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Edição 01 - Maio - 2016 uma publicação do coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada - UFF EBSERH não soluciona crise no Hospital Universitário Antonio Pedro Equipe já foi reduzida e 30 leitos devem fechar até julho canto 3 Partiu ENE? II Encontro Nacional de Educação já tem data: 16 e 18 de junho canto 2 Psicologia em risco Curso no campus da UFF de Rio das Ostras pode ser fechado canto 4 Quer construir com a gente? Entre em contato pelo Facebook Acesse: facebook.com/paganadauff

PQC? Edição 1

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Edição 1 da publicação impressa do coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada - UFF

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Edição 01 - Maio - 2016

uma publicação do coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada - UFF

EBSERH não soluciona crise no Hospital Universitário

Antonio PedroEquipe já foi reduzida e 30 leitos devem fechar até julho canto 3

Partiu ENE?II Encontro Nacional de Educação já tem data: 16 e 18 de junho canto 2

Psicologia em riscoCurso no campus da UFF de Rio das Ostras pode ser fechado canto 4

Quer construir com a gente? Entre em contato pelo FacebookAcesse: facebook.com/paganadauff

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Editorial

Todo inicio de semestre é a mesma coisa, novos alunos e alunas chegam à universidade, e os trotes, confraterniza-ções entre veteranos e calouros, tradi-cionais em quase todas universidades, começam. Infelizmente, esse momento, que deveria ser de alegria, diversão e de integração entre estudantes, vira, muitas vezes, oportunidades em que se multipli-cam constrangimentos e violências.

Todo mundo já ouviu alguma notícia ou já presenciou situações em que vete-ranos praticaram violências verbais, psi-cológicas e fisicas. Pode acabar até em tragédias, como na morte por afogamen-to do calouro de Medicina da USP Edison Tsung Chi Huesh.

Esses trotes violentos ocorrem quan-do surge a falsa ideia, entre os veteranos, de pertencimento dos calouros, como se esses fossem propriedades dos alu-nos mais velhos, e de hierarquia entre os estudantes mais antigos e mais novos, percebido em frases como “calouro não pergunta, calouro obedece” e “calouro é tudo burro”. A partir desses conceitos, o veterano acredita que tem um poder que a tradição lhe dá de mandar e desmandar, fazendo com que o calouro faça o que ele bem entende. E nisso estão as ordens de repetir frases que diminuem o calou-ro até a simulação sexual. Aliás, nesses casos, percebe-se o recorte de quais são as pessoas que mais sofrem nesses tipos de trotes, que são as pessoas historica-mente oprimidas, como mulheres, lgbts e negras/os. Sobram casos de machismo, lgbtfobia e racismo nos trotes violentos.

Felizmente o panorama tem muda-do e hoje ganha cada vez mais força os trotes que prezam mais pela confrater-nização e menos pela hierarquia. Trotes culturais e o “trote do amor” tem sido modelos adotados por vários veteranos concientes que a única diferença entre eles e os calouros é o tempo que estão na universidade.

É preciso repensar as tradições para criar novos modelos de relações entre os estudantes das universidades, livres de violência e opressões.

Por novasTradições

Canto 2 - Coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada - UFF

O I ENE ocorreu em agosto de 2014, no Rio de Janeiro, e contou a participação de mais de 2 mil professores, estudantes, sindicalistas, participantes de movimentos sociais e também contou com participação de representantes de diversas organiza-ções internacionais que pautam a luta por novos modelos educacionais.

Nesse primeiro encontro, foi enfatizada a luta sem tréguas contra a mercantili-zação da educação, a defesa de 10% do PIB para educação pública, contra todas as formas de precarização das condições de trabalho e contra a lógica produtivista que permeia o modelo acadêmico vigente.

No manifesto lançado no I ENE, também foi repudiado o Plano Nacional de Educação (PNE) sancionado pelo governo federal, pois é uma legislação que atende interesses privatistas do empresariado da educação.

As inscrições para o II ENE já es-tão abertas e podem ser realizadas pelo site: ene2016.org.

Partiu?

#VemProENE

Encontros

Plenária final do I ENE, em 2014

Construir um Plano Nacional

de Educação do povo!

por Bruno Araújo

Tá chegando o II Encontro Nacional de Educação, que vai ocorrer entre os dias 16 e 18 de junho em Brasília!

