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Portugues_Sinais e pontuaçãoes

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Page 1: Portugues_Sinais e pontuaçãoes

USO DA VÍRGULAI — VÍRGULA ENTRE OS TERMOS DA ORAÇÃONÃO SE USA A VÍRGULA• Entre termos imediatos

USA-SE A VÍRGULA• Para marcar intercalação

• Para marcar inversões

• Para separar termos coordenados (em enumeração)

• Para marcar elipse do verbo

• Para isolar o vocativo

II — VÍRGULA ENTRE AS ORAÇÕES DO PERÍODO1. SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

Não se separam da oração principal por meio de vírgula.Faz exceção a substantiva apositiva, que se separa por dois-pontosou por vírgula.

Exemplo:

Não se imaginava que a propaganda seria tão agressiva.

oração principal oração subordinada substantiva

2. SUBORDINADAS ADJETIVAS— A adjetiva restritiva não se separa da principal por meio de

vírgula.

Exemplo:

São raros os programas de TV que trazem algum proveito.

oração principal oração subordinadaadjetiva restritiva

— A adjetiva explicativa vem sempre isolada por vírgulas.

Exemplo:

O juiz, que era íntegro, não se vendeu.oração subordinadaadjetiva explicativa

oração principal

3. SUBORDINADAS ADVERBIAISSempre é correto o uso da vírgula entre as subordinadas ad-

verbiais e a oração principal.

Exemplo:

Embora a situação fosse adversa, conseguimos bomresultado.

oração subordinada adverbial oração principal

OBSERVAÇÃOPara as subordinadas reduzidas, valem as mesmas normas

das demais orações subordinadas.

Exemplo: Não demores tanto, meu filho.

Exemplo: Nós trabalhamos com fatos e vocês, com hi-póteses.

Exemplo: O livro estava sujo, rasgado, imprestável.

1. do adjunto adverbial (no início da oração)Exemplo: Por cautela, deixamos um depósito.

2. do complemento pleonástico antecipado ao verboExemplo: Casos mais importantes, já os apresentei.

3. do nome de lugar antecipado às datasExemplo: São Carlos, 10 de janeiro de 1961.

1. do adjunto adverbialExemplo: Ele, com razão, sustenta opinião contrária.

2. da conjunçãoExemplo: Não há, portanto, nenhum risco no negócio.

3. das expressões explicativas ou corretivasExemplo: Todos se omitiram, isto é, colaboraram com osadversários.

4. do apostoExemplo: O tempo, nosso inimigo, foge rápido.

1. entre sujeito e predicadoExemplo: Todos os componentes da mesa recusaram aproposta.

2. entre o verbo e seus complementosExemplo: O trabalho custou sacrifício aos realizadores.

3. entre o nome e o complemento nominal e o adjuntoadnominal.Exemplo: A intrigante resposta do mestre ao alunodespertou reações.

Aulas 39 a 41SINAIS DE PONTUAÇÃO

setor 1501

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15010508

Page 2: Portugues_Sinais e pontuaçãoes

4. ORAÇÕES COORDENADAS• As assindéticas separam-se por vírgula entre si.

Exemplo:

Pegou o recado, leu-o, disparou para a rua.oração coordenada coordenada coordenada

assindética assindética assindética

• Quanto às coordenadas sindéticas, exceto as aditivas com e,é sempre correto o emprego de vírgula.Exemplo:

Penso, logo existo.oração coordenada oração coordenada sindética

assindética conclusiva

OBSERVAÇÃOAs coordenadas sindéticas introduzidas pela conjunção e

podem separar-se por vírgula nos seguintes casos:a) Se os sujeitos forem diferentes.

Exemplo:

Os responsáveis eram eles, e nós tivemos de assumir.coordenada assindética coordenada sindética aditivasujeito = os responsáveis sujeito = nós

b) Se o e vier repetido várias vezes a título de ênfase (polissíndeto).Exemplo:E falou, e pediu, e insistiu.

USO DO PONTO-E-VÍRGULAO uso do ponto-e-vírgula pode ser resumido em três itens

básicos:1. Não se usa ponto-e-vírgula separando elementos de um

período simples.2. Não se usa ponto-e-vírgula para separar oração subordi-

nada da sua principal.3. Usa-se o ponto-e-vírgula para separar orações coordena-

das, quando algum motivo especial sugerir uma pausa maismarcante que a da vírgula.

Levando-se em conta esses dados, costuma-se usar o pon-to-e-vírgula:

I — entre coordenadas marcadas por vírgulas internas.Exemplo: Vocês, sem exceção, basearam-se em hipóte-ses; eu, porém, apoiei-me em fatos.

II — entre coordenadas de sentidos opostos, quando sequer enfatizar a oposição.Exemplo: Os ricos dão pelo pão a fazenda; os pobresdão pelo pão o trabalho.

III — entre segmentos coordenados de longa extensão.Exemplo: Os dois primeiros anos do seu rumorosogoverno foram pautados pela exibição de suas fa-çanhas atléticas e políticas; o terceiro (e último) foiconsumido por denúncias e patifarias.

USO DOS DOIS-PONTOSA função básica dos dois-pontos pode ser assim descrita: tu-

do o que vem à direita dos dois-pontos serve para expandir, ex-

plicar ou esclarecer algo que está à esquerda. Dentro desseprincípio básico, usam-se os dois-pontos:

I — para introduzir citações.Exemplo: O coronel respondeu logo: “Não façoquestão de homenagens.”

II — para discriminar os componentes de uma idéia global.Exemplo: Com a crise ele perdeu tudo: terras, pré-dios, investimentos em papéis, ouro, etc.

III — para esclarecer uma noção vaga e imprecisa.Exemplo: Novidade: a inflação regrediu neste mês.

