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PREDITORES DO RETORNO AO TRABALHO PÓS- ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS BELO HORIZONTE 2018

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PREDITORES DO RETORNO AO TRABALHO PÓS-

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS BELO HORIZONTE

2018

2

Tania Lúcia Hirochi

PREDITORES DO RETORNO AO TRABALHO PÓS-

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO EM BELO

HORIZONTE - BRASIL

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências da Reabilitação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências da Reabilitação.

Área: Desempenho Funcional Humano.

Linha de Pesquisa: Estudos em reabilitação neurológica do adulto.

Orientadora: Luci FuscaldiTeixeira-Salmela, Ph.D.

Co-orientadora: Aline Alvim Scianni, Ph.D.

Belo Horizonte

Escola de Educação Física,Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG

2018

3

H668p 2018

Hirochi, Tania Lucia

Preditores do retorno ao trabalho pós acidente vascular encefálico[manuscrito] /

Tania Lucia Hirochi. – 2018. 80f.,: il.

Orientador: Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela Coorientador: Aline Alvim Scianni Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de

Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Bibliografia: f. 52-63

1. Acidentes vasculares cerebrais - Teses 2. Retorno ao trabalho– Teses. 3. Capacidade funcional - Teses. I. Teixeira-Salmela, Luci Fuscaldi. II. Scianni, Aline Alvim. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. IV. Título.

CDU: 615.851.3

Ficha catalográfica elaborada pela equipe de bibliotecários da Biblioteca da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais.

4

AGRADECIMENTOS

A minha família que soube compreender os momentos de ausência e

ansiedade durante os trabalhos dessa pesquisa.

A minha orientadora Dra. Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela, muito obrigada, por

todo carinho, atenção durante todo esse processo. Obrigada por compartilhar e

caminhar comigo. Agradeço pela disponibilidade que você teve nessa caminhada.

A minha co-orientadora Dra Aline Alvim Scianni pelos ensinamentos da linha

de pesquisa e por compartilhar seu conhecimento científico que auxiliaram muito

nessa caminhada .

A banca examinadora Dra.Christina Danielli Coelho de Morais Faria, Dra

Regina Yoneko Dakuzaku Carreta, Dra Renata Cristina Magalhães Lima , obrigado

por aceitarem compor essa banca e contribuírem para esse trabalho científico com

tanto carinho. Vou levar todos os ensinamentos para os trabalhos futuros e para a

vida.

Aos funcionários do colegiado de Pós-Graduação em Ciências da

Reabilitação da UFMG, obrigada pelo auxílio prestado ao longo do doutorado.

Agradeço todos os hospitais por permitir a pesquisa dentro dos centros de

AVE. Especialmente, Dr. Romeu Vale Sant’anna chefe da unidade de Neurologia do

Hospital Risoleta Tolentino Neves, Dr. Paulo Caramelli coordenador do Serviço

Especial de Neurologia do Hospital das clinicas da Universidade Federal de Minas

Gerais, Dra. Glaucia Lara Resendo coordenadora da Unidade de Acidente Vascular

Cerebral do Hospital Odilon Behrens, Dr. Carlos Batista de Souza chefe da clinica

Neurologia e Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte e não

poderia deixar de citar os colegas profissionais terapeutas ocupacionais que

compreenderam, auxiliaram no percurso da pesquisa.

Por fim agradeço a todos os indivíduos acometidos por AVE que participaram

gentilmente da pesquisa e contribuíram para desenvolver o trabalho proposto. Minha

eterna gratidão.

5

]-

A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las.

Santo Agostinho

6

RESUMO

O objetivo geral do presente estudo foi estimar a proporção de

indivíduos que retornam ao trabalho após um episódio de Acidente

Vascular Encefálico (AVE) no Brasil, bem como os fatores que

predizem esse retorno ao trabalho dentro de seis meses pós-AVE.

Foi conduzido um estudo observacional prospectivo, no qual os

participantes foram recrutados em quatro hospitais públicos da

região metropolitana de Belo Horizonte, que têm unidades de

tratamento de AVE. Participaram do estudo homens e mulheres com

diagnóstico clínico de AVE recente, com idade ≥18 anos, que

reportaram ter exercido trabalho remunerado no mês anterior ao

episódio de AVE. O desfecho de interesse foi o retorno ao trabalho

remunerado, dicotomizado em sim/não. Os potenciais preditores

investigados incluíram idade (em anos), sexo masculino/feminino),

escolaridade (baixa – nenhuma ou nível primário e alta ≥nível

secundário), estado civil (casado/não casado), contribuição para a

renda familiar (>50/≤50%), tipo de trabalho (colarinho branco/azul),

sintomas depressivos (com/sem sintomas) e independência

(dependente/independente). Estatísticas descritivas e análise de

frequência foram utilizadas para caracterização da amostra e

determinar a taxa de retorno ao trabalho. Testes t para grupos

independente e qui-quadrado foram usados para identificar, numa

análise univariada, os potenciais preditores do retorno ao trabalho. O

nível de significância estabelecido neste estágio foi de 0.10, para

garantir que nenhum potencial preditor fosse excluído. No período

de um ano, foram triados 1,095 sobreviventes de AVE, 142 foram

elegíveis e consentiram em ser contactados aos três meses pós-

AVE. Aos três meses, 16 participantes não puderam ser contactados

e oito tinham falecido, restando 118. Dados completos de 97

participantes foram utilizados para a análise univariada. Dos 118

participantes, 45 (38%) retornaram dentro de três meses e

totalizando 52 (44%) dentro de seis meses. Sessenta e seis (56%)

7

não retornaram ao trabalho. Os resultados da análise univariada

revelaram que ser o principal provedor da família, isto é, contribuir

com mais que 50% para a renda familiar (odds ratio de 1,8 ;IC95%:

1,1 a 3,9), ter uma ocupação tipo colarinho branco (odds ratio de 4,0;

IC95% 1,8 a 8,57), ser independente (odds ratio de 10,6; IC95% 2,9

a 38,3) e não ter sintomas depressivos (odds ratio de 4,9; (IC95%

1,7 a 14,27) aos três meses, predisseram o retorno ao trabalho

remunerado dentro de seis meses. Esses achados demonstraram

que a probabilidade de retornar ao trabalho após um AVE é maior

se a pessoa for fisicamente independente(MRS<3) aos três meses

pós-AVE, ter uma ocupação tipo colarinho branco, não apresentar

sintomas depressivos e ser o principal provedor da família, isto é,

contribuir com mais do que 50% para o orçamento familiar.

Nenhuma das variáveis demográficas interferiu no retorno ao

trabalho. Em conclusão, os resultados do presente estudo

demonstraram que a taxa de retorno ao trabalho remunerado foi de

38% aos três meses e aumentando para 44% aos seis meses pós-

AVE. O nível de independência funcional demonstrou ser o preditor

mais robusto para o retorno ao trabalho remunerado. Considerando

que essa variável pode ser modificável com programas de

reabilitação precoce, esses achados podem contribuir para a

formulação, sistematização de políticas de saúde e orientação da

prática clínica para o retorno ao trabalho. Estudos futuros devem

avaliar se uma redução do nível de incapacidade resulta em maiores

taxas de retorno ao trabalho pós-AVE.

Palavras chave: Acidente vascular encefálico, retorno ao trabalho, independência funcional.

8

ABSTRACT

The aims of this study were to estimate the proportion of individuals

who return to a paid work and the predictors of return to work within

six months, after a stroke in Brazil. A prospective observational study

was carried out and the participants were recruited from four public

hospitals, which have stroke units, of Belo Horizonte. Men or women

aged ≥ 18 years were eligible to participate in the study if they had a

clinical diagnosis of a recent (within 28 days) stroke, and undertook

any type of paid work in the month before stroke. The outcome of

interest, i.e., the dependent variable, was “return to work”, which was

dichotomized in yes/no. The potential predictors included age

(years), sex (men/women), schooling (low: none or primary only) or

high (≥ secondary), marital status (married or not married),

contribution to household income (main contributor: 50% of the

household income or partial contributor: (≤ 50% of the household

income), type of work (blue or white collar worker), depressive

symptoms (depressed or not depressed), and independence

(dependent or independent). Descriptive statistics and frequency

analysis were used to characterize the sample and to estimate the

rate of return to work. Independent t- tests or Chi-square tests were

first used to identify univariate predictors of return to work depending

on whether the predictor was continuous or dichotomous. The level

of significance was set at p<0.10, to ensure that potential predictors

were not excluded. In one year, 1,095 stroke survivors were

screened. Of these, 142 were eligible and provided consent to be

contacted at 3 months after their stroke. At three months, 16

participants were not contactable and 8 had died, leaving 118. Full

data were available for 97 participants. Of the 118 participants who

were contactable at 3 months, 45 (38%) had returned by 3 months,

52 (44%) had returned by 6 months, leaving 66 (56%) who had not

returned to work. The univariate analysis revealed that making a

large contribution to household income (odds ratio of 1,8; IC95% 1,1

9

a 3,9), being a white collar worker (odds ratio of 4,0; IC95% 1,8 a

8,57, being independent (odds ratio of 10,6; IC95% 2,9 a 38,3), and

having no depression (odds ratio of 4,9; (IC95% 1,7 a 14,27). These

findings demonstrated that the probability to return to work after a

stroke is higher if the person is physically independente (MRS<3) at

3 months after the stroke, has a white collar job, has no depressive

symptoms, and is the main provider to the household income.None

of the demographic variables influenced return to work. In

conclusion, the findings of the present study demonstrated that the

rate of return to work was 38% at three months and 44% at six

months after stroke. The level of Independence showed to be the

most robust predictor for the return to paid work. Considering that

this variable may be modifiable with early rehabilitation interventions,

these findings could contribute to the design and implementation of

health polices and guide clinical practice, in order to increase return

to work. Future studies are needed to investigate whether increases

in levels of Independence would result in higher return to work rates

after stroke.

Key-words: Stroke, Return to work, Independence.

10

LISTA DE TABELAS

.

Tabela 1 Características socio demográficas e clínicas dos participantes 40

Tabela 2 Dados Descritivos de Freqüência (%) das variáveis 41

Figura 1 Fluxograma temporal da coleta de dados

38

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVE: Acidente Vascular Encefálico

Braztel - MMSE: Brazilian Telephone Mini – Mental State Examination

CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade Incapacidade e Saúde

CLT: Consolidação das Leis do Trabalho

MRS : Modified Ranking Scale

FGTS:Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

HADS : Hospital Anxiety and Depression Scale

IAPC: Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários

IAPETEC : Instituto de Aposentadorias e Pensões dos empregados em Transportes

e carga

IAPI: Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários

INSS: Instituto Nacional de Seguridade Social

LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MPAS: Ministério da Previdência e Assistência Social

