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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
HELBER RODRIGUES DE ARAUJO
POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO
COM CAPIM MARANDU EM SUBSTITUIÇÃO A
ADUBAÇÃO NITROGENADA
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Sergipe como parte das exigências para obtenção do
título de Mestre em Zootecnia.
Orientador: Profº DSc. Jailson Lara Fagundes
Coorientador: DSc. José Henrique de Albuquerque Rangel
SÃO CRISTÓVÃO - SE
2014
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Araujo, Helber Rodrigues de A663p Potencial da gliciridia em consorciação com Capim
marandu em substituição a adubação nitrogenada / Helber Rodrigues de Araujo ; orientador Jailson Lara Fagundes. – São Cristóvão, 2014. 76 f. : il.
Dissertação (mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Sergipe, 2014.
O 1. Zootecnia. 2. Leguminosas arbóreas. 3. Forragem –
Produção. 4. Gliricídia sepium. 5. Capim maradu –
Consórcio. I. Fagundes, Jailson Lara, orient. II. Título CDU 633.3:582.736.3
HELBER RODRIGUES DE ARAUJO
POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO
COM CAPIM MARANDU EM SUBSTITUIÇÃO A
ADUBAÇÃO NITROGENADA
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Sergipe como parte das exigências para obtenção do
título de Mestre em Zootecnia.
APROVADA em 27 de junho de 2014.
___________________________ ___________________________
Prof. DSc. Alfredo Acosta Backes (UFS) Prof. DSc. Nailson Lima Santos Lemos
__________________________________________
DSc. José Henrique de Albuquerque Rangel (Coorientador - EMBRAPA)
__________________________________________
Profº DSc. Jailson Lara Fagundes (Orientador - UFS)
SÃO CRISTÓVÃO - SE
2014
Dedico,
A Dr. José Henrique de Albuquerque Rangel, Dr. Evandro Neves Muniz, Dr. Jailson Lara
Fagundes, Railton Santos, Daniel de Oliveira, Filipe Latta, Edivilson Silva Castro Filho, José
Adelson Santana Neto, João Paulo Nascimento Costa e a todos os trabalhadores do Campo
Experimental Jorge do Prado Sobral, pelo apoio, contribuição e por sempre acreditarem no meu
trabalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço muito a Dr. José Henrique de Albuquerque Rangel e ao Prof. Dr.
Jailson Lara Fagundes pela orientação, conselhos, críticas e pela amizade, os senhores
foram essenciais no meu crescimento profissional.
À Railton, Daniel, Filipe, Edivilson, João Paulo, Adelson, agradeço por todos os
momentos em que foi compartilhado conhecimentos, seriedade, alegrias, muito
obrigado pela amizade de todos.
À Universidade Federal de Sergipe e a todos que compõe o Programa de Pós
Graduação em Zootecnia – PROZOOTEC, por toda assistência no decorrer do curso.
Agradeço o apoio dado pela minha mãe Fátima que sempre está ao lado dos filhos
e que sempre nos ensinou a ter caráter e perseverança.
À minha noiva Karina pela paciência, apoio e por sempre estar me incentivando a
fazer sempre o melhor e que, sem dúvida, contribuiu para minha formação como
Engenheiro Agrônomo e agora como Mestre em Zootecnia. Muito obrigado.
À todos que contribuíram, de forma direta ou indireta, para conclusão do curso.
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................. i
ABSTRACT............................................................................................................. ii
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................ 3
2.1.Espécie Forrageira: Brachiaria brizantha cv. Marandu ................................... 3
2.2.Fertilização nitrogenada..................................................................................... 4
2.3.Leguminosas....................................................................................................... 6
3. REFERÊNCIAS................................................................................................... 11
ARTIGO 1 - Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em
substituição a adubação nitrogenada no período chuvoso...................................
18
ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em
substituição ao efeito residual da adubação nitrogenada no período seco..........
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 47
ANEXOS................................................................................................................. 49
LISTA DE FIGURAS
ARTIGO 1 - Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em
substituição a adubação nitrogenada no período chuvoso
FIGURA 1 - Disponibilidade de matéria seca de folhas, colmos e matéria seca total
do capim marandu com fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia...........
23
FIGURA 2 - Percentual morfológico (folhas, colmo e material morto) de capim
marandu com fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia...........................
25
FIGURA 3 - Teor de proteína bruta de folha e colmo do capim marandu com
fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia.................................................
26
FIGURA 4 - Taxa de Lotação em pastos de capim marandu com fertilização
nitrogenada ou consorciado com gliricidia em diferentes anos de avaliação.................
27
FIGURA 5 - Ganho de peso individual em pastos de capim marandu com
fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia..................................................
28
FIGURA 6 - Ganho de peso por área em pastos de capim marandu com fertilização
nitrogenada ou consorciado com gliricidia.....................................................................
28
ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em
substituição ao efeito residual da adubação nitrogenada no período seco
FIGURA 1 - Disponibilidade de matéria seca de folhas, colmo, disponibilidade de
materia seca total e disponibilidade de materia seca do material morto de capim
marandu com fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia..........................
39
FIGURA 2 - Taxa de Lotação em capim marandu com fertilização nitrogenada ou
consorciado com gliricidia..............................................................................................
42
FIGURA 3 - Ganho de peso individual em capim marandu com fertilização
nitrogenada ou consorciado com gliricidia.
42
FIGURA 4 - Ganho de peso por área em capim marandu com fertilização
nitrogenada ou consorciado com gliricidia...............................................................
43
ANEXOS
FIGURA 1 - Brachiaria brizantha cv. Marandu sem fertilização nitrogenada.. 49
FIGURA 2 - Brachiaria brizantha cv. Marnadu consociada com Gliricida
sepium sem fertilização nitrogenada...................................................................
49
FIGURA 3 - Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com
80 kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia...........................................................
50
FIGURA 4 - Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com
160 kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.........................................................
50
FIGURA 5 - Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com
240 kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.........................................................
51
FIGURA 6 - Bovinos com peso vivo inicial em torno de 150 kg....................... 51
FIGURA 7 - Pesagem individual dos bovinos após o ciclo de 28 dias............... 52
FIGURA 8 - Consumo da Gliricida sepium no consórcio com a Brachiaria
brizantha cv. Marandu.........................................................................................
52
FIGURA 9 - Pós pastejo no consórcio de Brachiaria brizantha cv. Marnadu
com Gliricida sepium..........................................................................................
53
LISTA DE TABELAS
ARTIGO 1 - Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em
substituição a adubação nitrogenada no período chuvoso
TABELA 1 - Precipitações pluviométricas mensais da estação chuvosa dos anos de
2008 a 2011 em Nossa Senhora das Dores, SE, Brasil...................................................
21
TABELA 2 - Disponibilidade de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de folhas
+ ramos finos da Gliricidia no período chuvoso dos quatro anos
experimentais..................................................................................................................
27
ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em
substituição ao efeito residual da adubação nitrogenada no período seco
TABELA 1 - Precipitações pluviométricas mensais da estação chuvosa dos anos de
2008 a 2011 em Nossa Senhora das Dores, SE, Brasil...................................................
36
TABELA 2 - Disponibilidade de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de folhas
+ ramos finos da Gliricidia no período seco dos três anos
experimentais..................................................................................................................
42
i
RESUMO
ARAUJO, Helber Rodrigues. Potencial do gliricidia em consorciação com capim
marandu em substituição de adubação nitrogenada. Sergipe: UFS, 2014, p.52,
(Dissertação - Mestrado em Zootecnia)
RESUMO: O experimento foi desenvolvido objetivando avaliar a disponibilidade de
forragem e o ganho de peso em pastagem de Capim Marandu (Brachiaria brizantha
(Hochst. ex. A. Rich.) Webster cv. Marandu) adubada com nitrogênio ou consorciado
com Gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.), Kunth, Walp). Este experimento foi
conduzido no Campo Experimental Jorge do Prado Sobral, pertencente a Embrapa
Tabuleiros Costeiros, em Nossa Senhora das Dores - SE, durante o período chuvoso
(maio a outubro) e de restrições hídricas, período da seca, (novembro a abril) nos anos
de 2008 a 2011. Os tratamentos constituíram-se de quatro doses de nitrogênio (0, 80,
160 e 240 kg/ha/ano) aplicados em pastos de capim Marandu e do uso do consórcio
Gliricidia com Capim Marandu (0 kg/ha/ano de N), disposto em um delineamento
experimental de blocos casualizados com seis repetições. Os pastos de Marandu foram
manejados em sistema de lotação intermitente, em pastejo rotativo, com sete dias de
ocupação e 35 dias de descanso no período das chuvas e sete dias de ocupação e 49 dias
de descanso no período da seca. Durante o período das chuvas e da seca os tratamentos
adubados com nitrogênio proporcionam aumento na disponibilidade de matéria seca
total, folha, colmo com efeito positivo na taxa de lotação, ganho de peso individual e
ganho de peso por área dos bovinos. Constatou-se, também, que no período das chuvas
ocorreu um aumento dos percentuais de folha e colmo, redução do percentual de
material morto e aumento da proteína bruta de folha e colmo. Enquanto que no período
seco notou-se um incremento na disponibilidade de biomassa de material morto efeito
este decorrente do déficit hídrico do período. No período das chuvas consórcio entre o
capim-marandu e a Gliricidia mostrou eficiência semelhante ou superior as maiores
doses de nitrogênio para incrementar do percentual de folha, proteína bruta e ganho de
peso por área dos bovinos. Enquanto que no período seco o consórcio entre o capim
Marandu e a Gliricidia mostrou eficiência semelhante ou superior as maiores doses de
nitrogênio para incrementar a disponibilidade de folha, ganho de peso individual, taxa
de lotação e ganho de peso por área dos bovinos.
Palavras chaves: consórcio, ganho de peso, leguminosa arbóreas, produção de forragem
ii
ABSTRACT
ARAUJO, Helber Rodrigues. Potential of gliricidia intercropped with palisade grass
in place of nitrogen fertilization. Sergipe: UFS, 2014, p.52, (Dissertation - Master in
Zootechny)
ABSTRACT: The experiment was conducted to evaluate the availability of forage and
weight gain in grazing Marandu Grass (Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich.)
Webster cv. Marandu) fertilized with nitrogen in the absence and presence of Gliricidia
(Gliricidia sepium (Jacq ) Kunth , Walp), conducted in the Experimental Jorge Prado
Sobral , belonging to Embrapa Tabuleiros Costeiros, in Nossa Senhora das Dores - SE,
during the rainy season (May to October) and of water restrictions, dry period
(November to April) in the years 2008 to 2011. The treatments had consisted of four
doses of nitrogen (0, 80, 160 and 240 kg/ha.year) applied in grass pastures Marandu and
consortium use Gliricidia with Marandu Grass (0 kg/ha.year of N), wrapped in an
experimental design of randomized blocks with six repetitions. The Marandu pastures
were grazed in intermittent stocking system, in Rotary, grazing with seven days of
occupation and 35 days of rest in the rainy season and seven days of occupation and 49
days of rest in the dry period. During the rainy season and drought treatments
composted with nitrogen provide increased availability of total dry matter, leaf, culm in
effect positive in stocking rate, individual weight gain and weight gain per area of cattle.
It was noted also that in the rainy season there was an increase in the percentage of leaf
and culm, reducing the percentage of dead material and increasing crude protein of leaf
and culm. While in the dry season it was noted an increase in the availability of biomass
of dead material effect this hydric deficit arising from the period. In the rainy season
between the Consortium marandu grass and Gliricidia showed similar or higher
efficiency the largest doses of nitrogen to increase the percentage of leaf, crude protein
and weight gain per area of cattle. While in the dry season the consortium between grass
Marandu and Gliricidia showed similar or higher efficiency the largest doses of nitrogen
to increase the availability of individual sheet, weight gain, and stocking rate weight
gain per area of cattle.
Key words: consortium, forage production, tree legume, weight gain
1
1. INTRODUÇÃO
Os sistemas de produção de bovinos no Brasil são, em sua maioria, baseados no
uso de pastagens cultivadas com as espécies de forrageiras do gênero Brachiaria, sendo
essas as mais utilizadas para a formação de pastagens em grande extensões do território
nacional. Todavia, por motivos de manejo inadequado, solos com baixa fertilidade e
períodos irregulares de chuvas, as áreas de pastagem apresentam em sua maioria algum
tipo de degradação.
Entre as tecnologias capazes de incrementar a competitividade dos sistemas
pecuários, voltados à produção de carne ou leite em pasto, despontam aquelas que
propiciem o aumento da produção por unidade de área através da elevação da qualidade
e da capacidade de suporte das pastagens. O uso racional tanto de corretivos como de
fertilizantes, sejam eles de origem mineral ou orgânica, revela-se como tecnologia capaz
de alavancar a produtividade desses sistemas.
