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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS IZIS FERNANDES PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNO NO DEPARTAMENTO PESSOAL São José 2011

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO … · para percepção das rotinas trabalhistas, e apresentar precauções a serem seguidas, tornando o departamento confiável. 12

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

IZIS FERNANDES

PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNO NO DEPARTAMENTO PESSOAL

São José

2011

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

IZIS FERNANDES

PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNO NO DEPARTAMENTO PESSOAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis, do Centro Universitário Municipal de São José – USJ. Orientador: Prof. Dr. Edson Telê Campos

São José

2011

IZIS FERNANDES

PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNO NO DEPARTAMENTO PESSOAL

Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis do Centro Universitário Municipal de São José – USJ avaliado pela seguinte banca examinadora:

_______________________________ Professor Edson Telê Campos, Dr.

Orientador

________________________________ Professor Ednaldo Villela, MSc.

Membro Examinador

________________________________ Professora Stela Bueno, Esp.

Membro Examinador

São José, 06 de dezembro de 2011.

Dedico este trabalho a Mario e Alair, meus pais, exemplos de fé e responsabilidade.

A Luis Gustavo, meu esposo, por sua paciência e apoio. E também a todas as pessoas que me auxiliaram nessa

longa e árdua, porém glorificante caminhada.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por me permitir viver essa realização, por

me iluminar, proteger e dar coragem.

A Mario e Alair, meus pais, que dedicaram alguns momentos de seus dias

para me levar a faculdade e após as aulas irem novamente até lá me buscar,

sempre com boa vontade, e paciência. Que me educaram, me mostraram que o

caminho a seguir é o da honestidade sempre com muita responsabilidade e que são

meus exemplos a seguir por toda a vida.

Ao Gustavo, meu marido, que sempre me apoiou, teve calma para me

acompanhar nesses quatro anos de batalha, sempre com atitudes de incentivo e

palavras de perseverança.

Aos amigos que conquistei na faculdade, principalmente, Grazi e Léia que nos

momentos de dúvidas e incerteza me deram vários conselhos para que eu

prosseguisse na faculdade, que me davam “puxões de orelha” quando eu faltava

aula. Que também foram essenciais para a finalização desta fase tão importante do

curso, que é este trabalho. Foram elas que estiveram comigo em cada finalização de

conteúdo e que me fizeram ter a certeza de juntas chegaríamos ao final firmes e

fortes.

Ao Professor Edson Telê, meu orientador, por sua ajuda, por compartilhar sua

sabedoria e até mesmo pelas palavras duras, mas que me fizeram muitas vezes

enxergar os pontos importantes.

E aos demais professores que dedicaram seu tempo para ensinar e passar

suas experiências.

Enfim, muito obrigada a todos os que estiveram ao meu lado ao longo de

minha jornada acadêmica.

Nunca, jamais desanimeis, embora venham ventos contrários.

Santa Paulina

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RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido através de alguns procedimentos de controle interno no departamento pessoal, para prevenir as empresas de reclamatórias trabalhistas e prejuízos referentes a possíveis falhas. Para isso se fez necessário o uso de referências bibliográficas como livros e artigos que abordaram conceitos de direito do trabalho, os principais elementos das relações trabalhistas, os direitos individuais e coletivos dos empregados, utilizado igualmente os conceitos de controle interno e suas fases, ambos com o objetivo de proporcionar uma fundamentação objetiva do assunto abordado. Com esse embasamento foi possível analisar os dados e identificar as prática relacionadas às relações trabalhistas e desenvolver alguns procedimentos de controles internos nos processos pertinentes em todas as fases dos empregados na empresa, que vão a partir da admissão, acometendo os processos intermediários a essa relação de trabalho e finalizando no desligamento, aperfeiçoando assim as atividades do departamento pessoal e evitando falhas e prejuízos as empresas.

Palavras-chave: Relações trabalhistas. Controle interno. Departamento pessoal.

16

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Processo de Controle.................................................................................36

Figura 2: CTPS – Contrato de Trabalho....................................................................44

Figura 3: CTPS – Anotações Gerais .........................................................................45

Figura 4: CTPS - Alteração de salário.......................................................................47

LISTA DOS QUADROS Quadro 1: Poderes do Empregador ..........................................................................17

Quadro 2: Diferenças de Suspensão e Interrupção ..................................................23

Quadro 3: Graus de Insalubridade ............................................................................26

Quadro 4: Extinções do contrato de trabalho ............................................................32

Quadro 5: Fases do Controle Interno ........................................................................35

Quadro 6: Tipos de Controle Interno .........................................................................37

Quadro 7: Documentos para admissão.....................................................................41

Quadro 8: Solicitação de aumento salarial ................................................................46

Quadro 9: Cartão Ponto. ...........................................................................................48

Quadro 10: Declaração de Vale Transporte..............................................................50

Quadro 11: Controle de vale transporte ....................................................................51

Quadro 12: Termo de Responsabilidade de Salário-Família.....................................52

Quadro 13: Previsão de férias...................................................................................53

Quadro 14: Férias em dobro .....................................................................................54

Quadro 15: Faltas Injustificadas e as férias ..............................................................54

Quadro 16: Controle de Faltas ..................................................................................55

Quadro 17: Proporcionais de 13º salário...................................................................56

Quadro 18: Controle do Término do Contrato Experiência .......................................56

Quadro 19: Prazo de guarda dos documentos trabalhistas ......................................58

17

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10

2 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................11

3 PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS..........................................................................12

3.1 OBJETIVOS ........................................................................................................12

3.1.1 Objetivo geral .................................................................................................12

3.1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................12

4 DIREITO TRABALHISTA .....................................................................................13

4.1 BREVE HISTÓRICO ...........................................................................................13

4.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO ........................................................14

4.3 RELAÇÕES DE TRABALHO ...............................................................................16

4.3.1 empregador.....................................................................................................16

4.3.2 empregado......................................................................................................18

4.4 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO ..............................................................19

4.4.1 Contrato individual do trabalho ....................................................................19

4.4.2 Remuneração x Salário..................................................................................20

4.4.3 Jornada de trabalho .......................................................................................22

4.4.4 Suspensão e interrupção do contrato de trabalho......................................23

4.4.5 Trabalho do menor aprendiz e do adolescente ...........................................25

4.4.6 Segurança e medicina do trabalho ...............................................................25

4.4.7 Fundo de garantia do tempo de serviço – FGTS .........................................27

4.4.8 Extinção do contrato de trabalho .................................................................27

4.5 DIREITO COLETIVO DO TRABALHO ................................................................32

5 CONTROLE INTERNO ..........................................................................................34

6 METODOLOGIA ....................................................................................................39

6.1 MODALIDADE DA PESQUISA ............................................................................39

6.2 COLETA DE DADOS ...........................................................................................40

6.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO ...........................................................................40

7 PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNO NO DEPARTAMENTO PESSOAL

..................................................................................................................................41

7.1 ADMISSÃO E CONTRATO DE TRABALHO........................................................41

7.2 FOLHA DE PAGAMENTO ..................................................................................45

18

7.2.1 Aumento salarial ............................................................................................46

7.2.2 Horas extras e faltas ......................................................................................47

7.2.3 Beneficio de vale transporte .........................................................................49

7.2.4 Salário família .................................................................................................51

7.3 FÉRIAS................................................................................................................53

7.4 13º SALÁRIO .......................................................................................................55

7.5 CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ...................................................56

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................60

9 REFERÊNCIAS......................................................................................................62

10

1 INTRODUÇÃO

As empresas, atuantes nos mais variados ramos, buscam sempre a

excelência na execução dos serviços prestados e procuram oferecer aos clientes

bom atendimento e qualidade. Para realizar essas tarefas, as empresas contam com

a ajuda de trabalhadores, que para desempenhar essas funções são contratados e

remunerados com o que lhes é de direito.