OR: Odds Ratio

OIT :Organização Internacional do Trabalho

OMS: Organização Mundial da Saúde

DP:Desvio Padrão

TCLE: Termo de consentimento Livre e Esclarecido

UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais

12

SUMÁRIO

PREFÁCIO 13

1 INTRODUÇÃO 15

1.1 Trabalho 18

1.2 Seguridade Social 21

1.3 Retorno ao trabalho 25

1.4 Fatores relacionados ao não-retorno 28

1.5 Objetivo . 30

2 MATERIAIS E METODO

2.1 Delineamento 31

2.2 Local de realização 31

2.3 Amostra 31

2.4 Instrumentos e Medidas 32

2.4.1 Questionário para coleta de dados demográficos, de saúde e financeiro 32

2.4.2 Brazilian telephone Mini-Mental State Examination (Braztel-MMSE) 33

2.4.3 Modified Rankin Scale 33

2.4.4 Hospital Anxiety and Depression Scale 34

2.5 Variáveis de interesse 34

2.6 Procedimentos 35

2.7 Análise dos dados 37

3 RESULTADOS 39

3.1 Fluxo dos participantes 39

3.2 Caracterização da Amostra 39

3.3 Retorno ao Trabalho 40

3.4 Preditores de Retorno ao Trabalho 40

4 DISCUSSÃO 43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 49

REFERÊNCIAS 51

APÊNDICE 1 Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG- COEP

APÊNDICE 2 Carta de Anuência do Hospital Odilon Behrens

APÊNDICE 3 Carta de Anuência do Hospital Tolentino Risoleta Neves

13

APÊNDICE 4 Carta de Anuência do Hospital das clinicas da UFMG

APÊNDICE 5 Carta de Anuência da Santa Casa de Misericórdia

ANEXO A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

ANEXO B Braztel-MMSE

ANEXO C Modified Rankin Scale

ANEXO D Hospital Anxiety and Depression Scale – Sub-escala de Depressão

APÊNDICE 6 Questionário para coleta dos dados clínico, social e demográfico

APÊNDICE 7 Mini Curriculum Vitae

14

PREFÁCIO

Na elaboração desta tese, foram seguidas as normas estabelecidas pelo

Colegiado de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação da Universidade Federal

de Minas Gerais (UFMG) para formato tradicional, em consonância com as normas

da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A primeira etapa, realizada entre os anos 2013 e 2014, foi dedicada ao

cumprimento de créditos e elaboração do projeto de tese. A segunda etapa foi

dedicada à submissão e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG no

ano de 2015 e a submissão e aprovação do projeto nos comitês de ética do Hospital

Odilon Behrens, Hospital das Clínicas da UFMG, Hospital Risoleta Tolentino Neves e

Hospital Santa Casa de Misericórdia, fundamental para acesso ás enfermarias e

leitos dos hospitais para inicio do recrutamento dos participantes. A terceira etapa foi

dedicada à coleta dos dados, realizada no período de 2016 a 2017, seguida do

processamento da tabulação e dos dados e elaboração da tese, em 2018.

Dentre os requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em

Ciências da Reabilitação, estão a elaboração e desenvolvimento de um projeto de

pesquisa e a produção de artigos científicos relacionados e não relacionados à tese.

Com o intuito de atender a estas exigências, participei como coautora de quatro

artigos científicos, que foram publicados em periódicos nacionais, conforme

disposto abaixo

1. Polese JC, Pinheiro MB, Machado GC, Faria CDCM, Hirochi TL, Teixeira-

Salmela LF. Chronic hemiparetic dubjects with higher physical activity levels

report better quality of life. Revista de Neurociências, 22:221-226, 2014.

2. Pinheiro MB, Polese JC, Machado GC, Scianni AA, Hirochi TL, Teixeira-

Salmela LF. Análise do equilíbrio durante o movimento de sentado para de pé

em hemiparéticos crônicos divididos pelo nível funcional. Terapia Manual,

12:656-670, 2014.

3. Avelino PR, Menezes KKP, Cesinando AC, Hirochi TL, Teixeira-Salmela

LF. Revisão das propriedades psicométricas de testes de coordenação

motora dos membros superiores em hemiparéticos. Revista de Terapia

Ocupacional da Universidade de São Paulo, 24: 273-280, 2014.

15

Um artigo relacionado à tese, intitulado: Retorno ao trabalho de indivíduos

pós- Acidente Cerebral: características sócio demográficas e clínicas foi submetido à

Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, no dia 03/04/2018 e

encontra-se em processo de revisão.

Esta tese é constituída de uma introdução, que abrange uma revisão

bibliográfica relativa ao tema, bem como a sua justificativa e os objetivos, o método

detalhado, os resultados, a discussão, a conclusão e as considerações finais, além

das referências bibliográficas. Por fim, estão os apêndices e anexos pertinentes a

presente tese. Este trabalho será submetido para publicação, após a defesa, em

formato de artigo, em revista especializada que será definida à posteriori.

Ao final da tese, encontra-se o mini currículum vitae da doutoranda, com as

atividades acadêmicas desenvolvidas e a produção científica gerada durante o

período de doutoramento.

16

1 INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) pode ocorrer devido a

um vaso sanguíneo bloqueado no cérebro ou a hemorragias no

cérebro. Na primeira situação é classificado como isquêmico, no

qual o bloqueio do vaso interrompe fornecimento de sangue ao

cérebro danificando células cerebrais. No AVE hemorrágico o vaso

sanguíneo é rompido dentro ou na superfície do cérebro. Os

acidentes vasculares hemorrágicos na maioria das vezes são mais

graves e associados ao risco de morte quando comparados aos

acidentes vasculares encefálicos isquêmicos (BHALLA et al., 2013).

Aproximadamente 6.7 milhões de óbitos ao ano são

decorrentes de AVE, sendo a segunda causa de morte no mundo

(WORLD HEALTH ORGANISATION 2014). A Pesquisa

INTERSTROKE que ocorreu em 22 países detectou dez fatores de

riscos associados a 90% do risco atribuível de AVE isquêmico ou

hemorrágico, a saber, hipertensão, ausência de pratica regular de

atividade física , apolipoproteina, dieta restrita, relação entre a

medida da cintura-quadril, tabagismo, fatores psicossociais,

consumo de álcool, diabete mellitus (O’DONNEL et al., 2016). “A

idade é o fator de risco mais importante para o AVE. O número de

pessoas com AVE entre 20 e 64 anos aumentou em 25% de 1990 a

2010 no mundo. O risco de ter um AVE duplica a cada década,

após os 55 anos. Aos 75 anos, uma em cada cinco mulheres e um

em cada seis homens terão AVE no Reino Unido” (STATE OF THE

NATION STROKE STATISTICS U.K.- ,2016).

Dados recentes indicam que mais de 30 milhões de pessoas

no mundo sobreviveram a um episódio de AVE (NORRVING;

KISSELA, 2011) e convivem com deficiências em estrutura e função

do corpo, limitações de atividades e restrições na participação social.

De acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde (CIF), participação social é definida como o

17

envolvimento do indivíduo em uma situação de vida e diz respeito à

relação que um indivíduo estabelece com a sociedade, na qual está

inserido (OMS, 2003)

Embora o AVE seja um evento de ocorrência súbita, o mesmo

cursa com déficits fisiológicos e sociais permanentes de variadas

intensidades. Após o AVE, a deficiência mais comum é a fraqueza

muscular contralateral à lesão encefálica (NASCIMENTO et al.,

2014; DORSCHE et al., 2012; HARRIS; ENG et al., 2007).

Entretanto, pacientes usualmente apresentam deficiências em

diferentes sistemas, tais como distúrbios de comportamento, de

linguagem, de sensibilidade, de deglutição, visuais, entre outros

(ROFES et al., 2013; POLLOCK et al., 2012; MACKENZIE, 2011).

Estudos na área de reabilitação, em sua maioria, concentram

esforços na identificação da magnitude das deficiências em estrutura

e função do corpo após o AVE, bem como na identificação de

estratégias para minimizar as limitações em atividades de vida diária

(NASCIMENTO et al., 2015; NASCIMENTO et al., 2014; LIMA et al.,

2014; ENG, TANG, 2007).

Em termos percentuais, é estimado que 20% dos indivíduos

vão a óbito após o AVE, 25% se recuperam plenamente, deixando

cerca de 55% com algum grau de incapacidade um ano após a lesão

(KAUR, et al., 2014; SAEKI, 2000). Pesquisas internacionais indicam

que o status socioeconômico dos indivíduos que sofrem AVE

demonstram que as populações de baixa e média renda são

afetadas de modo desproporcionalmente e diferem de acordo com a

idade, sexo e tipo, mas a desvantagem socioeconômica aumenta a

incidência (MARSHALL et al. ,2015). Este grupo de indivíduos com

diferentes níveis de incapacidade determinam uma sobrecarga para

a sociedade, e familiares. Nesse contexto, a promoção do retorno ao

trabalho após o AVE pode significar um meio efetivo para a redução

de custos indiretos relacionados à esta condição de saúde. O AVE é

atualmente, descrito como uma das condições de saúde onerosas à

sociedade contemporânea, determinando não apenas gastos diretos

18

com a provisão de recursos de saúde, mas também gastos definidos

como indiretos e relacionados à redução ou perda de produtividade

ao longo dos anos (KAUR et al., 2014; HACKETT et al., 2012;

TREGER et al., 2007; SAEKI, 2000).

A recuperação completa da função física é conquistada por

14% dos sobreviventes, enquanto 25% a 50% necessitam pelo

menos de alguma ajuda para a realização de atividades da vida

diária, em decorrência do descondicionamento cardiorrespiratório,

alterações do tônus, fraqueza muscular, déficits de equilíbrio,

comprometimento sensorial, afasia e confusão mental (GORDON et

al., 2004).Verifica-se a dificuldade e resistência dessa população à

prática de atividade física, que leva a maioria ao sedentarismo,

aumentando assim as complicações secundárias, como redução da

aptidão cardiorrespiratória, atrofia muscular, osteoporose e a

dependência de terceiros, reduzindo, assim, as interações sociais e

gerando um impacto psicológico negativo (GORDON et al., 2004;

TANNE et al., 2008).

Esses indivíduos, quando atingem a fase crônica (mais de 6

meses pós- AVE), tendem a apresentar um platô ou desaceleração

da recuperação motora, motivo que origina, muitas vezes, alta dos

serviços de reabilitação. A hipótese para esse platô é o fato de

existir uma prática mínima de treinamento específico no ambiente

clínico, que pode limitar a recuperação da função motora e contribuir

para a inatividade no ambiente doméstico (MOORE, 2010).

A sobrevida dos indivíduos acometidos por AVE pode estar

associada a melhoria dos atendimentos (OVBIAGELE et al., 2011;

CROTTY et al., 2008; YOUNG et al., 2007). Alterações

neuropsiquiátricas, comportamentais e afetivas podem estar

associadas a lesões vasculares do sistema nervoso central e podem

sobrepor aos déficits cognitivos, interferindo nos programas de

reabilitação e de reinserção social. (PEDROSO et al., 2014). A

ansiedade, a depressão, os distúrbios do sono e da função sexual,

déficits motores, sensoriais, cognitivos e de comunicação, e

alterações fisiológicas durante atividades físicas, como a dispnéia,

19

podem causar limitações para o retorno ao trabalho produtivo

(FALCÃO et al., 2004).

1.1 Trabalho

O trabalho é fundador do mundo dos homens, intermediador e

determinador da essência do ser social. A atividade humana

transforma a natureza nos bens necessários à reprodução social

(LESSA, 2002). O homem se constitui como indivíduo social, através

do trabalho útil, pela capacidade de planejar, projetar na mente o

que se pretende realizar, questionar saberes, descobrir, construir e

conhecer novos conceitos e adquirir novas habilidades mantendo a

vida humana (LESSA, 2002).

O trabalho possibilita o custeio da sobrevivência desde as

necessidades fisiológicas básicas, quanto às econômicas, portanto,

é vital, para a manutenção da auto-estima, sentimento de

pertencimento e facilitador das interações grupais (BERTANI, 2004)

A Constituição brasileira de 1988 tem o trabalho como um

dos princípios na base da ordem social e fundamento do Estado

democrático de direito. Considerado como alicerce da ordem social,

o trabalho está no texto constitucional no art. 1º, parágrafo IV; como

princípio da república, no art. 3º, incisos II e III, garantindo o

desenvolvimento nacional, erradicando a pobreza e marginalização,

bem como reduzindo as desigualdades sociais e regionais; como

direito social, no art. 6º, como garantia mínima ao trabalhador, no

art. 7º, como princípio da ordem econômica no art. 170 e, finalmente,

como princípio da ordem social, no art. 193.Observa-se assim que

o trabalho é reconhecido como base da formação de toda sociedade

brasileira e não, tão somente, do ser humano

individualmente(Constituição 1988).

