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PORTUGAL 2020 ACORDO DE P ARCERIA 2014-2020 JULHO DE 2014

Portugal 2020 AcordoParceria Aprovado

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  • PORTUGAL 2020

    ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    JULHO DE 2014

  • PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    Sumrio Executivo

    O Acordo de Parceria que Portugal prope Comisso Europeia, denominado Portugal 2020, adota os princpios

    de programao da Estratgia Europa 2020 e consagra a poltica de desenvolvimento econmico, social, ambiental

    e territorial que estimular o crescimento e a criao de emprego nos prximos anos em Portugal. Portugal 2020

    define as intervenes, os investimentos e as prioridades de financiamento necessrias para promover no nosso

    pas o crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo e o cumprimento das metas da Europa 2020.

    A correo dos desequilbrios oramental e externo da economia portuguesa, objetivo principal do Plano de

    Ajustamento Econmico e Financeiro adotado por Portugal desde 2011, tem consequncias socias negativas e

    impactes assimtricos no desenvolvimento das diversas regies. Assim, as polticas pblicas, nomeadamente as

    cofinanciadas pelos fundos comunitrios, devero promover o crescimento e o emprego, visando a reduo da

    pobreza e a correo do desequilbrio externo ainda existente.

    A programao e implementao do Portugal 2020 organizam-se em quatro domnios temticos competitividade

    e internacionalizao, incluso social e emprego, capital humano, sustentabilidade e eficincia no uso de recursos

    considerando tambm os domnios transversais relativos reforma da Administrao Pblica e territorializao

    das intervenes.

    A identificao dos principais constrangimentos e potencialidades destes domnios permite definir as prioridades

    de interveno dos fundos comunitrios do perodo 2014-2020.

    Os constrangimentos existentes no domnio Competitividade e Internacionalizao prendem-se com o facto da

    especializao produtiva assentar em atividades de reduzido valor acrescentado e de baixa intensidade tecnolgica

    e de conhecimento; das fracas competncias e estratgias das empresas, inerentes s fragilidades da qualificao

    dos empregadores e empregados e sua reduzida propenso para estratgias de negcio mais sofisticadas; e das

    condies difceis de contexto da atividade empresarial, nomeadamente as condies de financiamento das

    empresas e os custos e tempos de transporte acrescidos dada a posio geogrfica de Portugal na Europa e a

    distncia dos principais destinos de exportao. Prevem-se assim os seguintes instrumentos de poltica pblica:

    incentivos diretos ao investimento empresarial, sobretudo em I&I, qualificao de PME, focalizados em estratgias

    de internacionalizao (incluindo por via de instrumentos financeiros destinados a PME); apoios indiretos ao

    investimento empresarial, para a capacitao das empresas para o prosseguimento de estratgias de negcio mais

    avanadas; apoios ao empreendedorismo qualificado e criativo e potenciao das oportunidades de negcio mais

    dinmicas e em domnios de inovao (incluindo por via de instrumentos financeiros destinados a PME); apoios

    produo e difuso de conhecimento cientfico e tecnolgico, promovendo as ligaes internacionais dos Sistemas

    nacional e regionais de I&I, assim como a transferncia de conhecimento e tecnologia entre empresas, centros de

    I&D e o ensino superior; apoios formao empresarial para capacitar os recursos humanos das empresas para os

    processos de inovao e internacionalizao; investimentos em infraestruturas de transporte, focalizados na

    reduo do tempo e custo de transporte para as empresas, sobretudo no mbito da conetividade internacional; e

    apoios modernizao administrativa e capacitao da Administrao Pblica, visando a reduo dos custos

    pblicos de contexto.

    Quanto ao domnio Incluso Social e Emprego, verifica-se um elevado nvel de desemprego, devido atual crise

    econmica, agravado pelo facto do desemprego de longa durao afetar mais de metade dos desempregados e do

    nmero de jovens que no esto empregados, nem a estudar ou em formao, ter aumentado significativamente.

    Constitui igualmente um constrangimento a forte segmentao do mercado de trabalho, entre um segmento mais

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    qualificado, tendencialmente com maiores condies de empregabilidade e qualidade do emprego e um segmento

    menos qualificado ou com qualificaes desajustadas s necessidades do tecido produtivo, perspetivando-se riscos

    de desemprego estrutural ou o acesso a empregos precrios. Neste domnio, e a estes fatores associado, persiste

    um elevado nvel de pobreza e de excluso social em Portugal. Assim, tendo em vista a promoo do emprego e da

    incluso social, presume-se o apoio comunitrio aos seguintes instrumentos de poltica: qualificao dos ativos,

    para o desenvolvimento de competncias certificadas para o mercado de trabalho; transio entre situaes de

    inatividade ou desemprego e o emprego, assim como a criao lquida de emprego e manuteno no mercado de

    trabalho; consolidao e requalificao da rede de equipamentos e servios coletivos; intervenes especficas a

    favor de territrios ou grupos alvo em que as situaes ou os riscos de pobreza so cumulativas com as de

    excluso social; promoo da igualdade de gnero, no discriminao e acessibilidade, intervenes estas

    complementares com o referido anteriormente; combate ao insucesso e abandono escolar precoce.

    Estes instrumentos de poltica pblica sero devidamente coordenados com os inmeros instrumentos que, pela

    sua natureza, no beneficiaro de financiamento comunitrio.

    No denominado domnio Capital Humano constata-se: um atraso face aos pases mais desenvolvidos do nvel

    mdio das qualificaes da populao adulta e jovem (associado tardia escolarizao da populao portuguesa,

    reduzida participao da populao adulta em atividades de educao e formao certificada e ao abandono

    escolar precoce dos jovens); a inexistncia, apesar da melhoria, de um sistema de educao e formao de

    qualidade e eficiente; e o desajustamento entre as qualificaes produzidas e as procuradas pelo mercado de

    trabalho. Importa assim prever intervenes diretas de reduo do abandono escolar e de promoo do sucesso

    educativo; promover ofertas formativas profissionalizantes para jovens; garantir ao social escolar (nos ensinos

    bsico, secundrio e superior); e facultar formaes de nvel superior.

    Os principais constrangimentos que Portugal ainda enfrenta no domnio Sustentabilidade e Eficincia no Uso de

    Recursos so sintetizados na elevada intensidade energtica da economia portuguesa, na utilizao e gesto

    ineficientes de recursos, nas vulnerabilidades face a diversos riscos naturais e tecnolgicos e nas debilidades na

    proteo dos valores ambientais. A abordagem para responder a estes constrangimentos estrutura-se em trs

    vetores que sero basilares para a mobilizao dos fundos comunitrios do prximo ciclo: a transio para uma

    economia de baixo carbono, associada, principalmente, promoo da eficincia energtica e produo e

    distribuio de energias renovveis; a preveno de riscos e adaptao s alteraes climticas; e a proteo do

    ambiente e promoo da eficincia de recursos, estruturada em torno das reas de interveno: gesto de

    resduos; gesto da gua (ciclo urbano da gua e gesto dos recursos hdricos); gesto, conservao e valorizao

    da biodiversidade; recuperao de passivos ambientais; e qualificao do ambiente urbano, sobretudo em

    resultado de processo de regenerao e revitalizao urbana.

    O Acordo de Parceria foi sujeito a uma avaliao ex ante que consistiu num processo interativo de reflexo que

    levou ponderao da incorporao das recomendaes ocorridas nas sucessivas verses. Uma das principais

    concluses a de que o diagnstico que suporta o Acordo de Parceria e respetivas recomendaes e a

    identificao dos domnios temticos a considerar, so convergentes e coerentes com os objetivos e metas da

    Estratgia Europa 2020 e com o Programa Nacional de Reformas.

    Estando a lgica de interveno dos fundos organizada em torno dos domnios temticos j referidos e de duas

    dimenses de natureza transversal, so descritos por domnio os objetivos temticos selecionados dos previstos na

    regulamentao comunitria, as prioridades de investimento mobilizadas para as finalidades pretendidas, assim

    como os objetivos especficos e principais resultados esperados para cada uma delas.

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    Para completar a descrio da lgica de programao apresentada a delimitao operacional (interveno de

    cada Fundo e Programa Operacional financiador) e a escala territorial de interveno (articulao de mbito

    nacional e regional).

    O Acordo de Parceria aplicou o princpio de parceria, consubstanciado num trabalho do Governo, da

    Administrao Pblica, de vrias entidades da sociedade civil e do pblico em geral. Destaca-se o envolvimento

    dos parceiros institucionais, econmicos e sociais nos trabalhos preparatrios do ciclo 2014-2020, em particular a

    Assembleia da Repblica, o Conselho Econmico e Social, a Comisso Permanente de Concertao Social (que

    envolve as centrais sindicais e as organizaes empresariais) e a Associao Nacional de Municpios Portugueses.

    Foram tambm promovidas iniciativas de divulgao e auscultao da sociedade civil. Foi igualmente garantida a

    aplicao do princpio da igualdade entre homens e mulheres, da no discriminao e da acessibilidade, e do

    princpio do desenvolvimento sustentvel.

    O modelo de governao do Acordo de Parceria e dos Programas Operacionais 2014-2020 e respetiva arquitetura

    institucional visa quatro objetivos: a simplificao do modelo de governao, privilegiando por um lado a

    segregao das responsabilidades e dos suportes institucionais para o exerccio das funes de orientao poltica

    e tcnica, e valorizando por outro lado o envolvimento dos parceiros; a orientao para resultados, concretizada

    atravs da valorizao dos resultados nas decises de financiamentos e a sua avaliao e consequncias da

    decorrentes nos pagamentos de saldo final dos projetos; o estabelecimento de regras comuns para o

    financiamento, que no s assegurem condies de equidade e de transparncia mas, tambm, a competio

    entre beneficirios; e a simplificao do acesso dos beneficirios ao financiamento e a reduo dos respetivos

    custos administrativos.

    Neste exerccio de programao est apresentada a avaliao do cumprimento das condicionalidades ex ante

    aplicveis a nvel nacional. Para os casos em que, de acordo com a avaliao referida, as condicionalidades no

    esto cumpridas foram estabelecidos planos de ao de acordo com o Art. 19 do Regulamento (EU) 1303/2013.

    Foi tambm verificado o princpio da adicionalidade.