A área da empresa responsável por conduzir esses empregados é o

Departamento Pessoal. Esse departamento coordena todas as funções relacionadas

ao processo das relações trabalhistas com embasamento no direito do trabalho.

O direito do trabalho é o elemento especializado nas relações de trabalho,

individuais e coletivas, originado dos conflitos entre o capital e o trabalho. (MARTINS

FILHO; MARQUES, 2005). Esta área do direito aborda as obrigações, direitos e

deveres do empregador e do empregado.

Mesmo sendo um departamento de grande importância, muitas vezes, não é

controlado com a devida atenção, provavelmente, por não evidenciar nos resultados

financeiros da empresa. E algumas consequências dessa falta de atenção são as

ações trabalhistas que geram desgastes e prejuízos para empresa.

Contudo, existe uma maneira de solucionar ou prevenir esse tipo de problema.

Trata-se de alguns procedimentos de Controle Interno no Departamento Pessoal.

Esta é uma atividade de grande importância, pois qualquer empresa deve preservar-

se de complicações trabalhistas e previdenciárias e evitar prejuízos desnecessários.

A expressão controlar traz sempre a ideia central de verificação e disciplina

do exercício das atividades. Segundo Lunkes e Schnorrenberger (2009, p. 80),

“Controles internos são processos desenvolvidos para assegurar a confiabilidade

das informações, o cumprimento das leis e regulamentos e trazer efetividade,

eficiência e economia as operações”.

O Controle interno representa em uma organização o conjunto de

procedimentos ou rotinas com o objetivo principal de ajudar a administração na

condução ordenada dos negócios da empresa.

Nesta pesquisa serão demonstrados alguns procedimentos de controle

interno aplicado desde o ingresso do empregado na empresa, sua constância até

seu desligamento.

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2 JUSTIFICATIVA

O departamento pessoal é o encarregado pelos procedimentos na admissão e

demissão do empregado dentro das normas trabalhistas vigorantes no país, porém

seu papel não se conclui apenas nestes dois fatores. Outra prática fundamental é

relativa ao controle dos procedimentos pertinentes aos cálculos dos salários,

impostos, benefícios e outros adicionais previstos em contrato e na legislação,

abrangendo sucessiva atualização das leis trabalhistas e outras específicas.

O departamento pessoal precisa estar continuamente atualizado as

modificações sucedidas na área, para avisar e efetuar as alterações cabíveis com

rapidez e perfeição.

Esta atividade desenvolvida necessita de muita atenção e dedicação, devem

ser adotadas precauções, como comprovações através de recibos devidamente

assinados e datados pelos empregados, referentes aos valores pagos relativos a

salários, férias, rescisões, servindo como garantia a empresa para comprovações

futuras perante os vários segmentos da Justiça do trabalho, sindicatos, entre outros.

Deverá se precaver também delineado alguns processos de controle que impeçam

esquecimentos ou erros nesses procedimentos. O propósito de controlar algo indica

a garantia de que o projeto será bem realizado e que os objetivos almejados sejam

alcançados.

Para Figueiredo; Caggiano (1993, p. 27) “Um pré-requisito para o

desempenho satisfatório da função de controle é um eficiente sistema de

informações que revele a necessidade de ações corretivas [...]”.

Em vista disso, considera-se necessário conhecer os assuntos relacionados

as relações trabalhistas, aprofundar-se nas leis pertinentes, a fim de conhecer

detalhes que são primordiais para o bom desenvolvimento e controle do

departamento pessoal.

Assim, a pesquisa se justifica por demonstrar alguns procedimentos de

controle interno no departamento pessoal, com intuito de preservar os ativos da

empresa, evitando despesas e prejuízos inesperados. Este trabalho é destinado

para empresas, acadêmicos e demais interessados, com o propósito de colaborar

para percepção das rotinas trabalhistas, e apresentar precauções a serem seguidas,

tornando o departamento confiável.

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3 PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS

O responsável pelo Departamento Pessoal deve possuir vasto conhecimento

em seu campo de atuação e precisa estar sempre atento às mudanças decorrentes

de novas leis na área trabalhista e previdenciária. Pois cabe a ele estar apto a

esclarecer dúvidas pertinentes sempre que necessário.

Tendo conhecimento amplo poderá fazer um bom sistema de controle interno,

organizando e verificando com qualidade e transparência as rotinas trabalhistas.

Diante desse fato, questiona-se:

Como elaborar alguns procedimentos de controle interno no departamento

pessoal para prevenir prejuízos nas relações trabalhistas?

3.2 OBJETIVOS

3.2.1 Objetivo geral

Elaborar alguns procedimentos de controle interno no departamento pessoal

para prevenir prejuízos nas relações trabalhistas.

3.2.2 Objetivos Específicos

• Identificar alguns os procedimentos e documentos legais pertinentes a relação

trabalhista;

• Demonstrar como elaborar alguns processos de controle interno visando

minimizar os riscos de multas e prejuízos;

• Explanar alguns procedimentos de controle interno, relacionados a rotinas do

departamento pessoal.

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4 DIREITO TRABALHISTA

O direito trabalhista é de grande importância para resolver as problemáticas

entre as relações de trabalho. Com as normas pertinentes nesse ramo, discutem-se

os direitos e deveres do empregador e do empregado objetivando facilitar a

convivência entre ambos, formado por um conjunto de princípios, normas e

instituições, que visam estabelecer a ordem no âmbito das relações de trabalho e

relaciona empregador e empregado ao trabalho subordinado.

4.1 BREVE HISTÓRICO

O surgimento dos primeiros aspectos relacionados ao Direito do Trabalho

aconteceu durante a abolição da escravatura no Brasil em 1888. Delgado (2003, p.

105) cita: “Embora a Lei Áurea não tenha obviamente, qualquer caráter

justrabalhista, ela pode ser tomada, em certo sentido, como o marco inicial de

referência da Historia do Direito do Trabalho brasileiro”. A abolição da escravatura

deu início à evolução do Direito do Trabalho, mas o grande desenvolvimento

aconteceu por volta de 1935 com a concepção de Leis específicas ao trabalhador,

sendo que a solidificação delas ocorreu com a criação da CLT – Consolidação das

Leis do Trabalho, conforme descreve Nascimento (2008, p. 75)

[...] Foram reunidas as Leis sobre o direito individual do trabalho, o direito coletivo do trabalho e o direito processual do trabalho. “Surgiu, portanto, promulgado pelo Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, a Consolidação dos Direito do Trabalho – CLT [...]”

A CLT foi de grande valor para a história do direito trabalhista brasileiro, visto

que reunia as regras que protegem os trabalhadores, porém sua criação não seria o

congelamento dos direitos trabalhistas, pois surgiam novos decretos e leis que a

alteravam constantemente. Conforme cita Martins (2007, p. 10) “O objetivo da CLT

foi apenas reunir as leis esparsas existentes na época, consolidando-as. Não se

trata de um código, pois este pressupõe um Direito novo.”

Em 05 de outubro de 1988, surgiu a nova Constituição Federal, que alterou o

sistema jurídico de relações de trabalho. Com essa ação surgiram aspectos positivos,

14

como a melhora nas relações entre Sindicato dos Trabalhadores e o Estado, que

permitia a criação de entidades sindicais sem autorização prévia e com liberdade

para praticar as decisões tomadas, resultando na concepção de negociações

coletivas para resolver ações sobre as novas condições de trabalho (NASCIMENTO,

2008).

Com esses avanços as relações trabalhistas ficaram concretas e se adéquam

constantemente à realidade atual. Sempre surgem novos progressos nestas

relações, eles são inseridos na sociedade através de leis, decretos e portarias. E a

maioria deles facilita a vida dos trabalhadores e das empresas.

