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1 PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL E AGRICULTURA FAMILIAR UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS CERRO LARGO Diagnóstico das propriedades rurais do município de Ubiretama-RS, com vistas ao enquadramento na Instrução Normativa n. 62 do Ministério da Agricultura Aluno: Maurício Scherer ORIENTADOR: Prof. Dr. Evandro Schneider Cerro Largo, RS Agosto de 2013

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DESENVOLVIMENTO … · O tema em estudo são as propriedades cadastradas no Serviço de Defesa Animal (Posto Veterinário e Zootécnico) do Município

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DESENVOLVIMENTO RURAL

SUSTENTÁVEL E AGRICULTURA FAMILIAR UNIVERSIDADE FEDERAL DA

FRONTEIRA SUL – CAMPUS CERRO LARGO

Diagnóstico das propriedades rurais do município de Ubiretama-RS, com vistas

ao enquadramento na Instrução Normativa n. 62 do Ministério da Agricultura

Aluno: Maurício Scherer

ORIENTADOR: Prof. Dr. Evandro Schneider

Cerro Largo, RS

Agosto de 2013

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Diagnóstico das propriedades rurais do município de Ubiretama-RS, com vistas

ao enquadramento na Instrução Normativa n. 62 do Ministério da Agricultura

Evandro Schneider- Engenheiro Agrônomo, Dr., Universidade Federal da

Fronteira Sul (UFFS) Campus Cerro Largo (Orientador)

Iara Denise Endruweit Batisti-Graduada em Informática, Dr., Universidade

Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Cerro Largo

Reneo Pedro Prediger, Engenheiro Agrônomo, Msc., Universidade Federal da

Fronteira Sul (UFFS) Campus Cerro Largo

Ulisses Pereira de Mello, Engenheiro Agrônomo, Msc., Universidade Federal

da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em

Desenvolvimento Rural Sustentável e Agricultura Familiar da Universidade

Federal da Fronteira Sul-UFFS, Campus Cerro Largo.

Cerro Largo, RS

Agosto de 2013

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO..................................................................................................6

1.1.TEMA EM ESTUDO ......................................................................................7

1.2.Delimitação do tema .....................................................................................7

2.PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................8

3. JUSTIFICATIVA............................................................................................. 9

4.OBJETIVOS....................................................................................................11

4.1. Objetivo Geral.............................................................................................11

4.2 Objetivos específicos ..................................................................................10

5 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................12

6 METODOLOGIA.......................................................................... ..................19

6.1 Local/ contexto do estudo.......................................................... .................21

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................22

8. CONCLUSÃO ...............................................................................................38

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..............................................................39

APÊNDICE A – Questionário Quantitativo .......................................................41

APÊNDICE B – Tabulação dos Dados .............................................................42

ANEXO- Preços médios pagos ao produtor por litro de leite nos estados de

Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Bahia, Santa

Catarina e a média do Brasil .............................................................................43

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Relação entre área total da propriedade e área voltada para

pecuária da amostra pesquisada no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 2 – Escolaridade mais alta de um dos moradores da propriedade da

amostra pesquisada no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 3 – Percentagem de produtores pesquisados da amostra que

possuem assistência técnica além da secretaria da Agricultura e Emater em

Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 4 – Percentagem dos produtores que utilizam ordenha mecânica da

amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 5 – Percentagem dos produtores que utilizam ordenha mecânica

canalizada da amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 6 – Percentagem de produtores que observam o período de validade

das borrachas das teteiras de sua ordenhadeira e realiza a aferição da pressão

da mesma da amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 7 – Percentagem de produtores que realizam tratamento da vaca

seca na amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 8 – Percentagem de produtores que realizam Pré/Pós deep na

amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 9 – Percentagem de produtores que utilizam resfriador a granel a

granel na amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 10- Percentagem de produtores que realizam vacinação das

terneiras contra brucelose na amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 11 – Percentagem de produtores que realizam vacinação contra IBR

/ BVB / LEPTOSPIROSE, na amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

GRÁFICO 12 – Percentagem de produtores que responderam positivamente a

seguinte pergunta em Ubiretama-RS, 2013: “Sabendo das exigências da

Instrução Normativa 62/2011 você teria condições de cumpri-las?”

5

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Percentagem de constituintes (água, extrato seco total, Extrato

sólidos, lactose, gordura, proteína e sais) e composição em gramas por litro

(g/l) do leite de uma vaca saudável

Quadro 2 – Contagem Bacteriana Total e Contagem de Células Somáticas de

acordo com a Instrução Normativa 62/2011-BRASIL

Quadro 3 - Percentagem da redução bacteriana através do uso de lavagem

com água, pré-deep e secagem manual

Quadro 4 - Relação entre contagem microbiológica e tipos de resfriamento pelo

uso do tanque de expansão, tanque de imersão e freezer, representados em

números de CCS (contagem de célula somática) por mililitro e contagem

bacteriana total por mililitro

Quadro 5 – Valor recebido em Reais pelo litro de leite e produção média

mensal de leite em litros na amostra estudada, no município de Ubiretama- RS,

2013

6

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho é requisito para formação no curso de Desenvolvimento

Rural Sustentável e Agricultura Familiar. Tem como ponto de análise a cadeia

produtiva do leite, alimento muito importante para a saúde e nutrição do ser

humano. Para o presente, abordaremos o leite produzido por vacas no que se

refere à instrução normativa nacional de produção. Esse alimento, no mês de

julho de 2013, tem sido motivo de notícia nos meios de comunicação devido às

fraudes ocorridas entre a produção e a chegada até a mesa do consumidor. Tal

fato tem colocado em dúvida a qualidade do leite produzido no Brasil, e

principalmente, no Rio Grande do Sul, onde vinham acontecendo comumente

tais fraudes. O leite também é importante fonte de renda para pequenos

produtores de nossa região. Assim, propomos uma pesquisa no município de

Ubiretama-RS, local onde o autor trabalha diretamente com propriedades

leiteiras desse município.

Será abordada nesse trabalho a Instrução Normativa 62 do Ministério da

Agricultura, que estabelece requisitos mínimos para comercialização do leite

Tipo A no Brasil. Essa, que entrou em vigor em 29 de dezembro de 2011 e

estabelece requisitos mínimos para comercialização do leite. Para atender essa

instrução normativa, os produtores passarão por adequação do sistema

produtivo para atender os padrões estabelecidos. Para tanto, a viabilidade do

sistema produtivo pode estar ameaçada.

A Instrução Normativa 62 substituiu os principais padrões de qualidade e

higiene da Instrução Normativa 51, a qual entrou em vigor no dia 18 de

setembro de 2002. A substituição de instruções normativas amenizou os

parâmetros de qualidade e higiene do leite até 01 de julho de 2016. Assim os

produtores de leite terão um maior prazo para enquadramento dos padrões de

higiene e qualidade, e gradualmente adequarem-se aos padrões exigidos pelo

Ministério da Agricultura.

Portanto, foram abordados dados e procedimentos utilizados nas

propriedades de gado leiteiro, a fim de averiguar. Tal pesquisa é de suma

importância para o município, já que não existem pesquisas identificadas sobre

o tema.

7

TEMA EM ESTUDO

A Instrução Normativa n. 62/2011 do Ministério da Agricultura é um

instrumento elaborado pelo Ministério da Agricultura, em 2011, vigorando

desde 02 de janeiro de 2012, que estabelece requisitos mínimos que devem

ser observados produção, identidade e qualidade do leite Tipo A.

O tema em estudo são as propriedades cadastradas no Serviço de

Defesa Animal (Posto Veterinário e Zootécnico) do Município de Ubiretama, RS

que contenham cadastro do agronegócio bovinocultura, leiteira e de corte.

Também as pessoas que trabalham e dependem dessas propriedades.

Delimitação do tema

Estudo diagnóstico das propriedades rurais de Ubiretama – RS em

relação à Instrução Normativa 62/2011 do Ministério da Agricultura, instrução

normativa essa que objetiva fixar os requisitos mínimos que devem ser

observados para a produção, a identidade e a qualidade do leite tipo A,

baseado na análise de fatores socioeconômicos e produtivos.