A idade mínima para o ingresso no mercado de trabalho, de

acordo com a atual legislação brasileira prevista no artigo 7º, XXXIII,

da Constituição Federal e o artigo 403 da Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT) é de 16 anos, à exceção do aprendiz, que pode

começar a trabalhar a partir dos 14 (CLT). Porém, a Convenção

20

138 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual

inclusive o Brasil é signatário é fundador, em seu no artigo 1º,

obriga todo país membro a “seguir uma política nacional, que

assegure a efetiva abolição do trabalho infantil e eleve,

progressivamente, a idade mínima de admissão a emprego ou a

trabalho a um nível adequado ao pleno desenvolvimento físico e

mental do jovem”. Já o artigo 2º desta mesma Convenção, além de

determinar que o país-membro deve estabelecer uma idade mínima,

acrescenta, no item três, que a idade mínima não poderá ser inferior

“... à idade de conclusão da escolaridade compulsória, isto é, deve-

se considerar que ninguém pode trabalhar antes de completar o

ensino médio no Brasil”. Brasil decreto nº 4.134, de 15 de fevereiro

de 2002.

A Emenda Constitucional 59 de 2009 apresentou nova

redação ao inciso I do artigo 208 da Constituição Federal, “o dever

do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de

educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos de

idade, assegurada inclusive a sua oferta gratuita para todos os que a

ela não tiveram acesso na idade própria”. A Lei 12.796, de 4 de abril

2013,que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB) - Lei 9.394/96 e dispõe no “Art. 4º que o dever do Estado com

a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de

educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos de

idade, organizada da seguinte forma (redação dada pela Lei 12.796,

de 2013: pré-escola, ensino fundamental e ensino médio”.

A educação básica desdobra-se, segundo a LDB 1996, em

educação infantil (até os cinco anos de idade), ensino fundamental

(com duração de 9 anos, ou seja, dos seis aos 14 anos de idade) e

ensino médio, que terá a duração de no mínimo três anos, o que

implica dizer que, em situação normal, sem reprovação, o

adolescente ingressará no ensino médio aos 15 anos e só o

completará com 17 anos de idade. Portanto conclui-se que o

ingresso no mercado de trabalho não ocorrer antes dos 18 anos (a

21

não ser na condição de aprendiz) (LDB 1996).

Por fim a Constituição da República Federativa do Brasil de

1988 no capítulo II, dos direitos sociais, define no Art. 7º que “São

direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que

visem à melhoria de sua condição social, um salário mínimo, fixado

em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas

necessidades vitais básicas e às de sua família, com moradia,

alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e

previdência social, com reajustes periódicos que lhes preservem o

poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.

O mundo do trabalho em decorrência dos avanços técnicos e

tecnológicos, busca profissionais cada vez mais qualificados,

introduz mudanças no perfil das habilidades individuais e na

formação profissional dos trabalhadores, requerendo competências

profissionais que significam “um saber agir responsável e

reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir

conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor

econômico à organização e valor social ao indivíduo”(Fleury,

(2001).Competência para o trabalho é ação que permite a prática do

desempenho de atividades, fundamentada em conhecimento ou

conjunto de recursos cognitivos no ambiente profissional de forma

geral e requer minimamente, habilidades básicas de leitura, escrita,

cálculo e interpretação, assim como habilidades específicas

relacionadas à área de trabalho e comportamentais (FLEURY, 2001;

SAUPE, 2006; PERRENOUD, 1999).

O mercado de trabalho procura um perfil profissional com

habilidades cognitivas, conquistada na formação escolar, que

envolve raciocínio lógico e abstrato, resolução de problemas,

criatividade, capacidade de compreensão, julgamento crítico,

conhecimento geral, domínio de língua estrangeira, conhecimento

das técnicas especificas da área, comportamentais e atitudinais,

cooperação, comportamento pró-ativo, motivação, responsabilidade,

participação, disciplina, ética e atitude permanente de aprender

(GONDIM, 2002). O indivíduo com empregabilidade deve apresentar

22

capacidade funcional, saber aplicar os conhecimentos obtidos na

escola, como a compreensão das leituras traduzidas em

planejamento de ações e consequente execução ou produção de um

trabalho (COSTA et al., 2014). Capacidade para o trabalho,

conceitualmente, refere-se às condições que o trabalhador tem para

executar atividade remunerada e envolve adequada saúde física,

boa capacidade funcional, bem-estar psicossocial, competência

individual, condições e organização do trabalho (MARTINEZ et al.,

2010).

Trabalho remunerado é “participar em todos os aspectos do

trabalho, seja uma ocupação, negócio, profissão ou outra forma

de emprego, em troca de pagamento, como empregado, a tempo

inteiro ou a tempo parcial, ou com o trabalhador autônomo,

nomeadamente procurar trabalho e conseguir um emprego,

realizar as tarefas decorrentes do trabalho, chegar pontualmente

ao trabalho, supervisionar outros empregados ou ser

supervisionado, e realizar as tarefas necessárias sozinho ou em

grupo pode ser trabalho independente, trabalho a tempo inteiro

ou a tempo parcial” (World Health Organization 2001).

1.2 Seguridade Social

A Constituição brasileira de 1988, no art. 194, estabelece que

“a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de

iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade destinado a

assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência

social”. A Previdência Social tem como objetivo reconhecer e

conceder direitos ao trabalhador, independentemente do tipo de

trabalho realizado , que por algum motivo, perdeu a capacidade

laborativa, tendo direito aos benefícios, em forma de seguro social,

aqueles que contribuem durante o período da atividade produtiva. A

renda concedida pela Previdência Social visa substituir a renda do

trabalhador contribuinte, que perde a capacidade de trabalho, seja

por doença, invalidez, idade avançada, morte e desemprego

23

involuntário, ou mesmo na maternidade e reclusão (Ministério

Previdência Social, 2015). Para usufruir desse direito, é necessário

contribuir para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS)

pelos prazos estipulados nas regras da Previdência Social e possuir

a idade mínima prevista.

A Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998

,atualizada em 30 de março de 2012, determina, em seu artigo 201,

que dentre outros pontos a previdência social será organizada sob a

forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação

obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio

financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei: I - cobertura dos

eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada e no §7º:” É

assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social,

nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - 35 anos de

contribuição, se homem, e 30 anos, se mulher; II - 65 anos de idade,

se homem e 60 anos, se mulher, reduzido em cinco anos o limite

para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que

exercem atividades em regime de economia familiar, nestes

incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal”.

Sobre o benefício pecuniário que o trabalhador, quando

afastado da atividade profissional, recebe mensalmente, após

completar os anos estipulados em lei para exercício da atividade ou,

antes deste prazo, por invalidez. Esta conquista da classe

trabalhadora foi regulamentada em 1888, como direito dos

funcionários dos Correios. Em 1923 o decreto de nº. 4.682 criou a

Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empregados das

Empresas Ferroviárias, extensivo aos familiares e após três anos,

esse benefício foi estendido para os trabalhadores marítimos e

portuários. A Lei Orgânica da Previdência Social foi criada em 1.960

para unificar a legislação e a gestão referente aos Institutos de

Aposentadorias e Pensões existentes, entre eles, o Instituto de

Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI) (Lei n° 367, de 31

de dezembro de 1936). O Instituto de Aposentadoria e Pensões dos

24

Empregados em Transportes e Cargas (IAPETEC), através do

decreto lei n° 651, de 26 de agosto de 1938, o Instituto de

Aposentadorias e Pensões dos Comerciários (IAPC), pelo decreto lei

n° 1.355, de 19 de junho de 1939, que também criou o Instituto de

Aposentadoria e Pensões dos Operários Estivadores. Em 1.974, foi

criado o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Em

1988 a Constituição Brasileira concedeu benefícios da Previdência

Social a todos os trabalhadores e garantiu renda mensal vitalícia aos

idosos e pessoas com deficiência.e em 1990, o então Instituto

Nacional de Previdência Social (INPS) mudou de nome e passou a

se chamar Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).Logo em

seguida foi promulgada a Lei Nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que

dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social,

regulamentando e ampliando a concessão desses benefícios.Há

dois códigos e duas nomenclaturas diferenciando o tipo de benefício.

O auxílio doença comum (B31) é destinado àqueles

segurados que desenvolvem doença incapacitante para a atividade

laborativa sem nexo de causalidade com a atividade exercida, desde

que o evento danoso ocorra após a filiação do segurado ao Regime

Geral da Previdência Social. O auxilio doença acidentário (B91) tem

como evento determinante a incapacidade relacionada

obrigatoriamente com a atividade que o segurado exerce, podendo

ocorrer através de acidente de trabalho ou doença ocupacional. Os

dois benefícios são iguais quanto ao valor pago, sendo que a

Previdência Social paga 91% da média dos 80% dos maiores

salários do trabalhador.

A concessão de auxílio-doença requer carência de 12

contribuições mensais. Carência é o número mínimo de meses

pagos ao INSS, para que o cidadão tenha direito a receber o

benefício. A renda mensal do benefício de prestação continuada,

que substituir o salário ou rendimento do segurado não terá valor

inferior ao do salário-mínimo, nem superior ao do limite máximo do

salário-de-contribuição. A carência conta a partir do momento em

que o trabalhador passa a exercer atividade profissional e registra

25

filiação ao INSS. O auxílio-doença previdenciário, que decorre de

doença (B31), gera direito de estabilidade de até 60 dias, a partir da

alta do INSS e não tem direito a depósitos no Fundo de Garantia por

Tempo de Serviço (FGTS) durante o afastamento. Os trabalhadores

que sofreram AVE durante o período laborativo poderão pleitear

recebimento do auxílio-doença B31, em caráter temporário, cuja

concessão é analisada e determinada pelo Perito Médico

Previdenciário (PMP) do INSS (Lei Nº 8.213, de 24 de julho de

1991).

No Brasil, a Seguridade Social, através da previdência social,

é responsável pela concessão de benefício por incapacidade

laborativa, auxílio-doença ou doença profissional e acidente do

trabalho, cujo caráter de prestação poderá ser continuado e ou

temporária nas diferentes fases do processo desde o

reconhecimento, manutenção até revisão do benefício, realizada

pela perícia médica. O segurado trabalhador com emprego formal ou

autônomo deve estar em dia com a contribuição do sistema

previdenciário (Lei Nº 8.213, de 24 de julho de 1991).

Os peritos médicos do INSS, oficiais ou credenciados, são

especialistas em diferentes áreas, desde a clínica médica, medicina

do trabalho, e especialidades cirúrgicas. Cada perito atende e age

nas mais diversas condições de saúde, sem relação direta com sua

formação. No atendimento inicial, realizam anamnese ocupacional,

exames físicos, avaliam os exames diagnósticos e relatórios dos

médicos assistentes, para determinar o laudo pericial, que subsidia a

concessão do auxílio doença. Após a perícia inicial, se concedido o

auxílio-doença, o segurado passa por reavaliações (re-perícias)

periódicas, com o intuito de avaliar a permanência ou não da

incapacidade e a possibilidade de retorno do segurado ao trabalho

(MENDES et al., 2006).

Ao atender as condições de ausência de limitação funcional

ao exame físico, habilidade para o desempenho da função de

origem, experiência profissional compatível com o potencial residual

para o trabalho e não apresentar documentos médicos ou não estar

26

em tratamento médico, a perícia médica do INSS define que o

indivíduo está apto a retornar ao trabalho. Em contrapartida, a

condição de ausência de melhora do quadro clínico, a idade

avançada, e a limitação progressiva são importantes para o

recebimento de benefício por um longo período; repertório

profissional limitado, baixa escolaridade ou analfabetismo, sugerem

aposentadoria por invalidez (SANTOS, 2015).

