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Portugal - O Pais, A Historia, A Cultura

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  • PORTUGAL - O PAs, A mSTRIA, A CULTURA OS PORTUGUESES NA COREIA DURANTE A GUERRA DE IM-JIN

    ,

    PREFACIO ................................................................................................. 1

    I - INTRODUO AO PAiS . . ____ 3

    II - REFERF.NCIAS E CONTACTOS ENTRE PORTUGAL E A COREIA NOS

    SEC.XVI E XVII . . _. __ . __ .. ____ ._ . .. . __ ._ ..... _ .. _. _ __ ._ .... _ . . _ .. _ .. _ . . __ ._._ ......... _ ...... _ .. _. __ ._ ....... 8

    li- CRONOLOGIA DE PORTUGAL _. ________ _ _ _____ 22

    N-CULTURA

    I. LNGUA PORTUGUESA NO MUNDO .................. _ .. _._ .. _ .. _ _ ...... . _ . . __ ._ ... ___ ......... 30

    2. LITERATURA . ___ ._._ .33

    3. ARQUITECTURA. .61

    4. ESCULTURA . __ ._. ______ . __ . __ . ____ ._. _ __ ._ . . _.73

    5. PINTURA ....... _ .. __ ._ .. __ .... _ ... ...... ......... _. __ ... _ .. _. __ ........... _._ ....... _ ... _ ..................... _ .. _._ .. _ .. _ ... .... ... . 81

    6. ARTES DECORATNAS __ _ ____ ._____ _. __ .92 7. MSICA _____ .. _ .. _____ ____ _

    8. CINEMA_._ .. _._ ........ ... _ ... _._ ... ___ .. ______ _

    ___ lOS

    _ __ 112

    9. MUSEUS .. ... _ ...... _._ ... .. . _._ .. _ .. . ............... .. ___ ._ ..... _ .... .. _. ___ ... __ .. _ ...... _ ...... __ .......... _. ____ .... 119

  • PREFCIO

    A realizao de uma edio em lngua coreana de um trabalho deste tipo foi. desde a criao do Centro Cultural Portugus em Seul em Novembro de 1990, um desafio

    permanente.

    De facto, devo confessar, sempre me impressionou no contacto com os asiticos e com

    os coreanos em panicular, a noo generalisada de Portugal como um pas pertencente

    ao passado, a um passado glorioso, povoado de heris e de um povo nobre e

    empreendedor, pioneiro no contacto com os povos e no desenvolvimento das relaes

    culturais e comerciais das naes.

    As referncias dos coreanos ao Portugal de hoje quase se esgotavam na boa prestao da

    seleco nacional de futebol no Mundial de 1966 e a Eusbio em particular e, ainda, s excelentes campanhas mundiais dos jovens futebolistas nacionais nos ltimos anos.

    Pontualmente, uma referncia ao Fado e a Amlia Rodrigues, a Rosa Mota ou Tatuada

    Portuguesa.

    Exigia-se, assim, e paralelamente s aces culturais desenvolvidas na Coreia nestes

    ultimas anos, fazer-se wna po.nte com o presente atravs de wn trabalho deste tipo, um

    trabalho que evidenciasse as referncias culturais portuguesas mais marcantes,

    actualizando assim, a noo predominantemente histrica que os coreanos tm de

    Portugal.

    Procurou-se dar wna prespectiva diacrnica da produo cultural portuguesa

    priviligiando, ao mesmo tempo, muito do legado cultural portugus deste sculo.

    Este projecto contou, desde o inicio, com o entusiasmo e o apoio efectivo da

    COMISSO TERRITORIAL DE MACAU PARA A COMEMORAO DOS DESCOBRIMENTOS PORTIJGUESES (C1MCDP) e com o Instituto da Comunicao

    Social que autorizou a traduo de textos e imagens do livro "PORTUGAL".

    Uma palavra igualmente de agradecimento a S.Exa.. o Embaixador de Portugal, Dr.

    Fernando Ramos Machado, pela boa ajuda e sugestes na elaborao deste trabalho.

    Para alm da seco CULTURA que abarca captulos referentes Lngua Portuguesa no

    Mundo. Literatura, Arquitectura, Escultura, Pintura, Artes Decorativas, Musica, Cinema

    e Museus. inclui-se neste trabalho, uma cronologia da Histria de Portugal e destaca-se

    2

  • alguma documentao histrica coreana e portuguesa que evidencia o pioneirismo dos

    portugueses como os primeiros ocidentais a contactarem com a COREIA mesmo antes

    da Guerra de Im-Jin (1592-1599). Parte desta documentao, trazida a pblico pelo

    Centro Cultural em 1992, foi descoberta e estudada pelo geneologista e investigador

    histrico Prof. Pyon Hong-Ki, Presidente da Associao Ming na Coreia. Entre estes

    documentos destacam-se aqueles que revelam a presena de portugueses integrados nas

    foras militares Ming/Coreanas, portugueses que teriam dado uma contribuio

    aprecivel para a vitria ao afundarem embarcaes japonesas nas quais provocavam rombos por bombardeamento dos cascos.

    A vinda desta documentao a pblico teve, naquele ano de 1992, ampla cobertura

    meditica por vrios orgos de informao co incluindo a televiso, que dedicou

    programas especiais a este assunto, e foi de extraordinria importncia pelo incremento

    dado s relaes culturais entre os dois pases e pela imposio da verdade histrica que trouxe. Refua-se, a este propsito, que antes da publicao desta documentao,

    apontava-se a figura do navegador Holands Jan Weltevree como o primeiro ocidental a

    vistar a Coreia em 1627, aps um naufrgio ao largo da ilha de Cheju.

    Achou-se por bem, igualmente, incluir uma cronologia de referncias portuguesas

    Coreia a partir do sec.XVI, feitas atravs da cartografia portuguesa da poca e de textos

    de natureza histrica, cronologia que puder contribuir para uma maior investigao da

    histria de ambos os pases.

    Igualmente, e pela 1& vez, traduzem-se para coreano dois documentos portugueses sobre

    a Coreia, um texto de um Jesuita annimo portugus de 1593 e uma sntese dos 10

    captulos sobre a Coreia do Padre Luis Frois incluidos no livro "Histria do Japam".

    3

    Antnio Braga

    Conselheiro Cultura!

  • INTRODUO

    Situado no sudoeste da Europa, fazendo fronteira a norte e a leste com a Espanha e

    banhado a oeste e a sul pelo oceano Atlntico, Portugal um pas com

    aproximadamente a mesma rea da Coreia mas s com cerca de 11 milhes de

    habitantes.

    As principais cidades so Lisboa, a capital, o Porto, Coimbra, Braga, Viana, Setubal.

    vora e Faro no continente, Funchal na ilha da Madeira e Ponta Delgada e Angra do

    Heroismo no arquiplago dos Aores.

    Apesar de se situar mesma latitude da Coreia, Portugal tem um clima ameno, com

    invernos curtos e suaves, com primaveras longas e veres secos e moderadamente

    quentes. A temperatura mdia em Janeiro de 12C e de 24C em Agosto. As chuvas

    so mais preponderantes no Inverno, Primavera e no Outono.

    Uma das caracteristicas de Portugal a extrema variedade da sua paisagem, facto pouco

    comum para pases com uma rea de 89.000km2, no incluindo as ilhas Atlnticas de

    Madeira (796km') e os Aores (2335km'). De facto, Portugal tem um pouco de tudo, desde as mais afamadas praias ao longo dos

    seus mais que 800km de costa, a exuberantes vales e montanhas e extensas planicies.

    Para alm da variedade morfolgica., Portugal desfruta igualmente de um vasto

    patrimnio histrico e cultural que inclui um impressionante legado pr-histrico e

    inmeros vestgios da civilizao cltica., romana, visigtica e muulmana Igualmente,

    so inmeros os monumentos romnicos, gticos, castelos e cidades medievais, isto

    para alem de um patrimnio mais recente e relacionado com a histria de Portugal,

    especialmente a partir dos sec.XV e XVI e a que correspondem o manuelino, o

    renascimento, o maneirismo, o barraco e o neoclassicismo, todos com contribuies

    originais para a Histria da Ane.

    Portugal e uma das naes mais antigas da Europa, com uma histria rica e complexa, largamente influnciada e marcada pelo mar. Pais independente desde 1143, Portugal

    estabeleceu as suas fronteiras europeias desde muito cedo, em 1297.

    A imagem internacional de Portugal ainda hoje est inseparvelmente ligada ao seu

    4

  • passado histrico e culnual, sua vocao para o dilogo com diferentes raas e culturas.

    A cultura portuguesa no se desenvolveu fechada em si mesma mas no contacto com

    outros povos, observadora e tolerante.

    A cultura portuguesa fortemente marcada pelas viagens martimas dos portugueses que,

    num curto espao de 100 anos, percorreram por mar quase dois teros do globo,

    contribuindo grandemente para uma conscincia geogrfica do mundo e mesmo do

    planeta.

    Este foi um perodo excepcional para a Humanidade e, em particular, para a Europ

    pelo aumento de conhecimentos trazidos pelos portugueses atravs dos contactos com

    os povos de diferentes zonas do planeta : da si frica e Amrica. Os estudos de geografi botnica, zoologia, medicina e religio, entre outros, tiveram notvel

    incremento, contribuindo para ao florescimento de um nova cultura mundial e,

    particularmente, para o Humanismo Europeu.

    o empenho de toda a nao portuguesa neste caprulo da Histria da Humanidade foi

    notvel. Registe-se que, durante este period01 entre os sec.XIV e XVI, a populao

    portugu.esa O Continente Europeu passou de 2 milhes a apenas 1 milho de pessoas devido disperso das suas gentes pelo mundo. A epopeia martima dos portugueses deve muito figura de D. Henrique, o Navegador,

    filho de Rei D. Joo I de Portugal, pelo desenvolvimento que proporcionou s tcnicas

    de navegao, pelo aperfeioamento das embarcaes, dos instrumentos e das cartas martimas. Instrumentos preciosos para a navegao como a bssola ou o astrolbio

    foram aperfeioados e passaram-se a utilizar as "caravelas", navios de pouca tonelagem

    com um vela triangular e duas quadrangulares, fcilmente manobrveis e que permitiam

    navegar contra o vento.

    Com Henrique, o Navegador, estavam criadas as condies para a explorao da Costa

    Africana e, como consequncia, em 1498 o navegador Vasco da Gama descobre o

    caminho martimo para o Oriente, atingindo, assim, os grandes objectivos da sua viagem

    - ligar por mar a Europa e o Oriente e retirar aos muulmanos o papel dominante do

    5

  • comrcio de produtos orientais com o Ocidente. Estes objectivos, ainda que de ordem

    material, eram animados pelo espirito de evangelizao crist das tripulaes, que acreditavam que a expanso era uma oportunidade excepcional para expandir a f crist

    e, ao mesmo tempo, enfraquecer a influncia muulmana que, na altura, era considerada uma ameaa para a Europa.

    Ponugal substituia assim Veneza no domnio do comrcio do Oriente fazendo chegar a

    Lisboa produtos tais como o ouro, seda, tapetes. pimenta, cravo-da-India, canela.

    gingibre, tabaco e cacau.

    Para Ocidente, e aps o Tratado de Tordesilhas celebrado em 1494 com os reis catlicos

    de Espanha, Portugal chegava ao Brasil em 1500 e ai comea a colonizao do territrio.

    O Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Portugal e Espanha, confinnava a diviso do

    Mundo em duas reas. atribuindo aos portugueses tudo o que se encontrasse a Oriente de moa linha meridiana que passava a 370 lguas a oeste das ilhas de Cabo Verde em

    Africa Tudo o que ficasse para Ocidente desta linha caberia a Espanha. A rea Portuguesa incluia, portanto, o Brasil.