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2. PROBLEMA DE PESQUISA

Os produtores de bovinos leiteiros localizados no Município de

Ubiretama e suas propriedades estão preparados para o enquadramento nas

normas estabelecidas na IN. 62/2011, que objetiva fixar os requisitos mínimos

que devem ser observados para a produção, a identidade e a qualidade do leite

tipo A?

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3. JUSTIFICATIVA

O município de Ubiretama está situado na região noroeste do Rio

Grande do Sul, possui uma população de cerca de 2500 habitantes e uma área

de 126.694 km² (IBGE, 2009). Segundo dados da Emater e Secretaria

Municipal da Agricultura de Ubiretama, o município possui uma economia

voltada essencialmente para a produção rural, com predominância na produção

de gado leiteiro e produção de grãos, principalmente soja, milho e trigo.

Considerou-se o produto ”leite” de relevância econômica o município.

Como, desde 01 de janeiro de 2012, está em vigor a Instrução Normativa

62/2011 do Ministério da Agricultura, propõe-se que após mais de um ano em

vigor, é aconselhável avaliar, se os produtores estão enquadrados, ou em

condições de enquadrarem-se nessas medidas.

A instrução normativa em questão prevê novos parâmetros para

Contagem Bacteriana Total (CBT) e Contagem de Células Somáticas (CCS),

refletindo negociações entre governo e setor produtivo. Com a medida, o

Ministério alinhou o pedido de produtores que não conseguiram cumprir o

prazo para redução dos limites previstos à proposta do Plano Nacional de

Melhoria da Qualidade do Leite. A importância da medida, segundo o Ministério

da Agricultura está no fato de que a Instrução Normativa, entre outros

dispositivos regula a coleta e o transporte de leite, ao mesmo tempo em que

aprova, também, o regulamento técnico da sua produção, identidade e

qualidade. Tenta-se assim dificultar a adoção dos meios ilícitos que

oportunizam a fraude no leite. (BRASIL, 2011)

Por esse motivo, é importante para os produtores estarem alinhados

com as instruções previstas na instrução normativa, nota-se certa dificuldade

para implantarem e seguirem os requisitos. É necessária uma observação

sistematizada para avaliação de adequações as instruções normativas

estabelecidas na realidade dos produtores rurais de Ubiretama-RS.

A carência de dados estatísticos e informações diagnósticas referentes

à pecuária leiteira do município sejam pela Prefeitura Municipal - Secretaria da

Agricultura ou demais órgãos do estado justifica a necessidade de

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levantamento de dados primários do setor em questão. Acredita-se que com

dados e informações acerca da realidade dos produtores e da produção leiteira

no município será possível conhecer melhor a real situação, qual o perfil das

propriedades e dos proprietários, bem como a situação da propriedade em

relação à Instrução Normativa 62/2011 – mas não somente em relação a ela,

cabe ressaltar. E a partir disso sugerir , ações e aconselhamentos profissionais

para a melhoria da produção leiteira. Com essa pesquisa, será possível

conhecer a situação atual de algumas propriedades enquadradas na instrução

normativa em questão, mas também verificar se há condições de

enquadramento ou demanda do poder público para a orientação aos

produtores rurais do município.

O primeiro passo para a melhoria de uma produção econômica em um

município é o conhecimento, a busca da realidade diagnóstica do público em

questão. “Saber onde estamos e como estamos, é essencial para sabermos o

que devemos fazer e para onde precisamos direcionar os esforços.” (JARA,

2012).

11

4. OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Realizar uma pesquisa diagnóstica no município de Ubiretama-RS

voltada para produção leiteira, afim de conhecer as condições de

enquadramento dos produtores a Instrução Normativa 62/2011 do Ministério da

Agricultura.

Objetivos específicos:

Realizar levantamento da área total e área voltada para pecuária

nas propriedades pesquisadas;

Identificar a situação de manejo sanitário do rebanho leiteiro nas

propriedades pesquisadas;

Quantificar o valor médio recebido por unidade de litro de leite nas

propriedades pesquisadas;

Identificar a escolaridade composição da unidade de trabalho

familiar nas propriedades pesquisadas;

Identificar a média de vacas em lactação anual das propriedades

pesquisadas;

Identificar a litragem mensal de leite nas propriedades

pesquisadas;

Avaliar a percentagem de produtores que realizam ordenha

mecânica e canalizada nas propriedades pesquisadas;

Identificar o status sanitário (suficiente ou insuficiente) do rebanho

da amostra pesquisada;

Avaliar a percentagem de produtores que têm condições de

enquadrar á Instrução Normativa 62 do Ministério da Agricultura.

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5. REFERENCIAL TEÓRICO

Com a globalização da economia, a qualidade do leite passou a ser

uma relevante preocupações da indústria leiteira. Este fato acarretou

mudanças nos processos produtivos destacando-se principalmente a exigência

de refrigeração do leite nas propriedades rurais (ECKSTEIN, 2012).

Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da

ordenha completa e contínua, em condições de higiene, de vacas sadias, bem

alimentadas e descansadas (BRASIL, 2011). Esse alimento é fonte de macro e

micronutrientes, o que o torna um excelente meio para o desenvolvimento de

microrganismos deterioradores, sendo necessários métodos de conservação,

como refrigeração (MINIM, 2002). A composição do leite, assim como a

contagem de células somáticas (CCS), é de extrema importância quando se

avalia a qualidade do leite (FONSECA e SANTOS, 2000). Estes dados, aliados

à contagem bacteriana total (CBT) servem como índices básicos para o

controle desta matéria-prima em toda a cadeia do leite, incluindo produtores,

indústria e consumidores. Baseado nesse fato, o Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA), editou no final do ano de 2011, a Instrução

Normativa Nº 62 que atualiza a Instrução Normativa Nº 51/2002, que

regulamenta a produção de leite no Brasil e a qualidade do produto. A nova

instrução normativa prevê novos parâmetros para a contagem bacteriana total

(CBT), e contagem de células somáticas (CCS), cujo limite exigido passou de

750 mil/ml para 600 mil/ml. A medida visa garantir a qualidade do leite e fecha

as brechas para quem não quer cumprir o regulamento. A nova legislação

começou a valer no dia 1º de janeiro de 2012, para os produtores da região

Centro-Oeste, Sudeste, Sul. Já para os produtores das Norte e Nordeste, a

exigência passa a valer a partir de janeiro de 2013, segundo prazos

estabelecidos pela própria Instrução Normativa 62/2011.

A Instrução Normativa 62/2011 estabeleceu uma Comissão Técnica

Consultiva pelo MAPA, cuja função será avaliar as ações voltadas para a

melhoria da qualidade do leite o Brasil, e que segundo Silva (2012) é uma ação

positiva, pois mesmo não estando definidas quais seriam essas ações, espera-

se que essa comissão seja a responsável por discutir com as organizações do

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setor e com os outros órgãos responsáveis de diversos níveis governamentais,

pontos fundamentais que auxiliarão a implantação definitiva da Instrução

Normativa: assistência técnica, extensão rural, crédito e melhoria de

infraestrutura e logística voltada para a produção e escoamento do leite.

O objetivo central da Instrução Normativa 62/2011 é “Fixar os requisitos

mínimos que devem ser observados para a produção, a identidade e a

qualidade do leite tipo A” (BRASIL, 2011).

A instrução normativa em questão estabelece inúmeros requisitos, que

vão desde a sanidade da vaca, a limpeza dos tetos, a forma da ordenha, a

forma de resfriamento e de armazenamento do leite. Tudo isso voltado para a

qualidade do leite, que deve seguir os seguintes parâmetros estabelecidos em

função da Contagem Bacteriana Total e da Contagem de Células Somáticas.

A Contagem Bacteriana Total (CBT) indica a contaminação no leite e é

expressa em Unidade Formadora de Colônia por Mililitro (UFC/ml) (DURR,

2012), ou seja, quantifica o número total de bactérias presentes no leite cru.