Em sua segunda edição o ENE vai basilar seus debates a partir de seis eixos cen-trais: Financiamento; Trabalho e formação dos/das trabalhadores/as da educação; Acesso e permanência; Gênero, sexualidade, orientação sexual e questões étnicos-ra-cias; Gestão; e Avaliação.

Para nós universitárias e universitários é uma grande oportunidade para conversa-mos tanto sobre a estrutura física das universidades, mas também para debatermos o modelo de educação que temos, que é punitivista, meritocrático, vertical, que silencia estudantes e faz com que nós sejamos somente mais mão-de-obra para o mercado de trabalho. Precisamos pensar em uma educação libertadora, que emancipe e seja livre de opressões. No entanto, acreditamos que somente com muito debate coletivo poderemos chegar a um esboço de um projeto de educação construído pelas nossas mãos. É preciso envolver cada vez mais sujeitas e sujeitos na construção da política. É tempo de mobilização!

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HUAP

Cerca de dois meses após a aprovação da EBSERH, Empresa Brasileira de Servi-ços Hospitalares, o Hospital Universitário Antônio Pedro continua em grave crise. Profissionais terceirizados, 60 técnicos de enfermagem tiveram seus contatos en-cerrados em maio e, em consequência, a quantidade de atendimentos será reduzi-da. Além disso, até o final de julho, 30 leitos serão fechados e 15 médicos também irão parar de trabalhar. A UFF agora soma-se ao número de HUs que não tiveram seus problemas resolvidos após a implementa-ção da EBSERH e, ao contrário, continuam suspendendo serviços por falta de financia-mento, como é o caso da UFTM e da UFC.

A crise atual vivenciada pelo sistema público de saúde, no entanto, não é restrita aos hospitais universitários. O Hospital Es-tadual Azevedo Lima, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, também sofre com a falta de obras necessárias. Com pouco mais de R$ 900 mil em caixa para investi-mentos em infraestrutura, a direção da uni-dade optou por deixar de lado importantes

intervenções enquanto o governo estadual não quitar a dívida de R$ 45 milhões que tem com o hospital. O desequilíbrio das fi-nanças atrasou pagamentos nos salários de funcionários e fez com que materiais fossem cortados, desde luvas, agulhas e até mesmo medicamentos. A crise aprofundou de tal forma que no fim de 2015 o governa-dor Pezão decretou estado de emergência na saúde por 180 dias.

OSs não resolvem o problema

Uma das alternativas buscadas para conter a crise nos hospitais públicos é a con-cessão das administrações dos hospitais à entidades privadas e sem fins lucrativos, as

chamadas organizações sociais (OS). Para uma unidade ser escolhida, ela precisa aten-der a critérios de avaliação, como transpa-rência e qualidade. No entanto, de acordo com um relatório do Tribunal de Contas do Município (TCM), entre os anos de 2011 e 2013 foram apontadas irregularidades no contrato de nove OSs, que somam um dano aos cofres públicos de R$ 78,74 milhões. As

Agora com EBSERH, Hospital Antônio Pedro continua em grave crise por Isabella de Oliveira

Coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada UFF - Canto 3

denúncias que envolvem a implementação das OSs vão desde superfaturamento até a má qualidade na prestação de serviços e su-perlotação de hospitais. No caso do Hospital Azevedo Lima, recebe muito parcialmente os repasses previstos no contrato via OS ad-ministrado pelo Instituto Sócrates Guanaes. Para além disso, não há transparência sobre as prestações de conta do Instituto.

EBSERH não é solução

A Empresa Brasileira de Serviços Hos-pitalares (EBSERH) é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação, criada pela Lei Federal nº 12.550. A entrada da EB-SERH no HUAP representou um duro golpe para a saúde pública de Niterói, em um pro-cesso extremamente violento promovido pela reitoria da universidade. A falta de diálo-go com a comunidade acadêmica, a presen-ça ostensiva do aparato policial e a realização do Conselho universitário fora do espaço da UFF deram o tom do que seria a implementa-ção de uma empresa pública de direito priva-do, em um modelo de privatização não clás-sica, como explica Claudia March, secretária geral do Andes e docente da UFF em uma reunião do conselho deliberativo do HUAP em fevereiro. March estuda a EBERH em seu doutorado e explica que os recursos da em-presa são 100% públicos. “A Ebserh, por ser uma empresa e não uma fundação ou outro tipo de figura jurídica, tem a possiblidade de captar renda sobre qualquer serviço. E eu já vou dizer para vocês que lamentavelmente a primeira forma de captar renda tem sido a venda dos espaços físicos dos hospitais uni-versitários para cursos privados, cobrando valores como em Santa Maria de 2 reais por cada aluno que entra no hospital”, disse, à época.