4.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

A palavra princípio apresenta a ideia de início, começo, ou ainda de raiz,

razão de algo. Traduz a informação de teorias fundamentais formadas na

consciência das pessoas e grupos sociais, que segue a captação, desenvolvimento

e recriação desse fato (DELGADO, 2003).

No direito do trabalho os princípios servem para integração das normas

trabalhistas, auxiliando na compreensão do sistema jurídico e os componentes do

direito, além de ser de extrema importância, pois ajudam a solucionar falhas ou

omissões nas lacunas da lei. Esses critérios abordam o estudo da interpretação das

normas trabalhistas. “É parte integrante do Direito do trabalho um conjunto de

princípios que a doutrina vai aos poucos estratificando como um todo homogêneo e

sistemático” (Gomes, 2003, p. 9).

Classificação dos princípios do direito do trabalho:

1) Princípio da proteção: diferente da preocupação do direito jurídico em

igualar as partes contratantes nas relações trabalhistas, este princípio tem a função

de proteger a parte mais fraca na relação empregatícia, tornando-a igual perante a

lei. Para Delgado (2003, p. 197) “O princípio tutelar influi em todos os segmentos do

Direito Individual do Trabalho, influindo na própria perspectiva desse ramo ao

construir-se, desenvolver-se e atuar como Direito”. Esse princípio atua diretamente

em defesa ao trabalhador, protegendo-o diante de fatos ocorridos em confronto com

o empregador.

Estes princípios subdividiram-se em:

15

a) Regra do In dubio, pro operário: escolhe-se entre os vários sentidos

possíveis da norma a interpretação que for mais favorável ao trabalhador.

No caso de dúvidas na interpretação referente às normas utilizadas,

deverão ser empregadas as que beneficiem o empregado (NASCIMENTO

2008).

b) Princípio da norma mais favorável: esse princípio diz respeito ao que for

mais benéfico ao trabalhador. No direito jurídico, prevalece o nível de

hierarquia das normas, a constituição prevalece sobre a lei, à lei sobre os

decretos, portarias, circulares e assim por diante. Porém, na esfera

trabalhista esse sistema hierárquico não será utilizado, pois na escolha da

regra, no confronto com as leis concorrentes e na interpretação das

normas jurídicas, a serem utilizadas, será definida a que mais beneficie o

trabalhador (CUNHA, 2004).

c) Princípio da condição mais benéfica: garante este princípio que seja

resguardado em todo contrato de trabalho, a cláusula mais benéfica ao

empregado, podendo também ser chamado de princípio da cláusula mais

benéfica. Conclui-se neste princípio que a cláusula que favoreça o

empregado deverá ser mantida fielmente no contrato, sem possibilidades

de mudança ao longo da prestação do serviço a empresa (CUNHA, 2004).

2) Princípio da irrenunciabilidade do direito: consiste no fato do empregado

não poder renunciar espontaneamente aos benefícios do Direito Trabalhista.

Segundo Marques, Abud (2005, p. 11) “[...] a renuncia só terá validade quando não

se tratar de norma legal cogente, portanto, inderrogável [...]”. Sendo assim, o direito

só poderá ser dispensado quando não for necessário para benefício do empregado,

porém essa renuncia só será aceitável em juízo e desde que seja provado que não

houve nenhum tipo de obrigação.

3) Princípio da continuidade da relação de emprego: traz o conceito que é de

anseio do Direito, que o empregado permaneça o maior tempo possível contratado

na empresa. Prima que o contrato utilizado no acordo, seja o de prazo

indeterminado, pois se cria um obstáculo a mais na dispensa por parte do

empregador (NASCIMENTO, 2007).

16

4) Princípio da intangibilidade salarial: com esse princípio não é permitido

redução de salário do trabalhador, salvo se esta redução for ordenada em

convenção ou acordo coletivo com a devida participação de ambas as partes (REIS,

2005).

5) Princípio da Primazia da Realidade: prima este conceito que seja adotado

fielmente o que foi definido no contrato de trabalho. No caso do não cumprimento do

acordado, prevalecerá sempre o fato verdadeiramente ocorrido, que se torna muito

mais importante que a prova documental (MARQUES; ABUD 2005).

Apesar de não haver uma organização definitiva dos princípios específicos do

direito do trabalho, estes apresentados são os mais utilizados dentre os conhecidos.

Eles cumprem funções diferentes no campo do Direito e operam na fase da

construção das relações de trabalho.

4.3 RELAÇÕES DE TRABALHO

Com o avanço dos tempos, o direito do trabalho foi se desenvolvendo e

tornando-se obrigatório em toda relação empresa-empregado. Segundo Cunha

(2004, p. 22), “O direito do trabalho é o ramo do direito que vai disciplinar as

relações entre empregado e empregador, e que tem como característica o trabalho

subordinado”. Englobando também o Estado, pois o considera membro responsável

por fiscalizar e exigir o cumprimento das normas nas relações de trabalho, podendo

ser caracterizado pelos Sindicatos ou Ministério do Trabalho. Para Carrion (2007, p.

21), “Direito do trabalho é o conjunto de princípios e normas que regulam as

relações entre empregados e empregadores e de ambos com o Estado, para efeitos

de proteção e tutela do trabalho.”

As partes integrantes das relações de trabalho são especialmente o

empregador e o empregado.

4.3.1 Empregador

O empregador é a pessoa física ou jurídica que contrata, coordena, remunera o

trabalhador e que assume os riscos de seu trabalho sem transferi-lo ao empregado.

Conforme consta no artigo 2º da CLT:

17

Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. § 1º Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregadores. [...]

Portanto, a partir do momento em que surge um vínculo contratual entre a

empresa e o trabalhador, o tomador de serviços passa instantaneamente a ser

classificado no âmbito jurídico como empregador.

Ao abordar o contexto relativo ao contrato de trabalho, com subordinação do

empregado ao empregador, este segundo tem a seu favor os poderes sobre o

trabalhador (MARTINS FILHO, 2005). Tais poderes podem ser relacionados da

seguinte maneira:

Quadro 1: Poderes do empregador

Fonte: elaborado pela autora, 2011.

18

Com os poderes apresentados, pode-se entender quais os domínios o

empregador tem sobre o empregado, como ele pode utilizar sua hierarquia para

controlar e organizar os empregados, para dirigir e organizar as atividades a serem

desenvolvidas em sua empresa (NASCIMENTO, 2008).

4.3.2 Empregado

A outra parte da relação é o empregado, a pessoa contratada e remunerada

para prestar o serviço para a empresa. Que conforme descreve na CLT (2009, p.

215):

Artigo 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

O empregado será sempre pessoa física e de natureza não eventual. Freitas

(2005, p. 41) afirma que existem cinco requisitos necessários que configuram o

empregado: “a) pessoa física; b) não-eventualidade na prestação do serviço; c)

dependência; d) pagamento de salário; e) pessoalidade.”

As características do empregado iniciam-se em ser pessoa física, pois

quando se trata de pessoa jurídica a esfera responsável é o Direito Civil. O trabalho

deve também ser prestado de forma não-eventual, ou seja, com continuidade para

mesma empresa, adquirindo assim todos os direitos trabalhistas que abrangem essa

categoria.

A dependência é a característica da pessoa física, que presta serviço sob

ordem do empregador, ou seja, é subordinado.

Outro atributo destinado ao empregado é o salário, mesmo que este não seja

pago devidamente, não descaracteriza a relação empregatícia, pois é obrigação

contratual do empregador.

E por fim, a pessoalidade, ou seja, a atividade tem que ser prestada pelo

próprio trabalhador, não podendo ser substituído por outrem.

Deste modo, para caracterizar empregado deve-se preencher todos os

requisitos acima citados ao mesmo tempo (FREITAS, 2005).

A partir da definição de empregador e empregado, o próximo campo a ser

abordado conforme o direito trabalhista, deve ser o direito individual do trabalho que

administra, independentemente, o sujeito empregado e empregador.