Essas se manifestam quando há falha nos processos de ordenha e

armazenamento.

Já as células somáticas (do grego “somatikós”, que significa “referente

ao corpo”) encontradas no leite têm esse nome porque se originam do corpo da

vaca. Elas são constituídas principalmente pelos leucócitos (ou células brancas

do sangue), cuja função é a defesa do organismo. A “CCS” no leite é um sinal

de inflamação da glândula mamária da vaca e a maior parte dos pesquisadores

e especialistas concordam que a causa primária dessa inflamação são as

infecções causadas por bactérias (FEITOSA BRITO, 2013) e por isso a “CCS”

constitui valiosa ferramenta para o monitoramento da qualidade do leite e da

saúde da glândula mamária, seja para a detecção de mastite subclínica, além

de ser empregada como um indicador das características

qualitativas/higiênicas do leite (SANTOS, 2002).

Um leite de vaca sadio, conforme Krug (1993) tem a seguinte

composição:

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Quadro 1 - Percentagem de constituintes (água, extrato seco total,

Extrato sólidos, lactose, gordura, proteína e sais) e composição em gramas por

litro (g/l) do leite de uma vaca saudável de acordo com Krug, adaptado de FAO,

1981

CONSTITUINTES COMPOSIÇÃO (g/l) (%)

Água

Extrato Seco Total

905

127

87,69

12,31

TOTAL 1032 100

Extratos Sólidos

-Lactose

-Gordura

-Proteína

-Sais

49

35

34

9

4,75

3,39

3,30

0,87

FONTE: Krug, Adaptado de FAO, 1981

Ainda segundo Feitosa Brito (2013), há uma relação entre a quantidade

de “CCS” e a qualidade do leite. Um leite com alto CCS pode ter um aumento

de sódio, cloreto e imunoglobulinas e uma diminuição dos componentes

presentes do leite saio como gordura, lactose, proteína, cálcio e potássio, o que

leva um menor “tempo de prateleira” e menor qualidade.

A Instrução Normativa 62/2011 estabelece que os padrões aceitáveis

são os apresentados no quadro abaixo (BRASIL, 2011):

Quadro 2. Contagem Bacteriana Total e Contagem de Células

Somáticas de acordo com a Instrução Normativa 62/2011-BRASIL, 2011

Contagem bacteriana total (CBT) Contagem de células somáticas

(CCS)

Máximo de 600.000 unidades /ml 600.000 células somáticas / ml

Adaptado da Instrução Normativa 62/2011 – BRASIL, 2011.

Este é o padrão estabelecido, para o período de 01.01.2012 até

30.06.2014, quando entra em vigor um parâmetro ainda menor: máximo de

300.000 unidades /ml de “CBT” e máximo de 500.000 unidades /ml de „CCS”.

Esse parâmetro será aceito até o dia 01.07.2016, quando, a partir dessa data,

o limite máximo aceito será de 100.000 unidades /ml de „CBT” e 400.000

unidades de “CCS‟. Esses padrões serão exigidos gradualmente, a fim de que

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os produtores tenham condições de adequar-se aos novos padrões exigidos

pelo MAPA (SILVA, 2012). Já para o entendimento do presidente da LEITE

SÃO PAULO – Associação de Técnicos e Produtores de Leite do Estado de

São Paulo, os padrões exigidos pela Instrução Normativa 62/2011 estão muito

além da capacidade produtiva, pois hoje muitos produtores não conseguem

produzir nem com 750.000 para “CCS” e „CBT”, e a própria IN 62 só prevê

atingir 400.000 para CCS e 100.000 para “CBT” a partir de 2016 (CAMPOS

FILHO, 2012). Já segundo Feitosa Brito (2013), um animal sadio, tem no

máximo 50.000 CCS por ml de leite, portanto confrontando esse parâmetro

com a IN 62, pode-se afirmar que ela está ainda acima desse padrão.

Um dos métodos de controle de “CBT” é um bom manejo durante a

ordenha. Segundo Fonseca & Santos (2000) a ordenhadeira, é o principal

equipamento existente em uma propriedade que produz leite, e que não recebe

na maioria das vezes, a devida importância por parte dos produtores e

técnicos.

O manejo com a ordenhadeira em vacas com “tetos” sujos e/ou úmidos

está diretamente ligado a uma alta “CBT‟, assim como a presença de matéria

orgânica nos “tetos” pode levar a alta contagem de coliformes (FONSECA E

SANTOS, 2001). Assim, um correto manejo de ordenha, com ênfase na

preparação antes da ordenha (limpeza, pré-deep e secagem completa dos

tetos), associado a um programa de controle de mastite, são fundamentais

para a obtenção de um leite de alta qualidade, e enquadrado nos parâmetros

da normativa 62/2011 (BRASIL, 2011).

Outra fonte de bactérias pode ser a superfície do sistema de transporte

e armazenamento do leite, o que inclui insufladores, copos coletores,

mangueiras, tubulações, válvulas, medidores de leite, bombas de leite, pré-

resfriadores, tanques de resfriamento. (FONSECA E SANTOS,

2000). Portanto, deve-se estar sempre atento ao programa de limpeza e

sanitização, além da correta manutenção do equipamento (troca de

insufladores segundo as recomendações do fabricante, por exemplo).

Outra medida defendida por Fonseca & Santos (2000) que auxilia no

alcance dos níveis de qualidade, sanidade e higiene da Instrução Normativa

62/2011 (BRASIL, 2011) é o Pré-deep, que se constitui em um procedimento

de desinfecção dos tetos antes da ordenha e tem como objetivo a prevenção

16

da mastite (DURR, 2012). Este consiste na imersão dos tetos em solução

desinfetante, podendo ser utilizada solução de iodo (0,25%), solução de

clorexidine (de 0,25 a 0,5%) ou ainda de cloro (0,2%) (FONSECA & SANTOS,

2000).

Conforme o quadro 3, a importância do Pré-deep na redução da carga

bacteriana no leite produzido, somado a outras medidas preventivas, tais como

a lavagem com água e secagem (podendo ser com papel toalha limpo ou pano

especifico para essa finalidade):

Quadro 3. Percentagem da redução bacteriana através do uso de

lavagem com água, pré-deep e secagem manual (GALTON & MERRILL, in:

REHAGRO, 2013)

Lavagem com

água

Pré-deep Secagem Manual %Redução

Bacteriana

X 4

X X 10

X X 54

X 24

Fonte: GALTON & MERRILL, in: REHAGRO, 2013.

Já o pós-deep é a desinfecção dos tetos ao final da ordenha, e

constitui-se na prática isolada mais importante de controle de novas infecções

intramamárias. Tem a finalidade de vedar o esfíncter do teto após a ordenha, já

que esse pode levar até 30 minutos para voltar ao seu tamanho normal e isso

facilita a entrada de patógenos causadores de mastite. A solução utilizada no

pós-deep pode ser a mesma utilizada no pré-deep, porém, com o dobro de

concentração (FONSECA & SANTOS, 2000).

Outra medida importante para o cumprimento da IN 62 é o tipo de

equipamento usado para o resfriamento do leite (BRASIL, 2011), sendo que

são observados três tipos mais usuais de equipamento para o resfriamento:

Tanque de Expansão, Tanque de Imersão e Freezers caseiros.

Esses três tipos de equipamentos produzem resultados diferentes

(QUADRO 3) sendo a utilização dos três em conjunto o método mais eficiente

no que tange a prevenção de proliferação de bactérias no leite,

17

Quadro 4 - Relação entre contagem microbiológica e tipos de resfriamento pelo uso do tanque de expansão, tanque de imersão e freezer, representados em números de CCS (contagem de célula somática) por mililitro e contagem bacteriana total por mililitro de acordo com Ferreira, 2000

Contagem

microbiologica

Tipos de Resfriamento

Tanque de expansão

(resfriador a granel)

Tanque de imersão

Freezer

CCS

(x 1000 CS/mL)

718,56 1114,03 785,86

CBT

(UFC/mL)

2,33 x 105 1,19 x 106 1,26 x 106

Fonte:Adaptado de Ferreira, 2000

O resfriamento pode ser realizado em equipamentos de tamanhos

variados, seja pelo sistema de expansão, onde o produto é resfriado

diretamente, ou pelo sistema de imersão, onde latões convencionais são

colocados em tanques com água fria. Para a maior eficiência do processo, os

tanques de expansão, embora mais caros, são geralmente recomendados

(UFSC, 2013).

