PIBIC-UFU, CNPq & FAPEMIG Universidade Federal de Uberlândia Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação DIRETORIA DE PESQUISA

POSSIBILIDADES E USO DOS RECURSOS DE INFORMÁTICA PARA A PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS

Tiago de Deus Silva1 Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Av. João Naves de Ávila, 2160 – Bloco 1H Campus Santa Mônica CEP 38408-100, Uberlândia/MG – Brasil tiagodedeussilva@yahoo.com.br

Antônio Marcos Machado de Oliveira2 taba@ig.ufu.br

Resumo: O objetivo desse trabalho é usar as técnicas de informática para a preparação e

produção de materiais didáticos cartográficos adequados às necessidades e aos interesses

específicos dos professores para suas atividades de ensino de Geografia nas séries iniciais.

Para atingir tal objetivo, primeiramente, pesquisou-se as possibilidades que os recursos de

informática, principalmente aqueles relacionados aos programas mais acessíveis, oferecem para a

produção de materiais didáticos cartográficos. Em seguida, foram levantados e reunidos os

materiais cartográficos, inclusive fotografias aéreas e imagens de satélite, sobre Uberlândia,

existentes em laboratórios e bibliotecas da UFU, bem como aqueles produzidos e disponibilizados

pela prefeitura municipal. Finalmente, as técnicas de informática foram empregadas para adaptar

e produzir materiais gráficos e cartográficos adequados para as finalidades didáticas e as

necessidades específicas apresentadas pelos professores para utilização em aula no

desenvolvimento das atividades de ensino abordando a localidade, isto é, o espaço local, seja o

município ou parte dele, como um distrito, a cidade, um setor da área urbana, o bairro onde se

localiza a escola ou seu entorno.

Palavras-chave: Informática, produção de materiais didáticos, cartografia, ensino de geografia.

1. INTRODUÇÃO

Com a necessidade de produção dos materiais didáticos para o trabalho docente, a pesquisa

realizada em busca de softwares e de uma documentação cartográfica passível de modificação, se apresenta como importante auxílio prestado à educação e ao uso da informática para tal propósito, levando até os professores novas formas de se trabalhar o espaço geográfico através de atividades diversificadas com materiais produzidos para a realidade abordada em sala e posteriormente aplicada na vida prática dos alunos.

O uso dos softwares simples e de fácil acesso (Word, Paint) deu base para o trabalho com softwares mais completos (CorelDRAW e Corel PHOTO-PAINT). O uso desses recursos facilita consideravelmente a produção dos materiais didáticos cartográficos utilizados para o ensino de Geografia. Isso permite ao professor uma maior autonomia em relação às escolhas dos materiais, não ficando assim, presos àqueles que chegam prontos e acabados, como por exemplo, os livros didáticos.

Para um trabalho de resultados positivos a pesquisa propôs a aplicação dos materiais produzidos em atividades em sala de aula junto aos professores, permitindo aos pesquisadores obterem mais informações em lócus das necessidades que surgem no trabalho docente a cada dia.

1 Acadêmico do curso de Geografia 2 Orientador

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2. ATIVIDADES DE ENSINO E MATERIAIS DIDÁTICOS PRODUZIDOS

As atividades foram elaboradas visando atender às necessidades apresentadas pelos professores quanto ao pouco conhecimento geográfico adquirido no período de formação dos mesmos, a falta de materiais didáticos cartográficos para se trabalhar o espaço local, a dificuldade de interpretar os dados e as imagens já propostas pelos livros didáticos, respeitando assim o conteúdo proposto pelas diretrizes curriculares municipais e em concordância com uma apostila, já utilizada pelos professores, contendo o conteúdo a ser trabalhado no quarto ano do ensino fundamental.

Cada atividade propôs um ponto diferente a ser trabalhado com os alunos acerca do espaço local, visando às relações do urbano e do rural dentro do município de Uberlândia.

2.1. 1° Atividade: O município

a) Introdução

Nessa atividade introduziu-se a noção de município, com divisões político-administrativos que demarcam o território, abrangendo em toda sua extensão, tanto zona urbana, quanto zona rural. Nesse sentido, aproveitou-se, também, para reforçar os conceitos de urbano e rural já trabalhados numa atividade precedente. b) Elaboração

A elaboração da atividade procurou atender o que de mais importante deveria ser retratado para representar o município e suas relações, na tentativa de fazer refletir sobre os fatores que compõem essa unidade territorial, como por exemplo, a administração da sede e das vilas dos distritos que compõem o município, sendo essa efetuada por um único prefeito.

