113
ANÁLISE DO POTENCIAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SETOR DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS BRASILEIRO Victor César Maia Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Planejamento Energético, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Planejamento Energético. Orientador: Roberto Schaeffer Rio de Janeiro Março de 2015

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ANÁLISE DO POTENCIAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SETOR DE

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS BRASILEIRO

Victor César Maia

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Planejamento Energético, COPPE,

da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Mestre em Planejamento Energético.

Orientador: Roberto Schaeffer

Rio de Janeiro

Março de 2015

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iii

Maia, Victor César

Análise do Potencial de Eficiência Energética no Setor

de Transporte Rodoviário de Cargas Brasileiro/ Victor

César Maia. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2015.

XI, 97 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Roberto Schaeffer

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Planejamento Energético, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 92-97.

1. Transporte de Carga. 2. Transporte Rodoviário de

Carga. 3. Eficiência Energética. 4. Análise Técnico-

econômica. 5. Simulação. I. Schaeffer, Roberto. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa

de Planejamento Energético. III. Título.

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iv

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Roberto Schaeffer, a quem tenho grande admiração, por seu

conhecimento, experiência e dedicação, que foram pontos chaves para elaboração deste

trabalho.

À toda a equipe do PPE e ao grupo de trabalho do projeto GEF, em especial ao

Bruno Borba, cujos conselhos e debates acerca do tema foram de grande apoio nesta

dissertação.

À toda a minha família, em especial minha mãe, que me mostrou que todo sonho

pode ser conquistado se nos dedicarmos e lutarmos por ele.

À minha esposa, que foi minha fonte inspiração. Companheira nos momentos de

estresse, motivadora nos momentos de desânimo e a luz do meu caminho.

À Petrobras Distribuidora e toda a equipe da GNE, em especial ao Edson Chil,

Ricardo Mello e Marcelo Roma, que possibilitaram minha inserção neste mestrado. Aos

amigos Alisson Chen e Raphael Terra, pelos apoios essenciais para que eu desbravasse

este caminho e conquistasse este sonho.

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v

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ANÁLISE DO POTENCIAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SETOR DE

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS BRASILEIRO

Victor César Maia

Março/2015

Orientador: Roberto Schaeffer

Programa: Planejamento Energético

Este trabalho analisa o potencial de redução de consumo de energia do setor rodoviário de

cargas no Brasil através de ações de eficiência energética e aplicações tecnológicas

voltadas aos veículos do setor. Através das avaliações das tecnologias disponíveis no

cenário mundial, da maturidade destas tecnologias e das formas possíveis de sua inserção

no mercado, foram traçados três cenários de eficiência energética, EPE, Alternativo 1 e

Alternativo 2, para posterior comparação com um cenário base. Todos estes cenários

seguem premissas adotadas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) brasileira e são

simulados através de metodologia técnico-econômica (análise bottom-up) em um

horizonte de tempo que tem como ano base 2012 e vai até 2050. Os resultados obtidos em

cada cenário, bem como a comparação entre estes, são discutidos de forma a elucidar não

só a importância das ações de eficiência energética no setor, como também a importância

sobre sua forma inserção ao longo do tempo. Tais resultados indicam grande potencial de

redução de consumo, que vão de 23,46%, no cenário EPE, à 37,72% no cenário alternativo

2.

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vi

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

ENERGY EFFICIENCY POTENCIAL EVALUATION OF ROAD FREIGHT

TRANSPORT IN BRASIL

Victor César Maia

March/2015

Advisor: Roberto Schaeffer

Department: Energy Planning

This work analyzes the potential for energy consumption reduction in road freight

transport in Brazil through energy efficiency measures and technological applications

related to the sector´s vehicles.Evaluations of the technologies available in the world

scenario, the maturity of these technologies and the possible forms of market application

were performed to generate three energy efficiency scenarios, EPE, Alternative 1 and

Alternative 2, to be compared with a base scenario. All scenarios follow assumptions

adopted by the Brazilian Energy Planning Company (EPE) and are simulated through a

bottom-up methodology in a time frame from 2012 till 2050.The results obtained in each

scenario, and their analyses, are discussed to elucidate not only the importance of energy

efficiency measures in the sector but also the importance of their introduction over time.

These results show high potencial of energy consumption reduction, that goes from

23,46%, on EPE’s cenario, up 37,72% on Alternative 2 cenario.

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vii

ÍNDICE

1 – INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 1

2 – DESCRIÇÃO DO SETOR TRANSPORTES NO BRASIL ........................................................................ 4

3 – POLITICAS PÚBLICAS COM FOCO NO SETOR DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE

CARGA ............................................................................................................................................................... 15

4 – AÇÕES DE OTIMIZAÇÃO DO USO DE COMBUSTÍVEL NO SETOR ............................................. 24

4.1 MELHORES TECNOLOGIAS E SOLUÇÕES DISPONÍVEIS NO MERCADO ..................................... 24

4.2 TECNOLOGIA VEICULAR INCREMENTAL ....................................................................................... 24

4.2.1 Veículos Automotivos ...................................................................................................................... 24

4.2.1.1 Aerodinâmica ....................................................................................................................... 28

4.2.1.2 Redução de Massa ................................................................................................................ 30

4.2.1.3 Pneus e Rodas ...................................................................................................................... 33

4.2.1.4 Motor .................................................................................................................................... 36

4.2.1.5 Transmissão e Sistema de Tração ........................................................................................ 41

4.2.1.6 Sistemas Inteligentes ............................................................................................................ 41

4.2.1.7 Síntese ................................................................................................................................... 43

4.3 OUTRAS MEDIDAS ................................................................................................................................. 44

4.3.1 Melhorias de Infraestrutura .............................................................................................................. 44

5 – METODOLOGIA ......................................................................................................................................... 49

5.1 PROCEDIMENTO DE CÁLCULO .......................................................................................................... 49

5.2 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS .............................................................................................................. 51

5.3 DESCRIÇÃO DOS CENÁRIOS ................................................................................................................ 53

5.3.1 Cenário Base .................................................................................................................................... 54

5.3.1.1 Evolução da Frota de Veículos ............................................................................................ 57

5.3.1.2 Evolução da Intensidade de Uso .......................................................................................... 62

5.3.1.3 Evolução da Eficiência Veicular .......................................................................................... 65

5.3.1.4 Evolução do Fator de Ocupação e do Fator de Carregamento ........................................... 65

5.3.2 Cenário EPE ..................................................................................................................................... 67

5.3.3 Cenário Alternativo 1 e Alternativo 2 .............................................................................................. 68

6 – SIMULAÇÕES E RESULTADOS .............................................................................................................. 75

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viii

6.1 CENÁRIO BASE ....................................................................................................................................... 75

6.2 CENÁRIO EPE .......................................................................................................................................... 78

6.3 CENÁRIO ALTERNATIVO 1 .................................................................................................................. 81

6.4 CENÁRIO ALTERNATIVO 2 .................................................................................................................. 87

6.5 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS CENÁRIOS ............................................................................. 91

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................... 95

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 97

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ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 2-1 – Distribuição do Consumo Final de Energia no Setor Transportes – Mundo ...................... 5

Figura 2-2 – Emissões Diretas de GEE pelo Setor Transportes – Mundo .............................................. 6

Figura 2-3 – Distribuição dos Combustíveis Consumidos no Setor Transportes no Brasil .................... 8

Figura 2-4 – Distribuição Modal da Matriz Brasileira de Transportes de Carga .................................... 9

Figura 2-5 – Densidade de Infraestrutura de Transportes em Países Selecionados .............................. 10

Figura 2-6 – Evolução do Investimento Federal em Infraestrutura de Transporte (Investimento/

PIB) ....................................................................................................................................................... 11

Figura 3-1 – Selos Utilizados no programa CONPET .......................................................................... 16

Figura 3-2 – Distribuição das Medidas de Eficiência por Tipo ............................................................ 18

Figura 3-3 – Distribuição das Medidas por Setor ................................................................................. 18

Figura 3-4 – Distribuição das medidas de Eficiência no Setor de Transporte ...................................... 19

Figura 3-5 – Selo Utilizado no Programa Brasileiro de Pneus ............................................................. 21

Figura 4-1 – Perdas de Energia nos Veículos Pesados ......................................................................... 25

Figura 4-2 – Relação entre Velocidade do Veículo e as Resistências Aerodinâmica e de Rolagem .... 26

Figura 4-3 – Efeito da Calibragem dos Pneus no Consumo de Combustível ....................................... 27

Figura 4-4 – Coeficiente de Arrasto para Diferentes Tipos de Veículos .............................................. 28

Figura 4-5 – Distribuição do Vento nos Veículos Pesados ................................................................... 29

Figura 4-6 – Redução do Coeficiente de Arrasto dos Caminhões ........................................................ 29

Figura 4-7 – Relação entre Consumo de Combustível e Peso em Caminhões Leves e Médios ........... 31

Figura 4-8 – Distribuição do Peso dos Veículos Semipesados e Pesados ............................................ 32

Figura 4-9 – Pneu de Base Larga .......................................................................................................... 35

Figura 4-10 – Evolução da Eficiência de Motores Diesel e Influência da Regulação de NOx na

Europa ................................................................................................................................................... 37

Figura 4-11 – Impacto da Velocidade do Veículo na Emissão de CO2 ................................................ 45

Figura 4-12 - Potencial de redução de emissão de CO2 através da suavização do tráfego ................... 46

Figura 4-13 – Ações para Redução de Emissões de CO2 ..................................................................... 47

Figura 5-1 - Metodologia para a Projeção do Consumo no Transporte de Carga Rodoviário .............. 50

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x

Figura 5-2 – Participação dos Modais Por Atividade ........................................................................... 56

Figura 5-3 – Vendas de Veículos – Transporte de Carga ..................................................................... 60

Figura 5-4 – Curva de Sucateamento de Autoveículos no Transporte de Carga .................................. 61

Figura 5-5 – Frota de Veículos Pesados ................................................................................................ 62

Figura 5-6 – Intensidade de Uso – Transporte de Carga ....................................................................... 63

Figura 5-8 - Toneladas Médias Transportadas por Veículo .................................................................. 67

Figura 6-8 – Autonomia de Veículos Novos – Cenário Alternativo ..................................................... 68

Figura 6-1 – Consumo de Diesel e Biodiesel – Cenário Base .............................................................. 75

Figura 6-2 – Consumo de Diesel e Biodiesel por Classe de Veículo – Cenário Base .......................... 76

Figura 6-3 – Autonomia Média da Frota – Cenário Base ..................................................................... 77

Figura 6-4 – TKU por Litro – Cenário Base ......................................................................................... 78

Figura 6-1 – Consumo de Diesel e Biodiesel – Cenário EPE ............................................................... 79

Figura 6-2 – Consumo de Diesel e Biodiesel por Classe de Veículo – Cenário EPE ........................... 79

Figura 6-3 – Autonomia Média da Frota – Cenário EPE ...................................................................... 80

Figura 6-4 – TKU por Litro – Cenário EPE .......................................................................................... 81

Figura 6-5 - Consumo de Diesel e Biodiesel – Cenário Alternativo 1 .................................................. 82

Figura 6-6 – Consumo de Diesel e Biodiesel por Classe de Veículo – Cenário Alternativo 1 ............. 83

Figura 6-7 – Composição do Pacote Tecnológico – Cenário Alternativo 1 .......................................... 84

Figura 6-8 – Autonomia de Veículos Novos – Cenário Alternativo 1 .................................................. 85

Figura 6-9 – Autonomia Média da Frota – Cenário Alternativo 1 ........................................................ 86

Figura 6-10 – TKU por Litro – Cenário Alternativo ............................................................................. 87

Figura 6-11 – Consumo de Diesel e Biodiesel – Cenario Alternativo 2 ............................................... 88

Figura 6-12 – Consumo de Diesel e Biodiesel por Classe de Veículo – Cenário Alternativo 2 ........... 88

Figura 6-13 – Composição do Cenário Tecnológico – Cenário Alternativo 2 ...................................... 89

Figura 6-14 – Autonomia de Veículos Novos – Cenário Alternativo 2 ................................................ 90

Figura 6-15 – Consumo Específico Médio da Frota – Cenário Alternativo 2 ...................................... 90

Figura 6-16 – TKU por Litro – Cenário Alternativo 2 .......................................................................... 91

Figura 6-17 – Consumo Específico Médio da Frota ............................................................................. 92

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xi

Figura 6-18 – TKU por Litro ................................................................................................................ 93

Figura 6-19 – Consumo da Frota .......................................................................................................... 94

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xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2-1 – Consumo Final de Energia no Setor de Transportes Nacional por Modal ......................... 7

Tabela 2-2 – Extensão da Rede Rodoviária em 2012 – Brasil .............................................................. 12

Tabela 2-3 – Distância Média Percorrida pelos Caminhoneiros em Julho de 2011 ............................. 13

Tabela 2-4 – Velocidade Média Predominante em Julho de 2011 ........................................................ 14

Tabela 3-1 – Visão Geral Sobre as Normas para Veículos Pesados ..................................................... 20

Tabela 3-2 – Investimentos em Infraestrutura de Transportes no Brasil – PIL -2012 .......................... 22

Tabela 4-1 – Ganhos de Eficiência Aerodinâmica dos Veículos Pesados (%) ..................................... 30

Tabela 4-2 – Ganhos de Eficiência e Custos do das Tecnologias Incrementais nos Caminhões .......... 43

Tabela 5-1 – Classificação dos Caminhões na Metodologia do Modal Rodoviário ............................. 49

Tabela 5-2 – Carga Transportada pelo Modal Rodoviário .................................................................... 55

Tabela 5-3 – Toneladas-Quilômetros Úteis – Cenário Base ................................................................. 56

Tabela 5-4 – Histórico de Venda de Veículos Pesados ......................................................................... 58

Tabela 5-5 – Curvas de Sucateamento por Categoria de Veículos – Transporte de Carga ................... 61

Tabela 5-6 – Quilometragem Média Percorrida por Veículo ao Ano (2012) ....................................... 63

Tabela 5-7 – Intensidade de Uso - Veículos Pesados ........................................................................... 64

Tabela 5-8 – Consumo Específico dos Veículos Pesados - 2012 ......................................................... 65

Tabela 5-9 - Carga Média (em Toneladas) Transportada por Veículo por Categoria e Faixa de Idade 66

Tabela 5-10 – Inserção de Tecnologias ................................................................................................. 69

Tabela 5-11 – Inserção Tecnológica ao Longo do Tempo .................................................................... 70

Tabela 5-12 – Níveis de Maturidade Tecnológica ................................................................................ 71

Tabela 5-13 – Pacote Tecnológico – Cenário Alternativo .................................................................... 72

Tabela 5-14 – Pacote Tecnológico – Cenário Alternativo 2 ................................................................. 73

Tabela 5-15 – Penetrabilidade Tecnológica .......................................................................................... 74

Tabela 6-1 – Resultados Finais ............................................................................................................. 94

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1

1 – INTRODUÇÃO

O consumo de derivados de petróleo representa grande parcela da matriz energética nacional,

correspondendo, em 2014, a 44,4% do consumo de energia final no país (EPE, 2014b). O

diesel, mais especificamente, figura como uma das mais importantess fontes energéticas, sendo

responsável, em 2013, pelo atendimento de 18,3% da energia final consumida no país (EPE,

2014b).

Estratificando o consumo de diesel, notamos que o setor de transporte rodoviário se destaca. O

setor apresentou, em 2013, um consumo de 36,65 milhões de toneladas equivalentes de

petróleo , aproximadamente 80% do consumo de diesel do país, equivalente a 43,2 milhões de

m³ de diesel (EPE, 2014b). No consumo de diesel, o transporte rodoviário de cargas tem grande

peso. Em 2010, de acordo com os resultados mostrados pela Empresa de Pesquisa Energética

(EPE, 2012), este era responsável por cerca de 85% do diesel consumido para o transporte.

Além de ser um grande consumidor de energia, o setor de transportes no país também apresenta

indicativos de que é pouco eficiente quando comparado ao restante do cenário mundial. A

média mundial de autonomia (km/l) para caminhões novos, leves e médios foi de 8,2 km/l e de

caminhões novos pesados foi de 3,6 km/l em 2010 (IEA, 2012b), enquanto no cenário brasileiro

estes valores foram, respectivamente, de 5,6 km/l e 3,4 km/l em 2012 (MMA, 2014).

Não só o comparativo entre as autonomias atuais mostra a defasagem para o caso brasileiro. A

projeção da melhoria da autonomia também mostra um potencial latente no setor, enquanto no

cenário mundial temos projeções com aumento da automia de 1,5% a.a. no cenário até 2030

(IEA, 2012b), no Brasil temos uma projeção de 1% a.a.(EPE, 2014a).

Tanto a grande participação do setor rodoviário de cargas, quanto o seu potencial latente de

eficiência, mostram que uma análise detalhada do setor quanto ao tema eficiência energética

se faz necessária.

As ações de eficiência energética no setor, entretanto, não são de fácil implantação. O setor

caracteriza-se por equipamentos de longa duração e com elevado custo fixo (IPCC, 2014). Por

outro lado, a incorporação de uma nova tecnologia na linha de produção de uma fábrica de

montagem de veículos requer adaptações e investimentos, que não ocorrem no curto prazo

(Greene et al, 2011). Apesar da falta de progresso até o momento, o surgimento de novas

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2

tecnologias, a implementação de políticas públicas e as mudanças comportamentais têm

participação importante na transição necessária para reduzir o consumo energético, bem como

nas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) no setor de transportes (IEA, 2012b).

Um aspecto a ser considerado é que os países em desenvolvimento, como o Brasil, não possuem

sistemas de transportes maduros e podem experimentar um crescimento relevante nos próximos

anos. Esse fato confere a estes países, por um lado, o risco de tornar a movimentação de cargas

ainda mais intensiva em energia e poluidora e, por outro, a oportunidade de realizar uma

expansão com qualidade e eficiência (Moraes, 2005). Torna-se evidente, então, a importância

de se conhecer as características e peculiaridades do sistema de transportes brasileiro e planejar

seu desenvolvimento, a fim de que seja identificada a melhor alternativa para a evolução do

setor.

Estes fatores, mesmo com a importância destacada do setor rodoviário de cargas, tornam

complexa uma análise do potêncial latente existente de eficientização do setor. Esta dissertação

tem como objetivo geral analisar o potencial brasileiro de eficientização de uso do diesel no

transporte rodoviário de cargas. Para isto, serão traçados como objetivos específicos: descrever

o histórico de evolução do setor de transporte rodoviário no Brasil; mapear a forma de atuação

do mercado de transporte rodoviário de cargas brasileiro; identificar as melhores tecnologias

disponíveis para eficiência energética no setor bem como ações, políticas e pesquisas

operacionais correlatas ao tema; simular, através de planos governamentais, um cenário base

da evolução do consumo de combustível, e dois cenários futuros de eficiência.

Para tal, além deste capítulo de introdução, este documento possui em sua estrutura outros seis

capítulos. No capítulo dois é traçado um panorama do setor de transportes no mundo, em

especial no setor rodoviário de cargas, e com isto feito um paralelo com a atual situação do

setor no Brasil.

No capítulo três são mapeadas as principais formas de políticas públicas para eficientização do

setor. Mais uma vez é traçado o panorama mundial frente ao panorama brasileiro e como

políticas desenvolvidas no exterior poderiam ser implementadas aqui.

No capítulo quatro é feito um levantamento detalhado de cada subsistema existente em um

veículo pesado, para posterior levantamento quantitativo e qualitativo das tecnologias

existentes e em desenvolvimento. Este capítulo tem também, como intuito, concluir acerca das

tecnologias destacadas, e o potencial de inserção destas no setor.

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3

No capítulo cinco, a metodologia utilizada na simulação é descrita, bem como as premissas

utilizadas para descrever o setor rodoviário de cargas. Além disso, são descritos também como

se dá a formação dos cenários e as diferenças destes com relação as premissas setoriais e

tecnológicas.

No capítulo seis, os resultados obtidos são discutidos e comparados. Além disso, alguns índices

de eficiência, como consumo específico, também são analisados neste capítulo. Com base

nestes resultados, o capítulo sete traz as considerações finais, fazendo também um paralelo com

todas as outras conclusões e debates levantados nos capítulos anteriores.