Em relação à sanidade do rebanho bovino, do qual provem o leite tipo

A, este deverá ter controle rigoroso da brucelose e da tuberculose, respeitando

normas e procedimentos estabelecidos no regulamento técnico do Programa

Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Anima

(BRASIL, 2011). Ainda segundo a Normativa 62, é proibida a comercialização

de leite de animais cujo diagnóstico clínico ou resultado positivo a provas

diagnósticas indiquem presença de doenças infectocontagiosas que possam

ser transmitidas ao homem através do leite, tais como Brucelose, Tuberculose

e Leptospirose, que são consideradas zoonoses (TRABULSI, 2004), ou seja,

são doenças transmitidas dos animais para os homens e vice-versa, portanto,

podem ser transmitidas aos seres humanos através da ingestão do leite de

vacas contaminadas (BLOOD, 1989).

O preço do leite também é um aspecto importante tanto para o

mercado produtor de leite, como para o consumidor. Esse sofre variações

devido a diversos fatores tais como políticas econômicas, sazonalidade da

18

produção leiteira, qualidade do leite, demanda do consumidor, fenômenos

sanitários, etc.

Segundo Meneguini (2013), os principais fatores que podem influenciar

os valores pagos aos produtores são a distancia entre produtor e a indústria, as

mudanças em hábitos alimentares, os elementos constituintes de leite e ainda

a política econômica.

Diante desses cenários, é necessário estar atento aos diversos fatores

e possíveis eventos que podem impactar os preços do leite e o planejamento

de empreendimentos leiteiros.

Um último, mas também importante ponto a ser analisado na

normativa 62/2011, é que a mesma prevê a extinção de ordenha manual e por

isso a instrução suprime os regulamentos técnicos de identidade e qualidade

do leite tipo “B” e “C”, que não deverão mais existir no mercado (BRASIL,

2011).

Essa é uma medida que possui algumas resistências junto a

especialistas do setor de produção leiteira, como podemos verificar na citação

de Campos Filho, 2012:

“Essa fobia para acabar com o leite tipo B por parte de técnicos do MAPA é estranha, jogando todo leite pasteurizado pela indústria, a partir do leite cru refrigerado coletado nas granjas, numa vala comum, pois compara uma realidade do presente (leite tipo B) com uma hipótese que pode ou não ser atingida a partir de 2016 (leite pasteurizado no mercado), sem considerar que o próprio regulamento do leite tipo B possa evoluir e se manter acima do padrão previsto para o leite pasteurizado. Isso não contribui em nada para a melhoria da qualidade do leite no Brasil, e o que o RIISPO

1A e a IN 62 tem que estabelecer são padrões

mínimos de identidade para o leite pasteurizado beneficiado na granja e para o leite pasteurizado beneficiado nas indústrias a partir do leite coletado nas granjas”

Campos Filho (2012) expõe claramente a contrariedade em nome da

Associação a qualquer alteração nos regulamentos sanitários e higiênicos

atuais na cadeira leiteira.

Como pode ser denotada com as discussões apresentadas, a Instrução

Normativa 62/2011 ainda é uma medida com figuras resistentes e apoiadoras.

1 REGULAMENTO DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL - RIISPOA

19

6. METODOLOGIA

Para a elaboração do trabalho, foi desenvolvida uma metodologia

quantitativa, com a elaboração de questionários que foram aplicados a um

percentual maior de 30% dos produtores rurais que possuem cadastro no

Serviço de Defesa Animal do município de Ubiretama, fichados na categoria de

agronegócio Bovinocultura. A aplicação do questionário foi in loco, ao longo

dos meses de abril e maio de 2013, com um dos responsáveis pela

propriedade rural.

Foram entrevistados 148 proprietários rurais, sendo que desses, 131

afirmaram ser produtores de leite.

O questionário foi elaborado com perguntas voltadas tanto para a

caracterização da propriedade e dos proprietários, como para o levantamento

da situação da propriedade com vistas aos requisitos previstos na Instrução

Normativa 62/2011 do Ministério da Agricultura. O questionário construído pelo

autor possuía os seguintes pontos, que foram pesquisados junto aos

produtores rurais do município de Ubiretama- RS:

Área da Propriedade e Área da Propriedade voltada à pecuária:

objetiva conhecer o perfil da propriedade e qual o percentual voltado para a

pecuária.

Número de pessoas por propriedade e escolarização mais alta:

objetiva conhecer o perfil das pessoas que dependem diretamente da

propriedade rural e qual o “preparo” escolar dessas pessoas, a fim de estarem

preparadas para a captação de novas tecnologias.

Média de vacas em lactação: objetiva conhecer a capacidade

produtiva da propriedade.

Valor recebido por litro de leite no último mês: objetiva conhecer a

capacidade de remuneração da propriedade e ainda comparar com a média do

mercado gaúcho e / ou brasileiro;

Presença de ordenha mecânica e presença de ordenha manual:

conhecer a modernização e a capacidade atual de adequação a normativa

62/2011 em relação ao tipo de ordenha realizado na propriedade;

20

Presença de resfriador a granel: objetiva conhecer o percentual

de produtores que possuem esse tipo de equipamento de resfriamento, e qual

a capacidade atual de adequação a Instrução Normativa 62/2011;

Realização de tratamento da vaca seca2 através de antibióticos:

objetiva conhecer o percentual de produtores que utilizam essa importante

técnica a fim de manter saudável a glândula mamária e a baixa contagem de

células somáticas no leite produzido pelo animal;

Realização de pré/pós deep: objetiva conhecer o percentual de

produtores que se preocupam com a prevenção de mamites em animais em

produção, e consequentemente sanidade da glândula mamária.

Realização da Vacina contra Rinotraqueíte Infecciosa Bovina/

Vulvovaginite Pustular Infecciosa dos Bovinos (IBR/BVD) / Leptospirose e

Brucelose: objetiva conhecer o percentual de produtores que se preocupam

com a prevenção de doenças infectocontagiosas do rebanho.

Observa período de validade das borrachas das teteiras da

ordenhanheira;

Tem assistência Técnica além da Emater e Secretaria da

Agricultura: objetiva conhecer o percentual de produtores que tem acesso a

assistência técnica além da Emater e da Secretaria de Agricultura.

Após a pesquisa de campo, com a obtenção de dados primários,

elaborou-se a construção das informações para o delineamento do diagnóstico

das propriedades.

Paralelamente a essa etapa de pesquisa de campo, procedeu-se

também uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, com pesquisa de autores que

analisam a Instrução Normativa Nº. 62/2011 do Ministério da Agricultura.

2 Período necessário para que a glândula mamaria do animal involua e posteriormente sob influência

hormonal reinicia a síntese do leite. É muito importante para o tratamento de mastite sub clínicas. Período indicado em que o animal de ficar no período seco é 45 a 60 dias antes do parto (Fonseca e Santos, 2000).

21

Local de estudo

O local de estudo é o município de Ubiretama-RS, localizado no

noroeste do estado, com população de 2440 habitantes, sendo 1963 habitantes

na área rural e 477 na área urbana (IBGE, 2009), sendo suas principais fontes

de renda a bovinocultura leiteira e a produção de grãos (soja e milho). Tem 476

propriedades cadastradas ativamente no serviço de defesa oficial, sendo estas

o objeto de estudo deste trabalho.