USO DAS ASPASFunção básica das aspas: indicar que tudo o que está inscrito

entre elas é alheio ou estranho ao enunciador do texto. Usam-separa:

I — marcar citações textuais.Exemplo:Todos conhecem o provérbio popular: “Mais vale umpássaro na mão do que dois voando.”

II — indicar palavras ou expressões estranhas ao padrão delinguagem adotado no conjunto do texto: gírias, arcaís-mos, estrangeirismos, formas populares.Exemplo:A meninada no pátio do colégio não “tava nem aí” paraa bronca do inspetor de alunos.

III — indicar palavras tomadas em segundo sentido, taiscomo uma ironia, uma expressão maliciosa.Exemplo:O juiz puniu com cartão vermelho a troca de “gentile-zas” entre os dois jogadores.

ExercíciosQuestões 1 e 2

Em cada uma das questões que seguem, são dadas três fra-ses. A primeira, por estar na ordem direta, não apresentavírgula. Nas outras duas, em que a ordem está invertida, ca-be a você usar as vírgulas convenientes.

1. a) As coisas são diferentes aqui do mirante da Presidência.(Itamar Franco. Veja, 24.01.94)

b) Aqui do mirante da Presidência as coisas são diferentes.Aqui do mirante da Presidência, as coisas são di-

ferentes.

c) As coisas aqui do mirante da Presidência são diferentes.As coisas, aqui do mirante da Presidência, são di-

ferentes.

2. a) Uma parte da minha carreira chega também ao fim com amorte de Senna.

(Alain Prost, adaptada. Veja, 24.01.94)

b) Com a morte de Senna uma parte da minha carreira che-ga também ao fim.

Com a morte de Senna, uma parte da minha carreira

chega também ao fim.

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Page 3: Portugues_Sinais e pontuaçãoes

c) Uma parte da minha carreira com a morte de Sennachega também ao fim.

Uma parte da minha carreira, com a morte de Senna,

chega também ao fim.

Questões 3 e 4

Alterar a pontuação de uma frase não a torna necessariamenteerrada. Uma mesma frase pode ter, potencialmente, dois oumais significados, a serem definidos por meio de pontuaçãoadequada. Nas questões que seguem, em (I) é dada umapontuação, indicadora de um sentido; em (II), caberá a vocêrevelar um outro sentido, usando a pontuação adequada.Modelo

(I) Pedro, o gerente do banco ligou e deixou um recado.(II) Pedro, o gerente do banco, ligou e deixou um recado.

3. I. A Terra não é, evidentemente, curva.II. A Terra não é evidentemente curva.

4. I. Foi você que inventou toda aquela história, mentirosa.II. Foi você que inventou toda aquela história men-

tirosa.

5. (FUVEST) Os meninos de rua que procuram trabalho sãorepelidos pela população.a) Reescreva a frase, alterando-lhe o sentido apenas com o

emprego de vírgulas.Os meninos de rua, que procuram trabalho, são re-

pelidos pela população.

b) Explique a alteração de sentido ocorrida.• A ausência de vírgulas no enunciado inicial serve para

instaurar o pressuposto de que nem todos os

meninos de rua procuram trabalho. A parcela que

procura é repelida pela população. A oração que pro-curam trabalho classifica-se como subordinada

adjetiva restritiva.

• A presença de vírgulas em a estabelece o pressu-

posto de que todos os meninos de rua procuram

trabalho. Todos eles são, pois, repelidos pela popu-

lação. A oração entre vírgulas classifica-se como

subordinada adjetiva explicativa.

6. (FUVEST) Em que lugar deve ser colocada a vírgula?

As baleias (a) estão sumindo (b) mas (c) o governo (d) de-cidiu (e) preservá-las.b

7. Nesta questão ocorrem espaços vazios, de onde foram retira-dos certos sinais de pontuação, que vêm indicados entre pa-rênteses. Procure repô-los no seu devido lugar.Quando se trata de trabalho científico duas coisasdevem ser consideradas uma é a contribuição teóricaque ele traz a outra é o valor prático que possater. (ponto-e-vírgula, dois-pontos, vírgula).Quando se trata de trabalho científico, duas coisas

devem ser consideradas: uma é a contribuição teórica

que ele traz; a outra é o valor prático que possa ter.

8. (FUVEST) Os sinais de pontuação foram bem utilizados em:a) Nesse instante, muito pálido, macérrimo, Prudente de

Morais entrou no Catete, sentou-se e, seco, declarou aosilêncio atônito dos que o contemplavam: “Voltei.”

b) “Mãe onde estão os nossos: os parentes, os amigos e osvizinhos?” Mãe, não respondia.

c) Os estados, que ainda devem ao governo, não poderãoobter financiamentos, mas os estados que já resgataramsuas dívidas ainda terão créditos.

d) Ao permitir a apreensão, de jornais e revistas, o projeto,retira do leitor o direito a ser informado pelo veículo queele escolheu.

e) Assim, passa-se a permitir, condenações absurdas, des-proporcionais aos danos causados.

9. Às vezes um defeito de pontuação induz o leitor a uma inter-pretação completamente contrária à intenção de quem redi-giu o texto.O trecho a seguir foi extraído de um jornal da cidade deCampinas e contém um depoimento do ex-prefeito JacóBittar sobre fatos ligados à sua carreira política:Todos os cargos que ocupei na minha vida foram conse-qüência do meu trabalho nunca objetivo.