Apesar de comprovada eficiência em repor os minerais ao solo e garantir a
produtividade do sistema pecuário, o uso de fertilizantes por parte dos pecuaristas é
muito limitado, tendo em vista os altos preços do insumo além dos custos com
transporte, armazenamento, aplicação.
Dos minerais, o nitrogênio é o que promove as maiores respostas em produção e
manutenção da forragem, sendo o seu efeito principal o aumento da produção de
matéria seca, a qual reflete diretamente no aumento da lotação sem, no entanto, ocorrer
alteração da pressão de pastejo. Todavia, apesar da comprovada eficiência agronômica
da fertilização com nitrogênio, no Nordeste a correção da fertilidade dos solos através
da aplicação de fertilizantes químicos de uma maneira generalizada é uma prática muito
cara e pouco praticada pelos produtores, sobretudo aqueles caracterizados como de base
familiar.
Alternativas ao uso de fertilizantes químicos nitrogenados como o cultivo de
leguminosas forrageiras, em consonância com a capacidade de fixação biológica do
nitrogênio atmosférico e contribuição na dieta animal, tornam-se essenciais no
incremento à produtividade e sustentabilidade do sistema de produção.
Leguminosas perenes, de porte arbóreo ou arbustivo, em sistemas consorciados
com gramíneas, têm sido apontadas como forma eficiente de aumentar a rentabilidade e
sustentabilidade desses sistemas a um custo baixo. A integração de plantas forrageiras
com espécies arbóreas em consórcio promove aumento da produção e da qualidade da
2
forragem, aumento da produção animal e da fertilidade do solo , além de melhorar o
conforto térmico para o animal.
O potencial positivo do consórcio de leguminosas arbóreas com gramíneas
forrageiras em sistema de produção tem sido pouco estudado nas condições do Nordeste
Brasileiro. Dentre as leguminosas arbóreas com comprovada eficiência a Gliricidia
(Gliricidia sepium (Jacq.), Kunth, Walp) vem despertando grande interesse de
pesquisadores, técnicos e pecuaristas. Nesse sentido, a consorciação do Capim Marandu
com a Gliricidia surge como uma alternativa viável para substituição do N mineral.
Objetivou-se com este estudo avaliar as características produtivas da pastagem e o
desempenho de novilhos anelorados mantidos em um sistema consorciado de
Brachiaria brizantha cv marandu com Gliricidia sepium ou em monocultura dessa
gramínea fertilizada com níveis crescentes de nitrogênio.
3
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Espécie Forrageira: Brachiaria brizantha cv. Marandu
O gênero Brachiaria ocupa cada vez mais espaço nas pastagens brasileiras, mas,
apesar do potencial desse gênero, seu uso nos sistemas de produção de bovinos continua
sendo extensivo, com inadequado manejo da pastagem e do solo, acarretando em algum
estágio de degradação. Consequentemente, a produtividade, qualidade e
sustentabilidade dessas espécies e/ou cultivares do gênero Brachiaria tendem a ser
aquém do real (ASSIS et al., 2003; BENETT et al., 2008; ALEXANDRINO et al.,
2010).
De acordo com Valle et al. (2010) e Valle et al. (2012) este gênero inclui cerca de
100 espécies, principalmente tropicais e subtropicais originadas da África. Destas, com
utilização forrageira, destacam-se B. brizantha, B. decumbens, B. dictyoneura, B.
humidicola, B. mutica e B. ruziziensis, das quais, segundo Valle et al. (2012) o Capim
Marandu foi a forrageira mais produtiva em 20 anos, ocupando em torno de 40% das
pastagens no Brasil. É também uma das mais utilizadas como forrageira e/ou pesquisa
científica no Brasil (BRAGA et al., 2007; DIFANTE et al., 2008; CAMINHA et al.,
2010). Também conhecido como capim Marandu, braquiarão ou brizantão, descende de
acessos provenientes da Estação Experimental de Pastagens no Zimbábue - África,
sendo introduzido em Ibirarema – SP no ano de 1967, o qual passou a integrar a coleção
de forrageiras do Instituto de Pesquisas IRI em Matão-SP posteriormente repassado a
Embrapa Cerrados, Embrapa Gado de Corte, Embrapa Amazônia Ocidental e ao Centro
Internacional de Agricultura Tropical - CIAT (VALLE et al., 2010). Seu lançamento, no
Brasil, ocorreu em 1984 pela Embrapa Gado de Corte e Embrapa Cerrados (CIAT,1996;
VALLE et al., 2010; VALLE et al., 2012).
O capim Marandu é cespitoso, robusto, podendo alcançar entre 1,5 a 2,5m de
altura. Possui intenso perfilhamento nos nós superiores do colmo, lâminas largas e
longas, tolerante a cigarrinha, alta resposta à aplicação de fertilizantes, cobertura do solo
com domínio sobre invasoras (VALLE et al., 2012). Esta gramínea produz forragem de
boa aceitabilidade, entretanto, não tolera solos mal drenados. Em pastagens mistas, esta
cultivar parece exercer um efeito alelopático sobre várias espécies de leguminosas
(CIAT, 1996).
4
Experimentos com gramíneas do capim-marandu evidenciam o efeito positivo ao
nitrogênio, este mineral confere efeito positivo no número de perfilhos, nas taxas de
alongamento, aparecimento foliar e no comprimento final das lâminas foliares, números
de folhas vivas (CECATO et al., 2000; ALEXANDRINO et al., 2003; SANTOS JR et
al., 2004; ALEXANDRINO et al., 2005; CAMINHA et al., 2010).
Apesar de vários estudos acerca de resposta a adubação para adequações nas
práticas de manejo dessa planta, ainda existe carência de conhecimento sobre seus
padrões do desempenho no consórcio com leguminosas arbóreas. Segundo Andrade et
al. (2004) e Paciullo et al. (2012) o capim Marandu possui tolerância ao sombreamento
moderado sendo potencialmente adequada para utilização com espécies arbóreas.
2.2. Fertilização nitrogenada
Devido ao fato da maioria dos solos não atenderem as necessidades nutricionais
em quantidades adequadas para o pleno crescimento das plantas forrageiras, se faz
necessário o uso da adubação. Nos solos tropicais a baixa disponibilidade de
macronutrientes, aliado às altas quantidades exigidas dos mesmos pelas plantas, os
tornam dependentes de adição ou maior disponibilização nos sistemas de produção
(FAGUNDES et al., 2006).
A adubação nitrogenada é fundamental para o aumento da produção de biomassa.
Muitos pesquisadores reportam aumento da produtividade de biomassa mediante a
utilização de adubação nitrogenada (PACIULLO et al., 1998; GARCEZ NETO et al.,
2002). No entanto, o manejo, a dose recomendada e a fonte de nitrogênio a ser utilizada
têm grande importância no sucesso do investimento da adubação nitrogenada (RESTLE
et al., 2000).
Considerando o elevado volume de fertilizantes nitrogenados usados no país,
diferenças na sua resposta frente ao seu custo podem representar valores significativos
na economia do país (RESTLE et al., 2000).De acordo com Santos et al. (2008) e
Paulino et al. (2009) na maioria dos solos tropicais, a deficiência de nitrogênio limita a
produção das culturas, tornando-as dependentes de adubações com fontes nitrogenadas,
seja ela sintética, orgânica ou como adubo verde.
De acordo com Gimenes et al. (2011) a adubação em conjunto com outras praticas
de manejo, exerce papel essencial no estabelecimento e manutenção das espécies
forrageiras. Estas práticas favorecem o aumento da produção de massa seca e do valor
5
nutricional das forrageiras, aumenta a capacidade de suporte dos pastos e
consequentemente eleva a capacidade de produção animal.
Em função de estar diretamente ligado ao crescimento vegetal e ao perfilhamento
das plantas, o nitrogênio é considerado um dos nutrientes mais importantes no aumento
da produtividade dos pastos, tornando a fertilização nitrogenada um fator fundamental
para a utilização de práticas modernas de manejo de pastagens (PACIULLO et al.,
1998; FAGUNDES et al., 2007; MAGALHÃES et al., 2007; ANDRADE et al., 2009;
BRAMBILHA et al., 2012).
Vários autores estudaram a influencia do nitrogênio para o número de perfilhos,
produção de massa seca das lâminas foliares e dos colmos (ALEXANDRINO et al.,
2004; BOMFIM-SILVA e MONTEIRO 2006; MAGALHÃES et al., 2007; CABRAL et
al., 2012), estímulo ao desenvolvimento dos primórdios foliares, aumento do número de
folhas vivas por perfilho, diminuição do intervalo de tempo para aparecimento de
folhas, redução da senescência foliar (PACIULLO et al., 1998; SILVA et al., 2009;
GARCEZ NETO et al., 2012) e morfogênese das gramíneas (ALEXANDRINO et al.,
2004; BRAZ et al., 2011; CABRAL et al., 2012; MACHADO et al., 2013)
Estudos com capim Marandu como o de Alexandrino et al. (2003) onde avaliaram
a produção de MS e o vigor de rebrotação com cinco doses de N (0, 45, 90, 180, 360
mg/dm3) e frequências de corte mostraram que além do efeito direto da adubação, o
nitrogênio promove maior ativação das gemas auxiliares aéreas promovendo maior
vigor de rebrotação.
Alexandrino et al. (2004) estudaram as características morfogênicas e estruturais
na rebrotação da capim Marandu submetida a três doses de nitrogênio (0, 20 e 40
mg/dm3/semana) e verificaram que a adubação nitrogenada favoreceu a taxa de
aparecimento foliar, comprimento médio da folha, número de folhas vivas por perfilho,
peso médio do perfilho e maior período de rebrotação.
Santos et al. (2008), estudando a produção e composição química de capim
Marandu e Brachiaria decumbens cv. brasilisk com cinco adubações (sem adubo, N, P,
NP e NK), verificaram incremento de 110% para a produção de massa verde (MV)
cultivares analisados, quando adubados com nitrogênio.
Utilizando capim Marandu e Brachiaria. decumbens cv. brasilisk, Silva et al.
(2009) avaliaram as características morfogênicas e estruturais em pastos adubados com
quatro diferentes doses de nitrogênio (0, 75, 150 ou 225 mg/dm3) onde o N favoreceu
maior taxa de alongamento foliar, filocrono e a duração de vida da folha no capim
6
Marandu, respondendo de forma positiva para a maioria das variáveis analisadas, ate
190 mg/dm3 de N.
Avaliando metas de manejo para capim Marandu submetido à pastejo rotativo e a
doses de nitrogênio, Gimenes et al. (2011) observaram aumentos na percentagem de
folhas na massa de forragem pós-pastejo, nas taxas de acúmulo de forragem, na taxa de
lotação e no ganho de peso por área.
As adubações são normalmente de custo elevado, em especial a adubação
nitrogenada, seja de formação ou manutenção. Desta forma, o uso de leguminosas
forrageiras pode ser considerado uma alternativa viável de administração desse nutriente
em particular.
2.3. Leguminosas
As leguminosas favorecem o sistema pela sua associação com bactérias do gênero
Rhyzobium que fixam nitrogênio do ar e repassam à leguminosa, independentemente da
solução do solo. Como resultado, elas transferem o nitrogênio fixado pelas bactérias
para as plantas vizinhas, pelo aporte ao solo de matéria orgânica rica, proveniente da
deposição natural de suas folhas, flores, galhos, cascas e raízes.
Sistemas compostos pelo consórcio entre espécies de leguminosas arbóreas e
gramíneas forrageiras apresentam aumento na eficiência do uso da terra (KARIN e
SAVILL, 1991). O sistema pode ser estabelecido de formas variadas com o plantio
simultâneo da leguminosa e a gramínea, a introdução das leguminosas em pastagens
existentes e plantio de gramíneas em áreas com leguminosas arbóreas (CARVALHO et
al., 1995).
Quando se utiliza leguminosas arbóreas como componente florestal vários autores
relatam efeitos benéficos ao sistema como melhoria do microclima no interior do
sistema (LIN et al., 2001; DULORMNE et al., 2004; DIAS et al., 2008), dieta
equilibrada com a leguminosa como fonte de proteína e gramínea como fonte energética
Dulormne et al. (2003), qualidade e a persistência das gramíneas forrageiras, aumento
da biodiversidade (DIAS et al., 2008), aumento do C orgânico no solo (DIAS et al.,
2008; BARRETO et al., 2012) aumento no teor de N no solo, principalmente associado
à reciclagem de nitrogênio fixado biologicamente, via serapilheira e ou excreta animal
(BARRETO et al., 2012).