1.3 Retorno ao trabalho e seguridade Social

Retornar ao trabalho exige capacidade laborativa, que se

traduz na relação de equilíbrio entre as exigências de uma dada

ocupação e a capacidade para realiza - lás (GOMES, 2009).

Portanto, exige do trabalhador desempenho ocupacional, para

realização das interações sociais e laborais, que requerem

integração das atividades motoras, cognitivas e de comunicação. O

desempenho ocupacional é formado por contextos de desempenho

(cultural, social, físico e institucional), por áreas de desempenho

(autocuidado, produtividade e lazer) e componentes de desempenho

(afetivo, cognitivo e físico) (LAW et al.,1998).

O retorno ao trabalho remunerado é considerado, por muitos

pacientes, um marco na recuperação pós-AVE e representa a

manifestação da reinserção desses indivíduos na sociedade

(HACKETT et al., 2012). Estudos prévios indicaram que indivíduos,

que retornaram ao trabalho apresentaram melhores indicadores de

bem-estar subjetivo, bem como maior satisfação com a vida

(DANIEL et al., 2009; VESTLING et al., 2003). Contrariamente,

indivíduos, que não retornaram ao trabalho após o AVE ficaram mais

propensos a vivenciar limitações no convívio familiar e social, bem

como problemas financeiros (DANIEL et al., 2009). De acordo com

GLOZIER et al. (2008), até mesmo a proporção de indivíduos que

são acometidos por AVE em idade produtiva pode ser diferente entre

países economicamente desenvolvidos e países em

desenvolvimento. Cerca de 20% dos indivíduos acometidos por AVE

27

em países economicamente desenvolvidos estão em idade

produtiva; este número é provavelmente maior em países com

economia em desenvolvimento, onde a média de idade de

acometimento por AVE é menor (KUAR et al., 2014; FEIGIN, 2007;

2009).

Três estudos, recentes, conduzidos em países

economicamente desenvolvidos, investigaram prospectivamente os

fatores relacionados ao retorno ao trabalho pós-AVE. GLOZIER et

al. (2008) investigaram a frequência e os determinantes do retorno

ao trabalho em 279 indivíduos regularmente empregados antes do

AVE oriundos de uma amostra de 1.423 possíveis participantes da

Nova Zelândia. Dentre os 210 indivíduos que sobreviveram seis

meses após o AVE, aproximadamente 50% retornaram a um

trabalho remunerado. Os principais fatores relacionados ao não-

retorno foram a presença de depressão aos 28 dias (OR: 0,39;

IC95%: 0,22 a 0,80), trabalho em tempo parcial (OR: 0,36; IC95%:

0,15 a 0,89) e dependência funcional (OR: 0,28; IC 95%: 0,13 a

0,59). Gabriele e Renate (2009) realizaram um estudo em menor

escala na Alemanha, e os resultados indicaram que, dentre uma

amostra de 16 indivíduos regularmente empregados antes do AVE,

aproximadamente 27% retornaram ao trabalho após um ano. Dentre

os principais fatores associados ao não-retorno, foram encontrados

baixa capacidade funcional, baixos salários e baixo nível cognitivo.

HACKETT et al. (2012) conduziram um estudo para

investigar se fatores psicossociais modificáveis (e.g., depressão),

fatores de saúde e fatores econômicos estavam associados com o

retorno ao trabalho um ano após o AVE. Da amostra de 441

participantes, 218 estavam regularmente empregados antes do AVE,

dos quais 202 (75%) retornaram a um trabalho remunerado. As

principais variáveis relacionadas ao retorno ao trabalho foram

apresentar alto nível educacional (OR: 2,2; IC 95%: 1,1 a 4,1),

possuir trabalho independente (OR: 2,2; IC 95%: 1,1 a 4,9), realizar

trabalho não manual (OR: 2,1; IC 95%: 1,2 a 3,6), ser independente

para atividades de vida diária (OR: 10,2; IC 95%: 4,9 a 21,2) e não

28

apresentar depressão (OR: 2,4; IC 95%: 1,1 a 5,4).

Ao revisar a literatura, observa-se uma considerável diferença

na proporção de indivíduos que retornam ao trabalho (variação entre

1% e 91%), bem como uma variação dos possíveis fatores

preditores desse retorno (MEDIN et al., 2006). Diferenças no

desenho dos estudos, definições operacionais de trabalho, períodos

de acompanhamento, entre outras, parcialmente explicam a alta

variabilidade encontrada nos estudos. A especificidade do trabalho

humano, fatores socioeconômicos, geográficos e culturais podem

explicar a variabilidade nos resultados entre os estudos e justificar a

necessidade de estudos nacionais para compreender melhor a

relação entre o AVE e o retorno ao trabalho em um dado país.

Embora os estudos citados forneçam indicações de possíveis

preditores do retorno ao trabalho pós-AVE, os resultados são

inconclusivos, sendo apenas o nível de incapacidade/dependência

funcional um fator preditor comum encontrado em todos os estudos.

Além disso, esses dados são relativos a países economicamente

desenvolvidos, nos quais a relação com o emprego e o tipo de

emprego, bem como as assistências governamentais a indivíduos

com deficiências são diferentes daquelas em países com economia

em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, onde pouco se sabe

sobre o número de indivíduos que retornam ao trabalho e a

influência de fatores que contribuem para o retorno ou não-retorno

ao trabalho remunerado após o AVE.

Relativamente poucos estudos investigaram fatores

relacionados ao retorno à participação social de indivíduos com

incapacidades decorrentes de AVE. A saúde de uma pessoa pode

ser descrita utilizando a Classificação Internacional de

funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). O modelo

multidimensional aborda todo o ciclo de vida, conceitualiza a

funcionalidade e a incapacidade, no contexto da saúde. A

funcionalidade envolve a interação entre o individuo, funções do

corpo, estruturas do corpo, atividades, participação e fatores

29

ambientais e pessoais. Os domínios da CIF relacionados com a

saúde estão descritos na perspectiva do corpo, do indivíduo e da

sociedade em duas listas básicas a saber : Funções e Estruturas do

Corpo, e Atividades e Participação, esse ultimo agrupa diferentes

domínios através de dois construtos, capacidade e desempenho em

interação dinâmica tanto na perspectiva individual como social , e

no capítulo 8 contempla Trabalho e emprego (OMS 2003).

A visão pluralista proposta pela CIF da OMS (2003), está

embasada na integração dos modelos biomédico, psicológico e

social, isto é, numa visão biopsicossocial. A CIF propõe uma

mudança de abordagem centrada na doença para a funcionalidade

como componente de saúde. Portanto, a funcionalidade e a

incapacidade da pessoa dependem da dinâmica entre a condição de

saúde e fatores contextuais e ambientais (RUARO et al., 2012). A

incapacidade não é um atributo da pessoa, mas sim um conjunto

complexo de condições, que resultam da interação do indivíduo com

seu meio (SIMONELLI et al., 2010).

1.4 Fatores relacionados ao não-retorno ao trabalho

A cognição integra processos de interpretação envolvendo

percepção, atenção, identificação e formação de conceitos,

categorização, representação, criação de conhecimento, memória,

linguagem, decisão, resolução de problemas, tomada de decisão,

construídos a partir de experiências e aprendizagem individual

(NOBRE et al., 2016). A habilidade funcional e função cognitiva na

admissão no processo de reabilitação foi associada ao retorno ao

trabalho em 26,7% dos pacientes após AVE (WILZ et al., 2009). A

capacidade cognitiva preservada demonstrou ser preditora do

retorno ao trabalho (VESTLING et al., 2003).

“Segundo o Manual de Diagnóstica e Estatística de Distúrbios

Mentais V (DMS-V), a depressão pós-AVE se caracteriza como um

transtorno de humor resultante de condição de saúde” (APUD

SANTOS, 2016). Sintomas psíquicos, fisiológicos e comportamentais

são avaliados para determinar o diagnóstico de depressão, tais

como humor depressivo, retraimento social, redução da capacidade

30

de experimentar prazer na maior parte das atividades, que antes

eram consideradas agradáveis, fadiga ou sensação de perda de

energia, diminuição da capacidade de pensar, concentrar ou de

tomar decisões, crises de choro, alterações do sono e do apetite,

comportamentos suicidas, retardo psicomotor e lentificação

generalizada ou agitação psicomotora (DEL PORTO, 1999),

Após AVE, sintomas depressivos são frequentes entre os

sobreviventes. O grau de dependência funcional demonstrou ser o

principal preditor da depressão pós–AVE em pacientes recrutados

em um hospital de reabilitação, sendo que 57% destes foram

avaliados 12 meses após o AVE (SANTOS, 2016). Estudos sobre a

incidência de depressão pós-AVE revelaram diferenças nos

resultados encontrados, provavelmente em razão da utilização de

diferentes populações estudadas, protocolos de avaliação, e tempo

decorrido do AVE. Preditores de depressão pós- AVE incluem

gravidade da lesão, histórico de depressão anterior ao AVE,

deficiência cognitiva, falta de apoio social ou familiar e ansiedade.

Estudos sugeriram que a depressão pós-AVE está principalmente

associada à experiência e às consequências do AVE, sendo que a

prevalência da depressão, em qualquer momento após o AVE, é de

29% (AYERBE et al., 2013), enquanto transtornos neuropsiquiátricos

apresentam prevalências de 18% a 60% (PEDROSO et al.,2014).

Fatores como idade (68 anos), nível de escolaridade menor

que oito anos de estudo, mulheres mais velhas e solteiras, homens

tabagistas e etilistas, foram associadas com maior dependência

funcional entre os sobreviventes após 28 dias e seis meses pós-AVE

(FERNANDES et al.,2012).

31

1.5 Objetivo

Os objetivos do presente estudo foram estimar a proporção

de indivíduos que retornam ao trabalho após um episódio de AVE no

Brasil em 3 e 6 meses, bem como identificar os preditores do retorno

ao trabalho após seis meses do episódio de AVE. As perguntas

específicas foram:

1. Qual a proporção de indivíduos que retorna ao trabalho

remunerado três e seis meses após um episódio de AVE?

2. Quais fatores predizem o retorno ao trabalho remunerado após uma AVE ?

32

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Delineamento

Trata-se de um estudo observacional prospectivo, realizado

para investigar a proporção de indivíduos que retornam ao trabalho

remunerado após o AVE, bem como os fatores preditores para esse

retorno na cidade de Belo Horizonte, Brasil (Figura 1). Os

participantes foram recrutados em quatro hospitais públicos

imediatamente após o episódio do AVE. Neste momento, foram

coletados dados sócio-demográficos e de contato. As entrevistas

foram conduzidas por telefone por pesquisadores treinados aos três

e seis meses após o AVE, quando foram coletados dados clínicos e

de retorno ao trabalho. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da UFMG sob o parecer nº CAAE

46298015.9.0000.5149 (Apêndice 1) e dos comitês de ética dos

referidos hospitais ( Apêndice 2 a 4 )todos participantes assinaram o

termo de consentimento livre e esclarecido ( Anexo A).

2.2 Local de realização

O estudo foi desenvolvido em quatro hospitais públicos do

município de Belo Horizonte, Minas Gerais, a saber: Hospital Odilon

Behrens, Hospital Risoleta Tolentino Neves, Hospital das Clinicas da

UFMG e Santa Casa de Misericórdia (APENDICE 2 a 4), onde os

participantes foram recrutados e inicialmente contatados, sendo os

demais contatos realizados por meio de entrevista telefônica.

