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POR UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO SERVIÇO DAS POPULAÇÕES E DO PAÍS Encontro Nacional do Partido Comunista Português DOCUMENTO PREPARATÓRIO

Por uma Administração Pública ao serviço das populações e ... · 5.1 – O papel da Administração na Realização das Funções do Estado 5.2 – A regionalização e a descentralização

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PORUMA ADMINISTRAÇÃOPÚBLICAAO SERVIÇODAS POPULAÇÕESE DO PAÍS

Encontro Nacionaldo Partido Comunista Português

DOCUMENTO PREPARATÓRIO

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ENCONTRO NACIONAL DO PCP

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POR UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO SERVIÇO DAS POPULAÇÕES E DO PAÍS

INTRODUÇÃO

1 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O ESTADO1.1 – A Revolução de Abril e a Constituição1.2 – Natureza e Funções do Estado

2 – A OFENSIVA CONTRA O REGIME DEMOCRÁTICO DE ABRIL2.1 – Os ataques à Constituição de Abril2.2 – A ofensiva do Imperialismo e das suas instituições2.3 – O Estado ao serviço da contra Revolução2.4 – A adaptação do aparelho e da estrutura do Estado aos objectivos da política da direita2.5 – A subversão do papel do Estado consagrado na Constituição2.6 – A ideologia das classes dominantes e a campanha contra o Estado2.7 – O ataque às funções sociais do Estado e aos serviços públicos2.8 – Segurança Social2.9 – Saúde/privatização dos hospitais2.10 – Educação2.11 – Água2.12 – Energia2.13 – Transportes2.14 – Comunicações2.15 – Justiça2.16 – A política do Governo na Segurança Interna2.17 – Defesa

3 – A OFENSIVA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA3.1 – Os Trabalhadores da Função Pública3.2 – A Constituição da República e os trabalhadores da Administração Pública

4 – POR UM ESTADO AO SERVIÇO DOS TRABALHADORES E DO POVO4.1 – O Estado agente de dinamização e desenvolvimento económico e social4.2 – O sector produtivo, o desenvolvimento tecnológico e o papel do Estado

5 – O REFORÇO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICOE DAS FUNÇÕES SOCIAIS DO ESTADO5.1 – O papel da Administração na Realização das Funções do Estado5.2 – A regionalização e a descentralização de meios e competências, elementos centrais

para o desenvolvimento económico, social e cultural sustentado e equilibrado do país.5.3 – Uma política de combate à fuga e evasão fiscais, por mais justiça social

6 – POR UMA ADMINSTRAÇÃO PÚBLICA A O SERVIÇO DO POVO E DO PAÍS6.1 – A luta, o caminho mais seguro para a defesa do regime democrático

e aprofundamento dos direitos e liberdades.6.2 – Lutar por uma Administração Pública ao serviço da população e do País,

é lutar por mais democracia.6.3 – Alargar e reforçar a modernização da Administração Pública ao serviço das populações.

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Introdução

A realização do «Encontro Nacional do PCPpor uma Administração Pública ao serviço do povo e do país»,

corresponde à necessidade de passados 32 anos depois do 25 de Abrilproceder a uma reflexão mais aprofundada sobre o estado da democracia,

o papel da Administração do Estado face a uma profunda ofensivacontra os objectivos constitucionalmente consagradosnas componentes política, económica, social e cultural.

Inserindo-se na acção geral do Partido,designadamente na acção «Portugal precisa, o PCP propõe»

o Encontro Nacional pretende sistematizar propostase definir linhas de acção contra a ofensiva em curso,

exigindo o cumprimento da Constituiçãoe outro estatuto e papel do Estado

ao serviço dos trabalhadores do povo e do País.

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1.1 – A Revolução de Abrile a Constituição1.1.1 – Com a Revolução de Abril abriu-se umanova página na História de Portugal. Conquistadaa liberdade política, de organização, expressãoe manifestação, deram-se, por força da interven-ção das massas, enormes avanços e transfor-mações no plano económico, com a ReformaAgrária e as Nacionalizações, e conquistaram--se direitos sociais de grande dimensão humanis-ta, que a Constituição de 76 consagrou.

1.1.2 – A Constituição da República Portuguesa- CRP, mais de 30 anos depois da Revolução deAbril, consagra ainda um Estado com obrigaçõessociais, cuja prossecução cabe a uma organizaçãode serviços públicos que garantam, entre outras,as políticas de segurança social, emprego, justiça,defesa militar do país, segurança dos cidadãos esaúde – visando combater as desigualdades so-ciais por via de uma justa redistribuição de rendi-mentos.

1.1.3 – O artigo 9.º da Constituição define asTarefas Fundamentais do Estado e, na alínea d),diz que são tarefas fundamentais, nomeada-mente, «Promover o bem-estar e a qualidadede vida do povo e a igualdade real entre os portu-gueses, bem como a efectivação dos direitoseconómicos, sociais, culturais e ambientais,mediante a transformação e modernização dasestruturas económicas e sociais;»

1.1.4 – Por isso, na própria Constituição, a Fun-ção Pública foi autonomizada, sendo-lhe con-ferida dignidade constitucional em diversos pre-ceitos, ficando até definido que as bases geraisdo seu regime são âmbito e matéria de compe-tência relativa da Assembleia da República – oque a distingue de normas laborais –, e que fun-cionários e agentes estariam vinculados a umregime específico onde se define serem os fun-cionários e agentes particularmente responsá-veis civil, criminal e disciplinarmente se, noexercício das suas funções e por causa desseexercício, violarem os direitos ou os interesseslegalmente protegidos dos cidadãos.

1.2 – Natureza e Funçõesdo Estado1.2.1 – A natureza do Estado não se determinapela estrutura administrativa, por ser mais oumenos burocrático, por ter mais ou menos tra-balhadores, não sendo estas, obviamente, ques-tões menores. A natureza do Estado determina--se pelas classes que defende e serve, problemaque se tornou mais evidente, não só do pontode vista teórico, mas sobretudo prático, após o25 de Abril e com o desenvolvimento do proces-so contra revolucionário.

1.2.2 – No período imediatamente a seguir ao25 de Abril, não havendo correspondência entreo poder político e os interesses das massas emmovimento, a Assembleia Constituinte consa-grou na Constituição um conjunto de direitospolíticos, económicos, sociais e culturais, muitosdos quais têm sido afectados pelas políticasadoptadas pelos sucessivos governos.

1.2.3 – As funções que correspondem à verda-deira essência do Estado visam garantir o desen-volvimento de determinadas relações econó-micas e sociais no interesse de quem detém opoder. O Estado cria as regras e as normas ne-cessárias à sua própria organização e actividade,ao estabelecimento de direitos e deveres docidadãos, à regulamentação das relações sociaise de produção, à gestão das questões decor-rentes do funcionamento da sociedade, mas,também, nalguns casos, sem recurso àquelesmeios jurídicos desrespeita as suas Leis e a pró-pria Constituição. É o que tem vindo a acontecerao longo de cerca de 30 anos.

1ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

E O ESTADO

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2.1 – Os ataques à Constituiçãode Abril2.1.1 – As sucessivas revisões da Constituiçãoforam afirmando os avanços da contra-revoluçãoe resultaram de entendimentos entre o PS e oPSD e CDS. Neste quadro, a Reforma da Admi-nistração Pública, tal como está a ser levada acabo pelo governo PS, não pode deixar de serconsiderada como uma questão de regime, poisrepresenta uma autêntica subversão constitu-cional e social.

2.1.2 – Utilizando o poder, designadamente olegislativo e executivo, a direita e o PS cedo de-sencadearam uma brutal ofensiva política,articulada com os poderes do capital nacionale internacional, contra os pilares económicosprocurando atingir direitos sociais dos trabalha-dores e das populações.

2.1.3 – Para o conseguirem, não só se podemreferir acções objectivas de desinvestimento ede boicote, bem como uma orquestrada campa-nha para dar uma imagem de gravíssimos pro-blemas na economia portuguesa, particular-mente na área da sua credibilidade externa edas finanças públicas.

2.1.4 – Assim se compreende o violento econtinuado ataque contra a Constituição daRepública Portuguesa, considerando-a umobstáculo ao desenvolvimento daquelas políticas.

2.2 – A ofensiva do Imperialismoe das suas instituições2.2.1 – A vertente externa tinha a maior impor-tância porque Portugal vivia, depois dos anos 60,uma progressiva abertura ao exterior com aEFTA, o acordo comercial com a CEE de 1972,a guerra colonial e o seu peso no OrçamentoGeral do Estado, a emigração em níveis verda-deiramente históricos e as vultuosas transferên-cias, também, uma crescente importância doturismo e das suas receitas.

2.2.2 – Em vez do caminho autónomo, tanto

quanto possível independente num quadro decrescente interdependência, cumprindo desíg-nios constitucionais, optou-se pelo recurso aoFMI/Banco Mundial e suas receitas, experimen-tadas e comprovadas negativamente em paísessubdesenvolvidos.

2.2.3 – Foram as conhecidas «cartas de inten-ções», que antecederam a entrada na CEE, a(primeira de 1978 e a segunda de 1983), com aaceitação subserviente da estratégia que asinstituições do imperialismo trouxeram dasfrustradas décadas de desenvolvimento (para ospaíses «em vias de desenvolvimento») em que aprioridade é dada aos equilíbrios formais, nomi-nativos e financeiros, retirando do Estado a suafunção reguladora na economia, sendo esta pro-gressivamente entregue às chamadas forças domercado, que são os grupos financeiros multina-cionais em fase de transnacionalização.