19

4.4 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

O direito individual do trabalho é uma das divisões do direito do trabalhista

que tem por finalidade discorrer assuntos relativos a contratos de trabalho, regras

legais ou normativas, relacionadas diretamente entre a empresa e o empregado

(NASCIMENTO, 2008).

Sua aplicação destina-se a analisar o contrato de trabalho, os sujeitos, as

alterações, extinção e a dispensa do empregado, conforme definições abordadas a

seguir.

4.4.1 Contrato individual do trabalho

O contrato individual do trabalho é o acordo tácito ou expresso,

correspondente à relação de emprego. O contrato de trabalho é consensual, pois

não há forma especifica prevista em lei, basta que esteja em concordância com o

artigo 443, da CLT: “O contrato individual de trabalho pode ser acordado tácita ou

expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou

indeterminado.” O contrato será sempre bilateral, pois preveem obrigações de

ambas as partes, comutativas por ter obrigações certas a serem seguidas por ambos

os sujeitos do contrato e é de trato consecutivo, pois deve existir continuidade na

prestação do serviço (FREITAS, 2005).

O contrato de trabalho pode ser classificado por sua forma e duração, a forma

é a tácita (verbal) ou expressa (por escrito), e a duração pode ser por tempo

determinado, com prazo final para seu término, porém não é muito utilizado, pois são

permitidos apenas em algumas situações de acordo com o § 1 do artigo443 da CLT:

O contrato de trabalho por prazo determinado só será valido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência.

Essas situações não são comumente utilizadas, salvo o contrato de

experiência que poderá ter o prazo máximo de 90 dias, podendo ser dividido em até

2 (dois) períodos. De acordo com Gomes (2010, p. 55):

O objetivo principal do contrato de experiência é o de proporcionar ao empregador um prazo para observar o desempenho do empregado quanto

20

ao cumprimento de suas responsabilidades e, ao empregado, as condições de trabalho oferecido, bem como sua adaptação e integração na empresa.

Passado o prazo estipulado como contrato de experiência e ambas as partes

estiverem satisfeitas, passará a valer então o contrato por prazo indeterminado.

4.4.2 Remuneração x Salário

Remuneração engloba o total de proventos recebidos pelo empregado de

acordo com o contrato de trabalho e da prestação do serviço paga pelo empregador.

Convém ressaltar que remuneração é diferente de salário, pois o salário configura

somente a base do recebimento, sem adicionais.

Freitas (2005, p.51) afirma: “a remuneração possui alguns elementos, dentre

os quais: habitualidade; periodicidade; quantificação; reciprocidade”.

A habitualidade é registrada a partir das verbas que englobam o salário, por

exemplo, se as horas extraordinárias forem habituais, elas agregam o pagamento de

verbas trabalhistas como 13º salário, ou DSR – Descanso Semanal Remunerado.

A periodicidade do pagamento da remuneração deve ser feito de acordo com

o previsto no contrato de trabalho, porém nunca ultrapassando o período de um mês,

sendo obrigatório o pagamento até o quinto dia útil do mês subsequente ao que foi

prestado o serviço.

A quantificação constitui que o empregado deve saber o quanto ganha

mensalmente, não podendo ficar na dependência do faturamento da empresa na

qual presta serviço.

A reciprocidade necessita ser de ambas as partes do contrato de trabalho,

pois é indispensável uma “troca” da prestação de serviços por recebimento de

salários.

Outro tipo de remuneração obrigatória a ser paga ao empregado é a

gratificação natalina, ou 13º salário. De acordo com Cunha (2004, p.176) “[...]

constitui o 13ª salário uma parte obrigatória a ser paga a todos os empregados, em

duas parcelas.” Essas duas parcelas terão de ser liquidadas da seguinte maneira: a

1ª parcela até o dia 30 de novembro, podendo ser pagas juntamente com as férias,

caso forem requeridas em janeiro e a 2ª parcela deverá ser paga obrigatoriamente

até o dia 20 de dezembro.

O valor destinado ao 13ª é equivalente ao salário do empregado no mês de

dezembro, computando também, caso houver, as variáveis de horas extras, horas

21

noturnas, pela média. Convém acrescentar que o valor pago aos empregados que

não trabalharem um ano inteiro, será pago proporcionalmente, usando como base

1/12 avos do salário, considerando a fração igual ou superior a 15 dias como mês

trabalhado.

Uma ocorrência importante a ser enfatizada no quesito remuneração é a

equiparação ou igualdade salarial. Há fatores a serem analisados para definição de

igualdade, de acordo com o artigo 461 da CLT: a) a equiparação será em

empregados da mesma empresa; b) restringe-se a empregados que trabalhe no

mesmo município; c) é exigida em empregado que exerçam a mesma função, porém

que a diferença de contratação não seja superior a dois anos; d) os empregados

devem ter a mesma qualidade técnica, a mesma produtividade e a mesma

quantidade de serviço. Essas condições devem existir em conjunto e a ausência de

um desses fatores invalida a equiparação (NASCIMENTO, 2008).

Existem ainda alguns benefícios que são vinculados no recibo de salário dos

empregados, um deles é o salário família, que será pago para aqueles que

possuírem filhos de até 14 anos, ou inválidos de qualquer idade e que recebam

salário até R$ 862,60. Estes terão direito ao salário família, de acordo com a Portaria

da Previdência Social:

Portaria Interministerial nº 407, de 14 de julho de 2011, o valor do salário-família será de R$ 29,43, por filho de até 14 anos incompletos ou inválidos, para quem ganhar até R$ 573,91. Para o trabalhador que receber de R$ 573,92 até R$ 862,60, o valor do salário-família por filho de até 14 anos de idade ou invalido de qualquer idade será de R$ 20,74.

Para ter direito a este beneficio o empregado deve apresentar para empresa a

certidão de nascimento do filho, a documentação do inválido, fornecido pelo

atestado médico ou pelo órgão previdenciário como comprovação.

Outra obrigação que as empresas possuem é a de conceder aos seus

empregados o benefício de vale-transporte. Segundo Gomes (2010, p. 124), “O vale-

transporte constitui benefício que o empregador antecipará ao trabalhador para

utilização efetiva das despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa.”

Na contratação o empregado deverá informar por escrito o endereço de sua

residência a empresa e então empregador disponibilizará o vale-transporte que for

necessário para este deslocamento. Com este benefício é de direito do empregador

22

descontar no recibo de salário do empregado o equivalente a 6% de seu salário

base, ou o total de vales entregues, ou seja, na comparação dos dois, o valor menor.

4.4.3 Jornada de trabalho

A jornada de trabalho normal de um empregado é de 8 horas diárias e 44

semanais. Conforme artigo 58, da CLT: “a duração normal do trabalho, para os

empregados em qualquer atividade privada, não excederá de oito horas, desde que

não seja fixado expressamente outro limite”.

Na classificação da jornada de trabalho, de acordo com Nascimento (2008)

destacam-se algumas particularidades:

a) Período diurno, noturno ou misto - Importante ressaltar que no período

noturno que compreende no horário das 22h00min de um dia até as 05h00min do

dia seguinte, na qual cada 60 minutos trabalhados equivalerão a 52 minutos e trinta

segundos, sofrendo assim cada hora uma redução de 7 minutos e trinta segundos,

sobre essa hora noturna trabalhada será pago um adicional de 20%.

b) Jornada normal ou extraordinária - As horas excedentes ou extraordinárias

são as que ultrapassam as estipuladas contratualmente. Essas horas extras serão

pagas com adicionais de 50%, 75%, 100% ou mais, de acordo com a convenção

coletiva, conforme será visto na parte de Direito Coletivo do Trabalho.

c) Horas de sobreaviso - são as quais o empregado não trabalha efetivamente,

porém fica em casa de plantão a disposição da empresa para atender ocorrências

que possam surgir.

