OILS/FATS

SOFT DRINKS

AND SWEETS

SAUSAGES/

CHEESESREADY

MEALS

See Pub Health Nut 12: 729-31 for details on the food classification

9.5% of calories

from saturated fat

G1: alimentos

minimamente

processados

G2: alimentos processados/

Ingredientes culinários

G3: alimentos

ultra-processados

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AUP têm 15% mais de sódio do que alimentos pouco ou

nada procesasdos + ingredientes culinários!

RICE

BEANSMILK

F&VEGGS

BISCUITS

BREADS

-6

-4

-2

0

2

4

6Δ %

SUGAR/FLOURS/OILS/FATS/SALT

SOFT DRINKS

AND SWEETS

SAUSAGES/

CHEESESREADY

MEALS

See Pub Health Nut 12: 729-31 for details on the food classification

2.7 g of sodium

per 1,000 kcal

G1: alimentos

minimamente

processados

G2: alimentos processados/

Ingredientes culinários

G3: alimentos

ultra-processados

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AUP têm 45% menos de fibras do que alimentos pouco

ou nada processados + ingredientes culinários!

RICE

BEANSMILK

F&VEGGS

BISCUITS

BREADS

-6

-4

-2

0

2

4

6Δ %

SUGAR/FLOURS/OILS/FATS

SOFT DRINKS

AND SWEETS

SAUSAGES/

CHEESESREADY

MEALS

See Pub Health Nut 12: 729-31 for details on the food classification

5.1 g of fibre

per 1,000 kcal

G1: alimentos

minimamente

processados

G2: alimentos processados/

Ingredientes culinários

G3: alimentos

ultra-processados

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A densidade energética de AUP é 60% mais alta do que

a de alimentos pouco ou nada processados +

ingredientes culinários!

RICE

BEANSMILK

F&VEGGS

BISCUITS

BREADS

-6

-4

-2

0

2

4

6Δ %

SUGAR/FLOURS/OILS/FATS

SOFT DRINKS

AND SWEETS

SAUSAGES/

CHEESESREADY

MEALS

See Pub Health Nut 12: 729-31 for details on the food classification

2.9 kcal/g

G1: alimentos

minimamente

processados

G2: alimentos processados/

Ingredientes culinários

G3: alimentos

ultra-processados

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O que há de errado com os alimentos ultra-

processados (AUP)?

AUP favorecem a ingestão excessiva de

calorias por meio de vários mecanismos

complexos e interconectados, a densidade

energética é só um deles ...

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Calorias líquidas em bebidas

ultra-processadas comprometem a

regulação fisiológica do balanço energético*

* Mattes R (2006) Fluid calories and energy balance: the good, the bad,

and the uncertain. Physiol Behav 89, 66–70.

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AUP são feitos para que sejam “híper-

saborosos”: mesclas de gordura, açúcar, sal,

MGS e outros aditivos também comprometem a

regulação fisiológica do balanço energético

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O “híper-sabor” dos AUP é reforçado

por estratégias de marketing!

O biscoito cheio de recheio

É difícil resistir a Bono.

Escolha o sabor e entregue-se!

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AUP estão prontos para consumo: podem ser

ingeridos em qualquer local, a qualquer momento,

fazendo qualquer outra coisa, o que também

compromete a regulação do balanço energético*

*De Graaf C (2006) Effects of snacks on energy intake: an evolutionary perspective. Appetite

47, 18–23; Robinson TN (1999) Reducing children‟s television viewing to prevent obesity: a

randomized controlled trial. JAMA 282, 1561–1697

Estratégias de marketing reforçam esses comportamentos!

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O marketing de AUP para famílias de baixa

renda se utiliza de vendedoras da comunidade

que oferecem produtos em embalagens menores („mais

acessíveis‟) e adicionados de micronutrientes (“popularly

positioned products”)

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De um press release da Nestlé:

Vevey, February 21, 2008

“Popularly positioned products (PPPs). Products

aimed at lower income consumers in the developing

world, will continue to grow strongly in 2008 and

beyond. Nestlé PPPs, which mostly consist of dairy

products, Nescafé and Maggi culinary products,

grew by over 25% to reach around CHF 6 billion in

sales in 2007. The overall market for such products in

Asia, Africa and Latin America is estimated at over CHF

80 billion.”

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AUP estão entre os produtos que mais

recebem inversões em marketing porque são:

• produtos de “marca” (diferente de

bananas)

• altamente lucrativos (ingredientes baratos,

grande margem de lucro)

• controlados por um pequeno grupo de

corporações muito poderosas com

presença em todo o mundo.

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Algumas características desfavoráveis dos

AUP – como o excesso de sódio ou a

presença de gorduras trans – podem e

devem ser modificadas pela indústria.

Outras – excesso de açúcar livre ou de

gorduras em geral – são de mais difícil

solução e os produtos modificados (“light”)

em geral seguem sendo não saudáveis.

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Muitas características, sobretudo as que levam

ao consumo excessivo de calorias

– alta densidade energética, “híper-sabor”,

conveniência de consumo, manipulação do

tamanho das porções, marketing agressivo –

são intrínsicas aos AUP, sejam produtos

regulares sejam produtos “premium”.

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É possível deter ou reverter o

crescimento do consumo de AUP em

detrimento do consumo de alimentos

tradicionais?