2.3 Amostra

Todos os indivíduos com diagnóstico de AVE internados nas

enfermarias dos Hospitais citados anteriormente foram recrutados

para o estudo, sendo incluídos aqueles que atenderam aos

seguintes critérios:

1. Diagnóstico de AVE recente (até 28 dias);

2. Idade >18 anos (HACKETT et al., 2012);

33

3. Declararam ter exercido qualquer tipo de trabalho remunerado

no mês anterior ao episódio de AVE. Trabalho remunerado de

acordo com a WHO 2001 “ participar em todos os aspectos

do trabalho, seja uma ocupação, negócio, profissão ou outra

forma de emprego, em troca de pagamento, como

empregado, a tempo inteiro ou a tempo parcial, ou com o

trabalhador autonomo, nomeadamente procurar trabalho e

conseguir um emprego, realizar as tarefas decorrentes do

trabalho, chegar pontualmente ao trabalho, supervisionar

outros empregados ou ser supervisionado, e realizar as

tarefas necessárias sozinho ou em grupo pode ser trabalho

independente, trabalho a tempo inteiro ou a tempo parcial”

4. Assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido

concordando com a participação no estudo (Apêndice 2).

Indivíduos com afasia, outros distúrbios de comunicação, ou

com baixo nível cognitivo, identificado pelo Brazilian

telephone Mini-Mental State Examination (Braztel-MMSE)

(CAMOZZATO et al., 2011) (ANEXO D), foram considerados

elegíveis para participação no estudo, caso seus cuidadores

ou responsáveis assinassem o termo de consentimento e

respondessem aos questionários em seus nomes.

2.4 Instrumentos e Medidas

2.4.1 Questionário para coleta de dados demográficos, de saúde e financeiro

Um questionário específico (APÊNDICE 6) foi desenvolvido

para o presente estudo, com o objetivo de obter informações para

caracterização e acompanhamento da amostra ao longo de seis

meses. O questionário foi composto por perguntas objetivas, no qual

os participantes responderam sobre dados demográficos, dados

relacionados à saúde antes e após o AVE, bem como dados

relacionados à situação econômica familiar e de trabalho antes e

após o AVE. A partir desse questionário, foram obtidas informações

sobre as variáveis independentes: idade, renda familiar e

recebimento de benefício do governo; assim como informações

34

sobre a variável dependente: retorno ao trabalho.

2.4.2 Brazilian telephone Mini-Mental State Examination (Braztel-

MMSE)

O Braztel-MMSE foi traduzido e adaptado culturalmente

para uso na população brasileira, originado da versão aplicável por

telefone do Mini-Exame do Estado Mental para rastreio de déficits

cognitivos (ANEXO B). O Braztel-MMSE é composto por 22 itens,

em comparação aos 30 itens da versão original, com adequadas

propriedades de medida e forte correlação com a versão original. O

Braztel-MMSE foi utilizado para determinar se os participantes e/ou

responsáveis apresentavam capacidade cognitiva para serem

incluídos no estudo e para responder às perguntas do questionário.

O ponto de corte utilizado foi de 15 pontos O teste inclui orientação,

domínios recentes e atrasados de memória, atenção e

compreensão. A pontuação de corte de 15 pontos demonstra um

valor preditivo positivo de 85% e um valor preditivo negativo de 93%.

O Braztel-MMSSE é administrado por telefone, tem alta

confiabilidade teste-reteste (r=0,92, p=0,01), correlação significativa

com o Mini Exame do Estado Mental (r=0,92, p = 0,01) e alta

capacidade geral de rastreamento de déficits cognitivos (AUC =

0,98, IC 95% 0,96- 1,00) (Camozzato et al 2011).

2.4.3 Modified Rankin Scale

A Modified Ranking Scale (mRS) foi desenvolvida com o

objetivo de mensurar incapacidade e nível de dependência de

indivíduos pós-AVE. A pontuação varia entre zero a seis pontos,

onde “zero” significa ausência de incapacidade/dependência e “seis”

significa óbito. Suas propriedades de medida são bem

documentadas, apresentando validade convergente com outros

instrumentos de avaliação de incapacidade, adequados valores de

confiabilidade interexaminadores (k=0,56 a 0,78) e altos valores de

confiabilidade teste-reteste (k=0,81 a 0,95) (BANKS, MAROTTA,

2007). No presente estudo, foi utilizada a versão em português,

35

traduzida e adaptada transculturalmente para uso na população

brasileira, aplicável por telefone, com adequada concordância com a

aplicação pessoal (k2= 0.82) e ponto de corte equivalente a três

pontos (BAGGIO et al., 2014) (ANEXO C).

2.4.4 Hospital Anxiety and Depression Scale

A Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) foi

desenvolvida com objetivo de auxiliar o clínico no reconhecimento de

componentes emocionais decorrentes de incapacidades físicas,

como uma ferramenta de rastreio para ansiedade e depressão. A

HADS é composta por duas sub escalas: a primeira, composta por

sete itens, avalia ansiedade e a segunda, também composta por

sete itens, avalia depressão. Cada item é respondido pelo

participante em uma escala de quatro pontos (variando de 0 a 3),

sendo que a pontuação final em cada sub escala varia entre 0 e 21

pontos. No presente estudo, foi utilizada a versão traduzida e

adaptada para o português, considerando apenas as questões

relacionadas à sub escala de depressão (questões oito a 14), com

ponto de corte equivalente a oito pontos (SOUZA, PEREIRA, 2008;

PAIS-RIBEIRO et al., 2007) (Anexo D).

2.5 Variáveis de interesse

A variável de interesse, isto é, variável dependente foi

“Retorno ao trabalho”, dicotomizada e operacionalizada como “sim,

retornou ao trabalho” ou “não retornou ao trabalho”, considerando a

definição de trabalho remunerado, apresentada previamente.

Oito variáveis independentes foram investigadas como

possíveis preditoras do retorno ao trabalho:

a) Idade: variável contínua, calculada a partir da data de

nascimento do participante e registrada em anos;

b) Sexo: variável dicotômica, categorizada em masculino ou feminino;

c) Escolaridade: variável dicotômica, categorizada como baixa

(nenhuma ou educação primária) ou alta ( ≥educação

36

secundária);reportada pelos pacientes

d) Estado civil: variável dicotômica, categorizada como casado

ou não casado (incluindo divorciado e viúvo);

e) Contribuição para a renda familiar: variável dicotômica,

categorizada como provedor principal (>50% da renda

familiar) reportada pelo paciente.

f) Tipo de trabalho: variável dicotômica, categorizada como

ocupação de colarinho azul ou branco; Ocupações de

colarinho branco são atividades profissionais técnicas e

gerenciais. As atividades de colarinho azul demandam ações

que suscitam maior esforço fisico e mobilidade (SAEKI 2000)

g) Nível de incapacidade/dependência funcional: variável

dicotômica, avaliada por meio da versão brasileira da mRS.

Participantes com pontuação < 3 pontos foram classificados

como “independentes” e aqueles com pontuação ≥ 3 pontos

foram classificados como “dependentes” (BAGGIO et al.,

2014);

h) Sintomas depressivos: variável dicotômica, avaliada por meio

da versão brasileira da HADS. Participantes com pontuação <

8 pontos foram classificados como “sem sintomas

depressivos” e aqueles com pontuação ≥ 8 pontos foram

classificados como “com sintomas depressivos” (SOUZA,

PEREIRA, 2008; PAIS-RIBEIRO et al., 2007).

2.5 Procedimentos

Profissionais da saúde, como fisioterapeuta e terapeutas

ocupacionais, diretamente responsáveis pelo atendimento dos

pacientes acometidos por AVE nas enfermarias de AVE previamente

informaram aos mesmos sobre a pesquisa. Os pacientes que

apresentaram interesse em participar do estudo foram contatados

pelos pesquisadores para verificar o atendimento dos critérios de

inclusão, e explicar os procedimentos do estudo bem como obter a

assinatura no Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Nesse

37

momento, informações sociodemográficos foram coletadas bem

como os contatos de telefone e endereço residencial para realização

das avaliações e reavaliações por telefone aos três e seis meses

após o AVE. Nesses contatos telefônicos, foram coletadas

informações clínicas e relativas ao retorno. Para determinar se o

participante exerceu trabalho remunerado no mês anterior ao AVE, a

pergunta realizada foi: “No mês anterior ao derrame, você esteve

envolvido em algum tipo de trabalho remunerado, em tempo parcial

ou integral, ou mesmo como trabalhador independente/autônomo? ”

(GLOZIER et al., 2008; OMS, 2003).

O fluxograma com as fases da coleta, bem como as variáveis

preditoras e dependente do estudo são apresentados na Figura 1.

As variáveis sócio-demográficas foram coletadas no contato inicial

após o AVE e as demais variáveis preditoras (nível de

incapacidade/dependência e sintomas depressivos), bem como a

variável dependente (retorno ao trabalho) foram coletadas aos três e

seis meses após o AVE.

38

Terceiro contato (telefone)

Desfecho de interesse: Retorno ao trabalho

0 mês

3 meses

6 meses

Figura 1. fluxograma temporal da coleta de dados.

2.7 Análise dos dados

A amostra foi calculada para incluir 15 participantes por

variável independente (STEVENS, 1996). Assim, o número mínimo

de participantes foi estimado em 120. Baseado no pressuposto que

poderia haver uma perda de 15% durante o curso do estudo, um

Contato inicial (hospital)

Inclusão: ≥18 anos, diagnostico de

AVE, trabalho remunerado anterior

ao AVE.

Exclusão: afasia ou déficits cognitivos, a não

ser que um familiar ou cuidador estivesse

presente

Coleta: nome, informação de

contato e assinatura termo de

consentimento

Preditores: idade, sexo, estado civil,

escolaridade, tipo de trabalho prévio, percentual de contribuição para a renda familiar.

Segundo contato (telefone)

Preditores: independência e depressão.

Desfecho de interesse: Retorno ao trabalho.

AVE

39

alvo de 140 participantes foi estabelecido.

Estatísticas descritivas (medidas de tendência central e

dispersão de freqüência) foram utilizadas para caracterização da

amostra, em relação às principais variáveis clínicas, demográficas

e outras variáveis-atributos de interesse do estudo. Testes t para

grupos independentes ou testes de qui-quadrado foram utilizados na

análise univariada para identificar preditores de retorno ao trabalho,

dependendo se o preditor era contínuo ou dicotômico. O nível de

significância estabelecido foi de 0,10, para garantir que preditores

potenciais não fossem excluídos neste estágio. Dessa forma, foram

determinadas as razões de chance (odds ratio), com respectivos

intervalos de confiança de 95% para cada preditor.

Os preditores significativos foram, então, colocados no

modelo de regressão logística para identificar uma relação

multivariada das variáveis que explicassem o retorno ao trabalho

com um nível de significância < 0.05.

40

3 RESULTADOS

3.1 Fluxo dos participantes

Um total de 1.095 indivíduos com diagnóstico de AVE foi

tríado em quatro hospitais públicos de Belo Horizonte, no período de

outubro de 2015 a outubro de 2016 (Hospital Odilon Behrens,

Hospital Risoleta Tolentino Neves, Hospital das Clínicas da UFMG e

Santa Casa de Misericórdia). Destes, 142, com tempo pós-AVE de

seis dias (DP3), foram elegíveis, assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido e concordaram em ser contatados

aos três e seis meses após o AVE. Aos três meses, 16 indivíduos

não puderam ser contatados, em razão dos telefones estarem

desligados e oito tinham falecido, restando 118 participantes.

Entretanto, dados completos de apenas 97 participantes foram

utilizados para a análise univariada.

3.2 Caracterização da Amostra

As características dos 118 participantes incluídos na análise

univariada estão apresentadas na Tabela 1. A maioria era homem,

casado, tinha baixo nível de escolaridade e ocupação tipo colarinho

azul e não tinha plano de saúde privado. Aos três meses, a maioria

era independente e não apresentava sintomas depressivos (n=97)

41

Tabela 1: Características dos participantes

MRS= Modified Rankin scale, HADS = Hospital Anxiety and Depression Scale

3.4 Retorno ao traba

3.3 Retorno ao trabalho

Dos 118 participantes que puderam ser contatados, 45

(38%) tinham retornado ao trabalho dentro de três meses e

totalizando 52 (44%) dentro de seis meses (Tabela 1). Sessenta e

seis (56%) participantes não retornaram ao trabalho em 6 meses .