(Campinas D’Fato)

A propósito da expressão “nunca objetivo”, considerando-sea posição em que se encontra e a ausência de pontuação,pode-se dizer que ela dá à frase um sentido indesejado.a) Qual é esse sentido?O de que o trabalho de Jacó Bittar nunca foi obje-

tivo, ou seja, sempre foi dispersivo, sem rumo —

o que desfavoreceria a imagem pública do ex-

-prefeito.

b) Como se poderia evitá-lo por meio da pontuação?Usando vírgula (ou ponto-e-vírgula) depois de

trabalho: “Todos os cargos que ocupei na minha vida

foram conseqüência do meu trabalho, nunca obje-

tivo.”

Note-se que outra saída seria deslocar a expressão:

… foram conseqüência, nunca objetivo do meu

trabalho.

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Page 4: Portugues_Sinais e pontuaçãoes

10. Logo no início do romance Quincas Borba, o narrador relataa condição ambígua de Rubião, ex-professor que, ao rece-ber uma herança, torna-se capitalista.Na passagem que segue, o narrador reproduz em discursodireto a satisfação de Rubião pela sorte de ter herdado afortuna de Quincas Borba:— Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensaele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenasme daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morre-ram, e aqui está tudo comigo; de modo que o que pareciauma desgraça…Logo a seguir, o narrador comenta:Que abismo que há entre o espírito e o coração! O espírito doex-professor, vexado daquele pensamento, arrepiou cami-nho, buscou outro assunto, uma canoa que ia passando; o co-ração, porém, deixou-se estar a bater de alegria.

(Machado de Assis, Quincas Borba)

As reticências, no final no discurso direto, indicam ruptura da continuidade do pensamento de Rubião.a) Levando em conta dados do contexto, essa ruptura foi

provocada por um ato de censura.Quem é o censor? Quem é o censurado?

O censor é o espírito do ex-professor. O censurado é o

coração, isto é, o lado emocional de Rubião.

b) Qual seria a continuidade do discurso, caso não houvesseo corte da censura?

… acabou sendo uma grande fortuna ou … de fato

se transformou em grande ventura.

c) Se, em vez de usar as reticências, o narrador completasseo discurso de Rubião, produziria o mesmo efeito desentido?

Evidentemente não. O uso das reticências serve pa-

ra indicar o constrangimento de Rubião ao perceber

que estava se deliciando com um sentimento torpe.

A contemplação dos sentimentos de Rubião apaga-

ria a impressão de censura.

11. (UFGO/2001-2ª- fase) Os Estados Unidos, há muito, desejamcontrolar a Amazônia. Não foi por outra razão que “ambien-talistas” americanos iniciaram um movimento para declarar aAmazônia área de interesse mundial (essa questão foi a pautaoficial da Eco-92, realizada no Rio, em julho de 1992).De acordo com as possibilidades de emprego das aspas, expli-que o porquê de o autor tê-las usado em “ambientalistas”.O uso da palavra ambientalistas entre aspas tem

evidente intenção satírica, ou seja, tomar a palavra

num segundo sentido para denunciar que, por trás

dessa designação, existem intenções que vão além

de defender o meio ambiente.

• Leia os itens 1 a 12, cap. 10.• Resolva os exercícios 1 a 4, série 10.

• Releia os itens 4 a 12, cap. 10.• Resolva os exercícios 6 a 9, série 10.

• Leia os itens 13 a 18, cap. 10.• Resolva os exercícios 5, 10, 13, 14 e 15, série 10.

• Resolva os exercícios 11, 12, 16, 17, 18 e 21, série 10.

AULA 41

Tarefa Complementar

AULA 41

AULA 40

AULA 39

Tarefa Mínima

� Livro 1 — Gramática

Caderno de Exercícios — Unidade I

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

ALFA-5 85015058 124 ANGLO VESTIBULARES

Page 5: Portugues_Sinais e pontuaçãoes

Faz parte da experiência de qualquer falante nativo a noçãode que sua língua não é falada de maneira uniforme por todos osmembros da comunidade. Não é necessário um senso de observa-ção muito apurado para se perceber que, no Brasil, por exemplo,fala-se um português repleto de diferenças:— há quem diga os menino folgado (com o s de plural mar-

cando apenas o artigo);— há quem prefira dizer os meninos folgados (com os s de

plural marcando o artigo, o substantivo e o adjetivo);— há regiões em que se pronuncia feliz com o e aberto (é) e o

z com som de ch (é o caso dos baianos); já o carioca pro-nuncia o mesmo e como i e o z como ch; em São Paulopronuncia-se feliz com o e fechado e o z com som de s;

— a palavra você pode ser pronunciada com todas as suas letrasou como ocê e até mesmo cê.

O falante nativo é capaz de citar vários outros exemplos si-milares e identificar, por trás da maneira própria de falar, gruposde pessoas específicos. Em síntese, ele tem noção das diferentesvariações que afetam a sua língua.

VARIANTES LINGÜÍSTICAS

Os estudiosos das variações que se dão no interior de um idio-ma costumam dar o nome de variantes lingüísticas a essas di-versas maneiras de falar a mesma língua. Definindo com maispropriedade, o sociolingüista Fernando Tarallo conceitua varian-tes lingüísticas como “diversas maneiras de se dizer a mesmacoisa em um mesmo contexto, e com o mesmo valor de verdade.”

Mas fiquemos com uma conceituação mais simples: varianteslingüísticas são formas distintas de falar a mesma língua.

TIPOS DE VARIANTES

1. Variantes históricas: a língua se altera de época para época,constituindo o que se chama de variantes históricas.

2. Variantes geográficas: de lugar para lugar também há dife-renças significativas dentro de uma língua. A fala da zona ru-ral, por exemplo, é muito diferente da fala urbana.