2.2.4 – Com a adesão à CEE, e sobretudo pelomodo como foi negociada, aparecendo Portugalcomo um País a quem assim era concedido esta-tuto de europeu, acelerou-se o processo deperda de independência em relação estreita coma servil aceitação, por parte dos governantesportugueses, de um papel menor na Europa ena Península Ibérica.

2.2.5 – O nosso aparelho produtivo foi destro-çado (agricultura, pescas e indústria) e a malhadas PME progressivamente desvalorizada igno-rando-se a sua importância na economia portu-guesa.

2.2.6 – Os serviços públicos, agora denominadosserviços de interesse geral, traduzem uma alte-ração conceptual e uma redução drástica nasfunções sociais do Estado; para o Estado ficamsomente as funções de regulação para todas asáreas de intervenção (comunicações, educação,saúde, justiça, agricultura, etc), no quadro dasimposições da U. Europeia

2.2.7 – Nos anos 90, depois de Maastrich, a ace-leração para a moeda única (e, mais importante,para o Banco Central Europeu) impôs os crité-rios nominativos, sempre com a mesma obses-

2A OFENSIVA CONTRA O REGIME

DEMOCRÁTICO DE ABRIL

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são de diminuir o papel do Estado para ficar ocaminho aberto para os grupos financeiros trans-nacionais, com todas as conivências institucio-nais.

2.2.8 – Perverteram-se os indispensáveis objec-tivos de controlo da inflação e de equilíbrio orça-mental com desprezo pelas consequências so-ciais e com a total desvalorização do desenvol-vimento, com a única via de atacar o défice pelolado das despesas ignorando a justiça fiscal e oseu carácter redistributivo, as fugas e as fraudesno lado das receitas.

2.2.9 – O Pacto de Estabilidade e Crescimentoveio dar continuidade à imposição dos interessesdos países influentes e dominadores na UniãoEuropeia.

2.2.10 – E tudo isto foi possível porque o Estadose foi demitindo das suas funções de defesa dosinteresses do povo ignorando a Constituição daRepública Portuguesa e os caminhos alternativosque poderia percorrer ao serviço do Povo Portu-guês.

2.2.11 – Por isto, a crise e, nomeadamente, adimensão e a duração que está a atingir resultam,do agravamento dos problemas estruturais dasociedade e da economia portuguesa que con-tinuam por resolver, do facto de Portugal já nãodispor de instrumentos importantes de politicamacro-económica que passaram para o controloda Comissão Europeia ou do Banco Central Eu-ropeu, e também devido a um processo de pri-vatizações que fez perder ao Estado importantesinstrumentos de politica económica, de umanova e poderosa concorrência no seio da própriaUnião Europeia, fruto da crescente liberalizaçãocapitalista.

2.3 – O Estado ao serviçoda contra Revolução2.3.1 – O modelo de Administração Públicaconstitucionalmente previsto, 32 anos após aRevolução de Abril, não só não foi realizado,como tem sido objecto de sucessivas tentativasde descaracterização e subversão pelos suces-sivos governos do PSD, PS e CDS-PP, sozinhosou coligados .

2.3.2 – A pretexto da integração Europeia, doPrograma de Estabilidade e Crescimento, dodéfice orçamental, da alegada insustentabilidadeda Caixa Geral de Aposentações, das recentesorientações da Comissão Europeia conhecidaspela «Estratégia de Lisboa», do Livro Verde sobre

Serviços de Interesse Geral, que deu lugar a umaproposta de directiva, aprovada no Parla-mentoEuropeu, com base no acordo entre deputadosdo PPE e do PSE, onde se incluem os deputadosdo PSD, PS e CDS- PP, o governo submete-seàs políticas neoliberais com o esva-ziamento dasfunções do Estado e a consequente redução deserviços, de direitos dos trabalha-dores queexercem funções públicas e de direitos sociaisdas populações.

2.3.3 – A última revisão da Constituição aprova-da em Abril de 2004, resultante de um novoacordo entre os partidos da direita e o PS, tradu-ziu-se num novo e grave retrocesso da Consti-tuição Portuguesa com a aprovação de norma-tivos que submetem a C.R.P. ao direito comuni-tário, no que constitui um grave atentado e limi-tação à soberania nacional, componente inaliená-vel do regime democrático saído da Revoluçãode Abril.

2.4 – A adaptação do aparelhoe da estrutura do Estado aosobjectivos da política da direita2.4.1 – Os sucessivos Governos têm vindo,gradual e sistematicamente, a destruir o modelodo Estado constitucional que saiu da Revoluçãode Abril, tentando reduzir as suas funções sociaise acentuar as suas características autoritárias erepressivas, com a política fiscal implacável paraos trabalhadores e com gigantescos benefíciospara os grandes interesses privados.

2.4.2 – Com efeito a Reforma da AdministraçãoPública apresentada pelo Governo do PS,prosseguindo e ampliando os projectos elabo-rados pelo Governo do PSD/CDS-PP, tem comoobjectivo essencial a concretização desseobjectivo.

2.4.3 – A pretexto da necessária racionalização,eficácia, rentabilização e desburocratização deserviços públicos e da necessidade de fazer«emagrecer» o aparelho de Estado e as áreasde sua intervenção, desenvolve-se e estimula--se uma política de pilhagem de bens públicos,apropriação privada de fundos estruturais e deredistribuição de riqueza, num processoacelerado de intervenção do Estado, a favor daconcentração e centralização do grande capital,da restauração dos grandes grupos económicose financeiros, substituindo-se organismos e tra-balhadores por institutos e clientelas políticasremuneradas com dinheiro dos contribuintes.

2.4.4 – Trata-se da tentativa de implementação

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de uma «Reforma da Administração Pública»orientada para reforçar o domínio do poder eco-nómico sobre o Estado e limitar as funções doEstado a áreas residuais do capital privado ou àsque este considere necessárias à prossecuçãodos seus objectivos. É na verdade a reconfigu-ração do Estado aos interesses do capital mono-polista aquilo que está em implementação.

2.5 – A subversão do papeldo Estado consagradona Constituição2.5.1 – É neste contexto, que se vêm definindopolíticas e adoptando medidas legislativas e degestão que visam concretizar, a curto prazo, umadinâmica privatizadora, contrária aos princípiosda nossa Constituição. É assim com a saúdetransformando os hospitais em EPE (EntidadesPúblicas Empresariais), com as parcerias públi-co-privado, com a empresarialização, com acriação de institutos, fundações, agências, coma celebração de contratos de concessão de servi-ços e de gestão e privatizando serviços das áreassocial e económica na saúde (hospitais e centrosde saúde), na educação (ensino superior e 1.ºciclo), na justiça, (notários e estabelecimentosprisionais), nas finanças (impostos) e na seguran-ça social; nas Forças Armadas com a retirada decompetências na área das chamadas missões deinteresse público.

2.6 – A ideologia das classesdominantes e a campanha contrao Estado2.6.1 – O governo proclama ser seu objectivodotar o País de uma Administração Pública mo-derna e eficaz, visando iludir os seus reais objec-tivos.

2.6.2 – As teses da «ineficácia» do aparelho deEstado, da «pouca produtividade» dos trabalha-dores, e da falência do Estado Providência emcontraponto às virtualidades do capital privado,têm sido matraqueadas até à exaustão, com oobjectivo de justificar as políticas privatizadorase atingir gravemente os interesses e os direitosdos trabalhadores e das populações.

2.6.3 – Tem sido sob a bandeira da necessidadede se ter «menos Estado» que sucessivos gover-nos desenvolveram toda uma política de pilha-gem de bens públicos a favor do grande capital,de reconstrução acelerada de grandes grupos

económicos e financeiros, e é em nome da ne-cessidade de se reduzir a intervenção do Estado,que cada vez mais se reforçam os mecanismosde intervenção do Estado a favor da concen-tração e centralização do capital e os mecanis-mos de exploração e repressão de trabalha-dores.

2.6.4 – A experiência, aliás, já está feita. A ver-dade mostra que as privatizações não trouxeramnem menos Estado, nem melhores serviços,antes pelo contrário. Hoje, já temos pior Estado,piores e mais caros serviços.

2.7 – O ataque às funções sociaisdo Estado e aos serviços públicos2.7.1 – O objectivo confesso de aplicar à Admi-nistração Pública o modelo empresarial, mais doque a adopção de uma pretensa teoria sobre aeficácia e rigor inerentes ao patronato e aocapital privado, é uma exigência e condição paraa privatização de importantes sectores doEstado, na medida em que a empresarializaçãoexige o primado do poder patronal, a precariza-ção das relações laborais e a perda de direitos.

2.7.2 – Esgotado o processo de privatização dossectores básicos da economia, entrou-se acele-radamente na fase de privatização dos serviçose das funções públicas, nas áreas consideradasaltamente rentáveis para o capital privado, commercado assegurado em grande parte peloEstado.