    Tendo em vista assegurar a anlise de desempenho de todos os instrumentos, aplicando o mecanismo previsto no

    enquadramento regulamentar dos Fundos, denominado Quadro de Desempenho, foram desenvolvidas iniciativas

    que permitem assegurar a coerncia na seleo de indicadores em sede de programao.

    Por fim so explicitadas as estratgias de desenvolvimento territorial adotadas que contribuiro para o reforo

    territorial da Estratgia Europa 2020, assegurando que as especificidades e os diferentes graus de

    desenvolvimento das sub-regies so tidos em considerao, garantindo o envolvimento das entidades sub-

    regionais e das autoridades regionais e locais no planeamento e na execuo dos respetivos programas e projetos.

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

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    NDICE GERAL 1 A APLICAO DOS FUNDOS EUROPEUS ESTRUTURAIS E DE INVESTIMENTO NO QUADRO DA ESTRATGIA DA UNIO PARA

    UM CRESCIMENTO INTELIGENTE, SUSTENTVEL E INCLUSIVO E DA PROMOO DA COESO ECONMICA, SOCIAL E TERRITORIAL ...................................................................................................................................................................... 5 1.1 DOS CONSTRANGIMENTOS S PRIORIDADES ................................................................................................................................... 5

    1.1.1 Competitividade e Internacionalizao ................................................................................................................. 5 1.1.2 Incluso Social e Emprego ................................................................................................................................... 34 1.1.3 Capital Humano................................................................................................................................................... 49 1.1.4 Sustentabilidade e Eficincia no Uso de Recursos ............................................................................................... 60 1.1.5 As Assimetrias e as Potencialidades Territoriais .................................................................................................. 86 1.1.6 A Reforma da Administrao Pblica .................................................................................................................. 91

    1.2 PRINCIPAIS CONCLUSES DA AVALIAO EX ANTE DO ACORDO DE PARCERIA ...................................................................................... 95 1.3 OBJETIVOS TEMTICOS E PRINCIPAIS RESULTADOS A ATINGIR ........................................................................................................ 101

    1.3.1 Estratgia Europa 2020 e as Metas Portugal 2020 ........................................................................................... 101 1.3.2 As Dimenses Transversais do Portugal 2020 ................................................................................................... 108 1.3.3 Objetivos Temticos do Domnio Competitividade e Internacionalizao ......................................................... 113 1.3.4 Objetivos Temticos do Domnio Incluso Social e o Emprego .......................................................................... 139 1.3.5 Objetivos Temticos do Domnio Capital Humano ............................................................................................ 152 1.3.6 Objetivos Temticos do Domnio Sustentabilidade e Eficincia no Uso de Recursos ......................................... 159

    1.4 REPARTIO INDICATIVA DOS FEEI POR OBJETIVO TEMTICO E MONTANTE INDICATIVO PARA OS OBJETIVOS EM MATRIA DE ALTERAES CLIMTICAS ....................................................................................................................................................................... 181

    1.5 A APLICAO DOS PRINCPIOS E OBJETIVOS DE POLTICAS HORIZONTAIS .......................................................................................... 184 1.5.1 O Princpio da Parceria ...................................................................................................................................... 184 1.5.2 Os Princpios da Igualdade entre Homens e Mulheres, da No Discriminao e da Acessibilidade .................. 187 1.5.3 O Princpio do Desenvolvimento Sustentvel .................................................................................................... 189

    1.6 OS INSTRUMENTOS DE PROGRAMAO OPERACIONAL................................................................................................................. 195 2 MECANISMOS DE GARANTIA DE UMA APLICAO EFICIENTE E EFICAZ DOS FUNDOS EUROPEUS ESTRUTURAIS E DE

    INVESTIMENTO .............................................................................................................................................................. 198 2.1 MECANISMOS DE COORDENAO ............................................................................................................................................ 198

    2.1.1 Arquitetura Institucional do Modelo de Governao ........................................................................................ 199 2.1.2 Organizao do Financiamento a Entidades Sub-regionais e Municipais ......................................................... 202 2.1.3 Princpios Estruturantes na Governao e Gesto dos FEEI .............................................................................. 203

    2.2 VERIFICAO EX ANTE DO PRINCPIO DA ADICIONALIDADE............................................................................................................. 212 2.3 SNTESE DA VERIFICAO DO CUMPRIMENTO DAS CONDICIONALIDADES EX ANTE ................................................................................. 214 2.4 CONSISTNCIA DE APLICAO DO QUADRO DE DESEMPENHO.......................................................................................................... 286 2.5 O REFORO DA CAPACIDADE ADMINISTRATIVA DAS ENTIDADES ENVOLVIDAS NA APLICAO DOS FEEI................................................... 288 2.6 A REDUO DOS ENCARGOS ADMINISTRATIVOS PARA OS BENEFICIRIOS DOS FEEI ............................................................................ 290 2.7 OS SISTEMAS DE INFORMAO E O INTERCMBIO ELETRNICO DE DADOS ........................................................................................ 293

    3 ABORDAGEM INTEGRADA PARA O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL NA APLICAO DOS FEEI .................................... 297 3.1 O DESENVOLVIMENTO LOCAL DE BASE COMUNITRIA (DLBC) ...................................................................................................... 302 3.2 OS INVESTIMENTOS TERRITORIAIS INTEGRADOS (ITI) ................................................................................................................... 306 3.3 AS AES INTEGRADAS DE DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTVEL (AIDUS).............................................................................. 310 3.4 AS PRINCIPAIS REAS PRIORITRIAS DE COOPERAO ................................................................................................................. 313 3.5 ABORDAGEM INTEGRADA PARA LIDAR COM AS NECESSIDADES ESPECFICAS DAS ZONAS GEOGRFICAS MAIS AFETADAS PELA POBREZA OU DOS

    GRUPOS-ALVO COM RISCO MAIS ELEVADO DE DISCRIMINAO OU EXCLUSO ................................................................................... 322 3.6 ABORDAGEM INTEGRADA PARA LIDAR COM OS DESAFIOS E AS NECESSIDADES ESPECFICAS DAS REAS GEOGRFICAS COM LIMITAES NATURAIS

    OU DEMOGRFICAS PERMANENTES AS REGIES ULTRAPERIFRICAS .............................................................................................. 326 ANEXO I: QUADRO DE CONVERSO DA DESIGNAO DAS PI ............................................................................................... 331 ANEXO II: QUADROS SNTESE DA INTERVENO DOS DIVERSOS PO NOS DIFERENTES DOMNIOS POR OT E PRIORIDADE DE

    INVESTIMENTO OU PRIORIDADE FEADER ....................................................................................................................... 335 ANEXO III: QUADROS SNTESE DA DELIMITAO DE REAS DE INTERVENO ENTRE PO TEMTICO E PO REGIONAIS DAS

    REGIES MENOS DESENVOLVIDAS DO CONTINENTE ...................................................................................................... 346

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    NDICES DE CAIXAS, FIGURAS E QUADROS

    Pg. CAIXA 1 O DESAFIO CENTRAL DA CORREO DOS DESEQUILBRIOS ORAMENTAL E EXTERNO ................................................................................... 5 CAIXA 2 OS CONSTRANGIMENTOS EM MATRIA DE FINANCIAMENTO S PME .................................................................................................. 11 CAIXA 3 INSTRUMENTOS FINANCEIROS .................................................................................................................................................... 20 CAIXA 4 A ESTRATGIA DE INVESTIGAO E INOVAO PARA UMA ESPECIALIZAO INTELIGENTE EM PORTUGAL ....................................................... 29 CAIXA 5 DOS CONSTRANGIMENTOS S PRIORIDADES DO DESENVOLVIMENTO RURAL .......................................................................................... 34 CAIXA 6 - PLANO NACIONAL DE IMPLEMENTAO DE UMA GARANTIA JOVEM .................................................................................................... 37 CAIXA 7 - ESTRATGIA NA REA DA SADE ................................................................................................................................................. 43 CAIXA 8 - DOS CONSTRANGIMENTOS S PRIORIDADES DO DESENVOLVIMENTO RURAL .......................................................................................... 49 CAIXA 9 - DOS CONSTRANGIMENTOS S PRIORIDADES DO DESENVOLVIMENTO RURAL .......................................................................................... 60 CAIXA 10 QUADRO DE AES PRIORITRIO DA REDE NATURA 2000 (PAF 2014-2020) ................................................................................. 77 CAIXA 11 - DOS CONSTRANGIMENTOS S PRIORIDADES DO DESENVOLVIMENTO RURAL ........................................................................................ 85 CAIXA 12 - PROGRAMA NACIONAL DA POLTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITRIO (PNPOT) ............................................................................. 89 CAIXA 13 - FUNDAMENTAO DA UTILIZAO DA DISPOSIO REGULAMENTAR DE TRANSFERNCIA DE FUNDOS ENTRE CATEGORIAS DE REGIES PARA OBVIAR

    ESCASSA DOTAO FINANCEIRA DA REGIO DO ALGARVE ...................................................................................................................... 90 CAIXA 14 - ESTRATGIA NACIONAL PARA O MAR 2013-2020 (ENM) .......................................................................................................... 104 CAIXA 15 - AS PRIORIDADES DE INTERVENO NO DOMNIO DA MODERNIZAO E CAPACITAO DA ADMINISTRAO PBLICA .................................... 108 CAIXA 16 COMPROMISSO PARA O CRESCIMENTO VERDE ............................................................................................................................ 191 CAIXA 17 - O QUADRO DE DESEMPENHO 2014-2020 DE ACORDO COM OS REGULAMENTOS E ORIENTAES COMUNITRIAS ...................................... 286

