20
UFF-Universidade Federal Fluminense Escola de Engenharia TEQ- Departamento de Engenharia Química e Petróleo. INTRODUÇÃO A ECONOMIA NA INDÚSTRIA QUÍMICA Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

UFF-Universidade Federal FluminenseEscola de EngenhariaTEQ- Departamento de Engenharia Química e Petróleo.

INTRODUÇÃO A ECONOMIA NA INDÚSTRIA QUÍMICA

Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

Por: Gabriel Alexandre Vasconcelos

Niterói- Junho de 2011

Page 2: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

Introdução

A expressão “Pré-sal”, usada tão comumente, refere-se à camada existente abaixo das camadas de sal no fundo do oceano. Essa Camada Pré-sal desponta como um grande reservatório de petróleo e gás.

O pré-sal, expressão usada também ao se referir ao óleo e gás contido na camada, localiza-se de 5 a 7 mil metros abaixo do nível do mar e suas reservas foram localizadas nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo compreendendo a faixa litorânea brasileira do Estado de Santa Catarina ao do Espirito santo.

FIGURA1: As descobertas da camada PRÉ-SAL na bacia de santos.Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u440468.shtml

Porém, devido a esse grande aumento de profundidade, são necessárias mais pesquisas, maiores tecnologias, e consequentemente mais investimento com grande risco. Uma vez que graças ao pioneirismo brasileiro, através da Petrobras, nesse tipo de extração a chance de prejuízos no investimento é ainda maior que na camada pós – sal, atualmente explorada.

Assim, cada vez mais estudos são feitos objetivando-se estimar, o volume de petróleo existente nessas camadas, o custo de extração envolvido, o custo de desenvolvimento tecnológico e de toda a parte de logística.

Page 3: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

É notório a dependência mundial do petróleo e seus derivados, e também o crescimento das discussões sobre o fim do mesmo e a escassez para as gerações futuras. Felizmente a indústria nacional vem acompanhando esse crescimento em termos de produção e até mesmo em termo de reservas onde nesse contexto o Pré-sal desponta como a possível e provável solução aos problemas de falta desse combustível fóssil.

Nesse trabalho, buscar-se-á, de forma sucinta, um levantamento dos desafios, bem como o retorno econômico provável caso a empreitada seja bem sucedida, e os impactos gerados a economia e a sociedade por essa nova fonte de petróleo.

Page 4: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

EXPECTATIVAS

Na área compreendida entre Santa Catarina e o Espírito Santo, estima-se que a área de exploração do pré-sal seja em torno de 110.000 Km², dos quais, 41.000 já foram licitados e concedidos. Essa área se distribui em uma faixa de 800 km de extensão e até 200 km de largura em alguns pontos.

Num estudo realizado por Paulo César Ribeiro Lima, em 2008, em consultoria a câmara dos deputados foi feito um detalhamento e representação das áreas do pré-sal apontando algumas de suas características e a distribuição dos poços e das perfurações. Segundo esse estudo, existe uma área de cluster onde se espera obter grandes volumes de óleo.

FIGURA2: Desenho esquemático da área da camada pré-sal.Fonte: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/984/desafios_presal_lima.pdf?sequence=1

Em todos os 15 poços já perfurados pela Petrobras obteve-se sucesso na procura do óleo, sendo dessas 15, oito na área de cluster.

Testes foram realizados sendo possível caracterizar alguns poços, como o poço RJS-628. Esse poço pertence ao bloco BM-S-11, sendo do tipo vertical de carbonato microbial de alto índice de produtividade, vazão estimada de óleo de 4.900 barris/dia e de gás de 150000m³/dia, apresenta abertura de 3/8” e pressão estável. Já na área de Tupi, localizada a cerca de 2.200m de lâmina d’agua e 2000m de sal, testes indicam capacidade de produção entre 15 e 20

Page 5: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

mil barris/dia de óleo com viscosidade de 1 cP, razão gás – óleo de 230(v/v) e pressão de 580kgf/cm² além de densidade entre 28 e 30 ºAPI.