2.7.3 – A privatização de importantes funçõesdo Estado, acentuando o domínio do poderpolítico pelo poder económico, vai acelerar odesfiguramento do regime democrático, intensi-fica as políticas anti-sociais e aumenta os perigosreais para evolução do regime democrático

2.8 – Segurança Social2.8.1 – Em Portugal, as políticas que têm sidopraticadas pelos Gover-nos, nomeadamente oactual Governo PS, que se submetem às políticasdominantes na União Europeia e às tesesneoliberais do processo de globalização capita-lista, que têm vindo a provocar retrocessos.2.8.2 – As decisões que têm sido tomadas peloGoverno dão visibilidade ao sentido de submetera maioria dos portugueses, nomeadamente ostrabalhadores e os pequenos e médios empre-sários, a um modelo económico que se traduz,sobretudo, na eliminação e redução de direitos

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conquistados.2.8.3 – O ataque à Segurança Social é um exem-plo flagrante de como para o actual Governo PSé mais importante o princípio de que «quemquiser segurança social terá que a pagar» do queprocurar, através da diversificação de formas definanciamento do Sistema Público de SegurançaSocial, criar as condições para que este, numarelação mais directa com a riqueza produzida,disponha dos meios financeiros necessários paragarantir a todos o exercício do direito à Segu-rança Social.2.8.4 – Os valores em dívida constituem umafonte significativa de uma ilegítima e paralelaforma de financiamento das empresas que, maisa mais, se sentem confortadas pelo regime decontra-ordenações que estabelecem montantesde coimas significativamente baixos, sem que ogoverno revele interesse em por termo a estasituação.2.8.5 – A evasão, as múltiplas isenções e asdívidas à segurança social, levam a perdas dereceitas da segurança social de mais de 1,5%do PIB.2.8.6 – O Governo do PS tem em curso um vastoconjunto de medidas que representam umaperigosa contra-reforma contra o SistemaPúblico de Segurança Social constitucionalmenteconsagrado. Num claro enfraquecimento dopapel do Sistema, estas medidas caracterizam--se pela redução dos direitos dos trabalhadores,dos reformados e dos que se encontram numasituação de pobreza, pela rejeição do alarga-mento das fontes de receita do Sistema em fun-ção do valor acrescentado bruto das empresase na perspectiva de uma mais justa repartiçãoda riqueza criada, pelo aumento da idade dereforma para todos os trabalhadores (na conti-nuidade do que foi imposto aos trabalhadoresda Administração Pública) e pela redução dovalor das reformas.

2.8.7 – O ataque aos direitos dos trabalhadoresda segurança social com o crescente agrava-mento das suas condições de trabalho é umaparte menos visível, mas não menos importante,da premeditada opção pelo enfraquecimento doSistema Público de Segurança Social.2.8.8 – Também a Caixa Geral de Aposentaçõesé afectada. O sub-sistema de segurança socialque integra os trabalhadores da AdministraçãoPública, em termos de prestações sociais, impõeaos trabalhadores um desconto de 10% para aCGA e 1% para a ADSE.

2.8.9 – Os sucessivos governos têm vindo aintensificar a ideia da insustentabilidade financei-ra deste sistema omitindo que, enquanto entida-de empregadora, o Estado apenas está obrigadoa cobrir, a diferença verificada anualmente entreo valor das contribuições dos trabalhadores e omontante das pensões a liquidar.

2.8.10 – Segundo dados do relatório da CGAde 2002 conclui-se que o Estado apenas contri-bui em cerca de 16% por trabalhador, percenta-gem significativamente inferior à imposta àsentidades empregadoras do regime geral desegurança social.

2.8.11 – Dezenas de milhar de trabalhadores daAdministração Pública são obrigados a des-contar para o regime de Segurança Social (con-tratos a termo certo e contratos individuais detrabalho) e, os sucessivos Governos têm utiliza-do a CGA como instrumento para o controledo défice do OE, como se verificou recente-mente com a integração do Fundo de Pensõesdos CTT e da CGD na CGA.

2.8.12 – Na Administração Pública, o Governoalterou para 40 anos de serviço e 65 anos deidade o tempo necessário para a aposentaçãoe, simultaneamente, aprovou alterações à formade cálculo das pensões revogando legislação quecriara legitimas expectativas jurídicas aos traba-lhadores, fazendo recair sobre estes, o ónus dasopções políticas. No entanto, os titulares decargos políticos e de cargos na AdministraçãoPública têm direito a chorudas pensões pagaspelo OE, sem terem em conta o número de anosde serviço que os trabalhadores têm de cumprirnem o critério idade.

2.9 – Saúde/privatizaçãodos hospitais2.9.1 – Os portugueses estão hoje confrontadoscom um ofensiva de grande envergadura contrao SNS, pela privatização de importantes sectoresda saúde.

2.9.2 – O decreto-lei que define o quadro jurí-dico da passagem dos hospitais SA a EPE e asmedidas já decididas pelo Governo para aReforma dos Cuidados Primários de Saúde, bemcomo as decisões já tomadas no âmbito das par-cerias público privadas, confirmam a estratégiaprivatizadora do Governo PS, na linha do que jávinha acontecendo com os governos PSD/PP enão resolverão nenhum dos grandes problemascomo a existência de, mais de um milhão de

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portugueses sem médico de família, ou os maisde 240.000 que esperam por uma cirurgia.

2.9.3 – As medidas do Governo e as sucessivasdeclarações do ministro da saúde, mostram queo PS persiste na mesma errada política neoli-beral, de desresponsabilização do Estado eprivatizadora do SNS, com sacrifício do direitoà saúde, em particular dos mais debilitados ecarenciados, transformando o princípio consti-tucional do SNS tendencialmente gratuito, noprincípio inconstitucional tendencialmente pago.

2.9.4 – A adopção do princípio do utilizador/ /pagador tem como principal consequência osportugueses serem já hoje, no quadro da UE a15, os que mais pagam directamente com asdespesas de saúde. Segundo os dados oficiais, adespesa per capita atingia, em 2004, os 500euros, o que quer dizer que uma família tipo,em Portugal, com três pessoas, gastava emmédia 1.500 euros, mais de 30% dos custostotais com a saúde. A média europeia é de 24%.

2.9.5 – De acordo com dados da OCDE e doPNUD verifica-se que:

a) O período de maiores ganhos em saúde e demaior eficiência (mais ganhos com menor ouigual investimento) foi o de 1975 a 1980 ecorresponde aos anos de impulso da Revoluçãode Abril e da criação do SNS como serviçopúblico.

b) O período com menores ganhos em saúde ede pior eficiência (menos ganhos com maiorinvestimento) foi o de 1990 a 1995 e corres-ponde aos anos da primeira grande ofensivaprivatizadora com o Governo de Cavaco Silva,apoiada na Lei de Bases da Saúde aprovada em1990.

2.10 – Educação2.10.1 – A Constituição da República consagrao direito de todos à educação e à cultura edefine, como competência do Estado, «promo-ver a democratização da educação garantindo atodos os cidadãos, segundo as suas capacidadeo acesso aos graus mais elevados de ensino, dainvestigação cientifica e da criação artística», numquadro em que se estabelece progressiva-mentea gratuitidade de todos os graus de ensino. Noentanto, fruto das políticas de direita que têmsido seguidas pelos sucessivos gover-nos, ocaminho seguido tem sido o da crescentedesresponsabilização do Estado.

2.10.2 – É neste contexto que deve ser avaliadaa medida de encerrar cerca de 4 500 escolas do1.º Ciclo do Básico e centenas de jardins-de--infância até ao final da legislatura.

2.10.3 – Um dos traços fundamentais da políticade direita tem consistido na orientação deprivilégio relativo dado ao ensino privado sobreo público e da desvalorização e desqualificaçãodas condições de aprendizagem e de formaçãoproporcionada na escola pública.

2.10.4 – O apoio do Estado ao ensino particularsó tem legitimidade quando e se este desem-penhar um papel que o primeiro não pode tran-sitoriamente desempenhar – tanto mais que opróprio ensino particular quando se reclame dochamado «paralelismo pedagógico» recusa qual-quer espécie de prestação de contas e de res-ponsabilidade pública.

2.11 – Água2.11.1 – A relação das pessoas com a água é,talvez, o vínculo mais forte entre as pessoas e anatureza. Toda a história dos homens e dascivilizações está associada à água. A circulaçãoda água é elementar e vital para todos os seresvivos e nas sociedades modernas, o abaste-cimento e a ligação dos homens à água é feitopor um processo artificial: os «Serviços de Água».

2.11.2 – Os «Serviços de Água» deverão consti-tuir um serviço público por excelência onde aágua deverá continuar o ciclo da natureza e davida; actualmente estes «Serviços de Água» –(abastecimento e águas residuais) são objectode contratos de concessão com objecto deexploração lucrativa o que contraria a essênciade serviço público, do interesse comum e dandoà água uma inadmissível condição de mercadoria.A ligação metabólica entre o homem e o ciclohidrológico está a ser entregue para exploraçãolucrativa com contratos de concessão da água.

2.11.3 – As questões da água têm vindo em todoo mundo a assumir crescente relevância na opo-sição ao capitalismo em Portugal têm tomadoum rumo que ameaça gravemente toda a relaçãohumana com a água.

2.11.4 – A crise económica torna apetecível aexploração de bens essenciais em regime demonopólio como os «Serviços de Água». Asmultinacionais da água tornam-se poderosís-simas e o domínio da água, dos rios e dos aquí-feros tornou-se uma das áreas da sua inter-venção.

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2.11.5 – A privatização transforma o objecto doserviço – de um direito de cidadania e dumaresponsabilidade do Estado passa a negócio deum concessionário que comercializa o direitoao acesso á água ou pura e simplesmente oretira. Os cidadãos são expropriados da suapropriedade, perdem o direito à água, o patri-mónio público é alienado, o serviço deteriora--se.

2.11.6 – A revolução de Abril vedou às empresasprivadas a actividade económica em diversossectores entre os quais a prestação de serviçosde água e saneamento, mas as sucessivasalterações da legislação abriram o caminho daprivatização e da reinstalação dum podermonopolista.

2.11.7 – A criação dos sistemas multimunicipais(1994), os planos estratégicos de abastecimentode água e saneamento de águas residuais(PEAASAR I e PEAASAR II) e a lei quadro daágua (Setembro de 2005) alteraram todo oquadro de intervenção e transformaram emnegócio privado, lucrativo e imediatista todosos usos da água e terrenos envolventes, incluemconcessão a privados do próprio licenciamentoe exploração do domínio público hídrico e dosempreendimentos de fins múltiplos, o estabe-lecimento de taxas de uso de água.