3. Variantes sociais: entre uma classe social e outra há diferentesmodos de falar. Um magistrado não fala como um operário.Entre as variantes sociais, costumam-se distinguir duas gran-des divisões:a) variante culta (das pessoas de maior prestígio social);b) variante popular (dos segmentos sociais de menor pres-

tígio).4. Variantes de situação: um mesmo indivíduo varia o próprio

modo de falar, de acordo com as circunstâncias em que se si-tua o ato de comunicação.

Entre as variantes de situação (ou variantes de estilo), dis-tinguem-se duas:a) estilo informal (espontâneo, descomprometido, com baixo

grau de preocupação com a linguagem);b) estilo formal (calculado, vigiado, com alto grau de reflexão).

ExercíciosEm termos de variantes lingüísticas, os vestibulares em geraltêm elaborado questões visando às seguintes competênciasdo candidato:• identificar no texto e descrever marcas de uma dada va-

riante;• identificar o segmento social com que se relaciona certa

variante;• interpretar a funcionalidade do uso de certa variante pa-

ra a construção do texto;• reescrever variantes, traduzindo-as para a língua culta;• avaliar se a escolha de determinada variante está adequada

à circunstância de comunicação em que foi empregada.É o que se propõe com as questões a seguir.

1. (UNICAMP-2ª- fase) Você habitualmente usa e reconhece váriosníveis de linguagem, associados a diferentes falantes, estilos oucontextos. Você sabe também que às vezes o falante utiliza umestilo que não é o seu, para produzir efeitos específicos, que éo que faz o maestro Júlio Medaglia na carta abaixo:

MASSA!“Pô Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza vi-

rou nome num pedaço aqui na Sampa, quem sabe tu te ani-ma e acha aí um point prá botá um nome de Magdalena Ta-gliaferro, Cláudio Santoro, Jacques Klein, Edoardo de Guar-nieri, Guiomar Novaes, João de Souza Lima, Armando Belar-di e Radamés Gnattali. Esses caras não foi cruner de banda ala ‘Trogloditas do Sucesso’, mas se a tua moçada não manjarquem eles foi dá um look aí na Enciclopédia Britânica ou noGroves Internacional e tu vai sacá que o astral do século 20musical deve muito a eles.”Júlio Medaglia, di-jei do Teatro Municipal do Rio de Janeiro(São Paulo, SP)

(“Painel do Leitor”, Folha de S. Paulo, 4. 10. 90)

a) Que grupo social pode ser identificado por este estilo?Transcreva as marcas lingüísticas características dessegrupo, presentes no texto.

b) Em que campo da cultura deram contribuição importanteos nomes mencionados na carta e que passagem(ns) dotexto permite(m) afirmar isso?

c) O texto contém uma crítica implícita. Qual é, e a quemé dirigida?

a) Esse estilo identifica o grupo social de jovens ur-

banos, ouvintes de rádio, usuários de um verda-

deiro coquetel lingüistíco, em que se mistu-

ram gírias (“pô, “massa”, “maneiro”), solecismos

(“Esses caras não foi”, “eles foi”) e estrangeirismos

(“point”, “look”).

ALFA-5 85015058 125 ANGLO VESTIBULARES

Aulas 42 e 43VARIAÇÕES LINGÜÍSTICAS

Page 6: Portugues_Sinais e pontuaçãoes

b) Os nomes mencionados na carta deram contri-

buições no campo da música erudita, o que pode

ser atestado pelas passagens “Esses caras não

foi cruner de banda…” e “…e tu vai sacá que o

astral do século 20 musical deve muito a eles.”

c) Trata-se de uma crítica ao caráter demagógico e po-

pulista de algumas autoridades que, muitas vezes,

ao homenagearem representantes de um segmento

da cultura popular, tornam mais patente o des-

caso com que nomes ilustres de outros segmentos

da cultura são tratados. A crítica é dirigida à

então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina.

2. (FUVEST/2003-2ª- fase-adaptada)

A tua saudade cortacomo aço de navaia…O coração fica aflitoBate uma, a outra faia…E os óio se enche d’águaQue até a vista se atrapaia, ai, ai…

(Fragmento de “Cuitelinho”, canção folclórica)

Se a forma do verbo atrapalhar estivesse flexionada deacordo com a norma-padrão, haveria prejuízo para o efeitode sonoridade explorado no final do último verso? Por quê?Se o verbo “atrapalhar” estivesse flexionado de

acordo com a norma-padrão, a sonoridade da

quadra heptassilábica estaria comprometida, pois

estaria desfeita a rima com a palavra “faia”. Além

disso, vale dizer que, com a modificação, o efeito de

sentido seria prejudicado, porque a troca implicaria

uma incoerência lingüística, uma vez que o res-

tante do texto apresenta traços da variante fa-

lada popular e informal da língua caipira.

Texto para a questão 3

Saudosa Maloca

Se o sinhô não tá lembrado,Dá licença de contáQue aqui onde agora estáEsse adifício arto

05 Era uma casa véia,Um palacete assobradado.

Foi aqui, “seu” moço,Que eu, “Mato Grosso” e o JocaConstruímos nossa maloca

10 Mais, um dia, — Nóis nem pode se alembrá —,Veio os homens c’as ferramentasO dono mandô derrubá.

Peguemos todas nossas coisas15 E fumos pro meio da rua

Preciá a demoliçãoQue tristeza que nóis sentiaCada tauba que caíaDuía no coração

20 Mato Grosso quis gritáMais em cima eu falei:Os homens tá c’a razão,Nóis arranja otro lugá.Só se conformemos quando o Joca falô:

25 “Deus dá o frio conforme o cobertô”.E hoje nóis pega paia nas gramas do jardimE p’ra esquecê nóis cantemos assim:

Saudosa maloca, maloca querida, dim, dim,Donde nóis passemos dias feliz de nossa vida.