A partir das reuniões realizadas foi possível estabelecer etapas a serem seguidas para a elaboração e aplicação da atividade, bem como dirimir dúvidas dos professores quanto ao uso do mapa em sala de aula, visando assim, um melhor rendimento do ensino-aprendizagem.

c) Preparação do material

Nessa atividade, utilizou-se do mapa do município de Uberlândia (figura 1) confeccionado a partir da base cartográfica do Atlas Escolar (BRITO & LIMA, 2007).

Fig. 1: Mapa do município de Uberlândia

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d) Aplicação No processo de aplicação da atividade em sala de aula, questões como quem administra

Uberlândia e qual é a área que cabe ao prefeito administrar colocam pontos importantes para discussão sobre o município e suas zonas urbana e rural.

Para ilustrar tais discussões o mapa se apresenta como ferramenta didática fundamental, possibilitando uma visualização maior, por parte dos alunos, do espaço que ocupa o município, suas divisas internas entre os distritos e com outros municípios, sendo estas divisas, ora por água, ora por terra, suas áreas urbanas, tanto do distrito sede, quanto das vilas dos outros distritos.

A partir das observações feitas através do mapa foi possível destacar as áreas urbanas e rurais que compõem o município, os nomes dos principais cursos d’água, dos distritos e dos municípios vizinhos ao de Uberlândia.

Como continuação da atividade, os alunos completaram a legenda do mapa, se familiarizando assim com a simbologia do mesmo, e tendo maior contato com o que se é representado e como se dão as escolhas desses detalhes de acordo com a necessidade. As cores a serem usadas também foram discutidas junto aos alunos para que não houvesse divergência na representação, sendo os fluxos d’água de azul, os limites por terra de marrom, a zona urbana de laranja e a zona rural de verde.

Após as explicações sobre a forma de representação do mapa e a confecção da legenda, os alunos concluíram o trabalho (Fig. 2).

Fig. 2: Mapa colorido por aluna do quarto ano do ensino fundamental representando área urbana e rural e os limites do município de Uberlândia por terra e água.

e) Discussão/avaliação

O uso do mapa para o ensino de Geografia se mostra fundamental para um aprendizado mais dinâmico e de fácil compreensão, levando o aluno a buscar interpretações que o levem a entender o que está representado possibilitando discussões acerca do conteúdo proposto.

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Com o uso das técnicas de informática para o auxílio ao trabalho docente, novos recursos diferenciados possibilitam uma maior interação do aluno com o conteúdo, o fazendo perceber novos mundos através da educação.

De acordo com Almeida (1991) ao levar o aluno a participar da construção, em partes, da legenda, possibilita-se a ele uma melhor compreensão na forma de organização dos símbolos, onde, apenas passando por tais dificuldades é que existe a possibilidade de desenvolvimento de seu raciocínio quanto à semiótica e a representação do espaço real.

Para o ensino da cartografia nas séries iniciais, o aluno deve se familiarizar aos poucos com a linguagem cartográfica, e assim, ir desenvolvendo aos poucos a capacidade de analisar as paisagens observadas e criar símbolos que a definam. De acordo com Castrogiovanni (2003, p.35), “A ação para que o aluno possa entender a linguagem cartográfica não está em colorir ou copiar contornos, mas em construir representações a partir do real próximo ou distante.” Sendo assim, o uso de mapas, possibilitam ao aluno uma observação direta de paisagens concretas que podem ser percebidas em seu dia-a-dia, o colocando em posição de crítico às relações que são percebidas fora da imagem, ou seja, no espaço real. O procedimento de uso de mapas para demonstrar a representação do real em imagens “menores” abre o contato do aluno com as linguagens cartográficas.

Para um desenvolvimento pleno em relação ao estudo das linguagens cartográficas:

As atividades devem levar o aluno a ter que buscar generalizações, criar classificações, estabelecer categorias, construir signos, selecionar informações, escolher uma escala. Somente com tais atividades ele terá oportunidade de interagir com o espaço que está sendo codificado, desenvolvendo seu raciocínio lógico-espacial. (Castrogiovanni, 2003, p.35)

Para Callai, 2005, a criança vai criando sua noção de espaço de acordo com sua vivência social, e com isso suas relações vão permitindo uma complexidade maior sobre o entendimento do seu espaço concreto.