As propriedades estão distribuídas em 10 localidades (8 de Agosto, 15

de Novembro, 23 de Julho, Acre, Abrantes, Natal, Paranaguá, Pederneiras e

Silva Jardim) contando com a sede, sendo essa desconsiderada na pesquisa,

já que é composta por catorze produtores da área urbana do município que

criam animais totalmente para subsistência (não vendem leite).

22

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira informação que pode ser destacada é em relação à área

média das propriedades pesquisadas, que resultou em 19,34 hectares, sendo

menor que o módulo rural da região que, de acordo com o IBGE é 25 hectares.

Já a média no RS é 45 hectares, sendo que 91% têm menos de 100 hectares

(IBGE, 2009). A dimensão da menor propriedade pesquisada é de 1 hectare

enquanto a maior é de 200 hectares. Importante destacar que, para levantar

esse dado, considerou-se apenas a área total que a família possui no município

de Ubiretama, desconsideraram-se áreas localizadas fora do município, mesmo

que essas sejam do mesmo proprietário pesquisado.

Dentre os pesquisados, a área utilizada para bovinocultura, seja de

leite ou de corte, é, em média de 9,61 hectares, dado que segundo o censo do

IBGE está abaixo da média do Estado do Rio Grande Sul (BALDASSO, 1999).3

As propriedades pesquisadas variam entre 1 e 28 hectares.

Com isso, infere-se que a maior parte da área, nas propriedades

pesquisadas, é destinada ao plantio de grãos (9,73 hectares). Sendo essa

abaixo da média no noroeste gaúcho, que possui em média 20 hectares

(gráfico 1) para a produção do binômio Soja-Trigo (BALDASSO, 1999).

3 Para chegar nesse dado, excluiu-se as áreas de plantio de soja e/ou outras culturas, e somente

deveria quantificar áreas onde planta milho para com finalidade de silagem (planta inteira ou grão) ou ainda outras culturas voltadas para alimentação dos bovinos.

23

Gráfico 1- Relação entre área total da propriedade e área voltada para

pecuária da amostra pesquisada no município de Ubiretama-RS, 2013

A pesquisa realizada com os produtores de Ubiretama encontra

semelhança com os dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística, em dados sistematizados no Censo Agropecuário de 1995, o qual

apresenta que a estruturação agrária da Região Noroeste caracteriza-se, por

apresentar uma predominância de aproximadamente 95% de estabelecimentos

com menos de 50 hectares. Ainda, merece destaque, igualmente, a

informação de que os estabelecimentos com menos de 10 hectares participam

de forma significativa na região, ou seja, em média 41% dos estabelecimentos

estão neste intervalo de classe, ocupando 11% do total da superfície regional

(IBGE, 2009).

A média de habitantes por propriedade foi de 3,51 pessoas, em sua

grande maioria com um baixo nível de escolaridade, sendo que as menores

famílias eram compostas por duas pessoas somente, enquanto a maior família

se compunha de oito pessoas. Foi questionado aos produtores qual o nível de

escolaridade mais alto de qualquer um dos componentes da família (gráfico 2),

e o resultado desse questionamento pode ser observado no seguinte gráfico:

Área Média daspropriedades (ha) Área Média voltada

para a pecuária (ha)

19,34

9,61

Área Total x Área Voltada para Bovinocultura

24

Gráfico 2 – Escolaridade mais alta de um dos moradores da

propriedade da amostra pesquisada no município de Ubiretama-RS, 2013

O maior percentual (43%) apresenta uma escolaridade no nível de

primeiro grau incompleto. Complementar a esse fato pode-se destacar que foi

constatado que o maior grau de escolaridade era das gerações mais novas dos

componentes das famílias. Nas famílias onde os filhos haviam deixado às

propriedades e migrado para outro setor produtivo eram composto, em sua

grande maioria por pessoas de menor escolaridade.

Segundo o Atlas do Espaço Rural Brasileiro, estudo lançado pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009), essa é a situação

típica no espaço rural brasileiro, pois dos proprietários rurais que

administravam diretamente 3,9 milhões de estabelecimentos agropecuários

(75,9% do total estabelecimentos), 38% eram analfabetos ou sabiam ler e

escrever sem terem frequentado a escola e 43% não tinham completado o

ensino fundamental (IBGE, 2009).

Esse fato corrobora com a percepção de que existe um processo de

esvaziamento e envelhecimento no campo, ou seja, o êxodo rural continua

muito presente nas famílias da área rural (BALDASSO, 1999). As causas

podem ser a falta de oportunidades e acessos a serviços, em especial para os

jovens que vão atrás de melhores oportunidades nos centros urbanos. Ainda, a

ausência de recursos socialmente valorizados, a renda insatisfatória e a baixa

43%

12%

41%

4%

Escolaridade mais alta dos moradores da propriedade

1° grau incompleto 1° grau completo

2° grau completo 3° grau completo

25

autonomia material tem influenciado o jovem a abandonar o campo e migrar

para a cidade, principalmente entre as mulheres (EMATER – RS, 2013).

Outro quesito que pode ser analisado e relacionado com a baixa

escolaridade dos produtores é a possivel dificuldade na obtenção de

tecnologias e assitência técnica voltadas para a produção rural. A pesquisa

aponta que, apenas 7% (gráfico 3) dos produtores pesquisados tem acesso a

assistência técnica além da Emater ou da Secretaria Municipal da Agricultura,

conforme apresentado no seguinte gráfico:

Gráfico 3. Percentagem de produtores pesquisados da amostra que

possuem assistência técnica além da secretaria da Agricultura e Emater em

Ubiretama-RS, 2013

A assistência técnica e a extensão rural são ferramentas muito

importantes no desenvolvimento rural, pois constituem o elo entre os centros

de pesquisa agropecuária e os produtores rurais, contribuindo intensamente

nos processos de desenvolvimento do campo (PIRES, 2003).

Um dos maiores desafios para o produtor enquadrar-se na normativa

62/2011 é diminuir a Contagem de Células Somáticas (CCS) e Bacteriana Total

(CBT) até limites toleráveis. Segundo Brito (1999) rebanhos com baixas CCS

apresentam menores perdas na produção e produzem leite com melhor

qualidade composicional, tanto do ponto de vista nutricional quanto do

processamento. Adicionalmente, tem sido mostrado que rebanhos com baixas

SIM 7%

NÃO 93%

ASSITÊNCIA TÉCNICA ALÉM DA EMATER E DA SECRETARIA DA

AGRICULTURA

26

CCS usam menos antibióticos para tratamento de mastite durante a lactação, e

apresentam menor risco de contaminação do leite com resíduos.

O tipo de ordenha também é fundamental para a qualidade do leite

(Figura 1), citado por Dalberto, (2013):

Figura 1 - Análise de CCS de janeiro a dezembro de 2011, em

ordenhas canalizadas e balde ao pé (DALBERTO, 2013):

O gráfico é resultado da variação da contagem de células somáticas

em diferentes tipos de ordenha (canalizada ou balde-ao-pé) em amostras

coletadas ao longo de 12 meses. O resultado mostra que, para diferentes tipos

de ordenha, podem ser apresentados diferentes resultados “CCS”. Em

amostras coletadas durante 12 meses, a “CCS” em ordenha realizada com

“balde-ao-pé” são superiores àquela encontrada em ordenha canalizada.

Ainda, os resultados mostram que em relação ao tipo de ordenha

utilizada constatou-se que a maioria utiliza a ordenha mecânica (Gráfico 4), o

que configura em um fato positivo, se considerar que apenas 11% ainda utiliza

a ordenha manual.

Uma das grandes questões é que para atender plenamente a

normativa 62/2011, a ordenha necessariamente deve ser mecânica e

canalizada (BRASIL, 2011), pois dessa forma entende-se que a chance de

contaminação do leite após a ordenha será mínima. Nos gráficos 4 e 5

27

apresenta-se o percentual de produtores que realizam a ordenha mecânica e

qual o percentual que tem ordenha canalizada.