    FIGURA 1 EVOLUO DAS TAXAS DE JURO NOS NOVOS EMPRSTIMOS EM EM DA ZONA EURO ............................................................................. 12 FIGURA 2 - PESO DA EBITDA SOBRE OS JUROS DA DVIDA POR DIMENSO DA EMPRESA E PAS ............................................................................... 12 FIGURA 3 - EVOLUO DOS EMPRSTIMOS A SOCIEDADES NO FINANCEIRAS (SNF), STOCK EM FINAL DE TRIMESTRE .................................................. 13 FIGURA 4 - INDICADORES DE CAPITALIZAO DAS EMPRESAS FACE A ALGUNS PASES EUROPEUS ............................................................................... 13 FIGURA 5 - INDICADORES DE CAPITALIZAO DAS EMPRESAS FACE A ALGUNS PASES EUROPEUS ............................................................................... 13 FIGURA 6 - DESPESAS EM I&D (EM PERCENTAGEM DO PIB) ........................................................................................................................... 22 FIGURA 7 - MATRIZ AGREGADA DE PRIORIDADES TEMTICAS DA ESTRATGIA DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE ........................................................... 30 FIGURA 8 - TAXA DE EMPREGO ................................................................................................................................................................ 36 FIGURA 9 - TAXA DE ABANDONO ESCOLAR PRECOCE ...................................................................................................................................... 50 FIGURA 10 - EVOLUO DO PIB (EM VOLUME), DO CONSUMO DE ENERGIA PRIMRIA (CEP) E DAS EMISSES DE GEE (1990=100) ............................ 62 FIGURA 11 - INTENSIDADE ENERGTICA (CONSUMO INTERNO BRUTO DE ENERGIA, EM TEP, POR MILHO DE EUROS DE PIB A PREOS DE 2005) ............... 63 FIGURA 12 - INTENSIDADE CARBNICA ...................................................................................................................................................... 63 FIGURA 13 - EVOLUO DO CONSUMO DE ENERGIA ..................................................................................................................................... 64 FIGURA 14 - EVOLUO DA INCORPORAO DE ENERGIAS RENOVVEIS NO CONSUMO DE ENERGIA ......................................................................... 66 FIGURA 15 - EMISSES DE GEE ............................................................................................................................................................... 67 FIGURA 16 - REPARTIO PROPORCIONAL DOS FEEI POR OBJETIVO TEMTICO A NVEL NACIONAL ......................................................................... 182 FIGURA 17 - CONCLUSES DO GT SIMPLIFICAO 10 GRANDES MEDIDAS DE SIMPLIFICAO ............................................................................ 292

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    NDICES DE CAIXAS, FIGURAS E QUADROS (cont.)

    Pg.

    QUADRO 1 - ARTICULAO ENTRE OS INSTRUMENTOS DE POLTICA PBLICA A FINANCIAR PELOS FEEI E OS CONSTRANGIMENTOS NO DOMNIO DA COMPETITIVIDADE E INTERNACIONALIZAO ...................................................................................................................................... 18

    QUADRO 2 PRINCIPAIS MENSAGENS DAS AVALIAES DO QREN NO DOMNIO DA COMPETITIVIDADE E INTERNACIONALIZAO ................................... 26 QUADRO 3 - PRINCIPAIS MENSAGENS DAS AVALIAES DOS PDR NO DOMNIO DA COMPETITIVIDADE E INTERNACIONALIZAO ..................................... 27 QUADRO 4 - ARTICULAO ENTRE OS INSTRUMENTOS DE POLTICA PBLICA A FINANCIAR PELOS FEEI E OS PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS NO DOMNIO DA

    INCLUSO SOCIAL E EMPREGO........................................................................................................................................................ 41 QUADRO 5 - PRINCIPAIS MENSAGENS DAS AVALIAES NO DOMNIO DA INCLUSO SOCIAL E EMPREGO .................................................................... 46 QUADRO 6 - PRINCIPAIS MENSAGENS DAS AVALIAES DOS PDR NO DOMNIO DA INCLUSO SOCIAL E EMPREGO....................................................... 49 QUADRO 7 - ARTICULAO ENTRE OS INSTRUMENTOS DE POLTICA PBLICA A FINANCIAR PELOS FEEI E OS CONSTRANGIMENTOS NO DOMNIO DO CAPITAL

    HUMANO .................................................................................................................................................................................. 57 QUADRO 8 - PRINCIPAIS MENSAGENS DAS AVALIAES DO QREN NO DOMNIO DO CAPITAL HUMANO .................................................................... 58 QUADRO 9 - PRINCIPAIS MENSAGENS DAS AVALIAES DO QREN NO DOMNIO DO CAPITAL HUMANO .................................................................... 60 QUADRO 10 - ARTICULAO ENTRE OS INSTRUMENTOS DE POLTICA PBLICA A FINANCIAR PELOS FEEI E OS PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS NO DOMNIO DA

    SUSTENTABILIDADE E EFICINCIA NO USO DE RECURSOS ....................................................................................................................... 61 QUADRO 11 - METAS DO PNAEE 2016 ................................................................................................................................................... 65 QUADRO 12 NVEIS DE PARTCULAS NAS ZONAS URBANAS E INDUSTRIAIS ........................................................................................................ 82 QUADRO 13 - PRINCIPAIS MENSAGENS DAS AVALIAES DO QREN DA SUSTENTABILIDADE E EFICINCIA NO USO DE RECURSOS .................................... 83 QUADRO 14 - PRINCIPAIS MENSAGENS DAS AVALIAES DOS PDR NO DOMNIO DA SUSTENTABILIDADE E EFICINCIA NO USO DOS RECURSOS .................... 84 QUADRO 15 - REAS DE ATUAO NO DOMNIO DA MODERNIZAO DA ADMINISTRAO PBLICA ........................................................................ 94 QUADRO 16 - METAS DE PORTUGAL NO MBITO DA ESTRATGIA EUROPA 2020 E SITUAO EM 2013 ................................................................ 102 QUADRO 17 - MATRIZ DE ESTRUTURAO TEMTICA DO PORTUGAL 2020 ..................................................................................................... 103 QUADRO 18 - CONTRIBUTO DOS DOMNIOS TEMTICOS PARA AS PRIORIDADES DA ESTRATGIA EUROPA 2020 ....................................................... 107 QUADRO 19 - SISTEMATIZAO DOS CONSTRANGIMENTOS DO DOMNIO DA COMPETITIVIDADE E INTERNACIONALIZAO ........................................... 114 QUADRO 20 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 1 ......................................................................................... 117 QUADRO 21 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 2 ......................................................................................... 121 QUADRO 22 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 3 ......................................................................................... 123 QUADRO 23 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 7 ......................................................................................... 127 QUADRO 24 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 8 ......................................................................................... 129 QUADRO 25 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 11 ....................................................................................... 131 QUADRO 26 - SISTEMATIZAO DOS CONSTRANGIMENTOS DO DOMNIO DA INCLUSO SOCIAL E EMPREGO ............................................................. 140 QUADRO 27 - PRINCIPAIS OBJETIVOS E EXEMPLOS DE AES POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 8 .............................................................. 142 QUADRO 28 - PRINCIPAIS OBJETIVOS E EXEMPLOS DE AES POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 9 .............................................................. 146 QUADRO 29 - SISTEMATIZAO DOS CONSTRANGIMENTOS DO DOMNIO DO CAPITAL HUMANO ........................................................................... 152 QUADRO 30 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 10 ....................................................................................... 155 QUADRO 31 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 4 ......................................................................................... 163 QUADRO 32 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 5 ......................................................................................... 166 QUADRO 33 - PRINCIPAIS RESULTADOS POR PRIORIDADE DE INVESTIMENTO DO OT 6 ......................................................................................... 172 QUADRO 34 - REPARTIO INDICATIVA DOS FEEI POR OBJETIVO TEMTICO A NVEL NACIONAL ............................................................................. 181 QUADRO 35 - FORMAS DE DEMARCAO ENTRE FUNDOS DA POLTICA DE COESO E FEADER E FEAMP .............................................................. 204 QUADRO 36 - PRINCIPAIS INDICADORES MACROECONMICOS (2012-2020) ................................................................................................. 213 QUADRO 37 - NVEL DE REFERNCIA PARA VERIFICAO DO PRINCPIO DA ADICIONALIDADE ................................................................................. 214 QUADRO 38 - A) CONDIES EX ANTE TEMTICAS FEDER, FSE, FC E FEADER............................................................................................... 214 QUADRO 39- B) CONDIES EX ANTE GERAIS ............................................................................................................................................ 252 QUADRO 40 - C) CONDIES EX ANTE TEMTICAS FEDER, FSE, FC E FEADER NO CUMPRIDAS OU PARCIALMENTE CUMPRIDAS ............................... 269 QUADRO 41 - CONDIES EX ANTE EXCLUSIVAS DO FEADER ....................................................................................................................... 284 QUADRO 42 - CONDIES EX ANTE EXCLUSIVAS DO FEAMP ........................................................................................................................ 285 QUADRO 43 - CRONOGRAMA PREVISIONAL DA ADOO DAS PRINCIPAIS MEDIDAS ............................................................................................. 293 QUADRO 44 SISTEMA DE INFORMAO PORTUGAL 2020 CALENDRIO INDICATIVO DE OPERACIONALIZAO ..................................................... 295 QUADRO 45 - ABORDAGENS INTEGRADAS DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL ................................................................................................. 301 QUADRO 46 - FINANCIAMENTO INDICATIVO DE DLBC ................................................................................................................................ 304 QUADRO 47 - ALOCAO INDICATIVA DE FUNDOS PARA AS AIDUS A NVEL NACIONAL ....................................................................................... 313 QUADRO 48 - CONTRIBUTO DOS FEEI PARA A IMPLEMENTAO DE ABORDAGENS INTEGRADAS PARA LIDAR COM AS NECESSIDADES ESPECFICAS DAS ZONAS

    GEOGRFICAS MAIS AFETADAS PELA POBREZA OU DOS GRUPOS-ALVO COM RISCO MAIS ELEVADO DE DISCRIMINAO OU EXCLUSO ...................... 325

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    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    AIDT Aes Integradas de Desenvolvimento Territorial

    AIDUS Aes Integradas de Desenvolvimento Urbano Sustentvel

    ANMP Associao Nacional de Municpios Portugueses

    AP Acordo de Parceria

    ARH Administraes de Regio Hidrogrfica

    BEI Banco Europeu de Investimento

    BUC Balco nico de Candidatura

    BUP Base nica de Promotores

    CAFE Clean Air for Europe

    CCDR Comisso de Coordenao de Desenvolvimento Regional

    CEF Connecting Europe Facility

    CELE Comrcio Europeu de Licenas de Emisso

    CLDS Contratos Locais de Desenvolvimento Social

    COM Comisso Europeia

    CPLP Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa

    CQEP Centros para a Qualificao e Ensino Profissional

    CTE Cooperao Territorial Europeia

    DARU Diretiva guas Residuais Urbanas

    DGEG Direo Geral de Energia e Geologia

    DLBC Desenvolvimento Local de Base Comunitria

    DQA Diretiva Quadro da gua

    DQEM Diretiva Quadro Estratgia Marinha

    e.g. por exemplo (exempli gratia)