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4

2 – DESCRIÇÃO DO SETOR TRANSPORTES NO BRASIL

Os meios de transporte atualmente representam grande parcela do consumo energético

mundial, sendo responsáveis por 23% do total de energia final consumida, equivalente a

1.081,12 Mtoe (IEA, 2013), mas não apenas por isso merecem grande atenção quando tratamos

de planejamento da matriz energética. Além disso, o setor de transportes compõe um dos

pilares da competitividade de um país, pois torna possível relações comerciais, acesso a bens

de consumo e insumos. Qualquer nação fica literalmente paralisada se houver interrupção de

seu sistema de transportes (Schaeffer et al., 2004). A operacionalização do sistema de

transporte, portanto, influencia diretamente questões socioeconômicas, pois a movimentação

de bens e pessoas tem grande impacto na sociedade e no progresso de uma nação (EPE, 2014b).

O transporte de cargas em especial toma cada vez mais um papel vital na economia global

(Greene et al, 2011). Esta inquestionável importância do setor e o peso deste quanto ao

consumo energético vai ao encontro de todas as limitações existentes atualmente, sejam estas

no âmbito comercial ou no ambiental (IPCC, 2014). Isto ocorre pois o setor possui

primordialmente os derivados de petróleo como principal fonte de energia. De acordo com

(IEA, 2013), cerca de 93% do consumo mundial de energia no setor de transportes se deu no

ano de 2012 na forma de derivados de petróleo. Com isto, o setor de transporte acaba também

sendo um dos principais responsáveis pela emissão mundial de GEE, colocando-o em posição

de destaque também no planejamento ambiental (IPCC, 2014). A Figura 2-1 exibe a

distribuição do consumo energético dos diferentes combustíveis no setor transportes mundial.

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5

Figura 2-1 – Distribuição do Consumo Final de Energia no Setor Transportes – Mundo

Fonte: Elaborado a partir de IEA, 2012a

As emissões de GEE pelo setor transportes, por sua vez, mais que dobraram desde 1970, e têm

aumentado a um ritmo mais rápido do que qualquer outro setor da economia, chegando a 7,0

GtCO2e em 2010, sendo responsável por, aproximadamente, 23% do das emissões de CO2

relacionadas com o uso de energia. Do total emitido em 2010 pelo setor, cerca de 72% está

relacionado com o modal rodoviário (Figura 2-2), sinais de um uso cada vez mais intensivo de

energia.

Fontes Energéticas

Consumos por Modal

Consumidor

Uso Final

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6

2,71% 2,83% 2,11%

59,85%

71,00% 72,06%

9,78%

3,34% 1,60%2,81%3,45% 2,38%1,38%1,12% 2,16%5,55%5,39% 6,52%5,71%5,94% 4,10%

11,66%7,66% 9,26%

3,26% 2,09% 1,91%

1 9 7 0 1 9 9 0 2 0 1 0

Emissões Indiretas de Geração de Energia Elétrica Rodoviário Ferroviário

Dutoviário e etc. Hidrofluocarbonetos e N2O indiretos Aviação Internacional

Aviação Doméstica Navegação Internacional e Costeira Navegação Nacional

Figura 2-2 – Emissões Diretas de GEE pelo Setor Transportes – Mundo

Fonte: Elaborado a partir de IPCC, 2014

Em relação ao consumo energético, o cenário brasileiro está em consonância com o panorama

geral mundial. Desde 1980, o setor transportes nacional é o segundo maior usuário de energia

final, com uma participação que varia entre 25 e 30% do uso final de energia, sendo responsável

por aproximadamente 70% do consumo final energético dos derivados de petróleo e gás natural

no país. Em 2012, o setor demandou cerca de 83 milhões de toneladas equivalentes de petróleo,

dos quais mais de 90% foram consumidos no modal rodoviário (EPE, 2014b), conforme se

pode verificar na Tabela 2-1.

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7

Tabela 2-1 – Consumo Final de Energia no Setor de Transportes Nacional por Modal

(ktEp) Rodoviário Ferroviário Hidroviário Aeroviário Total

2002 44.456 773 1.036 3.135 49.400

2003 44.329 767 954 2.241 48.291

2004 47.334 868 1.096 2.392 51.690

2005 48.073 926 1.124 2.596 52.720

2006 49.067 1.040 1.088 2.435 53.630

2007 52.892 1.115 1.338 2.674 58.019

2008 57.370 1.149 1.452 2.857 62.829

2009 57.683 1.125 1.359 2.874 63.041

2010 63.963 1.135 1.380 3.241 69.720

2011 67.896 1.148 1.323 3.623 73.989

2012 72.721 1.190 1.297 3.820 79.027

2013 77.007 1.181 1.298 3.667 83.153

Fonte: EPE, 2014b

Devido à forte participação nos veículos pesados de transporte coletivo e de carga (ônibus e

caminhões), o óleo diesel é o combustível mais consumido no setor, representando 48% do

consumo de energia do setor de transportes (EPE, 2014b), como mostrado na Figura 2-3. A

gasolina automotiva e o álcool etílico desempenham tambéma desempenham papéis

importantes, representando, respectivamente, 31% e 13% do consumo total de energia do setor

de transportes (EPE, 2013). Mas como a participação destes dois energéticos no transporte de

cargas é praticamente nula, sua avaliação não será considerada neste estudo. Destaca-se, ainda,

que em janeiro de 2005, com o Programa Nacional do Biodiesel, aprovado pela Lei nº 11.097,

ficou definido que o óleo diesel vendido no País deverá conter determinada proporção de

biodiesel (BRASIL, 2005). Em setembro de 2014 Lei nº 13.033 elevou gradualmente a

proporção do biodiesel chegando a 7% a partir de novembro de 2014 (BRASIL, 2014). Este é

um dos pontos que diferencia o cenário brasileiro do restante do mundo. A proporção que os

derivados de petróleo representam no setor de transportes no caso brasileiro é de 81% (EPE,

2014), diferentemente dos 93% mostrados anteriormente do cenário mundial. Neste caso, o

etanol usado em veículos leves tem grande relevância.

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8

46,2

2,41,2

29,3

4,3

14,3

2,2

ÓLEO DIESEL BIODIESEL ÓLEO COMBUSTÍVEL GASOLINA AUTOMOTIVA

QUEROSENE ÁLCOOL ETÍLICO OUTRAS

Figura 2-3 – Distribuição dos Combustíveis Consumidos no Setor Transportes no Brasil

Fonte: EPE, 2014c

Outro ponto de grande similaridade entre o caso brasileiro e o restante do mundo é a

distribuição do transporte de cargas entre os modais. No caso brasileiro, atualmente, o modal

rodoviário representa 52% da matriz de transporte brasileira de carga (medida em Tonelada-

Quilômetro Útil - TKU), o que demonstra a forte dependência deste modal (SPNT / MT, 2012).

A distribuição modal de transportes no Brasil pode ser observada na Figura 2-4, de um total

de, aproximadamente, 1,2 trilhão de TKU ao ano.

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9

Figura 2-4 – Distribuição Modal da Matriz Brasileira de Transportes de Carga

Fonte: SPNT / MT, 2012

A participação dos modais no Brasil, entretanto, nem sempre teve esta configuração. O

desenvolvimento do setor se deu inicialmente com forte apelo para outros modais, começando

de forma ampla através da navegação costeira e posteriormente com um período de auge do

modal ferroviário, entre as décadas de 1930 e 1940 (CNT, 2013). Neste período, mais de 30

mil quilômetros de vias foram construídos tendo como objetivo principal a exportação

de produtos primários, particularmente café (SPNT / MT, 2012).

Após a crise de 1929, houve uma crescente industrialização do Brasil paralelamente ao

fortalecimento do mercado interno, o que acarretou a necessidade de construção de estradas

para atender a distribuição dos produtos fabricados na região sudeste (SPNT / MT, 2012).

Apenas na segunda metade da década de 1950 o modelo brasileiro de transportes passou a ter

um enfoque maior do modal rodoviário. Em parte tal distorção aconteceu devido às crises

econômicas, a inércia nos investimentos em outros modais e à priorização pelo atendimento de

demandas de curto prazo nas estruturas decisórias, permitindo que a diferença entre os modais

se tornasse ainda mais extrema (Schaeffer e Szklo, 2007). Entre 1940 e 1970, por exemplo, a

rede rodoviária foi expandida de 185 mil quilômetros para cerca de 1,5 milhão de quilômetros

(malha pavimentada e não pavimentada). Nesse mesmo período, a rede ferroviária foi reduzida

de 38 mil para cerca de 30 mil quilômetros, sendo que menos de 10% desta rede estava

eletrificada (Martins et al., 2010), mostrando claramente uma intensão do poder público em ter

um maior enfoque no modal rodoviário.

52%

30%

8%

5% 5%

Rodoviário Ferroviário Cabotagem Hidroviário Dutoviário

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10

Apesar de toda a evolução da malha rodoviária e ferroviária brasileira, a distribuição do sistema

de logística no país é baixa quando comparada a de outros países de grandes dimensões, como

Estados Unidos, China, Austrália, Rússia e Canadá (CNT, 2014). A densidade da malha

rodoviária pavimentada e ferroviária do Brasil, obtida pela divisão da quilometragem de

rodovias e ferrovias existentes pela área territorial do país, é a menor entre esses países

considerados, com valores de 23,8 km/1000km² (CNT, 2014), conforme mostrado na Figura

2-5.

Figura 2-5 – Densidade de Infraestrutura de Transportes em Países Selecionados

Fonte: CNT, 2011; 2013

Tal carência de infraestrutura de transportes foi agravada, em boa medida, pela queda do

patamar de investimentos em sistemas de transportes no país. Desde 1975, o investimento

público federal em infraestrutura de transporte, como proporção do PIB, caiu de 1,84% para

0,29%, em 2012 (Figura 2-6). A tendência de crescimento verificada na última década parecia

demonstrar uma tentativa de retomada sustentável dos patamares de investimentos registrados

no passado. Contudo, nos dois últimos anos, constatou-se uma diminuição no investimento

público, que passou de 0,36% para 0,29% entre 2011 e 2012, respectivamente (CNT, 2013).

445,2

22,9

4,5

359,9

911,5

46

5

0,5

44,8

5,1 5,2

41,6

4,7

0,2

23,8

3,52,2

0,1

1

10

100

1000

Rodovias Ferrovias Hidrovias

km /

1.0

00

km

2

EUA China Austrália Rússia Canadá Brasil

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11

Figura 2-6 – Evolução do Investimento Federal em Infraestrutura de Transporte (Investimento/

PIB)

Fonte: CNT, 2013

Atualmente, existem no país 1.691.521 km de rodovias, dos quais apenas 203.598 km são

pavimentados, isto é, 12% da malha (DNIT, 2013). Entre as rodovias pavimentadas, 65.930

km são federais, conforme exibido na Tabela 2-2.

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12

Tabela 2-2 – Extensão da Rede Rodoviária em 2012 – Brasil

(km) Rede Não

Pavimentada

Rede

Pavimentada

Extensão Total

da Rede

Federal 12.577 65.930 78.507

Estadual 111.334 110.842 222.176

Municipal 1.234.918 26.826 1.261.744

Rede Planejada 129.094

Total 1.358.829 203.598 1.691.521

Fonte: DNIT, 2013

Observa-se que grande parte das vias não são pavimentadas. Além disso, como mostrado na

Tabela 2-2, uma parte considerável das vias pavimentadas não apresentam condições ideais

para o tráfego. A pesquisa sobre rodovias conduzida pelo CNT em 2013 revela que, dos 96.714

km pesquisados, apenas 36% foram considerados como “Bom” ou “Ótimo (CNT, 2013). Tal

situação gera uma perda de eficiência para o modal rodoviário, além de custos mais elevados

para o setor privado nos gastos adicionais de operação de veículos (SPNT / MT, 2012). A

degradação da infraestrutura de transportes e a falta de integração sistêmica afetam,

sobremaneira, o padrão de eficiência energética do sistema de transportes, geram desperdício

de combustíveis e de recursos econômicos (Schaeffer et al., 2004).

O aumento da participação de bens de médio a alto valor agregado necessita de transporte

rápido e flexível nas entregas, o que contribui para o aumento da importância das rodovias em

relação a modais como aquaviário e ferroviário (Gucwa e Schäfer, 2013). Desse modo, o modal

rodoviário deveria ser focado no transporte de tais produtos, com pequenos volumes e em rotas

de curtas distâncias. No entanto, o que se observa no Brasil é que,em parte devido ao baixo

valor do frete, acaba sendo bastante utilizado também no transporte de commodities como soja,

derivados de petróleo e cimento (Araújo et al., 2014).

Além do fato de o valor médio pago pelos fretes rodoviários ser mais baixo que os custos

incorridos pela operação e remuneração do capital (Araújo et al., 2014), outros grandes fatores

que influenciam na preferência pela modalidade rodoviária são: malha rodoviária bastante

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13

pulverizada; prática de excesso de carga, acarretando na destruição da malha rodoviária

nacional e em maiores custos de manutenção; prática da carga-frete; falta de regulamentação

da jornada de trabalho do motorista1, o que reduz o tempo de trajeto e incorre em menos custos

para a operação (porém exaure a produtividade do motorista e aumenta o risco de acidentes)

(Araújo et al., 2014); frequência e disponibilidade do serviço; velocidade e comodidade

inerentes ao serviço de porta-a-porta, sem necessidade de carga ou descarga entre origem e

destino (Ballou, 2006).

Atualmente, no mercado brasileiro de transporte rodoviário participam 153 mil empresas de

transporte de cargas, 785 mil autônomos e 384 cooperativas, dentre os transportadores

regularmente inscritos no Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (RNTC)

(ANTT, 2014).

A distância percorrida pelos caminhões nas operações de transporte de carga ainda é um dado

bastante incerto. Uma pesquisa conduzida pelo CNT em conjunto com o Serviço Social do

Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) apresenta

um valor médio percorrido de cerca de 10.500 km por mês, como mostrado na Tabela 2-3, o

que corresponde a um total de 126 mil km por ano (CNT et al., 2011).

Tabela 2-3 – Distância Média Percorrida pelos Caminhoneiros em Julho de 2011

Quilômetros rodados

por mês (km) Autônomos Empregados de Frota Total

Média 9.842 11.426,9 10.482

Fonte: CNT et al., 2011

Para essa distância média percorrida, aproximadamente 90% dos caminhoneiros rodam

predominantemente a uma velocidade média superior a 60 km/h, conforme apresentado pela

Tabela 2-4.

1 Já ocorreram avanços na regulamentação da jornada de trabalho de motoristas, especialmente através da lei no

12.619/12.

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14

Tabela 2-4 – Velocidade Média Predominante em Julho de 2011

Velocidade Média

Predominante

Autônomos

(%)

Empregados de Frota

(%)

Total

(%)

Abaixo de 60 Km/h 10 8,4 10

Acima de 60 Km/h 90 91,6 90

Fonte: CNT et al., 2011

O setor de transporte rodoviário de cargas brasileiro mostra, portanto, ser extremamente

intensivo no uso de energia e possui grande carência com relação a sua distribuição de malha

rodoviária quando comparado ao de outros países. Além disso, o fato de as tarifas de fretes

cobradas atualmente nem sempre remunerarem de forma adequada o setor fazem com que seus

atores, autônomos e empresas, possuam critérios de decisão adversos (Araújo et al., 2014),

tornando-se uma possível barreira de entrada a eficientização do setor. Soluções externas ao

mercado, portanto, fazem-se necessárias para o incentivo de ações eficientes. Nesse sentido,

no próximo capítulo são discutidas políticas públicas existentes com no foco no setor de

transporte rodoviário de cargas.

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15

3 – POLITICAS PÚBLICAS COM FOCO NO SETOR DE TRANSPORTE

RODOVIÁRIO DE CARGAS

Apesar de normalmente ações de eficiência energética beneficiarem diretamente o usuário final

de energia, muitas vezes há barreiras que impedem a correta inserção deste tipo de ação. Nota-

se, portanto, que sinalizações de preço, por si só, não são inteiramente suficientes para que o

consumidor tenha um uso racional de energia (WEC, 2013). O uso de políticas públicas sobre

o tema eficiência energética visa criar as condições de mercado, superando suas falhas, assim

como facilitar a inserção de tecnologias e serviços eficientes e incentivar que o consumidor

tenha escolhas com melhor relação custo benefício (WEC, 2013).

Os principais motivos que sinalizam a necessidade de uma atuação em políticas públicas são:

o acesso a informação, a disponibilidade limitada de equipamentos e insumos mais eficientes

no mercado local, a falta de mão de obra técnico-comercial especializada, bem como soluções

financeiras, os tomadores de decisão que realizam o investimento não são os mesmos que

arcam com os custos de operação, a tendência a escolhas de curto prazo ante a escolha de

equipamentos eficientes, fruto de uma condição econômica restritiva de um setor, local ou

consumidor (WEC, 2013).

Um dos pontos chave para o sucesso de uma política pública em eficiência energética é a

influência sobre o poder de decisão do consumidor. A disseminação da informação serve de

suporte para todas as outras ações da política pública, promovendo a inserção desta no mercado

(WEC, 2013). Tal informação pode ser multiplicada de diversas maneiras, entre elas através

do uso de campanhas educacionais, de formação e treinamento (IEA, 2012b). Além disto, outro

uso bastante comum é o uso de um programa formal de etiquetagem, em que o cliente tem uma

base de comparação para os produtos apresentados, bem como uma indicação de melhor

produto de determinada categoria (IEA, 2012b) (WEC, 2013). No caso brasileiro, destacam-se

os selos e etiquetas utilizados pelo Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados

do Petróleo e do Gás Natural (CONPET), destacados na Figura 3-1.

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16

Figura 3-1 – Selos Utilizados no programa CONPET

Fonte: CONPET, 2014

Há casos, entretanto, que apenas a informação não é suficiente. É comum em muitos países a

proteção do consumidor sobre a tarifa do insumo energético através de subsídios (WEC, 2013).

Neste caso, o consumidor passa a ter um desincentivo à tomada de ações que promulguem a

eficiência energética. Tal fato afeta não apenas as políticas públicas de incentivo, como também

as empresas privadas que atuam neste mercado (WEC, 2013). Como o preço percebido pelo

consumidor é menor que o real, normalmente há o desperdício e a falta de vontade por parte

do mercado em investir em produtos mais eficientes (WEC, 2013). Destaca-se, como exemplo,

o caso brasileiro, que até 2014 possuia os preços dos combustíveis leves abaixo dos preços

internacionais.

O primeiro passo para toda a política pública de eficiência energética é regularizar os preços

conforme mercado, para sinalizar de forma correta aos consumidores a importância da

eficiência ou prover incentivos para a aquisição de equipamentos eficientes (WEC, 2013).

Apesar de este item ser praticamente uma unanimidade entre planejadores, sua execução nem

sempre é fácil, pois são altamente impopulares e com avaliação dos resultados de difícil

medição (WEC, 2013). Alguns casos de sucesso entretanto são identificados pelo mundo, como

alguns países da União Europeia, Gana e, mais recentemente, China, Índia e Africa do Sul

(WEC, 2013).

O uso de incentivos é amplamente usado mas nem sempre efetivo (IEA, 2012b). Em muitos

casos a melhor forma de induzir o consumo eficiente é através de regulamentações (IEA,

2012b), (WEC, 2013). Incentivos acabam menos efetivos pois muitas vezes eles dependem da

mudança de comportamento de milhões de consumidores que não têm as informações e

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17

recursos para agir, enquanto a regulação é algo institucional e obrigatório (WEC, 2013). A

Figura 3-2 mostra como as ações regulatórias, em uma visão geral para todos os produtos e

setores, são mais amplamente utilizadas e a Figura 3-3 mostra como para o setor de transporte

mundial as ações regulatórias também são usadas rotineiramente, dividindo espaço com ações

financeiras e fiscais.