FIGURA3: Área de cluster licitada.Fonte: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/984/desafios_presal_lima.pdf?sequence=1

Outra área já estudada é a de Iara, com área de 300 km² volume recuperável de 3 a 4 bilhões de barris de petróleo equivalente, densidade entre 26 e 30 ºAPI, profundidade de 2.230m e distancia total da superfície de 6.082 m.

FIGURA4: Detalhamento do Parque da Baleia.Fonte: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/984/desafios_presal_lima.pdf?sequence=1

Page 6: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

No Parque das Baleias, área que correspondente à região localizada abaixo dos campos de Jubarte, Baleia Franca e Baleia Azul indicam capacidade de produção de 1,5 a 2 bilhões de barris/dia, sendo essa região mais vantajosa por ter uma camada de sal menos espessa e ser mais próxima da costa.

Além das estimativas de produtividade, muito se estuda em relação ao custo de extração, e ao valor de mercado do barril de petróleo. Ainda de acordo com o estudo de Lima, no segundo trimestre de 2008 e custo de extração do petróleo pós-sal estava em torno de 10US$/barril. E estimava-se que os custos do pré-sal aumentassem em aproximadamente 50%, levando o preço a aproximados 15US$/barril. Sendo assim, mesmo um preço de mercado de 40US$, muito abaixo do atual, garantiria a rentabilidade do investimento. Inclusive é esperado que o valor do barril suba, já que a demanda é incessante e a oferta é limitada.

DESAFIOS E INVESTIMENTOS.

Atualmente, a larga maioria do petróleo nacional extraído, vem de camadas pós - sal. Portanto a exploração no pré-sal implica em um aumento de 1000 a 2000 metros na profundidade dos poços, em uma camada irregular de sal de comportamento e resposta aos equipamentos desconhecido.

Fazendo uma comparação, a bacia mais profunda atualmente explorada no país é a de roncador de profundidade de 4.343m de profundidade, enquanto na bacia de Santos, Tupi (o principal campo até o momento), descoberto em 2007, estima-se uma profundidade de 7.000m. Assim fica claro o tamanho do desafio que teremos pela frente.

No ato de perfuração surge logo o primeiro desafio, que é o estudo das rochas reservatórias do pré-sal para entender o melhor posicionamento e forma de executar as perfurações minimizando o tempo e o custo. As sondas de perfuração deveram vencer 4 km, sendo 2 de sedimentos e mais 2 da camada de sal tendo o segundo um comportamento similar a uma massa plástica impermeável que sela os poços logo após sua abertura. Sendo então necessário o desenvolvimento de técnicas de perfuração e revestimento para o poço para conter os sedimentos não consolidados e inibir a plasticidade do sal.

As rochas do reservatório, abaixo do sal, são ainda de comportamento desconhecido. Elas são similares a esponjas que armazenam o óleo e o gás em seus poros e na rocha calcaria carbonática típica da camada pré-sal, não é possível atuar como nas rochas areníticas avaliando os interstícios, para saber a magnitude dos poços.

Page 7: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

Vale ressaltar, que a perfuração não se resume a travessia vertical das camadas, devem ser feitos poços direcionais do fundo do mar até a plataforma resultando em tubulações de 12 a 20 km, sendo boa parte do curso dentro do pré-sal e sujeito as altas pressões e temperaturas.

Nas tubulações depara-se com o desenvolvimento de novos materiais, uma vez que a pressão que as tubulações serão submetidas superam as atuais não só pelo aumento da coluna d’água imposta sobre o material, mas também a camada de sal que exerce grande pressão na ordem de 400 atm. , além disso, existem os feitos dos gases corrosivos, altas temperaturas e o efeito de tração devido ao movimento das plataformas. Sendo assim é necessário o desenvolvimento de uma espécie de aço, preenchido com cimento especial para a parte fixa até a árvore de natal e no duto flexível algum material resistente, porém não rígido. Dessa forma cada vez mais se gasta com estudos de resistência a fadiga e corrosão para definir-se o melhor dos materiais.