    EFA Cursos de Educao e Formao de Adultos

    EFMA Empreendimento de Fins Mltiplos do Alqueva

    EM Estado-Membro

    ENAAC Estratgia Nacional de Adaptao s Alteraes Climticas

    ENEI Estratgia Nacional para uma Especializao Inteligente

    ENM Estratgia Nacional para o Mar 2013-2020

    ERSE Entidade Reguladora dos Servios Energticos

    ESFRI Infraestruturas Europeias de Interesse Estratgico

    FBCF Formao Bruta de Capital Fixo

    FC Fundo de Coeso

    FEADER Fundo Europeu Agrcola de Desenvolvimento Rural

    FEAMP Fundo Europeu dos Assuntos Martimos e das Pescas

    FEDER Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

    FEEI Fundos Europeus Estruturais e de Investimento

    FMC Formaes Modulares Certificadas

    FSE Fundo Social Europeu

    GEE Gases com Efeito de Estufa

    GIT Grandes Infraestruturas de Transporte

    I&D Investigao e Desenvolvimento

    I&D&I Investigao, Desenvolvimento e Inovao

    I&DT Investigao e Desenvolvimento Tecnolgico

    I&I Investigao e Inovao

    IDE Investimento Direto Estrangeiro

    IFD Instituio Financeira de Desenvolvimento

    IFDR Instituto Financeiro para o Desenvolvimento Regional

    IGFSE Instituto de Gesto do Fundo Social Europeu

    ISCED - International Standard Classification of Education

    ITI Investimentos Territoriais Integrados

    M - Milhes de Euros

    NEE Necessidades Educativas Especiais

    NEET - Not in Education, Employment or Training

    NUTS Nomenclaturas de Unidades Territoriais para Fins Estatsticos

    n.d. no disponvel

    OT Objetivo Temtico

    PAC Poltica Agrcola Comum

    PAEF Plano de Ajustamento Econmico e Financeiro

    PCP Poltica Comum das Pescas

    PEI Parceria Europeia para a Inovao

    PENT Plano Estratgico Nacional do Turismo

    PERSU Plano Estratgico para os Resduos Urbanos

    PIB Produto Interno Bruto

    PIBpc Produto Interno Bruto per capita

    PME Pequena e Mdia Empresa

    PMI Poltica Martima Integrada

    PNAEE Plano Nacional de Ao para a Eficincia Energtica

    PNAER Plano Nacional de Ao para as Energias Renovveis

    PNI-GJ Plano Nacional de Implementao de uma Garantia Jovem

    PNPOT Programa Nacional da Poltica de Ordenamento do Territrio

    PNR Programa Nacional de Reformas

    PO Programa Operacional

    p.p. pontos percentuais

    PPP Princpio Poluidor Pagador

    PREMAC Plano de Reduo e Melhoria da Administrao Central

    PROVERE Programa de Valorizao Econmica de Recursos Endgenos

    QEC Quadro Estratgico Comum

    QREN Quadro de Referncia Estratgico Nacional (2007-2013)

    R. A. Regio(es) Autnoma(s)

    RCM Resoluo do Conselho de Ministros

    RIS3 Estratgia de Investigao e Inovao para uma Especializao

    Inteligente

    RNIIE Roteiro Nacional de Infraestruturas de Interesse Estratgico

    RTE-T Rede Transeuropeia de Transportes

    RU Resduos Urbanos

    RUB Resduos Urbanos Biodegradveis

    RUP Regies Ultraperifricas

    RVCC Reconhecimento Validao e Certificao de Competncias

    TEIP Territrios Educativos de Interveno Prioritria

    TIC Tecnologias de Informao e Comunicao

    SI Sistema de Incentivos

    UE Unio Europeia

  • 1

    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    INTRODUO

    Portugal 2020, o Acordo de Parceria (AP) que Portugal submete Comisso Europeia, aps a concluso do longo

    processo de negociao e adoo dos Regulamentos Comunitrios para os Fundos Europeus da Poltica de Coeso,

    da Poltica Agrcola Comum (PAC), da Poltica Comum das Pescas (PCP) e da Poltica Martima Integrada (PMI) e

    que beneficiou de mltiplas interaes, formais e informais, com a Comisso Europeia, no apenas adota os

    princpios de programao estabelecidos para a implementao da Estratgia UE 2020, como consagra a poltica

    de desenvolvimento econmico, social, ambiental e territorial necessria para apoiar, estimular e assegurar um

    novo ciclo nacional de crescimento e de criao de emprego.

    Portugal 2020 estrutura as intervenes, os investimentos e as prioridades de financiamento fundamentais para

    promover, no nosso pas, o crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo.

    A viso abrangente e ambiciosa dos objetivos indispensveis a atingir alicera-se nos resultados, hoje

    objetivamente positivos, da trajetria de ajustamento estrutural cujos efeitos e resultados, ampliados pela

    envolvente de crise financeira e econmica, conheceram significativas consequncias sociais negativas e

    determinaram o agravamento das desigualdades territoriais de desenvolvimento.

    Portugal 2020 ambiciona, consequentemente, realizar um processo virtuoso, onde o crescimento, o emprego e a

    reduo da pobreza tero resultados determinantes no equilbrio continuado das contas pblicas, na reduo da

    dvida e do dfice, na evoluo favorvel das balanas comercial e de pagamentos e na superao dos efeitos

    sociais e territoriais da crise.

    A evidncia emprica demonstra que os desequilbrios estruturais portugueses se revelam persistentemente na

    insuficiente competitividade e produtividade do tecido econmico e da generalidade dos agentes produtivos:

    Portugal 2020 visa, portanto, assegurar a superao progressiva desta situao, estimulando proactivamente a

    capacidade competitiva e produtiva das empresas e dos trabalhadores, tendo como base o alinhamento com as

    prioridades regionais e nacionais da Estratgia de Investigao e Inovao para uma Especializao Inteligente

    (RIS3).

    O processo de ajustamento estrutural concretizado por Portugal acentuou a expresso dos fenmenos de excluso

    social e de acesso aos bens e servios pblicos: Portugal 2020 assume os compromissos de promover a incluso

    social, de realizar a igualdade de gnero e a no descriminao e a equidade intergeracional e de propiciar a oferta

    de servios coletivos qualificados a todos.

    O nosso pas conhece significativos desequilbrios territoriais nas oportunidades de crescimento e de

    desenvolvimento: Portugal 2020 garante o pleno aproveitamento das potencialidades e a tendencial correo das

    assimetrias territoriais, nomeadamente integrando as potencialidades e explorando as oportunidades das

    estratgias regionais RIS3.

    Portugal 2020 visa, portanto, alterar as razes estruturais e conjunturais que justificaram a trajetria de

    ajustamento estrutural, promovendo a alterao dos paradigmas das polticas pblicas de desenvolvimento,

    privilegiando:

    A mobilizao dos parceiros econmicos, sociais e territoriais evidenciando no apenas que as escolhas

    efetuadas e os recursos mobilizados resultam de um processo de deciso alargado e participado, mas

    tambm que a monitorizao das realizaes e resultados e a subsequente correo ou alterao de

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    trajetrias so realizadas com significativa participao dos parceiros;

    A criao de riqueza e de emprego pelas empresas e pelo investimento produtivo assumindo o fim do

    ciclo baseado no investimento pblico;

    A concretizao do princpio da subsidiariedade assumindo que as instituies, os agentes e as

    intervenes mais prximas dos problemas a superar e das oportunidades a realizar so os mais eficientes

    e eficazes protagonistas e responsveis;

    A focalizao nos resultados assumindo que a sua implementao constitui a fundamentao exclusiva

    das decises de financiamento, o que exige uma definio de prioridades de interveno e de estrutura

    de incentivos (critrios e condicionalidades) devidamente alinhada com a superao de constrangimentos

    estruturais ao desenvolvimento portugus, estando condicionada a deciso de aprovao de

    financiamentos pelas entidades gestoras prvia caracterizao e aceitao dos resultados a atingir;

    A concentrao num nmero limitado de domnios de prioridade criando os requisitos necessrios para

    que a focalizao nos resultados seja efetiva, bem como para que a mobilizao de recursos

    (organizativos, de competncias e de qualificaes, financeiros) seja consequente;

    A ateno, o apoio e o estmulo aos empreendedores e aos promotores de investimentos assumindo o

    termo das atitudes e dos comportamentos focalizados nas entidades pblicas e nos procedimentos

    administrativos;

    O incentivo e o estmulo cooperao e integrao entre atores e entidades assumindo a penalizao

    de iniciativas e de investimentos atomizados e individualizados;

    A coordenao e integrao de intervenes e de financiamentos necessria para maximizar ganhos de

    eficincia, para concretizar sinergias e para alavancar recursos pblicos atravs da mobilizao de

    financiamentos privados, com destaque para a implementao de mecanismos de coordenao e de

    articulao entre a aplicao dos fundos europeus estruturais e de investimento e as atividades e os

    financiamentos de outras polticas comunitrias (e.g. Programa Horizonte 2020 ou Europa Criativa);

    A otimizao da utilizao, dos efeitos e dos impactos dos recursos financeiros pblicos assumindo o

    primado da racionalidade econmica na atribuio de recursos e na gesto operacional (aplicao de

    mecanismos reforados de aferio ex ante da viabilidade econmica e financeira das operaes

    submetidas a financiamento) e consagrando a obrigatoriedade da contratualizao dos financiamentos,

    bem como a adoo generalizada das modalidades de financiamento reembolsvel, em especial com a

    mobilizao de recursos financeiros privados;

    A articulao acrescida entre fontes de financiamento nacionais e comunitrias assegurando-se uma

    conjugao mais eficiente destas fontes de financiamento e um claro alinhamento entre a programao

    plurianual dos fundos comunitrios e a programao oramental plurianual definida no documento de

    estratgia oramental, facilitando a monitorizao conjunta e a ponderao de encargos futuros para os

    oramentos pblicos;

    A simplificao de procedimentos que, associada reduo dos custos administrativos suportados pelos

    beneficirios, contribui para a equidade das oportunidades no acesso aos financiamentos estruturais

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    (salvaguardando a regularidade procedimental e a segurana dos sistemas de gesto e controlo).