7
A utilização de leguminosas arbóreas proporcionam aumento da biodiversidade,
pela deposição da serrapilheira o que contribui com diminuição da relação C/N sob a
sua copa. Este fato aumenta a disponibilidade de N e fonte de energia o que tende a
aumentar o número de espécies e indivíduos por espécie. Este efeito favorece na maior
mineralização da matéria orgânica no solo (DIAS et al., 2006).
Dentre as leguminosas arbóreas que possuem diversas formas de utilização, como
produção de lenha, madeira, forragem, cerca viva, suporte para cultivos, atuando
também na melhoria das condições físicas e biológicas do solo, promovendo a
reciclagem de nutrientes, deposição de matéria orgânica de rápida decomposição e
fixação biológica de nitrogênio, adaptabilidade às condições edafoclimáticas, qualidade
nutricional de suas folhas, tem merecido destaque a Gliricídia sepium (BENNEKER e
VARGAS, 1994; SEIJAS et al., 1994; NYGREN, 2000)
A G. sepium (Jacq.) Kunth, Walp possui origem no México, América Central e
Norte da América do Sul, pertencente a família Faboideae, é considerada uma arbórea
de porte médio podendo atingir altura de 10 a 12 metros e diâmetro de até 50 cm.
Apresenta-se sempre verde e com crescimento rápido, sem espinhos, com enraizamento
profundo, tolerante a seca, propagação de maneira sexuada por sementes ou assexuada
por estaquia, sendo de fácil estabelecimento. Entretanto, apresenta baixa aceitabilidade
pelos animais devido ao forte odor de suas folhas, causado por alguns metabólitos
secundários que provocam uma certa relutância dos ruminantes em consumi-la,
exigindo por isso um período de adaptação à dieta (DRUMOND et al., 1999; COSTA et
al., 2004; CABRAL Jr. et al., 2007; COSTA et al., 2009).
A utilização da Gliricidia pode apresentar várias vantagens, como: cobertura e
proteção do solo, manutenção ou melhoria das condições físicas, químicas e biológicas
do solo, manutenção da microfauna em profundidade, produção de forragem para
alimentação animal (BARRETO e FERNANDES, 2001; CAMPBELL et al. 2010). A
espécie é amplamente cultivada em sistemas de agricultura familiar visando o aumento
da fertilidade do solo através da fixação de nitrogênio, adubação verde, sendo também
usada para cerca viva, sombra, quebra-vento, lenha e como planta ornamental (NYOKA
et al., 2012).
Vários estudos foram realizados com a Gliricidia com enfoque no seu potencial
como adubo verde (SANRINGA et al., 1991; THOMAS et al., 1991; PARROTTA
1992; NGULUBE et al., 1994; NYGREN e CRUZ., 1998; ONDIEK et al., 1999;
SIERRA et al., 2002; THANGATA e ALAVALAPTI 2003; MARIN et al., 2007;
8
PAULINO et al., 2009; SOLANGI et al., 2010; SILVA et al., 2011) e no seu aspecto
forrageiro como fonte proteica de elevado valor nutricional (ASH., 1990; STEWART et
al., 1998; WOOD et al., 1998; HAO e LEDIN., 2001; CABRAL Jr. et al., 2007;
COSTA et al., 2009; CIRNE et al., 2012; CIRNE et al., 2013). Embora de maneira
indireta, estes estudos são também de grande importância para a redução da
dependência de fontes minerais de nitrogênio, visto que praticamente todo componente
nitrogenado encontrado em suas proteínas foi simbioticamente fixado.
No tocante ao papel da Gliricidia como adubo verde ou simplesmente como
leguminosa para consorcio com culturas ou pastagens visando à transferência de
nutrientes, as pesquisas conduzidas revelam grande capacidade dessa planta em fixar e
transferir nitrogênio ao solo e de uma maneira indireta as culturas companheiras. No Sri
Lanka, Liyanage et al. (1994) estudaram três procedências Gliricidia sepium e uma
variedade local para a fim de examinar o potencial de fixação biológica de nitrogênio.
Os autores relataram que a fixação biológica de nitrogênio por esses, podem representar
entre 86 a 309 kg/ha de N, o que representaria, em média, entrada substancial de
nitrogênio de 166 kg/ha em qualquer sistema de produção.
Estudando a ciclagem de nutrientes em um banco de proteína com Gliricidia
cultivada em densidades de 10.000 a 40.000 plantas/ha, no Vale do Cauca, na
Colômbia, Gómez e Preston (1996) verificaram, no período de 12 meses, variações
significativas no pH do solo (de 6,6 para 7,07), na matéria orgânica do solo (de 2,57
para 3,56%) e no fósforo disponível (de 133 para 154 mg/kg). O balanço total dos
nutrientes em kg/ha/ano foi de 997 para N, 50,3 para P, 341 para K, 282 para Ca e 125
para Mg.
De acordo com Barreto e Fernandes (2001) a Gliricidia comparada a Leucena é
viável nos sistemas agropecuários dos tabuleiros costeiros do nordeste brasileiro, pois
quando cultivada em alamedas exerce menor competição com no consórcio e promove
melhorias nas características químicas (Ca+Mg e pH) e físicas (redução da densidade e
aumento na porosidade) do solo através da incorporação de sua biomassa quando
cultivada com outra cultura nas entrelinhas.
Comparando durante 10 anos a dinâmica do nitrogênio no solo de um sistema
silvipastoril composto pela Gliricidia e o Dichanthium aristatum, com a de um sistema
solteiro de D. aristatum em um Vertissolo de Guadalupe nas Antilhas Francesas, Sierra
et al. (2002) verificaram um aumento do nitrogênio total na camada de 0 a 20 cm do
solo a uma taxa anual de 176 kg/ha de N, no sistema silvipastoril contra apenas 44 kg/ha
9
de N no monocultivo. A taxa de mineralização in situ do nitrogênio variou de 2,1
kg/ha/dia de N a 2,7 kg/ha/dia de N no monocultivo e de 2,5 a 4,0 kg/ha/dia de N no
sistema silvipastoril.
Em um pomar orgânico de mangueira e gravioleira Paulino et al. (2009) avaliaram
fixação biológica de nitrogênio (FBN) e a transferência do N derivado da FBN das
espécies leguminosas – Gliricidia, crotalária e feijão-guandu anão. Os mesmos
afirmaram que a Gliricidia adiciona maiores quantidades de nitrogênio e transferência
do N de 22,5 a 40% do N da fixação biológica ao sistema pela maior fixação biológica,
promovendo um maior aproveitamento deste nutriente pela cultura consorciada.
A Gliricidia pode ser utilizada sem nenhum problema na alimentação de
ruminantes, sendo bastante indicada como forrageira para ovinos, caprinos e bovinos,
obtendo médias de proteína bruta (PB) em torno de 24% (DIAZ et al., 1995; COSTA et
al., 2009). Teores de 23,8% de proteína bruta e de 87,6% de degradabilidade in situ após
48 h foram encontrados por Keir et al. (1997) para folhas de Gliricidia.
Em Marandawilla, Siri Lanka, a alimentação de ovelhas da raça Bannur com
Gliricidia representando 75-80% da mistura com Brachiaria miliiformis, não teve
nenhum efeito adverso no crescimento, aumentando o consumo voluntário, o peso das
ovelhas e borregos e suas taxas de sobrevivência (CHADHOKAR e KANTHARAJU
1980). Atta-Krah e Sumberg (1988) afirmam que em Ibadan, Nigéria, a produção de
folhas em um hectare de Gliricidia é suficiente para suprir metade dos requerimentos
diários de forragem de 29 cabras.
Em Maracay, Venezuela, novilhos mestiços Holstein x Brahman pastejando
capim estrela (Cynodin nlemfuensis), com acesso á banco de proteína de Gliricidia
apresentaram ganhos de 0,62 kg/dia, contra 0,42 e 0,52 kg/dia de novilhos também em
pastagem de capim estrela, respectivamente sem suplementação ou suplementados com
concentrado (SEIJAS et al., 1994). Também em Maracay, Venezuela, a suplementação
de novilhos em pasto de capim estrela, com blocos de nutrientes aumentou seus ganhos
de peso em 80 g/dia contra 160 g/dia quando suplementados com Gliricidia, em
comparação a testemunha sem complementação (SEIJAS et al. 1994).
Nygren (2000) observaram a Influência da Gliricidia em pasto de Dichantium
Aristatum, sugerindo que algumas características da Gliricidia podem ter parcialmente
contribuído para a alta produtividade da associação Gliricidia - D. aristatum ao longo de
oito anos de exploração intensiva, e indicar a sua aptidão para a produção sustentável.
10
Segundo Carvalho e Pires (2008) a Gliricidia é cultivada por pequenos produtores
apresentando interesse econômico e comercial pelas suas características agronômicas e
o teor de proteína bruta, sendo mais aceitável quando fornecida como feno ou silagem.
De acordo com Pereira e Rezende (2008) esta leguminosa contribui diretamente com
uma dieta nutricionalmente mais rica para o animal, amenizando inclusive o problema
de sazonalidade.
Ash (1990) estudou o efeito em cabras do consumo e digestibilidade de três
leguminosas (albizia, Gliricidia e sesbânia) administrada como suplemento a feno de
capim Guiné e observou o aumento no consumo de MS total quando utilizou
suplemento de folhas de Gliricidia ou de sesbênia, as duas leguminosas foram
rapidamente degradadas no rúmen.
Abdulrazak et al. (1996) mediram a ingestão voluntária de alimentos,
digestibilidade aparente da dieta, as características do rúmen e as mudanças de peso
vivo em novilhos suplementado com níveis crescentes de forragem de Gliricidia ou
Leucena. Os autores observaram que a Gliricidia foi prontamente consumida. Entretanto
o odor característico da leguminosa pode restingir o consumo nas primeiras semanas.
As leguminosas aumentaram o ganho de peso dos novilhos, onde o incremento da
Gliricidia atingiu 52kg/dia.
11
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ARTIGO I
Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição a adubação
nitrogenada no período chuvoso
Artigo escrito conforme as normas da Revista Agroforestry Systems (em anexo)
18
Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição a adubação
nitrogenada no período chuvoso
Helber Rodrigues de Araujo, Universidade Federal de Sergipe – UFS, Programa de Pós
Graduação em Zootecnia, Brasil. e-mail: [email protected]
José Henrique de Albuquerque Rangel, Embrapa Tabuleiros Costeiros, Brasil. e-mail:
Jailson Lara Fagundes, Universidade Federal de Sergipe – UFS, Departamento de Zootecnia,
Brasil. e-mail: [email protected]
Resumo: Desta forma foi desenvolvido este experimento objetivando avaliar a
disponibilidade de forragem e o ganho de peso de bovinos em pastagem de Capim Marandu
(Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich.) Webster cv. Marandu) adubada com nitrogênio ou
consorciado com Gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.), Kunth, Walp). Este ensaio foi conduzido
no Campo Experimental Jorge do Prado Sobral, pertencente a Embrapa Tabuleiros Costeiros,
em Nossa Senhora das Dores - SE, durante o período chuvoso (maio a outubro) nos anos de
2008 a 2011. Os tratamentos constituíram-se de quatro doses de nitrogênio (0, 80, 160 e 240
kg/ha.ano) aplicados em pastos de capim Marandu e do uso do consórcio Gliricidia com Capim
Marandu (0 kg/ha.ano de N), disposto em um delineamento experimental de blocos
casualizados com seis repetições. Os pastos foram manejados em sistema de lotação
rotacionada, com sete dias de ocupação e 35 dias de descanso. Apesar dos tratamentos adubados
com nitrogênio, na taxa de lotação, ganho de peso individual e ganho de peso por área o sistema
silvipastoril mostrou eficiência semelhante às maiores doses de nitrogênio no incremento do
percentual de folha, teor de proteína bruta, ganho de peso individual e ganho de peso por área
dos animais. Conclui-se que mesmo para a estação das águas, quando a aplicação de nitrogênio
na pastagem alcança as maiores respostas na produção da forragem e dos animais, o sistema
silvipastoril com gliricidia ainda é uma alternativa de substituição desse nutriente.
Palavras-chave: consórcio, desempenho animal, disponibilidade de forragem, leguminosa
arbóreas, sistema silvipastoril
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Introdução
A produção animal em pastagens tropicais caracteriza-se, de forma geral pelo
extrativismo dos recursos naturais do solo, o que, na maioria das vezes, promove impactos sobre
o meio ambiente e a produtividade. Tal prática é proveniente da redução na adoção de
tecnologias e recursos financeiros, o que leva a uma restrição da capacidade produtiva das
pastagens.