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10%

20%

30%

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100%

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20

09

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12

Africa OrienteMédio

Europa Asia (Outros) AméricaLatina

Total Asia (OCDE) América doNorte

Regulação Financeiro Fiscal Outros

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18

Figura 3-2 – Distribuição das Medidas de Eficiência por Tipo

Fonte: WEC, 2013

Figura 3-3 – Distribuição das Medidas por Setor

Fonte: WEC, 2013

Além da etiquetagem, mencionada anteriormente, que também pode ser uma forma de

regulação quando torna-se obrigatória, há outras formas de regulamentação. Uma delas é a

aplicação de medidas de aumento de eficiência energética (IEA, 2012b). Outras formas são a

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80%

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100%

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12

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12

20

09

20

12

Africa OrienteMédio

Europa Asia (Outros) AméricaLatina

Total Asia (OCDE) América doNorte

Regulação Financeiro Fiscal Outros

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Transporte Serviços Industria Residências

Financeiro Fiscal Regulação Outros

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19

regulação com requisitos específicos para grandes consumidores e a exigência de manutenções

específicas para consumidores finais (IEA, 2012b).

Quando se trata do setor de transporte, é amplamente reconhecido a dificuldade que este possui

de implementar ações de eficiência energética, especialmente quando se trata do transporte

rodoviário de cargas (WEC, 2013). As ações focadas em veículos leves são mais utilizadas no

cenário mundial, ficando o transporte com veículos pesados principalmente com ações voltadas

para veículos comerciais leves e auditorias energéticas feitas em grandes companhias do setor

de transporte (WEC, 2013). Ainda assim, no cenário mundial, as ações regulatórias são as mais

comuns no setor, com destaque ao caso contraditório na América Latina, que faz um uso mais

rotineiro de incentivos financeiros (Figura 3-4).

Figura 3-4 – Distribuição das medidas de Eficiência no Setor de Transporte

Fonte: WEC, 2013

Para o setor de transporte rodoviário de carga as medidas regulatórias se concentram no

aumento da eficiência dos caminhões. As ações de eficiência do caminhão em sua totalidade,

considerando todos os susbsistemas compondo um único equipamento, são implementadas

apenas no Japão, com o programa Japan Top Runner. O programa foi desenvolvido em 2006

e é o primeiro programa de eficiência energética de caminhões com politica de penalidades,

que entrará em vigor em 2015. A implementação de programas deste tipo torna-se bastante

complexa por haver uma diversidade muito grande de caminhões. Há programas de

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OrienteMédio

Com. dosEstados Ind.

AméricaLatina

Africa Total Europa Asia(Outros)

América doNorte

Asia (OECD)

Financeiro Fiscal Regulação Adesão Voluntária

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20

etiquetagem, com moldes similares, apenas para veículos comerciais leves, na União Européia,

Estados Unidos e Canadá. Outras medidas focam em componentes específicos como a

etiquetagem de pneus, medidores de pressão em pneus e reguladores de velocidade, como no

caso dos Estados Unidos (WEC, 2013), (IEA 2012c).

Até o momento, apenas Japão, considerando o caminhão em sua totalidade, e Estados Unidos,

considerando alguns subsistemas, implementaram normas específicas para caminhões,

enquanto a União Europeia e a China ainda estão desenvolvendo soluções semelhantes (IEA,

2012c). A Tabela 3-1 mostra um panorama geral sobre as políticas públicas ao redor do mundo.

Tabela 3-1 – Visão Geral Sobre as Normas para Veículos Pesados

País ou Região

Tipo de Regulação

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Japão Economia de Combustível

Implementação da Regulação,

iniciando em 2015

Estados Unidos

GEE/ Eficiência de Combustível

Proposição de

Norma

Regra Final

Implementação da Regulação, iniciando em

2014

Canada GEE/

Eficiência de Combustível

Proposiç

ão de Norma

Regra Final

Implementação da Regulação, iniciando em

2014

China Consumo de Combustível

Procedimentos de

testes finalizad

os

Proposição de

Norma para a

Indústria

Proposição de

Norma

Regra Final

Implementação da Regulação,

iniciando em 2015

União Européia

GEE Estudos Técnicos

Procedimentos de

Testes Finalizad

os

Relatório de Eficiência Obrigatório e Desenvolvimento do Regulador

Califórnia

Requisitos de Compra para

Usuários Finais

Requisitos para sistema de tração e

trailers Requisitos Adicionais para Sistemas Existentes

Fonte: IEA, 2012c

Incentivos financeiros são menos comuns (IEA, 2012c). Na Colômbia, por exemplo, existem

subsídios para substituição de veículos com elevada idade por veículos novos. O programa teve

início em 2008, e estima-se que 6.000 veículos foram substituídos (WEC, 2013).

No Brasil ainda é insipiente a normatização de veículos pesados. Destaca-se o programa

brasileiro de etiquetagem de pneus, estabelecido pela portaria Inmetro número 544 de outubro

de 2012 (INMETRO, 2014). Esta portaria estabelece um programa de etiquetagem aos moldes

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do programa europeu, em que não há uma eficiência mínima para o pneu e sim uma

comparação relativa entre estes (Figura 3-5). O programa é compulsório e passa a valer em

2015. Os fabricantes terão até 2016 para vender pneus que estejam em estoque, sem a etiqueta.

Já os comercializadores têm até 2017 para inserir estes pneus no mercado.

Figura 3-5 – Selo Utilizado no Programa Brasileiro de Pneus

Fonte: INMETRO, 2014

No Brasil, o programa mais antigo data de 2012, com uma política similar à desenvolvida na

Colômbia; ou seja, com o intuito de renovar a frota de veículos pesados, foi implantado para

empresas e autônomos que circulam na região portuária de Santos, através de incentivos em

financiamento. Ainda com relação a incentivos financeiros, temos no Rio de Janeiro um

programa em que os veículos com muita idade de uso sirvam de crédito na compra de veículos

novos. Além disso, estes veículos receberão outros incentivos fiscais. O governo do Rio de

Janeiro pretende com isto reduzir a idade média de veículos no estado de 17,1 para 12 anos,

substituindo cerca de 40.000 veículos em 5 anos (Rio Capital da Energia, 2014). Até o

momento não há dados sobre o resultado desta iniciativa. Há ainda no Brasil o caso de Minas

Gerais, que segue os moldes de São Paulo, tendo como foco principal veículos com idade

superior a 30 anos.

Outras políticas desenvolvidas, apesar de não terem a intenção direta de reduzir o consumo de

energia, merecem ser comentadas por afetar diretamente o setor. Este é o caso do Programa de

Aceleração de Crescimento (PAC) e do Programa de Investimento em Logística (PIL) (SPNT

/ MT, 2012). Ambos os programas influenciam na eficiência do setor, mesmo que

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indiretamente, pois contribuem para a melhoria das condições das via e para a redução dos

congestionamentos.

O PAC, lançado em 2007, e a 2ª etapa do programa, o PAC 2, lançado em 2010, buscam

retomar os investimentos em infraestrutura de transportes no Brasil. Além de investimentos em

infraestrutura, os programas visam atacar entraves ao desenvolvimento do setor,

complementado por medidas econômicas e institucionais. Contudo, dos R$ 104 bilhões

previstos para investimentos em transportes, entre 2011 e 2014, apenas R$ 58,9 bilhões foram

investidos em empreendimentos em todo o País até abril de 2014 (MP, 2014), ressalvando

ainda que estes valores são referentes à execução financeira, não tendo correlação direta com

o avanço da obra.

Ademais, em agosto de 2012, foi lançado o Programa de Investimento em Logística - PIL, que

amplia a velocidade de investimentos em infraestrutura de transportes, notadamente rodovias,

ferrovias e portos. No caso do setor rodoviário, e sintetizado na Tabela 3-2, o programa prevê

investimentos da monta de 46,0 milhões, atendendo cerca de 7000 km, contemplando, entre

outros pontos, a duplicação das principais vias.

Tabela 3-2 – Investimentos em Infraestrutura de Transportes no Brasil – PIL -2012

Investimentos Previstos

(Bilhões de Reais)

Características

Rodovias 46,0 7.000 km

Ferrovias 99,6 11.000 km

Portos 54,6 Expandir e Modernizar os

portos do país

Aeroportos 16,5 2 aeroportos (Galeão e Confins)

e 270 aeroportos regionais

Trem de Alta Velocidade 35,6 511 km

Total 252,3

Fonte: EPL, 2014

O PIL busca ampliar a escala dos investimentos públicos e privados em infraestrutura, com a

duplicação dos principais eixos rodoviários do país, reestruturação do modelo de investimento

e exploração das ferrovias, expansão da malha ferroviária, modernização de portos e aeroportos

e a construção do Trem de Alta Velocidade (TAV), que representa um serviço de transporte

ferroviário de passageiros que conectará as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas.

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Existem, portanto, algumas formas de quebrar as barreiras existentes em um mercado para a

inserção de ações de eficiência energética. Estas quebras de barreira, entretanto, funcionam

apenas como um catalizador de ações potenciais de eficiência energética e não geram ganhos

de eficiência energética per se. Desta forma, a evolução tecnológica de serviços e de sistemas

componentes do setor ainda se faz necessária. O potencial para esta evolução será discutido no

próximo capítulo.

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24

4 – AÇÕES DE OTIMIZAÇÃO DO USO DE COMBUSTÍVEL NO SETOR

4.1 MELHORES TECNOLOGIAS E SOLUÇÕES DISPONÍVEIS NO MERCADO

Este capítulo detalha as opções tecnológicas de redução do consumo de combustíveis no setor

de transporte rodoviário de cargas no Brasil. São apresentadas as melhores tecnologias e

práticas disponíveis para o setor, com os custos associados e os ganhos energéticos envolvidos,

quando disponíveis na literatura. O potencial de redução de consumo de combustível de cada

medida, assim como a combinação entre as mesmas, irá depender do cenário para as quais as

mesmas serão viabilizadas. O potencial mapeado neste capítulo será usado como base para os

cenários elaborados no capítulo 5.3.

4.2 TECNOLOGIA VEICULAR INCREMENTAL

4.2.1 Veículos Automotivos

Atualmente, os ganhos incrementais de eficiência energética de veículos automotores estão

associados à redução de perdas de conversão de energia final em energia útil no veículo. Deste

modo, a partir da implementação de medidas que aumentem o rendimento do processo de

conversão de energia, faz-se possível a melhora na eficiência do ciclo de funcionamento dos

veículos automotivos, resultando na economia de combustível e na redução de emissão de GEE

(Atabani et al., 2011).

Veículos destinados ao transporte de carga possuem diferentes classes, normalmente

referenciadas ao seu peso, devido às diversas capacidades de transporte, finalidades e funções

das cargas transportadas. Tais veículos possuem ainda uma grande quantidade de componentes,

como cabine do condutor, corpo do veículo, além de eixos maiores, os quais devem ser

combinados de forma a otimizar a interação individual de todos componentes (UTG, 2012).

Devido à grande quantidade de componentes, sistemas e subsistemas, há uma distribuição das

fontes de perdas energéticas possíveis. A Figura 4-1 apresenta as principais perdas nos veículos

pesados, durante o processo de locomoção em rodovia.

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Figura 4-1 – Perdas de Energia nos Veículos Pesados

Fonte: UTG, 2012

Apesar de não desenvolverem grandes velocidades, a área de contato com o vento dos veículos

pesados é significativa. Tal fato, aliado à condição da pavimentação da estrada, faz com que as

perdas geradas pela resistência aerodinâmica, e pela resistência de rolagem, sejam as mais

elevadas, como mostra a Figura 4-1, ocasionando o consequente aumento do consumo

específico de combustível (UTG, 2012).

As forças aerodinâmicas são diretamente proporcionais à área de contato e proporcionais ao

quadrado da velocidade do veículo. Isto gera a relação mostrada na Figura 4-2, onde se observa

que as perdas geradas pela resistência aerodinâmica, em um veículo automotor pesado,

comportam-se de forma exponencial com relação à velocidade, enquanto as perdas devido à

resistência de rolamento comportam-se de forma linear (Baker et al., 2009).

53,80%

25,20% 7,50%

6,50%2,40%

0,90%

0,50%

0,70%

0,20%

2,30%

4,60%

Resistência Aerodinâmica Resistência de Rolagem Frenagem

Sistema de Tração Freio Motor Alternador

Arrefecimento Bomba de Direção Compressor do Ar Condicionado

Ar Condicionado

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Figura 4-2 – Relação entre Velocidade do Veículo e as Resistências Aerodinâmica e de Rolagem

Fonte: Baker et al., 2009

A força de resistência de rolamento é causada pela deformação do pneu à medida que rola sobre

uma superfície. Essa resistência dissipa parte da energia, contribuindo para a soma total das

perdas energéticas (Sivak e Schoettle, 2012). Deste modo, a resistência de rolagem está

diretamente relacionada com o projeto do pneu, sendo influenciada pelo material utilizado,

tamanho e estrutura, assim como por fatores externos, como pressão de calibragem,

alinhamento, carga e temperatura. Com o intuito de reduzir os esforços, deformação e

consequente aumento da resistência de rolamento dos pneus, algumas ações podem ser feitas

independentemente da tecnologia utilizada, garantindo um funcionamento ótimo do pneu (IEA,

2007).

Para o caso específico dos veículos pesados, a incorreta calibragem dos pneus em cada um dos

eixos do caminhão (eixo frontal, eixo da direção e eixo do semirreboque)2 aumenta

consideravelmente a intensidade energética do conjunto (Taghavifar e Mardani, 2013),

conforme mostrado na Figura 4-3, para a velocidade específica de 88 km/h.

2 Eixo de direção é o eixo que liga as rodas diretamente à barra de direção do veículo, sendo responsável pela

mudança de direção do veículo. Eixo frontal é o eixo existente na parta frontal no caminhão (cavalo), que não o

eixo de direção. Eixo do semirreboque são todos os eixos que interligam as rodas do semirreboque.

0

10

20

30

40

50

60

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

Re

sist

ên

cia

(kW

)

Velocidade (km/h)

Arrasto Aerodinâmico Resistencia de Rolamento

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Figura 4-3 – Efeito da Calibragem dos Pneus no Consumo de Combustível

Fonte: Goodyear, 2004

É importante observar que a pressão ideal a ser utilizada nos pneus deve ser avaliada conforme

a temperatura e a altitude local. Além disso, o pneu deve ser calibrado sempre conforme

especificações do fabricante. Apesar de o aumento de pressão melhorar a eficiência do veículo,

a sobre pressão, além dos limites estabelecidos pelo fabricante, pode gerar um desgaste

prematuro do pneu (Goodyear, 2004).

Outro fator de influência direta no consumo energético de caminhões relacionado ao sistema

de pneus é o alinhamento das rodas. O alinhamento incorreto gera, além de maiores perdas, um

maior desgaste dos pneus e uma diminuição da velocidade desenvolvida pelo caminhão.

Estima-se que as perdas geradas podem chegar a 2,2% em condições médias de

desalinhamento, podendo ser ainda superior em condições mais extremas (Goodyear, 2004).

Assim, novos projetos de pneus e materiais, além de sua correta manutenção, contribuem para

tornar essa ação mais eficiente, reduzindo o montante total das perdas energéticas (Holmberg

et al., 2012).

Além disso, toda a energia utilizada para superar a inércia do veículo em sua frenagem, bem

como parte da energia demandada para sua propulsão, é integralmente perdida sob a forma de

calor. Por conseguinte, as perdas energéticas estão diretamente associadas ao peso do veículo.

Assim, a redução do desperdício neste processo pode ser feita com a utilização de materiais e

tecnologias mais leves (Bandivadekar, et al., 2008).

-6%

-5%

-4%

-3%

-2%

-1%

0%

1%

2%

3%

70 80 90 100 110 120

Var

iaçã

o d

a Ef

iciê

nci

a

Pressão (Psi)

Todos os Eixos Eixo Fontal Eixo da Direção Eixo do Semirreboque

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A seguir são apresentadas as tecnologias existentes e em desenvolvimento, que contribuem

efetivamente para a economia de combustível e, consequentemente, minimizam perdas de

energia em veículos leves e pesados e reduzem emissões de GEE.

4.2.1.1 Aerodinâmica

A resistência aerodinâmica, definida pelo atrito entre a superfície da carroceria do veículo e o

ar, afeta de forma direta o desempenho do automóvel, o consumo de combustível e sua

estabilidade, de modo que a eficiência do veículo ao atravessar o ar pode ser mensurada por

meio do coeficiente adimensional de resistência aerodinâmica, ou coeficiente de arrasto,

representado por 𝐶𝐷 (Atabani et al., 2011). Este coeficiente é exibido na Figura 4-4, para os

diferentes tipos de veículo, sendo que quanto menor o valor do 𝐶𝐷, melhor a aerodinâmica do

veículo.

Figura 4-4 – Coeficiente de Arrasto para Diferentes Tipos de Veículos

Fonte: PART, 2014

Os ganhos de eficiência energética com a redução da ação de forças aerodinâmicas em veículos

pesados são, na verdade, um somatório de pequenas adequações no cavalo e no semirreboque3.

Em linhas gerais, a distribuição do vento em um veículo pesado típico em movimento é

apresentada na Figura 4-5.

3 Cavalo é o conjunto formado pela cabine, motor e rodas de tração do caminhão com eixo simples ou duplo.

Pode-ser engatado em vários tipos de carretas e semirreboques para o transporte. Semirreboque é um veículo de

carga independente e sem meio próprio de tração que apoia parte de sua unidade e de seu peso a um caminhão

trator (cavalo).

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Figura 4-5 – Distribuição do Vento nos Veículos Pesados

Fonte: Iveco, 2014

As ações sobre as perdas aerodinâmicas passam, no caso de veículos pesados, a focar em

reduzir a área de contato do veículo com o vento, com ações construtivas, como a redução da

altura do veículo, e ações de adequação do veículo, como a instalação de aerofólios com o

intuito de tornar o cavalo e o semirreboque um único corpo, para o arrasto. Algumas das ações

implementadas podem ser observadas na Figura 4-6.

Figura 4-6 – Redução do Coeficiente de Arrasto dos Caminhões

Fonte: Hollanda, 2011

De acordo com Liimatainen et al. (2014), os ganhos de eficiência devido a cada uma das ações

possíveis divergem de forma geral na literatura, como mostrado na Tabela 4-1.

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Tabela 4-1 – Ganhos de Eficiência Aerodinâmica dos Veículos Pesados (%)

Tecnologias (DFT,

2010a)

(Baker et

al., 2009)

(FTA,

2012)

Entrada de ar frontal <1 - -

Carenagem na parte superior da cabine 4 - 4

Borda lateral das cabines <1 7 -

Carenagem lateral no semirreboque/trailer <1 - 1

Carenagem frontal no semirreboque/trailer 3 - -

Basculante com aerodinâmica <1 - -

Trailer aerodinâmico (forma de gota)4 10 10 6

Semirreboque com telhado inclinado 5 - 5

Redução de altura do veículo - - 3

Redução de carga de vento nos pneus 2 4 - Fonte: Elaboração própria a partir de Liimatainen et al., 2014

Tal fato pode ser justificado, entre outros motivos, pela diferença da temperatura e altitude dos

ambientes testados, pela metodologia utilizada e principalmente sobre o grupo de análise dos

dados. Como há uma diferenciação entre os avanços das soluções adotadas em cada país, o

grupo de análise e seu país de origem interferem bastante nos resultados.

A solução empregada deve ser bastante específica ao conjunto de tração e o semirreboque.

Dependendo do tipo de carga transportada, a solução aerodinâmica pode mudar drasticamente.

Estima-se que o custo pode variar entre US$3.000 e US$4.000 (IEA, 2012b).

4.2.1.2 Redução de Massa

A distribuição de peso de um veículo vazio, ou seja, sem carga ou passageiros, influencia de

forma direta e linear o consumo de combustível do mesmo. De forma simples, o aumento do

peso de um veículo aumenta a força necessária a ser desenvolvida para que este acelere ou

desacelere. Reduzir o peso de um veículo, mantendo suas demais características similares,

reduz, portanto, a quantidade de energia necessária para o seu deslocamento. Além disso, ao

diminuir seu peso, reduz-se também a resistência de rolamento, subsequentemente, reduz-se a

energia necessária para locomover o veículo, alcançando o objetivo final de reduzir o consumo

de combustível (IEA, 2012b). A relação aproximada entre redução do peso dos veículos

pesados sem cargas e o consumo de combustível pode ser analisada na Figura 4-7.

4 Trailer construido de forma aerodinâmica, com a parte fontral arredondade e a extremidade posterior afinada,

em um formato que lembra uma gota.