Na jornada de trabalho é exigido que a empresa proporcione ao empregado

um repouso semanal, para descanso higiênico e mental. O Repouso ou Descanso

Semanal Remunerado – RSR /DSR é o tempo de descanso que o empregado tem

direito após um determinado número de dias de trabalho por semana. Geralmente

este dia é o domingo, porém há atividades autorizadas a trabalhar, então o dia de

descanso poderá ser em outro dia da semana, mas ao menos um domingo ao mês

essa folga é obrigatória. Conforme o artigo 386 da CLT: “[...] havendo trabalho aos

domingos, será organizada uma escala de revezamento quinzenal, que favoreça o

repouso dominical”. O DSR poderá ser descontado no caso do trabalhador não ter

comparecimento integral durante a semana e no caso de falta não justificada, será

descontado o dia e também o RSR.

23

Entre uma jornada de trabalho e outra o empregado tem de direito o descanso

de no mínimo 11 horas consecutivas (CLT, 2009).

Na intrajornada, entre período de manhã e tarde, por exemplo, também ocorre

o intervalo, porém com as seguintes especificidades: quando o contrato de trabalho

for superior a 4 horas e no limite de 6 horas diárias, o intervalo será de 15 minutos e

quando for superior a 6 horas, o intervalo será de uma a duas horas (NASCIMENTO,

2008). Este período será utilizado pelo empregado para descanso e/ou alimentação.

4.4.4 Suspensão e interrupção do contrato de trabalho

Há algumas diferenças na suspensão e interrupção do contrato de trabalho.

Na concepção de Nascimento (2007, p. 252) “Suspensão do contrato de trabalho é a

paralisação temporária dos seus principais efeitos e interrupção do contrato é a

paralisação durante a qual a empresa paga salários e conta o tempo de serviço do

empregado.”

No quadro abaixo fica nítida essa diferença:

Quadro 2: Diferenças de Suspensão e Interrupção

Fonte: elaborado pela autora, 2011.

Pode-se mencionar como hipóteses de suspensão: a greve, porém o que vai

definir se é suspensão ou interrupção é um acordo ou decisão judicial, pois no caso

de não haver obrigação do pagamento de salários não será considerada suspensão;

o afastamento do empregado a partir do 16º dia caracteriza suspensão, pois o

pagamento do salário é feito pela Previdência Social através do auxilio doença; a

aposentadoria por invalidez também deixa de ser pago ao empregado pela empresa

e sim pela Previdência Social; e o aborto criminoso também acarreta suspensão

(DELGADO, 2008), (CLT, 2009).

24

Alguns motivos pelos quais um contrato de trabalho pode ser interrompido

são: os 15 primeiros dias de afastamento previdenciário, pois fica por conta da

empresa o pagamento de salário, bem como FGTS e a contagem de tempo de

serviço fica mantida; às duas horas diárias, ou os sete dias corridos relativas ao

aviso prévio por iniciativa da empresa, na qual o salário integral do empregado é

mantido; o aborto não criminoso também caracteriza interrupção mantendo o prazo

de duas semanas; licença maternidade e paternidade. (NASCIMENTO, 2008).

Também se caracteriza como interrupção, as férias concedidas ao empregado.

Férias são períodos de descanso anuais em que o empregado interrompe a

prestação do trabalho, visando à conservação do lazer e repouso, porém sem

prejuízo as remunerações e direitos. Segundo Nascimento (2007), as férias são

amparadas pelos princípios:

I. Anualidade - após 12 meses de trabalho na mesma empresa, o empregado

terá direito a férias anuais, previsto um prazo subsequente para o gozo da mesma.

II. Remunerabilidade - assim como no descanso semanal nas férias, fica

assegurado ao empregado o direito à remuneração integral, como se fosse um mês

de serviço habitual.

III. Irrenunciabilidade - adquirindo o direito das férias, o empregado não poderá

renunciar, e nem “vende-las” integralmente, pois a lei prevê apenas parte dessa

conversão em dinheiro, ou seja, apenas 1/3 do período que tiver direito, por meio do

abono de férias.

IV. Proporcionalidade - redução do período de direito de férias, em função de

faltas injustificadas; pagamento de férias indenizadas na extinção do contrato de

trabalho, proporcional aos meses nos quais trabalhou no período aquisitivo.

Com a aplicação desses princípios é possível entender os direitos e

obrigações do empregado em relação às férias. Porém é importante ressaltar

algumas particularidades, como o caso de o empregador não conceder as férias no

período de 12 meses após o efetivo período aquisitivo, assim sendo, surge à

obrigação do pagamento em dobro dessas férias devidas. Essa situação só gera

prejuízos a empresa, pois o empregado recebe o valor, mas o período aquisitivo

ainda fica em aberto para descanso futuro.

Outro fator relevante que se refere às férias é o período concessivo, que deve

ser de 30 dias corridos, ou pode ser fracionado em dois períodos, contudo nunca

inferiores a 10 dias. Entretanto, aos menores de 18 anos e aos maiores de 50 anos

25

de idade é vedado tal fracionamento. Os empregados estudantes menores de 18

anos podem optar por desfrutar das férias juntamente com o recesso escolar

(DELGADO, 2008).

O pagamento das férias será o mesmo recebido como remuneração, ou seja,

como se estivesse em serviço, devendo ser pago o salário dois dias antes do

período de férias, acrescido de 1/3 constitucional.

O empregado que tiver trabalhado os 12 meses habituais, poderá optar em

vender 1/3 dos dias disponíveis das férias, é o que se chama de abono pecuniário.

Conforme artigo 143 da CLT: “É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do

período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração

que seria devida nos dias correspondentes”. Este valor deverá ser pago juntamente

com as férias.

4.4.5 Trabalho do menor aprendiz e do adolescente

O trabalho infantil é vedado até os 16 anos, salvo como aprendiz. O trabalho

aos adolescentes maiores de 16 anos é permitido, porém com algumas

especificidades, são proibidos: o trabalho noturno; aquele que seja desenvolvido em

ambientes insalubres, periculosos, ou prejudiciais a moralidade; ou que demande

uso de força muscular superior a 20 kg (FREITAS; PAIVA, 2005).

A duração do trabalho do aprendiz será de até seis horas diárias, não sendo

permitida a prorrogação nem a compensação da jornada. O adolescente mais de 16

anos poderá cumprir uma jornada de até oito horas de trabalho diária e total de 44

horas semanais.

Para o menor aprendiz o contrato pode se encerrar de algumas formas, entre

elas: no término de contrato; quando o aprendiz completar 18 anos; se ocorrer falta

disciplinar grave e no caso de pedido de demissão. Para o adolescente maior de 16

anos de idade o modo de término é o mesmo que outro empregado maior de idade.

4.4.6 Segurança e medicina do trabalho

Uma das condição que o empregador está obrigado a cumprir em sua

empresa é de garantir aos trabalhadores um ambiente moral, com segurança,

higiene e dignidade. Segundo Freitas e Paiva (2005, p. 93), a empresa tem por

obrigação:

26

“[...] a) cumprir e fazer as normas de segurança e medicina do trabalho; b) instituir os empregados, por meio de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar para evitar acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais; c) adotar medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente e facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente [...]”.

Na medicina do trabalho, o início da obrigação aparece na exigência do

exame médico admissional, que deve ser realizado antes das atividades na empresa.

O exame médico também deve ser feito periodicamente e no término do contrato de

trabalho.

As operações insalubres são aquelas que expõem os empregados a agentes

nocivos a saúde, acima dos limites de tolerância. O exercício do trabalho nessas

condições assegura para trabalhador o direito ao adicional de insalubridade, devido

a empregados que exercem atividades insalubres. Essas atividades serão divididas

por graus, de acordo com o laudo técnico emitido por um médico-perito do trabalho

(FREITAS; PAIVA, 2005).