Para os que retornaram ao trabalho, o número médio de

horas trabalhada por dia foi de 8,6 (DP 2,6) horas e este número

diminuiu para 7,1 (SD 2,6) horas. Vinte e sete (84%) participantes

mantiveram o mesmo número de horas trabalhadas após o AVE. A

renda mensal caiu 7%, de 1.383 (SD 726) para 1.286 (SD 631) reais.

Contudo, os participantes mantiveram a mesma percentagem de

contribuição para o orçamento familiar de 78%.

3.4 Preditores de retorno ao trabalho

A análise univariada (Tabela 2) revelou que os potenciais

fatores preditores de retorno ao trabalho aos seis meses pós-AVE

foram: apresentar uma contribuição maior que 50% para o

orçamento familiar, ter ocupação do tipo colarinho branco, ser

independente e não apresentar sintomas depressivos aos três

meses pós-AVE.

Caracteristicas n=118

Antes

do

AVE

Idade (anos), média (DP) 56 (12)

Sexo, n homens (%) 79(67)

Escolaridade, n >nível médio (%) 31(26)

Estado civil, n casado (%) 72(61)

Plano de saúde privado, n sim 3(2,5)

Renda mensal (Reais), mean (DP) 1383 (726)

Contribuição para renda familiar, n> 50% (%) 65(55)

Tipo de trabalho, n colarinho azul 67(57)

3 meses

pós- AVE

Independência (MRS 0-6), n<3 (%), n=97 60 (62)

Sem sintomas depressivos, (HADS 0-21), n<8 (%), n=97) 61(63)

Retornou ao trabalho, n sim (%) 45(38)

6 meses

Pós-AVE

Retornou ao trabalho, n sim (%) 52(44)

42

Na análise multivariada, ser o principal provedor da família

predisse positivamente o retorno ao trabalho com uma razão de

chance de 2,9 (IC 95% 1,0 a 8,2), apresentar trabalho do tipo

colarinho azul predisse negativamente o retorno ao trabalho com

uma razão de chance de 0,3 (IC 95% 0,1 a 0,8) e ser independente

aos três meses após o AVE predisse positivamente o retorno ao

trabalho com uma razão de chance de 8,5 (IC 95% 2,1 a 34,9)."

Tabela 2: Diferença média ou razão de chance (IC 95%) e

significância estatística (valor de p) para cada preditor de retorno ao

trabalho

OR= Odds ratio, MRS= Modified Ran OR=Odds Ratio,MRS=Modified Ranking scale, HADS= Hospital anxiety and depression

scale, Sombreado= Preditores significativos

Os resultados revelaram que as variáveis que positivamente

predisseram o retorno ao trabalho foram contribuição para o

orçamento familiar maior que 50% com uma odds ratio de 1,8

Preditores Retornou

ao

trabalho

(n=32)

Não

retornou

ao

trabalho

(n=65)

Diferença (retornou

menos não

retornou)

Idade (anos) média (DP)

56 (12) 56 (11) MD 0 (-4 a 4), p=0,99

Sexo, n homens (%) 35 (67) 44 (67) OR 1,0 (0,5 a 2,2), p=0,94

Escolaridade,

n>nível médio

(%)

14 (27) 17 (26) OR 0,94 (0,4 a 2,15), p=0.17

Estado Civil, n casado (%)

28 (54) 44 (67) OR 1,7 (0,8 a 3,62), p= 0.96

Contribuição para

renda familiar,

n>50% (%)

33 (63) 32 (48) OR 1,8 (1,1 a 3,90), p=0.10

Tipo de ocupação, n

colarinho branco (%)

20 (38) 47 (71) OR 4,0 (1,8 a 8,57), p=0.0006

Independência aos 3

meses (MRS 0-6),

n<3 (%)

29 (91) 31 (48) OR 10,6 (2,9 a 38,3), p=0.00004

Sem sintomas

depressivos aos 3

meses (HADS 0-21),

n<8 (%)

27 (84) 34 (52) OR 4,9 (1,7 a 14,37), p=0.002

43

(IC95%: 1,1 a 3,9), ter uma ocupação de colarinho branco (odds

ratio de 4,0; (IC95% 1,8 a 8,57),ser independente aos 3 meses pós-

AVE (odds ratio de 10,6; IC95% 2,9 a 38,3) e não apresentar

sintomas depressivos (odds ratio de 4,9; (IC95% 1,7 a 14,27). Esses

dados demonstraram que a probabilidade de retornar ao trabalho

após um AVE é maior se a pessoa for fisicamente independente

(MRS<3) aos três meses pós-AVE, ter uma ocupação tipo colarinho

branco, não apresentar sintomas depressivos e ser o principal

provedor da família, isto é, contribuir com mais do que 50% para o

orçamento familiar.

44

4 DISCUSSÃO

O primeiro objetivo do presente estudo foi determinar a

proporção de indivíduos que retornam ao trabalho remunerado após

o AVE, oriundos de hospitais públicos da região metropolitana de

Belo Horizonte, Minas Gerais. Os resultados demonstraram que 38%

dos participantes retornaram dentro de três meses e passando a

44% dentro de seis meses, 56% dos participantes não retornaram

ao trabalho em 6 meses.

Estes resultados corroboram com os resultados de uma

revisão sistemática sobre as consequências do AVE para adultos em

idade produtiva, cuja taxa média de retorno ao trabalho foi de 44%

(DANIEL et al., 2009). Segundo uma recente revisão sistemática, as

estimativas de retorno ao trabalho remunerado após um AVE são

muito variadas e isso se deve às diferenças metodológicas entre os

estudos, com relação ao delineamento, definições operacionais de

trabalho e principalmente às relacionadas ao tempo de

acompanhamento (EDWARDS et al., 2018).

O segundo objetivo nesse estudo foi identificar os fatores

preditores do retorno ao trabalho remunerado após o AVE. Os

resultados revelaram que quatro variáveis demonstraram ser

preditoras do retorno ao trabalho remunerado: Ser um provedor da

família, isto é, ter uma contribuição maior que 50% para o orçamento

familiar, ter uma ocupação de colarinho branco, ser independente e

não apresentar sintomas depressivos aos três meses pós-AVE.

Entretanto, quando essas variáveis foram analisadas em conjunto,

três foram suficientes para predizer o retorno ao trabalho, ser o

provedor da família, ter uma ocupação de colarinho branco e ser

independente. Nenhuma das variáveis relacionadas com a idade,

sexo, estado civil ou escolaridade interfiram no retorno ao trabalho

remunerado.

Ser o principal provedor da família tem uma probabilidade de

1,8 vezes de retornar ao trabalho, uma possível explicação para

45

esses resultados é a necessidade de dinheiro para o sustento da

vida e para as despesas no cuidado com a saúde após o AVE. O

acometimento pelo AVE de indivíduos responsáveis pela renda

familiar gera um impacto na vida dos familiares e da sociedade, já

que eles são responsáveis por gerar renda e apoiar os membros da

família (WEI et al., 2016). Na Índia, os indivíduos não recebem

qualquer apoio financeiro do governo devido à deficiência pós-AVE e

pouco apoio, no que diz respeito aos gastos de saúde nas doenças

crônicas (BONNER et al., 2016). Já em países desenvolvidos, não

há necessidade urgente de voltar ao trabalho porque os indivíduos

recebem uma compensação de renda durante a licença por doença

(VELZEN et al., 2009).

O tipo de ocupação dos participantes também demonstrou ser

um preditor do retorno ao trabalho remunerado. Ter uma ocupação

tipo colarinho branco resultou em uma probabilidade quatro vezes

maior de retornar ao trabalho. Esses resultados corroboram com os

de estudos prévios (HOWARD et al., 1985; SAEKI et al.,2010;

WOZNIAK et al., 1999), sugerindo que as pessoas empregadas em

trabalhos de colarinho branco são mais propensas a retornarem ao

trabalho . Estes indivíduos podem estar mais aptos a encontrar

empregos que requerem menos habilidades motoras, com horários

mais flexíveis (BONNER et al., 2016).

Retornar ao trabalho é uma das maiores restrições

sociais e preocupações após AVE, não apenas por razões

financeiras, mas por ajudar na reconstrução da confiança,

recuperação de independência e redução do estigma social

relacionado à doença. A maioria dos estudos que investigou os

fatores relacionados ao retorno ao trabalho pós-AVE foi realizado em

países desenvolvidos (EDWARDS et al., 2018).Poucos estudos

foram realizados em países com economia em desenvolvimento,

sendo que não foi encontrado nenhum estudo sobre essa temática

no Brasil( BUDIMKIC et al., 2016 BONNER et al., 2016, CHANG

et al., 2016 NTSIEA et al., 2015)

46

Em geral, os estudos sugerem aumento das taxas de retorno

ao trabalho ao longo do tempo, pelo menos dois a quatro anos pós-

AVE (EDWARDS et al., 2018). A especificidade do trabalho humano,

fatores socioeconômicos, geográficos e culturais podem explicar a

variabilidade nos resultados entre os estudos. Estudos realizados

em países em desenvolvimento, como o Brasil, reportaram taxa de

retorno de 42% na Sérvia (BUDIMKIC et al., 2016), 53% na Índia

( BONNER et al., 2016), 60% na KOREA(CHANG et al., 2016) e

40% na África do Sul (NTSIEA et al., 2015). Entretanto, o tempo de

acompanhamento foi diferente entre os estudos, variando entre três

meses e três anos pós-AVE e dificultando a comparação entre os

resultados.

Finalmente, o nível de incapacidade avaliado no terceiro mês

pós-AVE foi um importante preditor, sugerindo que os participantes

que eram independentes tinham uma probabilidade 10,6 vezes

maior de retornarem ao trabalho. A incapacidade representa um

grande desafio para a família e para a sociedade e diz respeito às

limitações específicas ao desempenho individual de papéis e de

tarefas socialmente definidas, dentro de um ambiente sociocultural e

físico. Estão envolvidas as atividades básicas e instrumentais de

vida diária, os papéis no trabalho e os papéis envolvidos com o

exercício de atividades de lazer.

Os dados do presente estudo concordam com os resultados

do estudo de Bonner et al. 2016, onde 52% dos sobreviventes de

AVE, anteriormente empregados e com incapacidade moderada e

leve, foram capazes de retornar ao trabalho na Índia. Verificou-se

que no emprego profissional ou empresarial, menores escores da

Escala Modificada de Rankin três meses pós-AVE foram associados

a um retorno ao trabalho bem sucedido. A incapacidade

/dependência mostrou ser um determinante importante na decisão

de um indivíduo retornar ao trabalho. Um estudo no Japão com 335

indivíduos que investigou os fatores clínicos, funcionais e

ocupacionais associados ao retorno precoce ao trabalho,

demonstrou que 30% dos indivíduos retornaram ao trabalho em até

47

um mês após AVE; 70% dos indivíduos considerados independentes

na alta hospitalar retornaram mais cedo ao trabalho e apenas 3%

daqueles considerados dependentes conseguiram retornar

precocemente (ENDO et al., 2016). Neste sentido, parece haver uma

relação entre a independência funcional do indivíduo e o seu retorno

ao trabalho pós-AVE. Além disso, estudos prévios sugeriram que a

interação entre a capacidade para o trabalho, independência

funcional e experiências iniciais no momento do retorno ao trabalho

podem determinar o retorno ao trabalho (HANNERZ et al., 2012).

No presente estudo, apesar da depressão ter demonstrado

ser preditora de retorno ao trabalho na análise univariada, com uma

odds ratio de 4, esta variável não se manteve no modelo de

regressão na análise multivariada, possivelmente pela sua

associação com o grau de incapacidade. A depressão é uma

complicação muito frequente pós-AVE, de etiologia multifatorial, que

está associada ao aumento da mortalidade, maior prejuízo no

funcionamento físico e da linguagem, hospitalização mais

prolongada e redução da qualidade de vida (BUSCH et al., 2009).