No Brasil, os sistemas de produção de bovinos são, em sua maioria, baseados no uso de
pastagens cultivadas com as espécies forrageiras do gênero Brachiaria, sendo essas as mais
utilizadas em grandes extensões do território nacional (Gimenes et al, 2011). Todavia, por
motivos diversos estas pastagens apresentam, em sua maioria, algum tipo de degradação (Kichel
et al., 2011). Entre as causas mais comuns dessa degradação está a escolha inadequada da
espécie ou variedade para a situação local, o uso de sementes de má qualidade, uma implantação
deficiente, o manejo inadequado com lotações excessivas e a falta de reposição da fertilidade
através de adubações, solos com baixa fertilidade, muito rasos ou com camadas de
impedimento.
Entre as tecnologias capazes de recuperar as pastagens degradadas e incrementar a
competitividade dos sistemas pecuários por elas sustentados, despontam aquelas que propiciem
o aumento da produção por unidade de área através da elevação da qualidade e da capacidade de
suporte das pastagens. O uso racional de corretivos e de fertilizantes, sejam eles de origem
mineral ou orgânica, é uma tecnologia comprovadamente capaz de alavancar a produtividade
desses sistemas. No entanto, apesar dessa comprovada eficiência o uso de fertilizantes pelos
pecuaristas é muito limitado, tendo em vista os altos preços desses insumos além dos custos
com transporte, armazenamento e aplicação.
Dos nutrientes, o nitrogênio é o que promove as maiores respostas em produção e
manutenção das pastagens, sendo o seu efeito principal o aumento da produção de matéria seca,
a qual reflete diretamente no aumento da lotação sem, no entanto, ocorrer alteração da pressão
de pastejo. De acordo com Martuscello et al, (2006) a deficiência do nitrogênio limita o
desenvolvimento, a produtividade da biomassa. Em especial para as gramíneas é o mineral
absorvido em maiores quantidades (Andrade et al, 2009).
Os sistemas silvipastoris, associadas a outras práticas de manejo, podem contribuir, com o
aumento da produção de forragem, melhoria da sua qualidade, no aumento da produção animal,
da fertilidade e conservação do solo, além de propiciar maior conforto térmico para o animal.
Quando compostos por leguminosas forrageiras arbóreas ou herbáceas fixadoras de nitrogênio,
esses sistemas transferem esse nutriente ao complexo solo/planta pela morte e decomposição de
suas raízes, folhas e ramos e oferecem ainda aos animais um aporte extra de forragem com
elevados teores de proteína bruta, representado por suas folhas e ramos comestíveis. Dessa
forma a fixação biológica do nitrogênio pela leguminosa aumenta a capacidade de suporte da
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pastagem e prolonga sua capacidade produtiva, podendo contribuir na qualidade da dieta e
aumentar a produção animal (Aroeira et al, 2005).
Dentre as leguminosas arbóreas com comprovada eficiência em sistema silvipastoris a
gliricidia tem sido alvo de grande interesse por técnicos e produtores, por possuir alta qualidade
nutricional, ser grande produtora de biomassa, excelente fixadora de nitrogênio, eficiente na
reciclagem de nutrientes das camadas inferiores do solo para camadas mais superficiais e pela
sua adaptabilidade a uma vasta gama de solos e climas (Chadhokar e Kantharaju, 1980; Seijas et
al., 1994 e Combellas et al., 1996; Vargas, 1994). O potencial positivo do consórcio de
leguminosas arbóreas com gramíneas forrageiras em sistema de produção tem sido pouco
estudado nas condições do Nordeste Brasileiro. Dentre as leguminosas arbóreas com
comprovada eficiência a Gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.), Kunth, Walp) vem despertando
grande interesse de pesquisadores, técnicos e pecuaristas. Nesse sentido, a consorciação do
Capim Marandu com a Gliricidia surge como uma alternativa viável para substituição do N
mineral. Para tanto foi realizado objetivando avaliar as características da pastagem e o ganho de
peso de garrotes nelores mantidos em um sistema silvipastoril com gliricidia e Capim-Marandu
ou em sistema de monocultivo de Capim Marandu fertilizado com diferentes níveis de
nitrogênio, durante as estações chuvosas de 2008 a 2011.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em um Latossolo Amarelo Distrocoeso do Campo
Experimental Jorge do Prado Sobral da Embrapa Tabuleiros Costeiros no Município, em Nossa
Senhora das Dores - SE situado à latitude Sul 10º29'27'' e longitude Oeste 37º11'34'', com
altitude aproximada de 200 m e pluviosidade média anual de 1.046 mm, distribuídos
predominantemente no período de maio a outubro. As avaliações experimentais foram
realizadas no período chuvoso (maio a outubro) nos anos de 2008, 2009, 2010 e 2011. A tabela
1 contem os dados das precipitações ocorridas no período chuvoso dos anos experimentais.
O solo antes do início do ensaio, amostrado na camada de 0 a 20 cm, possuía as
seguintes características de fertilidade: pH em H2O = 5,82; M.O. = 35,82 g/dm-3
; P = 2,82
mg.dm-3
K = 5,48 mg.dm-3
; Ca2+
= 46,7 cmolc.dm-3
; Mg2+
= 3,11 cmolc.dm-3
e Al3+
= 0,12
cmolc.dm-3
. Três meses antes da instalação do ensaio foi distribuído em cobertura 500 kg/ha de
calcário dolomítico, objetivando elevar os teores de cálcio e magnésio. Quando da instalação do
ensaio foi realizada uma adubação de fundação constituída de 72 kg/ha de P2O5 (400 kg/ha de
Superfosfato simples) para todos os tratamentos, e K2O (Cloreto de Potássio) na razão de 1:0,8
(N:K2O) (Martins et al, 2006) Anualmente procedia-se uma fertilização de manutenção com as
mesmas quantidades de Superfosfato simples e Cloreto de Potássio.
21
Tabela 1. Precipitações pluviométricas mensais da estação chuvosa dos anos de 2008 a 2011 em
Nossa Senhora das Dores, SE, Brasil.
Precipitação Pluviométrica (mm)
Ano Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Somatória da
Precipitação
2008 294 186 142 135 43 27 827
2009 391 217 137 232 66 83 1126
2010 108 271 182 109 86 97 853
2011 163 59 164 113 70 59 628
Média 239 183 156 147 66 67 858
Na estação chuvosa de 2004 o capim Marandu foi semeado na área total e a Gliricidia
plantada nas unidades experimentais do tratamento consorciado através de mudas, em alamedas
com espaçamento de quatro metros entre alamedas e dois metros entre plantas na alameda. Foi
realizado poda de uniformização das alamedas de Gliricidia a 1,0 m do nível do solo sempre que
as plantas apresentavam sombreamento excessivo na gramínea. Toda biomassa cortada era
deixada na superfície do solo nas entrelinhas das alamedas. A partir de 2005 até 2007 os pastos
foram utilizados por bovinos Nelore em sistema de lotação continua a uma taxa de 2,5 UA/ha
para a estação chuvosa e de 1,5 UA/ha para estação seca.
Os tratamentos experimentais corresponderam a pastos de Capim Marandu fertilizados
com quatro níveis de nitrogênio (0, 80, 160 e 240 kg/ha.ano de N sob a forma de ureia)
parcelados em duas aplicações, sendo a primeira no início da estação chuvosa e a segunda 35
dias após a primeira, e o sistema silvipastoril do Capim Marandu com a Gliricidia. Cada
tratamento era constituído de seis unidades experimentais com área de 1440 m2 (60 m x 24 m)
cada, totalizando 8640 m2 por tratamento.
Para avaliação da resposta animal foram utilizados bovinos nelores com peso vivo inicial
em torno de 150 kg, substituídos por novos ao atingirem 350 kg de peso vivo. Os animais eram
manejados em lotação rotacionada, com sete dias de ocupação e 35 dias de descanso, com ajuste
na taxa de lotação realizado a cada 28 dias, pela adição ou retirada de animais reguladores, “Put
and Take” (Mott e Lucas, 1952; Mott, 1960; Petersen e Lucas, 1968; Bransby e Maclarim,
2000), com três animais ‘teste” por tratamento, mantidos durante todo o período experimental
de cada ano para viabilização das avaliações de desempenho individual.
O ajuste das taxas de lotação era realizado de acordo com a massa de forragem disponível
(kg/ha de MS) em cada tratamento em pré-pastejo, acima de uma altura de 10 cm do solo, sendo
preestabelecido para todos os tratamentos um resíduo pós-pastejo de 1500 kg/ha de MS com
oferta de 2,5 kg de MS/100 kg de peso vivo (Sollemberger et al, 2005). Todos os animais (testes
e reguladores), após jejum total de sólidos por 10 a 12 horas eram pesados individualmente para
avaliação do ganho de peso no período. O ganho de peso diário individual (GMDI) era
22
representado pela média do ganho de peso dos três animais “testes” mantidos em cada
tratamento dividido pelo tempo de permanência dos animais no tratamento. A produção animal
por área era obtida pela soma do ganho de todos os animais em cada tratamento, dividida por 28
dias e ajustado para ganho/hectare.
A disponibilidade de forragem em cada tratamento era mensurada por meio da coleta de
biomassa aérea, na semana anterior a entrada dos animais em cada piquete. Eram coletadas 20
amostras de forragem por tratamento, cortadas aleatoriamente a 10 cm de altura acima do solo
com auxilio de um quadro amostral de 0,25 m2 (50 x 50 cm) (T’mannetje, 1978) e pesadas. De
cada amostra era retirada uma sub-amostra com peso aproximado de 150 g que era levada ao
laboratório para a separação dos componentes folhas (lâminas foliares verdes), colmos verdes
(colmo + bainha foliar) e material morto (perfilhos, colmos e folhas mortas). Estas eram pesadas
e colocadas para secagem, em estufa de circulação forçada de ar a 65º C até massa constante.
Após secagem, as amostras eram pesadas e por intermédio das relações entre massa seca (MS) e
massa verde da amostra, era calculada a disponibilidade de MS de cada componente da
forragem colhida na área de amostragem, os quais compuseram a disponibilidade de matéria
seca total (DMST) e de cada componente da gramínea (disponibilidade de matéria seca de
lâmina foliar (DMSF), de matéria seca de colmo (DMSC) e de matéria seca de material morto
(DMSMM)). De cada amostra era retirada uma sub-amostra para determinação da MS a 105º C.
Nessas sub-amostras foram avaliados os teores de digestibilidade “in vitro” da matéria seca
(DIVMS) e de Proteína Bruta (PB), seguindo método de Kjeldahl de nitrogênio total (Silva e
Queiroz, 2002)
As taxas de lotação (TL) eram calculadas conforme descrito por Sollemberger et al,
(2005), de acordo com a equação:
OF=MF/peso vivo animal (Sollemberger et al, 2005). Aonde OF=Oferta de Forragem e
MF=Massa de Forragem.
Para uma oferta pré-estabelecida de 2,5 kg/100 kg peso vivo e um resíduo de 1.500 kg/ha.
A forragem de gliricidia disponível no tratamento silvipastoril era avaliada pela coleta de folhas
e ramos finos em 5% das árvores existentes no piquete, e realizada em pré-pastejo a cada dois
ciclos completos (70 dias). Do material colhido era retirada uma amostra para determinação da
disponibilidade de matéria seca (MS/ha) a 60º C. A disponibilidade de forragem da gliricidia
não era considerada para o calculo da lotação nesse tratamento.
Ocorreram seis períodos de avaliações no período chuvoso de cada ano. Para efeito de
análise estatística foram considerados como fatores os anos experimentais e os tratamentos e
como repetição as avaliações realizadas em cada ano em um delineamento experimental de
blocos (avaliações) com seis repetições.