2.11.8 – As funções do Estado na administração,protecção e valorização da água e do território,na protecção das pessoas e dos ecossistemas eno desenvolvimento produtivo desapareceramainda mais rapidamente do que a destruição deserviços públicos que foram ficando destituídosde quadros, meios e orçamentos para cumpriresses desígnios.

2.11.9 – A discussão pública com toda a socie-dade, sobre uma lei da água justa para todos, éuma necessidade imperiosa e deverá ter comoconsiderações básicas a salvaguarda do domíniopúblico, a preocupação com a componentehumana e a cidadania, os direitos constitucionaisdos portugueses, a equidade e a justiça, aimportância social e económica da água, o seupapel estratégico no sistema produtivo, asresponsabilidades e competências do Estado edo Poder Local e os direitos democráticos doscidadãos, retirando caminhos que os GovernosPS e PSD/CDS-PP têm desenvolvido no sentidoda mercantilização e exploração dos «Serviçosde Água».

2.11.10 – A sobreposição dos critérios de eficáciafinanceira e lucro aos da eficácia econó-mica e

social, ao ordenamento regulamentação efiscalização de actividades económicas, traduz--se em graves consequências para o ambiente erecursos naturais; a preservação dos ecossis-temas e recursos naturais e a garantia da susten-tabilidade das actividades humanas reclamamoutros critérios que não os defendidos peloneoliberalismo e que os últimos Governos têmdesenvolvido e tentado implementar no nossopaís.

2.12 – Energia2.12.1 – A política energética foi substituída pelabusca de negócios que beneficiem o apetitevoraz do capital monopolista pelas empresas dosector.

2.12.2 – Declarações dos governos em favor dogás natural, das energias renováveis, da utilizaçãoracional de energia e de adesão à conferênciade Quioto não têm passado de exercícios deretórica.

2.12.3 – O grupo empresarial em que a EDP foitransformada passou a funcionar na lógicacapitalista pura das empresas privadas, em queos lucros e os dividendos para os accionistas sãomais importantes do que a prestação de umserviço público, eficiente, de qualidade e a pre-ços compatíveis com o nível de rendimentos dapopulação.

2.12.4 – A EDP pratica preços pela chamadaelectricidade doméstica que estão muito acimados preços médios praticados na União Euro-peia. Ao contrário do que se tem vindo adefender, de que a liberalização do mercado daelectricidade traria concorrência e vantagenspara os consumidores, o que se tem verificadoe já era previsível, é um contínuo crescimentodos preços.

2.13 – Transportes2.13.1 – No sector de transportes o assalto aosector público e a privatização e desmante-lamento dos serviços públicos prossegue eaprofunda-se a coberto da contratualização.

2.13.2 – Continua a não haver um sistemaintegrado de transportes, prevalecendo os inte-resses individuais de cada empresa, só efectuan-do o que lhe é rentável, sem ter em conta asnecessidades dos utentes, das populações, daeconomia regional e nacional.

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ENCONTRO NACIONAL DO PCP

2.13.3 – Para isso muito contribui uma políticaerrada de incremento de diversos tipos detransporte, com o objectivo de eliminar o passesocial intermodal e retirar aos utentes a mobi-lidade dentro da sua área geográfica e também,por aqui, fazer com que os preços se aproximemdo custo de transporte e seja retirada a compo-nente social do serviço público de transportes.

2.13.4 – As medidas que o Governo aponta parao sector dos transportes resumem-se, no essen-cial à demagogia com os avultados investimentosno aeroporto da Ota e no TGV, sem estudosrigorosos que os suportem, deixando o que éessencial e prioritário em segundo plano.

2.14 – Comunicações2.14.1.1 – Telecomunicações

2.14.1.2 – Os grandes avanços científicos etecnológicos, a possibilidade da criação de novosprodutos, os fabulosos lucros que geram, tor-nam este sector alvo do interesse dos grandesgrupos económicos e financeiros nacionais einternacionais.

2.14.1.3 – A retirada do Estado, deste sectorestratégico e vital da nossa economia, feita pelosgovernos PS e PSD/CDS-PP como são exemploentre outros aspectos a venda da rede básicade telecomunicações, contribui par o enfraque-cimento da economia do país, para a perca daindependência nacional e do sigilo das telecomu-nicações.

2.14.1.4 – Com a privatização da PT baixou aqualidade de serviço público prestado, aumen-taram as assimetrias regionais e as dificuldadesde acesso aos serviços incluindo o telefone fixo,essencialmente nas zonas mais desfavorecidas,por norma menos lucrativas.

2.14.2 – Correios

2.14.2.1 – Também nos CTT a mesma estratégiaestá a ser aplicada a grande velocidade, com areestruturação de serviços, com o claro objecti-vo da sua parcial ou total privatização

2.14.2.2 – O fecho de dezenas de Estações deCorreio cujos serviços foram transferidos paraJuntas de freguesia e outras entidades o que jálevanta o problema do sigilo e da idoneidade naprestação do serviço postal e do cumprimentode determinados padrões mínimos de qualidadeque estão ameaçados.

2.14.2.3 – A situação tende a agravar-se, comprejuízo para as populações. Com a continuação

desta política as populações do interior serãomais mal servidas e a preços que se advinhammais caros, pondo em causa o principio da per-petuação tarifária.

2.15 – Justiça2.15.1 – No quadro de uma profunda crise queafecta toda a sociedade portuguesa, a situaçãono sector da Justiça não foge à regra.

2.15.2 – A realidade dos Tribunais e a realizaçãoda justiça tal como se conhece – deficientescondições, atrasos e morosidade, elevado custo,limitações no acesso, etc. – são a prova daincapacidade e falta de vontade política de suces-sivos governos, ora do PS ora do PSD e CDS//PP, para encontrar e pôr em prática medidasestruturantes e de fundo que respondam cabal-mente ou abram linhas de resolução de um vastoconjunto de problemas de diferente natureza ecomplexidade com que se defronta esta funçãosoberana do Estado.

2.15.3 – Ao fim de um ano de governação doPS, os problemas agravaram-se: uma gritantefalta de meios, ditada por uma visão economi-cista, afecta as condições de trabalho de todosos profissionais da Justiça e não responde a ne-cessidades tão diferentes e basilares como sãoo preenchimento dos quadros ou a moderni-zação de equipamentos e instalações, a melhoriasubstancial da investigação criminal ou a indis-pesável actualização da formação; não diminuiua morosidade antes aumentou o ritmo de acu-mulação de processos; não diminuíram os eleva-díssimas custas e taxas de justiça; não se alargoua informação jurídica e o apoio judiciário aoscidadãos, dificultando-lhes ou até impedindo naprática o seu acesso à justiça e aos tribunais.

2.15.4 A continuada degradação da justiça, a quenunca se quis verdadeiramente pôr cobro, a parde uma poderosa, e nunca antes vista, campanhado governo Sócrates contra os magistrados eoficiais de justiça, alicerçam a convicção de queestá em curso uma estratégia que tem porobjectivo enfraquecer o poder judicial, limitar aindependência dos tribunais, governamentalizare partidarizar a justiça.

2.15.5 – Prova disso são as medidas que afron-tam os direitos e a dignidade dos profissionais,as campanhas que minam a credibilidade e oprestígio da justiça e dos seus órgãos aos olhosdos cidadãos.

2.15.6 – Como o são todas as medidas que o

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POR UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO SERVIÇO DAS POPULAÇÕES E DO PAÍS

Governo prossegue no plano legislativo e quevisam a limitação e condicionamento da auto-nomia do Ministério Público, ou a definição deprioridades na investigação dos processos facili-tando a sua gestão política.

2.15.7 – Estas e outras medidas, a serem apro-vadas, concorreriam para dificultar ainda mais ocombate à corrupção e à criminalidade e para amanutenção da gravíssima situação de impuni-dade dos poderosos, consolidando, ainda mais,os traços de uma justiça de classe já hoje prevale-cente na nossa sociedade.

2.15.8 – A par de uma maior intervenção e detentativas recorrentes de interferência doMinistro e do Governo PS na esfera do poderjudicial, assiste-se a uma crescente desrespon-sabilização do Estado nesta área, numa estra-tégia verdadeiramente mercantilista da Justiça,que conhece desenvolvimentos preocupantes,com a privatização dos notários e das acçõesexecutivas para cobrança de dívidas, ou noâmbito do sistema prisional.

2.15.9 – E no que toca ao apoio judiciário, oGoverno continua a descartar responsabilidades,passando-as em exclusivo para a Ordem dosAdvogados e mantendo uma grave e injustasituação de limitação no acesso ao direito à gene-ralidade dos cidadãos, designadamente por forçade uma lei que restringe apenas aos muito po-bres o acesso à assistência judiciária gratuita.

2.16 – A política do Governona Segurança Interna2.16.1 – A política do governo PS/Sócrates naSegurança Interna tem sido marcada por medi-das economicistas que têm levado ao desmem-bramento de importantes funções, atribuiçõese responsabilidades do Estado nesta importanteárea, com consequências já visíveis e profunda-mente negativas na segurança pública, direitose liberdades dos cidadãos, na própria operacio-nalidade e estabilidade das forças e serviços desegurança e transmitem um quadro negro dasameaças que pesam sobre o próprio regimedemocrático.

