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UNICAMP Universidade Estadual de Campinas Reitor Fernando Ferreira Costa Coordenador-Geral Edgar Salvadori de Decca Pró-reitor de Desenvolvimento Universitário Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva Pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários Mohamed Ezz El Din Mostafa Habib Pró-reitor de Pesquisa Ronaldo Aloise Pilli Pró-reitor de Pós-Graduação Euclides de Mesquita Neto Pró-reitor de Graduação Marcelo Knobel Chefe de Gabinete José Ranali Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ ju. E-mail [email protected]. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Coordenador de imprensa Eustáquio Gomes Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab ([email protected]) Chefia de reportagem Raquel do Carmo Santos ([email protected]) Reportagem Isabel Gardenal, Jeverson Barbieri e Maria Alice da Cruz Editor de fotografia Antoninho Perri Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Editor de Arte Oséas de Magalhães Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Nadir Antonia Peinado, Ronei Thezolin e Sílvio Anunciação Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon, Everaldo Silva e Luís Paulo Silva Impressão Pigma Gráfica e Editora Ltda: (011) 4223-5911 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3232-2210. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju Campinas, 10 a 16 de maio de 2010 2 Foto: Antoninho Perri .............................................. Artigo Artigo aceito para publicação na revista Neurosurgery Tese de doutorado “Estudo do posicionamento nas craniotomias pterionais, pré- temporais e orbitozigomáticas e suas variações nas cirurgias vasculares e de epilepsia” Autor: Feres Eduardo Aparecido Chaddad Neto Orientador: Evandro Pinto da Luz de Oliveira Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM) .............................................. JEVERSON BARBIERI [email protected] U ma nova técni- ca desenvolvida pelo neurocirur- gião Feres Edu- ardo Aparecido Chaddad Neto, do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, certamente mudará a maneira como são executados os procedimentos cirúrgicos re- alizados na cabeça de pacientes portadores de aneurisma cerebral e epilepsia. Um estudo detalhado, calculado com medidas matemá- ticas baseado em pontos fixos do crânio, é responsável por determi- nar qual é o melhor posicionamen- to do órgão, principalmente para aneurismas da circulação anterior e para amígdalo-hipocampectomia, que é um dos tipos de cirurgia para epilepsia. Trata-se, de acordo com Chaddad, de uma pesquisa inédita em termos mundiais. “O que havia antes disso eram apenas relatos informais sobre rotação e defle- xão – que significa a alteração ou desvio da posição natural para um dos lados – da cabeça. Partimos desses estudos e, baseados em nossa experiência diária, chega- mos a esse importante resultado”, disse. Desde 2006, 130 pacientes foram testados nos mais diversos ângulos e o nível de acerto chegou muito próximo a 100%, segundo o neurocirurgião. O trabalho resultou na tese de doutorado defendida por Chaddad em fevereiro último, orientada pelo doutor Evandro Pinto da Luz de Oliveira, do departamento de Neurologia, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Além disso, um artigo contendo todos os resultados da pesquisa foi sub- metido e aceito para publicação na revista Neurosurgery, veículo de comunicação oficial do Congresso Internacional de Neurocirurgiões, cuja circulação é de âmbito inter- nacional. Chaddad, que juntamente com seu orientador também realiza cirurgias no Hospital Beneficên- cia Portuguesa na cidade de São Paulo, explicou que os primeiros testes foram realizados com cadá- ver formolizado no Laboratório de Microcirurgia da Beneficên- cia, objetivando buscar o melhor posicionamento. Numa segunda etapa, o trabalho foi executado em cadáver fresco no Serviço de Identificação de Óbitos, também na capital paulistana. Os resul- tados observados com relação ao posicionamento no cadáver formolizado foram comparados com os obtidos no cadáver fresco. Somente após essas etapas é que o estudo foi dirigido a pacientes vivos. “É, portanto, um estudo único no mundo”, ressaltou. O médico observou que a posição da cabeça depende muito da estrutura a ser operada. No caso dos aneurismas cerebrais, por exemplo, depende fundamen- talmente do segmento da artéria onde estes estão localizados. Essa informação é obtida através de uma angiografia cerebral. Já para a amígdalo-hipocampectomia, uma ressonância magnética é que determinará qual o melhor posicionamento da cabeça para a cirurgia. Chaddad acrescenta ainda que a técnica proporciona ao paciente uma segurança maior, porque melhora substancialmente a expo- sição da patologia e também das estruturas relacionadas a ela, seja neuronal ou vascular. No que diz respeito ao trabalho do cirurgião, melhora o ângulo de visão do mi- croscópio nas diferentes posições, dando assim um maior conforto durante o procedimento. “Dessa maneira, diminui sensivelmente o risco na cirurgia, causando uma queda da taxa de morbidade e de mortalidade. Sem dúvida alguma, é mais seguro para o paciente”, garantiu o neurocirurgião. Movimentos O posicionamento apresenta quatro movimentos: a elevação, a extensão, a deflexão e a deflexão lateral. De posse dos dados de como se faz para movimentar a cabeça do paciente, para colocá- la no espaço de tal forma que se tenha a melhor exposição à patologia, Chaddad contou que deixa o médico residente fazer o primeiro posicionamento para, logo após, corrigir e mostrar onde está errado. Esse procedimento, para o neurocirurgião, é bastante importante porque dá a oportu- nidade aos novos especialistas de estar em permanente contato com uma técnica de ponta. “Isso é capacitação, formação de recursos humanos”, diz. Como forma de ilustrar uma situação real, o docente tomou como exemplo um aneurisma do segmento oftálmico. “Se eu fizer uma grande deflexão da cabeça, seguramente vou aprofundar o aneurisma e, no momento de drilar um pequeno osso, terei dificulda- des para visualizar o problema. Muitas vezes isso ocasiona o rompimento do aneurisma, poden- do resultar em morte. O posicio- namento é praticamente 50% da cirurgia. A outra metade fica por conta da técnica do cirurgião com- binada com as condições gerais do paciente”, afirmou Chaddad. O neurocirurgião anunciou para breve a edição de um handbook contendo o passo-a-passo do pro- cedimento. Fruto de sua pesquisa de dou- torado, Chaddad foi convidado a dar três aulas em congressos na- cionais. “Quando estive em Natal (RN) fui contatado por outros ex- perientes neurocirurgiões que me convidaram para dar essa mesma aula em outras localidades, o que prova que a técnica foi amplamen- te aprovada”, disse. A comunidade científica internacional também já se manifestou positivamente e convites para falar fora do Brasil já estão surgindo. “Fazemos cirur- gias todos os dias da semana e, em algumas oportunidades, também aos finais de semana. Os dados informados na tese foram obtidos até o final de 2009, mas o trabalho de medição dos ângulos prossegue de maneira rotineira”, concluiu. O neurocirurgião Feres Eduardo Aparecido Chaddad Neto: testes em 130 pacientes e nível de acerto próximo a 100% Neurocirurgião desenvolve técnica que proporciona mais segurança a pacientes Portadores de epilepsia e aneurisma cerebral podem ser beneficiados com procedimento