(BARBOSA, Adoniran. In: Demônios da Garoa — Trem das 11.CD 903179209-2, Continental. Warner Music Brasil, 1995.)

3. (UNESP/2001) A letra de Saudosa Maloca pode ser con-siderada como realização de uma “linguagem artística” dopoeta, estabelecida com base na sobreposição de elemen-tos do uso popular ao uso culto. Uma destas sobreposi-ções é o emprego do pronome oblíquo de terceira pessoa“se” em lugar de “nos”, diferentemente do que prescrevea norma culta (o poeta emprega se conformemos em vez denos conformamos; se alembrá em vez de nos lembrar).Considerando este comentário, a) descreva e exemplifique o que ocorre, na linguagem

artística do compositor, com o –r final e com o –lh–medial das palavras, em relação ao uso oral culto;

b) estabeleça as diferenças que apresentam, em relação aouso culto, as seguintes formas verbais da primeira pessoado plural do presente do indicativo empregadas pelocompositor: “pode” (verso 11), “arranja” (verso 23) e“pega” (verso 26).

a) Confrontada com o uso oral culto, percebe-se na

linguagem do compositor:

• quanto ao -r final: sua sistemática supressão,

independentemente da classe gramatical da pa-

lavra e da vogal que precede o r. Exemplos:

“contá” por contar (verso 2)

“derrubá” por derrubar (verso 13)

“sinhô” por senhor (verso 1)

“cobertô” por cobertor (verso 25)

“esquecê” por esquecer (verso 27)

ALFA-5 85015058 126 ANGLO VESTIBULARES

Page 7: Portugues_Sinais e pontuaçãoes

• quanto ao -lh- medial das palavras: sua sistemá-

tica substituição pela semivogal i, que passa a for-

mar ditongo com a vogal anterior. No texto temos:

“véia” por velha (verso 5)

“paia” por palha (verso 26)

b) Em relação ao uso culto, as três formas de pri-

meira pessoa do plural do presente do indicativo

mencionadas se caracterizam pela sistemática

supressão da desinência número-pessoal -mos.

Nos três casos, o resultado é que a forma do pre-

sente do indicativo acaba coincidindo com a ter-

ceira pessoa do singular. Isso explica por que as

três vêm precedidas do pronome pessoal (“nóis” =

nós), próprio da primeira pessoa do plural. O que

temos é, pois:

“nóis nem pode” por “nós nem podemos”;

“nóis arranja” por “nós arranjamos”;

“nóis pega” por “nós pegamos”.

(ENEM) Texto para as questões 4 a 6

Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o pa-drão formal da Língua Portuguesa, saber adequar o uso dalinguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar estefato, seu professor de Língua Portuguesa convida-o a ler otexto “Aí, galera”, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, oautor brinca com situações de discurso oral que fogem à ex-pectativa do ouvinte.

Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação.Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo“estereotipação”? E, no entanto, por que não?

— Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.— Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais es-

portistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.— Como é?— Aí, galera.— Quais são as instruções do técnico?— Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de con-

tenção coordenada, com energia otimizada, na zona de prepara-ção, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, con-catenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios eextrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentâ-nea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada dofluxo da ação.

— Ahn?— É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem

calça.— Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?— Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo

banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual souligado por razões, inclusive, genéticas?

— Pode.— Uma saudação para a minha progenitora.— Como é?— Alô, mamãe!— Estou vendo que você é um, um…— Um jogador que confunde o entrevistador, pois não cor-

responde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primi-tivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereo-tipação?

— Estereoquê?— Um chato?— Isso.

(Luís Fernando Veríssimo. Correio Braziliense, 13 de maio, 1998.)

4. A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser substituí-da, sem comprometimento de sentido, em língua culta, for-mal, por:a) pegá-los na mentira.b) pegá-los desprevenidos.c) pegá-los em flagrante.d) pegá-los rapidamente.e) pegá-los momentaneamente.

5. O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à ex-pectativa do público. São elas:a) A saudação do jogador aos fãs do clube, no início da en-

trevista, e a saudação final dirigida a sua mãe.b) A linguagem muito formal do jogador, inadequada à situa-

ção da entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltu-ra, de modo muito rebuscado.

c) O uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador,e da expressão “progenitora”, por parte do jogador.

d) O desconhecimento, por parte do entrevistador, da pala-vra “estereotipação” e a fala do jogador em “é pra divi-dir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”.

e) O fato de os jogadores de futebol serem vítimas de este-reotipação e o jogador entrevistado não corresponder aoestereótipo.

6. O texto mostra uma situação em que a linguagem usada éinadequada ao contexto. Considerando as diferenças entrelíngua oral e língua escrita, assinale a opção que representatambém uma inadequação da linguagem usada ao contexto:a) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direi-

to.” — um pedestre que assistiu ao acidente comentacom o outro que vai passando.

b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” — um jovemque fala para um amigo.

c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer umaobservação.” — alguém comenta em uma reunião detrabalho.

d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-meao cargo de Secretária Executiva desta conceituadaempresa.” — alguém que escreve uma carta candida-tando-se a um emprego.

e) “Porquê, se a gente não resolve as coisas como têmque ser, a gente corre o risco de termos, num futuropróximo, muito pouca comida nos lares brasileiros.”— um professor universitário em um congresso interna-cional.

ALFA-5 85015058 127 ANGLO VESTIBULARES

Page 8: Portugues_Sinais e pontuaçãoes

• Leia o item 1, cap. 24.• Faça o exercício 1, série 24.

• Leia os itens 3 e 4, cap. 24.• Faça os exercícios 2, 3, 4, 8 e 9, série 24.

• Leia o item 2 e os itens 5 a 18, cap. 24.

• Resolva os exercícios 5, 6, 10, 17 e 20, série 24.