Os dados foram submetidos à análise estatística segundo o procedimento PROC
ANOVA do pacote estatístico SAS (SAS Institute, 2002). Dentro deste procedimento optou-se
23
pelo sub-procedimento de medidas repetidas no tempo (Repeated Measures), uma vez que todas
as avaliações ocorreram ao longo de quatro períodos chuvosos (SAS Institute, 2002). Quando
constatado efeito significativo dos tratamentos quantitativos, doses de nitrogênio, os mesmos
foram submetidos ao procedimento PROC REG (P < 0,05). Após traçadas as curvas de
regressão para o efeito das doses de nitrogênio, os dados obtidos com o tratamento consorciado
foram plotados dentro de cada uma das curvas para comparação de sua equivalência com os
níveis de N. Os dados experimentais foram analisados segundo o modelo:
Y ijk = µ + Bi + Nj + Ak + NAjk + eijk
Onde: i = 1, 2, 3, 4, 5 e 6 repetições (aleatória)
j = 1, 2, 3 e 4 doses de nitrogênio (fixa)
k = 1, 2, 3 e 4 ano de avaliação (2008, 2009, 2010 e 2011) (fixa)
em que
µ = constante inerente a todas as observações;
Bi = efeito do bloco i, período de avaliação na seca, sendo i = 1, 2, 3, 4, 5, 6;
Nj = efeito das doses de nitrogênio j, sendo k = 1, 2, 3, 4;
Ak = efeito dos anos de avaliação k, sendo k = 1, 2,3 e 4;
NAjk = interação das doses de nitrogênio j com anos das avaliações k;
eijk = erro experimental.
Resultado e Discussão
Na média dos quatro anos a disponibilidade de matéria seca dos componentes
morfológicos do capim-marandu foi influenciada pelos níveis de nitrogênio (p<0,05), não sendo
constatado efeito da interação entre níveis de nitrogênio e ano de avaliação. Tanto para folhas
quanto para colmos a disponibilidade de matéria seca aumentou linearmente com o aumento da
dose de nitrogênio (Figura 1).
24
Figura 1. Disponibilidade de matéria seca de folhas, colmos e matéria seca total do capim
marandu com fertilização nitrogenada (■) ou consorciado com gliricidia(●).
*Significativo ao nível de 5% de probabilidade.
Aumentos na disponibilidade de folhas e colmos de pastagens tropicais em função da
fertilização mineral com nitrogênio em condições de uma distribuição adequada de chuvas já
são bastante conhecidos e foram também verificados por Mistura et al (2006), ratificando o
efeito positivo desses dois fatores. O nitrogênio potencializa a taxa de reações enzimáticas e
químicas no metabolismo da planta, alterando suas características morfogênicas e estruturais
(Fagundes et al, 2005 ). Caminha et al (2010) observaram que o nitrogênio aliado ao aumento
da disponibilidade de água resultou no aumento da capacidade de recuperação do capim-
marandu, após um período de deficiência hídrica. Gimenes et al (2011), trabalhando com a
mesma planta forrageira, verificou incrementos de MS de forragem em pastos adubados com
nitrogênio e lotação rotacionada. Desse modo, torna-se evidente que a adubação nitrogenada
influi positivamente na produção de forragem.
No sistema silvipastoril a disponibilidade de matéria seca de folhas do capim-marandu foi
22,1 % maior do que a do pasto sem fertilização nitrogenada e, quando plotada na curva de
resposta ao nitrogênio, equivaleu a uma aplicação de 93 kg/ha de N com uma produção de MS
de aproximadamente 1385,57 kg/ha (Figura 1). Quanto aos caules verificou-se uma
disponibilidade de matéria seca equivalente a uma dose hipotética de 53,4 kg/ha de N. Tais
incrementos pode indicar uma resposta ao nitrogênio biologicamente fixado pela Gliricidia e
disponibilizado no solo para a gramínea através da decomposição de suas folhas, galhos e raízes
mortas e incorporadas como matéria orgânica no solo. Beddy et al (2010) verificaram aumentos
de até 80% na matéria orgânica particulada ligada ao nitrogênio em solo cultivado com milho
entre alamedas de gliricidia comparada a de solo cultivado com milho em monocultivo.
A composição morfológica do capim-marandu foi padronizada por um significativo
crescimento linear da percentagem de lâminas foliares e colmos, com redução do percentual de
material morto em função do aumento da adubação nitrogenada (Figura 2). Tal comportamento
pode contribuir para melhoria da composição quimico bromatologica da gramínea podendo
melhorar o desempenho animal.
25
Figura 2. Percentual morfológico (folhas, colmo e material morto) de capim marandu com
fertilização nitrogenada (■) ou consorciado com gliricidia(●). *Significativo ao nível
de 5% de probabilidade
No sistema silvipastoril, a percentagem de folhas do capim-Marandú foi equivalente a
utilização de uma adubação nitrogenada de 209,16 kg/ha de N. Possivelmente este aumento de
folhas deva-se a resposta da gramínea ao aporte ao solo do nitrogenio biologicamente fixado,
aliado a uma tentativa da gramínea para atenuar a limitação luminosa provocada pelo
sombreamento da gliricidia (Paciullo et al, 2008). A contribuição porcentual de lâminas foliares
na produção total de forragem é importante porque reflete melhor a qualidade da forragem à
disposição dos animais em pastejo. Isto se justifica pelo maior valor nutritivo das folhas em
relação aos colmos, bem como pela preferência dos animais em consumirem mais folhas do que
colmos em regime de pastejo (Chacon et al, 1978).
A participação percentual de colmos no tratamento consorciado correspondeu a uma
adubação com 141,16 kg/ha de N, atrelado às condições climáticas favoráveis, promoveram
incrementos na participação do colmo que, semelhantemente ao que ocorreu para o percentual
de folhas, ocorreu possivelmente para compensar a redução na luminosidade, pela elevação de
suas folhas no dossel, permitindo, ainda, melhor distribuição da luz ao longo da planta (Paciullo
et al, 2008).
Já o percentual de material morto apresentou comportamento inverso, com redução linear
significativa (p< 0,05) de sua participação com o aumento da dose de nitrogênio. Quando
plotado na curva de resposta ao nitrogenio o valor da participaçção do material morto no
sistema silvipastoril foi equivalente a uma fertilização com 174 kg/ha de nitrogênio.
Possivelmente este fato aconteceu porque tatnto o aumento da adubação nitrogenada como o
26
sistema silvipastoril favoreceram a manutenção de folhas e colmos vivos, por um maior período
de tempo nas plantas do capim-marandu. Com o aumento do percentual de folha e colmos, da
redução do material morto, possivelmente, o material ofertado aos animais foi de melhor
qualidade nutricional. Nesse sentido, observou-se que o teor de proteína bruta (PB) nas folhas e
colmos do capim-Marandu foi afetado pela fertilização nitrogenada e pelo sistema silvipastoril
(P < 0,05), ajustando-se a uma equação linear positiva em resposta ao aumento da dose de
nitrogênio (Figura 3).
Figura 3. Teor de proteína bruta de folha (■) e colmo (▲) do capim marandu com fertilização
nitrogenada ou consorciado com gliricidia(●). *Significativo ao nível de 5% de
probabilidade
Grande contraste foi observado quanto aos teores de PB entre lâminas e colmos. Valores
mais altos correspondendo às lâminas, certamente como consequência da maior porcentagem de
tecido jovem e verde, bem como, menor porcentagem dos constituintes da parede celular. Os
valores da PB obtidos nas folhas do capim-marandu estão acima dos preconizados por Van
Soest (1994) que consideram 7% de PB como o mínimo para suprir a manutenção das
necessidades das bactérias ruminais.
Os teores de PB observados no sistema silvipastoril estiveram próximos aos obtidos com
o nível mais alto de nitrogênio atingindo 9,62 % e 4,24 %, respectivamente para folhas e caules,
contra 10,14 % e 4,54 % respectivamente para esses mesmos componentes no tratamento
fertilizado com 240 kg/ha de nitrogênio. Quando plotados nas curvas de regressão para PB em
função dos níveis de N os valores de PB do sistema silvipastoril equivaleram a fertilizações de
199,3 e 185,2 kg/ha de N, respectivamente para folhas e caules (Figura 2). Tais níveis de PB
demonstram uma possível efetividade da leguminosa em fixar e transferir nitrogênio para a
gramínea. Benefícios da presença de leguminosas na PB também foram observados por Paciullo
et al (2011). O incremento nos teores de PB no capim-marandu com uso da adubação
nitrogenada ou com o uso da consorciação com gliricidia pode ter sido o resultado da
acumulação de novos tecidos durante a rebrota da gramínea com maior valor nutritivo.
As médias de DIVMS total, de folha e de colmo do capim-marandu não foram
significativamente diferentes (P < 0,05) quanto às doses de nitrogênio ou no consórcio da
27
gramínea com a Gliricidia. Cabe salientar que além da disponibilidade de forragem proveniente
do capim-marandu, nos piquetes do sistema silvipastoril houve um aporte extra de forragem
com elevado teor proteico, disponibilizado aos animais em pastejo sob a forma de folhas e
ramos finos da gliricidia (Tabela 2).
Tabela 2. Disponibilidade de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de folhas + ramos finos da
Gliricidia no período chuvoso dos quatro anos experimentais.
Ano Disponibilidade (MS/ha) Proteína Bruta (%)
2008 1419,3 22,6
2009 982,9 22,1
2010 1370,9 23,3
2011 1005,9 23,4
Média 1194,8 22,8
A taxa de lotação (TL) foi influenciada pelos sistemas (nitrogênio e silvipastoril) e pelos
anos de avaliação, com efeito significativo da interação doses de nitrogênio x ano de avaliação
(P < 0,05). A lotação cresceu de maneira quadrática com o aumento da dose de nitrogênio
dentro de cada ano (Figura 4). As TL no sistema silvipastoril nos anos experimentais
corresponderam a incrementos de 40,5; 44,2; 73,9 e 29,0 %, respectivamente, para os anos de
2008, 2009, 2010 e 2011 comparativamente ao cultivo da capim-marandu sem uso da adubação
nitrogenada. Quando plotadas nas curvas de regressão em resposta aos níveis de nitrogênio
mostraram uma equivalência a fertilizações nitrogenadas de 85,0, 100,5, 203,0, 140,0 kg/ha de
N respectivamente, para os anos de 2008, 2009, 2010 e 2011.
Figura 4. Taxa de Lotação em pastos de capim marandu com fertilização nitrogenada (■) ou
consorciado com gliricidia(●) em diferentes anos de avaliação. *Significativo ao nível
de 5% de probabilidade
28
Foi constatado efeito significativo dos níveis de nitrogênio para o ganho médio diário
(GMD) dos animais (P < 0,05), com os dados ajustando-se ao modelo quadrático (Figura 5). De
modo geral foi observado que o aumento dos níveis de nitrogênio aumentou linearmente as
quantidades de folha e colmo no pasto contribuindo para as maiores e consequentemente
favoreceram o ganho de peso individual, taxa de lotação e ganho de peso por área. Os valores de
GMD para os bovinos variaram entre 311,6 a 569,8 g/animal.dia, sendo similares aos relatados
por Manella et al (2002) com produção de 688 g/animal/dia e por Gimenes et al (2011) com
variação de 564 a 1060 g/animal.dia.
Figura 5. Ganho de peso individual em pastos de capim marandu com fertilização nitrogenada
(■) ou consorciado com gliricidia(●). *Significativo ao nível de 5% de probabilidade
No sistema silvipastoril o GMD foi incrementada em 82 % quando comparada com o
pasto não adubado. O aumento GMD nesse tratamento foi igual ao obtido na dose de 240 kg/ha
de N com 570 g/animal.dia. Esta resposta foi um reflexo do incremento na DMSF e no teor de
PB do capim-marandu, aliado ao acesso a uma dieta extra de melhor qualidade proveniente da
gliricidia (Tabela 2).
Constatou-se efeito significativo dos níveis de nitrogênio para o GMDA (P < 0,05), com
os dados ajustando-se ao modelo quadrático (Figura 6). Para esse parâmetro a interação níveis
de nitrogênio x ano não foi significativa.
Figura 6. Ganho de peso por área em pastos de capim marandu com fertilização nitrogenada (■)
ou consorciado com gliricidia (●). *Significativo ao nível de 5% de probabilidade
29
Semelhantemente ao relatado por Moreira et al, (2014) infere-se que a adubação
nitrogenada causou aumento nas quantidades de folha no pasto, densidade de perfilhos
vegetativos, densidade volumétrica de forragem, contribuindo para as maiores disponibilidade
de forragem que consequentemente favoreceram o GMD, TL e GMDa.
Os valores de GMDa para os bovinos variaram entre 1.098,6 g/ha.dia a 2.048,9 g/ha.dia
que foram inferiores aos relatados por Manella et al (2002) quando avaliou bovinos em capim-
marandu suplementados com concentrado proteico, com variação de 2.520 a 3.327 g/ha.dia.
O sistema silvipastoril proporcionou um aumento no GMDa (2114 g/ha.dia) superior ao
alcançado na dose máxima de nitrogênio de 240 kg/ha (1811 g/ha.dia). Tal ganho representa um
incremento de 92,5 % comparativamente ao cultivo do capim-marandu sem uso da adubação
nitrogenada. Semelhante aos ganhos individuais a porção da forragem de gliricidia na
composição da dieta no sistema silvipastoril, possivelmente condicionou, em grande parte tal
desempenho.