2.16.2 – É um facto que o Governo, com a suadoentia e obsessiva política de «privatizar emilitarizar tudo», tem vindo a transportar parao interior de vastos sectores da AdministraçãoInterna um clima de conflitualidade e instabili-dade, provocando o descontentamento generali-zado e levando à paralisia e ruptura dos progra-

mas de policiamento de proximidade, ao desviodas forças de segurança das suas missõesconstitucionais, como é o caso da participaçãode 200 elementos da GNR na Força de Gendar-merie Europeia, de conceitos e medidas deconteúdo securitário que atingem direitos, liber-dades e garantias, como a recente mega-ope-ração da PSP, com evidentes prejuízos para aimagem destas Instituições de Segurança, parao serviço policial, para os profissionais e para oscidadãos.

2.16.3 – Esta política, assente em critérios depoupança, é também evidente na brutal ofensivacontra os direitos dos profissionais, impedindo--os de exercerem as suas funções com eficácia,rigor, motivação e com a qualidade que oscidadãos e o país exigem.

2.16.4 – Para o PCP, são evidentes as respon-sabilidades que o Governo tem na criação,desenvolvimento e aprofundamento da gravecrise que atravessa a área da segurança interna,pela sua demonstrada política irresponsável,prepotente e eivada de conceitos militaristasque, teimosamente, quer manter e aperfeiçoar,ao arrepio da vontade das populações e dosprofissionais do sector e das necessidades dopaís.

2.16.5 – Para o PCP é indispensável a tomadade medidas que rompam com as políticassecuritárias e políticas de direita nesta área eque afirmem e consolidem definitivamente umapolítica alternativa que crie condições para amodernização destas instituições, a dignificaçãodo Estatuto dos seus profissionais, a defesa dalegalidade democrática e a salvaguarda dasegurança e tranquilidade dos cidadãos.

2.17 – Defesa2.17.1 – No que à Defesa Nacional e ForçasArmadas diz respeito, tem-se vindo a assistir aum processo de desmantelamento das FFAAenquanto emanação da sociedade. Foi assim quea direita e o PS puseram fim ao SMO e se assistea novos passos tendentes à funcionalização dosmilitares, pondo em causa a condição militar eo quadro de direitos conquistados.

2.17.2 – Esta tendência é inerente à transfor-mação das Forças Armadas em Força Armadatendo como prioridade a inserção e intervençãoexterna.

2.17.3 – Ignorando as reais possibilidades nacio-nais e as orientações constitucionais fundamen-

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ENCONTRO NACIONAL DO PCP

tais quanto às prioridades para as FFAA, o PScom o apoio da direita opta por consideráveisgastos em reequipamento militar que nãoservem os interesses nacionais, mas sim asorientações NATO e a crescente militarizaçãoda União Europeia no quadro do desenvol-vimento da PESD.

2.17.4 – Neste sentido, e tendo como pano defundo o combate ao terrorismo, assiste-se noplano ideológico à intensificação de uma linhatendente ao convencimento do povo, de quesegurança e defesa é uma e a mesma coisa. Aesta mistura de conceitos tenderá crescente-mente a uma mistura de usos, naquilo que confi-

gura perigos crescentes para o regime e para acredibilidade e prestigio das Forças da Armadas.

2.17.5 – Na verdade, aquilo que está em desen-volvimento é a substituição dos conceitos consti-tucionais pelo conceito de segurança nacional ea adaptação da organização, estrutura e meios aesse conceito.

2.17.6 – Para a concretização deste objectivotorna-se indispensável reduzir o histórico papeldas FFAA nas missões de interesse público, bemcomo das áreas técnico-científicas e estabele-cimentos fabris ligados às áreas.

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POR UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO SERVIÇO DAS POPULAÇÕES E DO PAÍS

3.1 – Os Trabalhadoresda Função Pública3.1.1 – É impossível a recuperação do País semo crescimento económico sustentado, sem amodernização da Administração Pública, e aintrodução de uma cultura de exigência, deresponsabilização, de combate permanente àineficiência e à subutilização de meios e promis-cuidade entre público e privado. Tal não é pos-sível sem uma forte mobilização, motivação eparticipação dos seus trabalhadores, o que nãose consegue atacando-os de uma forma ignóbil,retirando e violando mesmo os seus direitos co-mo tem sucedido com os últimos governos e,em particular, com o governo PS de Sócrates.

3.1.2 – A Administração Pública não existe semos seus trabalhadores. É evidente que só poderáassumir o papel e a função imprescindível queterá de ter necessariamente na recuperação emodernização do País, se os direitos essenciaisdestes trabalhadores forem respeitados evalorizados.

3.2 – A Constituição daRepública e os trabalhadoresda Administração Pública3.2.1 – A Constituição da República Portuguesaautonomizou a função pública, conferindo-lhedignidade constitucional em diversos preceitos,tendo até enunciado que a definição das basesgerais do seu regime e âmbito é matéria dacompetência relativa da Assembleia da República– o que a distingue das normas laborais –, e quefuncionários e agentes estariam vinculados a umregime específico.

3.2.2 – Do mesmo modo, estabelece a Cons-tituição que os funcionários e agentes são parti-cularmente responsáveis civil, criminal e discipli-narmente, se, no exercício das suas funções epor causa desse exercício violarem os direitosou os interesses legalmente protegidos doscidadãos, atendendo ao seu particular estatuto

de agentes ao serviço da satisfação das neces-sidades colectivas.

3.2.3 – Nesse sentido, o carácter de vínculopúblico decorre e é intrínseco à relação de tra-balho desses trabalhadores atendendo ao serviçopúblico que têm de prestar. O vínculo público éo único que contraria e exclui o arbítrio e achantagem política, garante a qualidade doserviço prestado e o princípio da igualdade detratamento e de acesso dos cidadãos aos ser-viços públicos.

3.2.4 – O acesso à função pública exige umregime específico correspondente à participaçãodos trabalhadores da Função Pública no exer-cício de soberania.

3.2.5 – A estabilidade de emprego deve serinerente e assentar nos princípios da igualdade,proporcionalidade, justiça, imparcialidade e boa--fé a que os funcionários devem estar subordi-nados, numa prestação de serviço público quelhes confira a necessária independência do podereconómico.

3.2.6 – O modelo de funcionamento da Adminis-tração Pública, em que se inserem os funcioná-rios públicos, está legitimado pela Constituição,garante a tutela dos direitos dos trabalhadores,apresenta-se como o mais democrático no pro-cesso interno de decisão e configura-se comoum meio de controlo da responsabilidade polí-tica ministerial.

3.2.7 – A imposição do contrato individual detrabalho com as especificidades da Lei n.º 23//2004, de 22 de Junho, quer aos institutospúblicos, quer à administração regional autóno-ma, à administração local, ou à administraçãodirecta do Estado, consubstancia um fenómenode deslegalização da função pública.

3.2.8 – Os direitos fundamentais dos trabalha-dores da função pública, muitos deles consa-grados na Constituição da República e reconhe-cidos a todos os trabalhadores portugueses, têmsido sistematicamente violados, ou estão sob aameaça.

3A OFENSIVA

NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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ENCONTRO NACIONAL DO PCP

3.2.9 – A pretexto de redução da despesapública, da equidade entre o regime público e oprivado, da necessidade de acabar com privilé-gios, nos últimos anos o estatuto de aposen-tação, foi gravemente atingido e os direitosreduzidos e os trabalhadores penalizados.

3.2.10 – Violentando expectativas legitimamenteadquiridas pelos trabalhadores, tanto o governoPS como a maioria que o suporta, impuseram,sem qualquer desejo de obter consensos e semqualquer debate, as suas posições, num exemploprimário de «quero, posso, e mando».

3.2.11 – O PCP não é nem nunca foi contra auniformização de regimes, mas tal uniformizaçãodeve, por um lado, ter em conta as especifi-cidades das profissões e, por outro lado, pautar--se pelos regimes mais favoráveis e não por umnivelamento por «baixo».

3.2.12 – A acção ideológica fomenta na opiniãopública um clima propício a políticas privatiza-doras que se traduz na privatização dos lucros,na socialização dos custos, na selectividade noacesso aos serviços, no aumento das taxas e nadegradação da qualidade dos serviços prestados.Esta acção é inseparável da refinada ofensivaideológica contra os trabalhadores da Adminis-tração Pública, culpabilizando-os pelas deficiên-cias e insuficiências dos serviços.

3.2.13 – O poder político pretende diminuir75.000 efectivos da Administração Pública, o quesó pode ser alcançável com a privatização gene-ralizada das funções sociais do Estado. O PRACEvem agravar esta situação e, mais explicita-mente, coloca o aparelho do Estado mais identi-ficado com os interesses do grande capital.

3.2.14 – O novo modelo de avaliação de desem-penho é um atentado aos princípios fundamen-tais do direito, condiciona o direito à progressãoe promoção nas carreiras e não contempla aavaliação isenta e rigorosa do desempenhoprofissional dada a sua carga subjectiva.

3.2.15 – A contratação colectiva tem sido vili-pendiada e inutilizada não levando em conside-ração a legislação em vigor, nomeadamente oart. 56.º da Constituição, que estabelece que«compete às associações sindicais exercer odireito de contratação colectiva».

3.2.16 – A unilateral imposição e congelamentode salários, pelos Governos PSD/PP e agora pelode PS de Sócrates, a subversão das carreirasprofissionais e a marginalização dos sindicatos,põem em causa o direito à contratação colectivatransformando-o num mero direito de consulta,o que viola a Constituição da República, o tãopropagado Estado de Direito e as normas inter-nacionais do trabalho.

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POR UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO SERVIÇO DAS POPULAÇÕES E DO PAÍS

4.1 – O Estado agente dedinamização e desenvolvimentoeconómico e social4.1.1 – Num momento em que era fundamentalmodernizar e inovar a economia portuguesa epara o conseguir era necessário investir muitomais, o governo reduziu, em 2006 o investi-mento público feito através do PIDDAC emcerca de 25,4%.