    O Acordo de Parceria comea por enunciar as grandes prioridades de interveno, desenvolvidas a partir de um

    diagnstico dos principais constrangimentos ao desenvolvimento do pas (captulo 1.1), cuja consistncia uma

    das dimenses das concluses da avaliao ex ante (captulo 1.2).

    As cadeias lgicas de programao sistematizam os objetivos temticos e os principais resultados a atingir

    (captulo 1.3), fundamentando tambm a alocao de recursos financeiros a cada objetivo (captulo 1.4).

    A primeira parte deste documento termina com o enunciado da forma como sero aplicados em Portugal os

    princpios e objetivos de poltica, de natureza transversal (captulo 1.5), e a descrio dos instrumentos de

    programao operacional (captulo 1.6).

    A segunda parte dedicada aos mecanismos mobilizveis para assegurar uma aplicao eficiente e eficaz dos

    fundos.

    Desenvolvem-se os aspetos relativos aos mecanismos de coordenao global, incluindo a articulao entre as

    intervenes financiadas por diferentes fundos (captulo 2.1), procedendo-se definio do referencial a aplicar

    para verificao do princpio da adicionalidade (captulo 2.2).

    O captulo 2.3, dedicado sntese da verificao do cumprimento das condicionalidades ex ante, isto , do

    conjunto de requisitos de natureza institucional que permitem maximizar as condies de sucesso das

    intervenes, complementado pelo desenvolvimento do quadro de desempenho (captulo 2.4), ou seja, dos

    mecanismos de aferio e das regras de prmio associados verificao da consistncia dos resultados obtidos

    face aos resultados esperados.

    Esta segunda parte concluda com a relevante dimenso da simplificao e da reduo dos encargos

    administrativos para os beneficirios (captulo 2.6) e do enunciado sinttico da base tecnolgica necessria

    obteno de ganhos de eficincia em matria de informao e de intercmbio de dados (captulo 2.7).

    A terceira parte do documento dedicada apresentao da abordagem integrada para o desenvolvimento

    territorial, enunciando as opes nacionais em matria de utilizao de novos instrumentos de programao

    previstos no Regulamento Geral dos Fundos: os instrumentos a favor do desenvolvimento local de base

    comunitria (captulo 3.1), os investimentos territoriais integrados (captulo 3.2), as aes integradas de

    desenvolvimento urbano sustentvel (captulo 3.3), as principais reas de interveno dos programas integrados

    na cooperao territorial europeia (captulo 3.4), a abordagem integrada para reas especialmente afetadas por

    fenmenos de pobreza ou de concentrao de grupos populacionais com risco elevado de discriminao ou de

    risco de excluso (captulo 3.5) e ainda das reas geogrficas com limitaes ou desafios permanentes, as regies

    ultraperifricas (captulo 3.6).

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    1 A APLICAO DOS FUNDOS EUROPEUS ESTRUTURAIS E DE INVESTIMENTO NO QUADRO DA ESTRATGIA DA UNIO PARA UM CRESCIMENTO INTELIGENTE, SUSTENTVEL E INCLUSIVO E DA PROMOO DA COESO ECONMICA, SOCIAL E TERRITORIAL

    1.1 DOS CONSTRANGIMENTOS S PRIORIDADES

    A estruturao da programao e implementao do Portugal 2020 respeita quatro domnios temticos -

    competitividade e internacionalizao, incluso social e emprego, capital humano, sustentabilidade e eficincia no

    uso de recursos, bem como dois domnios transversais relativos reforma da Administrao Pblica e

    territorializao das intervenes.

    A identificao dos referidos domnios foi tributria de uma aprofundada reflexo sobre as principais

    condicionantes que a programao e aplicao dos fundos comunitrios do perodo 2014-2020 enfrentam atento o

    contexto socioeconmico, mais especificamente: i) o desafio da evoluo demogrfica; ii) os desequilbrios

    externos; iii) as restries de financiamento economia; iv) as restries decorrentes da consolidao das contas

    pblicas; v) o desemprego e a excluso social; vi) as assimetrias e as potencialidades territoriais; e vii) os

    compromissos no mbito do Programa Nacional de Reformas (PNR) e a Estratgia Europa 2020.

    Identificam-se, de seguida, os principais constrangimentos e potencialidades em cada um destes domnios, os

    quais constituem a base para a identificao das principais prioridades de interveno dos fundos comunitrios.

    1.1.1 Competitividade e Internacionalizao

    Historicamente, a economia portuguesa tem sido caracterizada por um dfice persistente da balana de bens e

    servios. Nas duas dcadas que precederam a crise internacional de 2008-2009 a diferena entre as importaes e

    as exportaes no s no verificou melhorias significativas, como deixou de ser compensada por transferncias

    correntes (remessas de emigrantes e transferncias unilaterais), o que se traduziu na acumulao de uma dvida

    externa crescente. A reduo do elevado endividamento externo do pas constituir, juntamente com a reduo

    da dvida pblica, um objetivo central da poltica econmica portuguesa nos prximos anos, para o qual o

    reforo da competitividade constitui um elemento essencial, inclusivamente para o sucesso do processo de

    ajustamento macroeconmico em curso.

    Caixa 1 O desafio central da correo dos desequilbrios oramental e externo

    No incio de 2011, a economia portuguesa foi confrontada com uma acentuada degradao das condies de acesso a

    financiamento internacional, que conduziu ao pedido de assistncia financeira internacional por parte do Estado Portugus.

    A crescente relutncia dos investidores internacionais em financiar a economia portuguesa refletia ento os acentuados

    desequilbrios oramental e externo da economia nacional, acumulados ao longo de uma dcada marcada por crescimento

    econmico reduzido, num contexto de elevado endividamento pblico e privado, sendo tais desequilbrios agravados pela

    crise econmica e financeira internacional a partir de 2008. A correo dos desequilbrios oramental e externo da

    economia portuguesa constitui um dos objetivos fundamentais do Plano de Ajustamento Econmico e Financeiro (PAEF) e

    continua a assumir-se como um dos principais desafios estruturais da economia portuguesa.

    Nos anos mais recentes, que se seguiram adoo do PAEF, o ritmo de ajustamento externo foi assinalvel, traduzindo-se

    no reequilbrio da balana corrente, determinado quer pelo crescimento das exportaes quer pela reduo das

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    importaes, em parte, como resultado de nveis historicamente reduzidos de investimento e do consumo de bens

    duradouros. Neste sentido, constitui um imperativo da poltica econmica portuguesa, bem como um dos seus maiores

    desafios para os prximos anos, a prossecuo do esforo de reequilbrio externo, de forma a assegurar a sua

    sustentabilidade a longo-prazo.

    Sendo diversos e amplamente diagnosticados os constrangimentos melhoria da competitividade da economia

    portuguesa e do desempenho das atividades produtoras de bens e servios mais expostos concorrncia

    internacional, a sua apresentao pode ser estruturada em torno de trs grandes domnios: i) o perfil de

    especializao produtiva, quer por insuficiente relevncia das atividades produtoras de bens e servios

    transacionveis, quer pela baixa intensidade de tecnologia e conhecimento do tecido produtivo; ii) as

    competncias e estratgias das PME, decorrentes de fragilidades ao nvel da qualificao de empregadores e

    empregados e da reduzida propenso para a adoo de estratgias de negcio mais sofisticadas; e iii) as condies

    de contexto atividade empresarial, com destaque para as condies de financiamento das empresas, para os

    custos e tempos de transporte acrescidos dada a posio perifrica do pas no mbito do espao europeu e para os

    custos pblicos de contexto da economia resultantes de um ainda ineficiente funcionamento da administrao

    pblica. No obstante os resultados alcanados na superao destes constrangimentos nos ltimos anos, o

    caminho para os superar longo e exige persistncia das polticas pblicas.

    Portugal apresenta uma especializao produtiva tradicionalmente assente em atividades de reduzido valor

    acrescentado e baixa intensidade tecnolgica e de conhecimento. Nas ltimas dcadas, este tipo de produtos

    enfrentou uma procura internacional pouco dinmica, bem como um aumento das presses concorrenciais. No

    caso portugus, tais presses foram reforadas por uma evoluo desfavorvel da taxa de cmbio real e pela

    maior abertura dos mercados dos principais parceiros comerciais s economias emergentes da sia e s

    economias do Leste europeu (cujo perfil de especializao apresenta sobreposies com vrios segmentos da

    estrutura de exportao portuguesa).

    Acresce que ao longo das ltimas duas dcadas prevaleceu na economia portuguesa um conjunto de condies

    que favoreceram o desenvolvimento de atividades menos expostas concorrncia internacional. O ambiente

    regulatrio e concorrencial, bem como a aposta em investimento pblico de larga escala, nem sempre em

    domnios relevantes para o desempenho competitivo do pas, contriburam para orientar os investimentos na

    direo de atividades produtoras de bens e servios no transacionveis.

    Os vrios fatores referidos conduziram, at recentemente, a uma queda acentuada do peso da indstria

    transformadora no PIB, com reflexos negativos na evoluo das contas externas portuguesas. Tal queda foi

    fortemente determinada pela evoluo dos setores tradicionais, cujo peso nas exportaes de bens transformados

    diminuiu de cerca de 40% no incio da dcada de noventa para menos de metade nas vsperas da crise

    internacional de 2008-2009. Na dcada precedente, registou-se em Portugal alguma expanso de atividades mais

    intensivas em conhecimento e tecnologias, como sejam os servios de TIC e outros servios tcnicos, os

    equipamentos eletrnicos ou os produtos qumicos e farmacuticos. No obstante, o peso nas exportaes de

    bens e servios com maior intensidade de tecnologia e conhecimento manteve-se modesto, tendo o crescimento

    das exportaes portuguesas ficado a dever-se, fundamentalmente, aos servios de transporte e turismo, bem

    como s exportaes de matrias-primas transformadas (e.g. bens energticos e derivados, agroalimentares e da

    metalurgia de base), em resultado do forte crescimento da procura deste tipo de bens por parte das grandes

    economias emergentes. O crescimento dos preos da decorrente refletiu-se tambm no valor das importaes

    nacionais destes bens, sendo o contributo das matrias-primas transformadas para o saldo da balana comercial

    tendencialmente neutro. Globalmente, o valor das exportaes em percentagem do PIB manteve-se praticamente

  • 7

    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    inalterado desde meados da dcada de noventa at 2005 (sendo significativamente inferior ao de economias

    comparveis), verificando-se tambm uma perda de quotas de mercado mundiais e nos principais destinos de

    exportao (sendo Espanha uma exceo). Acompanhando a tendncia internacional, decorrente da forte

    dinmica das economias emergentes, o peso das exportaes no PIB verificou algum crescimento entre 2005 e

    2008 (de 27% para 32%), tendo este rcio aumentado de forma mais significativa nos anos mais recentes

    (atingindo cerca de 40% em 20131), fruto do efeito conjugado da quebra do PIB e do crescimento das exportaes.