    Nesta altura Portugal tinha adquirido terra cuja rea total era superior area da Europa e,

    o mais importante, fazia chegar Europa ouro e outras riquezas que viriam mais tarde

    a sustentar a Revoluo Industrial Europeia no sec.XVill.

    no sec.XVI que as viagens portuguesas chegam ao Extremo-Oriente e a partir da

    que a Europa vem a conhecer melhor pases como a China, o Japo, a Coreia e o

    Sudeste asitico.

    A consolidao da rota do AtlnticolIndico para chegar Asia era fundamental e. para o

    efeito, foi necessrio ocupar certos pontos estratgicos no Oceano Indico.

    Foram os casos de Ormuz, que garantia o controlo do Golfo Prsio (1515), Goa na

    Indi.( 151 O), do Sri Lank. e de Mal.ca( 1511).

    O 1 Portugus a chegar China foi Jorge Alvares em 1513, data a partir da qual se

    efectuaram vrios contactos com os chineses at que, em 1557, os portugueses se

    fIxaram em Macau com autorizao das autoridades locais. Macau tomar-se-ia

    rpidamente um importante centro de comrcio de porcelanas e seda e o nico

    entreposto autorizado pelo lmperador Chins para o comrcio com o Ocidente.

    6

  • Ao Japo os portugueses chegaram em 1543 e, apesar da enonne distncia entre os dois

    pases, a influncia portuguesa foi considervel, nomeadamente na cidade de Nagasaki,

    deixando vestigios na lngua, na religio, no comercio e at na gastronomia.

    Na Coreia no houve uma presena contnua dos portugueses apesar de vrios registos

    portugueses sobre a peninsula coreana. (Ver capitulo seguinte sobre os referncias e

    contactos histricos entre portugueses e coreanos).

    Este domnio dos mares por pane de Portugal entraria, no entanto, em declnio em finais

    do sec.XVI por diversas razes. Outros pases Europeus, com a Holanda e a Inglaterra

    comeavam a disputar aos portugueses o comrcio dos produtos orientais. Mais grave

    ainda, Portugal, em finais do sec. XVI, concretamente em 1578, perde o seu rei

    D.Sebastio e grande parte da sua nobreza numa desastrosa companha militar no norte

    de Africa Como D. Sebastio no tinha filho herdeiro isso teve como consequncia a subida ao trono de Portugal de Filipe n de Espanha

    Neste perodo, a Holanda em guerra com Espanha, atacava todas as possesses

    portuguesas no Mundo, excluindo-se do cumprimento do Tratado de Tordesilhas que

    abandonara por j no pertencer esfera de influncia do Vaticano. Cerca de um sculo

    e meio aps a chegaa dos portugueses ao Oriente, os Holandeses conquistavam aos

    portugueses Colombo e Malaca, os Persas recuperavam Onnuz e Portugal cedia, ainda, Bombaim aos Ingleses.

    durante este perodo que Portugal, perdido o monoplio comercial com o Oriente, ir

    desviar a sua concentrao para a colonizao do Brasil at a independncia deste pas

    em 1822 e mais tarde para frica

    Na sia.. e apesar de tudo, Portugal conservou os territrios de Goa, Damo e Diu na

    India at 1961, altura em que foram integrados na Indi . Macau, considerado formalmente um territrio chins sob administrao portuguesa, ser devolvido

    soberania chinesa em 1999.

    Timor Leste. pelo contrrio, permanece um srio problema para a Comunidade

    Internacional, uma vez que este territrio foi invadido pela Indonsia em 1975, quando

    Portugal procedia sua descolonizao. Ainda hoje, passados mais de 20 anos sobre

    esta invaso, o povo de Timor Leste continua a resistir finnemente contra a ocupao

    7

  • indonsia. Portugal, por seu lado, tem tentado encontrar uma solua com a Indonesia.,

    sob os auspcios do Secretrio Geral das Naes Unidas, que assegure o respeito pelos Direitos Humanos naquele Territrio e a auto-determinao do povo Timorense.

    Logo aps o derrubar da ditadura em Portugal em 1974, ditadura que durava desde 1926,

    Portugal reconheceu a independncia das colnias Africanas : a Guin-Bissau,

    Moambique, Cabo-Verde, S.Tom e Principe e Angola.

    Passados que so 500 anos aps a descoberta do caminho martimo para o Oriente por

    V ASCO DA GAMA, Portugal celebrou o feito com a EXPO '98 maior exposio

    internacional de todos os tempos em Lisboa, entre Maio e Setembro de 1998, dedicada

    ao tema dos Oceanos. Foi wna exposio marcante para a Histria da Modernidade de

    Portugal, um perodo que marcou o encontro de Portugal com o Mundo no contexto da

    Unio Europeia a que pertence desde 1986 e como um dos paises fundadores da moeda

    unica Europeia - O Euro.

    Para Portugal a EXPO '98 foi, igualmente, um excelente momento para o pas poder

    olhar melhor para si mesmo, reconhecendo-se na pluridade cultural do mundo que ajudou a disseminar. esta a marca profunda que distingue a cultura portuguesa de

    tantas outras e que visvel nas suas paisagens, na sua literatura, na arquitectura diversa do pas, na sua gastronomia e nas suas gentes.

    8

  • ll. CRONOLOGIA DAS REFERNCIAS E CONTACTOS mSTRICOS DE PORTUGAL COM A COREIA ENTRE OS SEC.XVI E xvn

    As referncias dos Portugueses Coreia e o contacto entre os dois pases remontam ao sec.XVI. Muitas dessas referncias ficaram registadas na notvel cartografia da poca e em vrios textos, alguns deles escritos por jesutas portugueses. Dentre estes revelamos nesta edio, e pela I a vez na Coreia, wna sntese dos 10 capirulos referentes Coreia incluidos na obra "'Histria do Japam" do Padre Luis Frois (1532-1597)e, ainda, um texto de umjesuita portugus annimo de 1593. No aspecto prtico, e como consequncia da presena portuguesa nesta rea do mWldo, ficaram algumas palavras no lxico coreano como, por exemplo, a palavra sabo, tabaco, frasco ou po, palavras assimiladas directamente ou por via indirecta, atravs do Japo. No entanto, um dos vestfgios mais marcantes dos contactos portugueses com a Coreia ser o uso do pimento picante africano que os portugueses trouxeram do Brasil e que os coreanos to bem souberam utilizar na preparao do KIMCHl. Talvez a presena histrica mais significativa de portugueses na Coreia tenha sido durante a Guerra de IM-JlN, tal como mais adiante explicar o Prof. PyOD HongK.i, genealogista e investigador de Histria Estes portugueses, integrados no exrcito Ming/Coreano, tero dado uma excelente contribuio militar como mergulhadores especialistas no bombardeamento dos cascos dos navios japoneses. A integrao destes guerreiros portugueses compreende.se pelas relaes prximas e priviligiadas de Portugal com a China que, desde 1557, autorizara Portugal a estabelecerse em Macau e pelo desejo de paz dos comerciantes e jesutas portugueses que operavam nesta parte do Mundo. Curiosamente, j em meados do sec.XVII, mais concretamente em 1604, que aparece pela 1 a vez em documentos histricos coreanos uma referncia a um nome prprio ocidental. ele Joo Mendes, comerciante portugus, que foi capturado juntamente com mais 49 tripulantes de nacionalidades japonesa e chinesa, aps uma batalha naval no mar de CHUNGMU. no sudeste da Coreia. Da Coreia, teria sido repatriado para a China.. aps 4 meses de cativeiro. Esta histria contada no 11JNGNOK YUCHO {documento

    9

  • de sec.XVII da Dinastia Chosun relativo defesa das fronteiras da Coreia-Biblioteca da Oniversidade NacionaJ de Seul).

    Relativamente documentao histrica conhecida, enumera-se em seguida, uma cronologia das referncias e contactos entre ambos os paises, listagem que no pretendendo ser exaustiva, poder servir como ponto de partida para uma mais

    aprofundada investigao histrica sobre o assunto.

    A este propsito, refira-se que uma primeira cronologia dos contactos e referncias

    portuguesas sobre a Coreia foi apresentada pelo Dr. Sangbok D. Han, Director da

    Diviso de Oceanografia da Coreia, num seminrio realizado no Pavilho do Portugal

    na Exposio Intemacional de Taejon em 1993.

    A listagem de documentao aqui apresentada refere documentos portugueses e

    coreanos.

    I. Tom Pires (1468-1540). Partiu de Lisboa para a India em 1511 e estabelec:eu-se em

    Malaca (Malsia) entre 1512 e 1514, onde registou uma notvel enumerao de

    terras e costumes orientais, a SUMA ORIENTAL. Nesse trabalho, Tom Pires

    refere a localizao de GUORES entre a China e T ART AR. A palavra Guroes

    devera, pela sua sonoridade, referir-se Coreia.

    2. Ferno Mendes Pinto (1509-1583), autor da "Peregrinao", uma das obras mais populares da Europa Renascentista, publicada em 1614.

    Trata-se de uma obra de cariz autobiogrfico e o primeiro livro ocidental a relatar

    guerras de pirataria nos mares do Oriente; o primeiro a descrever as fantsticas

    florestas tropicais da Asia e. inclusiv. o primeiro a retratar o DALAI LAMA.

    Entre 1537 e 1558 viajou pela sia e em 1540 visitou uma srie de tmulos. reais em

    Calempluy(Cap. 71), que ficatia localizado a uma distncia considervel de Ningpo

    para norte entre a China e Tartar. Ali. Mendes Pinto teria encontrado gente de cr

    branca, de estatura mdia e de olhos pequenos, tal como os chineses. mas diferentes

    no vesturio e na lngua Segundo vrios especialistas, entre os quais o Dr. Sangbok Han, Director do Fisheries Oceanogmphy Division, National Fisheries Research and

    Developrnent Institute e perito em cartografia portu"auesa da poca seiscentista, Calempluy dever ser a costa noroeste da Coreia, possvelmente o rio Oaedong ou terras

    10

  • do rio Abnok.

    3. Ferno Vaz Dourado (1520-1580), famoso cartgrafo nascido em Goa, na India,

    desenhou um mapa da Coreia e do Japo em 1568 onde designa a Coreia de

    CONRAl, palavra muito prxima de CORAI.

    4. Gaspar Vilela, fundador da Igreja crist de Kyoto, viveu no Japo durante 16 anos,

    entre 1554 e 1570. Ali escreveu "O Reino da Coreia" numa carta datada de 1571

    onde refere "A dez dias de viagem do Japo fica a Coreia, que h mais de 4 anos

    pretendo visitar e pas a partir do qual se chega fcilmente a Pequim, onde vive o

    Rei da China.

    5. Domingos Monteiro teria sido, de acordo com o historiador C.R. Boxer, o primeiro

    ocidental que visitou a Coreia em 1577, aps um violento temporal que desviou o

    seu barco da rota Macau-Japo para as costas da Coreia, tal como o refere no seu

    livro" Fildalgos in lhe F AR-EAST"(1550-1770), The Hague 1943, pago 38. 6. No livro "Macau e a sua Diocese - A Misso da Coreia" do padre Manuel Teixeira

    refere-se, na pgina 266, o documento cQreano Y AK-P'O-CHIP, nos anais de CHONG T' AK. De acordo com este documento, um ocidental de nome Mari, teria naufragado ao largo da ilha de Che-jo. Levado para a Coreia foi, em 1582, 50 ano do Rei Sonjo, foi conduzido por CHONG ZAK para a Corte de Pequim, acompanhado a Embaixada Coreana que anualmente ali se deslocava. "MARI" so as duas primeiras silabas da palavra "MARmHEIRO" em portugus. Este "MARI" seria, provvelmente, um marinheiro do junco S. Sebastio, comandado por Domingos Monteiro, que foi arrastado pelos ventos at costa da Coreia. Em consequncia todos os tripulantes foram mortos e, talvez, o referido "MARJ" tivesse escapado.