Portadores podem ser com procedimento Neurocirurgião ... · vasculares e de epilepsia ... caso dos aneurismas cerebrais, por exemplo, depende fundamen-talmente do segmento da artéria

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Page 1: Portadores podem ser com procedimento Neurocirurgião ... · vasculares e de epilepsia ... caso dos aneurismas cerebrais, por exemplo, depende fundamen-talmente do segmento da artéria

UNICAMP – Universidade Estadual de CampinasReitor Fernando Ferreira CostaCoordenador-Geral Edgar Salvadori de DeccaPró-reitor de Desenvolvimento Universitário Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da SilvaPró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários Mohamed Ezz El Din Mostafa HabibPró-reitor de Pesquisa Ronaldo Aloise PilliPró-reitor de Pós-Graduação Euclides de Mesquita NetoPró-reitor de Graduação Marcelo KnobelChefe de Gabinete José Ranali

Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ju. E-mail [email protected]. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Coordenador de imprensa Eustáquio Gomes Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab ([email protected]) Chefia de reportagem Raquel do Carmo Santos ([email protected]) Reportagem Isabel Gardenal, Jeverson Barbieri e Maria Alice da Cruz Editor de fotografia Antoninho Perri Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Editor de Arte Oséas de Magalhães Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Nadir Antonia Peinado, Ronei Thezolin e Sílvio Anunciação Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon, Everaldo Silva e Luís Paulo Silva Impressão Pigma Gráfica e Editora Ltda: (011) 4223-5911 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3232-2210. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju

Campinas, 10 a 16 de maio de 20102

Foto: Antoninho Perri

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Artigo

Artigo aceito para publicação na revista Neurosurgery

Tese de doutorado “Estudo do posicionamento nas craniotomias pterionais, pré-temporais e orbitozigomáticas e suas variações nas cirurgias vasculares e de epilepsia”Autor: Feres Eduardo Aparecido Chaddad NetoOrientador: Evandro Pinto da Luz de OliveiraUnidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)

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JEVERSON [email protected]