Por isso, “O importante é poder trabalhar, no momento da alfabetização, com a capacidade de ler o espaço, com o saber ler a aparência das paisagens e desenvolver a capacidade de ler os significados que elas expressam.” (Callai, 2005, p.234), mas,

Sabemos, porém, que o professor de 1º grau pouco aprende em seu curso de formação que o habilite a desenvolver um programa destinado a levar o aluno a dominar conceitos espaciais e sua representação. Dessa forma, no curso de 1º grau, além de outras deficiências, o preparo do aluno quanto a domínio espacial é muito precário. (Almeida, 1991, p.11)

Contudo, a necessidade do uso da informática para manutenção de uma educação que vise atender não só as necessidades do professor, quanto a materiais didáticos, mas também, dos alunos, quanto ao conhecimento sobre o espaço, é inquestionável, onde, cada vez mais, surgem novos recursos para dar suporte a tal tarefa do cotidiano escolar, reforçando a idéia e a importância da informática para a produção de materiais didáticos.

Assim, a atividade elaborada se constitui com importante fator contribuinte para o desenvolvimento do aprendizado acerca do espaço, fazendo uso de técnicas simples oferecidas pela informática.

2.2. 2ª Atividade: Divisão político-administrativa do município de Uberlândia

a) Introdução

Nessa atividade, para dar continuidade ao estudo sobre o município, foram contempladas as noções de divisão político-administrativa. Dessa procurou-se reforçar a idéia de que Uberlândia, além de se constituir uma cidade, é também um município que contém área urbana e rural e que se divide em distritos.

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b) Elaboração A elaboração da atividade teve participação direta dos professores, por meio de reuniões

com os mesmos e com a coordenação da escola, onde suas idéias foram respeitadas e assim colocadas suas necessidades maiores, que nesse caso, se fixava em como ensinar sobre o município e suas dependências, analisando sua divisão político-administrativa.

A elaboração procurou desenvolver um estudo que ligasse o conteúdo trabalhado na atividade anterior, levando um nível de complexidade maior a ser discutido em sala de aula.

c) Preparação do material

O material produzido para essa atividade representou a interação do mapa anterior com a colocação de novas informações que atendessem às necessidades que a própria atividade exigia.

A produção resultou em um mapa com divisões do Município de Uberlândia em seus distritos, a apresentação das áreas urbanas de cada um e ainda suas respectivas nomenclaturas, possibilitando aos alunos maior contato com uma legenda mais complexa e explicativa, levando em consideração seu conhecimento adquirido sobre o processo de confecção e apresentação de uma legenda (Fig. 3).

Fig. 3: Mapa do município de Uberlândia em seus distritos com sua divisão político-

administrativa

d) Aplicação No processo de aplicação da atividade os alunos se mostraram mais familiarizados com o

mapa, fazendo observações quanto ao título, quanto à divisão dos distritos e seus limites e com as chamadas sedes dos distritos, as áreas urbanas.

A atividade propôs aos alunos que eles completassem a legenda com cores diferentes, visto que, devem representar, por meio das cores em seus mapas, a diferença entre os distritos. Com a legenda completa, os mapas foram então pintados (fig. 4).

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Mais uma vez a atividade levou ao aluno a compreensão de como se dá a construção de um mapa, colocando-os novamente como pensantes desse processo, e mais entendedores das informações cartográficas contidas nas representações.

Fig. 4: Resultado do trabalho realizado em sala de aula, pela aluna Fernanda Cabral.

e) Discussão/avaliação

Com as observações obtidas através da aplicação das atividades é possível destacar que, de acordo com Furlan (2002, s/p), “Estamos deixando para trás a época em que, na escola, somente se copiavam mapas, pela simples razão de copiá-los, não objetivando a análise das relações que ocorrem no espaço geográfico, ou mesmo não discutindo as intenções de quem produziu esses mapas.”

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Esse processo de evolução no ensino de Geografia apresenta resultados positivos na interação dos alunos com as linguagens cartográficas, pois a participação na construção do mapa possibilita maior desenvolvimento no entendimento do espaço, e no caso das séries iniciais, melhora a compreensão do espaço local estudado.

Para isso o pesquisador deve se inteirar e participar do dia-a-dia da docência vivendo e experimentando as dificuldades e os acertos no processo ensino-aprendizagem. Assim, de acordo com André (2003), o estudo da prática escolar deve não se apegar a um retrato do cotidiano, e sim, reconstruir o processo dessa prática.