    7. A Coleco "Jesuitas na sia (49-IV-57) inclui um documento de 1593 de um padre jesuita portugus sobre a Coreia, documento este que foi publicado em

    "Korea Report, voI. 2 Nr. 1 de Fevereiro de 1962, Pags 13-16, pelo Dr. Gerald M.

    Moser, Prof. da Universidade de Pennsylvania. Este texto encontra-se igualmente

    transcrito no livro do Padre Manuel Teixeira Macau e a sua Diocese - A Misso

    na Coreia", pag.253

    8. Guerra de Im-Jin(l592-1599). De acordo com documentos coreanos, o "Chunjo

    Jangsa Jeonbeoldo"- patrimnio de Famlia Kim Yoon - e o UWangjoshilrok",

    II

  • soldados portugueses teriam integrado as foras militares Ming/Coreanas durante a

    Guerra de M-JIN.

    9. Luis de Frois (1532-1597).Este jesuita portugus escreveu 10 captulos sobre a

    Coreia na sua "Histria do Japam", captulos estes que, curiosamente, no esto traduzidos na edio em linguajaponesa.

    Os dez capitulos sobre a Coreia (70 a 80) descrevem os acontecimentos durante o

    primeiro ano da Guerra de IM-JlN e constituem a primeira descrio mais

    completa e detalhada feita por um ociedental sobre a Coreia.

    10. Em 1604, o nome de Joo Mendes aparece num documento histrico coreano, o

    TIJNGNOK YUCHO - Documento da Dinastia CHOSUN sobre DEFESA DAS

    FRONTEIRAS). At data, este foi o primeiro nome de um ocidental a aparecer

    referido num documento coreano. Joo Mendes foi capturado juntamente com os

    seus dois escravos africanos e 49 outros tripulantes a bordo de um barco japons,

    ao largo da costa coreana a 14 de Junho de 1604. Estiveram detidos quatro meses

    na Coreia sendo, depois, enviados para Pequim.

    Este documento anula por completo a ideia de que teria sido um holands, Jan

    Weltevreee, o primeiro ocidental a visitar a Coreia em 1627.

    11. Manuel Godinbo (1563-1623), matemtico e cosmgrafo portugus nascido em

    Malaca, publicou o "MAPA DA SIA" em 1615. Este mapa o primeiro a

    atribuir um nome prprio ao Mar do Leste, que Manuel Godinho designou de

    "Mar Coria" em 1615.

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  • OS PORTGUESES NA GUERRA DE IM-JIN

    1. Estudo sobre o "CHUNJO JANGSA JEONBEOLDO" feito pelo Prof. Pyon Hong-Ki

    Dr. PyOD Hong Ki wbo has beeo studying genealogy throughout his life. founded the Myeong1 Wbae in May of 1981, where he was inaugurated as president and has made a great contribution to the Korean leamed circles af genealogy. He attended the First Asian Genealogy Academic Conference held at the Taiwan University in 1983 and has continued to be present at every meeting until the Fifth Conference held in 1989, during which he made many of bis theses known. ln August 1991, he attended the Genealogy Academic Forum held at the Social Science lnstirute in Shansu and made pubic a valuable thesis called "The History of Korean Chinese Excbange through the Eyes ar Genealogical Table", He has also discovered more that thirty types of historical remains and relics left by the reinforcements of Ming China who had rought in lhe Japaoese Invasion af Korea in 1592. "The History af Civil Service Examination in Korea" is a book of his aulhorship. The following text was written by Prof. Pyon Hong-Ki and gives bis explanation about the koreao historical document "CHUNJO JANGSA JEONBEOLDO".

    "ln may 1981, Myeong-I Whae was fOlmded and to redeem the election pledges I had made to the members as the elected president at the inaugural meeting, I went exploring 70 thousand km around the country looking for any military traces left by lhe Ming reinforcement during the Japanese Invasion af Korea. As a resulto I bave discovered more than 30 types af historical remains and relics. One af them is the painting af soldiers given as farewell gift. ln April, 1599, when 142 Ihousand soldiers ar Ming China were retllming home, General Hy.mgai. then a commander-in-chief, requested lhe Korean raya! court to depict the sigbt af the withdrawing Ming troops into a painting as a commemoration. The court responded to his request by having a painter named Kim Soo Woon do the painting. When it was tinisbed, General Hyungai summoned his liaisoD officer, Kim Tae Hyun and said, "We will never forget how bravely yOli have fought for us consistently for two years inspite af the agony and pain. Now that we are parting. ali the memories rise up like a cloud. We present yOli this painting by Kim Soo Woon, a famaus painter in Korea, as a memorial" be then presented the gift as a parting memento.

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  • This was the source of the painting and Kirn Tae Hyun \WOte soon in detail the contents of the painting and kept them with the original painting caJled "Sae-Jeon-Soo-WhaCheob", But in bis records, it had said, "The four Haegui(sea ghosts) from the west(Bulangkuk.) have jet-black skins and yellowish hair that spreads like a cushion girth but still, they could easily penetrate into the enemy ship". Here, the word "Bulangkuk" means people from Portugal or Spain, who have come to China during the Ming Dynasty according to the Chinese-Korean dictionary, but if we consider tbe fact that the Portuguese Navy \Vere stationed in Macao port since 1557, there is no doubt that the word "Bulangkuk" refers to Portuguese people. The word "Haegui" according to the Chinese-Korean dictionary refers to people who make their living by catching fish and shellfishers under the sea. Therefore we can understand this word as referring to diving soldiers who destroy enemy ships underwater. According to the authentic record of San Dynastic, dated May 26, year 31 of King Sunjo's rule, when King Sunjo visited the camp af General Penshingo of tbe guerrilla Wlit. General Peng opened a feast and while reporting the progress af tbe battle to the king, he said, "Among my troaps, there is a soldier called Haegui who comes from a country named Bulangkuk." which is 150 thousand miles from here. Hs eyes are yellow and bis face, hands and feet are pitch black. Ris beard and hair are curly like a black sheep's hair. He stays under the sea for several nights, feeding himself on fish", This description is very similar to Kim Tae Hyun's records. On1y in Kim Tae Woon's records, lhe name of the country was written as BuJangkuk and in the authentic records of the King, it was written as Parangkuk wbich is on1y a result of the difference in the transliteration of the translating officer's pronunciation. Also according to the records of May 28 wben General Pengshingo paid a retum visit on King Sunjo, he brought the three Haegui to be received in audience by the King. Jt is stated that the King tested their fencing skills and granted them I nyang of silver. When we put all the above records and information together. the historical fact lhat JUS! 400 years ago, during the Japanese Invasion of Korea, Portuguese had participated in the war as soldiers of the Ming army and lhat as Haegui they had rendered distinguished military services is confirmed. Now. Korean bistorians should reillwninate tbe history of Japanese Invasion and move further studies into the Portuguese Haegui wbo played ao active role in shaping its history. At the sarne time, we believe that !bis discovery and study wil1 help tremendously in cultivating the international frienrlsrup between Korea and Portugal."

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  • 2. TEXTO DE JESUITA ANNIMO PORTUGUS SOBRE A COREIA EM 1593

    o texto que a seguir se transcreve um resumo publicado no livro "MACAU E A SUA DIOCESE - A MISSO DA COREIA" do P'. Manuel Teixeira, datado de 1593. O seu autor um padre jesuta portugus annimo. O mesmo texto foi traduzido para ingls pelo Dr. Gerald M. Moser da Universidade do Estado de Pensilvania a partir do original includo na coleco "Jesuitas na sia (Cod. 49-IV-57). Esta traduo foi publicada no "KOREAN REPORT, Vol. 2, N. I, Fevereiro 1962, pags 13-16 com o seguinte titulo:

    l'Early Manuscript Reveals Jesuit Opinion About lhe Korean People in lhe) ff' Century. 16/h Century Porluguese finds Korea Fascinating. "

    Este texto foi. certamente, uma das fontes que Luis de Frois utilizou para os captulos referentes Coreia no seu livro "Histria do Japam".

    "A Coreia divide-se em oito reinos diferentes, que so designados pelas cores, como por ex. : Reino Vermelho, Reino Branco, Reino Verde, Reino Purpreo, etc. Fica situada 80 lguas ao norte da ilha de Firando (Hirado); a costa-sul mais extrema fica a 35 graus de latitude. Tem 250 lguas de comprimento de norte a sul e 90 ou mais lguas de largura de este a oeste (lguas japonesas). Confronta com 3 ou 4 naes; a primeira a China da parte ocidental, a quem paga tributo anual ; ao none e noroeste, a Tartria e os Orancais (parece referir-se Manchria); a ltima parte do territrio forma um largo golfo ao norte do Japo ; a parte norte estende-se acima da ilha de Yezos (Hokkaido), com a qual faz comrcio.

    Os coreanos tm muitas vezes guerras com os trtaros e os orancais. aos quais resistem muito bem; h poucos anos, quando os orancais se aliaram com os trtaros e com outra nao a que os coreanos chamam Yscimocu(Esquims), que significa povo que no tem sol nem lua, povo do norte ao que parece, e quando estas trs naes baixaram para lhes fazer guerra, eles deram-lhes muito que fazer.

    A Coreia tem uma ilha ao sul, situada a wnas 50 lguas no mar, ainda que parea no estar to longe. H nela distritos onde caiem neves, devido sua grande altura, e esta ilha chama-se Coraisan (Cheju-do).

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  • O Remo bom

    o povo bom. Produz muito arroz, trigo e frutas. a saber, pras, nozes, figos, castanhas, mas, pinhes, e mel em abundncia, alguma seda, muito algodo e linho. Dizem que o pas no tem oiro nem minas de prata.

    Tem muitos cavalos, vacas, bons pneis e muitssimos tigres e outros anuDalS. Os objectos do seu fabrico revelam a inteligncia deste povo, pois so trabalhados com perfeio.

    A gente de cor branca e de boa disposio, comiles e de grande fora, peritos no uso do arco e da flecha, que so pequenos como os arcos turcos e diz-se que usam pontas de seta embebidas em veneno.

    Os seus navios so slidos e grandes e revestidos duma cobertura. Usam panelas de plvora e foguetes e uma espcie de morteiros de ferro; no usam balas de canho, mas introduzem um dardo de pau, quase do tamanho da coxa dum homem com ferro farpado semelhante ao rabo dum peixe. Estes morteiros so muito mortferos, porque cortam atravs daquilo que tocam. As suas outras armas so fracas, sobretudo as espadas, que so pequenas e de pouco impacto e dizem que usam espingardas sem coronhas.

    So temidos pelos chineses, apesar de lhes pagarem tributo. Tm o seu rei prprio, que vive num local muito espaoso, na capital do reino, onde reside a sua numerosa corte.

    Muitas das casas so cobertas de telha, outras de colmo, mas no so muito limpas. Os nobres e os ricos alcatifam as suas casas com ptimos e lustrosos tapetes, que os japoneses e portugueses que vm ao Japo altamente apreciam, pois so tecidos de palha muito fina e decorados com lindos ornatos.

    o pas excessivamente frio na ponta extrema. Usam foges para se defender do frio. Os rios congelam com uma espessa camada de gelo. O rei recolhe tudo o que produz o pas e depois distribui gneros alimentcios aos camponeses.