Alguns indivíduos, pelo fato de apresentarem deficiências motoras,

cognitivas e emocionais, podem apresentar limitações para o

desempenho de suas atividades profissionais.

É importante ressaltar que nenhuma das variáveis sócio -

demográficas, isto é, idade, sexo, estado civil e escolaridade,

interferiram no retorno ao trabalho remunerado. No presente estudo,

a média de idade de retorno foi de 56 anos. Em um estudo realizado

na Coréia, a taxa de retorno ao trabalho foi maior em indivíduos do

sexo masculino com menos de 65 anos, enquanto a taxa de retorno

ao trabalho em indivíduos do sexo feminino com menos de 65 anos

foi semelhante à de indivíduos do sexo masculino com 65 anos de

idade ou mais (CHANG et al., 2016). As características culturais da

Coréia, em que os homens em idade produtiva têm

responsabilidades de gerar renda e apoiar os membros da família,

podem justificar os resultados. O efeito do sexo sobre o retorno ao

48

trabalho também foi estudado na Austrália, onde o impacto da

doença anterior é mais pronunciado sobre a aposentadoria de saúde

em mulheres do que homens (PARADISE et al., 2012). No entanto,

no presente estudo, as variáveis, sexo e idade não interferiram no

retorno ao trabalho. A taxa de retorno ao trabalho de homens foi

maior do que das mulheres,possivelmente pelo fato da amostra ter

sido constituída por mais indivíduos do sexo masculino.

Historicamente, diferentes papeis sociais são atribuídos: aos

homens, poderes financeiros e político determinando o provedor

do lar, às mulheres destina-se o cuidado familiar e poder

doméstico. As mulheres em atividades profissionais idênticas as dos

homens, quando sem instrução, recebem em média, 32,2% a menos

que os homens e aquelas com curso superior completo ganham

39,5% a menos que os homens. A menor participação da mulher na

força de trabalho pode ser explicada pela necessidade de

remuneração adequada para subsidiar os gastos com a

infraestrutura doméstica quando da sua ausência. (BRUSCHINI et

al., 2000) (BRUSCHINI et al., 2007), (FONSECA et al., 2012)

O status de trabalho do parceiro foi um preditor do retorno ao

trabalho pós- AVE, a necessidade de trabalhar tanto pela renda

como por outros benefícios associados ao papel de trabalhador e o

desejo por parte do sexo masculino, de permanecer no papel de

provedor pelo maior tempo possível (SCHULZ et al.,2017)

Uma possível limitação do presente estudo refere-se ao curto

período de acompanhamento de seis meses. É documentado que a

taxa de retorno ao trabalho pode aumentar ao longo do tempo

(EDWARDS et al., 2018). Entretanto, este é o primeiro estudo

realizado no Brasil, sobre retorno ao trabalho pós AVE, estudos

futuros devem avaliar a taxa de retorno ao trabalho por um período

maior de acompanhamento. Em adição a esses achados se aplicam

participantes oriundos de hospitais públicos, cujo perfil pode ser bem

diferente daqueles atendidos em hospitais particulares e outros

fatores podem emergir como determinantes para o retorno ao

49

trabalho.

Os indivíduos pós AVE, que precisam de intervenção para

retornar ao trabalho, devem ter capacidade funcional mensurada

com esse foco, em todos os ambientes clínicos (NTSIEA et al,

2012). Quando essa realidade inexiste, os serviços de avaliação

para elegibilidade de subsídios por invalidez, têm listas de espera

muito longas, por sobrecarga de trabalho (COETZEE et al, 2011). Os

indivíduos com sequelas de AVE são muitas vezes forçados a

aposentaria precoce em razão da percepção de que a pessoa é

incapaz de realizar as atividades profissionais, por parte, do

empregador e/ou do prestador de serviços de saúde. (ALASZEWSKI

et al, 2007).

Tem sido reportado que trabalhadores de alta renda e

homens mais velhos foram mais propensos a retornar ao trabalho

(79,9%) em comparação com o grupo de baixa renda (69,9%)

(GLADER et al, 2016). Em adição, Brey et al, 2015 sugerem que

indivíduos de baixo nível socioeconômico têm mais dificuldade em

retornar para ao trabalho pós AVE.Maior retorno ao trabalho de

pessoas com classe social mais alta pode estar relacionado a

possibilidade de receber assistência médica de ponta e auto

financiar os serviços privados (TRIGGED et al, 2011).

Em conclusão, os resultados do presente estudo

demonstraram a taxa de retorno ao trabalho remunerado de

indivíduos avaliados nos quatro hospitais públicos, de Belo horizonte

que possuem unidades de referência estruturadas para o tratamento

de AVE e os que retornaram ao trabalho dentro de seis meses pós-

AVE apresentavam uma média de idade de 56 anos, todos eram

independentes e a maioria não apresentava sintomas depressivos.

Entretanto, o nível de independência funcional demonstrou ser o

preditor mais robusto para o retorno ao trabalho pós-AVE.

Considerando que essa variável pode ser modificável com

programas de reabilitação precoce, esses achados podem contribuir

para a formulação, sistematização de políticas de saúde e

orientação da prática clínica para o retorno ao trabalho. Estudos

50

futuros devem avaliar se uma redução do nível de incapacidade

resulta em maiores taxas de retorno ao trabalho pós-AVE.

Sugerimos, para que seja alcançado êxito no atendimento a

pessoa com sequelas de AVE, a construção e o desenvolvimento de

protocolos subdivididos, em: atendimento clinico, reabilitação

funcional e manutenção da vida social e doméstica. Por fim ,

entendemos ser importante que se dê outro foco para o retorno as

atividades profissionais, que devem ser oferecidas em programas

voltados especificamente para essa população em centros de

reabilitação, de forma sistêmica e contigua à alta hospitalar .

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente estudo foi estimar a taxa de retorno ao

trabalho remunerado de indivíduos pós-AVE no Brasil identificar os

fatores preditores deste retorno dentro de seis meses pós-AVE. Os

resultados poderão fornecer maior visibilidade sobre esta condição

de saúde e favorecer a compreensão do reflexo desses fatores no

contexto da participação social destes indivíduos. Dessa forma, esse

estudo está de acordo com a linha de pesquisa de “Estudos em

Reabilitação Neurológica no Adulto” do Programa de Pós-

Graduação em Ciências da Reabilitação da UFMG.

Os resultados permitiram estimar a taxa de retorno ao

trabalho remunerado de indivíduos pós-AVE no Brasil e 3 e 6 meses

após AVE e comparar os dados obtidos com de outros estudos

conduzidos em países desenvolvidos e em desenvolvimento. A

identificação dos fatores preditores do retorno ao trabalho

remunerado nesta população poderá auxiliar na formulação e

sistematização de políticas de saúde e na orientação da prática

clínica para o retorno ao trabalho de indivíduos pós-AVE. Dentre as

variáveis preditoras, apenas o nível de independência funcional pode

ser modificado pós-AVE através dos atendimentos reabilitadores.

51

Esse estudo alude à importância da reabilitação neurofuncional para

melhora da independência visando o aumento da probabilidade de

retorno ao trabalho pós- AVE.

Estudos futuros devem investigar se uma redução no nível de

incapacidade resulta em maiores taxas de retorno ao trabalho

remunerado pós-AVE.

52

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64

Anexos e Apêndices

Apêndice 1

Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG- COEP

65

Apêndice 2

Carta de Anuência do Hospital Odilon Behrens

66

Apêndice 3

Carta de Anuência do Hospital Tolentino Risoleta Neves

67

68

69

70

Apêndice 4

Carta de Anuência do Hospital das clinicas da UFMG

71

Apêndice 5

Carta de Anuência da Santa Casa de Misericórdia

72

73

74

ANEXO A

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

PESQUISADORES RESPONSÁVEIS Professora Tânia Lúcia Hirochi, M.Sc.

(31) 3409-4789 Professora Aline Alvim Scianni, Ph.D. (31) 3409-4791 Professor Lucas Rodrigues Nascimento, Ph.D. (31) 3409-4783

Orientadora: Professora Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela, Ph.D.

(31) 3409-4783

TÍTULO DO PROJETO

PREDITORES DO RETORNO AO TRABALHO PÓS-ACIDENTE VASCULAR

ENCEFÁLICO

INFORMAÇÕES

Você está sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa a ser

desenvolvido no Departamento de Fisioterapia da Escola de Educação Física,

Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais,

para avaliar a quantidade de pessoas que voltam a trabalhar após sofrer um

Acidente Vascular Encefálico (derrame) e quais os fatores do dia-dia

influenciam essa volta. É uma pesquisa a ser conduzida para coletar dados

75

de, aproximadamente, 120 pessoas que sofreram derrame e voltaram a

trabalhar.

Endereço: Departamento de Fisioterapia: Avenida Antônio Carlos, 6627, 3o

andar – Campus Pampulha - Belo Horizonte – Minas Gerais - CEP: 31270-

901 - Telefone: (31) 3409-4783.

PROCEDIMENTOS

Este estudo irá avaliar se você voltou a trabalhar após o derrame e quais

razões que motivaram seu retorno ao trabalho. Caso você concorde em

participar do estudo, iremos, neste momento, apenas registrar seu interesse,

seu nome e seus números de telefone para entrarmos em contato em até 28

dias.

No período de um ano, você irá receber quatro telefonemas (após 28 dias,

após três meses, após seis meses e após doze meses) para que você possa

responder se em algum desses momentos você voltou a realizar algum tipo

de trabalho remunerado. Nesses contatos por telefone, iremos também fazer

perguntas utilizando um questionário e testes de memória para saber sobre

seus dados familiares, econômicos e sobre sua saúde. Caso você não

consiga responder a essas perguntas por telefone, uma pessoa próxima a

você poderá respondê-las. Todos os telefonemas serão realizados por

assistentes de pesquisas (alunos ou profissionais da área de Fisioterapia e

Terapia Ocupacional) da Universidade Federal de Minas Gerais.

CONFIDENCIALIDADE E USO DA INFORMAÇÃO

Para manter a confidencialidade dos seus registros, o pesquisador que fizer a

ligação para sua casa, colocará uma identificação numérica no seu

questionário, sendo que apenas os responsáveis pelo estudo terão

conhecimento do nome correspondente a esta identificação, ou seja, sua

identidade não será revelada. Seus dados serão apresentados em relatórios

76

estatísticos agrupados, sem qualquer identificação individual. Os dados serão

armazenados sob cuidado e manejo restrito aos pesquisadores responsáveis,

para uso exclusivo desta pesquisa, com guarda em local apropriado no

Departamento de Fisioterapia da UFMG por cinco anos, após o qual serão

descartados.

RISCOS E DESCONFORTOS

Os testes e procedimentos adotados não apresentam riscos específicos além

daqueles presentes no seu dia-a-dia. Os procedimentos adotados nesta

pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos

conforme Resolução no. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e nenhum

dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade. Se ocorrer de você

se sentir desconfortável para responder a alguma pergunta, você tem o direito

garantido de não respondê-la.

BENEFÍCIOS

Você não receberá nenhuma forma de pagamento pela participação no

estudo, mas também não terá nenhum gasto adicional. Embora a informação

coletada neste estudo possa não beneficiar você diretamente, os resultados

podem ajudar os profissionais envolvidos com pessoas que sofreram derrame

a conhecer os fatores que podem interferir no processo de retorno ao

trabalho. Uma maior compreensão desses fatores poderá ajudar esses

profissionais a planejarem ações de maior impacto social durante o

tratamento de pessoas com derrame.