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Figura 4-7 – Relação entre Consumo de Combustível e Peso em Caminhões Leves e Médios

Fonte: Bandivadekar, Bodek, et al., 2008

A distribuição de massa em um veículo pesado é mostrada na Figura 4-8, a qual conduz a

conclusão de que, para os veículos pesados, boa parte da solução para redução no consumo de

combustível também está na substituição dos materiais atualmente usados por outros mais

leves, como alumínio, plástico, fibra de carbono e fibra de vidro. Entretanto, em muitos casos

estas soluções não têm a inserção devida no mercado, pois os veículos ainda necessitam da

robustez e da segurança que os materiais utilizados atualmente fornecem, em especial o aço

(IEA, 2012b). A solução discutida é centralizada, portanto, no uso de ligas de aço tão resistentes

quanto as atuais e mais leves do que estas. Estima-se que cerca de 10% do peso do veículo

poderia ser reduzido com tais ações (IEA, 2012b).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400

Co

nsu

mo

de

Co

mb

ust

íve

l (l/

10

0km

)

Peso sem Carga (kg)

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Figura 4-8 – Distribuição do Peso dos Veículos Semipesados e Pesados

Fonte: NRC, 2010

O uso de alumínio, fibra de carbono e fibra de vidro, em veículos pesados, ainda assim pode

ser bastante útil. No caso do alumínio, os ganhos podem chegar a uma redução de peso entre

10 e 25% do sistema substituído. No caso da fibra de vidro e fibra de carbono a redução pode

chegar a 40% (IEA, 2012b).

Tais reduções de peso geram ganhos consideráveis quando se trata de consumo energético. De

acordo com (NRC, 2010), a cada 450 kg de redução de peso nos veículos tem-se um ganho

entre 0,4% e 2,4% de consumo energético. Esta variação se dá principalmente pela diferença

de peso entre as diversas categorias, sendo os veículos da classe semipesada e pesada mais

próximos de 0,4% e os veículos de classe média mais próximos do ganho máximo de 2,4%

(IEA, 2012b). Este é um ganho tecnológico de grande potencial, pois em praticamente sua

totalidade as soluções estão plenamente disponíveis no mercado, com preço que variam entre

US$ 2.000 e US$ 5.000 por veículo (IEA, 2012b). Entretanto é uma solução aplicável apenas

a veículos novos.

Dois pontos nesta discussão são extremamente importantes. O primeiro é que outras opções

tecnológicas podem interferir positivamente ou negativamente no peso dos veículos. Neste

caso, a relação estabelecida entre eficiência por quilo também é válida e o trade off do ganho

gerado pelo novo componente contra a perda de eficiência gerada pelo acréscimo de peso de

sua inserção também deve ser analisada, ainda que esta informação não seja facilmente obtida.

24%

17%

12%10%

18%

19%

Sistema de Tração Suspensão e Sistema de Direção

Chassis / Quadro Rodas e Pneus

Outros Acessórios e Sistemas Estrutura do Veículo

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O segundo ponto é que há um ganho indireto na redução de peso dos veículos para transporte

de carga. Como há regulamentação de peso a ser transportado pelos veículos pesados, quando

se reduz o peso do veículo vazio há a possibilidade de aumento da carga transportada, o que,

aliado a uma boa gestão logística, gera um efeito positivo na redução de viagens, por exemplo.

4.2.1.3 Pneus e Rodas

O pneu é o único ponto de contato entre o veículo e o solo, devendo, portanto, alcançar o

equilíbrio adequado entre seu desempenho, desgaste, distância de frenagem, aderência em

curva e resistência de rolamento. A resistência de rolamento, discutida anteriormente, depende

do peso do veículo, de sua velocidade, da qualidade da superfície da estrada e do coeficiente

de atrito entre os pneus e a superfície. Por sua vez, o coeficiente de atrito de rolamento varia

de acordo com o material do pneu, seu design e sua pressão de inflação (Atabani et al., 2011).

Tendo em vista que a resistência de rolamento gera perdas energéticas, quanto menor seu valor,

menor o consumo de combustível. Estima-se que reduzindo a resistência de rolamento em 10%,

tem-se uma redução de 2% na demanda de energia (Holmberg et al., 2012). Podem-se enumerar

duas maneiras de minimizar a resistência de rolamento. A primeira é dirigir com os pneus

inflados corretamente e alinhados. Tal análise conduz a conclusão de que pneus parcialmente

vazios, ou não calibrados de forma correta, tendem a aumentar a resistência de rolamento, fato

que motiva alguns fabricantes de veículos a instalarem monitores de baixa pressão nos pneus,

para avisar ao condutor quando os mesmos não estiverem calibrados de forma correta, de modo

a não comprometer a segurança e a economia de combustível (NRC, 2011).

A segunda forma de redução é a utilização materiais que reduzam a resistência de rolamento,

em níveis adequados de inflação, na fabricação de pneus fabricados (Atabani et al., 2011).

Entretanto, o desgaste de pneus de baixa resistência de rolamento ocorre de forma mais

acelerada, assim como também pode comprometer a distância de parada no momento de

frenagem do veículo. Para que estas desvantagens sejam contornadas e o desempenho do pneu

não seja afetado, os custos incrementais associados a esta tecnologia são de 10 a 20% a mais

em relação aos pneus convencionais (NRC, 2011).

Devido a estes fatores, e aliado à introdução de sistemas de monitoramento de pressão dos

pneus, considera-se que para um potencial de melhoria de 5% no consumo de combustível, um

custo equivalente entre US$40 e US$70 por veículo (IEA, 2012b).

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34

Os pneus próprios para veículos pesados apresentam diferentes formas construtivas, que

influenciam entre outros parâmetros o consumo energético. As opções amplamente

apresentadas no mercado de pneus estão divididas em duas categorias, pneus de lonas radiais

e pneus de tiras diagonais. A diferença entre os dois está na construção de suas carcaças. No

pneu de tiras diagonais a carcaça é composta de lonas sobrepostas e cruzadas umas em relação

às outras. Neste tipo de pneu, quando há flexão da lateral, fruto da carga/peso exercida sobre o

pneu, esta é transmitida à banda de rodagem.

Nos pneus de tiras radiais, os fios da carcaça são orientados ao centro do pneu, dispostos em

arcos perpendiculares ao plano de rodagem. Cintas sobrepostas complementam a construção

conferindo a estabilidade necessária no piso. Do ponto de vista do consumo energético, há um

ganho com relação ao pneu de tiras diagonais. Como o pneu radial é feito como uma única

carcaça, não há atrito entre suas partes internas, o que garante uma redução da temperatura

interna. Além disso, a área de contato com o piso torna-se maior, já que o pneu radial não força

a flexão da banda de rodagem. De acordo com Goodyear (2004), a intensidade energética de

um conjunto cavalo-semirreboque utilizando todos os pneus radiais é 5,9% inferior se

comparada a um veículo do mesmo tipo usando todos os pneus de tiras diagonais.

Outra diferença básica entre as tecnologias presentes no mercado está na não utilização de

câmara de ar. Além dos ganhos construtivos inerentes a tecnologia sem câmara de ar, que

envolve menos componentes (Michelin, 2009), também há ganhos energético. Pneus sem

câmara de ar apresentam consumo energético 2% inferior aos pneus convencionais sob mesmas

condições de uso (Goodyear, 2004).

O pneu de base larga (Wide Base Tire – WBT) é outra tecnologia disponível que representa

ganho considerável no uso energético. Esta forma construtiva de pneu já era utilizada na

América do Norte desde a década de 80. Entretanto, mudanças significativas ocorreram desde

então. Naquela época, o WBT apresentava diâmetro maior e uma necessidade de calibragem

com pressão consideravelmente maior, fato que gerava desconforto e problemas de segurança

para os motoristas. Atualmente o WBT tem forma similar aos pneus atualmente utilizados. Seu

conceito básico é a substituição do conjunto de dois pneus por um único, cuja largura é

equivalente àqueles substituídos, como mostra a Figura 4-9. A redução da resistência de

rolamento se deve principalmente a redução da flexão dos flancos dos pneus, com menor

deformação. Além disso, o WBT tem momento de inércia menor que o conjunto de dois pneus

(ICCT, 2013). Estes e outros ganhos fazem com o que o WBT gere uma redução de 3% a 6%

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35

(NACFE, 2010), podendo chegar a 10% (IEA, 2012b), no consumo energético, dependendo da

quantidade de eixos em que será utilizado.

Figura 4-9 – Pneu de Base Larga

Fonte: NACFE, 2010

Sucessivas evoluções ocorrem a cada ano no design de pneus e na utilização de materiais. Para

pneus utilizados em veículos leves, tem-se uma estimativa da taxa de redução do atrito de

rolamento variando entre 1,10% e 1,65% ao ano (Bandivadekar, Bodek, et al., 2008). Para os

pneus utilizados em veículos pesados, de acordo com Duleep (2011), a redução da resistência

de rolamento tem ocorrido ao passo de 0,7% ao ano. Para ambos os tipos de veículos, cada

10% de redução da resistência de rolamento, tem-se uma redução entre 1% e 2% no consumo

energético (IEA, 2007).

Apesar de esta tendência de longo prazo não indicar grandes avanços tecnológicos dos pneus

com relação à eficiência energética, há diferenças entre a resistência de rolamento apresentada

pelos produtos disponíveis. De acordo com IEA (2007), no mercado dos EUA, enquanto o pneu

de um veículo pesado de menor resistência de rolamento apresenta um índice de 0,0055, o de

maior resistência de rolamento apresenta um índice de 0,0085. No caso europeu e japonês,

cenários parecidos são apresentados. De maneira semelhante, no caso dos veículos leves, o

menor valor para o coeficiente de atrito de rolamento é de 0,007 e o de maior valor é de 0,014,

ou seja, uma variação de 50% IEA (2007).

Isto indica que ainda há espaço para penetração no mercado de pneus com baixa resistência de

rolamento, mesmo em mercados onde há normas e regras de etiquetagem de pneus definidas.

Para o caso brasileiro esta tendência pode ser ainda maior, uma vez que a regulamentação e

etiquetagem de pneus estão em sua fase inicial.

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36

Cabe destacar que se pode combinar as três tecnologias discutidas acima (aerodinâmica,

redução de massa e pneus e rodas) no veículo. Por exemplo, uma diminuição de 10% na

resistência de rolamento, combinada com queda nas resistências aerodinâmicas e na massa do

veículo, pode gerar uma redução do consumo energético equivalente a 10%, com alguns ajustes

de redimensionamento do sistema de tração e transmissão (NRC, 2011).

4.2.1.4 Motor

Os motores a ciclo diesel são motores robustos e, em geral, são mais eficientes que os motores

a ciclo Otto (IEA, 2009),(NRC, 2010). Tal fato reforça a entrada deste tipo de tecnologia no

mercado de veículos pesados. Apesar de ser uma tecnologia antiga, que data do fim do século

XIX, sua eficiência evoluiu bastante ao longo do tempo e ainda possui potencial de evolução,

como exibido na Figura 4-10. Basicamente este potencial está no uso de novas ligas metálicas

na fabricação do sistema, no uso e reaproveitamento das perdas energéticas e no uso do motor

apenas quando este se faz necessário, reduzindo o tempo em que este se mantém ligado à espera

do trabalho a ser realizado.

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37

Figura 4-10 – Evolução da Eficiência de Motores Diesel e Influência da Regulação de NOx na

Europa5

Fonte: NRC, 2010

O motor ciclo diesel possui em seu sistema de alimentação dois circuitos básicos. O primeiro

é o circuito de ar e o segundo o circuito de combustível. Cada um deles é responsável por levar

ar e combustível, respectivamente, até o cilindro, onde ocorrerá a mistura e a posterior

explosão.

O primeiro potencial tecnológico para redução de consumo está no circuito de ar, o turbo

compressor. O turbo compressor atua através da energia cinética dos gases exaustos, sendo

constituído por dois rotores conectados e uma vez que um deles é acionado pelo ar quente, o

outro faz com que mais ar seja impulsionado para os cilindros. O efeito encontrado é o aumento

da densidade do ar, uma vez que a admissão deste passa a ser feita em pressão superior à

atmosférica e o consequente aumento da massa de ar admitido sem interferir no volume. O

resultado é o aumento de potência e eficiência do motor.

O sistema de turbo compressor já é plenamente utilizado, mas ainda há como aumentar a

eficiência deste, mesmo sem alterar sua configuração. O programa de regulação japonês de

5 g/HP-hr é a unidade equivalente a gramas por HP hora.

30%

35%

40%

45%

50%

55%

1975 1980 1985 1990 1995 1999 2001 2004 2007 2010

Eficiência Estimada com 8 g/hp-hr NOx Eficiência Atual dos Motores

Motor Marítmo

6,0 g/hp-hr NOx

2,5 g/hp-hr NOx 1,2 g/hp-hr NOx

0,2 g/hp-hr NOx

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38

eficiência estima um ganho entre 0,3% e 0,5% no consumo específico, enquanto outras

publicações estimam ganhos entre 1% e 2% (ICCT, 2009; Kromer et al., 2009).

Em uma configuração usando dois turbo compressores e um intercooler, os ganhos estão entre

2% e 5% (NRC, 2010). Tal configuração faz uso de dois turbo compressores em série,

aproveitando melhor as relações de pressão obtidas no sistema. Tanto o ganho de eficiência do

turbo compressor quanto o ganho pelo uso dos dois turbo compressores em série, são

tecnologias disponíveis no mercado. No caso dos EUA, boa parte dos veículos pesados já

possuem um destes sistemas (NRC, 2010). No caso brasileiro ainda há grande penetrabilidade

para a solução.

Seguindo a linha de aproveitamento energético dos gases exaustos, há a técnica

turbocompounding. Trata-se de um sistema de conversão do excesso de energia dos gases

exaustos que seriam considerados perdas. Há duas formas de fazê-lo, eletricamente ou

mecanicamente. Na forma mecânica, todo o sistema do turbo compressor e motor é mantido e

uma turbina adicional é inserida no sistema de exaustão. Esta turbina é conectada ao

virabrequim, responsável por transformar toda a energia e direciona-la aos eixos. O

turbocompound mecânico usa ainda uma caixa de engrenagens para igualar as velocidades da

turbina instalada e a do virabrequim. Variados ganhos de eficiência são atribuídos a este uso,

sendo o mais conservador entre 2,5% e 3% (ICCT, 2009; Kromer et al., 2009). Há publicações

que estimam ganhos ainda maiores, chegando a 4% (IEA, 2012b). O custo deste tipo de

tecnologia está entre US$3.000 e US$8.000 (IEA, 2012b) e o mercado já está apto para fornecer

este tipo de solução.

O turbocompound elétrico segue a mesma lógica de funcionamento do mecânico. A diferença

está na carga acionada. No caso elétrico, a turbina instalada aciona um gerador elétrico. Este

pode atender diversas cargas auxiliares em um veículo pesado comum ou carregar uma bateria

em um veículo híbrido. A atuação desta tecnologia junto com a hibridização do veículo

representa seu maior potencial. Estima-se que os ganhos gerados pelo turbocompound elétrico

no consumo de combustível estão entre 3% e 5% (NRC, 2010) podendo chegar a 7% de acordo

com (IEA, 2012b). O custo aproximado das soluções disponíveis no mercado fica entre

US$3.000 e US$ 8.000 por veículo (IEA, 2012b). A solução elétrica e a mecânica são

excludentes, devido à limitação da energia a ser aproveitada. Como a solução elétrica exige

ainda um sistema auxiliar como baterias, motor elétrico e eletrificação de todas as cargas

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39

auxiliares, que acarretam em aumento do peso, tal solução tem sido mais utilizada em veículos

híbridos, que já possuem em seus sistemas os componentes mencionados.

No circuito de combustível, uma tecnologia de fácil implantação e bom potencial é a

substituição do controle de válvulas, tornando-a um controle variável. A adição do sistema

variável de controle de válvulas, além de facilitar a entrada de combustíveis alternativos, reduz

o consumo de combustível em 1% (ICCT, 2009). Tanto a forma quanto a liberdade de controle

das válvulas variam a cada fabricante, mas os resultados não divergem tanto.

Soma-se a isso o uso de sistemas automáticos de partida e parada que estão disponíveis no

mercado, com faixas de preço que variam entre US$2.500 e US$3.750 (Kromer et al., 2009).

O potencial de eficiência varia de acordo com a classe do veículo. Tem-se para veículos de

transporte de cargas médios um potencial entre 2% e 4%, para veículos pesados de transporte

de passageiros um potencial entre 3% no curto prazo e 6,25% (Kromer et al., 2009) no longo

prazo. O regime de funcionamento e partidas e paradas mais acentuadas em veículos de

transportes de passageiros gera esta diferença de ganhos.

Na linha de aproveitamento e redução de consumo com sistemas auxiliares do motor, a

eletrificação de parte ou da totalidade destes também gera redução no consumo de combustível.

Como estas cargas auxiliares são atendidas pelo próprio motor de tração, acabam aumentando

o consumo final de energia. Bomba de água, compressores, sistema hidráulico, ventiladores e

sistema de condicionamento de ar são casos típicos em que o atendimento pode ser feito por

auxiliar elétrico. Tais soluções tem potencial entre 2% e 4% (NRC, 2010) e são mais efetivos

em veículos de transito urbano e de viagens mais curtas. Um potencial maior é obtido quando

a solução é feita em conjunto com veículos híbridos, chegando a valores entre 3% e 5% (ICCT,

2009). Há ainda a possibilidade de climatização da cabine e controle de temperatura do motor

a partir de baterias auxiliares. Sistemas deste tipo tem autonomia entre 8 e 12 horas (NRC,

2010), sendo bastante útil em veículos de transporte de cargas de longas viagens, que também

fazem uso da climatização da cabine para a pernoite do motorista. O potencial da tecnologia

está entre 5% e 9% (NRC, 2010) e seu custo está entre US$3.000 e US$8.000 (NRC, 2010).

Há, ainda, a opção de centrais de apoio aos veículos que fazem longos trajetos. A ideia deste

sistema é servir como base de apoio no momento de parada do veículo para descanso do

motorista. Neste momento, o sistema elétrico do veículo é ligado a uma estação externa que

supre este papel. Este viés tecnológico é mais difícil de implantar, pois depende de uma

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40

infraestrutura própria para o recebimento do veículo. Seu custo estimado é em torno de

US$100, sem contabilizar os custos de infraestrutura para os centros de apoio aos veículos e

motoristas. Seu potencial de redução está entre 5% e 9% (NRC, 2010).

Como dito anteriormente o uso de materiais e ligas metálicas mais leves ou mais resistentes

também geram ganhos à eficiência do sistema, não só pela redução de peso, discutida no item

4.2.1.2 (Redução de Massa), mas também pela possibilidade de melhorias que podem ser

geradas nos ciclos de combustão do motor. Materiais melhorados podem ser utilizados para

aumento da pressão nos cilindros (NRC, 2010), por exemplo. Em linhas gerais, parâmetros de

projeto como taxa de compressão e expansão, forma da câmara de combustão, parâmetros da

injeção de combustível (pressão, tempo, pulverização) e a mistura ar e combustível influenciam

diretamente o consumo e dependem de materiais e projetos avançados. Com sistemas

avançados de injeção de combustível a alta pressão, há ganhos energéticos entre 1% e 4%.

Considerando todo potencial de avanço possível, o ganho seria entre 9,4% e 12% para veículos

de transporte urbano e regional e entre 4,6% e 17% para veículos de longo transporte. Seus

custos são próximos de EU$ 3.730 e 10.415, respectivamente (TIAX, 2011).

Por fim, ganhos com a redução de atrito das partes móveis do motor também podem ser

gerados. Esta solução, entretanto, é bastante delicada, pois não pode influenciar na durabilidade

e capacidade da peça alterada. Ganhos entre 1% e 1,5% podem ser gerados além dos ganhos

sobre o uso de lubrificantes eficientes (NRC, 2010), (TIAX 2011).

É importante salientar ainda que a perspectiva de controle de emissões de NOx influencia

negativamente a eficiência dos motores e este trade-off sempre deve ser analisado. A Figura

4-10, por exemplo, mostra a evolução da eficiência de motores diesel para transporte rodoviário

em comparação a evolução da eficiência em motores marítimos, que não possuem restrição

quanto a emissões de NOx. Claro que há uma série de outros fatores que influenciam nesta

questão comparativa, como a baixa rotação e velocidades constantes dos motores marítimos,

por exemplo, mas esta relação por si só é um forte indicativo. Fabricantes estimam, dadas as

características operacionais de motores marítimos, que a eficiência de motores diesel para

transporte rodoviários seria cerca de 10% menor que a de motores marítimos (NRC, 2010),

como mostrado na Figura 4-10.