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DETERMINANTES DE LA ADQUISICIÓN/CONSUMO DE UN

DETERMINADO ALIMENTO/GRUPO DE ALIMENTOS

DESEO POSIBILIDAD

CONSUMO

DEL

ALIMENTO

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DETERMINANTES DE LA ADQUISICIÓN/CONSUMO DE UN

DETERMINADO ALIMENTO/GRUPO DE ALIMENTOS

PROPRIEDADES

FÍSICO-QUÍMICAS

DEL ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

DESEO POSIBILIDAD

CONSUMO

DEL

ALIMENTO

FORMAS DE

PREPARO

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DETERMINANTES DE LA ADQUISICIÓN/CONSUMO DE UN

DETERMINADO ALIMENTO/GRUPO DE ALIMENTOS

PROPRIEDADES

FÍSICO-QUÍMICAS

DEL ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

STATUS SOCIAL

DEL ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

DESEO POSIBILIDAD

CONSUMO

DEL

ALIMENTO

FORMAS DE

PREPARO

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DETERMINANTES DE LA ADQUISICIÓN/CONSUMO DE UN

DETERMINADO ALIMENTO/GRUPO DE ALIMENTOS

INGRESO

PRECIO

DEL

ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

DESEO POSIBILIDAD

CONSUMO

DEL

ALIMENTO

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DETERMINANTES DE LA ADQUISICIÓN/CONSUMO DE UN

DETERMINADO ALIMENTO/GRUPO DE ALIMENTOS

OFERTA

DEL

ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

INGRESO

PRECIO

DEL

ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

DESEO POSIBILIDAD

CONSUMO

DEL

ALIMENTO

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PROPRIEDADES

FÍSICO-QUIMICAS

DEL ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

STATUS SOCIAL

DEL ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

OFERTA

DEL

ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

INGRESO

PRECIO

DEL

ALIMENTO

DE LOS DEMÁS

ALIMENTOS

DESEO POSIBILIDAD

CONSUMO

DEL

ALIMENTO

FORMAS DE

PREPARO

FUERZAS DEL MERCADO VERSUS POLÍTICAS PÚBLICAS

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GRUPO 1:

ALIMENTOS "IN

NATURA" OU

MINIMAMENTE

PROCESSADOS

GRUPO 2:

ALIMENTOS

PROCESSADOS/

INGREDIENTES

CULINÁRIOS

GRUPO 3:

ALIMENTOS ULTRA-

PROCESSADOS

ALIMENTOS "IN

NATURA" OU

MINIMAMENTE

PROCESSADOS

PROCESSADOS

INGREDIENTES

CULINÁRIOS

ULTRA-

PROCESSADOS

ULTRA-

PROCESSADOS

PROCESSADOS

INGREDIENTES

CULINÁRIOS

ALIMENTOS

"IN NATURA" OU

MINIMAMENTE

PROCESSADOS

FORÇAS DO

MERCADO

POLÍTICAS

PÚBLICAS

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Políticas públicas para promoção de

padrões dietéticos saudáveis:

aprendendo com o sucesso da

promoção da amamentação!

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INDICADORES DA PRÁTICA DA AMAMENTAÇÃO E DO

CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS

Brasil: 1975-2006

0

3

6

9

12

1970 1980 1990 2000 2010

Fontes: Venancio & Monteiro 1998; Levy et al 2005; PNDS 2006

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A POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA

AMAMENTAÇÃO NO BRASIL (1981-2009)

0

3

6

9

12

1970 1980 1990 2000 2010

Campanhas educativas, regulamentação do marketing

de fórmulas infantis, licença maternidade, bancos de

leite humano, hospitais amigo da criança, parceria

com movimentos da sociedade civil, etc.

Fonte: Adaptado de Rea 2003. Cad Saúde Pública 19 (Sup 1): S37-S45

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Ações públicas sobre o individuo y sobre o

ambiente: aprendendo com a amamentação!

TIPO DE

AÇÃO

AMAMENTAÇÃO

Incentivo Campanhas

educativas

Proteção Regulamentação do

marketing de

fórmulas infantis

Apoio Licença maternidade,

IHAC, bancos de

leche humano

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Ações públicas sobre o individuo y sobre o

ambiente: aprendendo com a amamentação!

TIPO DE

AÇÃO

AMAMENTAÇÃO ALIMENTOS MINIMA-

MENTEPROCESSADOS

Incentivo Campanhas

educativas

Campanhas educativas

(saúde/ambiente/cultura)

Proteção Regulamentação do

marketing de

fórmulas infantis

Regulamentação do

marketing de alimentos

ultra-procesados

Apoio Licença maternidade,

IHAC, bancos de

leche humano

Políticas fiscais e de

abastecimento, alimenta-

ção institucional

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“Princípios de Sydney” para reduzir o marketing de

alimentos para crianças

1. APOIAR OS DIREITOS DA CRIANÇA a uma alimentação

saudável.

2. PROTEGER AS CRIANÇAS da exploração comercial.

3. SER MANDATÓRIO para assegurar um alto nível de proteção.

4. ADOTAR UMA DEFINIÇÃO ABRANGENTE DE PROMOÇÃO

COMERCIAL para dar conta de todos tipos de publicidade

5. GARANTIR LOCAIS LIVRES DE PUBLICIDADE (escola, etc)

6. INCLUIR CROSS-BORDER MEDIA em acordos internacionais

7. AVALIAR, MONITORAR E FAZER CUMPRIR as regulações

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