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Um dos sete mais importantes princípios do Direito do Ambiente é o Principio do Poluidor Pagador. Este tem origem na Recomendação da OCDE de 26 de Maio de 1972 e refere que “o poluidor deve suportar as despesas da tomada de medidas de controlo da poluição decididas pelas autoridades públicas para assegurar que o meio ambiente se mantenha num estado aceitável”. De acordo com o artigo 174º/2 do Tratado da União Europeia, a Comunidade deve prosseguir os seus objectivos ambientais, tendo em conta o principio indicado. A nível interno, é imposto pela Constituiçao da Republica Portuguesa que o estado assegure a compatibilidade entre a politica fiscal e o desenvolvimento ambiental, com a devida qualidade de vida. O princípio do Poluidor Pagador é visto como a matriz da responsabilidade ambiental e visa responsabilizar o agente económico pelos danos causados à comunidade, resultantes do exercício de uma actividade poluente.

POST- Principio Do Poluidor Pagador

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Um dos sete mais importantes princípios do Direito do Ambiente

é o Principio do Poluidor Pagador. Este tem origem na

Recomendação da OCDE de 26 de Maio de 1972 e refere que “o

poluidor deve suportar as despesas da tomada de medidas de

controlo da poluição decididas pelas autoridades públicas para

assegurar que o meio ambiente se mantenha num estado

aceitável”.

De acordo com o artigo 174º/2 do Tratado da União Europeia, a

Comunidade deve prosseguir os seus objectivos ambientais, tendo

em conta o principio indicado.

A nível interno, é imposto pela Constituiçao da Republica

Portuguesa que o estado assegure a compatibilidade entre a

politica fiscal e o desenvolvimento ambiental, com a devida

qualidade de vida.

O princípio do Poluidor Pagador é visto como a matriz da

responsabilidade ambiental e visa responsabilizar o agente

económico pelos danos causados à comunidade, resultantes do

exercício de uma actividade poluente.

O grande objectivo do principio do poluidor pagador não é

apenas compensar as ofensas ao ambiente, mas também fazer

com que os agentes económicos minimizem os riscos inerentes às

suas actividades poluentes. Esta ideia é retirada directamente da

Directiva 2004/35 de 21 de Abril de 2004, onde refere que “o

princípio fundamental da presente directiva deve portanto ser o da

responsabilização financeira do operador, cuja actividade tenha

causado danos ambientais ou a ameaça iminente de tais danos, a

fim de induzir os operadores a tomarem medidas e a

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desenvolverem práticas por forma a reduzir os riscos de danos

ambientais”

Segundo a Professora Maria Alexandra Aragão, o objectivo do

Princípio Poluidor Pagador é o de fazer os poluidores pagar, em

conformidade com regras de justiça e eficácia e evitando distorções

de mercado. É a internalização de custos que está subjacente, pois

sabe-se que as funções de prevenção e reparação poderem ser

levadas a cabo pelo Estado, prefere-se que seja o agente poluidor a

fazê-lo, só sendo a entidade competente chamada quando o

infractor não conseguir suportar os seus custos, marcando-se aqui

o último recurso. Diga-se que o dever de prevenção e reparação

surge a título imediato, não necessitando de ser exigido, nasce por

si, após a consumação da infracção.

A Recomendação do Conselho 75/436 de 3 de Março refere que o

poluidor é aquele que degrada directa ou indirectamente o

ambiente, ou cria condições que conduzam à sua degradação.

A nível nacional o poluidor é o operador de uma actividade

ocupacional. O conceito “actividade ocupacional” enquadra-se no

âmbito de uma actividade económica.

Relativamente ao valor que o poluidor deve pagar, este recai sobre

as medidas necessárias para evitar a poluição ou reduzi-la, a fim de

respeitar as normas.

O Poluidor concretiza a denominação do princípio ao pagar de uma

das seguintes formas: ou suportando os custos das medidas que

adopte para reparar os danos ou evitá-los, caso seja essa a

situação; suportando os custos das medidas tomadas, não por ele,

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mas por Estado ou terceiro; ou suportando as garantias financeiras

constituídas para reforço da responsabilidade ambiental., podendo

como outra opção, pagar a taxa de 1% sobre cada garantia

financeira dada para reforço da responsabilidade ambiental.

Como exemplo da aplicação do princípio, temos o artigo 24º nº1 c)

da Lei de Bases do Ambiente, que nos fala de resíduos e efluentes.

O artigo 6º do DL 293/97 de 9 de Setembro diz que “custos de

gestão dos resíduos serão suportados pelo respectivo produtor”.

Esta norma afirma que a colocação de resíduos em aterros dá-se

por força do pagamento de uma taxa, numa vertente de suportar os

custos por essa actividade, bem como estimular a sua redução.