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41

4.2.1.5 Transmissão e Sistema de Tração

A transmissão do veículo é responsável por converter a força do motor em movimento,

podendo ser do tipo mecânica/manual, automatizada, automática, continuamente variável ou

automatizada de dupla embreagem. A tecnologia de transmissão é capaz de otimizar a

utilização do combustível movendo a operação do motor para regiões mais eficientes ou por

meio da redução contínua das perdas mecânicas que ocorrem dentro das transmissões (NRC,

2011). Sendo assim, a partir da redução do atrito no sistema de transmissão é possível uma

redução no consumo de combustível de 1% a 2% a um custo equivalente de EU$50 (IEA,

2012b).

Destarte, tendo em vista o número de relação de velocidade entre motor e roda, um veículo

com transmissão automática com 5 velocidades possibilita uma redução no consumo de 2% a

3% a um custo que varia entre US$70 e US$200. Assim, a transmissão automática com 6, 7 ou

8 velocidades, relacionando o aumento do número de engrenagens com a possibilidade de

operar o motor mais próximo ao seu ponto de eficiência, permite uma redução de 3% a 8% a

um custo de até US$422. A transmissão continuamente variável, que utiliza uma correia de aço

e duas polias capazes de alterar seu diâmetro, faz com que exista uma variação contínua de

velocidades, tornando infinitas as marchas, possibilitando uma redução de até 7% no consumo

de combustível a um custo incremental associado que pode variar entre US$140 e US$380 por

veículo (NRC, 2011; Atabani et al., 2011).

Além disso, pode-se alcançar uma melhoria de 5% a 6% no gasto energético do veículo, a um

custo em torno de US$700, a partir da implementação da transmissão com embreagem dupla,

que permite a troca de marchas do veículo, com reduzidas perdas de giro do motor, melhorando

seu desempenho (IEA, 2012b). Ambas tecnologias que melhoram a performance da

transmissão, dada a estreita ligação entre os efeitos das tecnologias aplicadas ao motor no

intuito de reduzir o consumo energético, não podem ser associadas a mudanças significativas,

como alteração da configuração de válvulas ou desativação dos cilindros (NRC, 2011).

4.2.1.6 Sistemas Inteligentes

Os sistemas de tecnologia inteligente embarcada já são plenamente utilizados em veículos

leves. Apesar do foco principal ser a segurança, conceitualmente as ações de eficiência

energética são bem parecidas em veículos pesados. Os sistemas embarcados podem ser

passivos, em que informações são passadas ao condutor para que este aprimore sua forma de

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direção ou ativos em que a atuação é feita diretamente, independentemente da vontade do

condutor, evitando erros de direção.

Dos sistemas ativos alguns se destacam. Nos sistemas adaptativos, por exemplo, a condução

do veículo se torna automática a partir do momento em que outro veículo se posta à frente.

Sensores são alocados no veículo de forma que uma distância segura é mantida do veículo à

frente. Neste momento dá-se o início ao controle automático do veículo, que passa a ter regimes

de aceleração e desaceleração mais suaves aproximando-se de velocidades constante, o que

gera maior eficiência (até 10% (NRC, 2010)), além de gerar ganhos com relação à segurança.

Seu custo está entre US$1.100 e US$3.000 e seu uso, além de disponível no mercado, está

centrado principalmente em viagens mais longas, fora dos grandes centros urbanos, onde pode-

se manter uma velocidade mais constante (NRC, 2010).

Há ainda ganhos mais extremos, que consideram a topografia local, e faz um controle da

aceleração e velocidade ideal para a direção em vias mais íngremes. Nomeado de controle

preditivo, este sistema tem potencial de 1% a 3% (Kromer et al., 2009), mas sua penetrabilidade

no mercado reduzida dado o seu uso ser bem específico. Em veículos híbridos, entretanto, o

sistema preditivo tem penetrabilidade maior. Dada a grande diferença entre os regimes

operacionais de veículos híbridos em áreas urbanas e interurbanas, o sistema preditivo

localizado através de GPS aumenta a economia no uso destes veículos. Neste caso, o potencial

de ganho de eficiência é entre 3% e 9% (NRC, 2010) e seu custo, similar ao do sistema preditivo

tradicional, entre US$860 e US$1.560 dependendo do tipo de veículo (NRC, 2010).

No limite do estado da arte está o controle de comboio. Neste tipo de sistema, há conceito com

mesma base do controle adaptativo, porém mais amplo e extenso. Neste sistema, um único

veículo é conduzido, enquanto demais veículos que fazem o mesmo trajeto e se deslocam em

comboio o seguem, mantendo entre si um distanciamento seguro. Como os veículos de

condução automática possuem regime de aceleração e desaceleração muito mais suaves,

apresentam um ganho de eficiência em relação ao primeiro veículo do comboio. O ganho de

eficiência fica entre 10% e 17%, apesar da baixa penetrabilidade, dado seu uso específico

(NRC, 2010).

Com a evolução do uso e precisão do GPS, cada vez mais sistemas georeferenciados para o

transporte são aplicáveis. Como ganho tecnológico passivo importante, deve-se destacar a

gestão de rotas dinâmicas possível de ser feita atualmente. Nesta forma de gestão de rotas, o

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43

condutor do veículo passa a poder fazer ajustes em suas rotas, de acordo com informações que

recebe de seu sistema de tráfego, acidentes e condições adversas no caminho previamente

traçado. Dado o atual avanço de celulares e smartphones, esta tecnologia torna-se ainda mais

acessível com ganhos de 1% ao custo entre US$400 e US$800 (NRC, 2010).

4.2.1.7 Síntese

A Tabela 4-2 apresenta o resumo dos ganhos de eficiência e os custos associados com as

tecnologias incrementais para os veículos pesados de transporte de carga.

Tabela 4-2 – Ganhos de Eficiência e Custos do das Tecnologias Incrementais nos Caminhões

Macro Ações Tecnologias Faixa de

Ganho (%)

Faixa de

Custo (US$)

Aerodinâmica

Entrada de ar frontal, carenagem na parte

superior da cabine, borda lateral das cabines,

carenagem frontal e lateral no

semirreboque/trailer, basculante com

aerodinâmica, semirreboque com telhado

inclinado, redução de altura do veículo, redução

de carga de vento nos pneus

1 - 5 3.000 – 4.000

Redução de massa Substituição por material mais leves 1 - 5 2.000 – 5.000

Pneus e rodas Pneu de base larga, redução da resistência de

rolamento dos pneus 1 - 5 -

Motor

Turbo compressor, turbocompounding,

turbocompounding elétrico, sistema variável de

controle de válvulas, eletrificação de cargas

auxiliares, melhorias nos ciclos de combustão,

redução de atrito nas partes móveis

1 - 20 3.000 –

10.500

Redução de tempo

ocioso

Sistemas automáticos de partida e parada,

baterias auxiliares, sistema auxiliar de energia

elétrica e centrais de apoio

2 - 10 3.000 – 8.000

Fonte: Elaboração própria a partir de NRC (2010); IEA (2012b); NRC (2011); TIAX (2011); ICCT

(2009); Kromer et al. (2009); Liimatainen et al. (2014)

Com relação aos custos mostrados neste capitulo, sabe-se que o detalhamento aqui apresentado

ainda não é suficiente para dirimir as dúvidas a respeito do payback tecnológico de cada

solução. Na verdade, a incerteza com relação ao tempo de payback de cada tecnologia é uma

das barreiras à entrada de soluções de eficiência energética no setor de transporte de cargas

(ICCT, 2013b).

O prazo que cada tecnologia leva para se pagar (payback) é um importante fator de decisão

para o consumidor final. Entretanto, a dificuldade de se averiguar o ganho de determinada

tecnologia no seu uso diário e a incerteza com relação ao ganho teórico descrito por

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44

fornecedores fazem com que os tomadores de decisão fiquem receosos com relação à efetiva

implantação da solução (ICCT, 2013b).

A título de comparação, com base na Tabela 4-2, pode-se verificar que os ganhos de consumo

específico vão de 6% a 45%, com custos entre U$ 11.000,00 e U$ 27.500,00. Ou seja, os custos

para cada percentual melhorado variam entre U$ 1.833,33 / % e U$ 611,11 / %.

4.3 OUTRAS MEDIDAS

4.3.1 Melhorias de Infraestrutura

No caso específico dos veículos rodoviários, as condições gerais da via sobre a qual os veículos

trafegam apresentam influência direta sobre o consumo específico dos veículos pesados. A

mitigação do impacto gerado pela via sobre o consumo pode ser dado de três formas principais:

redução dos congestionamentos, suavização do tráfego, ou seja, a diminuição das oscilações

de velocidade durante a condução, e redução das velocidades médias de viagens, além da

melhoria das condições físicas da via (IEA, 2012b).

O congestionamento é uma redução de velocidade causada por um trânsito pesado, em que a

quantidade de carros é maior do que a capacidade de tráfego daquela via. O congestionamento

gera um aumento no consumo de combustível, não só pelo tempo em que o veículo fica parado

ou em velocidade reduzida adicionando tempo de operação do motor, como também pelo

aumento de partidas e paradas do veículo, que faz com que este seja ainda mais ineficiente.

Como foi descrito anteriormente, alguns equipamentos auxiliares podem ser incluídos no

veículo, leves ou pesados, para que haja uma redução do consumo. Entretanto, estes métodos

não atacam a raiz principal do problema, o congestionamento em si.

Congestionamentos têm grande impacto em áreas urbanas, onde há uma maior concentração

de veículos em determinados horários. De acordo com Inmetro (2014), as eficiências veiculares

medidas em um ciclo urbano (que busca simular as características de trânsito em uma cidade)

são, em média, 80% da eficiência medida em um ciclo rodoviário (na estrada).

Os problemas de congestionamentos, no caso dos Estados Unidos, por exemplo, são causados

pela quantidade de carros, excedendo a capacidade da via, em 50% dos casos (NRC, 2010). Os

demais casos são: acidentes de trânsito (25%), áreas de trabalho (15%), mal tempo (10%) e

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45

temporização ruim dos sinais de trânsito (5%) (NRC, 2010). Percebe-se então que em 90% dos

casos, à exceção apenas do mal tempo, há alguma possibilidade de executar ações mitigatórias,

sejam em ações de incentivo a redução de veículos em horários de pico, gestão de acidentes ou

temporização de sinais. Tais ações tendem a reduzir a emissão de CO2, por consequência da

redução de consumo de combustível.

Cabe destacar que, assim como as baixas velocidades, como as geradas pelos

congestionamentos, geram um aumento na emissão de CO2, o aumento de velocidade

desenvolvida pelo veículo também o gera. De fato, como demonstrado na Figura 4-11, há um

limite ótimo para que haja uma emissão reduzida de CO2, consequente da redução de consumo

de combustível. Cabe destacar que este comportamento, e por consequência seu ponto ótimo,

se alteram dependendo do grupo de veículos analisados, não sendo um comportamento que se

replica para todos os veículos.

Figura 4-11 – Impacto da Velocidade do Veículo na Emissão de CO2

Fonte: JAMA, 2008

No caso de locais de alta velocidade, a alteração da geometria da via pode gerar redução de

velocidade, mas com adição de outros problemas como, por exemplo, o aumento do risco na

condução (CNT, 2013). Assim, soluções de redução de velocidades excessivas estão centradas

no viés tecnológico, como limitadores de velocidade adaptativos inseridos nos veículos ou em

atuação intensificada da polícia, coibindo excessos de velocidade. Ambas as soluções têm

0

50

100

150

200

250

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

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0km

/h =

10

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Velocidade Média do Veículo (km/h)

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46

sempre o enfoque de aumentar a segurança na direção, mas geram ganhos no consumo de

combustíveis.

Por fim, como mencionado anteriormente, a suavização do tráfego, ou seja, a dimuniução das

oscilações de velocidade durante a condução, também geram ganhos consideráveis.

Comparando o caso real a um caso ideal, quando temos um excesso regimes de aceleração e

desaceleração, em especial em baixas velocidades, temos um aumento do consumo. A

diferença entre um cenário real típico e um caso ideal pode ser visto na Figura 4-12, e toda a

área sobre a curva é um potencial a ser aproveitado. A regularização dos sinais, redução dos

congestionamentos e a inserção de tecnologias de partida e parada atuam diretamente neste tipo

de problema.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

% d

a D

ife

ren

ça (

caso

id

eal

co

mo

bas

e)

Velocidade Média (mph)

Maior benefíciona emissão de CO2 fruto do

tráfego suavizado

Figura 4-12 - Potencial de redução de emissão de CO2 através da suavização do tráfego

Fonte: Barth et al, 2008

Em conjunto, estas formas de mitigação convergem para um ponto ótimo de operação do

sistema rodoviário, como mostrado na

Figura 4-13, aumentando tanto a vida útil quanto o uso eficiente da infraestrutura existente

atualmente.

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47

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

CO

2 (

g/m

i)

Velocidade Média

Caso Real Caso Ideal

Redução de Velocidade

Mitigação de Congestionamentos

Suavização do Tráfego

Figura 4-13 – Ações para Redução de Emissões de CO2 Fonte: Barth, 2008

Outro aspecto relevante diz respeito às condições gerais da via sobre a qual os veículos

trafegam, que apresentam influência direta sobre o consumo específico dos veículos, tanto

leves quanto pesados. Ou seja, a melhoria das vias de circulação, com a redução das perdas

geradas pelo contato entre pneus e via, possui influência direta sobre a resistência gerada no

veículo e o consequente consumo de combustível (IEA, 2012b).

De forma básica, o pavimento que compõe uma via deve, além de permitir um deslocamento

suave dos veículos, resistir ao fluxo dos mesmos, suportar mudanças de clima, ter estrutura

forte, permitir escoamento de água e ter boa resistência a derrapagens, sem causar grande

desgaste de pneus e nem gerar altos ruídos (DNIT, 2010). Desta forma, a escolha do tipo de

pavimentação de uma via segue, portanto, outros critérios além do consumo de combustível de

um veículo. Contudo, de acordo com (IEA, 2012b), por meio de estudos conduzidos na Suécia,

Holanda e Estados Unidos, as superfícies mais suaves podem melhorar a eficiência energética

dos veículos rodoviários de 5% a 10%.

Mais do que isso, especificamente para o Brasil, há também a questão da degradação do

pavimento fruto do desgaste natural ou de manutenção incorreta da via. Ou seja, a qualidade

das vias acaba tendo um impacto maior do que o tipo de pavimento utilizado em sua construção.

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A perda de eficiência dos veículos devido ao estado de desgaste das vias é bastante difícil de

obter, principalmente pelo fato de ser bastante complicada a separação deste efeito dos demais

no momento da medição. De acordo com Bartholomeu e Caixeta Filho (2009), através de

medições com alguns veículos em trajetos selecionados, os ganhos energéticos entre vias com

boa manutenção e vias com desgaste elevados é de 5%. Além disso, a via em más condições

gera um aumento direto no custo do transporte, devido ao aumento da quantidade de peças e

veículos danificados.

A análise feita sobre cada subsistema componente de um veículo de transporte de carga típico

mostra a existência de um grande potencial de eficiência energética. Entretanto, como foi

observado nas análises feitas, cada tecnologia possui um grau de maturidade e um caminho

diferente a ser percorrido até atingir o máximo de seu potencial. Além disso, para a correta

avaliação dos benefícios incorridos com tal desenvolvimento tecnológico, faz se necessária

uma simulação do setor rodoviário de cargas, bem como a simulação da inserção das

tecnologias desenvolvidas em cada subsistema. As premissas adotadas para esta simulação,

bem como seu método de aplicação, serão discutidas no próximo capítulo.

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49

5 – METODOLOGIA

5.1 PROCEDIMENTO DE CÁLCULO

O modelo desenvolvido neste trabalho para projeção do modal trata-se de um modelo técnico-

econômico, dividido por categoria de veículo (comerciais leves, caminhões semileves,

caminhões leves, caminhões médio, caminhões semipesado e caminhões pesados), cujos

principais dados de saída são a projeção do consumo energético e da atividade veicular. Na

Tabela 5-1 destaca-se a descrição de cada categoria ou classe de veículos.

Tabela 5-1 – Classificação dos Caminhões na Metodologia do Modal Rodoviário

Classificação Peso bruto total (PBT)

Comerciais leves PBT ≤ 3,5t

Caminhões semileves 3,5t < PBT3 < 6t

Caminhões leves 6t ≤ PBT < 10t

Caminhões médios 10t ≤ PBT < 15t

Caminhões semipesados 15t ≤ PBT < 40t

Caminhões pesados PBT ≥ 40t

Fonte: Elaboração própria a partir de MMA (2014)

A Figura 5-1 resume as principais etapas utilizadas nos cálculos feitos, objetivando alcançar a

projeção de consumo energético, neste estudo representado pelo consumo de diesel, e a

atividade veicular, neste estudo representado pelo fator tonelada quilômetro útil (TKU).

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50

Figura 5-1 - Metodologia para a Projeção do Consumo no Transporte de Carga Rodoviário

Fonte: Elaboração Própria

O consumo energético é determinado a partir da metodologia bottom-up paramétrica da

demanda energética do setor de transporte apresentada por Correia (1996), e utilizada por

MMA (2014), que relaciona o consumo energético total e a frota de veículos conforme a

identidade contábil apresentada pela Equação 1.

k

i

ii DCSC1

(Equação 1)

Onde “C” representa o consumo total da frota por unidade de tempo; “D” é a distância

percorrida pelo veículo i por unidade de tempo; “CS” é consumo específico do veículo i em

litros/km; e “k” representa o número de veículos.

Assim sendo, fracionando-se a população de cada classe de veículos por tipo de combustível

obtém-se o consumo para um período de um ano, representado pela Equação 2.

jijijiji CSDFC ,,,, (Equação 2)

Onde “C” representa o consumo total da frota de cada classe de veículos por tipo de

combustível no ano i; “F” é a frota de veículos de determinada classe no ano i, “D” é a distância

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51

média percorrida pelos veículos de determinada classe no ano i; “CS” é o consumo especifico

médio da frota em litros/km no ano i; “j” representa os tipos de combustíveis, que no caso deste

estudo trata-se apenas da composição diesel e biodiesel.

Sempre que os valores dos ganhos percentuais do consumo específico forem calculados a partir

da composição de ganhos de várias tecnologias, o ganho total não será o somatório dos ganhos

individuais de cada tecnologia (NRC, 2010). Para cada classe de veículos o percentual de ganho

percentual total (%FCRpacote) está associado à combinação dos ganhos individuais das

tecnologias (%FCRtecN), como mostrado na Equação 3.

100/%1...100/%1100/%11100% 21cot TecNTecTecepa FCRFCRFCRFCR (Equação 3)

A atividade veicular é determinada pelas projeções da frota, da quilometragem média

percorrida e do fator médio de ocupação dos veículos, de acordo com a Equação 4.

jijijiji ODFA ,,., (Equação 4)

Onde “A” representa o efeito atividade no ano i (tonelada-quilômetro); “F” é a frota de veículos

de determinada classe no ano i, “D” é a distância média percorrida pela frota no ano i; “O” é o

fator de ocupação (tonelada por veículo) no ano i; e “j” representa as classes de veículos.

Destarte, as principais variáveis-chaves de simulação são:

A frota de veículos, desagregada por tipo: comerciais leves, caminhões semileves,

caminhões leves, caminhões médios, caminhões semipesados e caminhões pesados. e

caminhões pesados;

O desempenho energético médio da frota de cada tipo de veículo;

A quilometragem média anual percorrida por cada tipo de veículo;

O fator de ocupação médio de cada tipo de veículo;

5.2 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS

A principal característica da metodologia utilizada neste este estudo é o estabelecimento da

correlação entre a quantidade de toneladas quilômetros úteis transportados e as demais

variáveis. Para que o modelo respeitasse parâmetros já considerados de um cenário base, o

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52

valor calculado para o tku transportado foi comparado com os valores explicitados pelo estudo

da EPE (EPE, 2014a)

Assim, as variáveis base para a simulação incluem as variáveis curva de sucateamento,

quantidade de venda de veículos, intensidade de uso, consumo específico, fator de

carregamento e toneladas por veículo, descritas no item 5.3.1.4, em conjunto com o total de

tku transportado pelo modal rodoviário.