Conclusão
A fertilização nitrogenada se mostrou eficiente em aumentar a produção de forragem e o
desempenho animal em pastagem de capim-marandu nas condições de solo coeso dos tabuleiros
costeiros de Sergipe. No entanto, apesar de no sistema silvipastoril os parâmetros de
produtividade do pasto de capim-marandu avaliados terem sido equivalentes a doses
intermediárias de nitrogênio testadas, nos parâmetros de desempenho animais avaliados, este
sistema se equivaleu a maior dose testada.
Mesmo sem uma análise econômica das respostas aos tratamentos aplicados, pode-se concluir
que o sistema silvipastoril do capim-marandu com a gliricidia tem potencial para substituir a
fertilização nitrogenada de até 240 kg/ha de N.
REFERÊNCIAS
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33
ARTIGO II
Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito
residual da adubação nitrogenada no período seco
Artigo escrito conforme as normas da Revista Agroforestry Systems (em anexo)
34
Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito
residual da adubação nitrogenada no período seco
Helber Rodrigues de Araujo, Universidade Federal de Sergipe – UFS, Programa de Pós
Graduação em Zootecnia, Brasil. e-mail: [email protected]
José Henrique de Albuquerque Rangel, Embrapa Tabuleiros Costeiros, Brasil. e-mail:
Jailson Lara Fagundes, Universidade Federal de Sergipe – UFS, Departamento de Zootecnia,
Brasil. e-mail: [email protected]
Resumo: O uso racional de corretivos e fertilizantes é comprovadamente uma tecnologia
capaz de alavancar a produtividade dos sistemas pecuários, sendo o nitrogênio o que promove
as maiores respostas em produção de forragem e desempenho animal. Apesar disso, seu uso é
muito limitado devido aos altos custos de aquisição transporte e aplicação. O consorcio de
gramíneas com leguminosas arbóreas fixadoras de nitrogênio em sistema silvipastoril tem sido
testado como alternativa a fertilização nitrogenada. Desta forma foi desenvolvido este
experimento objetivando avaliar a disponibilidade de forragem e o ganho de peso de bovinos
em pastagem de Capim Marandu (Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich.) Webster cv.
Marandu) adubada com nitrogênio ou consorciado com Gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.),
Kunth, Walp). Este experimento foi conduzido no Campo Experimental Jorge do Prado Sobral,
pertencente a Embrapa Tabuleiros Costeiros, em Nossa Senhora das Dores - SE, durante o
período de restrições hídricas (novembro a abril) nos anos de 2008 a 2011. Os tratamentos
constituíram-se do efeito residual de quatro doses de nitrogênio (0, 80, 160 e 240 kg/ha.ano)
aplicados em pastos de capim Marandu e do uso do consórcio Gliricidia com Capim Marandu (0
kg/ha.ano de N), disposto em um delineamento experimental de blocos casualizados com seis
repetições. Os pastos de Marandu foram manejados em sistema de lotação rotacionada, com sete
dias de ocupação e 49 dias de descanso. Os efeitos residuais das adubação com nitrogênio
proporcionam aumento na disponibilidade de biomassa total, folha, colmo e material morto com
efeito positivo no ganho de peso individual, taxa de lotação e ganho de peso por área dos
bovinos. O consórcio entre o capim Marandu e a Gliricidia mostrou eficiência semelhante as
maiores doses de nitrogênio para incrementar a disponibilidade de folha, ganho de peso
individual, taxa de lotação e ganho de peso por área dos bovinos.
Palavras-chave: consórcio, desempenho animal, leguminosa arbóreas, produção de forragem,
sistema silvipastoril
35
Introdução
A produção brasileira de bovinos possui boa competitividade, em grande parte, pela
produção de forragem de espécies forrageiras e/ou cultivares, tendo participação direta no
crescimento econômico do país e na concorrência internacional, em plena globalização, este fato
se dá também, pela maior exigência na aplicação dos insumos e tecnologia para aumento na
produtividade das plantas forrageiras e maior eficiência na utilização da forragem produzida,
obtida pelo melhor entendimento sobre o manejo do pastejo.
Entretanto as adoções de técnicas convencionais ou inovadoras como o uso de
fertilizantes e corretivos pelos pecuaristas é muito limitado, apesar de ser uma maneira efetiva
de repor nutrientes no sistema com confirmação científica pelas pesquisas nos sistemas de
produção pecuários no Brasil, apresentam-se lentos, baseado no perfil dos pecuaristas
brasileiros. Essa reposição insuficiente de nutrientes contribui para o crescente processo de
degradação das pastagens.
Todavia, apesar da comprovada eficiência agronômica da fertilização com nitrogênio é
uma prática muito cara e pouco praticada pelos produtores, sobretudo aqueles caracterizados
como de base familiar.
Os sistemas de produção animal a pasto também podem se intensificar com uma
exploração dos recursos de forma mais sustentável, como as fontes de nitrogênio mineral
oneram os custos de produção, a fixação biológica de nitrogênio atmosférico por leguminosas
associadas a gramíneas tropicais, torna-se uma saída sustentável para esta problemática.
Alternativas ao uso de fertilizantes químicos nitrogenados como o cultivo de leguminosas
forrageiras perenes, de porte arbóreo ou arbustivo, em sistemas consorciados com gramíneas,
têm sido apontadas como forma eficiente de aumentar a rentabilidade e sustentabilidade desses
sistemas a um baixo custo.
O incremento na produtividade pela capacidade de fixação biológica do nitrogênio
atmosférico e contribuição na qualidade da forragem para a produção animal, podendo
contribuir na sustentabilidade da pecuária. Apesar dos potenciais positivos do consórcio, poucos
são os estudos que avaliam a interação da fertilização nitrogenada e as metas de pastejo, a fim
da adoção destes sistemas.
O objetivo deste estudo foi avaliar as características da pastagem e o desempenho de
bezerros nelores mantidos em um consórcio com uma leguminosa arbórea ou em uma
monocultura de Capim Marandu (Brachiaria brizantha, (Hochst. ex. A. Rich.) R.D. Webster cv
Marandu fertilizada com níveis de nitrogênio, durante a estação seca.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em um Latossolo Amarelo Distrocoeso do Campo
Experimental Jorge do Prado Sobral da Embrapa Tabuleiros Costeiros no Município, em Nossa
Senhora das Dores - SE situado a latitude Sul 10º29'27'' e longitude Oeste 37º11'34'', com
36
altitude aproximada de 200 m e pluviosidade média anual de 1.046 mm, distribuídos
predominantemente no período de novembro a abril. As avaliações experimentais foram
realizadas no período seco (novembro a abril) nos anos de 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011.
A tabela 1 contem os dados das precipitações ocorridas no período chuvoso dos anos
experimentais.
O solo antes do início do ensaio, amostrado na camada de 0 a 20 cm, possuía as seguintes
características de fertilidade: pH em H2O = 5,82; M.O. = 35,82 g/dm-3
; P = 2,82 mg.dm-3
K =
5,48 mg.dm-3
; Ca2+
= 46,7 cmolc.dm-3
; Mg2+
= 3,11 cmolc.dm-3
e Al3+
= 0,12 cmolc.dm-3
. Três
meses antes da instalação do ensaio foi distribuído em cobertura 500 kg/ha de calcário
dolomítico, objetivando elevar os teores de cálcio e magnésio. Quando da instalação do ensaio
foi realizada uma adubação de fundação constituída de 72 kg ha-1
de P2O5 (400 kg/ha de
Superfosfato simples) para todos os tratamentos, e K2O (Cloreto de Potássio) na razão de 1:0,8
(N: K2O) (Martins et al, 2006) Anualmente procedia-se uma fertilização de manutenção com as
mesmas quantidades de Superfosfato simples e Cloreto de Potássio.
Tabela 1. Precipitações pluviométricas mensais da estação chuvosa dos anos de 2008 a 2011 em
Nossa Senhora das Dores, SE, Brasil.
Precipitação Pluviométrica (mm)
Ano Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Somatória da
Precipitação
2008/2009 0 16 12 112 0 161 301
2009/2010 0 35 30 107 110 260 542
2010/2011 0 20 82 65 40 178 385
Média 0 24 41 95 50 200 409
Na estação chuvosa de 2004 o capim Marandu foi semeado na área total e a Gliricidia
plantada nas unidades experimentais do tratamento consorciado através de mudas, em alamedas
com espaçamento de quatro metros entre alamedas e dois metros entre plantas na alameda. Foi
realizado poda de uniformização das alamedas de Gliricidia a 1,0 m do nível do solo sempre que
as plantas apresentavam sombreamento excessivo na gramínea. Toda biomassa cortada era
deixada na superfície do solo nas entrelinhas das alamedas. A partir de 2005 até 2007 os pastos
foram utilizados por bovinos Nelore em sistema de lotação continua a uma taxa de 2,5 UA/ha
para a estação chuvosa e de 1,5 UA/ha para estação seca.
Os tratamentos experimentais corresponderam ao efeito residual de pastos de Capim
Marandu fertilizados com quatro níveis de nitrogênio (0, 80, 160 e 240 kg N/ha.ano sob a forma
de ureia) parcelados em duas aplicações no período chuvoso, sendo a primeira no início da
estação chuvosa e a segunda 35 dias após a primeira, e o sistema silvipastoril do Capim
37
Marandu com a Gliricidia. Cada tratamento era constituído de oito unidades experimentais com
área de 1440 m2 (60 m x 24 m) cada, totalizando 11.520 m
2 por tratamento.
Para avaliação da resposta animal foram utilizados bovinos nelores com peso vivo inicial
em torno de 150 kg, substituídos por novos ao atingirem 350 kg de peso vivo. Os animais eram
manejados em lotação rotacionada, com sete dias de ocupação e 35 dias de descanso, com ajuste
na taxa de lotação realizado a cada 28 dias, pela adição ou retirada de animais reguladores, “Put
and Take” (Mott e Lucas, 1952; Mott, 1960; Petersen e Lucas, 1968; Bransby e Maclarim,
2000), com três animais ‘teste” por tratamento, mantidos durante todo o período experimental
de cada ano para viabilização das avaliações de desempenho individual. O ajuste das taxas de
lotação era realizado de acordo com a massa de forragem disponível (kg/ha de MS) em cada
tratamento em pré-pastejo, acima de uma altura de 10 cm do solo, sendo preestabelecido para
todos os tratamentos um resíduo pós-pastejo de 1500 kg/ha de MS com oferta de 2,5 kg de
MS/100 kg de peso vivo (Sollemberger et al, 2005). Todos os animais (testes e reguladores),
após jejum total de sólidos por 10 a 12 horas eram pesados individualmente para avaliação do
ganho de peso no período. O ganho de peso diário individual (GMDI) era representado pela
média do ganho de peso dos três animais “testes” mantidos em cada tratamento dividido pelo
tempo de permanência dos animais no tratamento. A produção animal por área era obtida pela
soma do ganho de todos os animais em cada tratamento, dividida por 28 dias e ajustado para
ganho/hectare.
A disponibilidade de forragem em cada tratamento era mensurada por meio da coleta de
biomassa aérea, na semana anterior a entrada dos animais em cada piquete. Eram coletadas 20
amostras de forragem por tratamento, cortadas aleatoriamente a 10 cm de altura acima do solo
com auxilio de um quadro amostral de 0,25 m2 (50 x 50 cm) (T’mannetje, 1978) e pesadas. De
cada amostra era retirada uma sub-amostra com peso aproximado de 150 g que era levada ao
laboratório para a separação dos componentes folhas (lâminas foliares verdes), colmos verde
(colmo + bainha foliar) e material morto (perfilhos, colmos e folhas mortas). Estas eram pesadas
e colocadas para secagem, em estufa de circulação forçada de ar a 65º C até massa constante.
Após secagem, as amostras eram pesadas e, por intermédio das relações entre massa seca (MS)
e massa verde da amostra, era calculada a disponibilidade de MS de cada componente da
forragem colhida na área de amostragem, os quais compuseram a disponibilidade de matéria
seca total (DMST) e de cada componente da gramínea (disponibilidade de matéria seca de
lâmina foliar (DMSF), de matéria seca de colmo (DMSC) e de matéria seca de material morto
(DMSMM)). De cada amostra era retirada uma sub-amostra para determinação da MS a 105º C.
Nessas sub-amostras foram avaliados os teores de digestibilidade “in vitro” da matéria seca
(DIVMS) e de Proteína Bruta (PB), seguindo método de Kjeldahl de nitrogênio total (Silva e
Queiroz, 2002).