4.1.2 – É precisamente neste contexto, de gravecrise económica e social, em que a coesão sociale o aparelho produtivo nacional estão profunda-mente debilitados como consequência daspolíticas seguidas pelos sucessivos governos doPS e do PSD/CDS-PP, que deve ser analisado opapel central do «Estado agente de dinamizaçãoe desenvolvimento económico e social» emPortugal.

4.1.3 – O forte ataque contra a AdministraçãoPública e contra os seus trabalhadores por partedo governo PS de Sócrates, visa fundamen-talmente fragilizar o Estado para assim facilitar aacumulação capitalista que se verifica actual-mente em Portugal, cuja face mais visível é oaumento das desigualdades, associado a cresci-mento rápido do desemprego e da pobreza.

4.1.4 – Após reduzir brutalmente o investimentopúblico nacional a nova lei das finanças locais,procura impor no plano local a concretizaçãode políticas convergentes com as suas orienta-ções neoliberais. Esta lei traduzir-se-á num novoe mais expressivo corte dos recursos financeirosdas autarquias com consequências directas nasua capacidade de investimento, na vida daspopulações, na economia local e numa maisacentuada desigualdade entre municípios que setransformará no aumento das assimetrias e doempobrecimento dos municípios do interior dopaís.

4.2 – O sector produtivo,o desenvolvimento tecnológicoe o papel do Estado4.2.1 – A análise da evolução do sector produtivoportuguês nos últimos 10 anos revela que severificou uma destruição contínua e uma perdade importância na Economia Nacional.

4.2.2 – Portugal enfrenta neste momento a glo-balização capitalista com um aparelho produtivofragilizado, quando não mesmo em grande partedestruído, com as empresas estratégicas e umaparte significativa do sector bancário sob contro-lo estrangeiro, com um tecido social profunda-mente fragilizado onde, devido ao aumentocrescente das desigualdades, a coesão social écada vez mais posta em causa, e onde o Estado,devido ao processo de integração na UniãoEuropeia e às privatizações está em grande partedesarmado, sem os principais instrumentosclássicos da política macro-económica.

4.2.3 – O Estado deverá ter um papel comoagente de dinamização do desenvolvimentoeconómico e social, podendo mesmo dizer-seque sem uma forte intervenção dele não serápossível nem reduzir as graves desigualdadesexistentes nem modernizar a economia e asociedade portuguesa.

4.2.4 – As políticas do actual Governo não garan-tem nem a modernização efectiva da economia,nem a integração nessa modernização desectores numerosos da população empregada,nomeadamente os de baixa escolaridade, queainda constituem a maioria da população. Trata--se de políticas, que assentado na obsessão dodéfice, têm como objectivo prioritário a suaredução drástica a qualquer preço.

4.2.5 – No que respeita às questões ligadas coma ciência e a tecnologia é reconhecida a insufi-ciência de investimento por parte do Estadonestas áreas constituindo, tal aspecto, uma fragi-lidade nacional. O desenvolvimento do país exigeo acrescentamento da cadeia de valor nacional,a defesa dos sectores produtivos e a garantia

4POR UM ESTADO AO SERVIÇO

DOS TRABALHADORES E DO POVO

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ENCONTRO NACIONAL DO PCP

das alavancas económicas em mãos nacionais(e a experiência demonstra só se concretizaratravés do sector público), que a I&D, em geral,não tem promovido. Por outro lado, o pesocrescente do número de sectores e a qualidadeestratégica de áreas abrangidas pelo capitalestrangeiro e redes do capital transnacional sãoum evidente risco para a condução autónomadas políticas económicas nacionais e umaevidente ameaça à soberania nacional. Ao invésdo show off do governo, é efectivamente neces-sário um plano tecnológico que invista nos recur-sos humanos e em meios materiais indispen-sáveis não só ao exercício profissional, mastambém à investigação e desenvolvimento I&D.

4.2.6 – As recentes decisões do governo sobrea reforma dos laboratórios do Estado, com aextinção, por exemplo do INETI, constitui umperigoso retrocesso na já de si deficitária situa-ção do país.

4.2.7 – É por estas e outras razões concretasque, ao contrário do slogan neoliberal «MenosEstado, Melhor Estado», que antes orientou osgovernos de Cavaco Silva e de Guterres nos seusataques ao Sector Empresarial do Estado e queagora serve de justificação ideológica tambémpara o ataque do governo de Sócrates contra aAdministração Pública, o nosso país necessita,para se poder desenvolver, de «Mais Estado, eMelhor Estado».

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POR UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO SERVIÇO DAS POPULAÇÕES E DO PAÍS

5.1 – O papel da Administraçãona Realização das Funçõesdo Estado5.1.1 – Nos termos do artigo 2.º da Constitui-ção, o Estado de direito democrático tem comoobjectivo a «realização da democracia económi-ca, social e cultural (…)», o que significa que ademocracia económica e social constituielemento essencial do conceito global de Estadode direito democrático. Este conceito de Estadosocial, traduz-se essencialmente na responsabi-lidade pública pela promoção do desenvolvi-mento económico, social e cultural, na satisfaçãode níveis básicos de prestações sociais para todose na correcção das desigualdades sociais.

5.1.2 – Como tal, o Estado deve conservar, asfunções de prestação directa de bens e serviços,com o objectivo de realizar a democracia econó-mica, social e cultural e concretizar os princípiosda igualdade e da justiça social, sem o que sepode prever a mais que certa perda de soberanianacional, através da mais que certa fuga paracapitais estrangeiros das unidades a privatizar.

5.1.3 – Num mundo e numa União Europeiadominados pela globalização capitalista, onde odesemprego, a precariedade, o trabalho semqualidade alastram, a existência de bons serviçospúblicos e das funções sociais do Estado, é aúnica forma de garantir que, por razõeseconómicas, os portugueses, nomeadamente ostrabalhadores sejam impedidos de aceder aserviços essenciais, absolutamente necessáriospara garantir uma vida com um mínimo dedignidade.

5.1.4 – Para além da privatização de empresaspublicas que prestam serviços essenciais àpopulação – comunicações, energia, transportes,etc. –, a ameaça de privatização de serviçospúblicos essenciais, como são a saúde, a educa-ção, a segurança social, os transportes, a água,os esgotos, os lixos, etc., é cada vez mais real. E

isto porque estas áreas, que o grande capitalainda não domina são as novas áreas que eleconsidera como os negócios do Séc. XXI e que,por isso, a todo o custo pretende dominar e ex-plorar com objectivo de maximizar os seus lu-cros.

5.1.5 – Neste sentido está o incremento, pelogoverno PS de Sócrates, das parcerias públicoprivadas, nomeadamente na área dos trans-portes e da saúde o que determinará, de acordocom dados constantes do Relatório do Orça-mento do Estado para 2006, um encargo para oEstado superior a 21.000 milhões de euros depagamentos a grandes grupos económicos priva-dos nos próximos 20 anos.

5.1.6 – Efectivamente as parcerias publico priva-das, que o governo PS de Sócrates pretendemultiplicar, são um negócio altamente seguro erentável para os privados, nomeadamente paraos grandes grupos económicos, na medida quegarantem um contrato seguro que poderá atingir30 anos (qual é a empresa, actuando no chamadomercado, que tem um contrato de venda comtal duração?), com lucro certo, porque está in-cluído no preço contratado com o Estado, e ain-da por cima com clientes cujo número tem ten-dência para aumentar, e não o contrário, e cujopagamento é garantido pelo Orçamento doEstado.

5.1.7 A defesa dos serviços públicos passafundamentalmente pela necessidade de manteresses serviços no domínio público – a gestãocapitalista com o objectivo necessariamente demaximizar o lucro é incompatível com serviçopúblico –, pela necessidade de aumentar a suaeficiência e eficácia, de os modernizar, deaumentar a qualificação dos trabalhadores daAdministração para assim aumentar a qualidadedos serviços prestados à população e reduzir asubutilização e o desperdício de meios, a pro-miscuidade público privado, etc.

5.1.8 – É esta uma batalha que se tem necessa-

5O REFORÇO DA PRESTAÇÃO

DO SERVIÇO PÚBLICOE DAS FUNÇÕES SOCIAIS DO ESTADO

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ENCONTRO NACIONAL DO PCP

riamente de vencer contra o pensamentodominante de cariz neoliberal e contra a políticade direita dos últimos governos, em particulardo governo PS de Sócrates.

5.2 – A regionalizaçãoe a descentralização de meiose competências, elementoscentrais para o desenvolvimentoeconómico, social e culturalsustentado e equilibrado do país.5.2.1 – Apesar das referências e indicaçõesconstitucionais no sentido da regionalização eda descentralização de meios e de competên-cias, no quadro de uma administração públicapróxima dos cidadãos, e da recorrência dostemas no discurso eleitoral da maior parte dadireita e do PS, o certo é que o País e o Estadocontinuam forte e crescentemente centralizadose a regionalização permanece adiada.

5.2.2 – A atracção exercida pelos pólos urbanosdo litoral não justifica, por si só, o abandono doscampos, das vilas e das cidades do interior: apolítica económica geral e o desígnio que lhe ésubjacente de concentrar a riqueza produzidana posse de uma classe social numericamentereduzida, políticas sectoriais variadas (desde aagrícola à cultural, aquela promovendo aredução da actividade e a concentração dapropriedade dos solos, esta os hábitos e osvalores da vida urbana e do consumo), todasacrescem à ausência de políticas activas,coerentes e sistemáticas, que promovam afixação das pessoas e actividades no interior dopaís e atraiam novas actividades e mais pessoaspara nele se radicarem.

5.2.3 – A concentração económica e demográ-fica tem sido acompanhada, quando não prece-dida ou estimulada mesmo, pela concentraçãodos recursos e da administração pública e pelacentralização das competências.