A quantidade de toneladas cujo transporte é demandado ao setor rodoviário de cargas é

estimada a partir da carga total transportada pelo setor transportes e pela distribuição modal

das cargas transportadas. Salienta-se que, devido à falta de informação nas séries históricas e

nos relatório da EPE (EPE, 2014a) e do Ministério dos Transportes (SPNT / MT, 2012), esta

variável não é aberta por classe de veículo, diferentemente das demais. Desta forma, neste

modelo, o cálculo do valor final de TKU não será feito de forma desagregada, por tipo de

veículo, e fica limitado a um valor único para toda a frota.

Outra variável base da análise é a descrição da quantidade de quilômetros que precisão ser

rodados por ano para atender a demanda prevista de carga. Tal variável estabelece a

quilometragem média rodada por um veículo de determinada classe em um ano. Além disso,

esta variável faz também a diferenciação, dentro da classe, através da idade do veículo no ano

calculado. Ou seja, dependendo da classe e da idade, o modelo em questão permite estabelecer

se o veículo circulará mais ou menos em um ano.

Além da intensidade de uso, outras variáveis dadas por veículos também são definidas como

variáveis de entrada: consumo específico e toneladas transportadas por veículo. O consumo

específico é uma variável com unidade em litros por quilômetro (l/km). Tal variável estabelece

relação entre o consumo energético de um veículo, em litros, para cada quilômetro rodado. Os

valores de consumo específico são diferenciados por classe do veículo e pelo ano de fabricação

do mesmo. A análise destes valores será feita através da autonomia dos veículos, que é o

inverso do consumo específico, com unidade em quilômetros por litro (km/l).

Já a quantidade de toneladas transportadas por veículo, assim como o próprio nome indica, é a

quantidade de toneladas que são transportadas por cada classe de veículos de transporte

rodoviário de cargas por viagem. Esta variável base representa, portanto, a taxa de ocupação

do veículo, mencionada no item 5.3.1.41. É importante notar que os valores indicados nesta

variável são sempre menores que a capacidade máxima dos veículos da classe em questão.

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53

Alguns fatores corroboram para este efeito, dentre eles: capacidade útil de transporte ser

ligeiramente diferente entre veículos da mesma classe, cargas cujo grande volume fazem com

que o espaço físico para o transporte seja um limitador maior do que a capacidade de transporte

e, em especial, veículos que não circulam com sua capacidade máxima.

O efeito da carga movimentada pelo setor de transporte incide diretamente sobre a frota de

veículos e indiretamente sobre a venda de veículos. Para tal, duas premissas foram adotadas.

A primeira é que um setor amplamente competitivo como o rodoviário de cargas já otimiza ao

máximo a quilometragem média anual percorrida por cada tipo de veículo e seu fator de

ocupação médio. Ainda há potencial para melhorias destes fatores, mas apenas com a ação de

um agente externo ao setor. A segunda consideração é a de que o crescimento da frota veículos

se dá diante de uma resposta direta à demanda por transporte.

Por fim, temos como variável o fator de carregamento. O fator de carregamento é uma variável

adimensional que reflete o quanto determinada classe de veículo circula cheia. Sua principal

importância é fazer a correção do valor de quilômetros rodados para o cálculo da quantidade

de toneladas-quilômetro efetivamente transportada.

5.3 DESCRIÇÃO DOS CENÁRIOS

Foram elaborados quatro cenários, cada um com características próprias, para que a analise das

perspectivas futuras do setor de transporte rodoviário de cargas fosse feita. No primeiro deles,

o cenário base, não há evolução da eficiência da frota.

Os outros três cenários elaborados são de inserção de tecnologias que visam um aumento da

eficiência dos veículos de transporte de cargas. O primeiro deles, com referência ao cenário

proposto pela EPE, considera uma inserção tecnológica com avanço da autonomia dos veículos

em 1% a.a.. O cenário alternativo 1, que considera uma inserção tecnológica um pouco maior

que a do cenário EPE e sensivelmente maior que a do cenário base, onde serão inseridas no

mercado apenas aquelas tecnologias já disponíveis e aquelas que já são consideradas maduras,

e por último, o cenário alternativo 2, com tecnologias ainda em teste e desenvolvimento

também sendo inseridas, tornando este o cenário de maior potencial tecnológico nesta análise

para o setor. Estes cenários divergem do cenário base apenas no que tange à evolução do

consumo específico da frota, sendo mantidas iguais todas as demais variáveis. Não se considera

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neste estudo, portanto, qualquer efeito secundário, como aumento da venda de veículos, por

exemplo, fruto do aumento da competitividade do setor.

Apesar do potencial de economia do setor, os três cenários de eficiência energética, assim como

o cenário base, prevêm manutenção do processo de evolução do transporte rodoviário de carga.

Predominantemente os caminhões de todas as classes permanecerão tendo o diesel como

principal combustível. Nos cenários traçados, portanto, não haverá a inserção de veículos

híbridos no transporte de cargas em geral.

5.3.1 Cenário Base

Para o cálculo do cenário base considera-se a série histórica dos TKU transportados pelo setor

rodoviário de cargas mostrada pela EPE (Tabela 5-2). No ano de 2010, o setor rodoviário de

cargas foi responsável pelo transporte de 633.783 milhões de TKU (EPE, 2012). A partir deste

valor, foi feita a projeção dos anos 2011 e 2012, uma vez que não foram encontradas fontes

com seus valores de TKU. As projeções foram feitas utilizando-se dados de frota total,

distância média percorrida por veículo e carga média transportada por veículo estimada, como

será descrito nos itens a seguir.

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55

Tabela 5-2 – Carga Transportada pelo Modal Rodoviário

Ano6 Carga Transportada

(milhões de TKU)

2002 486.212

2003 495.232

2004 510.174

2005 523.213

2006 532.327

2007 548.955

2008 573.221

2009 593.024

2010 633.783

2011 703.466

2012 762.460

Fonte: Elaboração própria a partir de ANFAVEA (2014), MMA (2014) e EPE (2012)

Para os anos posteriores, entre 2012 e 2050, como estes valores não eram mostrados ano à ano,

foi feita a projeção com base no valor de 2012 para o setor rodoviário. Considerou-se o

crescimento sugerido pela EPE (2014a) em que a atividade total do transporte de cargas (TKU)

deve crescer, em média, 3,8% ao ano, de 2013 a 2050, sendo que, até 2025, em um maior ritmo

de crescimento (5,7% a.a.) (EPE, 2014a). Sabe-se que este cenário destoa da atual posição

encontrada pela economia brasileira no ano de 2015, mas este cenário foi preferido por ser o

último cenário macroeconômico publicado pela EPE. Dada a distribuição dos tku entre os

modais ferroviário, aquaviário, rodoviário e aéreo (Figura 5-2) e os valores de TKU para o

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setor rodoviário em 2012, foi calculado o valor total em tku do setor de transporte de cargas

para, posteriormente, ser calculado ano a ano a participação do setor rodoviário (Tabela 5-3).

Figura 5-2 – Participação dos Modais Por Atividade

Fonte: EPE, 2014a

Tabela 5-3 – Toneladas-Quilômetros Úteis – Cenário Base

Ano Total

TKU (x106) Rodoviário TKU (x106)

2012 1.270.999 762.599

2013 1.343.446 806.067

2014 1.420.022 852.013

2015 1.500.963 852.988

2016 1.586.518 901.609

2017 1.676.950 953.000

2018 1.772.536 1.007.321

2019 1.873.570 1.064.739

2020 1.980.364 1.125.429

2021 2.093.244 1.169.360

2022 2.212.559 1.214.643

2023 2.338.675 1.261.289

2024 2.471.980 1.309.306

2025 2.612.883 1.358.699

2026 2.686.043 1.391.370

2027 2.761.253 1.424.806

2028 2.838.568 1.459.024

60%

52%51% 49% 48%

26%

52%31% 35% 36%

14% 19% 17% 16% 16%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2010 2025 2030 2040 2050

Ano

Participação dos Modais por Atividade

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Aéreo

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57

2029 2.918.048 1.494.040

2030 2.999.753 1.529.874

2031 3.083.746 1.566.543

2032 3.170.091 1.604.066

2033 3.258.853 1.642.462

2034 3.350.101 1.681.751

2035 3.443.904 1.721.952

2036 3.540.333 1.763.086

2037 3.639.463 1.805.174

2038 3.741.368 1.848.236

2039 3.846.126 1.892.294

2040 3.953.818 1.937.371

2041 4.064.524 1.995.681

2042 4.178.331 2.055.739

2043 4.295.324 2.117.595

2044 4.415.593 2.181.303

2045 4.539.230 2.246.919

2046 4.666.329 2.295.834

2047 4.796.986 2.345.726

2048 4.931.301 2.396.612

2049 5.069.378 2.448.509

2050 5.211.320 2.501.434 Fonte: Elaboração própria a partir de EPE (2014a)

5.3.1.1 Evolução da Frota de Veículos

Cabe destacar que, ao longo deste estudo, considera-se que apenas 20% das vendas de

comerciais leves do ciclo diesel são destinados à movimentação de bens, de modo a fazer uma

correspondência mais adequada com o total da frota destinada ao transporte de carga

apresentado por outras fontes oficiais, ANTT e ANFAVEA (ANFAVEA, 2014; ANTT, 2014),

as quais afirmam que a quantidade desses veículos gira em torno de 2 milhões de veículos. Se

levado em consideração que todos os veículos comerciais leves a diesel são utilizados no

transporte de carga, a frota total para o transporte de carga no Brasil ultrapassa 3,1 milhões de

veículos. estradas.

A evolução da frota de veículos está atrelada à venda de veículos de cada classe e à curva de

sucateamento considerada para veículos a ciclo diesel. A Tabela 5-4 indica a evolução da venda

de veículos pesados.

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Tabela 5-4 – Histórico de Venda de Veículos Pesados

Ano Comerciais Leves

Comer-ciais

Leves (20%)

Caminhões Semi-leves

Caminhões Leves

Caminhões Médios

Caminhões Semi-

pesados

Caminhões Pesados

1957 0 0 0 7.967 0 139 0

1958 0 0 0 2.048 5.227 4.038 0

1959 466 93 0 0 6.847 3.253 0

1960 310 62 0 0 5.733 4.009 0

1961 4 1 0 0 3.777 1.937 0

1962 538 108 0 0 5.716 1.687 0

1963 1.489 298 0 0 3.816 2.161 0

1964 2.222 444 0 0 3.733 1.749 0

1965 979 196 0 180 4.147 2.432 0

1966 859 172 0 554 6.882 2.898 0

1967 648 130 0 624 7.682 1.701 0

1968 921 184 0 0 13.268 1.790 0

1969 914 183 0 2.699 11.956 2.220 0

1970 589 118 0 1.477 13.499 6.124 0

1971 504 101 0 1.123 12.580 8.068 0

1972 589 118 0 4.190 18.378 7.873 0

1973 573 115 0 7.476 24.322 7.132 0

1974 545 109 0 7.558 22.258 12.232 0

1975 726 145 0 11.149 23.164 19.238 0

1976 1.449 290 0 21.721 24.278 20.763 0

1977 2.614 523 0 42.203 21.628 24.541 0

1978 4.315 863 0 30.998 24.690 22.685 0

1979 15.870 3.174 0 20.837 34.592 22.096 0

1980 19.686 3.937 0 22.466 36.888 21.996 0

1981 34.899 6.980 0 13.505 23.917 17.397 0

1982 43.983 8.797 0 13.765 15.698 10.754 0

1983 28.638 5.728 129 13.210 9.710 7.786 1.487

1984 29.183 5.837 550 17.404 10.026 9.671 2.537

1985 26.169 5.234 916 22.744 12.261 14.147 3.680

1986 27.421 5.484 2.380 31.088 13.757 18.109 4.901

1987 23.759 4.752 1.657 21.605 8.231 18.722 5.581

1988 36.042 7.208 1.417 20.399 7.693 18.722 6.538

1989 43.612 8.722 1.337 19.196 6.128 18.110 3.297

1990 36.415 7.283 1.517 12.612 12.449 7.039 7.569

1991 34.913 6.983 1.134 13.919 11.195 8.710 6.380

1992 29.732 5.946 337 7.620 5.733 5.646 6.258

1993 51.417 10.283 482 11.010 8.080 7.298 11.446

1994 60.132 12.026 355 15.482 10.574 10.374 15.541

1995 53.898 10.780 192 16.349 15.415 10.790 15.980

1996 43.521 8.704 72 11.547 10.033 8.979 11.504

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59

1997 70.857 14.171 34 14.678 12.150 12.610 15.460

1998 76.465 15.293 197 13.856 11.941 14.095 12.680

1999 62.433 12.487 1.235 15.914 9.370 13.216 10.930

2000 83.062 16.612 2.940 22.634 10.720 19.088 13.710

2001 80.432 16.086 4.935 24.234 11.804 18.567 13.977

2002 64.341 12.868 7.304 19.427 9.907 15.276 13.972

2003 54.729 10.946 5.875 17.839 8.486 16.882 17.209

2004 66.247 13.249 7.577 20.137 8.642 22.364 24.285

2005 77.453 15.491 7.782 19.854 8.448 23.222 21.028

2006 82.954 16.591 7.795 19.329 9.538 20.416 19.180

2007 92.175 18.435 8.492 22.553 11.240 28.676 27.537

2008 124.639 24.928 8.981 25.385 11.888 37.321 38.774

2009 134.642 26.928 6.680 25.793 11.503 34.772 31.125

2010 172.001 34.400 7.310 34.333 14.173 49.980 51.898

2011 200.613 40.123 7.895 39.453 14.052 57.954 53.517

2012 197.206 39.441 6.522 33.343 11.852 45.881 41.549

2013 221.182 44.236 5.493 32.162 13.065 47.943 55.886

Fonte: ANFAVEA, 2014; MMA, 2014

De acordo com EPE (EPE, 2014a), no modal rodoviário, as vendas de caminhões devem

crescer a uma taxa média anual de 3% entre 2013 e 2025, em função dos atrasos na

implementação de algumas obras ferroviárias e da necessidade de atender ao aumento da

movimentação de cargas fruto da perspectiva de crescimento do PIB no referido estudo. À

medida que os projetos ferroviários e aquaviários entram em operação, a necessidade de

aumento das vendas de caminhões tende a diminuir, ocorrendo também uma pequena mudança

em seu perfil. Assim, após 2025, espera-se que as vendas de caminhões passem a crescer a uma

taxa média em torno de 1,5% ao ano até 2050, com uma gradual redução da participação nas

vendas dos caminhões pesados e semipesados, pois o transporte de longa distância será

realizado crescentemente por outros modais. Com esta expectativa de vendas, a frota circulante

de caminhões crescerá de 1,9 milhões de veículos em 2013 para 6,1 milhões em 2050, com

uma taxa média anual de 3,2%. A figura abaixo mostra a evolução da venda de veículos,

levando em consideração que o crescimento das vendas foi feito de forma homogênea entre as

classes existentes. Entende-se que o ideal seria que esta previsão de venda fosse feita por classe

de veículo, e não por valor médio anual, podendo mostrar assim a provável queda na

participação das vendas de veículos com capacidade acima de 15 toneladas (caminhões

semipesados e pesados) (EPE, 2014a). Entretanto, não há dados relativos à previsão de vendas

de cada classe, o que implicou em que esta abordagem simplificadora fosse utilizada..

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60

Figura 5-3 – Vendas de Veículos – Transporte de Carga

Fonte: Elaboração Própria

De posse das projeções das vendas de veículos pesados no horizonte 2050 e, assumindo que a

curva de sucateamento dos veículos permanecerá a mesma ao longo do período de análise

(EPE, 2014a), conforme apresentado na Figura 5-4 e Tabela 5-5, pode-se determinar a frota de

veículos pesados.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040 2042 2044 2046 2048 2050

Veí

culo

s V

end

ido

s

Ano

Veículos Comerciais Leves Caminhões Semileves Caminhões Leves

Caminhões Médios Caminhões Semipesados Caminhões Pesados

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61

Figura 5-4 – Curva de Sucateamento de Autoveículos no Transporte de Carga

Fonte: MMA, 2014

Tabela 5-5 – Curvas de Sucateamento por Categoria de Veículos – Transporte de Carga

Categoria

Função de Sucateamento

S(t) - fração de veículos remanescentes na idade

t

Parâmetros

Caminhões 𝑆(𝑡) =

1

1 + exp(𝑎(𝑡 − 𝑡0))

+1

1 + exp(𝑎(𝑡 + 𝑡0))

a = 0,10; t0 = 17

Comerciais Leves

(Diesel)

a = 0,17; t0 = 15,3

Fonte: MMA, 2014

A Figura 5-5 exibe o crescimento da frota de veículos pesados por categoria no horizonte 2050.

Verifica-se que a frota de veículos semi-leves tendem a ter uma participação cada vez menor

na frota, chegando ao ano de 2050 com 3,8% de participação da frota. Muito disso se deve à

competitividade comercial desta classe de veículo, cujo custo benefício o deixa competindo

tanto com caminhões leves quanto com comerciais leves.

Outro ponto bastante importante é o aumento da proporção de veículos pesados e semipesados

na frota, saindo de 45% de participação em 2012, num total de 856.239 veículos, para 50% de

participação em 2050, com 3.098.188. Isto ocorre mesmo com a tendência de o transporte por

estas classes concorrer diretamente com outros modais como ferroviário e hidroviário,

indicando que o transporte de longas distâncias ainda será a base do transporte rodoviário de

cargas. A frota total de veículos, que atualmente estima-se em 1,9 milhões de veículos (EPE,

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

Pe

rce

ntu

al d

e S

uca

team

en

to

Anos de uso

Comerciais leves do ciclo diesel Caminhões

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62

2014a), chegará em 2050 em 6,1 milhões, mostrando que o modal continuará em franca

expansão, mesmo perdendo participação de mercado.

Figura 5-5 – Frota de Veículos Pesados

Fonte: Elaboração Própria

5.3.1.2 Evolução da Intensidade de Uso

Apesar de as informações acerca da intensidade de uso dos caminhões serem incertas, a Figura

5-6 apresenta as curvas de intensidade de uso para veículos pesados realizadas pelo MMA

(MMA, 2014), com base em informações levantadas pela ANFAVEA em 2008 e pela Petrobras

em 2010 (MMA, 2014). A sua elaboração adota a hipótese de decaimento de uso com o avanço

da idade dos veículos de modo similar ao que ocorre aos veículos do ciclo Otto. Esta premissa

é coerente com a intensidade de uso característica do setor, em que um veículo novo roda cerca

de 30% a mais que um veículo com 17 anos de uso (CNT, 2011). Observa-se no ano inicial da

Figura 5-6 que o uso dos veículos se dá em uma proporção muito menor que no segundo ano.

Isso se deve principalmente devido à contabilização dos quilômetros rodados, onde veículos

vendidos no segundo semestre do ano, por exemplo, circulam em média muito menos que

veículos vendidos no primeiro semestre, reduzindo então a média do referido ano.

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

7.000.000

2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040 2042 2044 2046 2048 2050

Fro

ta

Ano

Comerciais Leves Caminhões semileves Caminhões Leves

Caminhões Médios Caminhões Semipesados Caminhões Pesados

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63

Figura 5-6 – Intensidade de Uso – Transporte de Carga

Fonte: MMA, 2014

Por meio dos valores de intensidade de uso apresentados e considerando a quantidade de

veículos existentes por anos de uso da Figura 5-5, é feita uma média ponderada da

quilometragem anual percorrida, para cada categoria de veículo. Chega-se, assim, ao resultado

apresentado na Tabela 5-6.