Após ultrapassar as rochas e atingir a árvore de natal, surge outro problema de adequação de temperatura, uma vez que o óleo sai muito quente da rocha (cerca de 150ºC) e encontra-se com o mar gelado (aproximadamente 4ºC na lâmina d’agua). Esse choque térmico pode gerar precipitações e entupimento nas linhas flexíveis além de aumentar consideravelmente a viscosidade e exigir maior diferença de pressão para que o fluido suba pela tubulação. Assim para o controle de fluxo, é necessário o uso de inibidores de precipitações e incrustações além do aquecimento das linhas.

Outro desafio são os navios plataforma ancorados a cerca de 3 km do leito do mar e mais de 300 da costa, operando cada um com até 200 funcionários. Chegando-se então a novos problemas. O transporte dessas pessoas, a estrutura das plataformas para que essas pessoas sejam capazes de sobreviver em boas condições, durante o tempo que devem ficar embarcadas e acima de tudo, toda a infraestrutura que devem ter as cidades litorâneas, para abrigar esses trabalhadores quando esses desembarcarem.

Dessa forma, é estudada a construção de megaestruturas flutuantes, equipadas com galpões, pátios de armazenamento, alojamentos, locais para atracação de embarcações e pistas de pouso capazes de receber vários helicópteros simultaneamente, atuando como grandes ilhas artificiais. Outra ideia é a criação de uma espécie de arquipélago formado por varias estruturas menores.

No transporte de óleo plataforma-terra, surge ainda outra novidade. Além da enorme distância que inviabiliza o envio imediato do fluido para a terra, aparece o gás extraído junto ao óleo, que ou é liquefeito para ser armazenado gerando um desperdício grande de energia e consequentemente custos, ou se fazem longos gasodutos oceânicos que também implica em grandes custos.

Estuda-se como tecnologias, além de liquefazer esse gás (GNL), a possibilidade de GNC (gás natural comprimido), GTS (gás para sólido, hidratados), GNA (gás natural adsorvido), GTW (“gas to wire”, geração de

Page 8: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

eletricidade) e GTL (transformação química do gás em combustíveis líquidos através). A grande perspectiva em relação ao último faz com que cada vez mais se aplique em estudos sobre produção offshore se tronando um ramo cada vez mais forte na indústria petroquímica.

Desta forma, além de todos os desafios técnicos e tecnológicos surgem os desafios de capacitação de recursos humanos, a partir de universidades e cursos técnicos, expansão de toda a cadeia de produção para fornecer insumos à indústria de petróleo, toda a estruturação das regiões costeiras para abrigar os trabalhadores, além da infraestrutura de transporte. E nesse conjunto de desafios surge uma pergunta, e quanto isso vai custar?

O BNDES3, através de alguns estudos, estimou que desde o ano passado até 2013 sejam investidos de 340 bilhões de reais entre exploração e produção, refino e transporte e gás e energia de petróleo. Desse total 80% do investimento seriam feitos pela Petrobras e apenas 14% sobre o pré-sal. A nível comparativo no mesmo espaço de 3 anos de 2005 a 2008 foram investidos 180 bilhões de reais, ou seja, um aumento de 14% a.a.

Tabela1: perspectivas do investimento em petróleo e gás para 2010-2013 e bilhões.

De acordo com a IPEA nos seis anos seguintes (2014-220) o investimento em projetos de pré-sal atinja 82,5 bilhões de dólares.

O investimento, porém, não se destina apenas as indústrias de petróleo. Essa movimentação de capital gera a compra de bens e serviços de outras áreas, não só de construção de equipamentos, como de criação de toda uma infraestrutura para abrigar o empreendimento e solucionar toda a questão de logística antes levantada. Estima-se que em 2013, o setor de óleo e gás seja responsável por mais de 15% na formação bruta de capital fixo segundo o BNDES.

Até 2016, a Petrobras deve investir US$ 43 bilhões em ferrovias, na construção de novas e na expansão da capacidade das já existentes.

Duas refinarias já estão em fase de projeto para a refinaria do petróleo pré-sal. As refinarias Premium, localizadas no Maranhão e no Ceará, terão seus produtos destinados à exportação, com capacidade de produção de 300 mil e 150 mil barris de óleo/dia, respectivamente, até 2014, quando suas capacidades serão duplicadas.