38
As taxas de lotação (TL) eram calculadas conforme descrito por Sollemberger et al,
(2005), de acordo com a equação:
OF=MF/peso vivo animal (Sollemberger et al, 2005). Aonde OF=Oferta de Forragem e
MF=Massa de Forragem.
Para uma oferta pré-estabelecida de 2,5 kg/100 kg peso vivo e um resíduo de 1.500 kg/ha.
A forragem de gliricidia disponível no tratamento silvipastoril era avaliada pela coleta de folhas
e ramos finos em 5% das árvores existentes no piquete, e realizada em pré-pastejo a cada dois
ciclos completos (70 dias). Do material colhido era retirada uma amostra para determinação da
disponibilidade de matéria seca (MS/ha) a 60º C. A disponibilidade de forragem da gliricidia
não era considerada para o calculo da lotação nesse tratamento.
Ocorreram seis períodos de avaliações no período seco de cada ano. Para efeito de análise
estatística foram considerados como fatores os anos experimentais e os tratamentos e como
repetição as avaliações realizadas em cada ano em um delineamento experimental de blocos
(avaliações) com seis repetições.
Os dados foram submetidos à análise estatística segundo o procedimento PROC
ANOVA do pacote estatístico SAS (SAS Institute, 2002). Dentro deste procedimento optou-se
pelo sub-procedimento de medidas repetidas no tempo (Repeated Measures), uma vez que todas
as avaliações ocorreram ao longo de três períodos secos (SAS Institute, 2002). Quando
constatado efeito significativo dos tratamentos quantitativos, efeito residual das doses de
nitrogênio, os mesmos foram submetidos ao procedimento PROC REG (P < 0,05). Após
traçadas as curvas de regressão para o efeito residual da adubação nitrogenada, os dados obtidos
com o tratamento consorciado foram plotados dentro de cada uma das curvas para comparação
de sua equivalência com os níveis residuais de N. Os dados experimentais foram analisados
segundo o modelo:
Y ijk = µ + Bi + Nj + Ak + NAjk + eijk
Onde: i = 1, 2, 3, 4, 5 e 6 repetições (aleatória)
j = 1, 2, 3 e 4 efeito residual das doses de nitrogênio (fixa)
k = 1, 2 e 3 ano de avaliação (2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011) (fixa)
em que
µ = constante inerente a todas as observações;
Bi = efeito do bloco i, período de avaliação na seca, sendo i = 1, 2, 3, 4, 5, 6;
Nj = efeito das doses de nitrogênio j, sendo k = 1, 2, 3, 4;
Ak = efeito dos anos de avaliação k, sendo k = 1, 2 e 3;
NAjk = interação dos efeitos residuais das doses de nitrogênio j com anos das avaliações
k;
39
eijk = erro experimental.
Resultados e Discussão
Pôde-se constatar alterações na Disponibilidade de MS total e dos componentes lâmina
foliar, colmo e material morto do Capim Marandu quando avaliado o efeito residual da
adubação nitrogenada ou consorciado com Gliricidia. As disponibilidades de folha, colmo e
material morto aumentaram linear e positivamente com o residual da adubação nitrogenada (P <
0,05).
A Disponibilidade de MS de Folha (Figura 1) apresentou-se crescente pelo incremento na
dinâmica morfogênica da planta, possivelmente devido ao residual do nitrogênio aplicado no
pasto durante o periodo chuvo, o qual pode ter favorecidoa divisão celular, taxa de crescimento
e alongamento foliar. O nitrogênio potencializa a taxa de reações enzimáticas e químicas no
metabolismo da planta, alterando suas características morfogênicas e estruturais (Fagundes et al,
2005).
Figura 1. Disponibilidade de matéria seca de folhas, colmo, disponibilidade de materia seca
total e disponibilidade de materia seca do material morto de capim marandu com
fertilização nitrogenada (■) ou consorciado com gliricidia(●).*Significativo ao nível
de 5% de probabilidade.
No sistema silvipastoril a disponibilidade de matéria seca de folhas do capim-marandu foi
promoveu um acréscimo de 391,73 em relação do tratamento testemunha e 137,15 kg/ha de
lâminas foliares quando comparado ao efeito residual da aploicação de 240 kg/ha de N,
respectivamente (Figura 1). Tais incrementos pode indicar uma resposta ao nitrogênio
biologicamente fixado pela Gliricidia e disponibilizado no solo para a gramínea através da
40
decomposição de suas folhas, galhos e raízes mortas e incorporadas como matéria orgânica no
solo. Beddy et al (2010) verificaram aumentos de até 80% na matéria orgânica particulada
ligada ao nitrogênio em solo cultivado com milho entre alamedas de gliricidia comparada a de
solo cultivado com milho em monocultivo.
O incremento na DMSF foi proporcional às doses de N, com valores variando 28%, 47%
a 50% superior ao tratamento sem adubação nitrogenada, respectivamente a adubação com 80,
160 e 240 kg/ha de N e 77% no sistema silvipastoril. A aplicação de nitrogênio no Capim
Marandu, proporcionou acréscimo da disponibilidade de colmo, este componente, por sua vez,
altera a estrutura do pasto, afetando diretamente o consumo de forragem, a digestibilidade e a
eficiência de utilização da forragem. Fagundes et al. (2006b), afirmaram que as folhas e os
colmos crescem linearmente com o aumento das doses de nitrogênio. Talvez, isso explique uma
maior disponibilidade de folha e colmo.
O sistema silvipastoril apresentou disponibilidades de colmo (1.004 kg/ha) similares aos
efeitos residuais da adubação nitrogenada nos pastos de Capim Marandu adubados com 160
(1.020 kg/ha). Carvalho et al. (1995) trabalhando com cinco gramíneas tropicais consorciadas
ou não com angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa Benth), observou que o consórcio
proporcionou redução na produção de forragem, entretanto ocasionou um aumento da proporção
de lâminas foliares o que contribui para produção animal, atribuído a um maior valor nutritivo
das folhas.
Foi observado aumento na disponibilidade de material morto do Capim Marandu em
decorrencia do residual da adubação nitrogenada. Fagundes et al. (2006a) afirmaram ao estudar
as características estruturais B. decumbens cv. Basilisk adubado com nitrogênio nas quatro
estações do ano, que na estação seca observa-se um aumento do acúmulo de material morto,
decorrente da senescência natural da gramínea, ocasionada pelo déficit hídrico da estação.
O tratamento com as maiores doses residuais de N provavelmente atingiu mais rápido o
índice de área foliar (IAF) crítico 95 %, a partir do qual começa a competição por luz no pasto,
aumentando a disponibilidade de colmo e material morto. O processo de senescência é
promovido pelo maior fluxo de tecidos decorrente do residuo da adubação nitrogenada, o que
favoreceu para uma presença marcante deste componente. Neste trabalho ocorreu um efeito
pronunciado do residuo da fertilização nitrogenada observado na estrutura do pasto, uma vez
que a taxa de senescência cresceu com o aumento na doses residuais de N.
No sistema silvipastoril Capim Marandu com Gliricidia a disponibilidade de material
morto foi 417,93; 633,14 e 617,23 kg/ha menor que os pastos de Capim Marandu que tiveram a
adubação resisual com 80, 160 e 240 kg/ha de N, respectivamente.
Apesar do Capim Marandu se adaptar a solos de baixa a média fertilidade, conforme se
aumentou as doses residuais de N ocorreram incrementos significativos (P < 0,05) da
disponibilidade total de MS, a uma taxa de aumento de 6,36 kg/ha.dia para cada kg de N
41
aplicado. O uso da fertilização nitrogenada na pastagem permitiu uma maior oferta de
forragem em tempo de escassez hídrica quando comparado a testemunha. No entanto, ao longo
do período seco a gramíneaa apresenta estresse hídrico, resultando em competição
intraespecífica das plantas por umidade, o que influencia negativamente as suas características
estruturais, produtivas e qualitativas, mascarando o estímulo benéfico do nitrogênio.
No sistema silvipastoril Capim Marandu com Gliricidia foi observado valores de DTMS
apresentaram valores intermediários ao residuo das adubações de 80 a 240 kg/ha de N, tal fato
pode ser atribuído à competições por água, luz e nutrientes, que por ser uma leguminosa arbórea
existe redução na produção de forragem pelo sombreamento no sistema, fato que diminui as
taxas fotossintéticas da gramínea. Andrade et al. (2004) ao avaliar quatro gramíneas forrageiras
tropicais (Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. humidicola cv. Quicuio-da-amazônia, Panicum
sp. cv. Massai e Paspalum notatum cv. Pensacola) e três leguminosas (Arachis pintoi cv.
Belmonte, A. pintoi BRA-031143 e Pueraria phaseoloides) submetidas a quatro intensidades de
sombreamento (0 %, 30 %, 50 % e 70 %), afirmaram que a cultivar Marandu apresentou
diminuição de 60 % na taxa de acúmulo de MS, sob a maior intensidade de sombreamento.
Porém, estes autores afirmam que a redução da produção de forragem é compensada pela
qualidade da forragem sombreada.
Os teores de PB na MS de folhas e colmos do Capim Marandu não foram influenciados
(P > 0,05) pelo efeito residual da adubação nitrogenada. Ao avaliar os teores de PB nos
componentes estruturais do sistema silvipastoril nota-se um aumento de 25 % na PB de folhas
quando comparado ao tratamento testemunha. Possivelmente, estes níveis se deram pela
capacidade fixação e transferência do nitrogênio pela leguminosa, o que pôde ter favorecido a
gramínea no consórcio a acumular novos tecidos com maiores valores nutritivos durante a
rebrota.
Os coeficientes de DIVMS total, de folha e de colmo não foram significativamente
diferentes (P > 0,05) quanto às doses de nitrogênio ou no consórcio da gramínea com a
Gliricidia. Entretanto as maiores DIVMS do Capim Marandu foram verificados no sistema
silvipastoril Capim Marandu com Gliricidia.
A relação lâmina:colmo do capim Marandu não variou (P > 0,05) com o residual da
adubação nitrogenada. Já o valor médio da relação no sistema silvipastoril do Capim Marandu
com Gliricidia foi 32% maior do que o da gramínea sem adubação nitrogenada. Cabe salientar
que além da disponibilidade de forragem proveniente do capim-marandu, nos piquetes do
sistema silvipastoril houve um aporte extra de forragem com elevado teor proteico,
disponibilizado aos animais em pastejo sob a forma de folhas e ramos finos da gliricidia (Tabela
2).
42
Tabela 2. Disponibilidade de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de folhas + ramos finos da
Gliricidia no período seco dos três anos experimentais.
Ano Disponibilidade (MS/ha) Proteína Bruta (%)
2008/2009 1180.93 22,61
2009/2010 637.80 22,12
2010/2011 790.00 23,29
Média 869,57 22,67
A taxa de lotação (TL) foi influenciada pelo resíduo da adubação nitrogenada (P < 0,05).
A lotação cresceu de maneira quadrática com o aumento da dose de nitrogênio (Figura 2) e
lineares para os ganhos de peso individual (Figura 3) e por área (Figura 4). As TL no sistema
silvipastoril nos anos experimentais corresponderam a incrementos de 11, 24 25 36%,
respectivamente, para os tratamentos de 80, 160, 240 e sistema silvipastoril do Capim Marandu
com Gliricidia comparativamente ao cultivo da Capim-Marandu sem uso da adubação
nitrogenada.
Figura 2. Taxa de Lotação em capim marandu com fertilização nitrogenada (■) ou consorciado
com gliricidia(●).*Significativo ao nível de 5% de probabilidade.
Figura 3. Ganho de peso individual em capim marandu com fertilização nitrogenada (■) ou
consorciado com gliricidia(●).*Significativo ao nível de 5% de probabilidade.
43
Figura 4. Ganho de peso por área em capim marandu com fertilização nitrogenada (■) ou
consorciado com gliricidia (●).*Significativo ao nível de 5% de probabilidade.
De modo geral foi observado que com o aumento dos níveis residuais de nitrogênio
aumentou linearmente as quantidades de folha e colmo no pasto contribuindo para as maiores e
consequentemente favoreceram o ganho de peso individual, taxa de lotação e ganho de peso por
área. Os valores de GMD para os bovinos variaram entre 89,5 a 481,7 g/animal.dia. Esta
resposta foi um reflexo do incremento na DMSF e no teor de PB do Capim-Marandu, aliado ao
acesso a uma dieta extra de melhor qualidade proveniente da gliricidia (Tabela 2).