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  • As defesas costeiras so fortes

    Tm algumas fortalezas no interior, mas no so bem equipadas. Fiam-se numa boa defesa das fronteiras da costa em frente do Japo, nas quais eles colocam todos os seus fornecimentos e munies.

    Os coreanos tm como mxima no admitir comrcio algwn em qualquer circunstnci excepto com 300 japoneses que vo l comerciar todos os anos. Isto to verdadeiro que quando algum navio nosso, pequeno ou grande, perde o seu rumo a caminho do Japo, desviado pelo vento ou pelas correntes, e se aproxima dos seus portos, eles saiem imediatamente com muitos navios armados a lutar contra ele, excluindo-o totalmente dos seus portos e terras sem atender a qualquer razo ou escusa.

    Esta nao orgulha-se muito da sua escrita, que so caracteres como os da China, e da sua religio e do modo de conduzir os problemas humanos. Tm a primeira, segunda e terceira pessoas e uma espcie de conjugaes. A lngua mais fcil de pronunciar que a chinesa Alm da lngua comum do povo ordinrio, tem outra-mais polida e defmida, que usada pelos homens de letras e a nobreza na corte. O culto religioso igual ao do Japo; adoram Xaca e Amida.

    Tem grandes rios e um deies mede 10 lguas de largura na foz. Do lado em que a Coreia confronta a China diz-se que se estende um grande deserto de areia, que dificil atravessar.

    Um dos artigos mais comuns, exportados da Coreia para o Japo por meio da illta de Cuxima (Tsushima) so lindas e grandes peles de tigre, que eles obtm na caa. montados em cavalos com lanas, setas e arcos. Os trajos, que usam, so iguais aos dos chinas, longos e com mangas compridas e largas e muitas pregas em volta Nalgwnas roupas interiores, que de l vieram, ns vimos em Nagasqui as mais subtis e delicadas costuras possveis, de tal forma que se precisa duma boa e clara vista para discernir nalguns lugares se a roupa franzida ou cosida com fio e agullha

    Bravura coreana

    Quando a esquadra japonesa (em 1592) chegou Coreia, a primeira fortaleza costeira que se lhe desparou foi a de Fusancay (Pusan), que tinha apenas 600 soldados, alm de

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  • gente do povo, que l se havia refugiado. O caminho estava todo coberto com calcatripas. Havia dentro mais de mil pequenos morteiros de bronze; alguns deles lanavam balas de ferro e outras setas, que soavam como espingardas e que deviam ser do comprimento de dois palmos e meio.

    Os soldados usavam fortes escudos de coiro e capacetes como os nossos chapus, uns de ao, outros de ferro; usavam tambm algwnas espingardas sem coronhas e infuneras setas e arcos turcos. (A guarnio resistiu hericamente por muitas boras).

    Os coreanos, como bons cavaleiros leais ao seu rei, combateram at morrerem quase todos, sendo apanhados vivos uns poucos, e um dos primeiros a morrer foi o seu comandante.

    Modstia Coreana

    Havia na fortaleza uns 300 quartos. Para esconder a sua beleza e pensando escapar assim lascvia dos soldados japoneses, algumas das mulheres mais nobres besuntaram o rosto com fuligem dos potes e panelas ; outras berravam e gritavam para os altos cus com angstia quando se viram cercadas.

    Sabe-se que as mulheres coreanas so castas, honestas e retiradas.

    Os rapazes e raparigas nobres e belos, ensinados pelas mes, fmgiam ser aleijados ou torciam a boca, como se estivessem infectados pelo ar.

    Constncia coreana n a resistncia

    Os japoneses depararam com dois grandes obstculos e dificuldades. Primeiro. Quando se espalharam por muitas regies diferentes, longe da costa, foi necessrio organizar comboios de fornecimentos. Se estes eram pequenos, eram atacados pelos coreanos, emboscados em vrios lugares, que caam sobre eles como bandidos, matando-os sem dificuldade, pois eles conheciam bem as gargantas e desfiladeiros, e despojavam-nos de tudo o que levavam.

    Se fosse muita gente nas caravanas, a excessiva lonjura da viagem obrigava-os a consllIIliI as provises que levavam para os soldados.

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  • Segundo. Os coreanos uniram-se e confederaram-se, equipando grandes e altos navios, bem forneceidos de plvora, mW'lies e provises. Metiam-se a corso como piratas, destruindo tudo o que encontravam pertecente aos japoneses. E como os coreanos tinham mais perseverana e habilidade em combater no mar do que os japoneses, infligiam-lhes grandes danos e assim continuaram todo o tempo."

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  • 3. REFERERNCIA AOS 10 CAPTULOS SOBRE A COREIA NA "mSTRIA DO JAPAM" DO PADRE LUIS DE FROIS

    na Histria do Japam de Luis de Frois que a Coreia , pela pnrnelra vez, pormenorizadamente descrita por um ocidental. Nesta obra Frois dedica 10 capitules Coreia (70 a 80) descrevendo com minucia os acontecimentos durante a invaso de Hideyoshi Peninsula Coreana.(1592) A descrio que faz plena de vivacidade e os coreanos so apresentados como um povo forte, corajoso e leal. Luis de Frois nasceu em Lisboa em 1532 e sabe-se muito pouco da sua famlia com excepo de um tio que ocupava posio de relevo na corte do rei. Ainda jovem, Luis de Frois entrou para os jesutas em 1548 e pouco depois partia para Goa, na lndi onde foi discpulo de Francisco de Xavier. Mais tarde, em 1551, Frois tomara-se, ele prprio, instrutor jesuta. Na India Frois deixou-nos relato da vida dos jesuitas, docwnento histrico onde j so evidentes as marcas do seu estilo narrativo marcado por uma linguagem viva e colorida Em 1554, j depois da morte de S. Francisco de Xavier, Frois escolhido, juntamente com outros missionrios, para uma misso no Japo. Porm, a sua viagem interrompida em Malaca para ali organizar a Misso jesllita e instalar um hospital. De Malaca, Frois regressa a Goa onde aprofunda os seus estudos em Filosofia. Curiosamente deste periodo em Goa que sabemos algumas das caracteristicas da personalidade de Frois, atravs de uma comunicao para Lisboa de outros padres jesutas. Frois descrito como homem forte de corpo e de alma, de humor fcil e de vrios interesses que no s os religiosos. tido como um homem que aprende fcilmente e de excelentes dotes oratrios. Sensato e hbil igualmente um homem fume na sua vocao religiosa. Finalmente pane para o Japo em 1564 ali chegando em 1 566, aps uma breve pennanncia em Macau. No Japo, em 1564, s 2 jesutas ali se encontravam : Cosme de Torres e Gaspar Vilella. Depois de ter aprendido japons foi enviado para MIYAKO SAKAI com Vilella, tendo ali residido entre 1570 e 1576, grande parte do tempo szinho. Em 1576 recebe a companhia de outro jesuita, Organtino, possvelmente de nacionalidade italiana Em 1577 Frois nomeado sucessivamente Assistente de Valignano, Gesuta enviado de Roma para o Japo) e posterionnente como secretrio do jesuta Gaspar Coelho. Mais tarde, Frois parte para Macau em 1592 regressando ao Japo em 1595 para ali morrer em 1597. Frois tinha passado, no total, 28 anos da sua vida no Japo. Nos ltimos anos da sua vida Freis foi encarregado de escrever a histria do episcopado

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  • no Japo, tarefa que lhe tinha sido encomendada pelos seus superiores em Lisboa. A "Histria do Japam". para alm de descrever a aco dos jesutas nesta parte do mundo, acrescenta inmeros detalhes de caracter social, poltico e geogrfico entre outros, eruiquecendo considervelmente o valor histrico e infonnativo da obra. As fontes de que F rois se serviu foram vrias, incluindo as japoneses, a dos comerciantes e cristos integrados no exrcito de UKINAGA ; igualmente, as infonnaes transmitidos pelos coreanos no Japo e das cartas escritas da Coreia pelos jesutas, entre os quais o Padre Cespedes que acompanhava os soldados cristos no exercito japons. Este trabalho de Frois no viria, no entanto, a ser aprovado pelo seu superior, Valigniano, que o caracterizou de prolixo e difuso no o enviando, por isso, para Lisboa. Ele prprio, Valignano, viria a escrever "a Histria do Episcopado do Japo" e, s quando o manuscrito original de Frois foi encontrado, que os historiadores perceberam que o trabalho de Valignano no passava de uma inspida condensao do trabalho de Frois. O original de Frois s foi encontrado quase 4 sculos aps a sua feitura pelo Padre e investigador francs P. M. eros, que o encontrou na Biblioteca do Palcio Real da Ajuda O texto completo foi pela primeira vez impresso em 1926 em alemo por P. SCHURAMMER e a primeira edio completa em lngua portuguesa (5 volumes) s foi publicada em 1976 pela Biblioteca Nacional de Lisboa graas ao empenho do Padre austrico Jos Wikki. Registe-se que edio em lngua japonesa da IllSTRlA DO JAP AM no inclui os 10 captulos reerentes invaso da Coreia

    No capitulo 70, Frois descreve a perplexidade gerada entre os dimios japoneses face inteno de Hideyoshi em invadir o continente. Frois designa esta iniciativa de insolente e destemida, insensata e de consequncias imprevisiveis. A escolha da penetrao no continente atravs da Coreia reflectia, segWldo F rois, a reconhecida inferioridade dos japoneses no mar ; caso contrrio, teriam entrado, desde logo, pela costa chinesa. Os japoneses conheciam melhor a capacidade militar dos coreanos atravs de informaes recolhidas em Cuxima pelos comerciantes. Nagoya foi o ponto escolhido para lanar a operao de ataque. No capitulo 71, Luis de Frois explica que para se compreender melhor esta guerra fundamental conhecer-se melhor a situao na Coreia. Todas as informaes ali contidas so prticamente as mesmas do texto do jesuita annimo portugus referido j neste livro, informaes que lhe serviram, seguramente, como fonte documental para este seu trabalho.

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  • Ainda no capitulo 71, o historiador descreve a embaixada coreana enviada ao SHOGUN pelo rei coreano e a pedido do dimio de Cuxima. A delegao coreana foi recebida com grande cortesia e foi-lhes entregue uma mensagem do SHOGUN onde este pedia autorizao ao rei coreano para entrar com o exrcito japons na Coreia com o objectivo de atacar a China O rei coreano declinou a sugesto do SHOGUN reiterando a amizade tradicional com a China, pais a quem a Coreia pagava tributo e com quem desejava manter relaes de fidelidade e cordialidade. O Shogun reagiu mal falta de colaborao dos coreanos e decidiu, ento, invadir e atacar a Coreia. Os 9 capitulas seguintes descrevem a preparao militar japonesa para a invaso da Coreia sob o comando de Agostinho Sudocamidono - nome cristo de KONISHI YllKil'JAGA - e a organizao de uma armada composta por cerca de 700 embarcaes de fonnas e tamanhos diversos. Na narrao dos factos relativos invaso da Coreia, Luis de Frois refere o patriotismo e lealdade dos coreanos para com o seu rei, destacando igualmente a honra e dignidade das mulheres coreanas que se disfaravam de homens e de velhas para assim se protegerem a si e aos seus filhos. Ser de referir um interessante episdio nesta guerra: os japoneses fazem um importante prisioneiro, um capito coreano, a quem pedem colaborao em troca de liberdade. Ao que parece, o capito coreano respondeu indicando com o dedo o seu pescoo. numa aluso clara que preferia morrer a atraioar. Foi-lhe, ento, cortada a cabea. Refira-se, por fim. que a "Histria do Japam no cobre todo o perodo da guera de !m-1in mas, to smente, o inicio da mesma. Acontece que Luis de Frois partiu entretanto para Macau, no se sabendo se por causa da sua doena ou, ento, se por ordem do seu superior Valigniano

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  • ID. CRONOLOGIA DA mSTRlA DE PORTUGAL

    o Condado Portucalense. O Reino de Portugal

    Portugal tem oito sculos de histria como pas independente. O seu nome provm da

    antiga povoao PORTUCALE situada na foz do rio Douro, e da qual j havia notcia

    no sculo VIT.