O quadro abaixo descrimina de acordo com o laudo, o grau de insalubridade e

a porcentagem a ser acrescida na remuneração:

Quadro 3: Graus de Insalubridade

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

A porcentagem da insalubridade deverá ser calculada sobre no salário base

do empregado, ou sobre o piso da categoria estabelecido na convenção coletiva.

Nas empresas onde as atividades são consideradas perigosas, que

provoquem contato permanente com produtos inflamáveis, explosivos, ou energia

elétrica, será designado a este trabalhador o adicional de periculosidade. Esse

adicional será de 30% sobre o salário contratual.

É essencial ressaltar, que se ocorrer os dois casos na empresa, de

insalubridade e periculosidade, optam-se somente pelo que for mais benéfico ao

empregado.

27

4.4.7 Fundo de garantia do tempo de serviço – FGTS

É de direito de todo trabalhador o recebimento do FGTS, sendo assim é

obrigação do empregador efetuar este deposito mensalmente. De acordo com

Nascimento (2008, p. 944): “Denomina-se Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

um sistema de depósitos efetuados pelo empregador em conta bancária do

empregado, sob a gestão da Caixa Econômica Federal [...].” O deposito de FGTS

deverá ser feito no dia sete de cada mês, referente à importância de 8% sobre a

remuneração do empregado, abrangendo os direitos que como as comissões,

gratificações, adicionais etc. Na compreensão de Freitas; Paiva (2005, p. 101) , “O

objetivo da conta é assegurar ao trabalhador pelo tempo de serviço que prestou a

um determinado empregador.”

Os valores de FGTS ficam depositados na conta do trabalhador e não podem

ser levantados, salvo algumas situações como, por exemplo, pode ser aplicado em

plano de construção, administrado pela Caixa Econômica Federal ou pode ser

sacado pelo empregado no caso de um término de contrato por parte da empresa,

neste caso será acrescido à multa rescisória no valor de 50% sobre o saldo, sendo

10% de contribuição social e 40% acrescentado ao saldo constante na conta do

empregado. Há também outras hipóteses em que este depósito poderá ser sacado e

uma delas ocorre quando o trabalhador fica até 03 (três) anos sem carteira assinada,

sendo efetuado o saque a partir do mês de seu aniversário e no caso do trabalhador

ou algum dependente for acometido de neoplasia maligna1 etc.

4.4.8 Extinção do contrato de trabalho

Apesar de vigorar o princípio de continuidade do contrato de trabalho, a

extinção do mesmo muitas vezes é inevitável.

São várias as modalidades de rescindir o contrato, podendo ser por iniciativa

do empregado, do empregador, ou até mesmo por um prazo pré-determinado.

Conforme Martins (2011, p. 73), “A cessação do contrato de trabalho é a terminação

do vinculo de emprego, com a extinção das obrigações para os contratantes.” Sendo

assim, após a extinção ocorre o desligamento da união entre as partes.

1 NEOPLASIA MALIGNA Neoplasia (neo = novo + plasia = formação) é o termo que designa alterações

celulares que acarretam um crescimento exagerado destas células, ou seja, proliferação celular anormal, sem

controle, autônoma, na qual reduzem ou perdem a capacidade de se diferenciar, em conseqüência de mudanças

nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação celulares.

28

O item inicial da cessação do contrato de trabalho é o aviso dessa decisão, o

conceito de aviso prévio ou pedido de demissão declara por parte do empregado ou

do empregador o pedido de encerramento do contrato de trabalho sem justa causa.

O prazo mínimo do aviso ou pedido será de 30 (trinta) dias. Entretanto, conforme

consta nos acordos coletivos, que serão abordados no tema de Direito Coletivo do

Trabalho, os trabalhadores que possuírem um vínculo com a empresa acima de 5

(cinco) anos terá esse prazo estendido para 45 (quarenta e cinco) ou até mesmo 60

(sessenta) dias.

No presente ano a lei do aviso prévio foi modificada, a duração passou a ser

considerada conforme o período de serviço do empregado, a nova lei foi sancionada

pela presidenta do Brasil, Dilma Roussef, Lei Nº 12.506 de 11/10/2011:

Artigo 1º - O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho – CTL, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o Maximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo o total de até 90 (noventa) dias. Artigo 2º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Portanto, a partir de 11/10/2011, a cada um ano de trabalho, o prazo do aviso

ou do pedido será acrescido de três dias, sendo o limite 60 dias, chegando a 90 ao

atrelar com os 30 dias que já são de direito do empregado.

A forma mais recomendada e segura de comunicação do aviso ou pedido é a

escrita.

O aviso ou pedido tem duas modalidades: o aviso trabalhado e o aviso

indenizado. O aviso trabalhado será proporcional ao tempo de serviço, sendo, no

mínimo 30 dias. Quando for concedido pelo empregador, o empregado poderá

escolher entre reduzir em sete dias o aviso prévio, ou a redução de duas horas da

jornada todos os dias, no início ou no final do expediente, ambos sem qualquer

prejuízo ao salário.

No aviso indenizado os dias que seriam trabalhados deverão ser ressarcidos

em forma de indenização.

Na rescisão de contrato com aviso trabalhado o prazo para pagamento das

verbas rescisórias será de um dia após o término do aviso, no caso do aviso

29

indenizado, as verbas poderão ser pagas até 10 dias corridos a partir da

comunicação do aviso (NASCIMENTO, 2007).

Definido o tipo de aviso prévio ou pedido de demissão a etapa seguinte é a

extinção do contrato. Com a finalidade de registrar os direitos e deveres trabalhistas

devidos, segue alguns modos de extinções do contrato de trabalho:

a) Término do contrato por prazo determinado: De acordo com Martins

Filho, (2005, p. 124) “Extingue-se automaticamente no prazo máximo de dois anos,

ou de 90 dias, (caso de contrato de experiência).” O término de uma obra pode

caracterizar o término por prazo determinado.

Nesta situação o empregado terá direito a:

TÉRMINO POR PRAZO DETERMINADO

- Saldo de salário; - Férias Vencidas e ou Proporcionais - 13º Salário - Depósito de FGTS – 8% - Levantamento de FGTS

No caso do empregador rescindir este contrato antes do seu término o

empregado terá direto além das verbas citadas anteriormente, a indenização de

metade da remuneração referente aos dias faltantes em seu contrato de trabalho e

no caso do término por parte do empregado, o mesmo terá que indenizar o

empregador igualmente. Porém só terá direito a receber as férias, 13º proporcionais

e o saldo de salário, se assim houver (FREITAS; PAIVA, 2005).

De acordo com CLT (2009):

Artigo 479 da CLT. Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a titulo de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito ate o termo do contrato. Parágrafo único. Para a execução do que dispõe o presente artigo, o cálculo da parte variável ou incerta dos salários será feito de acordo com o prescrito para o calculo da indenização referente à rescisão dos contratos por prazo indeterminado.

Portanto, em ambos os requeridos da rescisão antecipada do contrato de

experiência, deverá haver a indenização de metade dos dias que faltarem para

findar o contrato determinado.