    Os problemas de competitividade da economia portuguesa refletiram-se tambm numa perda de atratividade, em

    termos de fluxos lquidos de investimento direto estrangeiro (IDE), nomeadamente a favor das economias da

    Europa de Leste, as quais beneficiam de uma maior proximidade geogrfica aos principais mercados europeus,

    bem como de nveis de educao da populao adulta mais elevados e custos de produo laborais mais

    reduzidos. Estando a dinmica das exportaes portuguesas historicamente associada aos fluxos de IDE, a perda

    de atratividade face ao investimento estrangeiro teve reflexos negativos no desempenho exportador do pas. Uma

    maior atratividade de Portugal ao IDE passar, para alm de outros fatores de cariz legislativo e regulatrio, pela

    mobilizao de muitas das intervenes previstas no mbito do presente Acordo de Parceria, quer na melhoria das

    condies de contexto (financiamento, acesso a mercados e modernizao da administrao pblica), quer no

    reforo das qualificaes da populao ativa, quer, ainda, na existncia de incentivos ao investimento empresarial,

    fator sempre decisivo na deciso final de localizao por parte das empresas.

    De uma forma geral, o IDE em Portugal tem contribudo de forma relevante para a mudana estrutural das

    exportaes portuguesas, no sentido do reforo do peso de atividades mais intensivas em tecnologia. Importa,

    ainda assim, ter presente que as atividades exportadoras tecnologicamente mais intensivas em Portugal tendem a

    ser caracterizadas por uma forte incorporao de importaes intermdias, limitando o contributo deste tipo de

    exportaes, tipicamente protagonizadas por empresas estrangeiras instaladas em Portugal, para o valor

    acrescentado nacional2.

    Assim, o reforo da orientao geral da poltica econmica a favor do potencial exportador de elevado valor

    acrescentado nacional, e das atividades produtoras de bens e servios transacionveis em geral, essencial para

    um equilbrio sustentado da balana comercial. Esta orientao deve ser prosseguida induzindo uma maior

    cooperao entre empresas, incluindo o seu redimensionamento atravs de fuses e aquisies, em matrias

    como a investigao e desenvolvimento tecnolgico, engenharia, novos modelos de negcio e comercializao em

    cadeias de atividades econmicas mais qualificadas e organizadas, bem como uma maior diversificao de

    mercados, quer promovendo o reforo da participao em novos mercados, quer tirando maior partido das

    afinidades histricas e culturais de Portugal (e.g. CPLP).

    Resulta fundamental pr em prtica uma estratgia destinada a promover a reindustrializao nacional3, centrada

    na competitividade e na valorizao da produo nacional, ao longo da cadeia de valor para o reforo das

    exportaes prosseguindo o objetivo de modernizar e dinamizar a indstria nacional, reforando a sua

    competitividade e capacidade de diferenciao no mercado global (elevando o peso da indstria transformadora

    na economia para 18% em 2020). A estratgia a adotar dever, para alm de potenciar as oportunidades

    decorrentes das opes assumidas na Estratgia de Investigao e Inovao para uma Especializao Inteligente

    (RIS3) prosseguir o objetivo de consolidao do turismo enquanto atividade estratgica no contexto global de

    1 INE, Contas Nacionais. 2 Ver UNCTAD (2012). World Investment Report 2012 - Towards a New Generation of Investment Policies. Nova York e Genebra: Organizao das Naes Unidas. 3 Estratgia de Fomento Industrial para o Crescimento e Emprego 2014-2020, aprovado em Conselho de Ministros em novembro de 2013.

  • 8

    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    internacionalizao da economia portuguesa, nomeadamente procurando valorizar os recursos endgenos das

    diferentes regies, bem como rentabilizar investimentos realizados ao longo de ciclos de programao anteriores,

    em particular do QREN. No setor agroalimentar o objetivo central a atingir em 2020 a autossuficincia, em valor,

    apostando no crescimento de um setor competitivo e na sua vocao exportadora.

    Para tal, as polticas pblicas, e, em particular, as intervenes cofinanciadas pelos fundos comunitrios, devero

    procurar responder a um conjunto de obstculos que persistem na economia e na sociedade portuguesa,

    nomeadamente: o insuficiente investimento empresarial em Investigao e Inovao (I&I); a escassez de

    competncias de I&I e de internacionalizao nas empresas; a escassez de recursos financeiros para o

    desenvolvimento das atividades de inovao, em particular em domnios emergentes e envolvendo maior risco, e

    internacionalizao das PME; a insuficiente visibilidade e reconhecimento internacional do valor dos produtos e

    dos territrios nacionais; a reduzida propenso e escassez de recursos e competncias para o lanamento de novas

    empresas baseadas no conhecimento e na criatividade; e a incipiente valorizao do conhecimento cientfico e

    tecnolgico por parte das entidades dos sistemas nacional e regionais de I&I4 e ainda a insuficiente articulao

    entre os diversos atores deste sistema, mais especificamente entre empresas e as entidades de investigao.

    neste contexto, alis, que a Estratgia Martima da UE para a rea do Atlntico, com a qual a Estratgia Nacional

    para o Mar 2013-2020 (ENM) est harmonizada, procura tambm oferecer respostas, atravs das parcerias

    transnacionais e transfronteirias com os outros Estados-Membros da Bacia do Atlntico e, em particular, com as

    suas regies martimas perifricas. Atravs desta estratgia, ser possvel promover as atividades econmicas,

    cientficas e tecnolgicas apontadas como prioritrias no contexto do seu plano de ao e, deste modo, o

    crescimento baseado no desenvolvimento sustentvel e sustentado a partir do mar. Tendo grande parte dos

    setores de atividade ligados ao mar registado um desempenho econmico relativamente resiliente face queda

    registada no PIB, para alm dos seus efeitos indiretos e induzidos, torna-se fundamental a aposta nas suas

    atividades tradicionais e futuras, recorrendo ao mar como um ativo importante e seguro para Portugal.

    O crescimento quantitativo e qualitativo da investigao cientfica e da formao avanada em Portugal nas

    ltimas duas dcadas foi acompanhado do desenvolvimento de articulaes entre as entidades no empresariais

    do Sistema de I&I e o tecido produtivo (tipicamente mediada por instituies de transferncia de tecnologia e por

    centros tecnolgicos), bem como pelo surgimento de PME de elevada intensidade tecnolgica e perfil exportador,

    na maioria dos casos com origem em universidades e centros de I&D5. Estas evolues permitiram reforar a

    incorporao de conhecimento avanado tanto em atividades j existentes, caracterizadas por diferentes nveis de

    intensidade tecnolgica, abrindo simultaneamente espao ao surgimento e desenvolvimento de novos setores de

    atividade econmica mais intensivos em tecnologia e conhecimento, nomeadamente em resultado da poltica de

    clusterizao e de estratgias de cooperao e de eficincia coletiva (inovao aberta). No obstante, Portugal

    apresenta nveis de colaborao entre empresas e outras entidades do Sistema de I&I, incluindo universidades e

    entidades de transferncia de conhecimento e tecnologia para o setor empresarial, que se encontram ainda abaixo

    4 Em linha com a abordagem europeia (e.g. estratgia Europa 2020 e regulamentao comunitria dos FEEI) adota-se um conceito de sistema de Investigao e

    Inovao Sistema de I&I, que abrange todas as fases da cadeia de investigao e inovao desde a investigao fundamental inovao produtiva promovida por empresas por via da introduo de novos produtos, novos processos ou novas formas organizacionais e de marketing (incluindo as atividades de investigao, desenvolvimento tecnolgico, demonstrao e inovao) e que privilegia uma lgica de interao entre todos os atores deste sistema, com especial enfoque entre as entidades de investigao e produo de conhecimentos (composto pelas universidades, laboratrios do Estado, centros de I&D pblicos e entidades de interface, como sejam os Centros Tecnolgicos, ou seja, entidades no empresariais do Sistema de I&I) e as empresas (enquanto entidades centrais da componente inovao). Por facilidade utilizar-se- a expresso coerente com a regulamentao comunitria (Investigao e Inovao I&I), que surge com mbito equivalente expresso Investigao, Desenvolvimento e Inovao (I&D&I) por vezes tambm utilizada na documentao sobre esta temtica. 5 Ver FCT (2013). Diagnstico do Sistema de Investigao e Inovao Desafios, Foras e Fraquezas rumo a 2020. Lisboa: Fundao para a Cincia e a Tecnologia.

  • 9

    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    da mdia da UE6. Os nveis insuficientes de articulao entre empresas e entidades de investigao e produo de

    conhecimentos em Portugal decorrem de trs principais tipos de fatores: em primeiro lugar, uma estrutura

    produtiva com fraca presena de atividades tecnologicamente intensivas, as quais tendem a interagir mais

    fortemente com instituies cientficas e tecnolgicas no mbito das suas atividades de inovao; em segundo

    lugar, os reduzidos nveis de qualificao da populao ativa, incluindo gestores e trabalhadores, os quais se

    refletem em estratgias de negcio pouco assentes em inovao e refletindo-se em exportaes com baixo valor

    acrescentado; por fim, algumas caractersticas das entidades de I&I (como o predomnio dos resultados cientficos

    na avaliao de desempenho de investigadores e instituies, a falta de massa crtica e visibilidade internacional, a

    necessidade de reorganizao e consolidao, a escassez de competncias e de iniciativas diretamente associadas

    transferncia de conhecimento e tecnologia para as empresas, o conhecimento insatisfatrio do tecido

    produtivo e das oportunidades de aplicao econmica dos resultados da investigao, etc.) que, apesar dos

    significativos desenvolvimentos registados na ltima dcada, ainda no permitem a explorao plena do potencial

    de interao com o mundo empresarial. Por razes equiparveis, a articulao entre o tecido produtivo e as

    atividades criativas dever ser estimulada, de forma a valorizar economicamente a criatividade.