Page 9: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

IMPACTOS

Como já dito, um investimento dessa proporção não influencia apenas a indústria de exploração e refino. O pré-sal impactará significantemente a indústria nacional de bens de capital. Ainda de acordo com o estudo do BNDES estima-se que, se 60% dos investimentos previstos ocorram em encomendas nacionais, cerca de 90 bilhões de reais serão investidos sobre máquinas e equipamentos, 60 sobre transportes, 55, sobre a metalurgia 40 sobre o comércio, 30 sobre serviços e 80 sobre os demais setores produtivos.

Dessa forma, fica evidente que a não evolução da sociedade como um todo implicará em um grande obstáculo ao crescimento da indústria petroquímica. A exploração do pré-sal tem demandado encomendas de equipamentos como helicópteros, submarinos, robôs, entre outros. Além de atrair empresas estrangeiras para o território nacional, interessadas em ofertar tais produtos.

A baixada Santista é a região que mais deve crescer com o investimento do pré-sal, segundo Jean-Paul Prates, a região deve ultrapassar Macaé uma vez que já possui uma boa infraestrutura e pessoas mais qualificadas. Mas de acordo com a FIRJAN a grande fatia dos investimentos será destina ao Estado do Rio de Janeiro, sendo investidos do total de 126,3 bilhões, 28,6 no setor de infraestrutura e 20,3 na indústria de transformação.

No setor Petroquímico destaca-se a construção do COMPERJ (complexo petroquímico de Rio de Janeiro) que deve começar as operações em 2013 aumentando a capacidade nacional de refino de petróleo. O complexo deve trazer grande desenvolvimento à área do município de Itaboraí, tanto pelo aumento da infraestrutura local e pela geração de emprego quanto pela atração de empreendimentos à localidade.

Além das já citadas COMPERJ e PREMIUM I e II, também está em fase de construção, a refinaria de Abreu e Lima (Rnest) no estado de Pernambuco, projeta pra refinar o petróleo do campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos e do campo de Carabobo. Apesar de apenas a Premium I e II serem projetadas para refino do petróleo pré-sal, é interessante ressaltar o impulso que o setor petroquímico vem dando a economia e mais ainda a sociedade.

No setor de construção Naval destaca-se o Porto Mauá, localizado em Niterói, onde serão construídos quatro navios-tanque para o transporte de petróleo. Ainda nessa área é estudada a construção de um novo estaleiro, no município de Itaguaí, destinado a construções offshore.

Na Coppe, instituição de pós-graduação e pesquisa de engenharia da UFRJ, são desenvolvidos projetos para acelerar o processo de construção de navios tornando a indústria naval brasileira mais competitiva. Outros estudos na área de engenharia civil desenvolvem uma nova tendência na construção de

Page 10: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

plataformas que diminuiria as tensões de arrasto da água e a amplitude de movimento reduzindo as tensões e fadigas na tubulação.

Estima-se ainda que no campo de geração de empregos atinja-se até 2012 somente na Petrobras a contratação de 207 mil profissionais, principalmente na área de engenharia. Esse fato impulsiona a criação de cursos de graduação nessa área além de cursos técnicos para suprir a demanda do setor.

Segundo o Promimp, só para a exploração da camada pré-sal haverá um pico de demanda entre esse e o próximo ano de mais de 110mil profissionais, distribuídos entre as refinarias e a exploração.

FIGURA4: Demanda por profissionais (Fraga, 2008).Fonte: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/984/desafios_presal_lima.pdf?sequence=1

O PRÉ-SAL E A MACRO ECONOMIA.

Não é difícil visualizar a grande oportunidade econômica que o pré-sal confere ao país de reduzir significativamente a vulnerabilidade externa. Porém é ainda mais fácil apontar exemplos onde o petróleo não trouxe só riqueza e crescimento, num rápido levantamento podemos citar a Nigéria, onde o óleo alimenta disputas e guerras até hoje, a Arábia Saudita, onde o ouro negro

Page 11: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

sustenta a ditadura, entre outros exemplos de má administração e gestão da riqueza.