30

b) Pedido de Demissão: O empregado, por livre vontade pede para

rescindir o contrato de trabalho. Neste caso ele terá direito as seguintes verbas:

PEDIDO DE DEMISSÃO

- Saldo de salário;

- Férias Vencidas e ou Proporcionais

- 13º Salário

- Depósito de FGTS – 8%

No pedido de demissão, o empregado não tem direito ao levantamento de

FGTS, à indenização de 40% do FGTS e ao formulário de seguro-desemprego.

c) Dispensa do empregado sem justa causa: O empregador cessa o

contrato de trabalho, dispensando o empregado. Neste caso são devidas as

seguintes verbas:

RESCISÃO SEM JUSTA CAUSA

- Aviso prévio; (cumprido ou indenizado)

- Saldo de salário;

- Férias Vencidas e/ou Proporcionais

- 13º Salário

- Depósito de FGTS – 8%

- Deposito de Multa Rescisória de FGTS – 40% sobre o saldo de FGTS

- Levantamento de FGTS

É obrigação do empregador a entrega ao empregado o formulário referente

ao encaminhamento para o programa de Seguro Desemprego neste modo de

dispensa.

d) Dispensa do empregado com Justa Causa: Constitui como justa

causa as faltas graves que forem cometidas pelo empregado no andamento do

contrato de trabalho, faltas estas previstas na CLT (2009):

31

Artigo 482 da CLT: Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legitima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama, ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legitima defesa, própria ou de outrem; l) pratica constante de jogos de azar; Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado, a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional.

Segundo Martins (2011, p. 74), “O empregador deve punir as faltas mais leves

com penas mais brandas e as faltas mais graves com penas mais severas. O

despedimento deve ficar reservado para última falta, ou para a mais grave.”

Tratando deste caso as verbas de direito são somente o saldo de salário e as férias

vencidas e/ou proporcionais.

Esses são os tipos mais comuns utilizados na cessação do contrato de

trabalho.

Fica mais claro compreender os direitos do empregado nessas extinções

através da tabela a seguir:

32

Quadro 4: Extinções do contrato de trabalho

Fonte: Adaptado de Resumo do Direito do Trabalho de Maximilianus & Maximiliano, 2007.

Das relações entre empresa e empregado surgem esses procedimentos

relacionados acima; esses processos são indispensáveis em todo andamento do

contrato de trabalho. A prática deles é essencial para o bom funcionamento do

departamento pessoal.

A relação de trabalho é dividida em 3 (três) partes, as 2 (duas) abordadas

anteriormente, empregador e empregado, e a terceira é o sindicato tratado no tópico

a seguir.

4.5 DIREITO COLETIVO DO TRABALHO

O direito coletivo de trabalho cuida dos interesses que conglomera várias

categorias profissionais, econômicas e bem assim categorias diferenciadas

(OLIVEIRA, 2000). É a relação entre o empregado, o empregador e as organizações

sindicais, com intuito de praticar os direitos coletivos das categorias, elaborando

convenções designadas ao ramo de trabalho especifico da empresa. Devem ser

33

acordadas entre as três partes interessadas: empregador, empregado e sindicato; e

serão validadas quando homologadas no órgão fiscalizador, neste caso o Ministério

do Trabalho. Conforme descreve na CLT (2009, p.99).

Para Maximilianus e Maximiliano (2007, p. 142), “Sindicato é a associação de

pessoas da mesma categoria que se destina a defender seus interesses. Categoria

é o universo de pessoas que desempenha a mesma atividade profissional [...]”

O sindicato se divide entre os direcionados aos empregados e o patronal, em

defesa de ambos os interesses, que acordam através da convenção coletiva.

Convenção coletiva de trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual

dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais

estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas

representações, as relações individuais do trabalho (GOMES, 2010).

A convenção é o instrumento importantíssimo que soluciona vários conflitos

existentes na relação de empresa e empregado, com o objetivo de estruturar ideias

e sentidos centrais e alcançar os fins necessários para harmonização.

34

5 CONTROLE INTERNO

O processo de controle traduz a ideia de prevenção das irregularidades que

possam surgir em qualquer área, principalmente, o ambiente de trabalho. Conforme

Figueiredo; Caggiano (1993, p.26), “[...] controle é essencial para a realização de

planejamentos de longo e curto prazo.” O controle é utilizado para detectar e evitar

problemas, definindo ações corretivas, em forma de planejamentos, que possam

suprir falhas e impedir que voltem a acontecer. “A função controle configura-se,

assim, como um instrumento administrativo exigido pela crescente complexidade das

empresas a fim de atingir um bom desempenho.” Fisch, Mosimann (1999, p. 70).

As empresas crescem constantemente, porém os setores não desenvolvem

ordenadamente, com isso os processos vão ficando defasados e, muitas vezes, os

gestores não tem ideia de como agir para sanar os problemas ocorridos nesse

crescimento instantâneo. Nestes casos o ideal é programar o sistema de controle,

que previne e planeja as ações tomadas pelos setores da empresa. Segundo

Figueiredo; Caggiano (1993, p.188), ”O processo de controle possibilita que as

metas alcançadas sejam comparadas com as desejadas pela organização,

decidindo assim se novas metas e objetivos devem ser formulados.”

De acordo com Fisch, Mosimann (apud GERREIRO 1989, p. 261) para que

haja o controle real são necessários alguns requisitos a serem analisados:

a) Controlar as atividades executadas;

b) Executar o controle na empresa em todas as áreas afetadas;

c) Eliminar diferenças entre funções que exerçam a mesma autoridade,

ou responsabilidade;

Partindo desses requisitos, aliados as dificuldades identificadas na empresa,

planejam-se ações uteis para prevenção desses empecilhos.

Um dos principais tipos de controle é o interno, pois ele é direcionado para

cada setor da empresa, que necessita de intervenções e prevenções. Ele é capaz de

analisar todo conteúdo do determinado ambiente e planejar uma solução essencial

para o problema encontrado.

35

Algumas empresas apresentam departamentos desorganizados, com

desempenhos desfavoráveis, que dificultam o crescimento da organização, dessa

forma torna-se fundamental a procura de soluções que resultem em qualidade e

melhorias nesses setores. Assim, surge a necessidade da implantação de processos

que favoreçam esses avanços, como por exemplo, o controle interno.

Com o controle interno, é possível identificar as lacunas, ou falhas dentro das

empresas e dos setores, permitindo que um sistema de planejamento seja

executado, tornando as informações a serem emitidas, as mais corretas possíveis.

O quadro a seguir demonstra as etapas utilizadas em um programa de

controle interno:

1ª fase: Constatação do Problema

2ª fase: Busca de Alternativas

3ª fase: Ato decisório

Planejamento do processo de controle interno

4ª fase: Execução Implementação do planejamento

5ª fase: Controle Controle efetivo das

operações planejadas

Quadro 5: Fases do Controle Interno

Fonte: adaptado de Lunkes e Schnorrenberger, 2009.

As fases desse quadro classificam-se da seguinte maneira:

1ª fase: é a verificação dos evidentes problemas e a diferenciação entre o

esperado e o real. Esta fase inicial busca-se evidenciar todos os fatores a serem

corrigidos. Segundo Lunkes e Schnorrenberger (2009, apud KUPPER, 2005, p. 33),

“[...] o controle constitui um ponto de partida importante para o reconhecimento do

problema, por meio da análise dos desvios.” Portanto, o que estiver fora dos padrões

estabelecidos pela empresa, pelo governo, ou pelas leis, deverá ser localizado.

36

2ª fase: após a constatação do problema, a medida a tomar é a busca de

alternativas, devem-se elencar todos os elementos disponíveis, analisar a situação

desses problemas e as consequências causadas.

3º fase: com os problemas elencados deve-se planejar um processo de

modificação desses erros, encontrar uma ação corretiva e preventiva, elaborando

procedimentos para sanar essas dificuldades.

4ª fase: com o quadro formado chega a hora de executar as ações

planejadas. Conforme Lunkes e Schnorrenberger (2009, p. 34), “Uma vez

diagnosticadas e analisadas as opções disponíveis e, consequentemente, tomada a

decisão, cabe partir para efetiva materialização.” Essa fase é essencial para obter o

resultado planejado, pois todo processo deve ser executado conforme

esquematizado.

5ª fase: a última e mais importante fase, serve para analisar os resultados da

ação tomada. É a fase do efetivo controle, monitorando os resultados, as execuções

e os resultados.