    No incio do sculo XI, no tempo das Cruzadas, a Pennsula ibrica era um mosaico de reinos onde cristos e muulmanos se combatiam.

    A estratgia defensiva crist do rei de Leo e Castela deu origem formao do

    Condado Portucalense, territrio compreendido entre os rios Minho e Tejo. Foi seu

    primeiro governante, com ttu10 bereditrio e dever de vassalagem, um nobre francs

    que veio Pennsula em misso de cruzada e ali se fixou casando com uma das filhas do

    rei de Leo e Castela, Afonso VI.

    Circunstncias vrias fOJ:jaram no Condado tendncias autonmicas a que Afonso

    Henriques, filho do primeiro conde portucalense, deu expresso prtica. Aps a morte

    de seu pai, Afonso Henriques cbefiou (1 128) a revolta contra o Governo de sua me,

    que venceu. Prosseguiu a guerra para expulsar os muulmanos da Pennsula, alargou os

    limites do Condado e lutou contra Castela para se libertar da vassalagem. Em 1 140

    proclamou-se rei. Foi o primeiro rei de Portugal. O titulo foi-lhe reconhecido, poucos

    anos depois, pelo rei de Leo e Castela e pela Santa S. (1179).

    1 095 - SANTAREM e LISBOA caem em poder dos MOUROS. AFONSO VI, Rei

    de Leo e Castela, casa a sua filha Teresa com o cavaleiro francs Henrique de Borgonha, que se destacou no combate aos MOUROS. Afonso VI atribui ao seu

    genro o ttulo de Conde e entrega-lhe o condado PORTUCALENSE.

    1 109 - O Condado Portucalense adquire autonomia adminstrativa embora deva prestar vassalagem ao Reino de Leo e Castela

    1 1 1 1 - Nascimento de Afonso Henriques, filho de Henrique de Borgonha e D.

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  • Teresa, que viria a ser o 10 Rei de Portugal.

    1 1 12 - D.Henrique morre. A viuva D.Teresa governa com impopularidade.

    1 128 - O filho Afonso Henriques revolta-se contra a sua me. Organiza fcilmente

    wna resistncia militar que vai derrotar o exrcito de sua me na batalha se

    S.Mamede.

    1 140 - Afonso Henriques declara Portugal nao independente do Reino de Leo e

    Castela e proclama-se 10 Rei de Portugal com o nome de Afonso I.

    1 143 - O reino de Leo reconhece a independncia do Portugal no Tratado de

    Zamora.

    1 147 - D. Afonso I organiza forte investida militar contra os Mouros a partir do

    Porto e repele-os a.t ao sul do Rio Tejo.

    1 179 - A independncia de Portugal foi definitivamente reconhecida pela SANTA

    S e pelo rei de Leo e Castela.

    1249 - Afonso li de Portugal expulsa os Mouros de Portugal reconquistando todo o

    pas at regio do Algarve(Sul de Portugal).

    1254 - O povo via-se, pela la vez,. representado nas Cortes.

    1256 - Lisboa designada oficialmente capital do Reino de Portugal.

    1279-1325 - O Rei D.Dinis, conhecido como o "Poeta", refora a unidade de

    Portugal construindo 50 fortalezas ao longo das fronteiras, apoiando o desenvolviemento da agricultura, comrcio e construo naval. No plano cultural

    funda a }a universidade em 1288 e promove social e politicamente a burguesia

    ligada ao comrcio e os artesos.

    o Perodo dos Descobrimentos

    D.Femando o ltimo rei da I Dinastia portuguesa, a Dinastia de Borgonha

    (Burgundian). Quando D.Femando morre, a nica filha que tem estava casada com o filho de DJuan I de Castela que, na altura, j se tinha separado do reino de Leo. Este

    24

  • casamento era impopular porque punha em risco a independncia de Portugal.

    O povo revolta-se e nomeia para regente do reino Joo, Mestre de A vis, que era um

    filho bastardo do Rei D.Pedro I (1357). Esta crise em Portugal ficou conhecida como a

    crise de 1383-1385.

    1385 - D. Joo ascende ao trono como DJoo I de Portugal e fundador da Dinastia

    de Avis. Em Agosto de 1385 derrota os castelhanos na clebre batalha de Aljubarrota, vitria que garante a independncia de Portugal.

    1386 - assinado o Tratado de Windsor com a Inglaterra, tratado que ficou

    conhecido como mais antigo existente entre dois pases. Este tratado assegurava

    ' inviolvel, eterna e forte amizade entre os dois pases".

    D.Joo I de PortUgal casa com Filipa de Lencastre, filha de John of Gaunt,

    cimentando os laos de Portugal com Inglaterra

    1 394 - Nasce no Porto o terceiro filho de D.Joo I de PortUgal e de Filipa de

    Lencastre - o Infante D.Henrique, o Navegador.

    1415 - Portugal conquista a cidade de Ceuta, no norte de Africa, momento histrico que marca o comeo da expanso territorial portuguesa.

    1419 - O Infante D.Henrique funda no sul de Portugal, em Sagres, uma escola de

    navegao.

    1418-1427 - PortUgal inicia a colonizao da ilha da Madeira e do Arquiplago dos

    Aores, ilhas desabitadas no Atlntico.

    1437 - O Navegador Gil Eanes passa o Cabo Bojador. na costa Africana.

    1444 - Os navegadores portugueses chegam a Cabo-Verde e inicia-se um perodo de comrcio de escravos africanos.

    1460 - Morre o Infante D.Henrique com 66 anos.

    1469 - Nasce Vasco da Gama

    1482 - Navegadores portUgueses penetram em frica pelo rio Zaire.

    1484 - O Rei D.Joo II recusa financiar o projecto de Cristovo Columbo, projecto

    2S

  • que previa chegar ao Oriente viajando para oeste de Portugal.

    1488 - O Navegador Bartolomeu Dias passa o Cabo da Boa Esperana

    1494 - Portugal e Castela assinam o Tratado de Tordesilhas, acordo que garante

    para Castela todas as descobertas para ocidente do meridiano a 370 lguas a oeste

    das ilhas africanas de Cabo-Verde e para Portugal todas as descobertas a oriente

    daquele meridiano. Foi por essa razo que o Brasil ficou incorporado na pane

    destinada aos portugueses. H muitos historiadores que dizem que Portugal j

    deveria ter conhecimento da existncia do continente sul americano data da

    celebrao deste tratado.

    1496 - No seguimento da expulso dos Judeus de Espanha em 1492, Portugal

    igualmente expulsa os Judeus de Portugal.

    1497-1498 - Vasco da Gama deixa Lisboa em direco India, passando pelo Cabo

    da Boa Esperana, dobrando para Moambique e, finalmente, em direco lndia.

    1500 - Pedro Alvares Cabral chega ao Brasil (Descoberta oficial do Brasil).

    1510 - Portugal conquista Goa no sudoeste da India.

    1515 - Portugal controla a navegao no Oceano Indico.

    1519 - Ferno de Magalhes, portugus ao senrio de rei de Castel faz a 1 a viagem

    de circunavegao do globo, morrendo nas Filipinas em 1 522.

    1521-1557 - Reino de D. Joo li de Portugal e perodo que coincide com um

    declnio do pas derivado em parte, aos custos gerados pela epopeia dos

    Descobrimentos.

    1536-1558 - Perodo de actividade intensa da Inquisio.

    1557 - Os portugueses estabelecem-se em Macau.

    1572 - O poema pico "Os Lusiadas" de Luis de Cames, imortalizando as viagens

    martimas dos portugueses publicado em Lisboa.

    26

  • Interregno na Independncia (1580-1640)

    Com a morte do rei de Portugal D. Sebastio na batalha de Alcacer Quibir (1578), no

    norte de frica, e sem deixar herdeiro ao trono, Portugal vai entrar numa crise de sucesso dinstica que vai levar o Rei Filipe n de Espanha a ser aclamado Rei de Portugal. Durante 60 anos a Dinastia dos Filipes vai governar Portugal at que uma

    revoluo repor no trono um monarca porutugus.

    1640-1656 - Joo, Duque de Bragana, governa com o nome de DJoo IV. Periodo

    de guerras intensas com Espanha e apoio da Inglaterra causa da independncia portuguesa.

    1 706-1750 - Reino de DJoo V. Portugal enriquece de novo com o ouro vindo do

    Brasil. So construidos edificios e palcios exuberantes. Portugal moderniza-se. Os

    sectores industriais e comerciais dinamizam-se(texteis, vidraria, vinhos e

    cermicas).

    1 755-1777 - Reino de DJos I que entrega a governao do Reino ao MARQUS

    DE POMBAL. POMBAL tenta reduzir a influncia dos Ingleses em Portugal e

    conseguir maior independncia econmica do pas. Expulsa, igualmente, os jesuitas

    de Portugal que tinham grande poder e influncia.

    A Marqus de Pombal fica igualmente ligada a reconstruo de Lisboa aps o

    terramoto de 1755.

    1755 - Grande terramoto de Lisboa O terramoto e O fogo destroem Lisboa e matam

    mais de 30 mil pessoas. 1756 - Portugal 10 pas do mundo a criar o conceito de "Regio Demarcada de

    Vinho" ao criar a regio do Vinho do Porto, 100 anos antes da Frana.

    Invases Napolen icas

    Devido ao tratado de amizade entre Portugal e a Inglaterra que datava de 1386, Portugal

    v-se arrastado para a Guerra contra a Frana cujo principal inimigo era a Inglaterra.

    27

  • Como consequncia, Portugal torna-se num campo de batalha que devastou o pas

    sriamente.

    1793 - Portugal associa-se Inglaterra na luta contra Napoleo. 1801 - Portugal perde Olivena para Espanba. 1807 - As tropas fransas, chefiados pelo general Juno!, invadem Portugal. A

    familia real portuguesa parte para o Brasil.

    1808 - Tropas inglesas, chefiadas pelo general Wellington, chegam a Portugal para

    reforar o exercito portugus.

    1810 - As tropas LusolInglesas derrotam decisivamente o exrcito francs na

    Batalha do Buaco, no none da cidade de Coimbra.

    Declnio e Queda da Monarquia

    1 8 1 1 - Com os franceses derrotados e a familia real portuguesa no Brasil, o General

    Ingls William Carr Beresford chefia o governo portugus. 1 8 1 71820 - Movimento de liberais portugueses insurge-se contra a influncia

    inglesa em Portugal

    182Q......1822 - Constituio Liberal aprovada pelas Cones.

    Confinna D. Joo VI Rei de Portugal que regressou do Brasil com a Rainha

    D. Carlota e o filho mais novo, Miguel. O Principe Pedro, permanece no Brasil.

    O Rei aceita a nova constituio. A Rainha D. Carlota e o filho Miguel no e, por

    isso, so exilados. 1822 - O Principe Pedro, que vivia no Brasil, declara a independncia daquele pas. 18251834 - Morre D. Joo VI e o Principe D. Pedro, agora imperador do Brasil,

    proclamado igualmente Rei de Portugal. D. Pedro abdica ao trono de Portugal aps

    conceder uma nova carta constitucional, confiando a regncia do pas ao seu inno

    at que a sua filha, Maria da Glria, tenha idado suficiente para assumir o trono. D.

    Miguel aceita mas, em breve, anula a carta constitucional liberal e repe a

    monarquia absoluta.