NATUREZA VOLUNTÁRIA DO ESTUDO / LIBERDADE PARA SE RETIRAR

A sua participação no estudo é voluntária e você tem o direito de não

participar ou de se retirar por qualquer motivo e a qualquer momento, sem

necessidade de justificativa. Você não terá qualquer tipo de prejuízo caso

você se recuse ou desista de participar dessa pesquisa.

77

Depois de ter lido as informações acima, se for de sua vontade

participar, por favor, preencha o consentimento abaixo.

DECLARAÇÃO E ASSINATURA

Eu,

li e entendi toda a informação repassada sobre o estudo, sendo que os objetivos, procedimentos e linguagem técnica satisfatoriamente explicados. Tive tempo suficiente, para considerar as informações acima e tive a oportunidade de tirar todas as minhas dúvidas. Estou assinando este termo voluntariamente e tenho direito de agora, ou mais tarde, discutir qualquer dúvida que venha a ter com relação à pesquisa com:

Professora Tânia Lúcia Hirochi, M.Sc. (31) 3409-4789 Professora Aline Alvim Scianni, Ph.D. (31) 3409-4791 Professor Lucas Rodrigues Nascimento, Ph.D. (31) 3409-4783 Professora Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela, Ph.D. (31) 3409-4783

Assinando este termo de consentimento, eu estou indicando que eu concordo

em participar deste estudo.

Assinatura do Participante Data

Assinatura do Acompanhante Data

Assinatura do Pesquisador Responsável Data

Comitê de Ética em Pesquisa / UFMG: Av. Presidente Antônio Carlos, 6627

– Unidade Administrativa II - 2º andar – Sala 2005. CEP: 31270-901 – BH –

MGTelefax: (31) 3409-4592 E-mail: [email protected]

78

ANEXO B

Braztel-MMSE

79

PERFIL CLÍNICO SOCIO-DEMOGRÁFICO DE

RETORNO AO TRABALHO PÓS-ACIDENTE

VASCULAR ENCEFÁLICO

APÊNDICE 6

Questionário para coleta dos dados clínico, social e demográfico

FICHA DE AVALIAÇÃO

DATA Entrevista:

1. DADOS DEMOGRÁFICOS

Nome: Sexo: Telefone:

Endereço:

Data de Nascimento: Idade (anos): Naturalidade:

Estado civil: mora com:

Número de filhos

Qual a raça auto intitulada:( ) Asiático ( ) Branco ( ) Negro ( ) Mulato ( ) Pardo

( )Indígena

Escolaridade - Qual o nível de escolaridade mais alto

1 - Sem estudo formal 2 – Fundamental incompleto 3 – Fundamental completo 4 - Médio

incompleto 5 – Médio completam 6 - Técnico incompleto 7 - Técnico completo 8 - Superior

incompleto 9 – Superior completo 10 – Pós-graduado

Endereço e telefone de familiar próximo: ( ) -

Endereço e Telefone de vizinho ou outro familiar: ( ) -

Nome do acompanhante: Telefone: ( ) -

Grau de parentesco desse acompanhante:

Endereço:

Nível de escolaridade do acompanhante 1 - Sem estudo formal 2 – Fundamental

incompleto 3 – Fundamental completo 4 - Médio incompleto 5 – Médio completo 6 - Técnico

incompleto 7 - Técnico completo 8 - Superior incompleto 9 – Superior completo 10 – Pós-

graduado

TRABALHO - Qual o principal trabalho nos últimos 12 meses

1 – Funcionário publica 2 - Funcionários de empresa privada 3 – Trabalho autônomo 4 –

Trabalhos informais 5 – Desempregado 8 - outro

80

Ocupação:

Renda individual mensal:

Renda familiar total mensal:

2. DADOS CLÍNICOS GERAIS (Histórico pré-AVE)

Uso de medicamentos: Descrição:

Doenças associadas: Descrição:

Consumo de cigarros: Consumo de álcool:

Outras incapacidades:

3. DADOS DE TRABALHO (pré- AVE)

Ocupação (maior tempo da vida):

Ocupação mais recente:

Duração do último trabalho:

Renda principal:

Trabalho independente (negócio próprio):

Horas de trabalho (remunerado):

Meio de transporte ao trabalho:

Habilitado para direção:

4. DADOS CLÍNICOS GERAIS (Histórico pós-AVE)

Data em que ocorreu o AVE: / /

Data da Admissão no hospital: / /

Tipo AVE: ( ) Isquêmico ( ) Hemorrágico Primeiro AVE ( ) Segundo AVE ( ) outro ( ) Dominância previa ( ) Direita ( ) Esquerda

Horário: /

Lado da seqüela: ( ) D ( )E ( ) sem seqüela Seqüela: ( ) motora ( ) sensitiva ( ) perceptual ( ) outra

Primeiro AVE ( ) sim

( ) não quantos AVEs, já ocorreram

Uso de medicamentos: () sim () não

Nome dos medicamentos:

Doenças associadas: Descrição:

Você bebe ( Alcoolismo) Raramente / nunca

( ) 1/3 doses mês ( ) 1 dose por semana ( ) 2/4 doses por semana

( ) 5/6 doses por semana ( ) Diariamente

81

Caso beba diariamente. Quantas doses

Você Fuma (Tabagismo) ( ) Sim Quantos maços/cigarros por dia? ( )Não

( ) Se ex fumante. Quanto tempo fumou? Quantos maços/cigarros por dia

5. DADOS DE TRABALHO (pós-AVE)

Deseja retornar ao trabalho: ( ) sim ( ) não

Retornou ao trabalho (tempo parcial ou tempo integral):

Retornou ao trabalho (mesmas condições, condições modificadas):

Horas de trabalho (remunerado):

Meio de transporte ao trabalho:

Habilitado para direção:

Orientado para não dirigir pós-AVE:

6. SITUAÇÃO ECONÔMICA (pré-AVE)

Qual a renda familiar

1 – Por semana 2 - por mês 3 – por ano 4 – informações negadas

Qual a sua contribuição para a composição da renda

1 – 100% 2 – 75% 3- 50 % 4 – menos de 40 %

Quantas pessoas contribuem para renda familiar :

Quantas pessoas moram na casa:

Dependente de outro membro da família:

Recebia assistência financeira ( ) não ( ) sim

Recebia benefício do governo ( ) não ( ) sim Qual?:

Possui Plano de saúde: ( ) sim ( ) não Qual ?

Renda familiar mensal:

7. SITUAÇÃO ECONÔMICA (pós-AVE)

Dependente de outro membro da família:

Recebe assistência financeira para cobrir gastos:

Recebe benefício do governo:

Renda Familiar mensal:

Qual a sua contribuição para a Renda familiar:

Possui Plano de Saúde: ( ) Sim ( ) Não

82

8 . Variáveis pós-AVE

Entrevistador

Paciente

28 dias

Data

/ /

3 meses

Data

/ /

6 meses

Data

/ /

HAD ( Depressão)

Escala Modificada de Rankin

(nível de independência)

Minimental

(cognição)

telefone

Você passou pela Perícia do

INSS Sim Não

Você recebe auxilio do INSS.

Sim Não

Qual auxílio B31

Você está em tratamento de

Reabilitação. Sim não

Onde

Você está na fila de espera

desde quando

Quais serviços frequenta

Fisioterapia Fonoaudióloga

Terapia Ocupacional ,

Reabilitação INSS

Retornou ao trabalho sim

data / /

não

Qual trabalho ? anterior ao

83

AVE ou Novo trabalho

Qual atividade desempenha

a mesma anterior ao AVE

outra diferente e qual é ?

Recebe assistência

financeira

Qual ?

84

ANEXO C

Modified Rankin Scale

85

ANEXO D

Hospital Anxiety and Depression Scale – Sub-escala de Depressão

Este questionário foi desenvolvido para ajudar a saber como você se sente. Pedimos- lhe que leia cada uma das perguntas e faça uma cruz (X) no espaço anterior à resposta que melhor descreve a forma como se tem sentido na última semana. Não demore muito tempo pensando nas respostas. A sua reação imediata a cada questão será provavelmente mais correta do que uma resposta muito ponderada. Por favor, faça apenas uma cruz em cada pergunta.

1. Sinto-me mais lento/a, como se fizesse as coisas mais devagar:

(3) quase sempre (2) Muitas vezes (1) por vezes (0) nunca

2. Ainda sinto prazer nas coisas de que costumava gostar:

(0) Quase sempre (1) Muitas vezes (2) Por vezes (3) Nunca

3. Perdi o interesse em cuidar do meu aspecto físico:

(3) Completamente (2) Não dou a atenção que devia

(1) Talvez cuide menos que antes (0) Tenho o mesmo interesse de sempre

4. Sou capaz de rir e ver o lado divertido das coisas:

(0) Tanto com antes (1) Não tanto como antes (2) Muito menos agora (3) Nunca

5. Penso com prazer nas coisas que podem acontecer no futuro:

(0) Tanto como antes (1) Não tanto como antes

(2) Bastante menos agora (3) Quase nunca

6. Sinto-me animado/a:

(3) nunca (2) Poucas vezes (1) De vez em quando (0) quase sempre

7. Sou capaz de apreciar um bom livro ou um programa de rádio ou televisão:

(0) Muitas vezes (1) De vez em quando (2) Poucas vezes (3) quase nunca

86

Apêndice 7

MINI CURRICULUM VITAE DO DISCENTE

Dados pessoais Tania Lucia hirochi

Nascimento: 08/07/1956 São Paulo - Brasil Formação acadêmica/titulação

Doutorado - Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Belo Horizonte, Brasil Título: Preditores de retorno ao Trabalho pos AVE em fase de conclusão

2008 - 2010 Mestrado Profissional em Ciências Médicas.

Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, Brasil

Título: Trajetoria dos trabalhadores no CEREST do município

Betim – MG., Ano de obtenção: 2010

Orientador: Profa. Dra. Zélia Zilda Lourenço de Camargo Bittencou

1983 - 1983 Especialização em Educação Em Saúde Pública.

Instituo de Pesquisas Hospitalares, IPH, Brasil

1978 - 1981 Graduação em Terapia Ocupacional.

Pontifícia Universidade Católica de Campinas, PUC Campinas,

Campinas, Brasil

Título: Estimulação Precoce do Portador de sindrome de Down.

Orientador: Ruth Yossiko

Atuação profissional

- Atual Enquadramento funcional: Professor Assitente 1 Dedicação exclusiva

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG1987

1984 - 1987 Vínculo: Celetista , Enquadramento funcional: terapeuta

Ocupacional , Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo - HCL-USP

- 1984 Vínculo: Celetista , Enquadramento funcional: Terapeuta ocupacional ,

Associação de Assistência a Criança Defeituosa - AACD1982

PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA NO PERÍODO DO DOUTORADO

87

4. Polese JC, Pinheiro MB, Machado GC, Faria CDCM, Hirochi TL, Teixeira-

Salmela LF. Chronic hemiparetic dubjects with higher physical activity levels

report better quality of life. Revista de Neurociências, 22:221-226, 2014.

5. Pinheiro MB, Polese JC, Machado GC, Scianni AA, Hirochi TL, Teixeira-

Salmela LF. Análise do equilíbrio durante o movimento de sentado para de pé

em hemiparéticos crônicos divididos pelo nível funcional. Terapia Manual,

12:656-670, 2014.

6. Avelino PR, Menezes KKP, Cesinando AC, Hirochi TL, Teixeira-Salmela

LF. Revisão das propriedades psicométricas de testes de coordenação

motora dos membros superiores em hemiparéticos. Revista de Terapia

Ocupacional da Universidade de São Paulo, 24: 273-280, 2014.

Um artigo relacionado à tese, intitulado: Retorno ao trabalho de indivíduos

pós- Acidente Cerebral: Características sóciodemográficas e clínicas foi submetido à

Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, no dia 03/04/2018 e

encontra-se em processo de revisão.