Gráfico 4. – Percentagem dos produtores que utilizam ordenha

mecânica da amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

Gráfico 5. – Percentagem dos produtores que utilizam ordenha

mecânica canalizada da amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

Ainda em relação aos tipos de ordenha, consideramos que

possivelmente seja um dos principais pontos a serem adaptados pelos

produtores para o atendimento aos requisitos da normativa. Extraindo da

própria normativa a seguinte orientação:

Sim 89%

Não 11%

Realiza ordenha mecânica

Sim 7%

Não 93%

Tem ordenha canalizada

28

“Possuir, obrigatoriamente, equipamento para a ordenha mecânica, pré-filtragem e bombeamento até o tanque de depósito (este localizado na dependência de beneficiamento e envase) em circuito fechado, não sendo permitida a ordenha manual ou ordenha mecânica em sistema semifechado, tipo "balde-ao-pé" ou similar“ (MAPA, 2011).

Além do tipo de ordenha, se mecânica ou mecânica canalizada, um ponto a ser

observado é o período de validade das borrachas das teteiras da ordenhadeira,

e também realizar a aferição da pressão da mesma. As borrachas tem uma

vida útil, estabelecida pelos fabricantes das mesmas, e esse prazo de ver

observado, e sempre que houver rachaduras, ou que o prazo de validade das

borrachas estiver expirado, é necessário troca-las. Os resultados da pesquisa

apontam que somente 37% dos produtores (gráfico 6) afirmam dispor de uma

atenção especial junto a esse equipamento, como pode ser visualizado na

primeira coluna do gráfico a seguir:

Gráfico 6 – Percentagem de produtores que observam o período de

validade das borrachas das teteiras de sua ordenhadeira e realiza a aferição da

pressão da mesma da amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

Pode-se destacar também o baixo índice de produtores que utilizam

antibioticoterapia na secagem de suas vacas. Esse é um importante método de

combate às infecções subclínicas e futuras infecções, clínicas ou subclínicas

na próxima lactação. Somente 31% (gráfico 7) alegam fazer uso dessa técnica,

como pode ser visualizado no seguinte gráfico:

Sim 37%

Não 63%

Observa o período de validade das borrachas das teteiras de sua

ordenhadeira e realiza aferição da pressão da mesma

29

Gráfico 7 – Percentagem de produtores que realizam tratamento da

vaca seca na amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

É possível visualizar a atual situação em relação ao manejo de

prevenção à Contagem Bacteriana Total e Contagem de Células Somáticas no

leite produzido nas propriedades pesquisadas.

No gráfico 8 é possível verificar, dentre os produtores pesquisados, o

baixo índice de utilização de pré-deep e pós-deep, consideradas importantes

técnicas a garantia da sanidade e qualidade do leite (DURR, 2012).

Sim 31%

Não 69%

Realiza tratamento da vaca seca através de antibióticos

30

Gráfico 8 – Percentagem de produtores que realizam Pré/Pós deep na

amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

Diante da pesquisa, observou-se que a maioria dos produtores possui

o tanque de resfriamento a granel (61%), necessário para atender as

exigências da Instrução Normativa 62/2011. Ainda há, portanto, uma

considerável parte dos produtores que não estão adaptados a esse pré-

requisito, que utilizam tanques de resfriamento à expansão e freezers caseiros

para o resfriamento do leite.

Sim 35%

Não 65%

Faz pré/pós deep

31

Gráfico 9 – Percentagem de produtores que utilizam resfriador a

granel a granel na amostra no município de Ubiretama-RS, 2013

Quanto ao manejo sanitário do rebanho revelou dados importantes. Os

produtores foram questionados sobre se realizavam a vacinas contra as

brasileiras: A Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), Diarreia Viral Bovina

(BVD), Leptospirose (existe uma grande variedade de marcas comercias que

englobam essas três doenças em um único produto) e brucelose (doença

reprodutiva de vacinação obrigatória pelo Ministério da Agricultura, sendo

necessária a vacina em todas as novilhas nascidas na propriedade com idade

entre 3 e 8 meses). A erradicação dessas doenças ainda não é viável, devido à

atenção prioritária as doenças tradicionais, comuns em nosso meio e

controladas em outros países (KRUG, 1993).

A grande maioria dos produtores do município imuniza seus animais

contra brucelose, sendo que 3 (gráfico 10) proprietários afirmaram não vacinar

(o equivalente a 2,03% dos proprietários pesquisados), e esses mesmos

proprietários não comercializaram seus animais nos últimos anos, segundo

informações do Posto Veterinário e Zootécnico de Ubiretama. A doença pode

ser controlada através de um bom esquema de vacinação e sacrifício dos

animais comprovadamente positivos. E uma importante zoonose. Recomenda-

se a não ingestão de leite cru e consumo dos seus derivados não fervidos ou

pasteurizados. O cuidado no manejo reprodutivo dos animais também é

importante, principalmente nas pessoas que praticam auxílios obstétricos e

outras práticas suscetíveis à contaminação (KRUG, 1993).

SIM 61%

NÃO 39%

UTILIZAM RESFRIADOR A GRANEL

32

Gráfico 10- Percentagem de produtores que realizam vacinação

das terneiras contra brucelose na amostra no Município de Ubiretama-RS,

2013

Gráfico 11 – Percentagem de produtores que realizam vacinação

contra IBR / BVB / LEPTOSPIROSE na amostra no município de Ubiretama-

RS, 2013

Sim 98%

Não 2%

Realiza vacinação das terneiras contra brucelose

Sim 24%

Não 76%

Realiza vacinação contra IBR/BVD/LEPTOSPIROSE

33

Ao analisar os resultados da pesquisa, em relação entre a média de

produtividade e o valor pago pelo leite constatou-se que há uma relação

diretamente proporcional entre o valor médio pago por litro de leite aos

produtores e a produtividade média por propriedade. Assim, quanto maior a

produção da propriedade, melhor está sendo a sua remuneração pelo produto

final, se considerarmos o valor médio pago pelo litro de leite.

Essa informação pode ser visualizada no quadro 5, onde está ilustrado

que a Linha 23 de Julho (dados apresentados na coluna 3), apresenta a melhor

média de produção mensal, com 5.987 litros. Pode-se visualizar também, que o

valor do litro de leite pago para os produtores da Linha 23 de Julho também

apresenta o maior valor, ou seja R$ 0,81.

Vale destacar é que a Linha Natal (dados apresentados no quadro 5)

possui a menor média de litros produzidos, e também o menor valor pago aos

produtores R$ 0,71. Esse fenômeno pode ser explicado pela diferença de

quantidade de leite produzido por propriedade na linha Natal Sul e na linha 23

de Julho, já que o custo de frete e transporte do leite é fixo, logo, quanto mais

quantidade de litros o freteiro tiver para recolher, menor será o impacto desse

custo no preço final do leite. Portanto, como na linha Natal o frete é deslocado

para recolher uma quantidade menor de litros de leite, esse custo será maior

nas localidades com menos produção do que naquelas com uma produção

maior (no caso, na linha 23 de julho). Também foi observado maior uso de

tecnologias na linha 23 de julho (presença de resfiador a granel, ordenha

canalizada, prevenção de mastites), assim o leite produzido tende a ser de

melhor qualidade, com uma menor contagem de célula somática e uninade

formadora de colônia por mililitro. Porém necessita-se, de maiores estudos

para constituir-se em uma hipótese válida para o mercado como um todo.

Quadro 5 - Valor recebido pelo litro em Reais e produção média mensal

de leite em litros na amostra estudada, no município de Ubiretama- RS, 2013.

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Valor do

litro (R$)

0,78 0,80 0,81 0,73 0,73 0,78 0,71 0,74 0,74

Média

Mensal (l)

5.388 4.013 5.987 3.953 3.188 4.291 2.230 5.910 2.475

1 – Linha 08 de Agosto; 2 – Linha 15 de Novembro;3- Linha 23 de Julho;4- Linha Abrantes; 5- inha Acre; 6- Linha Pederneiras;7- Linha Natal;8-Linha Paranaguá;9- Linha Silva Jardim.