    D. Pedro renuncia ento como imperador do Brasil e volta a Portugal para repr a

    28

  • ordem e expulsar o seu inno do trono. A guerra entre os dois exercitas d a vitoria

    a D. Pedro que morre pouco depois entregando o trono sua filha Maria que ser a Rainha Maria II de PortugaL 1861-1 869 - No reinado de Luis I, os liberais e conservadores alternam-se no

    poder, nwn sistema de rotatividade.

    1908 - O Rei D.Carlos I assassinado com o seu filho, o Principe Luis Filipe.

    O segundo filho, Carlos, sobe ao trono com o nome de D. Manuel II. 1910 - Para salvar Portugal da guerra civil, o Rei D. Manuel II abdica do poder

    e exila-se na Inglaterra onde morre em 1932.

    A rpublica implementada em Portugal a 5 de Outubro de 1910.

    A Repblica Portuguesa

    Uma revoluo implantou a Repblica em 1910, tendo sido promulgada uma nova

    constinlio em 1911 .

    1916 - Portugal participa na I Grande Guerra, ao lado dos Aliados, lutou em

    Africa contra os Alemes que atacavam Angola e Moambique. 1917-1922 - A guerra agravou sriamente as condies econmicas,

    financeiras, sociais e politicas em Portugal

    1926 - Golpe militar derruba o governo. 1928 - Antnio de Oliveira SALAZAR., professor de econorwa da

    Universidade de Coimbra, nomeado ministro das finanas ; impe uma politica de austeridade e rigor financeiro que dar os seus frutos.

    1 932-1968 - Salazar nomeado 1 ministro e instaura o ESTADO NOVO,

    regime no qual assume poderes de ditador.

    1 939-1945 - Portugal permanece neutro durante a fi Guerra Mundial embora

    autorize os Ingleses e os Estados Unidos a utilizarem as bases areas

    portuguesas nas ilhas dos Aores. 1 949 - Portugal membro fundador da NATO. 1961 - Portugal perde Goa, Darno e Diu na India.

    29

  • 1968 - Salazar abandona o governo aps um acidente cerebral. Marcelo Caetano d continuidade politica de Salazar frustrando grandemente as aspiraes populares de liberdade e democracia

    1970 - Morre Salazar 1974 - 25 de Abril, ou a "Revoluo dos Cravos". Os militares derrubam a

    ditadura (o povo coloca simblicamente cravos vermelhos nas armas dos

    soldados) e implantam um regime democratico pluripartidrio.

    1 974--1 975 - Portugal abandona os colnias africanas de Angola, Moambique,

    Guin. So Tom e Principe e Cabo Verde. Mais de 500.000 refugiados

    voltam a Portugal.

    1975 - O processo de descolonizao de Timor interrompido devido

    invaso daquele Territrio pela Indonsia.

    1986 - Portugal entra para a Comunidade Europeia com Mario Soares na

    Presidncia da Repblica

    1992 - Portugal assume a presidncia da Unio Europeia . 1994 - Lisboa designada Capital Cultural da Europa 1998 - Portugal faz parte do grupo de pases fundadores da moeda Europeia - o

    EURO.

    Portugal organiza a ltima Exposio Internacional do sculo em Lisboa, com

    um nmero record de paises participantes( 155 pases e 5 organizaes

    internacionais), 500 anos aps a viagem martima de V ASCO DA GAMA

    para a lndia. A temtica desta exposio OS OCEANOS - UM PATROMNlO PARA O FUTURO

    30

  • IV - CULTURA

    1. A LNGUA PORTUGUESA NO MUNDO

    Os vestigios da presena portuguesa no m,undo so varias, podendo ser visveis na

    arquitectura, no direito, na religio, nos modos e costumes de vrios povos, na

    gastronomia e, muito especialmente, na lngua

    A lngua portuguesa tem a sua origem no Latim. Em finais do sec.XIII, concretamente

    entre 1270 e 1290, o rei D.Diniz estabaleceu o Portugus corno a lngua oficial do reino

    e fundou uma universidade em Lisboa em 1288 que, mais tarde, viria a ser instalalda em

    Coimbra. Esta universidade . no continente Europeu, wna das mais antigas. Estas

    medidas tomadas pelo rei D.Diniz deram um enorme contributo para a fixao e

    desenvolvimento da lngua portuguesa que haveria de florescer e prosperar em vrias

    partes do mundo.

    No comeo do sec.XVII a lngua portuguesa j apresentava as bases da sua expresso

    modema e chega ao fim do sec.XX como wna das mais faladas no mundo, logo a seguir ao chins, ao ingls, ao russo e ao espanhol. falada por cerca de 1 80 milhes de

    pessoas espalhadas pelos cinco continentes. Alm de ser uma das lnguas com maior

    disseminao geogrfica, estendendo-se por 10.686.l45km2, o portugus constituiu

    durante sculos a lngua de mediao por excelncia da Europa com os novos mundos.

    Foi alis atravs do portugus que muito povos europeus tiveram acesso a inmeros

    elementos geogrficos, botnicos, zoolgicos, culturais e polticos dos povos distantes

    da frica, sia e America O Portugus deu ainda origem aos crioulos de Cabo Verde, da Guin. S.Tom e Principe, Ano Bom, Damo, Diu, Macau e Timor. Nalguns

    dialectos do norte da Costa Ocidental da India (Bombaim, Salsete, Mahi, Baaim, Chaul,

    Bandora). da costa do Malabar, de Mah, da Costa de Coromandel, de Ceilo, de

    Malaca, encontramos termos portugueses sobretudo em prticas rituais e na linguagem

    familiar. Esta persistncia do ponugus atravs do mundo testemunha a importncia da penetrao da cultura portuguesa nestas regies.

    O portugus actual a lingua oficial de sete paises independentes (portugai, Brasil,

    3 1

  • Angola, Moambique, Cabo-Verde, Guin-Bissau e S. Tom e Principe), pases que, em

    Julho de 1996, se constimiram na CPLP - Comunidade dos Pases de Lngua Oficial

    Portuguesa

    Desde a sua criao, a CPLP tem coordenado iniciativas a nvel intenninisteral no

    mbito dos negcios estrangeiros, da cooperao para o Desenvolvimento da

    Agricultura, do Ambiente, das Telecomunicaes e da Administrao Interna.

    A nvel no governamental, autarcas, cooperativistas, juristas, rdios, televises e

    universidades constituiram estrutruas de cooperao ao nvel dos sete estados membros

    da CPLP. A criao e o funcionamenteo recente da RTP Africa(CanaJ de televiso

    Internacional de expresso portuguesa) , sem dvida, um daqueles momentos que

    marca a vitalidade do esprito da CPLP. A institucionalizao de um conselho

    econmico incentivador de um espao de relaes econmicas prefernciais entre os

    SETE um passo determinante para o desenvolvimento e afinnao internacional da

    CPLP.

    O passado e a Histria uniram os povos que constituem a CPLP, sendo a lngua o elo

    mais forte dessa uniio_ A capacidade demonstrada ao longo dos sculos para criar

    afinidades entre culturas to diferentes , no s a bandeira do presente, como a base de

    construo duma melhor comunidade no futuro.

    entrada do sec.XXI o portugus uma lngua de comunicao politica, idioma oficial ou de trabalho de organisamos internacionais como as Naes Unidos, a Unio

    Europeia, a OUA (Organizao de Unidade Africana) e a OEA(Organizao dos Estados Americanos). , igualmente, uma lngua de comrcio indispensvel nas

    relaes com Portugal, o Brasil e com os restantes 5 pases Africanos de expresso

    portuguesa No plano cultural a lngua de uma literatura rica e variada e expresso de

    quase 200 milhes de lusfonos e ser, por volta do ano 2010, a terceira lngua europeia

    mais falada em termos mundiais. logo a seguir ao Ingls e ao Espanhol.

    32

  • Evolucao da Populacao Mundial de Acordo com a Lingua Europeia falada (em milhares)

    1 980 1 995 201 0 ingles 473.409 623.720 796.669 Espanhol 277.292 370.572 458.752 Russo/Ucraniano 202.081 212.952 207.978 Portugues 1 37.069 1 79.010 219.591 Frances 1 1 1 .236 1 42.91 9 1 89.822 Alemao 89.874 94.174 93.684 Italiano 57.079 57.926 56.781 Outras linguas 3.096.312 4.035.153 5.009.017 TOTAL MUNDIAL 4.444.352 5 . 7 1 6 .426 7.032.294

    33

  • 1 . Literatura

    Introduo

    A origem romnica da lngua portuguesa e a sua evoluo so factores determnantes do desenvo'lvimento da vida literria do Pas. O latim vingou, pois, como lngua de civilizao, constituindo o substrato do idioma portugus. Devido influncia dos diferentes povos que, por maior ou menor espao de tempo, ocuparam o territrio onde viria a surgir Portugal como nao independente, a lngua portuguesa foi sofrendo sucessivas transformaes. O aparecimento do portugus como lngua individual izada deu-se a partir do sculo X I I I , na sequncia da separao poltico-administrativa do reino de Portugal face hegemonia de Castela, tendo, porm, continuado a sofrer alteraes. Em meados do sculo XVI est, no entanto, concludo o essencial na evoluo da lngua portuguesa.

    Idade Mdia Na Idade Mdia a literatura faz-se atravs de duas viias: a oral, que consiste em poemas e narrativas versificadas, transmitida pelos jograis ( recitadores, cantores e msicos l , cujo repertrio dirigido a um grupo iletrado de viles, burgueses e nobres, serve-se das lnguas locais e inspira-se na vida quotidiana . A 2 ' via a escrita (prosa e poesia l . A prosa teve nos princpios da Idade Mdia pouca expresso. Resume-se aos livros produzidos nos conventos e reproduzidos pelos copistas e tem como principal finalidade a preparao le clrigos e do servio religioso. S com o advento da dinastia de Avis, no sculo XIV, a literatura portuguesa se pode considerar emancipada. A prosa ganha relevo especial no sculo XV com Ferno Lopes, o pai da historiografia portuguesa que desempenhou, com grande mrito, o papel de cron ista-mor do reino . Outros cronistas da peca so Gomes Eanes de Zurara ( 1 410-14741 e Rui de Pina 1 1 440-15221. tambm nessa altura que se in icia uma prosa doutrinal e didctica original com o rei D . Duarte e o prncipe D . Pedro.

    34

  • Iluminura da Crnica de D. Joo I, por Fernao Lopes (sc. XV)

    A poesia trovadoresca galaico-portuguesa foi o estilo mais cultivado nos princpios da Idade Mdia , tendo seguido duas orientaes distintas: uma de origem autctone, de inspirao popular tradicional - cantigas de amigo - e outra de carcter mais literrio e pretensioso, praticada especialmente na corte e que sofre a influncia dos trovadores provena is - cantigas de amor. A figura mais representativa das duas orientaes referidas foi o rei D . Dinis, considerado o maior poeta portugus do sculo X I I I . A par destas cantigas, surgem as de escrnio e maldizer, de inteno satrica , que exprime outra faceta , mais realista e vulgar da vida medieva l . Entre meados do sculo XIV e do sculo XV houve como que um interregno da produo literria devido a factores sociais e histricos. S mais tarde, em 1516, que aparece o Cancioneiro Geral, onde Garcia de Resende coligiu toda a poesia , em portugus e castelhano, que vai dos meados do sculo XV at sua publicao e que retrata o ambiente galante da vida palaciana.