    No obstante a visibilidade dos desenvolvimentos verificados no sistema de I&I portugus na ltima dcada e meia

    e o relevo das polticas de inovao cofinanciadas pelos fundos comunitrios nos segmentos mais intensivos em

    conhecimento da economia, so igualmente decisivos os esforos desenvolvidos no sentido de reforar as

    competncias e estratgias das empresas, em particular das PME, de forma transversal aos vrios setores de

    atividade. Os resultados de tais esforos so particularmente visveis em setores tradicionais como o calado, o

    agroalimentar, os moldes e ferramentas especiais, onde a adoo de novas tecnologias e design mais sofisticado, e

    de abordagens de marketing e prticas organizacionais mais avanadas tm contribudo para um desempenho

    assinalvel de empresas exportadoras.

    Contudo, a capacitao das PME portuguesas em matria de competncias e estratgia deve ser prosseguida e

    aprofundada e considerado prioritrio, visando dar respostas a problemas persistentes na economia portuguesa

    como sejam: as deficientes competncias de organizao e gesto estratgica nas PME; insuficiente dimenso e

    massa crtica para competir em mercados globais; o insuficiente investimento empresarial em fatores de

    competitividade sofisticados; a ainda fraca cooperao entre empresas em matrias de investigao,

    desenvolvimento tecnolgico, engenharia e novos modelos de negcio/ comercializao; e o insuficiente

    envolvimento de empregadores e empregados em iniciativas de aprendizagem ao longo da vida7. No caso

    especfico do setor agroalimentar, para alm dos problemas referidos, verifica-se ainda uma deficitria

    organizao da produo primria e um envelhecimento significativo dos agentes econmicos, com consequncias

    diretas na capacidade de inovao e poder de negociao na cadeia de valor, aspetos que devem ser considerados

    nas intervenes dos fundos comunitrios em Portugal, no obstante os importantes desenvolvimentos

    observados ao nvel da internacionalizao deste setor nos anos mais recentes. A interveno no tecido

    empresarial assim como a prossecuo de uma maior dinmica e eficcia do Sistema de I&I ter presente as

    prioridades nacionais e regionais da Estratgia de Investigao e Inovao para uma Especializao Inteligente

    (RIS3), contribuindo de forma articulada e integrada paras as metas nacionais e comunitrias em matria de I&I

    (crescimento inteligente, inclusivo e sustentvel).

    6 Ver resultados do Innovation Union Scoreboard 2014, no qual Portugal ocupa o 18. lugar na UE28, permanecendo no grupo de pases moderadamente inovadores. 7 Ver, por exemplo, resultados do European Working Conditions Survey 2010 (no que respeita gesto de recursos humanos, competncias e organizao do trabalho) e do Innovation Union Scoreboard 2014 (no que respeita aos padres de interaes com outras entidades nos processos de inovao).

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    As polticas pblicas cofinanciadas por fundos comunitrios continuaro igualmente a ser decisivas para a melhoria

    das condies de contexto da atividade empresarial, mais especificamente: o acesso ao financiamento por parte

    das PME, o incremento da conetividade internacional e a reduo dos custos de contexto.

    No momento presente, os elevados nveis de endividamento das empresas, a insuficincia de capitais prprios, os

    elevados riscos de insolvncia e as restries no acesso ao crdito decorrentes da necessria desalavancagem do

    sistema bancrio portugus, constituem entraves adicionais relevantes ao financiamento da atividade econmica

    e, em particular, do investimento empresarial. Desde o incio de 2011 que os spreads, face Euribor, das taxas de

    juro de novos emprstimos contrados pelas empresas portuguesas junto da banca so cerca de duas vezes

    superiores mdia da zona euro8 e perto do dobro dos spreads verificados em Espanha, Irlanda e Itlia. Entre maio

    de 2011 e abril de 2014, o volume de crdito bancrio s PME caiu perto de 21%. Isto particularmente

    preocupante dado o elevado peso que o capital alheio assume na estrutura de capital das PME em Portugal (60%

    no caso das microempresas e 72% nas pequenas e mdias empresas9).

    Por outro lado, a rentabilidade operacional das PME nacionais tem vindo progressivamente a diminuir, sendo

    inferior s empresas de maior dimenso e apresentando uma reduo do rcio EBITDA sobre o total do Ativo em

    cerca de 50%, entre Dezembro de 2006 e Setembro de 2013. As dificuldades de acesso a capitais permanentes por

    parte dos agentes econmicos representam, assim, um obstculo desejvel mudana estrutural da economia

    portuguesa, sendo de destacar como principais fatores indutores dessas dificuldades:

    Crise econmica e financeira a nvel europeu, com especial enfoque nos pases do sul da Europa;

    Exigncia de disciplina das finanas pblicas nacionais, assumindo como objetivos primordiais a reduo

    do peso da dvida pblica e do dfice oramental anual e tendo como consequncia imediata a existncia

    de uma escassez de recursos pblicos para apoiar a economia e estimular o investimento empresarial,

    indispensvel para a promoo do crescimento e emprego;

    Limitaes do setor financeiro em suportar financeiramente a economia atravs de emprstimos com

    perodos de reembolso mais alargados, nomeadamente pelas seguintes razes:

    Postura de averso ao risco, quer por uma maior perceo quanto sua dimenso, quer pelo

    impacto de operaes realizadas no passado;

    Dificuldades de obteno de funding pelas Instituies Financeiras portuguesas em volume e preo

    competitivo e maturidades mais elevadas;

    Necessidade de desalavancagem, imposta pelo Programa de Assistncia Econmica e Financeira, que

    obrigou a uma reduo do volume de crdito concedido pelo sistema financeiro;

    Aumento das exigncias regulamentares ao nvel de rcios de capital, restringindo as operaes de

    crdito com maior risco e consumo de capital;

    Condicionamento pelo recurso a operaes de recapitalizao por parte de alguns dos players mais

    relevantes do setor financeiro portugus, com foco prioritrio na gerao de rentabilidade no curto

    prazo e cumprimento dos prazos de reembolso definidos.

    8 Em dezembro de 2013, as taxas de juro dos novos emprstimos em Portugal rondavam os 5,9%, enquanto o valor para a mdia da zona euro era cerca de 3,7%. 9 Dados do Banco de Portugal, relativos a 2011.

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    Afastamento dos investidores estrangeiros, seja ao nvel da vertente mais financeira (Investidores

    Institucionais), seja no que se refere a investidores estratgicos.

    Neste contexto, os fundos comunitrios devero contribuir para a melhoria das condies de financiamento das

    PME no perodo de programao 2014-2020, tanto por via da facilitao do acesso ao capital alheio, como do

    reforo do capital prprio, visando o estmulo inovao e ao investimento com forte incorporao de

    conhecimento e valor acrescentado e gerador de emprego, bem como a superao dos constrangimentos sua

    concretizao. O apoio por via de instrumentos financeiros, cofinanciados pelos fundos comunitrios, ao

    investimento e desenvolvimento empresarial, dever contribuir para o desenvolvimento de uma relao virtuosa

    entre o reforo de competncias nas empresas (em particular, nas PME), a inovao (de produtos, processos,

    formas de organizao e comercializao), a cooperao e a internacionalizao das atividades (em particular, das

    exportaes).

    Caixa 2 Os constrangimentos em matria de financiamento s PME

    A preservao da estabilidade do sistema financeiro portugus constituiu um dos objetivos centrais do PAEF. Nesse

    sentido, foram estabelecidos como objetivos o aumento dos rcios de capital dos bancos, bem como a reduo dos rcios

    crditos/ depsitos. Associado falta de liquidez dos bancos nacionais, este processo de desalavancagem do sistema

    bancrio traduziu-se numa menor disponibilidade de recursos para o financiamento da economia nacional.

    Simultaneamente, num esforo de atrao de poupanas, os bancos portugueses aumentaram as taxas de juro dos

    depsitos, fazendo refletir esse aumento nas taxas de juro dos emprstimos. Num contexto de crescimento do risco de

    crdito, as elevadas taxas de juro refletem tambm maiores prmios de risco.

    Os vrios fatores referidos tm-se traduzido, no contexto de instabilidade do sistema financeiro europeu, num aumento

    do diferencial nos custos do crdito suportados pelas empresas portuguesas, e em particular pelas PME, por

    comparao com as empresas de outros pases europeus, constituindo uma desvantagem competitiva da economia

    domstica (Figura 1). Esta evoluo no apenas constitui uma das mais penalizadoras dimenses das dificuldades de

    acesso a financiamento com que as empresas portuguesas se defrontam, como se traduz num fator determinante das

    assimetrias nas condies base de competitividade entre as economias perifricas e centrais da UE.

    A. Principais constrangimentos ao nvel dos instrumentos de dvida disponibilizados a PME

    A1. Nveis de pricing das PME superiores s congneres europeias

    A partir de 2011 constata-se a existncia de um diferencial persistente entre o custo mdio das empresas nacionais e

    europeias, cuja ltima observao situa em 2,4 pontos percentuais, posicionando o custo mdio das empresas

    portuguesas em praticamente o dobro da mdia europeia. Apesar de este diferencial ser inferior aos 3 p.p. verificados

    entre 2009 e 2011, igual aos 2,4 p.p. registados em dezembro de 2013, o que demonstra o grau de resilincia desta

    margem.

    Este fator potenciado pelo facto de as PME portuguesas terem historicamente uma percentagem de divida corrente

    sobre o ativo total superior a empresas semelhantes em outros pases da Unio Europeia. So assim empresas menos

    capitalizadas aquelas onde o efeito da taxa de juro da dvida corrente apresenta impactos financeiros mais do que

    proporcionais s diferenas de taxas praticadas nos diferentes pases da Zona Euro.