A sabedoria em explorar e aproveitar esse novo recurso, é essencial para que o país se integre ainda mais no mercado mundial desempenhando um papel maior do que jamais antes.

A necessidade de evolução das produções poderia criar um grave problema para a sociedade nacional, que exporia a fraqueza competitiva em certos ramos da indústria nacional quando enfrentadas as indústrias multinacionais que virão atraídas pelas oportunidades. Desta forma fica claro o dilema entre a proteção das indústrias brasileiras, através da exigência de um índice de nacionalização dessas empresas, e a necessidade de evolução para suprir as demandas do pré-sal. Além disso, há o risco associado de empresários, protegidos pelo índice de nacionalização, adotarem preços acima da média e comprometer a eficiência do retorno do investimento.

Conforme discutido anteriormente, é esperado que grande parte das necessidades do pré-sal, sejam produzidos em território nacional, mas é bastante claro que uma boa parcela deverá ser importada, principalmente quando falamos não só de equipamentos, como de tecnologia e know-how. Essa importação adicional vai gerar um peso extra na balança comercial e do saldo importação exportação. Em contrapartida existe a perspectiva de exportação do óleo que não só compensaria as importações como geraria um desequilíbrio muito forte para as exportações.

Tal desequilíbrio da balança gerará flutuações cambiais. O excesso de dólares que ocorreria na economia nacional valorizaria nossa moeda, impactando diretamente em outros setores da sociedade ao dificultar as exportações, dando origem a assim chamada doença Holandesa. E a solução seria a criação de um Fundo Social, com a parcela destinada à União. Seria uma espécie de poupança publica de longo prazo alojando esse capital fora das fronteiras nacionais, compensando a entrada de dólar do petróleo. Esse investimento seria na forma de títulos de governos estrangeiros de baixo risco e em ações diversificadas em empresas fora do setor petroquímico reduzindo o risco de prejuízos em caso de problemas e baixas no petróleo. A promessa governamental é que apenas os rendimentos dessas aplicações seriam sacados e assim aplicados sobre as necessidades nacionais como educação, saúde, combate a pobreza.

Além disso, resta ainda o maior risco associado ao pré-sal. Os gastos excessivos na expectativa de retorno e esse não ocorrer conforme desejado. A alteração na politica fiscal visando receitas futuras provenientes do óleo pode comprometer todo o investimento no pré-sal, aumentar assustadoramente a inflamação e os juros, diminuindo o crescimento e a geração de empregos.

Page 12: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

NOVO MARCO REGULATÓRIO

Uma vez que as chances de não se obter óleo nos campos conhecidos do pré-sal é bastante inferior a do pós-sal, o regime de licitações é bastante diferente do atual. Além disso, o panorama e as perspectivas atuais diferem bastante das de 1997, quando o monopólio da Petrobras foi encerrado. À época, havia pouco recurso para investimentos, o país era um importador, enquanto atualmente há a perspectiva do aumento da capacidade exportadora e um parque industrial diversificado. Além da clara diferença do preço do barril de US$ 19 contra os US$65 atuais.

O novo marco regerá as reservas de pré-sal ainda não concedidas e as áreas consideradas estratégicas. As já licitadas e as reservais terrestres e as marítimas de novas fronteiras seguem o modelo atual.

A nova regulamentação divide as concessões em dois grupos, a Partilha de produção e a cessão onerosa.

Na primeira a Petrobras é sempre a Operadora do poço, com participação de no mínimo 30%. A administração é feita por um consórcio entre a Petrobras, Petro-sal e a vencedora da licitação, que inclusive pode ser a Petrobras caso essa deseja aumentar sua participação além dos 30% mínimos.

A vencedora dá licitação é a empresa que oferece maior percentual do “óleo lucro” pra união, que não assume riscos nas atividades, a menos que resolva investir diretamente. A empresa vencedora da licitação assume como encargos o pagamento de royalties, bônus de assinatura e participações especiais.