Uma nova técni-ca desenvolvida pelo neurocirur-gião Feres Edu-ardo Aparecido Chaddad Neto,

do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, certamente mudará a maneira como são executados os procedimentos cirúrgicos re-alizados na cabeça de pacientes portadores de aneurisma cerebral e epilepsia. Um estudo detalhado, calculado com medidas matemá-ticas baseado em pontos fixos do crânio, é responsável por determi-nar qual é o melhor posicionamen-to do órgão, principalmente para aneurismas da circulação anterior e para amígdalo-hipocampectomia, que é um dos tipos de cirurgia para epilepsia. Trata-se, de acordo com Chaddad, de uma pesquisa inédita em termos mundiais. “O que havia antes disso eram apenas relatos informais sobre rotação e defle-xão – que significa a alteração ou desvio da posição natural para um dos lados – da cabeça. Partimos desses estudos e, baseados em nossa experiência diária, chega-mos a esse importante resultado”, disse. Desde 2006, 130 pacientes foram testados nos mais diversos ângulos e o nível de acerto chegou muito próximo a 100%, segundo

o neurocirurgião. O trabalho resultou na tese de

doutorado defendida por Chaddad em fevereiro último, orientada pelo doutor Evandro Pinto da Luz de Oliveira, do departamento de Neurologia, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Além disso, um artigo contendo todos os resultados da pesquisa foi sub-metido e aceito para publicação na revista Neurosurgery, veículo de comunicação oficial do Congresso Internacional de Neurocirurgiões, cuja circulação é de âmbito inter-nacional.

Chaddad, que juntamente com seu orientador também realiza cirurgias no Hospital Beneficên-cia Portuguesa na cidade de São Paulo, explicou que os primeiros testes foram realizados com cadá-ver formolizado no Laboratório de Microcirurgia da Beneficên-cia, objetivando buscar o melhor posicionamento. Numa segunda etapa, o trabalho foi executado em cadáver fresco no Serviço de Identificação de Óbitos, também na capital paulistana. Os resul-tados observados com relação ao posicionamento no cadáver formolizado foram comparados com os obtidos no cadáver fresco. Somente após essas etapas é que o estudo foi dirigido a pacientes vivos. “É, portanto, um estudo único no mundo”, ressaltou.

O médico observou que a

posição da cabeça depende muito da estrutura a ser operada. No caso dos aneurismas cerebrais, por exemplo, depende fundamen-talmente do segmento da artéria onde estes estão localizados. Essa informação é obtida através de uma angiografia cerebral. Já para a amígdalo-hipocampectomia, uma ressonância magnética é que determinará qual o melhor posicionamento da cabeça para a cirurgia.

Chaddad acrescenta ainda que a técnica proporciona ao paciente uma segurança maior, porque melhora substancialmente a expo-sição da patologia e também das estruturas relacionadas a ela, seja neuronal ou vascular. No que diz respeito ao trabalho do cirurgião, melhora o ângulo de visão do mi-croscópio nas diferentes posições, dando assim um maior conforto durante o procedimento. “Dessa maneira, diminui sensivelmente o risco na cirurgia, causando uma queda da taxa de morbidade e de mortalidade. Sem dúvida alguma, é mais seguro para o paciente”, garantiu o neurocirurgião.

Movimentos

O posicionamento apresenta quatro movimentos: a elevação, a extensão, a deflexão e a deflexão lateral. De posse dos dados de como se faz para movimentar a

cabeça do paciente, para colocá-la no espaço de tal forma que se tenha a melhor exposição à patologia, Chaddad contou que deixa o médico residente fazer o primeiro posicionamento para, logo após, corrigir e mostrar onde está errado. Esse procedimento, para o neurocirurgião, é bastante importante porque dá a oportu-nidade aos novos especialistas de estar em permanente contato com uma técnica de ponta. “Isso é capacitação, formação de recursos humanos”, diz.

Como forma de ilustrar uma situação real, o docente tomou como exemplo um aneurisma do segmento oftálmico. “Se eu fizer uma grande deflexão da cabeça, seguramente vou aprofundar o aneurisma e, no momento de drilar um pequeno osso, terei dificulda-des para visualizar o problema. Muitas vezes isso ocasiona o rompimento do aneurisma, poden-do resultar em morte. O posicio-namento é praticamente 50% da cirurgia. A outra metade fica por conta da técnica do cirurgião com-binada com as condições gerais do paciente”, afirmou Chaddad. O neurocirurgião anunciou para breve a edição de um handbook contendo o passo-a-passo do pro-cedimento.

Fruto de sua pesquisa de dou-torado, Chaddad foi convidado a dar três aulas em congressos na-

cionais. “Quando estive em Natal (RN) fui contatado por outros ex-perientes neurocirurgiões que me convidaram para dar essa mesma aula em outras localidades, o que prova que a técnica foi amplamen-te aprovada”, disse. A comunidade científica internacional também já se manifestou positivamente e convites para falar fora do Brasil já estão surgindo. “Fazemos cirur-gias todos os dias da semana e, em algumas oportunidades, também aos finais de semana. Os dados informados na tese foram obtidos até o final de 2009, mas o trabalho de medição dos ângulos prossegue de maneira rotineira”, concluiu.

O neurocirurgião Feres Eduardo

Aparecido Chaddad Neto:

testes em 130 pacientes

e nível de acerto próximo

a 100%

Neurocirurgião desenvolve técnica queproporciona mais segurança a pacientes

Portadoresde epilepsiae aneurismacerebralpodem serbeneficiados comprocedimento