5.2.4 – O Estado português é um dos mais con-centrados da União Europeia e da OCDE, comoo demonstraram estudos desta última organiza-ção e do Banco Mundial sobre os centros dedecisão política e administrativa e, em geral, seexpressa, de forma clara, na repartição da des-pesa pública: 8,3% dos recursos públicos nacio-nais são geridos, no nosso país, pela adminis-tração local e regional, enquanto a média corres-pondente nos países da OCDE é muito superiorao dobro (21,9%).

5.2.5 – Outros indicadores financeiros atestame reforçam este elevado nível de concentração:a despesa da administração local representa, nonosso país, uns magros 10% da despesa públicatotal (a mais baixa da Europa dos 15) e apenas5% da receita fiscal é afecta a este nível descon-centrado da administração.

5.2.6 – A concentração de competências e derecursos financeiros acompanha e tambémtraduz a elevada concentração de infra-estru-turas e de equipamentos públicos, de dirigentese de gestores públicos e de efectivos humanosda administração: em 1999, os efectivos dasadministrações regional (pouco menos de 5%)e local (16%) ficavam-se pelos 21% do total.

5.2.7 – O Poder Local Democrático, apesar dosfracos níveis de descentralização, deu vastas ediversificadas provas das virtudes e potencia-lidades da descentralização e do papel centralque tem e, se aprofundada, poderia ter aindaum maior impacto no desenvolvimento econó-mico, social e cultural do país.

5.2.8 – 30 anos de realizações com parcosrecursos (apenas 5,6% do PIB) mas que, à suaescala, mudaram a face do território e aspectosessenciais da vida colectiva, esbatendo assime-trias onde e quando possível, disponibilizandoserviços públicos essenciais, promovendo novasactividades económicas e culturais.

5.2.9 – Realizações naturalmente limitadas pelainsipiência da descentralização, é certo, mastambém pela exiguidade dos recursos envolvidose pela própria escala territorial.

5.2.10 – Pela dimensão, pelas complementari-dades intrínsecas e pelo volume de recursosendógenos, a região é o nível da administraçãoadequado à elaboração, com um grau satisfatóriode participação democrática, de políticas queoptimizem aqueles recursos e complemen-taridades ao serviço do desenvolvimento susten-tado.

5.2.11 – A região é também o primeiro nível aque se exprime, de forma suficientementeabrangente, a diversidade da administração pú-blica e, portanto, o que reclama a coordenaçãodas suas acções e da sua intervenção, particular-mente enquanto dinamizadora do desenvolvi-mento económico e social.

5.2.12 – A regionalização, num quadro dedescentralização de meios e competências,afirmar-se-á pela assunção de alguns dos pode-res e competências hoje concentrados no gover-no, nos organismos de topo da administração e

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POR UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO SERVIÇO DAS POPULAÇÕES E DO PAÍS

em institutos públicos e não impede, antespotencia, o reforço da autonomia e alargamentodas competências dos municípios e das fre-guesias.

5.3 – Uma política de combateà fuga e evasão fiscais,por mais justiça social5.3.1 – A Constituição da República, nos seusartigos 103.º e 104.º, referem designadamenteo seguinte: – o sistema fiscal visa a satisfaçãodas necessidades financeiras do Estado e outrasentidades públicas e uma repartição justa dosrendimentos e da riqueza; – o imposto sobre orendimento pessoal visa a diminuição das desi-gualdades e será único e progressivo, tendo emconta as necessidades e os rendimentos do agre-gado familiar.

5.3.2 – O sistema fiscal em vigor não vai naexacta direcção dos princípios constitucionais,já que ele próprio permite por um lado, que nemtodos os rendimentos sejam sujeitos a impostos(veja-se o caso das operações financei-ras deespeculação bolsista) e por outro, através dosmais variados benefícios fiscais concedidos àsempresas, designadamente as ligadas à banca eseguros, permite a diminuição efectiva das taxasrelativas aos vários impostos.

5.3.3 – As consequências deste injusto sistema,para além de facilitarem a fraude e evasão fiscais,criando uma economia paralela sem controlo,obriga a que sejam fundamentalmente os traba-lhadores por conta de outrem (sujeitos à reten-ção de impostos na fonte), a suportar a maiorparte das contribuições que integram o Orça-mento.

5.3.4 – Tendo em conta ainda que a incidênciados vários imposto indirectos (IVA, ISBA – bebi-das alcoólicas, ISTA – tabaco e ISPP – produtospetrolíferos , etc.) é idêntica para rendimentosdiferentes, facilmente se pode concluir que osgrandes beneficiários deste sistema são os gran-des capitalistas (detentores da banca, seguros,de outras grandes empresas e principais parti-cipantes na especulação bolsista), que deixamde contribuir com milhões de Euros para o orça-mento, sendo os grandes prejudicados os traba-lhadores por conta de outrem, que quer atravésdo IRS, quer através de todos os outros impostosindirectos não podem fugir ao seu pagamento.

5.3.5 – Se os grandes detentores do capitalcontribuíssem a nível de impostos de acordocom os princípios constitucionais, o problemado défice desapareceria, permitindo assim queo Estado aplicasse um verdadeira distribuiçãoda riqueza e uma verdadeira justiça social.

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ENCONTRO NACIONAL DO PCP

6.1 – A luta, o caminho maisseguro para a defesa do regimedemocrático e aprofundamentodos direitos e liberdades.6.1.1 – A luta dos trabalhadores e do povo nosanos 74 e 75 foi determinante para o controlodemocrático de sectores fundamentais daeconomia e para que a banca, os seguros, aenergia, o abastecimento de água, os transpor-tes, as comunicações e as principais industriasficassem sob a responsabilidade do Estado.

6.1.2 – Os trabalhadores da AdministraçãoPública quer Central quer Local empreenderama construção dos seus Sindicatos ligando ademocratização das relações laborais à demo-cratização da própria Administração Pública.

6.1.3 – Direitos fundamentais como o direito àSaúde. à Segurança Social ou ao Ensino, as garan-tias de universalização, acessibilidade e gratui-tidade desses sistemas são indissociáveis daacção do movimento sindical.

6.1.4 – Na própria Administração Pública a lutasindical conduziu à efectivação do direito ànegociação mesmo sem reconhecimento legale à conquista de outros importantes direitos:actualização anual dos salários, férias, diutur-nidades, redução do horário de trabalho, rees-truturação de carreiras, integração de milharesde trabalhadores precários nos quadros depessoal.

6.1.5 – Com a contra-revolução desencadeadaa partir de 1976, à harmonização no progressosucedeu uma harmonização no retrocesso e oaprofundamento de nivelamentos por baixo comimportantes consequências nos direitos sociais.

6.1.6 – Com o desenvolvimento de uma ofensivaglobal contra o papel do Estado consagrado naConstituição, a partir do inicio do século XXI,acentuando e aprofundando o processo contra-revolucionário, o papel do movimento sindicalganhou importância acrescida.

6.1.7 – Apesar das inúmeras lutas desenvolvidas

verificam-se atrasos e insuficiências na respostaà ofensiva global em curso por parte de todo omovimento sindical unitário e mesmo no seiodas próprias organizações sindicais da Admi-nistração Pública o que resulta quer da poderosaofensiva ideológica do capital, quer da multipli-cidade das frentes por onde concretiza a ofen-siva, quer de insuficiências seja na destrinça entrefrentes prioritárias e frentes secundárias, querainda nas dificuldades decorrentes do facto deuma incipiente assimilação dos direitos sociaiscomo conquista civilizacional e de classe de to-dos os trabalhadores contrapondo-a, na acçãoconcreta, aos slogans divisionistas do grandecapital e das forças políticas de direita que mas-caram a natureza das suas opções de classe naalegada eliminação de «privilégios» ou de «direi-tos adquiridos».

6.1.8 – A política de «dividir para reinar», desen-volvida pela direita económica e política, visaobjectivamente escamotear e iludir a principalcontradição existente na sociedade capitalista –entre o capital e o trabalho – incutindo no seiodos trabalhadores falsas contradições e empo-lando clivagens secundarias para facilitar o pro-cesso de acumulação capitalista da riqueza.

6.1.9 – Hoje, mais do que nunca, está evidenteque a defesa dos direitos dos trabalhadores daAdministração Pública é indissociável da defesade serviços públicos de qualidade e das funçõessociais do Estado e que a defesa destas funçõesconstitui uma luta a desenvolver por todos ostrabalhadores o que determina uma crescidaavaliação em termos políticos da natureza eobjectivos da ofensiva em curso e a subsequentepriorização de objectivos reivindicativos e orga-nizativos dos trabalhadores da AdministraçãoPública e dos serviços públicos por todo o movi-mento sindical.

6.1.10 – Numa altura em que a ofensivacapitalista revela a sua natureza exploradora eo seu traço reaccionário e ao contrário do queé propalado e permanentemente incutido pelosórgãos de Comunicação Social dominante, a lutadá frutos. Sendo certo que vivemos uma fase

6POR UMA ADMISTRAÇÃO PÚBLICAAO SERVIÇO DO POVO E DO PAÍS

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POR UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO SERVIÇO DAS POPULAÇÕES E DO PAÍS

em que o sistema capitalista aprofunda um semnúmero de contradições é, também, indesmen-tível uma crescente adesão e envolvimento denovas camadas de trabalhadores à luta, dando--lhe maior dimensão e um importante contri-buto para o sucesso.

6.1.11 – O envolvimento de novas camadas dapopulação em processos de luta, mesmonaqueles que não têm resultados imediatos, édecisivo para a formação ideológica de maistrabalhadores e abre boas perspectivas para aacção dos comunistas e para a organização doPartido.