    J S

  • Renascimento

    Com o aproximar do final do sculo XV e devido a condicIonalismos de vria ordem, entre os quais se situa a descoberta da Imprensa, surge um movimento de renovao da cultura greco-Iatina, originando uma concepo do m u ndo, do homem e dos seus problemas completamente diferente da defendida na Idade Mdia. Os promotores deste movimento so os Humanistas. A influncia clssica d origem a uma das pocas mais brilhantes da literatura portuguesa. . No teatro distingue-se Gi l Vicente, cuja actividade dramtica se estende de 1 502 a 1 536 e que, pelo seu extraordinrio talento e pela sintese que consegue fazer entre as tradies medievais e as influncias humanisticas, pode ser considerado o criador do teatro portugus. Com uma vasta obra, que vai desde os autos em que predomina a inteno religiosa lAutos das Barcas e da Alma l , s tragicomdias de feio histrica o u aristocrtica IExortao da Guerra, Auto da Fama) at s Comdias e Farsas, de assunto ou caractersticas populares I Fa rsa de Ins Pereira , Auto da india, Quem tem Farelos? ) , assiste-se a um verdadeiro desfile de caracteres, tais como o fidalgo pelintra, o escudeiro, o frade, o juiz e a alcoviteira, cujas actuaes pem em causa certos princpios sociais. Paralelamente ao teatro vicentino desenvolve-se o de inspirao renascentista . E o caso de Antnio Ferreira 1 1 528--1 569), autor da tragdia Castro que se fundamenta num episdio da histria nacional. Tambm S de Miranda e Lus de Cames tentaram o teatro. Do primeiro salienta-se a 1 .' comdia portuguesa em prosa, intitulada Estrangeiros. Do segundo, o Auto de EI-Rei Se/euco. Foi, porm, na poesia, que o sculo XVI se distinguiu. Alm de S de Miranda 1 1 48 1 - 1 558) que introduziu em Portugal o soneto irradiado de Itlia e de Bernardim Ribeiro 1 1482-- 1 552) que cultivou a cloga, foi seu mais alto expoente Lus de Cames 1 1 524-1 5801. Embora se ignore parte da sua biografia, sabe-se que teve uma vida irrequieta e aventurosa, que o levou das costas do Norte de Africa at China . Nenhum poeta lrico o excedeu no poder de exteriorizar os sentimentos, no modo como soube utilizar quer os gneros clssicos, quer os tradicionais. Mas foi o poema pico Os Lusadas que o consagrou universalmente. Trata-se de uma epopeia sobre a viagem de Vasco da Gama india na qual, de maneira engenhosa, Cames relata a h istria do povo

    36

  • ,... _- - , _ .. - ..... . -

    Representao de um auto de Gil Vicente

    portugus, evidenciando os seus conhecimentos profundos em todos os domnios da cultura e da cincia. A h,otorir.f"1r:::afi:::. o c:: nrrat',"aS ';0 v'lage"s n"J'a o";"""""",, "e-" . , _ " "" :::I ' ..... . , .... ..... ..... "" " ...... . u..... " , ..... U 1 1 ':::1'='1 1 1 l I I I a ver com as descobertas martimas, ocupam tambm lugar destacado no sculo XVI . No se poder deixar de referir O nome de Joo de Barros ( 1 496-15701, Ferno Lopes de Castanheda, falecido em 1 559 e Damio de Gis ( 1 50 1 --15741, e m cujas obras so relatados os descobrimentos portugueses. De salientar tambm a carta do achamento do Brasi l , de Pro Vaz de Caminha, a Peregrinao, de Ferno Mendes Pinto ( 1 514- 1 5831 - relato de aventuras vividas pelo autor nas suas viagens pelo Extremo Oriente - e as trgicas narrativas de naufrgios reunidas em volume no sculo XVI I I , com o ttulo de Histria Trgico-Martima .

    37

  • Lus de Cames - ReproduCllo de uma miniatura a cores do sculo XVI, sobre metal

    38

  • Sculo XVI I A produo l iterria do sculo XVI I no teve grande relevncia e originalidade devido , por um lado , crise poltica interna l interregno da independncia portuguesa sob o governo da dinastia Fil ipina) que propiciou a influncia da cultura castelhana e, por outro, s limitaes e cortes impostos pela censura . No entanto, na poesia lrica h que mencionar Rodrigues Lobo 1 1 580- 1 621 ) , continuador da lrica camoniana, e na historiografia Frei Lus de Sousa 1 1 556-1632), com a obra Vida de Frei Bartolomeu dos Mrtires, considerada a biografia mais interessante deste sculo. Com a restauraco da independncia nacional, em 1640, a literatura ganhou mais vivacidade, se bem que a poesia continuasse sob a influncia do esprito barroco. A poesia desta poca foi compilada em duas antologias Fnix Renascida e Postilho de Apolo . Duas figuras se destacaram, porm, no panorama literrio seiscentista . D . Francisco M anuel de Melo 1 1 608-1 666) e o jesuta padre Antnio Vieira 1 1 608-1 697). O primeiro, cuja produo variadssima abrange a poesia, a histria , a crtica social e literria, a moral , a epistolografia e o teatro, foi autor de diversas obras de que se salienta a comdia de costumes Auto do Fidalgo Aprendiz, onde retomou a tradio vicentina ; o segundo foi um prosador notvel, tendo-se distinguido na oratria com os Sermes, pela facilidade de expresso, riqueza de imagens e diversidade de conceitos.

    Sculo XVI I I A confiana nas chamadas luzes da razo, ou seja, no Iluminismo, domina o panorama cultural do sculo XVI I I , em toda a Europa. A Cincia est no centro das preocupaes intelectuais. A estrutura da sociedade portuguesa de ento, bem como as exigncias impostas pela concorrncia internacional nos campos econmico, social e poltico foram os condicionalismos que originaram a necessidade de uma renovao no estilo de vida portugus. Destacadas personal idades do meio intelectual que se tinham refugiado no estrangeiro - os estrangeirados - , em consequncia da intolerncia poltico-religiosa, foram os arautos dos novos ideais europeus. De entre eles refere-se Lus Antnio Verney 1 1 7 1 3- 1 792) que criticou no Verdadeiro mtodo de Estudar as instituices pedaggicas impre-

    39

  • gnadas do esprito escolstico e defendeu o ensino baseado na experincia, tal como fez o mdico Ribeiro Sanches ( 1 699-1 783) na obra intitulada Cartas sobre a Educao da Mocidade. ainda de considerar o papel da I,eal Academia das Cincias, criada na sequncia da reforma Pombalina da U niversidade. No campo literrio propriamente dito, regressou-se harmonia e disciplina dos clssicos, como reaco contra o estilo empolado do barroco, surgindo uma nova orientao : o

    Representao de O Fidalgo Aprendiz. de D. Francisco Manuel de Melo

    neoclassicismo deve-se aos rcades, paladinos desta tendncia, o regresso pureza e simplicidade da l inguagem. De entre eles de mencionar os nomes de Antnio Dinis da Cruz e Silva ( 1 731- 1799), fundador da Arcdia Lusitana e do Padre Antnio Correia Garco ( 1 724-1 772), o seu membro de maior prestgio e influncia . Na Arcdia Ultramarina , formada no 8rasil destaca-se Toms Antnio Gonzaga ( 1 744-- 1 807), autor do poema Marlia de Dirceu. A par destes nomes, outros surgiram que desempenharam obra meritria no campo das letras : Nicolau Tolentino ( 1 740- 181 1 ) que satirizou a sociedade; Barbosa du Bocage

    40

  • Marquesa de AJorna Barbosa du Bocage

    1 1765- 1805) que apresenta duas facetas na sua valorosa produo : a do poeta romntico que canta a paixo e se debrua sobre os sentimentos mais ntimos e a do poeta satrico que ironiza os costumes da poca ; e a Marquesa de Alorna 1 1750-1839) em cuja poesia j aparecem certas caractersticas romnticas. No teatro evidencia-se Antnio Jos da Silva 1 1 705-1739), autor satrico de peas como a comdia Guerras do Alecrim e Mangerona.

    Sculo XIX ROMANTISMO No fim do sculo XVI I I surge, em toda a Europa, o movimento romntico. Em Portugal , foi despoletado pela guerra civil que ops liberais a absolutistas, obrigando grande nmero de liberais a emigrar para Frana e Inglaterra devido perseguio poltica. Foram estes i ntelectuais regressados Ptria que, imbudos das ideias culturais europeias, tentaram transformar Portugal n u m pas novo . Os dois escritores considerados como introdutores do romantismo so Almeida Garrett 1 1799-1854) e Alexandre Herculano 1 1 810- 1 877 ) . A Garrett, poeta, romancista, dramaturgo e renovador do teatro portugus, se devem os poemas descritivos, Cames

    41

  • Almeida Garren Alexandre Herculano

    e D. Branca, tidos como as primeiras produes romnticas. Autor de diversas obras teatrais, delas se salienta, pela densidade psicolgica e dinamismo da aco Frei Luk; de Sousa, drama que evoca a poca da ocupao espanhola. Tambm de destacar a narrativa Viagens na Minha Terra pela vivacidade do dilogo e beleza do esti lo. Alexandre Herculano, combatente liberal como Almeida Garrett, cultivou a poesia, a narrativa e o romance, mas distinguiu-se, sobretudo, no romance histrico, com obras como Eurico, O Presbtero, O Monge de Cisler, O Bobo, escritas numa prosa vigorosa. Ao escrever a Hislria de Porwgaf, situou-se como introdutor da historiografia cientifica . Contemporneo da primeira gerao romntica, foi Antnio Feliciano de Castilho 1 1 800- 1 875) , poeta que no atingindo o brilho de Garrett e de Herculano, ficou conhecido como tradutor e, neste campo, desempenhou papel importante no enriquecimento da lngua portuguesa. A primeira fase do romantismo foi essencialmente patriota , democrata, revolucionria, reformista e crtica , tendo em vista a transformao da sociedade e do mundo. O segundo romantismo, porm, torna-se burgus, conservador e abandona a inteno de luta social e poltica. Dos escritores da segunda gerao romntica impuseram-se Camilo Castelo Branco 1 1826-1890) e Jlio Dinis 1 1 839-

    42

  • .:::::e;;esen:acc ::e o Morgado oe Falo? em Lisooa, oe Camilo Castelo Branco

    - 1 8701. Poder-se- dizer que Camilo, pelo realismo do dilogo, se situa j na transio para o Realismo em obras de inteno sociolgica, mas, por outro lado, atinge o ultra-romantismo no tratamento de temas de carcter psicolgico e amoroso. Legou-nos uma obra imensa entre romances e novelas de que se destacam Amor de Perdio, traduzida em vrias lnguas, a novela satrica Queda de um Anjo e o romance ao gosto realista Eusbio Macrio . Jlio Dinis 1 1 839- 1 871 ) o criador do romance campestre. Das descries minuciosas, porm, sobretudo de interiores, como em Uma Famlia Inglesa, j visvel o futuro estilo realista . Alm desta obra, mantm ainda hoje grande popularidade As Pupilas do Senhor Reitor, A Morgadinha dos Canaviais e Os Fidalgos da Casa Mourisca. A poesia desta segunda fase, o Ultra-Romantismo, est imbuda de um sentimentalismo exagerado. Como exemplo se refere Soares dos Passos 1 1 826-18601. cujos poemas so repassados de um lirismo melanclico e doentio.