Tabela 5-6 – Quilometragem Média Anual Percorrida por Veículo (ano base 2012)

Categoria Quilometragem Média

Percorrida (km)

Comerciais Leves 16.144,70

Caminhões Semileves 57.631,92

Caminhões Leves 54.211,19

Caminhões Médios 82.055,59

Caminhões Semipesados 98.486,83

Caminhões Pesados 102.131,68

Geral 72.352,97

Fonte: Elaboração própria a partir de ANFAVEA (2014) e MMA (2014)

O total de quilômetros rodados por ano (intensidade de uso) utilizado neste estudo toma como

base os valores calculados pelo Ministério de Meio Ambiente (MMA, 2014). Tais dados foram

calculados pela instituição como forma de fazer os ajustes no consumo de diesel calculado. Ou

seja, para que os valores de diesel consumido pelo setor, calculado no estudo, fosse condizente

com os valores mensurados pelo Balanço Energético Nacional (EPE, 2013), ajustes nestas

variáveis foram feitos. O ano base de 2012, neste estudo, assume, portanto, os mesmos valores

0

20

40

60

80

100

120

140

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

Mil

Qu

ilôm

etr

os

po

r A

no

Anos de uso

Comerciais Leves Diesel Caminhões Semileves e Leves

Caminhões Médios Caminhões Semipesados e Pesados

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64

publicados pelo MMA (MMA, 2014), como exibido na Tabela 5-7. Para a projeção futura, são

considerados que os valores de intensidade de uso são mantidos constantes por falta de maiores

informações que permitam refinar esta cenarização.

Tabela 5-7 – Intensidade de Uso - Veículos Pesados

Anos de uso do Veículo

Comerciais Leves Diesel

Caminhões Semileves e

Leves

Caminhões Médios

Caminhões Semipesados e

Pesados

0 10.000 32.290 56.155 58.952

1 19.600 63.875 110.518 116.415

2 19.200 63.171 108.727 114.927

3 18.800 62.466 106.936 113.438

4 18.400 61.762 105.145 111.950

5 18.000 61.058 103.355 110.461

6 17.600 60.353 101.564 108.973

7 17.200 59.649 99.773 107.484

8 16.800 58.944 97.982 105.996

9 16.400 58.240 96.191 104.507

10 16.000 57.535 94.400 103.019

11 15.600 56.831 92.609 101.530

12 15.200 56.127 90.818 100.041

13 14.800 55.422 89.027 98.553

14 14.400 54.718 87.236 97.064

15 14.000 54.013 85.446 95.576

16 13.600 53.309 83.655 94.087

17 13.200 52.605 81.864 92.599

18 12.800 51.900 80.073 91.110

19 12.400 51.196 78.282 89.622

20 12.000 50.491 76.491 88.133

21 11.600 49.787 74.700 86.644

22 11.200 49.083 72.909 85.156

23 10.800 48.378 71.118 83.667

24 10.400 47.674 69.327 82.179

25 10.000 46.969 67.537 80.690

26 10.000 46.265 65.746 79.202

27 10.000 45.560 63.955 77.713

28 10.000 44.856 62.164 76.225

29 10.000 44.152 60.373 74.736

30 10.000 43.447 58.582 73.248

31 10.000 42.743 56.791 71.759

32 10.000 42.038 55.000 70.270

33 10.000 41.334 53.209 68.782

34 10.000 40.630 51.418 67.293

35 10.000 39.925 49.628 65.805

36 10.000 39.221 47.837 64.316

37 10.000 38.516 46.046 62.828

38 10.000 37.812 44.255 61.339

39 10.000 37.107 42.464 59.851

40 10.000 36.403 40.673 58.362

41 10.000 35.699 38.882 56.873

42 10.000 34.994 37.091 55.385

43 10.000 34.290 35.300 53.896

44 10.000 33.585 33.509 52.408

45 10.000 32.881 31.719 50.919

46 10.000 32.177 29.928 49.431

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65

47 10.000 31.472 28.137 47.942

48 10.000 30.768 26.346 46.454

49 10.000 30.063 24.555 44.965

50 10.000 29.359 22.764 43.477

Fonte: MMA (2014)

5.3.1.3 Evolução da Eficiência Veicular

Com relação à projeção do consumo específico, é considerado no cenário base que não há

alteração entre o consumo descrito no ano base, apresentado na Tabela 5-8, e o consumo nos

demais anos.

Tabela 5-8 – Consumo Específico de Veículos Pesados - 2012

Categoria Consumo específico de

diesel (Ldiesel/100km) Quilometragem por litro

de diesel (km/Ldiesel)

Caminhões Semileves 11,0 9,1

Caminhões Leves 18,0 5,6

Caminhões Médios 18,0 5,6

Caminhões Semipesados 29,0 3,4

Caminhões Pesados 29,0 3,4

Fonte: MMA (2014)

5.3.1.4 Evolução do Fator de Ocupação e do Fator de Carregamento

A quantidade de toneladas transportadas por veículo, ou fator de ocupação no caso deste modal,

tem grande impacto nos valores finais de toneladas-quilômetros úteis transportados, bem como

na eficiência do sistema. Neste estudo são considerados valores típicos médios de toneladas

transportas por classe de veículos. Os valores considerados são mostrados na Tabela 5-9 abaixo

e são replicados para todos os anos da série 2012 – 2050.

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66

Tabela 5-9 - Carga Média (em Toneladas) Transportada por Veículo por Categoria e Faixa de

Idade

Faixa de Idade menor que

2 anos

menor que

2 anos

entre 6 a 10

anos

entre 11 e

15 anos

mais que

15 anos

Comerciais

Leves 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5

Caminhões

Semileves 3,8 3,4 2,9 3,0 2,7

Caminhões

Leves 3,6 6,1 5,8 8,9 9

Caminhões

Médios 9,8 10,2 10,0 10,9 11,6

Caminhões

Semipesados 12,8 12,2 12,7 13,6 13,1

Caminhões

Pesados 27,2 25,9 24,8 23,9 23,1

Fonte: Elaboração própria a partir de MMA (2014) e TRUK (2004)

A partir destes valores e da projeção da frota calculada, temos uma evolução da tonelada média

transportada por veículo em todo o sistema rodoviário. Estes valores estão indicados na Figura

5-7. Nota-se que apesar das toneladas transportadas por veículos serem mantidos constantes,

como haverá uma mudança na participação das classes na frota haverá uma evolução da

tonelada por veículo média do modal.

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67

Figura 5-7 - Toneladas Médias Transportadas por Veículo

Fonte: Elaboração própria

Outro importante fator de correção usado neste estudo é o fator de carregamento que foi

calculado, no ano base, através de processo iterativo. Considerou-se neste cálculo o valor

percentual de quilômetros rodados com o veículo carregado necessário para que se obtivesse a

quantidade de toneladas-quilômetros úteis transportada no referido ano. O valor obtido neste

processo foi de 38%. Ou seja, em 38% dos quilômetros rodados o veículo está efetivamente

com carga. Para os anos posteriores, foi considerado que não há evolução deste valor, sendo

necessárias ações especificas com esse intuito, para uma eficiência maior do setor.

5.3.2 Cenário EPE

Neste cenário, é considerada uma redução de 1% ao ano do consumo específico considerado

para o cenário base, conforme apresentado na Tabela 5-8, em consonância com o valor

apresentado em EPE (2014a).

Cabe destacar que o pacote aerodinâmico disponível atualmente no mercado, do ponto de vista

dos materiais empregados, possui considerável avanço tecnológico. Na verdade, o problema

encontrado para inserção desta solução está mais vinculado ao seu correto dimensionamento,

que nem sempre é feito de forma adequada (IEA, 2012a). Além disso, a maior parte dos

veículos pesados que fazem uso do sistema não o fazem de forma completa (IEA, 2012a).

Atualmente, são utilizados, basicamente, apenas o sistema de carenagem na parte superior da

cabine, ficando de fora as adequações no semirreboque, por exemplo, entre outras (IEA,

13,8

14,0

14,2

14,4

14,6

14,8

15,0

15,2

15,4

15,6

15,8To

nel

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Ano

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68

2012a). Quanto às soluções de redução de tempo ocioso, como o sistema de partida e parada,

e os sistemas inteligentes para adaptação do uso de forma otimizada, estes não são considerados

como entrando neste cenário. A Figura 5-8 mostra a evolução do consumo específico de cada

classe de veículo ao longo do tempo até o ano de 2050. A evolução das eficiências se dá de

forma bem gradativa, à exceção dos anos de 2010 e 2011, no caso de veículos leves movidos a

diesel. Um dos principais motivos para ruptura desta tentência foi a implantação da fase P5 do

PROCONVE (Programa de Emissões de Controle Veiculares). Nesta fase, mais

especificamente entre os anos de 2009 e 2010, houve grande redução dos fatores de emissão

requeridos, em especial nos índices NOx, que chegaram a uma redução de 50% (MMA, 2014).

Como este fator de emissão tem impacto direto sobre a eficiência, seus efeitos foram sentidos

nos anos subsequentes.

Figura 5-8 – Autonomia de Veículos Novos – Cenário Alternativo

Fonte: Elaboração própria

5.3.3 Cenário Alternativo 1 e Alternativo 2

Ambos os cenários (alternativo 1 e alternativo 2) partem da premissa de que a inserção das

tecnologias no setor redoviário de cargas se dará de forma diferente da explicitada no cenário

base, no item 5.3.1.3 (Evolução da Eficiência Veicular). Nestes cenários, considera-se que o

potencial de eficiência energética é melhor aproveitado, com a formação de um pacote

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

19

57

19

60

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63

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66

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02

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38

20

41

20

44

20

47

20

50

qu

ilôm

etro

/ ll

itro

Ano

Consumo Específico de Veículos Novos

Veículos Comerciais Leves Caminhões Semileves Caminhões Leves

Caminhões Médios Caminhões Semipesados Caminhões Pesados

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69

tecnológico veicular mais avançado em relação ao cenário base e ao cenário EPE. Para

elaboração destes, portanto, a discussão detalhada de cada tecnologia bem como sua forma de

inserção torna-se ponto chave para este estudo. Para facilitar o melhor entendimento da

discussão, serão referenciadas pelo termo tecnologia tanto ações diretas, como a substituição

simples de equipamentos, quanto ações indiretas, como melhorias na manutenção dos veículos.

Como metodologia para a inserção tecnológica, os avanços que geram ganhos de eficiência

energética dos veículos foram divididos em duas grandes categorias. Na primeira, estão

inseridas as tecnologias e adequações que fazem efeito apenas em veículos novos. Neste caso,

uma vez que a tecnologia é inserida no mercado, apenas os veículos fabricados a partir do ano

de inserção desta tecnologia terão seu consumo específico afetado. Já a segunda categoria de

avanços de consumo específico estão as tecnologias cuja inserção pode ser feita também em

veículos usados, na forma de retrofit. A Tabela 5-10, abaixo, descreve quais grupos de

tecnologias são inseridas em cada categoria. É importante notar que alguns grupos de

tecnologias podem ser inseridos em ambas as categorias. É o caso dos pneus por exemplo, que

uma vez inseridos no mercado podem ser fornecidos sempre junto aos veículos novos, mas

também podem ser fornecidos a veículos existentes da frota mais antiga.

Tabela 5-10 – Inserção de Tecnologias

Tecnologia Inserida em Veículos Novos

Tecnologia Inserida na Frota Existente

Ações de Manutenção, Aerdinâmica, Redução de Massa, Pneus, Motores,

Tração/ Transmissão, Redução de Tempo Ocioso

Aerodinâmica e Pneus

Fonte: Elaboração própria

Em ambas as categorias (veículos novos e usados), tomou-se como premissa, pela similaridade

construtiva, que a inserção tecnológica em veículos comerciais leves, caminhões semileves e

caminhões leves seriam iguais, bem como no caso dos caminhões semipesados e pesados.

Caminhões médios formam por si só uma classe única dentro deste critério.

Os pacotes tecnológicos formados nos cenários alternativo 1e alternativo 2 tomaram como base

as descrições acerca das tecnologias, realizadas no capítulo 4. Como forma de gerar critérios

bem definidos para a inserção tecnológica ao longo do tempo, as tecnologias referentes a

categoria de veículos novos foram divididas quanto à sua maturidade tecnológica. Logo, cada

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70

faixa de maturidade tecnológica possui um critério de inserção ao longo do tempo, descrito na

Tabela 5-11.

Tabela 5-11 – Inserção Tecnológica ao Longo do Tempo

Categoria Data de Inserção da

Tecnologia

Ano em que Atinge seu

Potencial Máximo

Tecnologia Disponível Inserida a partir de 2013 Potencial máximo em 10

anos

Tecnologia Madura Inserida a partir de 2017 Potencial máximo em 10

anos

Tecnologia em Teste Inserida a partir de 2022 Potencial máximo em 10

anos

Tecnologia em

Desenvolvimento Inserida a partor de 2028 Potencial máximo em 2050

Tecnologia Inovadora Inserida a partir de 2038 Potencial máximo em 2050

Fonte: Elaboração própria a partir de NRC (2010); IEA (2012b); NRC (2011); TIAX (2011); ICCT

(2009); Kromer et al. (2009); Liimatainen et al. (2014)

Os cenários alternativo 1 e alternativo 2, na categoria de veículos novos, tomaram como base

as seguintes relações entre os grupo tecnológicos e maturidade (Tabela 5-12):

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71

Tabela 5-12 – Níveis de Maturidade Tecnológica

Tecnologia Maturidade no

Cenário Alternativo 1 Maturidade no Cenário

Alternativo 2

Ações de Manutenção Tecnologia Disponível Tecnologia Disponível

Aerodinâmica Tecnologia Madura Tecnologia Madura

Redução de Massa Tecnologia Disponível Tecnologia Disponível

Pneus Tecnologia Madura Tecnologia Madura

Motores Parte Tecnologia Disponível parte

Tecnologia Madura

Parte Tecnologia Disponível, parte Tecnologia Madura e Parte Tecnologia em Teste

Tração / Transmissão Tecnologia Madura Tecnologia Madura

Redução de Tempo Ocioso - Fonte: Elaboração Própria a partir de NRC (2010); IEA (2012b); NRC (2011); TIAX (2011); ICCT (

2009); Kromer et al.(2009); Liimatainen et al.(2014)

Nota-se que os grupos tecnológicos têm como base informações existentes que atendem apenas

o médio e curto prazo (próximos 30 anos). Nos cenários de longo prazo nesta simulação, para

prazos acima de 30 anos, será tomada como base a inserção de tecnologias em desenvolvimento

e de tecnologias inovadoras. Estas geram um ganho incremental em cada grupo tecnológico,

sendo a Tecnologia em Desenvolvimento com ganho incremental suficiente para manter a

melhoria de eficiência do cenário base (1%) e a Tecnologia Inovadora com ganho incremental

suficiente para aumentar em 0,3% a melhoria de eficiência prevista no cenário alternativo. O

ganho incremental de 0,3% da Tecnologia Inovadora foi considerado de forma conservadora,

fazendo com que o cenário não alcançasse o limite tecnológico de ganhos de 1,5% a.a,

mostrado pela EPE (EPE, 2014a). O cenário Alternativo 1 faz uso da Tecnologia em

Desenvolvimento enquanto o cenário Alternativo 2 faz uso da Tecnologia em Desenvolvimento

e da Tecnologia Inovadora.

Com base na descrição tecnológica feita no capítulo 4, cada grupo tecnológico teve um

detalhamento de quais seriam efetivamente as tecnologias inseridas. O conjunto destas

tecnologias é o pacote tecnológico, descrito na Tabela 5-13 e Tabela 5-14.

.

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72

Tabela 5-13 – Pacote Tecnológico – Cenário Alternativo

Tecnologia Pacote Tecnológico no Cenário Alternativo 1 Ganho Máximo

de Eficiência

Ações de Manutenção

Tecnologia Disponível - Calibragem de Pneus e Alinhamento Correto de Rodas

2%

Aerodinâmica Tecnologia Madura - Inserção do Pacote Aerodinâmico

Completo 5%

Redução de Massa

Tecnologia Disponível - Utilização de ligas metáicas e materiais leves

2,4%

Pneus Tecnologia Madura - Pneus com baixa resistência de

rolamento 3%

Motores

Tecnologia Disponível: Configuração de 2 turbocompressores, Controle de Válvulas

Tecnologia Madura: Turbocompounding Mecânico, Sistema de Partida e Parada, Eletrificação de Sistemas, Avanço no

Sistema Térmico

TD - 3% e TM -9%

Tração / Transmissão

Tecnologia Madura: Redução de Atrito 2%

Fonte: Elaboração Própria a partir de NRC (2010); IEA (2012b); NRC (2011); TIAX (2011); ICCT (

2009); Kromer et al.(2009); Liimatainen et al.(2014)

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73

Tabela 5-14 – Pacote Tecnológico – Cenário Alternativo 2

Tecnologia Pacote Tecnológico no Cenário Inovador Ganho Máximo

de Eficiência

Ações de Manutenção

Tecnologia Disponível - Calibragem de Pneus e Alinhamento Correto de Rodas

2%

Aerodinâmica Tecnologia Madura - Inserção do Pacote Aerodinâmico

Completo 5%

Redução de Massa

Tecnologia Disponível - Utilização de ligas metáicas e materiais leves

3%

Pneus Tecnologia Madura - Pneus de base larga (WBT) 3%

Motores

Tecnologia Disponível: Configuração de 2 turbocompressores, Controle de Válvulas

Tecnologia Madura: Turbocompounding Mecânico, Sistema de Partida e Parada, Eletrificação de Sistemas, Avanço no

Sistema Térmico. Tecnologia em Teste: Turbocompounding Elétrico, Sistema de Partida e Parada (T), Eletrificação de Sistemas (T), Avanço no

Sistema Térmico (T).

TD - 3%, TM -9% e TT - 14%

Tração / Transmissão

Tecnologia Madura: Redução de Atrito 3%

Fonte: Elaboração Própria a partir de NRC (2010); IEA (2012b); NRC (2011); TIAX (2011); ICCT (

2009); Kromer et al.(2009); Liimatainen et al.(2014)

A eficiência evolui de forma gradativa, desde o seu ano de inserção até o seu valor máximo,

definido no critério de maturidade (Tabela 5-11).

Já para a segunda categoria de inserção tecnológica, voltada para veículos usados, os pacotes

tecnológicos são os mesmos da categoria de veículos novos e sua inserção se inicia no mesmo

momento. O que muda nesta categoria é que a avaliação da penetração desta tecnologia frente

ao restante da frota é um fator importante. De forma similar à categoria anterior, de forma a ter

uma base de comparação entre as tecnologias, os grupos tecnológicos foram divididos de

acordo com os seguintes critérios (Tabela 5-15).

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74

Tabela 5-15 – Penetrabilidade Tecnológica

Penetrabilidade % de Inserção

Boa Penetrabilidade Chega ao potencial de 70% da frota

Média Penetrabilidade Chega ao potencial de 50% da frota

Baixa Penetrabilidade Chega ao potencial de 30% da frota

Fonte: Elaboração Própria a partir de NRC (2010); IEA (2012b); NRC (2011); TIAX (2011); ICCT (

2009); Kromer et al.(2009); Liimatainen et al.(2014)

O potencial máximo máximo de inserção é alcançado em 2050 e a sua evolução acontece de

forma constante ao longo dos anos, desde o primeiro ano em que a tecnologia foi inserida até

ultimo ano (2050).

Todo o modelo técnico-econômico (bottom-up) desenvolvido visa, portanto, o adequado

mapeamento e inserção das tecnologias frente aos cenários elaborados, sendo eles base, EPE

alternativo 1 e alternativo 2. Os resultados obtidos a partir desta simulação, bem como sua

análise, são descritos no capítulo a seguir.

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75

6 – SIMULAÇÕES E RESULTADOS

6.1 CENÁRIO BASE

Os resultados obtidos no cenário base estão indicados na Figura 6-5 e Figura 6-6. Verifica-se

uma evolução média de 2,89% ao ano no consumo de diesel e biodiesel, culminando em um

consumo total destes de 109.159.603 m³. Grande parte deste consumo é resultado de uma alta

participação dos veículos pesados e semipesados na frota do setor. Estas classes são

responsáveis por cerca de 80,6% do volume total do combustível consumido, demonstrando

sua posição de destaque no setor (Figura 6-6).

Figura 6-1 – Consumo de Diesel e Biodiesel – Cenário Base

Fonte: Elaboração própria

0

20.000.000

40.000.000

60.000.000

80.000.000

100.000.000

120.000.000

20

12

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18

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20

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28

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30

20

32

20

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36

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38

20

40

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42

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44

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46

20

48

20

50

Ano

Diesel Biodiesel

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76

Figura 6-2 – Consumo de Diesel e Biodiesel por Classe de Veículo – Cenário Base

Fonte: Elaboração própria

É importante atentar que no Cenário Base não há uma perspectiva de evolução da eficiência

dos veículos que compõem a frota, como destacado anteriormente. Esta forma de projeção do

consumo específico culmina no disposto na Figura 6-7 abaixo. Observa-se que os ganhos para

a frota total se extendem ainda alguns após o ano base, fruto da renovação da frota. Entretanto,

o valor de autonomia da frota tende a se estabilizar no ano de 2037, alcançando o valor de 3,95

km/litro, 5,5% maior que os atuais 3,75 km/litro.