6.1.12 – Apesar da dinâmica de luta nem sempreser a necessária para combater a política dedireita, é intensa a resposta dos trabalhadores àpolítica de recuperação de privilégios do grandecapital.

6.1.13 – Esta preocupação de defender o SectorPúblico e de lutar pelos Serviços Públicos estáintimamente relacionada com a luta para que oEstado assuma funções que constitucionalmen-te lhe cabem.

6.2 – Lutar por umaAdministração Pública ao serviçoda população e do País,é lutar por mais democracia.6.2.1 – A tendência de esvaziar o Estado, primei-ro limitando-lhe os instrumentos de intervençãoactiva na economia, através da diminuição da suacapacidade produtora, a que agora se junta aalienação de importantes funções sociais, deixaem evidência as ameaças ao desenvolvimentoda democracia.

6.2.2 – Desta forma, o presente ataque ao SectorPúblico e aos Serviços Públicos, da forma pordemais conhecida de reduzir os direitos dostrabalhadores e dos despedimentos em massa,não está dissociado do avanço da argúcia neoli-beral. É esta a fonte ideológica na qual se alicerçaa política em curso.

6.2.3 – Assim, o ataque à Administração Públicareveste-se de diferentes subversões que seinterligam nas mais diferentes esferas.

6.2.4 – Na esfera política, com a subalternizaçãodas decisões políticas aos interesses financeirosdo grande capital, quer nacional quer estrangei-ro. Surge nesta deturpação democrática, comum papel essencial, a União Europeia e as direc-ções políticas que dela emanam como super

estrutura, em que as restrições à despesa públicasão pedra basilar da alienação de importantesserviços do Sector Público. Esta demissão doEstado de cumprir funções essenciais demonstrao seu papel de classe, ao lado dos grandes epoderosos, na salvaguarda dos interesses corpo-rativos destes e na manutenção das condiçõesque permitem, a uns poucos, a constante dupli-cação e apropriação de recursos

6.2.5 – Na esfera económica, com a imposiçãode barreiras financeiras ao acesso de bensessenciais como a saúde, a educação, a justiçaou a protecção social, facto a que não é alheio ointeresse de grandes grupos económicos emabocanhar as partes mais rentáveis/rentabili-záveis destes serviços. A par destas medidascontinuamos assistir a uma degradação dascondições de vida da maioria da população, devi-do ao aumento do desemprego, ao congela-mento de salários e consequente perda de poderde compra e ainda devido ao aumento de bense serviços como a electricidade, o pão, ostransportes, os combustíveis...

6.2.6 – O prosseguimento das políticas queconduziram à destruição do aparelho produtivoreflecte-se no incremento dos défices, eminen-temente relacionados com a falta de capacidadeprodutiva e, assim, no aumento da dependênciaexterna do país, no fraco desenvolvimento, naestagnação e agravamento dos níveis de cresci-mento de Portugal em relação aos restantespaíses da União Europeia.

6.2.7 – Na esfera social, como resultado dascondições que a política de direita cria, temos anegação de serviços com qualidade, a quebrado princípio da universalidade de acesso e odesprezo pela solidariedade social; temos umacrescente marginalização de largas camadas dapopulação, o empobrecimento, mesmo dequem trabalha e a falta de garantias e apoios aosdesempregados.

6.2.8 – Fica claro que, neste quadro, lutar pelaAdministração Pública é lutar pela democracia,pelos valores conquistados em Abril, peloprogresso, pela solidariedade, pela justiça e pelodesenvolvimento. Nesta luta, como em tantasoutras, cabe aos comunistas unir, dinamizar emobilizar os democratas os trabalhadores e asmassas populares.

6.2.9 – A luta pela democracia é a luta de todosos democratas.

6.2.10 – Nesta fase, dadas as características deque a presente ofensiva se reveste, lutar pela

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Administração Pública, pelos direitos de quemaí trabalha, pela presença do Estado na garantiados Serviços Públicos, a par de um SectorPúblico forte, é lutar pela democracia.

6.2.11 – São vários sinais de vitalidade desta lutanomeadamente a formação de um númerosignificativo de Comissões de utentes pela defesados mais variados Serviços Públicos que têmproduzido importantes resultados. Exemploscomo os movimentos de utentes dos serviçosde Saúde, contra o encerramento de materni-dades e serviços de urgência dos Centros deSaúde, do Ensino, contra o encerramento deescolas do 1.º Ciclo do Básico, da A23, A25 eoutras contra a introdução de portagens, eoutros movimentos em defesa de outros servi-ços públicos, com dezenas de lutas e centenasde participantes, são expressão da organizaçãoe capacidade de luta das populações.

6.2.12 – Estes exemplos mostram que é possívelfazer valer direitos lutando e travar muitastentativas imposição de condições nefastas paraas populações. Servem também para demons-trar que os movimentos dos utentes, são umafrente que devemos continuar a dinamizar.

6.2.13 – Neste quadro ganha relevo o Movi-mento dos Utentes dos Serviços Públicos comoponto de encontro de diferentes organizações.Da articulação deste movimento com as organi-zações sindicais e comissões de trabalhadores,aconteceu em Março de 2005 uma importanteiniciativa «Serviços Públicos – Motor de UmaSociedade Democrática e Desenvolvida», ondetrabalhadores e utentes aprofundaram conheci-mentos e estabeleceram pontes comuns deinteresse. Como forma de aproveitar as siner-gias então criadas, deveremos apontar parafuturas participações das organizações de uten-tes na luta de massas. Da união dos TFP’s comoutros trabalhadores que compõem estesmovimentos surgirá uma resposta ainda maisfirme.

6.3 – Alargar e reforçara modernizaçãoda Administração Públicaao serviço das populações.6.3.1 – Dando por assente que em Portugal sãotraços essenciais caracterizadores de um Estadodemocrático o encontrar-se ao serviço das po-pulações, o que implica que o Estado seja dotadode um instrumento, de uma Administração

Pública prestadora de serviços cuja actividade édesenvolvida com a participação dos cidadãos,quer nas opções sobre as decisões a tomar sobredeterminadas matérias, quer na avaliação dasatisfação das necessidade, de uma Administra-ção Pública dotada de quadros dirigentesescolhidos mediante a demonstração objectivadas suas capacidades para o exercício das fun-ções e trabalhadores conhecedores da suaprofissão, que exercem incentivados pelo reco-nhecimento de direitos e do papel desempe-nhado ao serviço e exclusivamente em prol dacolectividade.

6.3.2 – Opondo-se frontalmente à política egestão neoliberal das instituições, o PCP preco-niza uma ruptura democrática e de esquerdacom a actual política e defende, em conformi-dade com a Constituição da República Portu-guesa, uma Administração Pública democráticae eficiente, ao serviço da população com vistaao reforço, aumento e melhoria da qualidade equantidade dos serviços públicos e funçõessociais do Estado. Com esse objectivo, o PCPempenhar-se à no esclarecimento, mobilizaçãoe luta dos trabalhadores e do povo, tomando ainiciativa no plano social e político visando:

6.3.2.1 – a exigência do respeito e cumprimentoda CRP, o que implica a interrupção dos proces-sos privatizadores e a reposição das condiçõesque garantam o acesso dos cidadãos aos serviçospúblicos e às funções sociais do Estado;

6.3.2.2 – uma política que assuma a educação, aciência e cultura como vectores estratégicospara o desenvolvimento integrado do país, comum sistema educativo que valorize a escolapública e aposte na formação integral, queprepare os homens e mulheres do futuro parauma intervenção na vida activa mas também paraa vida social e política a partir de uma formaçãointegrada e avançada;

6.3.2.3 – a promoção de uma real desburocra-tizarão, combate às ineficiência e desperdícios,com vista a aproximar a Administração Públicados cidadãos;

6.3.2.4 – uma justiça mais célere e que reforceos mecanismos de igualdade dos cidadãos peran-te a lei, ao invés do caminho que está a serseguido;

6.3.2.5 – a efectivação de um política que tenhacomo principio a valorização de um SNS, gerale gratuito com gestão eficiente e participada, egaranta a independência do Estado face aos inte-resses económicos;

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POR UMA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO SERVIÇO DAS POPULAÇÕES E DO PAÍS

6.3.2.6 – a concretização de medidas de comba-te à evasão e fraude fiscal, bem como de fugano pagamento das contribuições para a seguran-ça social;

6.3.2.7 – a adopção de medidas de diversificaçãodas fontes de financiamento do Sistema Públicode Segurança Social com vista ao pagamentointegral da dívida do Estado ao Regime Geral deSegurança Social;

6.3.2.8 – a valorização contínua dos trabalha-dores da Administração Pública nos planosmaterial, social de carreiras, da formação, rejei-tando a precariedade, a aplicação do ContratoIndividual de Trabalho e outras formas de condi-cionamento dos trabalhadores e das suas estru-turas representativas;

6.3.2.9 – uma real política de segurança internaao serviço dos cidadãos, de proximidade, devalorização dos profissionais das forças e servi-ços de segurança e das suas condições, garantin-do um eficaz desempenho profissional;

6.3.2.10 – umas Forças Armadas modernas, emque as prioridades assentem nos reais interessesnacionais e seja revalorizada a condição militar.

6.3.2.11 – É com grande confiança nos trabalha-dores e no povo, é com grande determinaçãoem travar esta política que o PCP se dirige aoPovo e a todos os Democratas apelando à suaunidade e à sua luta em defesa de Abril, dosdireitos e valores consagrados na Constituiçãoda República Portuguesa, ao serviço do Povo edo País, por mais e melhores serviços públicose funções sociais do Estado.

Edição: DEP/PCPJulho de 2006

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