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  • REALISMO

    A gerao de 70 ou escola de Coimbra se deve a principal manifestao literria da segunda metade do sculo XIX. A querela entre o escritor Antnio Feliciano de Castilho e dois estudantes da Lusa Atenas, Tefilo Braga e Antero de Ouental, esteve na origem da conhecida Questo Coimbr ou do Bom Senso e do Bom Gosto em que o velho Castilho critica a atitude literria de alguns jovens escritores de Coimbra. Os dois estudantes contestaram , originando uma polmica que ficou clebre na histria da literatura portuguesa. A par desta manifestao, a nvel literrio, processa-se outra de carcter poltico e social. De facto, a segunda parte do sculo X IX foi marcada por acontecimentos importantes, tais como, o arranque da revoluo industrial, o progresso da tcnica, o crescimento da populao operria em difceis condies de trabalho e a agitao de certos movimentos nacionalistas. Todo este condicionalismo contribuiu para que a actividade da gerao de 70 se orientasse no sentido de uma reaco de carcter polmico contra as ideias romnticas. A frente do movimento encontra-se Antero de Ouental ( 1842- 1 89 1 ) imbudo de ideias social istas, cuja nobreza de carcter lhe granjeou grande credibilidade j u nto dos escritores contemporneos. Cedo, porm, desapareceu da cena literria . Nas Odes Modernas manifesta a sua faceta revolucionria. Os sonetos, de rara e expressiva beleza, reflectem a sua preocupao metafsica . Na sequncia das ideias de Antero de Ouental e como apoiantes do movimento realista , destacam-se : Ea de Queirs, Guerra Junqueiro e Oliveira Martins. O primeiro, Jos Maria Ee de Oueirs ( 1 845-1900) foi , pelo estilo inconfundvel, pela clareza e luminosidade da prosa e do poder de criar tipos, um dos maiores escritores da lngua portuguesa. Escreveu , entre outras obras, O Crime do Padre Amaro (stira vida clerical I , Os Maias ( retrato da vida ftil da alta burguesia brasonada lisboeta l , A ilustre Casa de Ramires (stira fidalguia provinciana I , A Cidade e as Serras (hino de louvor naturezal . Oliveira Martins ( 1 845-1 8941 foi, acima de tudo, historiador. Escreveu Histria da Civilizao Ibrica, Portugal Contemporneo e Os filhos de D. Joo I. Guerra Junqueiro ( 1 850- 1 9231, na linha da poesia contestatria, o autor do poema A Velhice do Padre Eterno, tendo-

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  • -se salientado pela violncia da sua stira contra a monarquia e o clero. No entanto, mais tarde, os seus poemas so de grande harmonia potica como em Os Simples . Na transio do sculo X IX para o sculo XX, outros nomes se afirmam. A actividade poltico-literria teve representantes notveis como Fialho de Almeida 1 1 857-1912 1 , autor de Os Garas ; o ensasta Sampaio Bruno 1 1 857- 1 9 1 51 , cujas ideias filosficas influenciaram grande parte da actividade literria do incio do sculo XX ; e Ramalho Ortigo 1 1836-- 19151 , grande cultor da prosa, que escreveu As Farpas, em colaborao com Ea de Queirs, e a Holanda, entre outras obras. No campo da poesia, muitos so os poetas : Joo de Deus 1 1 830- 1 8961, poeta e pedagogo, cujas poesias so repassadas de simplicidade e ternura ; Gonalves Crespo 1 1846--18831, poeta parnasiano ; o naturalista Cesrio Verde 1 1855-18861, poeta da sensibilidade visual, da cor, do concreto e da modernidade ; Antnio Feij 1 1 862-1917 1 , requintado e subtil ; Eugnio de Castro 1 1 869-19441, o introdutor do simbolismo em Portugal ; Gomes leal 1 1 848- 1 921 1 , de rara inspirao lrica e de eloquncia por vezes excessiva ; Camilo Pessanha 1 1 871- 19261, simbolista que viria a influenciar a gerao do movimento literrio Orpheu, e Antnio Nobre 1 1 867-19031, poeta decadentista do tdio e da tragdia do povo. Na dcada de 90 e j entrando largamente pelo sculo XX, a literatura tomou um rumo diferente. Destitui-se do carcter combativo dos anos 70, seguindo o caminho proposto pelos tradicionalistas e pelos neogarrettisras que retomavam a l inha nacional ista de Garrett. Tal atitude no significava um desejo de regresso Idade Mdia, mas o amor por tudo o que verdadeiramente portugus. Nesta l inha se inserem Afonso lopes Vieira 1 1 878-1 9461 , Mrio Beiro 1 1 892-1 9621 , Antnio Correia de Oliveira 1 1879-1960) e Antnio Sardinha 1 1 888- 1 9251, poeta que loi simultaneamente dirigente do movimento I ntegralista lusitano. A parte se situa Teixeira de Pascoais 1 1 877- 1 9521 , poeta idealista e metafsico que, em obras como Regresso ao Paraso e a Elegia do Amor consubstancia o movimento Saudosismo . tambm na transio para o sculo XX que Raul Brando 11867-1 9301 se inicia como grande prosador. Num estilo descritivo e de rara beleza escreveu Os Pescadores e Ponugal Pequenino. Entre as obras teatrais distinguem-se O Gebo e a Sombra e, em colaboraco com Teixeira de Pascoais, O Doido e a Mane.

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  • Ea de Queirs com seus filhos

    Grupo de Os Vencidos da Vida, no Qual participavam, entre outrOS, Oliveira Martins. Ramalho Onigo. Ea

    de Queirs e Guerra Junqueiro

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  • '.

    Antnio Nobre Teixeira de Pascoais

    o teatro e o romance h istrico tiveram no final do sculo, mas prolongando a sua actividade para o sculo XX, alguns escritores que conquistaram a adeso do pbl ico : D . Joo da Cmara 1 1 852-19071 , autor do drama Alccer Quibir, Jlio Dantas que, entre outras obras, escreveu as peas A Ceia dos Cardeais e O Reposteiro Verde e ainda Jaime Corteso que, em verso, criou o drama Egas Moniz . Em 1900 d-se o desaparecimento do maior romancista, Ea de Queirs. Entretanto, despontava j para as letras u'ma grande figura, Fernando Pessoa 1 1 888-19351, considerado o maior poeta portugus depois de Cames.

    Sculo XX A actividade criadora do incio deste sculo continuou , em muitos aspectos, as coordenadas do fim do sculo XIX . Entretanto, uma nova conscincia dos valores literrios ia ganhando vulto. Foi no Porto, com o grupo da Renascena Porruguesa, que surgiu a primeira tentativa de renovao literria. Deve-se a Teixeira de Pascoais e a Leonardo Coimbra 1 1 883- 1 9361, entre outros, a criao da revista guia , que conseguiu reunir muitos escritores responsveis pelo renascimento literrio de ento.

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  • Alguns deles participaram depois em movimentos diferenciados, como o caso de Antnio Srgio ( 1 883-1 963), o mais importante pensador do seu tempo, Jaime Corteso ( 1 884-19501 pensador, ensasta e historiador. A estes dois vultos se deve muito especialmente o papel que a revista Seara Nova ( 1 924) desempenhou como rgo de oposio ao Estado Novo.

    MODERNISMO Movimento esttico em que a literatura surge associada s artes, caracteriza-se pela a lterao formal de vrios gneros literrios e artsticos e tem nos movimentos Orpheu e Presena a sua melhor expresso .

    ORPHEU

    Recebendo o nome da revista fundada em Lisboa por um grupo de escritores e artistas de vanguarda, distinguiu-se como movimento de caractersticas pOlmicas e reformadoras. Almada Negreiros ( 1 883-19701 - mais conhecido pela sua vastssima e importante obra no campo da pintura - foi tambm poeta e escreveu um dos romances mais significativos da nossa ficco Judirh ou Nome de Guerra, alm de Inveno do Dia Claro . Fernando Pessoa ( 1 888-1935 ) , um dos maiores poetas portugueses, mundialmente conhecido e admirado. Os heternimos de que se serviu (Alberto Caeiro, Ricardo Reis, lvaro de Campos e Bernardo Soares), projeces de si prprio, a que deu biografias, caractersticas e estilos diferenciados, conferem sua obra grande originalidade. A produo potica vai da poesia lrica subjectiva aos poemas breves e concentrados, como a Mensagem, at Poesia de Alvaro Campos, Poemas de Albeno Caeiro e Odes de Ricardo Reis. Mrio de S Carneiro ( 1 890- 1 916) que, com Fernando Pessoa publicou o primeiro nmero do Orpheu ( 1 915) , foi poeta de grande originalidade de motivos e imagens nos seus livros Disperso e Poesias.

    PRESENA

    A revista Presena surgiu em Coimbra, em 1 927, e marcou uma nova era para as letras em Portuga l . Foram seus principais fundadores Jos Rgio, Gaspar Simes, Branquinho da Fonseca, tendo mais tarde participado na sua direcco

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  • Fer:1"ldo PeSSO. C;:.JCO ce Almada Nereiros

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  • Adolfo Casais Monteiro e Miguel Torga. Os defensores deste segundo modernismo esto empenhados em criar uma literatura viva e original, valorizando, acima de tudo, o individual, o psicolgico e a intuio. Pode considerar-se o artigo Literatura livresca e l iteratura viva, de Jos Rgio, publicado em 1 928, como manifesto deste movimento. Cultivando vrios gneros literrios, Jos Rgio salienta-se na poesia com colectneas como Poemas de Deus e do Diabo e Encruzilhadas de Deus tendo-se destacado tambm no drama com Benifde ou a Virgem Me e Jacob e o Anjo e na fico com Histria de Mulheres e A Velha Casa. Branquinho da Fonseca 1 1905-19741 o mais romancista de todos os presencistas, em cuja obra se reflecte o esteticismo e a arte pura, propugnados pelo movimento. Mar Santo lromancel e a sua obra-prirna O Baro Inovela l , representam o que de mais interessante produziu. Gaspar Simes 1 1 903-1 9871 foi o continuador dos princpios que a Presena defendeu e o mais importante e influente crtico e investigador literrio sado daquele movimento. Para alm de uma obra ensastica que abrange muitas dcadas, legou-nos ainda os romances Eli e Amigos Sinceros. Adolfo Casais Monteiro 1 1 908-1 9721 embora tenha pertencido Presena, continuou a ser uma voz inconformista, de grande sensibilidade lrica Poemas do Tempo Incerto e Voo Sem Pssaro Dentro. As revistas do movimento modernista tiveram a virtude de dar a conhecer uma grande pliade de poetas, de entre os quais se destacam Afonso Duarte 1 1 884- 1 9581 que acompanha todos os movimentos poticos da primeira metade do sculo e escreveu , entre outras obras, Ritual do Amor e Sibifa ; Antnio Boto 1 1897-1 9591 que imprimiu sua poesia um cunho muito especial, tendo publicado vrios livros de que se citam Curiosidades Estticas e o dio e o Amor.

    PERSONALIDADES AUTNOMAS Escritores houve que embora por cronologia biogrfica, se tenham aproximado da gerao presencista, mantiveram, no entanto, uma rota literria independente : Aquilino Ribeiro 1 1883-19631, cuja actividade criadora ultrapassou a dcada de 50 e to bem retratou o meio social beiro, rstico e urbano, em obras como Terras do Demo, O Malhadinhas e A Casa Grande de Romariges ; Ferreira de Castro 1 1 893--19741 , considerado por muitos corno o precursor indiscutvel da escola neo-real ista , cujo romance Emigrantes assi-

    so

  • Florbela Espanca

    nala O incio de uma nova fase do realismo social, e se torna mundialmente conhecido com o romance A Selva ; Joo de Arajo Correia 1 1 899- 1 9851 , um dos melhores contistas portugueses que escreveu , entre outros, Contos Durienses ; Vitorino Nemsio 1 1 901 - 1 9781 , um dos vultos mais proeminentes da cultura portuguesa, com uma actividade literria que abrange vrios volumes de poesia como Eu Comovido a Oeste, o ensaio, a crnica e o romance, de que Mau Tempo no Canal o exemplo mais clebre ; J