0

20.000.000

40.000.000

60.000.000

80.000.000

100.000.000

120.000.000

20

12

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28

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30

20

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34

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36

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40

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42

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44

20

46

20

48

20

50

qu

ilôm

etro

/ ll

itro

Ano

Caminhões Pesados Caminhões Semipesados Caminhões Médios

Caminhões Leves Caminhões Semileves Veículos Comerciais Leves

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77

Figura 6-3 – Autonomia Média da Frota – Cenário Base

Fonte: Elaboração própria

Dada a proporção entre o consumo da frota e o total de toneladas-quilômetro transportadas,

temos por decorrência a evolução do parâmetro TKU / litro (Figura 6-8)

0,0%

0,1%

0,2%

0,3%

0,4%

0,5%

0,6%

0,7%

3,60

3,65

3,70

3,75

3,80

3,85

3,90

3,95

4,00

20

12

20

14

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16

20

18

20

20

20

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24

20

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20

30

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32

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36

20

38

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40

20

42

20

44

20

46

20

48

20

50

qu

ilôm

etro

/ ll

itro

Ano

Consumo Específico Médio Variação Percentual

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78

Figura 6-4 – TKU por Litro – Cenário Base

Fonte: Elaboração própria

6.2 CENÁRIO EPE

Os resultados obtidos no cenário EPE apresentam grande diferença com relação ao cenário

base. A Figura 6-5 e a Figura 6-6 mostram um consumo de combustível muito menor no cenário

EPE, culminando nos 83.555.910 m³.

19,5

20,0

20,5

21,0

21,5

22,0

22,5

23,0

20

12

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16

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20

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46

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48

20

50

TKU

po

r Li

tro

Ano

Cenário Base

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79

Figura 6-5 – Consumo de Diesel e Biodiesel – Cenário EPE

Fonte: Elaboração própria

Figura 6-6 – Consumo de Diesel e Biodiesel por Classe de Veículo – Cenário EPE

Fonte: Elaboração própria

É importante atentar que o fator preponderante para a redução de 23,5% no consumo de

combustível se deve a perspectiva de evolução da eficiência dos veículos que compõem a frota,

como destacado anteriormente. Esta evolução do consumo específico culmina no disposto na

0

20.000.000

40.000.000

60.000.000

80.000.000

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Ano

Diesel Biodiesel Ano Base

0

20.000.000

40.000.000

60.000.000

80.000.000

100.000.000

120.000.000

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12

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14

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38

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44

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46

20

48

20

50

Ano

Caminhões Pesados Caminhões Semipesados Caminhões Médios

Caminhões Leves Caminhões Semileves Veículos Comerciais Leves

Ano Base

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80

Figura 6-7 abaixo. Observa-se que os ganhos para frota total, mesmo sendo abaixo de 1% a.a,

evolui sensivelmente ao longo do tempo. A autonomia média da frota cresce dos atuais 3,75

km / litro para 5,17 km / litro.

Figura 6-7 – Autonomia Média da Frota – Cenário EPE

Fonte: Elaboração própria

Dada a proporção enre o consumo da frota e o total de tonadas-quilômetro transportadas, temos

por decorrência a evolução do parâmetro TKU / litro (Figura 6-8)

0,0%

0,1%

0,2%

0,3%

0,4%

0,5%

0,6%

0,7%

0,8%

0,9%

1,0%

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

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12

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20

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50

qu

ilôm

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/ ll

itro

Ano

Consumo Específico Médio Variação Percentual

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81

Figura 6-8 – TKU por Litro – Cenário EPE

Fonte: Elaboração própria

6.3 CENÁRIO ALTERNATIVO 1

A Figura 6-9 abaixo mostra como a influência dos pacotes tecnológicos e sua inserção afetam

o consumo de combustível. A figura demonstra que, até o ano de 2017, a diferença de consumo

entre o cenário base e o cenário alternativo 1 é pequena, fruto de uma inserção ainda baixa das

tecnologias disponíveis. Após este período, a diferença entre os dois cenários aumenta. Até o

ano de 2017 a variação se dá, em média, com uma redução do consumo total de diesel e

biodiesel de 0,36% ao ano. Após o referido ano, a redução evolui consideravelmente,

construindo um cenário em 2050 com redução do consumo total de 32% com relação ao cenário

base, equivalente a 34.979.812 m³ de combustível (diesel e biodiesel). Destes, 5.192.585 m³

são de biodiesel.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

2012 2017 2022 2027 2032 2037 2042 2047

TKU

po

r Li

tro

Ano

TKU por Litro Ano Base

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82

Figura 6-9 - Consumo de Diesel e Biodiesel – Cenário Alternativo 1

Fonte: Elaboração própria

Ao analisar o consumo distribuído por classe, grande parte do consumo continua sendo

referente a caminhões semipesados e pesados, com um consumo total das duas classes em 2050

de 59.785.843 m³ de combustível, equivalentes a 80,5% do consumo do modal naquele ano;

não havendo, portanto, uma diferença significativa entre a participação destas classes no

cenário alternativo e no cenário base (Figura 6-10). O consumo total absoluto do setor

0

20.000.000

40.000.000

60.000.000

80.000.000

100.000.000

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20

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46

20

48

20

50

Ano

Diesel Biodiesel Ano base

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83

rodoviário de cargas no Cenário Alternativo 1 em 2035 passou a ser de 67.573.023m³, e no ano

de 2050 de 74.179.791 m³.

Figura 6-10 – Consumo de Diesel e Biodiesel por Classe de Veículo – Cenário Alternativo 1

Fonte: Elaboração própria

Podemos observar, através da Figura 6-11, que muito desta redução de consumo ocorre devido

à alta inserção de soluções na parte de motorização. Apesar desta solução tecnológica, ao longo

do tempo, perder representatividade frente a soluções de aplicação mais fáceis, como pneus e

aerodinâmica, mostra-se que ainda assim esta se mantém em posição de destaque.

0

20.000.000

40.000.000

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Ano

Caminhões Pesados Caminhões Semipesados Caminhões Médios

Caminhões Leves Caminhões Semileves Veículos Comerciais Leves

Ano Base

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84

Figura 6-11 – Composição do Pacote Tecnológico – Cenário Alternativo 1

Fonte: Elaboração própria

Com isto há uma evolução significativa do consumo específico de veículos novos (Figura

6-12). Esta evolução se dá, em média, para todo o período entre 2012 e 2050, com aumentos,

em base anual, de 1,04% para veículos comerciais leves e caminhões leves, 1,03% para

caminhões médios e 0,95% para caminhões semipesados e pesados. Pode gerar certa estranheza

o fato de esta média ser muito próxima do cenário EPE (1%) e seus resultados serem muito

diferentes. Há diferença na forma de distribuição destes ganhos tecnológicos, com destaque

para o período entre 2017 e 2027, com pico de 2% de ganho anual e com ganhos médios de

1,67% para caminhões semipesados e pesados e 1,75% para comerciais leves e caminhões

médios.

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Aerodinâmica Redução de Massa Pneus e Rodas Motor Transmissão e Sistema de Tração

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85

Figura 6-12 – Autonomia de Veículos Novos – Cenário Alternativo 1

Fonte: Elaboração própria

Outro ponto que diferencia bastante os cenários base e EPE do alternativo 1 é o fato de haver

soluções que se distribuem por toda a frota, não mostradas na figura anterior. Este fato é

mostrado na figura Figura 6-13. Como os veículos semipesados e pesados são muito

representativos na análise, mais uma vez a média da frota é muito próxima da média desta

classe. Além disso, a Figura 6-13 também deixa claro a importância do período entre 2017 e

2027, com grandes evoluções nos ganhos de eficiência.

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Ano

Veículos Comerciais Leves Caminhões Semileves Caminhões Leves

Caminhões Médios Caminhões Semipesados Caminhões Pesados

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86

Figura 6-13 – Autonomia Média da Frota – Cenário Alternativo 1

Fonte: Elaboração própria

Como resultado disto, considerando assim como no cenário base não haver alteração do total

de toneladas transportadas pelo setor e da quantidade de quilômetros rodados, o impacto sobre

o consumo em TKU por litro de combustível é significativo, chegando a 33,11 TKU/litro frente

aos 29,39 do cenário base (Figura 6-14).

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Ano

Consumo Específico Médio Variação Percentual

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87

Figura 6-14 – TKU por Litro – Cenário Alternativo

Fonte: Elaboração própria

6.4 CENÁRIO ALTERNATIVO 2

Assim como no cenário alternativo 1, o cenário alternativo 2 se caracteriza por uma baixa

inserção tecnológica nos cinco primeiros anos de análise, entre 2012 e 2017. Este período,

portanto, distancia-se pouco do cenário base, apesar deste distanciamento ser um pouco maior

que o obtido no cenário alternativo 1. O período entre 2017 e 2027 também tem importância

neste cenário, apesar de não ser aquele que apresenta maiores ganhos no cenário. Os ganhos

mantêm-se através das inserções tecnológicas ao longo de todo o período a partir do ano de

2017, com um pico de ganho médio anual de 0,57%, anteriormente considerado o ganho

máximo no cenário alternativo 1. Toda esta evolução culmina em um cenário de redução de

37,72% do consumo em 2050 em relação ao cenário base. Em valores absolutos isto equivale

a 41.174.273 m³ de combustível, com 7% destes sendo biodiesel e o restante diesel (Figura

6-15). De todo o consumo de combustíveis, a participação continua sendo em grande parte dos

caminhões semipesados e pesados (Figura 6-16).

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Ano

TKU por Litro - Cenário Alternativo

TKU por Litro Cenário Alternativo TKU por Litro Ano Base

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88

Figura 6-15 – Consumo de Diesel e Biodiesel – Cenario Alternativo 2

Fonte: Elaboração própria

Figura 6-16 – Consumo de Diesel e Biodiesel por Classe de Veículo – Cenário Alternativo 2

Fonte: Elaboração própria

Com relação à participação de cada tipo de tecnologia nos pacotes tecnológicos (Figura 6-17),

pouco se alterou com relação à distribuição mostrada pelo cenário alternativo. A diferença

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Ano

Caminhões Pesados Caminhões Semipesados Caminhões Médios

Caminhões Leves Caminhões Semileves Veículos Comerciais Leves

Ano Base

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89

maior está centrada nos ganhos individuais gerados a partir de cada tecnologia e no impacto

gerado por estas no consumo específico de cada classe de veículos.

Figura 6-17 – Composição do Cenário Tecnológico – Cenário Alternativo 2

Fonte: Elaboração própria

Os ganhos médios de obtidos no cenário Alternativo 2 são sensivelmente maiores que os

obtidos no cenário base. Para veículos comerciais leves, caminhões leves e caminhões médios,

os ganhos médios sobre o consumo específico são de 1,37% ao ano ao longo do período entre

2012 e 2050, enquanto para veículos pesados e semipesados os ganhos médios anuais são de

1,23% para o mesmo período (Figura 6-18). Toda esta evolução bem, como a maior inserção

das tecnologias que atendem toda a frota, culminam em um aumento contínuo da eficiência de

toda a frota (Figura 6-19), diferentemente do cenário alternativo 1 em que este aumento se

concentra no período entre 2017 e 2017.

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Aerodinâmica Redução de Massa Pneus e Rodas Motor Transmissão e Sistema de Tração

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90

Figura 6-18 – Autonomia de Veículos Novos – Cenário Alternativo 2

Fonte: Elaboração própria

Figura 6-19 – Consumo Específico Médio da Frota – Cenário Alternativo 2

Fonte: Elaboração própria

Como resultado disto, considerando assim como nos cenários base, EPE e alternativo 1, não

havendo alteração do total de toneladas transportadas pelo setor e da quantidade de quilômetros

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Ano

Consumo Específico Médio Variação Percentual

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91

rodados, o consumo em TKU por litro de combustível chega em 2050 a 33,11 TKU/litro frente

aos 22,5 do cenário base (Figura 6-20).

Figura 6-20 – TKU por Litro – Cenário Alternativo 2

Fonte: Elaboração própria

6.5 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS CENÁRIOS

Quando a análise é feita em conjunto nos quatro cenários, algumas conclusões também podem

ser obtidas. Com relação à redução do consumo específico dos cenários alternativo 1 e

alternativo 2 com relação ao cenário base, observa-se que os efeitos nos dois cenários de

eficiência energética só começam a ser sentidos a partir de 2017 (Figura 6-21) e com relação

ao cenário EPE em 2024, sendo as primeiras implementações tecnológicas feitas em 2013,

mostrando o senso de urgência da antecipação da inserção de novas tecnologias.

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TKU por Litro Cenário Alternativo TKU por Litro Ano Base

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92

Figura 6-21 – Consumo Específico Médio da Frota

Fonte: Elaboração Própria

Apesar de não ser o objetivo direto desta análise, observamos um impacto direto no resultado

final de TKU por litros, fato que pode gerar impactos ainda na competitividade do setor (Figura

6-22).

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Consumo Específico Médio - Cenário Base Consumo Específico Médio - Cenário Alternativo

Consumo Específico Médio - Cenário Inovador Consumo Específico - Cenário EPE

Consumo Específico Médio - Cenário Alternativo 1

Consumo Específico Médio - Cenário Alt. 2

Page 105: PPE - Programa de Planejamento Energético - ANÁLISE DO …antigo.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/victor_maia.pdf · 2015-07-06 · Planejamento Energético, 2015. Referências

93

Figura 6-22 – TKU por Litro

Fonte: Elaboração Própria

A Figura 6-23 e a Tabela 6-1 mostram que o potencial existe e que é bastante grande, tanto no

longo prazo, 2050, quanto no médio prazo, 2030. Em 2050, por exemplo, a economia gerada

pelo cenário alternativo 1 seria equivalente a 1,5 vezes o consumo, em 2012, de todos os

insumos energéticos realizado pelos setores ferroviário, hidroviário e aéreo, enquanto o cenário

alternativo 2 geraria ganhos equivalentes a 2,4 vezes o consumo dos mesmos setores naquele

ano.

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Ano

Cenário Base Cenário Alternativo 1 Cenário Alternativo 2 Cenário EPE

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94

Figura 6-23 – Consumo da Frota

Fonte: Elaboração Própria

Tabela 6-1 – Resultados Finais

Consumo (10³ tep) 2014 2020 2030 2040 2050

Consumo - Base 40.487 52.076 72.886 91.511 109.160

Energia Economizada* - EPE 76 0,19% 1.242 2,39% 6.402 8,79% 14.726 16,09% 25.609 23,46%

Energia Economizada* - Alternativo 1

93 0,24% 1.303 2,60% 9.450 13,34% 20.869 23,26% 34.980 32,58%

Energia Economizada* - Alternativo 2

93 0,23% 1.368 2,63% 9.749 13,38% 22.626 24,72% 41.174 37,72%

*Percentual de Economia relativo ao cenário Base.

Fonte: Elaboração Própria

Como o consumo do setor rodoviário de cargas é expressivo, os impactos adicionais gerados pelo

cenários alternativo 1 e alternativo 2 também são grandes no médio prazo, em uma análise até o

ano de 2030. Isso sem levar em consideração os ganhos já auferidos pelo cenário EPE, que possui

algumas ações de eficiência energética. Faz todo o sentido, portanto, concluir que além da inserção

natural de tecnologias eficientes, politicas públicas sejam implementadas para que haja maior

aproveitamento do potencial de economia de energia no setor de transporte rodoviário de cargas no

país.

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Cenário Base Cenário Alternativo 1 Cenário Alternativo 2 Cenário EPE

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95

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como descrito ao longo desta dissertação, por ser um consumidor intensivo de energia, o setor

de transporte apresenta destaque ao redor do mundo no que tange à eficientização de sistemas

e à redução da demanda de energia. No caso brasileiro, a realidade segue o observado no

restante dos países, com destaque para o setor rodoviário de cargas que, dentre os modais, é o

de maior consumo absoluto.

As análises realizadas demonstram que o setor rodoviário de carga apresenta grande potencial

de economia de energia, com ganhos de 23,46% para o cenário EPE e 37,72% para o cenário

Alternativo 2 quando comparados ao cenário base em 2050, e por consequência grande

potencial de redução de emissão de gases de efeito estufa.

Uma análise detalhada dos cenários também possibilita algumas considerações, que não apenas

o potencial e os valores absolutos obtidos. Uma delas é acerca da importância da inserção das

tecnologias disponíveis em períodos mais breves possíveis. Comparando o cenário base com o

cenários EPE e Alternativo 1, vemos que a principal diferença entre estes não são os ganhos

médios obtidos no cenário 2012-2050, mas sim o fato de os ganhos no cenário alternativo terem

sido antecipados, dada a disponibilidade tecnológica. Sabe-se que este não um problema

puramente tecnológico e o rompimento das barreiras de mercado existentes muitas vezes

precisam de apoio de agentes externos.

Das ações utilizadas rotineiramente para o rompimento das barreiras de mercado, destacam-se

para o setor a regulamentação e a normatização dos requisitos mínimos, bem como o sistema

de etiquetagem com indicadores de eficiência. Como neste momento o processo de etiquetagem

do veículo como um sistema único é complexo e pouco aplicado ainda no mercado

internacional, sugere-se um foco na etiquetagem de certos subsistemas, como o que será

implantado a partir de 2015 no Brasil para pneus.

Dentro desta linha de ação destaca-se o potencial tecnológico mostrado pelo subsistema de

motorização para a redução do consumo de energia, fazendo parte de forma sólida nos dois

cenários alternativos, de economia desenvolvidos (Alternativo 1 e Alternativo 2). Como outra

consideração deste trabalho salienta-se que o subsistema de motorização é um dos mais

adequados para a realização de uma programa normativo ou de etiquetagem.

Page 108: PPE - Programa de Planejamento Energético - ANÁLISE DO …antigo.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/victor_maia.pdf · 2015-07-06 · Planejamento Energético, 2015. Referências

96

Enfatiza-se também a importância de ações contínuas de eficicência, sendo para isto necessário

atuação conjunta de fabricantes, entes públicos e tomadores de decisão. Em todos os cenários,

inclusive o cenário base, conclui-se que as classes de caminhões semipesados e pesados têm

grande impacto no consumo de combustível. Duas análises podem ser feitas com relação a este

ponto. A primeira, que foge ao escopo desta dissertação, diz respeito à mudança de modais e o

potencial latente existente, uma vez que estas classes de veículos pesados são as que competem

diretamente com o transporte hidroviário e ferroviário. Tal fato é sinalizado de forma insipiente

no cenário base e replicado para os demais cenários, mostrando uma mudança na participação

do modal rodoviário de 60% para 48%. Sugere-se a realização de pesquisas para avaliação do

potencial de ganho real, fruto da alteração do efeito estrutura do setor.

A segunda análise a ser feita com relação à participação das classes semipesada e pesada no

consumo de energia diz respeito ao seu potencial tecnológico de eficientização. Esta análise,

parte desta dissertação, indica que tanto no cenário Alternativo 1 quanto no cenário Alternativo

2 os ganhos de eficiência apresentados pelas principais classes, no que se refere a consumo de

energia, são abaixo das demais classes. Tal fato indica que ações específicas de eficiência

energética para estas classes necessitam ser feitas, neste caso tanto as ações regulamentadoras

mencionadas anteriormente quanto soluções fiscais/financeiras poderiam ser implentadas.

Conclui-se, portanto, que o setor de transporte de cargas possui grande potencial de redução de

seu consumo. Parte das tecnologias disponíveis tem inserção natural no setor dado seu grau de

maturidade e a sua viabilidade técnico econômica, mas outra parte significativa necessita de

ações específicas com políticas públicas delimitadas para que o potencial máximo seja

alcançado. Recomenda-se ainda, com relação a este tema, a inserção da variável econômica

sobre a análise tecnológica, análises específicas acerca da renovação da frota como forma de

inserção mais rápida de novas tecnologias, análises acerca de potenciais externos aos veículos,

como melhorias de vias e redução de congestionamentos, e uma análise específica sobre a

mudança de modais.

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