O consórcio administrador é composto por representantes da Petro-sal e contratadas, onde a primeira indica metade dos integrantes e o presidente que tem poder de veto e voto de qualidade. A Petro-sal foi criada com o objetivo de uniformizar as informações entre as empresas de petróleo e a União, acompanhando de perto as atividades contratuais e o custo de produção do óleo.

A Petrobras como operadora deverá conduzir as atividades de exploração e produção, provendo recursos, tecnologia, pessoal e recursos materiais.

Já a concessão onerosa, não envolve a necessidade de licitação sendo cedido onerosamente a Petrobras o exercício de atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural. Porém essa cessão é limitada a produção máxima de 5 bilhões de barris de óleo equivalente. À Petrobras caberá o pagamento combinado pela concessão além dos royalties previsto pela lei.

Como resultado, ocorrerá uma entrada de recursos na Petrobras, com uma desalavancagem pelo aumento da capacidade pelo aumento da

Page 13: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

capacidade financeira para realização de investimento e um possível aumento da participação do Estado no capital e decisão da empresa.

Conclusão

Em vista dos pontos debatidos anteriormente fica fácil evidenciar que o pré-sal é um dueto entre a oportunidade e o desafio. Desta forma resta ao país à possibilidade de despontar de vez como a potência do presente que tanto se espera abandonando de vez a ideia de um país apenas do futuro.

Caberá, portanto, aos nossos estudiosos tecnológicos e administrativos se posicionar com sabedoria, adotando as medidas corretas para que o pré-sal seja fonte de riqueza e não de problemas como o petróleo foi em alguns outros países.

Assim, é esperado que o pré-sal estimule de forma bastante significativa toda a economia do país assim como desenvolva a sociedade como um todo, gerando milhares de oportunidades.

Então, o pré-sal surge, não só, como a solução para a crescente demanda de combustíveis fósseis, do mundo todo, como também, podendo ser a esperança de crescimento econômico de nosso país. Justificando, portanto toda a mobilização por investimentos e na busca de soluções aos desafios.

Page 14: Pré-sal e seu impacto na economia brasileira

Bibliografia:

1. Petrobras; Atuação no pré-sal; disponível em http://www.petrobras.com.br/pt/energia-e-tecnologia/fontes-de-energia/petroleo/presal/, consultado em 11/06/2011.

2. IPEA; Pré-sal representaria lucro de US$ 10 trilhões para o País; disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1464:pre-sal-representaria-lucro-de-us-10-trilhoes-para-o-pais&catid=3:dimac&Itemid=3, consultado em 11/06/2011

3. Sant’Anna, A.A Indústria de petróleo e gás: desempenho recente e desafios futuros; disponível em: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/liv_perspectivas/02_Perspectivas_do_Investimento_2010_13_PETROLEO_E_GAS.pdf, consultado em 12/06/2011.

4. Abril, notícias, economia; IPEA: pré-sal precisará de US$82,5bi entre 2014 e 2020; disponível em: http://www.abril.com.br/noticias/economia/ipea-pre-sal-precisara-us-82-5-bi-2014-2020-1084024.sht, consultado em 12/06/2011

5. Coppe; Desafios Tecnológicos e Ambientais do Pré-Sal; disponível em: http://www.slideshare.net/Victorslideshare/coppe-desafios-tecnologicos-e-ambientais, consultado em 18/06/2011.

6. Folha de São Paulo; 11/06/2010; Pré-sal vai criar novos polos de desenvolvimento. Consultado em 18/06/2011

7. INPI, Rodriguez, R.C.; Pré-sal: desafios tecnológicos, disponível em: inovacao.scielo.br/pdf/cinov/v6n1/08.pdf, consultado em 18/06/2011

8. Garcia, M. G. P. Macroeconomia do pré-sal. Disponível em: www.econ.puc-rio.br/mgarcia/Artigos/.../080829%20valor%20v08.pdf, consultado em 19/06/2011

9. Petrobras; Novo Marco Regulatório, Pré-Sal: Impactos Econômicos e Oportunidades para a Indústria Nacional, disponível em: http://www.agenciapetrobrasdenoticias.com.br/upload/apresentacoes/apresentacao_h4NJb9ri7z.pdf, consultado em 19/06/2011.