34

Dentre as propriedades pesquisadas, o valor recebido por litro de leite

variou de R$ 0,62 até R$ 0,90, sendo esse valor abaixo da média do nosso

estado, que é de R$0,87 (CEPEA, 2013), enquanto que a média de litros

produzidos por propriedade por mês variou de 200 litros até 15000 litros

mensais.

Observou-se que os valores apresentados nas localidades de

Ubiretama estão abaixo da média do estado do Rio Grande do Sul (R$ 0,87),

como os demais estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás, Bahia,

Santa Catarina, segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em

Economia Avançada (Cepea, 2013).

Ainda em relação ao valor pago pelo litro de leite ao produtor, é

importante destacar quais são as variáveis que influenciam o valor pago, e

talvez sugerir medidas práticas para que os produtores de Ubiretama possam

elevar os seus padrões, já que encontram-se abaixo na média do estado e do

Brasil.

Se considerarmos a média de vacas em lactação da amostra (10,02

vacas) e média de litros de leite por mês, divididos por 30 dias (4159 dividido

por 30) chegaremos a media de 13,83 litros. Salienta-se que essa média não

pode ser considerada a média do Município de Ubiretama, mas sim, a média

da amostra em questão.

Relativo à avaliação da viabilidade da implantação da Instrução

Normativa 62, após uma orientação sobre as exigências previstas à amostra foi

arguida de forma direta quanto a viabilidade de atender as regras estabelecias

e 92% (Gráfico 12) dos entrevistados respondeu que é incapaz de atender

suas exigências.

Uma das perguntas que finalizava a entrevista junto aos produtores,

era sobre a Instrução Normativa 62, que perguntava diretamente se os

produtores teriam condições de adaptar-se às exigências da mesma. A grande

maioria (92%) respondeu que não teria condições (Gráfico 12).

35

Gráfico 12 – Percentagem de produtores que responderam

positivamente a seguinte pergunta em Ubiretama-RS, 2013: “Sabendo das

exigências da Instrução Normativa 62/2011 você teria condições de cumpri-

las?”:

Através da pesquisa, constatou-se a dificuldade de enquadramento dos

produtores a Instrução Normativa 62/2011. Somente 8% dos produtores

entrevistados alegaram ter condições de cumprir as exigências de

enquadramento a mesma. Para que houvesse padronizações nas informações

e no conhecimento a instrução normativa, antes de realizar tal pergunta, era

repassado aos produtores somente três das exigências da mesma:

Sala de ordenha de alvenaria separada da sala de alimentação;

Ordenha canalizada;

O leite produzido na propriedade deveria ter no máximo 500 mil

células somáticas e 300 mil células bacterianas por ml, a partir 01 julho de

2014.

De fato, com essas três exigências, a grande maioria dos produtores

(92%) alegou não ter condições de cumpri-las, chegando alguns a declarar

uma possível troca de atividade produtiva.

Entre as dificuldades de enquadramento, foram citadas:

8%

92%

SIM NÃO

36

Grau atual endividamento do produtor rural e receio de realizar novas

dívidas;

Necessidade de grandes investimentos em equipamentos;

Dificuldade em produzir com a higiene necessária para enquadramento

a instrução normativa seja pela falta de conhecimentos de métodos

eficazes e muitas vezes por “desleixo cultural” dessas pessoas que

manipulam a ordenha e o leite;

Falta de interesse em obter novos desafios;

Idade avançada dos produtores, com seus filhos morando fora de suas

propriedades;

Revolta dos produtores em relação à exploração das empresas que

trabalham com o leite, principalmente após as fraudes ocorridas em

nossa região (adição de água e ureia ao leite) e a possível impunidade

aos causadores da fraude. Esse fato foi citado várias vezes, por

diferentes produtores ao longo das entrevistas.

Assim, além da fiscalização, o MAPA terá um grande desafio, que consiste na

formação, orientação, conscientização e subsídios financeiros aos produtores

sobre a importância de todos os requisitos da Instrução Normativa 62/2011.

Em paralelo a esse estudo, Clemente (2009), em estudo a pecuaristas

de leite no sul de Minas Gerais em relação à Instrução Normativa 51 (instrução

normativa antecessora a 62, a qual era mais exigente nos padrões de higiene

do leite produzido), considerou positiva essa instrução normativa para aqueles

produtores, trazendo melhorias os produtores leiteiros daquela região e a

maioria das propriedades pesquisadas (52,63%) mostraram viabilidade

financeira de investimento para adequação à Instrução Normativa 51,

considerando o tanque de expansão o item de maior impacto sobre o custo de

implantação para estrutura necessária para adequação da mesma.

Mesmo considerando alguns diferentes setores da cadeia produtiva do

leite, encontram-se posições diferenciadas quanto à eficácia e possibilidade de

os produtores conseguirem esse enquadramento. O Chefe Geral da Qualidade

do Leite da Embrapa, Duarte Vilela, ao ser questionado sobre a eficácia da

normativa, proferiu as seguintes palavras “Seria ótimo se bastassem leis para

criar uma realidade ideal. Não haveria crimes, exploração ou corrupção. Todos

os conflitos da sociedade se resolveriam com a redação de portarias,

37

instruções normativas, decretos... e o leite brasileiro passaria a ter qualidade de

primeiro mundo a partir de janeiro de 2012”. Essa ideia demonstra que além de

criar à normativa, e de fiscalizar os produtores, o MAPA e demais instituições

do setor, deverão investir em orientação, formação continuada e até mesmo

subsídios para os produtores rurais poderem conhecer a normativa, saber

como aplicá-la e também adquirir os equipamentos e realizar as devidas

alterações em suas propriedades.

38

8 .CONCLUSÃO

Através dos dados obtidos, conclui-se que:

A área total média em hectares da amostra é de 19,34, variando

de 1 a 200, enquanto que a área média voltada para pecuária em hectares é de

9,51, variando de 1 a 28;

O manejo sanitário das propriedades pesquisadas é insuficiente

para prevenção de doenças em que a vacinação não é obrigatória é suficiente

em relação a doenças em que a vacinação é obrigatória;

O valor médio recebido por unidade de litro de leite é de R$ 0,76,

variando de R$ 0,62 a R$0,90;

A maioria das pessoas das propriedades pesquisadas tem o

primeiro grau incompleto (43%) e somente 4 % tem curso superior;

A média de pessoas por propriedades da amostra é de 3, 51

pessoas, variando de 1 a 8 pessoas;

A média de vacas em lactação anual é de 10,02, variando de

somente 1 a 30 vacas;

A Litragem média anual da amostra é de 4159 litros, variando de

200 a 15000 litros.

Concluímos através da pesquisa que a Instrução Normativa 62 do

Ministério da Agricultura pode não ser viável para os produtores do município

de Ubiretama-RS, sem que haja uma flexibilização na Instrução Normativa 62

ou ainda linhas de créditos voltadas para adequação, já que 92% dos

produtores alegaram não ter condições de se enquadrar, e, portanto, teriam

que mudar de ramo na agricultura.

39

8. REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS

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40

FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: Anais da 45ª Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade internacional de Biometria. UFSCar, São Carlos, SP, Julho de 2000. pag.255-258. FONSECA, L. F. L.; SANTOS, M. V. Qualidade do Leite e Controle de Mastite. São Paulo: Lemos Editorial, 2000.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censos Agropecuários do Rio Grande do Sul – 1970, 1980, 1985, 1995. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. JARA, O. Como conhecer a Realidade para Transforma-la? 2012, disponível em: www.sintesedetrabalhos.com.br. Acesso em 20/06/2013. KRUG, E. E. B.; REDIN, O.; KODAMA, H. K; SCHLICHTING, H. A.; ZÁCHIA, F. A. Manual da produção leiteira. Porto Alegre: CCGL, 1993. MENEGHINI, R. Questões que afetam o preço do leite em empreendimentos leiteiros. Disponível em http://m.milkpoint.com.br/radar-tecnico/gerenciamento/questoes-que-afetam-o-preco-do-leite-e- empreendi mentos-leiteiros-72157n.aspx . Acesso em 15/06/2013.