Reitoria barrou a comunidade acadêmica no dia da aprovação da EBSERH

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Outros cantos

Psicologia quer resistir

O curso de Psicologia de Rio das Ostras da UFF vem sendo abandona-do pela Reitoria há muito tempo. Esse abandono leva professores do campus a começarem a discutir o fechamento do curso e possível retorno à sede. Acabar com cursos no interior fere totalmente a ideia de interiorização da UFF. Quan-do se fala em expansão para o interior, deve-se lembrar que trazer a Universi-dade para o interior é uma conquista e que deve ser defendida, muitas pessoas no interior nunca tiveram a oportuni-dade de ir aos grandes centros urbanos e não têm essa alternativa como pers-pectiva, a expansão universitária viabi-liza o processo de conhecimento e con-tato com a educação pública, crianças que talvez nunca imaginassem estudar numa faculdade pública ou até mesmo vislumbrar a possibilidade do ensino su-perior, ao serem permitidas um contato tão próximo com a educação na univer-sidade, obtêm como alternativa a pos-sibilidade de dar prosseguimento aos estudos após o ensino médio e, como no caso em Rio das Ostras, poderem

cursar um pré-vestibular social dentro da própria universidade pública, que, muito além de alunos, é de todos e todas.

O fechamento do curso de Psico-logia levaria à não entrada de alunos novos para o curso. Seria esperado o término dos estudantes já inscritos no curso e, por fim, aconteceria o fecha-mento definitivo. Os professores que não querem que o curso acabe sabem que isso implica em diversos proble-mas não só como o sucateamento do curso para os alunos que ficaram, bem como o remanejamento desses pro-fessores que estão alocados em Rio das Ostras. O que os alunos percebem é que há um conflito de interesses, muitos dos professores que querem que feche o curso são professores que moram próximo de Niterói, porém eles estão iludidos se acham que em Niterói serão só flores, já que o reitor também abandona os alunos de lá e os respectivos cursos.

O que aconteceria se fosse fecha-do o curso de Psicologia de Rio das

Alunos protestam contra a possibilidade de fechamento do curso de Psicologia do campus de Rio das Ostras

Canto 4 - Coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada - UFF

Ostras? Os alunos já ingressos teriam que se formar no campus de expan-são e, se formando (ou até mesmo durante o processo de formação) em Rio das ostras, os professores seriam realocados para Niterói e criado um curso noturno de Psicologia. Mas há graves problemas que poderiam ser encontrados: campo de atuação - há muitos professores já alocados em Niterói que não abririam espaço para esse professores realocados; optati-vas aos alunos que estão nos períodos iniciais e permanecem no polo de ex-tensão - os professores em cujo o foco é voltado para os primeiros períodos, depois de um tempo não teriam mais pra quem dar aula, e logo eles já iriam embora e focariam seu tempo princi-palmente no “curso noturno” na sede, deixariam então de estabelecer rela-ção e conversa com esses alunos que vão se formar, não oferecendo opta-tiva, pesquisa, possível conversa para monografia; campos de estágio - os campos de estágio iriam diminuir, pois não haveria mais motivação para fa-zer novas parcerias no município.

É importante ressaltar que os alunos formados em psicologia no Campus Rio das Ostras saem muito bem preparados para o “mercado de trabalho”, alguns já saem da faculda-de encaminhados direto a residências ou concursos públicos, com boa dis-cussão teórica e prática. Um curso de Psicologia considerado bom deve ser fechado?

O que os alunos do interior que-rem e precisam é que a reitoria cum-pra a promessa de expansão da UFF e dê subsídios para que o campus con-tinue a se manter, não desmotivando os professores ao ponto de discutirem o fim da interiorização, já que, uma vez fechado um curso, outros podem seguir o mesmo rumo.

por Dani Pacheco