    O diferencial de taxas de juro praticadas em financiamentos at 1 Milho, entre Portugal e a mdia da Zona Euro tem

    vindo a acentuar-se nos ltimos anos, agravando o efeito desta falha de mercado. Adicionalmente, mesmo quando

    comparamos, o gap das taxas de juro nos ltimos anos entre a mdia da Zona Euro com as taxas praticadas com recurso a

    Linhas de Crdito, verificamos que se mantm estruturalmente uma falha de mercado de pricing das operaes, na

    comparao com empresas congneres da Zona Euro.

    Consequentemente, os custos do financiamento bancrio para as PME e as start-up em Portugal so e continuaro a ser

    tendencialmente mais elevados que os verificados para o resto da economia. Estas diferenas intrassetoriais so ainda

    negativamente afetadas pelo facto de as PME terem menos alternativas de financiamento do que as empresas maiores

    (e.g. no acesso ao mercado de capitais e banca internacional).

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    Figura 1 Evoluo das taxas de juro nos novos emprstimos em EM da Zona Euro

    Fontes: Banco Central Europeu, 2014

    Figura 2 - Peso da EBITDA sobre os juros da dvida por dimenso da empresa e pas

    Fonte: European Committee of Central Balance-Sheet Data Offices (ECCBSO) / BACH Bank for the Accounts of Companies Harmonized SMEs in European Countries (october 2013)

    A2. Volume de crdito insuficiente disponvel para as PME

    Cumulativamente, esta fragmentao verificada ao nvel dos mercados financeiros europeus veio introduzir problemas

    adicionais ao financiamento das PME portuguesas, traduzindo-se: i) numa reduo comparativamente mais acentuada

    do volume de crdito concedido a PME vs. grandes empresas (Figura 3), em particular ao nvel do crdito de mdio e

    longo prazo; ii) num aumento continuado, a partir do final de 2008, dos diferenciais dos spreads entre os pequenos e os

    grandes emprstimos concedidos a sociedades no financeiras.

    Atendendo performance econmico-financeira mais dbil e aos ndices de sinistralidade mais expressivos, corolrio

    lgico que as PME tenham sido o segmento mais afetado no processo de desalavancagem do sistema financeiro,

    verificando-se uma reduo de 17% no volume de crdito concedido a este segmento de empresas entre dezembro de

    2011 e janeiro de 2014, correspondendo a cerca de 15 mil milhes.

    0,0

    1,0

    2,0

    3,0

    4,0

    5,0

    6,0

    7,0

    8,0

    jan-07 jan-08 jan-09 jan-10 jan-11 jan-12 jan-13 jan-14

    %

    Alemanha

    Espanha

    Frana

    Grcia

    Irlanda

    Itlia

    Portugal

  • 13

    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    Figura 3 - Evoluo dos emprstimos a Sociedades No Financeiras (SNF), stock em final de trimestre

    Fontes: Banco de Portugal, 2014

    As restries na concesso de crdito a sociedades no financeiras em Portugal assumem-se como mais acentuadas do

    que nos restantes pases europeus a partir do final de 2010. Uma anlise entre dezembro de 2010 e dezembro de 2013

    permite concluir que os emprstimos concedidos a Sociedades No Financeiras em Portugal se traduziram numa quebra

    agregada de aproximadamente 18,6% da exposio global, enquanto que na rea Euro esta quebra se limitou a cerca de

    4,1%.

    B. Principais constrangimentos ao nvel dos instrumentos de reforo dos Capitais Prprios

    O nvel de alavancagem das sociedades no financeiras portuguesas, tendo como referencial a sua proporo em relao

    ao PIB, revela-se como um dos mais elevados a nvel europeu. Realizando um confronto com a realidade europeia ao

    nvel do universo BACH e atravs de indicadores que espelham a autonomia financeira das empresas, constata-se que os

    das empresas nacionais so dos mais modestos, verificando-se que as PME apresentam um nvel de capitalizao inferior

    s empresas de maior dimenso, e que Portugal apresenta um nvel de capitalizao mdio das suas empresas inferior a

    um conjunto alargado de pases europeus.

    Figura 4 - Indicadores de capitalizao das empresas face a alguns pases europeus

    Fonte: European Committee of Central Balance-Sheet Data Offices (ECCBSO) / BACH Bank for the Accounts of Companies Harmonized SMEs in European Countries (October 2013)

    Figura 5 - Indicadores de capitalizao das empresas face a alguns pases europeus

    Fonte: Banco de Portugal (fevereiro de 2014)

    70

    80

    90

    100

    110

    120

    Jan.2010

    Jul.2010

    Jan.2011

    Jul.2011

    Jan.2012

    Jul.2012

    Jan.2013

    Jul.2013

    Jan.2014

    Jan.2010=100

    Emprstimos a SNF - PME

    Emprstimos a SNF - grandes empresas

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    Esta conjuntura acabou por condicionar a abrangncia dos instrumentos disponibilizados dado que foram sobretudo

    usados para reforo de capital alheio, no sentido de responder a necessidades de curto prazo criadas pela crise.

    A falta de solues alternativas ou instrumentos de reforo de capital, num contexto em que as PME portuguesas

    apresentam nveis de capitalizao inferiores generalidade de outros pases da Zona Euro, e num contexto em que se

    infere que a insuficincia de capital em si um catalisador do insucesso dos modelos de negcio a prazo, representa uma

    falha de mercado passvel tambm de merecer uma atuao, atravs da oferta de instrumentos financeiros adequados.

    Em sntese, as PME portuguesas so penalizadas em resultado de vrias insuficincias de mercado no processo de

    financiamento, j anteriormente identificadas, mas significativamente acentuadas pela presente crise:

    i) assimetrias ao nvel da informao e dos custos de transao associados dimenso do financiamento

    do lado da oferta, levando os financiadores a preterirem montantes mais reduzidos e empresas sobre as

    quais possuem menos informao sobre perfis de risco de crdito, concentrando-se em operaes de maior

    dimenso;

    do lado da procura, em resultado da comparativamente mais difcil identificao e anlise, por parte das

    PME, das vrias fontes de financiamento disponveis, bem como da sua menor capacidade de apresentao

    de ideias de negcio a potenciais investidores e correta avaliao dos custos e benefcios associados a cada

    opo de financiamento;

    ii) assimetrias na oferta de solues em funo da dimenso e do ciclo de vida das empresas (seleco adversa)

    levando os financiadores a concentrar o financiamento num reduzido nmero de empresas j estabelecidas

    no mercado (com menor risco aparente) em detrimento das empresas de menor dimenso e das que se

    encontram na fase inicial do seu ciclo de vida;

    gerando problemas de escassez de oferta de capital e das respetivas maturidades para empresas que se

    encontram na fase inicial do seu ciclo de vida, em resultado das decises de financiamento no

    incorporarem, em regra, quaisquer consideraes sobre as externalidades positivas geradas por empresas

    com forte potencial de crescimento e de criao de emprego.

    O sucesso do processo de ajustamento em curso traduzir-se- no progressivo restabelecimento do papel dos bancos

    enquanto financiadores da atividade empresarial e das instituies da economia social, bem como na progressiva

    melhoria da situao financeira das empresas. Ainda assim, a normalizao do financiamento das empresas portuguesas

    colocar desafios acrescidos utilizao dos fundos comunitrios em Portugal no perodo 2014-2020, condicionando o

    impacto das polticas pblicas e apelando mobilizao dos fundos comunitrios no apoio ao investimento e

    desenvolvimento empresarial com recurso a instrumentos de financiamento, e em particular dirigido s PME.

    Os resultados da avaliao ex ante da Iniciativa PME (dez.2013) reforam a natureza complexa destes constrangimentos e

    a existncia de falhas de mercado (na UE28 apenas 4,1% das PME no observaram constrangimentos em matria de

    financiamento), nomeadamente em pases intervencionados como Portugal, reforando a importncia do

    desenvolvimento de iniciativas especficas neste domnio. A relevncia das PME na competitividade econmica e na

    criao de emprego, e dos empreendedores no desenvolvimento e na difuso de inovaes, so cruciais para um

    crescimento inteligente e mais inclusivo.

    O aprofundamento das falhas de mercado objeto de anlise especfica no mbito da Avaliao ex ante dos

    instrumentos em causa, de acordo com o artigo 37. do Regulamento Geral dos Fundos.

    A crescente globalizao da economia e o aumento dos nveis de competio entre as empresas torna a existncia

    de eficientes cadeias logsticas um fator imprescindvel competitividade de um pas. A disponibilizao de

    eficazes cadeias de abastecimento e distribuio de mercadorias, bem como a reduo dos custos de contexto

    promovem a atrao e a fixao de empresas e o desenvolvimento do tecido empresarial. Face situao

    perifrica de Portugal no mbito da geografia europeia, os tempos de percurso e os custos incorridos no

    transporte de mercadorias e na movimentao de pessoas de e para o espao europeu assumem uma especial

    preponderncia nos custos de contexto da economia nacional. Nesse sentido, o desenvolvimento e a integrao

    das Redes Transeuropeias de Transportes, eliminando os constrangimentos de conetividade internacional do pas

    e promovendo a sua interoperabilidade em todos os modos de transportes, mas em especial nas ligaes

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    PORTUGAL 2020 - ACORDO DE PARCERIA 2014-2020

    internacionais - so fatores decisivos para a competitividade da economia portuguesa e do seu tecido empresarial,

    no contexto de intensificao da concorrncia internacional.

    Para Portugal, assume especial importncia o Corredor Atlntico das RTE-T, que liga os portos de Sines, Lisboa e

    Porto a Espanha e, por essa via, a toda a rede europeia.

    No territrio nacional o Corredor Atlntico coincide, na sua generalidade, com os seguintes corredores principais

    estabelecidos no Programa Nacional de Polticas de Ordenamento do Territrio, aos quais ser dada total

    prioridade:

    Corredor da Fachada Atlntica entre Sines-Lisboa-Aveiro-Porto/Leixes;

    Corredor Internacional norte Aveiro-Vilar Formoso;

    Corredor internacional sul Sines/ Setbal/ Lisboa-Caia.

    O reforo da competitividade e da internacionalizao da economia portuguesa passa assim tambm pela reduo

    da desvantagem competitiva em termos de custos (e tempos) de transporte e logstica decorrente da sua posio

    geogrfica e do insuficiente desenvolvimento das ligaes ao centro econmico europeu. Verifica-se, em especial,

    uma necessidade de investimento no desenvolvimento das