AULA 43

Tarefa Complementar

AULA 43

AULA 42

Tarefa Mínima

� Livro 1 — Gramática

Caderno de Exercícios — Unidade I

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

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— Regência é o mecanismo que regula as ligações entre umverbo ou um nome e os seus complementos.

Regência verbal:— quando o termo regente é um verbo. Exemplo:

Isto pertence a todos.

termo regente termo regido

= verbo

Regência nominal:— quando o termo regente é um nome. Exemplo:

Tenho opinião semelhante à sua

termo regente termo regido

= nome

REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS1. ASPIRARa) No sentido de sorver (o ar) = T.D.

Exemplo: Aspiramos fumaça e gases.b) No sentido de almejar = T.I. (com a preposição a).

Exemplo: Não aspiro a este posto de fiscal.

2. ASSISTIRa) No sentido de presenciar, ver = T.I. (com a prep. a).

Exemplo: Assistimos ao jogo de lá das arquibancadas.b) No sentido de caber, competir = T.I. (com a prep. a).

Exemplo: A revogação da lei não assiste aos deputados.c) No sentido de dar assistência, ajudar = T.D.

Exemplo: O médico assistia os enfermos.d) No sentido de morar, residir, constrói-se com a preposição em.

Exemplo: Vim do interior e hoje assisto na capital.

3. VISARa) No sentido de mirar, apontar arma = T.D.

Exemplo: O arqueiro visou apenas o fruto que estava sobrea cabeça da jovem.

b) No sentido de passar visto = T.D.Exemplo: O professor visou os trabalhos dos alunos.

c) No sentido de objetivar, ter em vista = T.I. (com a prep. a).Exemplo: Não visamos a resultados imediatos.

ObservaçãoOs verbos: — aspirar no sentido de almejar,

— assistir no sentido de presenciar,— visar no sentido de ter em vista,

apesar de transitivos indiretos, não aceitam os pronomes oblíquosátonos lhe, lhes como complemento. Aceitam apenas as formastônicas: a ele, a ela, a eles, a elas.Exemplo: — Aspiras ao cargo?

— Sim, aspiro a ele.

4. AGRADAR/DESAGRADAR

a) O verbo agradar, no sentido de causar agrado ou satis-fação, satisfazer, ser do agrado, no Português contem-porâneo culto, é transitivo indireto com a preposição a.Exemplos: A leitura do livro agradou muito ao assessor.

Não lhe agrada a tua presença.• A mesma regência vale para o verbo desagradar.

Exemplos: As indecisões do comandante desagradaram aossoldados.Não lhe desagrada a idéia de candidatar-se aoSenado.

b) No sentido de afagar, acariciar, o verbo agradar é transitivodireto.Exemplo: O garotinho começou a agradar o seu cão (começoua agradá-lo).

Obs.: Tanto agradar quanto desagradar já foram transitivosdiretos no Português antigo e ainda hoje ambos aparecem co-mo tais.Para efeito de provas e concursos, porém, é melhor seguir asprescrições rígidas segundo as quais são apenas transitivos in-diretos.

Aulas 44 e 45SINTAXE DE REGÊNCIA

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5. QUERERa) No sentido de desejar = T.D.

Exemplo: Não quero o cargo.b) No sentido de estimar, gostar = T.I. (com a prep. a).

Exemplo: Não quero bem aos caluniadores.

6. INFORMARComo transitivo direto e indireto, admite duas construções:a) coloca-se o nome da pessoa como objeto direto e o da

coisa como objeto indireto (com as prep. de ou sobre).Exemplo: Informaram os alunos do resultado (ou sobreo resultado).

b) coloca-se o nome da coisa como objeto direto e o dapessoa como objeto indireto (com a prep. a).Exemplo: Informaram o resultado aos alunos.

Obs.: Admitem a mesma construção que informar osseguintes verbos:

— avisar— certificar— notificar— prevenir

7. PAGAR (PERDOAR)a) Quando o objeto é nome de coisa = T.D.

Exemplo: Não pagamos os salários de dezembro.b) Quando o objeto é nome de pessoa = T.I. (com a prep. a).

Exemplo: Ninguém pagou ao conferencista.Obs. 1) O mesmo verbo pode ser transitivo direto e indireto.Exemplo: Pagaram o salário ao funcionário.Obs. 2) A mesma regência do verbo pagar cabe a perdoar.Exemplo: Perdoaram o crime.

Perdoaram ao criminoso.Perdoaram o crime ao criminoso.

8. ESQUECERa) Não pronominal = T.D.

Exemplo: Esqueci os documentos.b) Pronominal = T.I. (com a prep. de).

Exemplo: Esqueci-me dos documentos.c) Pode-se colocar o nome da coisa como sujeito, e o verbo

ganha o sentido de cair no esquecimento.Exemplo: Esqueceram-me os documentos.

Obs.: A mesma regência é válida para o verbo lembrar:a) Lembro os fatos.b) Lembro-me dos fatos.c) Lembram-me os fatos.

9. PREFERIRÉ transitivo direto e indireto e constrói-se assim:— coloca-se no objeto direto a coisa mais apreciada e no

objeto indireto a coisa menos apreciada (com a prep. a).Exemplo: Todos preferem o amor ao ódio.

10. OBEDECER (DESOBEDECER)Sempre transitivo indireto (com a prep. a).Exemplo: Não se obedece aos impulsos primários.

Obs.: A mesma regência cabe a desobedecer.Exemplo: O presidente do Senado não desobedeceu ao

regimento da Casa.

11. CHEGARÉ intransitivo e rege a preposição a antes do adjunto adver-

bial que indica o destino da ação.Exemplo: Cheguei ao local, atrasado.Na língua culta escrita há diferença entre chegar a e chegar

em:• o complemento precedido da preposição a indica o ponto de

chegada, o ponto final da ação: O avião chegou ao seudestino.