MINIM, L. A. Influence of Temperature and Water and Fat Contents on the Thermophysical Properties of Milk. J. Chem. Eng.Data 47: 1488 – 1491, 2002.

PIRES, M. L. L. S. A (re)significação da extensão rural. O cooperativismo em debate. In: LIMA, Jorge R. T. (Org.). Extensão rural e desenvolvimento sustentável. Recife: Bagaço, 2003, 45-70. REHAGRO. UFC: Saiba como diminuir. Disponível em http://rehagro.com.br /plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=2286. Acesso em 20/06/2013. SILVA, R. Instrução Normativa n. 62: uma decisão consciente para o setor lácteo. In: Análises e Indicadores do Agronegócio, 2012. Disponível em (http://iea.contempory.com /scripts/bnportal/bnportal.exe/index#0). Acesso em 20/06/2013 SANTOS MV. Efeito da mastite sobre a qualidade do leite e derivados lácteos. In: Anais do 2º Congresso Pan-americano de Qualidade do Leite e Controle de Mastite. Ribeirão Preto: Instituto Fernando Costa, 2002. TRABULSI, L. Microbiologia. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2004. UFSC. Resfriamento de leite na propriedade rural. Material didático, 2013. Disponível em: http://www.enq.ufsc.br/disci/eqa5216/material_didatico/. Acesso em 07/06/2013.

41

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO QUANTITATIVO

Nome Propriedade: ........................................................................................................................

Localidade:......................................................................................................................................

Área da Propriedade em hectares:.............................................................................................. ...

Área voltada para a pecuária em hectares:.....................................................................................

Número de pessoas que dependem da propriedade:.....................................................................

Escolaridade mais alta dos moradores da propriedade: ( ) 1° grau incompleto ( ) 1° grau completo ( ) 2° grau completo ( ) 3° grau completo

Media de vacas em lactação anual:............................................................................................... Litragem mensal de leite, caso seja produtor:................................................................................. Valor em Reais recebido pelo litro do leite no ultimo mês:..............................................................

Realiza ordenha mecânica: ( ) sim ( ) não

Tem ordenha canalizada: ( ) sim ( ) não Tem resfriador a granel: ( ) sim ( ) não Realiza tratamento da vaca seca através de antibióticos; ( ) sim ( ) não Faz pré/pós deep: ( ) sim ( ) não Realiza vacinação das terneiras contra brucelose;( ) sim ( ) não Realiza vacinação contra IBR/BVD/LEPTOSPIROSE; ( ) sim ( ) não Realizou alguma vez teste diagnostico de brucelose/ tuberculose: ( ) sim ( ) não Houve algum caso positivo: ( ) sim ( ) não Usa na dieta dos seus animais sal mineral: ( ) sim ( ) não Observa o período de validade das borrachas das teteiras de sua ordenhadeira e realiza aferição da pressão da mesma: ( ) sim ( ) não Tem assistência técnica além da Emater e secretaria da agricultura: ( ) sim ( ) não Aduba suas terras de acordo com análise de solo: ( ) sim ( ) não Realiza inseminação artificial: ( ) sim ( ) não Concorda com a implantação dos vacinadores comunitários na vacinação contra aftosa: ( ) sim ( ) não Sabendo das exigências da Normativa 62 você teria condições de cumprir sem mudar de ramo na agricultura: ( ) sim ( ) não

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APÊNDICE B

TABULAÇÃO DOS DADOS

Nome Propriedade: *

Localidade:*

Área da Propriedade em hectares:* 19,34

Área voltada para a pecuária em hectares:* 9,61

Número de pessoas que dependem da propriedade:* 3,51

Escolaridade mais alta dos moradores da propriedade: * 64

1° grau incompleto 18

1° grau completo 61

2° grau completo

3º grau 5

Média de vacas em lactação anual:* 10,02

Litragem mensal de leite, caso seja produtor:*

4.159,32

Valor em Reais recebido pelo litro do leite no ultimo mês:* 0,76

Realiza ordenha mecânica:* 116 sim 15 não 131

Tem ordenha canalizada:* 9 sim 122 não 131

Tem resfriador a granel:* 80 sim 51 não 131

Realiza tratamento da vaca seca através de antibióticos:* 40 sim 91 não 131

Faz pré/pós deep:* 46 sim 85 não 131

Realiza vacinação das terneiras contra brucelose:* 145 sim 3 não 148

Realiza vacinação contra IBR/BVD/LEPTOSPIROSE:* 36 sim 112 não 148

Realizou alguma vez teste diagnostico de brucelose/ tuberculose:* 67 sim 81 não 148

Houve algum caso positivo:* 0 sim 67 não

Usa na dieta dos seus animais sal mineral: 119 sim 29 não 148

Observa o período de validade das borrachas das teteiras de sua ordenhadeira e realiza aferição da pressão da mesma:* 49 sim 82 82 não

Tem assistência técnica além da Emater e secretaria da agricultura:* 10 sim 138 não

Aduba suas terras de acordo com análise de solo: 37 sim 111 não

Realiza inseminação artificial: 93 sim 55 não

Concorda com a implantação dos vacinadores comunitários na vacinação contra aftosa: 124 sim 24 não

Sabendo das exigências da Normativa 62 você teria condições de cumpri-las sem mudar de ramo na agricultura:* 10 sim 121 não

*Questões utilizadas no presente trabalho

NOTA: DOS 148 ENTREVISTADOS, APENAS 131 SÃO PRODUTORES DE LEITE

43

Anexo

Preços médios pagos ao produtor por litro de leite nos estados de Minas

Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Bahia, Santa Catarina e

a média do Brasil:

Preços ao Produtor

Cepea - Valores nominais do leite - R$/Litro

MG RS SP PR GO BA SC Brasil

Maio/2013

1,0069

0,9075

0,9956

0,9599

1,0351

0,9301

0,9498

0,9854

Abr/2013

0,9716

0,8738

0,9574

0,9247

1,0201

0,9210

0,9137

0,9526

Mar/2013

0,9301

0,8477

0,9299

0,8929

0,9688

0,9062

0,8825

0,9162

Fev/2013

0,9050

0,8364

0,9035

0,8972

0,9223

0,8918

0,8772

0,8941

Jan/2013

0,8925

0,8254

0,9103

0,8839

0,9050

0,8274

0,8639

0,8829

Dez/2012

0,8992

0,8275

0,9261

0,8929

0,9282

0,8426

0,8725

0,8934

Nov/2012

0,9089

0,8312

0,9238

0,8745

0,9451

0,8809

0,8602

0,8952

Out /2012

0,8960

0,8210

0,9138

0,8618

0,9244

0,8719

0,8430

0,8808

Set/2012

0,8896

0,8147

0,9047

0,8450

0,8947

0,8586

0,8297

0,8692

Ago/2012

0,8719

0,8099

0,8884

0,8373

0,8628

0,8596

0,8137

0,8547

Jul/2012

0,8606

0,8190

0,8702

0,8331

0,8570

0,8627

0,7917

0,8478

Jun/2012

0,8679

0,8333

0,8738

0,8247

0,8723

0,8573

0,8028

0,8561

Mai/2012

0,8916

0,8519

0,8956

0,8347

0,9169

0,8475

0,8191

0,8742

Abr/2012

0,8828

0,8502

0,8874

0,8338

0,9122

0,7760

0,8218

0,8676

Mar/2012

0,8640

0,8427

0,8742

0,8304

0,8880

0,7624

0,8206

0,8581

Fev/2012

0,8388

0,8286

0,8681

0,8355

0,8480

0,7353

0,8338

0,8408

Jan/2012

0,8220

0,8083

0,8733

0,8385

0,8396

0,7408

0,8269

0,8316

Dez/2011

0,8400

0,8037

0,8969

0,8430

0,8565

0,7566

0,8435

0,8458

Nov/2011

0,8606

0,7665

0,9208

0,8594

0,8769

0,7431

0,8354

0,8542

Fonte: CEPEA, 2013