Possivelmente a introdução do gliricidia no sistema silvipastoril proporcionou uma resposta
positiva na fixação biológica do nitrogênio, o que favoreceu uma oferta de forragem superior a
mais altas doses residuais de N acarretando na maior média de lotação para este experimento.
De acordo com Barcellos et al. (2008) a contribuição do consórcio com leguminosas
decorre das melhorias qualitativas e quantitativas da dieta, com efeito marcante no desempenho,
entretanto a taxa de lotação é inversamente proporcional a esse efeito. No presente ensaio,
provavelmente, como as avaliações ocorreram em período seco, o consórcio favoreceu a taxas
de lotações maiores, visto que, as condições favoráveis, do consórcio, ao crescimento e
desenvolvimento da gramínea nesta estação pode ter acarretado em disponibilidades maiores de
oferta de forragem.
Apesar de os ganhos de peso individuais terem respondido linearmente as doses residuais
crescentes de N (P < 0,05), a magnitude desse crescimento foi de apenas 4,34 g/dia para cada
kg/ha de N aplicado (Figura 3). Esse fato pode ser facilmente explicado pelos ajustes das cargas
animais terem sido feitos de acordo com a disponibilidade de forragem em cada tratamento.
Dessa forma, teoricamente, cada animal, em todos os tratamentos, teria a sua disposição a
mesma quantidade de forragem e assim, caso a disponibilidade fosse o único fator de influencia
no ganho de peso, apresentariam ganhos semelhantes independente do tratamento. As diferenças
encontradas devem ser atribuídas a uma melhor composição morfológica do pasto com maior
percentual de folhas e a uma melhor qualidade da forragem nos tratamentos fertilizados com
resíduo de N. Os valores de ganho de peso individual variaram em torno de 100 g/animal/dia
para os tratamentos fertilizados com N.
44
No tratamento do capim-marandu consorciado com gliricidia o GMD foi incrementada
em cinco vezes mais quando comparada com o pasto não adubado. O aumento GMD com uso
da gliricidia consorciada com capim-marandu foi superior a dose residual de 240 kg/ha de N
(196 g/animal.dia) com aproximadamente 482 g/animal.dia (Figura 3).
A média dos ganhos individuais obtidos no consórcio, quando plotada na curva de
resposta ao N foi equivalente a uma dose teórica de 909,74 kg/ha de N. Novamente uma maior
disponibilidade de forragem da gramínea não justificaria tal resposta, pois nesse tratamento a
carga foi também ajustada pela disponibilidade de forragem. Por outro lado, uma melhor
composição morfológica e melhor qualidade do capim, e principalmente, a oferta extra de
forragem de alta qualidade proteica advinda da Gliricidia justificam tal ganho de peso
individual.
Barcellos et al. (2008) afirmam que o período de seca e a baixa fertilidade natural dos
solos, influenciam na quantidade e qualidade da gramínea, e são responsáveis pela redução do
desempenho animal. Entretanto estes mesmo autores corroboram a utilização do consórcio com
leguminosas visando à melhoria da dieta animal e reciclagem de nutriente, o que favorece
maiores produções por animal e por área.
O nitrogênio residual influenciou diretamente no ganho de peso individual, possivelmente
a adubação nitrogenada favoreceu em maiores proporções de folhas no pasto, disponibilidade de
forragem e qualidade da forragem contribuindo para as maiores taxas acúmulo de forragem que
consequentemente favoreceram o ganho de peso individual, taxa de lotação e ganho de peso por
área.
O GMDa cresceu linearmente (P < 0,05) (Figura 4) influenciado pela maior
disponibilidade de forragem à medida que se aumentou o resíduo de N, com um correspondente
aumento da lotação. Desta forma, foi necessário um número crescente de animais (animais
reguladores) a fim de equilibrar o acumulado de forragem diário ocorrido em função das
maiores doses de N.
Por sua vez o consorcio da gramínea com a gliricidia correspondeu a um nível hipotético
de 853 kg/ha N com um ganho de 1691 g/ha.dia. Esse ganho correspondeu ao dobro do ganho
médio obtido na maior dose residual de N utilizada. Tal diferença pode ser explicada pelo maior
desempenho individual dos animais, que por sua vez, como já mencionado anteriormente, pode
ser atribuído a oferta extra de forragem proveniente de folhas e ramos finos da Gliricidia com
alta qualidade proteica. Além desse fato deve-se considerar que teor de PB da gramínea no
consorcio, embora não significativamente, foi sempre igual ou maior do que o nos níveis mais
altos de N.
45
Conclusão
O resíduo da fertilização nitrogenada exerce efeito positivo na disponibilidade total de massa
seca, disponibilidade massa seca de folha, colmo e material morto no Capim Marandu. O
desempenho animal individual e por área apresentam respostas lineares positivas e quadrática
para a taxa de lotação com o aumento da adubação nitrogenada.
O consórcio Capim Marandu e Gliricidia, cultivados em alamedas avaliado no período da seca,
proporciona disponibilidade de massa seca de folha, taxa de lotação e desempenho animal
individual e por área, semelhantes a adubação com 240 kg/ha de nitrogênio.
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allowance in grazing experiments. Crop Science, v. 45, p. 896-900.
47
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da pequena adoção de leguminosas arbóreas em consórcio com gramíneas
tropicais no País, este experimento evidencia a capacidade do sistema em incrementar a
produtividade e a sustentabilidade da produção animal a pasto em pastejo rotativo.
Neste sentido, a substituição da fertilização nitrogenada pela utilização do consórcio
leguminosa/gramínea resultou em redução percentual de material morto, aumento de
proteína bruta das lâminas foliares, no ganho de peso individual e por área na estação
chuvosa e redução da disponibilidade de matéria seca do material morto, aumento da
disponibilidade de matéria seca de lâminas foliares, aumento da taxa de lotação, ganho
de peso individual e por área, na estação seca do ano. Dessa forma, essa estratégia de
manejo possibilita a redução dos gastos com fertilizantes nitrogenados com eficiência
similar ou superior a uma adubação de 240 kg/ha de N, o que pode auxiliar na
sustentabilidade do sistema de produção e mantê-lo como uma atividade competitiva.
Neste estudo foi notório a resposta do consórcio no desempenho do capim-
marandu e dos animais. Tal fato indica não só a capacidade da gliricidia de fixar
biologicamente o nitrogênio e contribuir para a ciclagem dos nutrientes no solo como a
participação da sua forrageira como incremento na dieta animal. Dessa forma, o cultivo
em alamedas proporcionou o aumento da percentagem de lâminas foliares e redução do
percentual de material morto, consequentemente favorecendo uma maior qualidade de
forragem proveniente da gramínea. Entretanto houve redução da disponibilidade de
matéria seca total, possivelmente por conta do sombreamento das árvores de gliricidia, o
que foi contornado pela participação destas na oferta de forragem.
As taxas de lotação foram influenciadas, possivelmente com a adição da
disponibilidade de forragem da leguminosa no cálculo de lotação, este sistema
possibilite comportar mais animais por hectare. No entanto, quando o período
experimental se compreendeu na estação de déficit hídrico, o consórcio favoreceu a
taxas superiores a maior dose de nitrogênio aplicado. Este fato indica que em períodos
mais quentes o sombreamento atenuam a influencia do calor, o que influencia
diretamente no desempenho animal.
Sem dúvida o manejo de pastagem consorciadas torna-se mais complexo, pelo
fato de se ter duas espécies diferentes competindo por recursos do solo. Certamente este
estudo possa auxiliar a geração de novas tecnologias e disponibilidade de informações
sobre o manejo adequado e benefícios econômicos e ambientais para transferência e
48
adoção de tecnologia. Entretanto a adoção deve ter fundamentos científicos e técnicos
da sustentabilidade do sistema, limitações das espécies utilizadas e estabelecimento,
assim torna-se evidente a necessidade de mais estudos com esse enfoque.
49
ANEXOS
Figura – 1. Brachiaria brizantha cv. Marandu sem fertilização nitrogenada.
Figura – 2. Brachiaria brizantha cv. Marnadu consociada com Gliricida sepium
sem fertilização nitrogenada.
50
Figura – 3. Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com 80
kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.
Figura – 4. Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com 160
kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.
51
Figura – 5. Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com 240
kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.
Figura – 6. Bovinos com peso vivo inicial em torno de 150 kg.
52
Figura - 7. Pesagem individual dos bovinos após o ciclo de 28 dias.
Figura - 8. Consumo da Gliricida sepium no consórcio com a Brachiaria brizantha cv.
Marandu.
53
Figura - 9. Pós pastejo no consórcio de Brachiaria brizantha cv. Marnadu com
Gliricida sepium.
54
Normas da Revista
Agroforestry Systems
An International Journal incorporating Agroforestry Forum
Editor-in-Chief: Shibu Jose
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Journal no. 10457
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Effect of high intensity intermittent training on heart rate variability in prepubescent
children. Eur J Appl Physiol 105:731-738. doi: 10.1007/s00421-008-0955-8
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Smith J, Jones M Jr, Houghton L et al (1999) Future of health insurance. N Engl J Med
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o Article by DOI
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production. J Mol Med. doi:10.1007/s001090000086
o Book
South J, Blass B (2001) The future of modern genomics. Blackwell, London
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Brown B, Aaron M (2001) The politics of nature. In: Smith J (ed) The rise of modern
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o Online document
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Trent JW (1975) Experimental acute renal failure. Dissertation, University of California
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boxes, circles, etc., as coordinate points in graphs.
o Identify previously published material by giving the original source in
the form of a reference citation at the end of the figure caption.
Figure Placement and Size
o When preparing your figures, size figures to fit in the column width.
o For most journals the figures should be 39 mm, 84 mm, 129 mm, or 174
mm wide and not higher than 234 mm.
o For books and book-sized journals, the figures should be 80 mm or 122
mm wide and not higher than 198 mm.
Permissions
If you include figures that have already been published elsewhere, you must obtain
permission from the copyright owner(s) for both the print and online format. Please be
aware that some publishers do not grant electronic rights for free and that Springer will
not be able to refund any costs that may have occurred to receive these permissions. In
such cases, material from other sources should be used.
Accessibility
In order to give people of all abilities and disabilities access to the content of your
figures, please make sure that
o All figures have descriptive captions (blind users could then use a text-
to-speech software or a text-to-Braille hardware)
63
o Patterns are used instead of or in addition to colors for conveying
information (color-blind users would then be able to distinguish the visual elements)
o Any figure lettering has a contrast ratio of at least 4.5:1
Electronic Supplementary Material
Springer accepts electronic multimedia files (animations, movies, audio, etc.) and other
supplementary files to be published online along with an article or a book chapter. This
feature can add dimension to the author's article, as certain information cannot be
printed or is more convenient in electronic form.
Submission
o Supply all supplementary material in standard file formats.
o Please include in each file the following information: article title, journal
name, author names; affiliation and e-mail address of the corresponding author.
o To accommodate user downloads, please keep in mind that larger-sized
files may require very long download times and that some users may experience other
problems during downloading.
Audio, Video, and Animations
o Always use MPEG-1 (.mpg) format.
Text and Presentations
o Submit your material in PDF format; .doc or .ppt files are not suitable for
long-term viability.
o A collection of figures may also be combined in a PDF file.
Spreadsheets
o Spreadsheets should be converted to PDF if no interaction with the data
is intended.
o If the readers should be encouraged to make their own calculations,
spreadsheets should be submitted as .xls files (MS Excel).
Specialized Formats
o Specialized format such as .pdb (chemical), .wrl (VRML), .nb
(Mathematica notebook), and .tex can also be supplied.
Collecting Multiple Files
o It is possible to collect multiple files in a .zip or .gz file.
Numbering
o If supplying any supplementary material, the text must make specific
mention of the material as a citation, similar to that of figures and tables.
64
o Refer to the supplementary files as “Online Resource”, e.g., "... as shown
in the animation (Online Resource 3)", “... additional data are given in Online Resource
4”.
o Name the files consecutively, e.g. “ESM_3.mpg”, “ESM_4.pdf”.
Captions
o For each supplementary material, please supply a concise caption
describing the content of the file.
Processing of supplementary files
o Electronic supplementary material will be published as received from the
author without any conversion, editing, or reformatting.
Accessibility
In order to give people of all abilities and disabilities access to the content of your
supplementary files, please make sure that
o The manuscript contains a descriptive caption for each supplementary
material
o Video files do not contain anything that flashes more than three times per
second (so that users prone to seizures caused by such effects are not put at risk)
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paper and thus smooth the peer review process.
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The article will be published online after receipt of the corrected proofs. This is the
official first publication citable with the DOI. After release of the printed version, the
paper can also be cited by issue and page numbers.
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