• o complemento precedido da preposição em indica o localdentro do qual alguém ou algo chega: A comitiva chegou noavião da Varig.

Exemplos:1. O avião chegou a São Paulo (São Paulo é o ponto final

da ação).2. O papa chegou no avião da Alitalia (avião é o local/ o

veículo dentro do qual o papa chegou).3. O papa chegou a São Paulo no avião da Alitalia.

Obs.: A mesma descrição vale para o verbo ir.Exemplos:1. O presidente irá ao Paraguai (Paraguai é o destino da

ação).2. O presidente irá no avião presidencial (avião é o local/

veículo dentro do qual o presidente vai).3. O presidente irá ao Paraguai no avião presidencial.

OBSERVAÇÕES1) Não se pode dar um único complemento a verbos de

regências diferentes.É errado dizer: Vi e gostei do filme.É correto dizer: Vi o filme e gostei dele.

Vi o filme do qual gostei.

2) Quando o pronome relativo funciona como complemento deum verbo, deve respeitar a regência desse verbo.

Exemplos:

Gostei do filme ∅∅ que vi.

a que assisti.

de que falaste.

a que te opuseste.

de que te queixaste.

3) Verbo transitivo indireto não admite voz passiva.É errado dizer: O cargo é aspirado por nós.

4) Como complementos de verbo, os pronomes o, a, os, as sófuncionam como objeto direto; os pronomes lhe, lhes sófuncionam como objeto indireto.

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Exemplos:O médico assistiu o paciente.O médico assistiu-o.

O mesmo direito assiste a todos os cidadãos.O mesmo direito lhes assiste.

Deve-se, no entanto, insistir no que já foi observado após oitem 3:

• assistir no sentido de ver,• aspirar no sentido de almejar,• visar no sentido de ter em vista,

apesar de transitivos indiretos, não admitem o pronome lhe(lhes) como complemento. Não admitem também o (a, os, as),que funciona como objeto direto.

Nos sentidos acima descritos, tais verbos só admitem comocomplemento as formas oblíquas tônicas do pronome de terceirapessoa:

— a ele— a ela— a eles— a elas

Exemplos:• Todos assistiram ao filme.— Todos assistiram a ele.

• Todos os competidores aspiram ao título.— Todos os competidores aspiram a ele.

• A medida do governo visa ao controle dos gastos.— A medida do governo visa a ele.

ExercíciosQuestões 1 e 2

Assinale a alternativa em que a regência verbal está em desa-cordo com a norma culta escrita.

1. a) Junto com a poeira da sala, a empregada aspirou umbrinco de diamante.

b) Poucos são os que, hoje em dia, aspiram ao magistério.c) Pela TV, o pai assistiu ao desabamento da casa e o deses-

pero da família.d) Não há advogados dispostos a assistir gratuitamente os

detentos com pena já vencida.e) Pela nova lei, assiste aos detentos o direito de receber

suas mulheres no cárcere.

2. a) Felizmente, ainda existem no mundo pessoas que visamao bem da coletividade.

b) Os atletas deverão comparecer à Embaixada, dia 6, paravisar os passaportes.

c) Atiradores de elite, de armas em punho, visavam os doisseqüestradores que ocupavam a cabine do avião.

d) Há programas deprimentes na nossa televisão: ninguémdeveria assisti-los.

e) A contragosto, assistiu em São Paulo durante os cincoanos do curso superior.

3. A propósito do uso dos pronomes oblíquos o e lhe, há dife-renças nítidas entre a linguagem popular e a culta escrita. Co-mo se sabe, esta variante lingüística não admite certos usosque são comuns naquela.Assinale a alternativa em que o uso de um desses pronomescontraria a norma culta escrita.a) Certos médicos se recusam a assistir doentes que não lhes

agradam.b) O FMI tem exigido um controle austero da nossa econo-

mia, mas esse tipo de controle o povo não o quer.c) O poder é sempre sedutor; não há quem não lhe aspire.d) O povo não pode ser impedido de protestar; assistem-lhe

razões de sobra para isso.e) Com toda a certeza, os filhos não querem aos pais como

os pais lhes querem.

4. Leia o trecho que segue:Fascinado pelo gorila, um visitante do zoológico tentouagradá-lo, mas a reação histérica do animal não deixou amenor dúvida de que o atrevimento do admirador não lheagradou.

Sabe-se que, como complemento do verbo, o pronome o sópode ser objeto direto; na mesma função, o lhe só pode serobjeto indireto.a) Pode-se dizer que o emprego desses pronomes está cor-

reto no trecho acima transcrito?Estão corretos ambos os pronomes.

b) Justifique sua resposta.Na primeira ocorrência, o verbo agradar significa

acariciar, afagar. Nesse sentido, é transitivo direto e

admite o o como complemento.

Na segunda ocorrência, agradar significa satisfazer,causar agrado. Nesse sentido, é transitivo indireto

e admite o lhe como objeto.

5. No âmbito da regência, certas diferenças que a língua cultaescrita preserva, não são levadas em conta na língua popular.Por isso, certas frases do falar cotidiano dão um sentido mui-to estranho se forem interpretadas dentro do rigor da normaculta escrita. É o que ocorre com o trecho transcrito a seguir.No tempo em que se escreviam cartas, era comum um des-fecho como este:Mãe, aqui se despede o filho que muito a quer.a) Levando em conta nosso conhecimento de mundo, que

sentido se atribui a essa despedida do filho?O sentido de uma despedida seguida de uma decla-

ração de afeição do filho.

b) Interpretando ao pé da letra, dentro do rigor da línguaculta escrita, qual o sentido do trecho o filho que muitoa quer?