Como possibilidade de interação e de participação no cotidiano do trabalho docente, para que seja possível observar acontecimentos particulares quanto à prática escolar em exercício, a pesquisa qualitativa se faz necessária.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A pesquisa apresentou importante contribuição, tanto para minha formação acadêmica,

quanto para a formação dos professores participantes da pesquisa, que ao terem contato com o trabalho tem a possibilidade de repassar as produções e as atividades para serem trabalhadas em outras escolas com outros professores.

Todo o trabalho realizado foi empregado em sala de aula, sendo observado seu respaldo na prática, facilitando dessa forma o ensino da cartografia para as séries iniciais, levando aos mais interessados no assunto, os alunos, um conhecimento maior acerca das linguagens cartográficas e suas diversas formas de interpretação e análise.

Diante do exposto, verifica-se a importância do uso de materiais didáticos cartográficos para o ensino de Geografia nas séries inicias, e demais séries, e a manutenção do uso da informática para auxiliar no processo de produção dos mesmos.

Com o desenvolvimento das técnicas de produção de materiais didáticos, espera-se que o professor possa, de acordo com suas potencialidades, produzir seu próprio material, sabendo que:

A condução da prática pedagógica requer do educador a disponibilidade de um espírito de vigilância permanente para superar dificuldades que surgem em situações vivenciadas pelos alunos e por ele mesmo. A inserção do uso do computador na educação escolar, além de trazer benefícios específicos, traz também dificuldades a serem superadas por todos aqueles que pretendem continuar no exercício de sua cidadania. (Pais, 2008, p. 43)

De acordo com Cox (2003, pp.55-56) “[...] a adoção dos recursos da informática na prática

de sala de aula pode provocar importantes mudanças no processo de educação [...]”.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, R. D. de; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1991. 90 p.

ANDRÈ, M. E. D. A de. Etnografia da prática escolar. Campinas, SP: Papirus, 2003. 130 p. BRITO J. L. S.; LIMA, E. de F. Atlas Escolar de Uberlândia. Uberlândia: Edufu, 2007. 71 p. v. 1. CALLAI, Helena Copetti. O estudo do município ou a geografia nas séries iniciais. In: CASTROGIOVANNI, A. C. et. al. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto Alegre: UFRGS /AGB, 2003, 199 p. CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos. O misterioso mundo que os mapas escondem. In: CASTROGIOVANNI, A. C. et. al. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto Alegre: UFRGS /AGB, 2003, 199 p.

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COX, K. K. Informática na educação escolar. Campinas, SP: Autores Associados, 2003. 124 p. FURLAN, S. A. A Geografia na sala de aula: a importância dos materiais didáticos. Disponível: <http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/mp/tetxt4.htm. Acessado em: 1 out.2008 PAIS, L. C. Educação escolar e as tecnologias da informática. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. 168 p.

POSSIBILITIES AND USE OF THE INFORMATIC'S RESOURCES FOR

THE PRODUCTION OF DIDATIC MATERIALS

Tiago de Deus Silva Geography's Institute, Federal University of Uberlandia, Av. João Naves de Ávila, 2160 - Bloc 1H Campus Santa Mônica CEP 38408-100, Uberlândia/MG – Brazil tiagodedeussilva@yahoo.com.br

Antônio Marcos Machado de Oliveira taba@ig.ufu.br

Abstract: The aim of this work is to use the techniques of informatic for the preparation and

production of educacional cartographic materials appropriate to the needs and specific interests of

the teachers for their activities of teaching Geography in the initial grades.

To achieve this goal, first was researched the possibilities that the informatics resources, especially

those related to the more accessible programs, provide for the production of didatic cartographic

materials. Then were collected and assembled the cartographic materials, including aerial

photographs and satellite images about Uberlândia existing in UFU’s laboratories and libraries, as

those produced and released by the municipality. Finally, the informatic techniques were used to

adapt and produce graphics and cartographic materials suitable for educacional purposes and the

special needs presented by teachers for classroom use in the development of the educational

activities addressing the locality, in other words, the local area, is the municipality or its part, as a

district, the city, a sector of the urban area, the neighborhood where the school is located or its

surroundings.

Keywords: Informatic, production of educacional materials, cartography, teaching of Geography.