Significa: o filho que muito a deseja, que a quer ter co-

mo posse.

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c) Levando em conta a intenção de um filho normal, qualseria a redação desse trecho na língua culta escrita?

Mãe, aqui se despede o filho que muito lhe quer.

6. Para resolver esta questão, lembre-se de que os verbosavisar e prevenir têm a mesma regência de informar.Assinale a alternativa em que a regência de um deles não estáde acordo com a norma culta escrita.a) Um grande painel no estádio informava os torcedores so-

bre os resultados dos demais jogos.b) Nas ditaduras são comuns os alcagüetes, delatores que in-

formam tudo ao governo.c) A queda das folhas informa ao camponês a chegada do

outono.d) Chegam notícias prevenindo os brasileiros do risco de

uma epidemia de gripe.e) Três tiros avisaram-lhe da chegada da polícia ao morro.

Questões 7 a 12Nas frases que seguem, a regência verbal está de acordo comas normas da língua popular. Transcreva-as, fazendo as alte-rações exigidas pela língua culta escrita.

7. Deixei com a empregada o dinheiro para pagar o jornaleiro.Deixei com a empregada o dinheiro para pagar ao jor-

naleiro.

8. Que Deus perdoe esses pobres coitados!Que Deus perdoe a esses pobres coitados!

9. Prefiro mais o frio que o calor.Prefiro o frio ao calor.

10. Ninguém esquece do primeiro amor.Ninguém esquece o primeiro amor/ Ninguém se esquece

do primeiro amor.

11. Ele não lembra nem do próprio nomeEle não lembra nem o próprio nome/ Ele não se lembra

nem do próprio nome.

12. O carro não obedeceu o comando do piloto.O carro não obedeceu ao comando do piloto.

13. Observe este diálogo:— Alô! Quem fala?— Aqui é o irmão do Atílio.— Aqui é a Fernanda! O Atílio está?— Não. Ele foi no Zé.a) Nos padrões da fala coloquial popular, o que o irmão de

Atílio quis dizer para Fernanda?Que o Atílio foi até a casa do Zé.

b) No rigor da língua culta escrita, a última fala do diálogoteria um sentido muito estranho. Qual é esse sentido?

O de que o Atílio foi em cima do Zé, montado no Zé,

algo assim.

c) Considerando a intenção do irmão de Atílio, como ficariaa fala final na língua culta escrita?

Não. Ele foi ao José (ou até o José).

14. “Quero antes um asno que me carregue do que um cavaloque me derrube.”Permute quero por prefiro e reescreva o trecho, fazendoas adaptações exigidas pela norma culta da língua.Prefiro um asno que me carregue a um cavalo que me

derrube.

15 . Observe:a) Eu gosto e estudo música. (Errado)b) Eu gosto de música e a estudo. (Certo)

De acordo com o exemplo acima, corrija:a) A maioria dos deputados vai e volta de Brasília toda se-

mana.A maioria dos deputados vai a Brasília e volta de lá

toda semana.

b) O autor da resenha disse que leu e não gostou do livro.

O autor da resenha disse que leu o livro e não gostou

dele.

Melhor ainda:

O autor da resenha disse que não gostou do livro que

leu.

16. Vovô bebe mas não gosta de vinho tinto.Um falante normal do Português, fazendo uso de sua intuição,pode dar duas interpretações distintas para esse fragmento.a) Quais são as duas interpretações?

Primeira: Vovô bebe vinho tinto mas não gosta dessa

bebida. No caso, o termo de vinho tinto seria objeto

dos verbos bebe e gosta.

Segunda: Vovô ingere bebida alcoólica mas não gosta

de vinho tinto. No caso, o termo de vinho tinto seria

considerado como objeto apenas do verbo gosta. O ob-

jeto de bebe ficaria implícito e seria preenchido por nos-

so conhecimento de mundo (conhecimento pragmá-

tico).

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Page 12: Portugues_Sinais e pontuaçãoes

b) Considerando o modo como está redigida, essa frase só éconsiderada correta pelos gramáticos numa das duasversões. De qual das duas se trata?

A redação só é considerada correta pelos gramáticos

na segunda versão.

17. É muito comum, na fala popular, uma frase desse tipo:Eu voto no político que confio.a) Reescreva-a, adaptando-a às normas da língua culta

escrita.Eu voto no político em que confio.

b) Permute confio por• gosto• me identificoe reescreva a frase com as adaptações necessárias.

Eu voto no político de que gosto.

Eu voto no político com que me identifico.

18. A regência é um dos mecanismos de estruturação da frase.Em outros termos, serve para estabelecer correlações entreas palavras do enunciado.Nos trechos a seguir, a alteração da regência verbal produz al-teração sintática e semântica no enunciado. Descreva a di-ferença de sentido entre eles:I. A escultura retrata uma serpente que o jovem dá aos ratos

como alimento.II. A escultura retrata uma serpente a que o jovem dá os ratos

como alimento.

Em I, a presença da preposição a antes de os ratos e

sua ausência antes do que serve para dizer que os

ratos são beneficiários da ação e a serpente (que) é a

vítima, o paciente da ação.

Em II se dá exatamente o inverso.

• Leia os itens 1 a 7, cap. 13.• Resolva os exercícios 1 a 4, série 13.

• Leia os itens 8 a 22, cap. 13.• Resolva os exercícios 8, 9, 10, 11 e 25, série 13.

• Resolva os exercícios 13, 14, 16, 19, 20 e 21, série 13.

AULA 45

Tarefa Complementar

AULA 45

AULA 44

Tarefa Mínima

� Livro 1 — Gramática

Caderno de Exercícios — Unidade I

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