A parte final do processo é o feedback do controle interno, servindo para

motivar novas ações a serem executadas. A figura a seguir visa expor como

funciona todo esse processo:

Figura 1: Processo de Controle

Fonte: Figueiredo; Caggiano (1993, p. 27).

Através desse quadro, entendem-se analiticamente as fases a adotar para

conseguir elaborar um procedimentos de controle interno eficaz e ao mesmo tempo

eficiente.

37

São esses os objetivos do controle interno, com ajuda dos fatos, documentos

e ações da empresa, procura-se sanar os problemas existentes através de

planejamentos e prevenir gastos indevidos, multas, falências e outras conseqüências

que possam surgir.

O sistema de controle interno pode ser aplicado em todas as áreas da

empresa, desde a operacional, assegurando que as tarefas sejam desenvolvidas

com efeito, e até a área gerencial proporcionando melhor utilização dos recursos

destinados as realizações organizacionais. (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 1993).

Segundo o IBRACON CRC-SP (1998, p. 19), “De fato o controle interno é viga

mestra e que a administração se baseia para medir o alcance dos objetivos e metas,

e ter certeza de que as diretrizes fornecidas pela empresa estão sendo regularmente

seguidas.” O controle interno serve para diversos ramos, podendo ser aplicado em

pequenas e médias empresas, sendo primordial a aplicação nas grandes empresas,

onde todo fluxo é executado em maior quantidade.

Existem duas características primordiais para controle interno, controle

administrativo e o controle contábil.

CONTROLE INTERNO CONCEITO

Controle Administrativo

Abrange o plano de organização e todos os métodos e procedimentos ligados principalmente à eficiência operacional e obediência às diretrizes administrativas, que normalmente se relacionam apenas indiretamente com os registros contábeis.

Controle Contábil

Compreendem plano de organização e todos os métodos e procedimentos que tratam principalmente e se relacionam diretamente com a proteção dos bens e a fidelidade dos registros contábeis.

Quadro 6: Tipos de Controle Interno

Fonte: adaptado de: IBRACON, CRC-SP (1998, p. 51).

38

O sentido dessa classificação é fornecer a diferenciação entre os objetivos

desses dois tipos de controle interno.

O que se pode apreciar, é que as empresas são caracterizadas por um

conjunto de atividades que precisam ser supervisionadas e planejadas com medidas

preventivas para que sejam bem sucedidas no mercado em que atuam. Precisam de

profissionais que dediquem a se precaver de eventuais obstáculos que possam

surgir, estipulando correções, a fim de consertar quaisquer danos e controles para

antecipar a ocorrência desses danos.

39

6 METODOLOGIA

Neste tópico será descrita a forma de metodologia aplicada neste trabalho

para a obtenção de informações e alcance dos objetivos traçados.

6.1 MODALIDADE DA PESQUISA

Numa pesquisa é essencial utilizar alguns conceitos para a realização do

trabalho acadêmico e assim garantir os resultados esperados. Para que isto

aconteça é necessário o uso de metodologias de pesquisa.

Conforme citam Cervo; Bervian (2002, p. 63) “A pesquisa parte, pois, de uma

dúvida ou problema e, com o uso do método cientifico, busca uma resposta ou

solução.”

Denomina-se o presente trabalho como sendo uma pesquisa aplicada, pois a

intenção é buscar conhecimento sobre um assunto específico já definido

anteriormente; e bibliográfica, pois elucida o problema com o auxílio de materiais já

elaborados sobre o assunto, tais como livros, leis, jurisprudência, artigos e assuntos

referentes às rotinas trabalhistas e o direito do trabalho. De acordo com Cervo;

Bervian (apud Gil, 2002, p. 63):

O material consultado na pesquisa bibliográfica abrande todo referencial já tornado público em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, dissertações, teses, entre outros. Por meio dessas bibliografias reúnem-se conhecimentos sobre a temática pesquisada, com base nisso é que se pode elaborar o trabalho monográfico, seja ele em uma perspectiva histórica ou com intuito de reunir diversas publicações isoladas e atribuir-lhes uma nova leitura.

Na abordagem do problema caracteriza-se como pesquisa qualitativa, por

serem utilizados materiais bibliográficos e procedimentos de controle interno e não

métodos estatísticos. Beuren (2003,p. 91 apud Richardson 1999, p. 80) cita que:

[...] os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos [] vividos por grupos sociais.

40

A pesquisa trata de alguns processos referentes ao controle interno, onde

serão apresentadas maneiras de revisar, controlar e corrigir possíveis falhas

ocorridas no processo das rotinas trabalhistas.

6.2 COLETA DE DADOS

A coleta de dados será feita através de fontes secundárias ou bibliográficas.

Serão utilizados artigos e bibliografias de livros que abordam o assunto em questão,

e argumentos baseados na legislação. Esses documentos foram de suma

importância para elaboração da pesquisa, os dados referentes as praticas

trabalhistas serviram para fundamentar o assunto em questão, os livros utilizados,

bem como a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, que auxiliaram na

interpretação e conhecimento das leis especificas do direito do trabalho, sendo

essencial para a elaboração do controle interno no departamento pessoal.

Conforme descreve Beuren (2003, p. 117) “O objeto de um trabalho

monográfico é a sistematização metódica e objetiva de informações fragmentadas,

seguida da identificação de suas relações e sequências repetitivas, com vista em

descobrir respostas para determinada questão-problema.”

Desta forma a coleta dos dados da pesquisa servirá para elucidação do

problema existente.

6.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

A pesquisa consiste em elaborar alguns procedimentos de controle interno

direcionado ao departamento pessoal. Utilizando como fundamento a pesquisa

qualitativa, analisando os dados, interpretando-os, destacando as formas ideais a

serem empregadas e transcrevendo para o projeto a ser desenvolvido.

41

7 PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNO NO DEPARTAMENTO PESSOAL

As relações de trabalho quando procedidas indevidamente, podem gerar

transtornos materiais e emocionais tanto para a empresa quanto para o empregado.

Para evitar esses despropósitos é necessário um controle interno que auxilie em

ajustar as ações a serem executadas no departamento pessoal das empresas.

Partindo dessa concepção serão relacionadas a seguir algumas precauções

que devem ser tomados para evitar problemas durante todo processo de

permanência do empregado na empresa, até seu afastamento.

7.1 ADMISSÃO E CONTRATO DE TRABALHO

Primeiramente na contratação do empregado se faz a exigência de alguns

documentos. Esses documentos são fundamentais para o cadastro correto do

trabalhador junto aos órgãos relacionados a ele, como Caixa Econômica Federal e

Previdência Social.

Na admissão os documentos necessários são:

x CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social (original). x Atestado do Exame Médico Admissional. x Uma foto 3x4. x Número da Cédula de Identidade (RG). x Número do Cartão de Identificação do Contribuinte (CPF). x Número do Título de Eleitor. x Número PIS/PASEP. x Número da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) – para os motoristas. x Número do Certificado de Alistamento Militar ou Reservista. x Atestado de frequência escolar para menores de 18 anos. x Cópia das Certidões de Nascimento dos filhos e dependentes. x Relação de dependentes identificados pelo nome, grau de parentesco e idade.

Quadro 7: Documentos para admissão.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

42

De uma forma geral esses documentos relacionados são essenciais para um

cadastro correto, que não prejudique futuramente o empregado, nem a empresa,

pois alguns tipos de atividades exigem procedimentos especiais.

Conforme consta no artigo 29 da CLT, a empresa poderá ficar em posse dos

documentos dos empregados somente no prazo de até 48 horas, inclusive a carteira

de trabalho, que deverá ser devolvida preenchida com os dados pertinentes.

Uma maneira apropriada de controlar esse processo de admissão é a

formulação de uma ficha de cadastro, com as informações necessárias, de acordo

com o modelo abaixo:

EMPRESA CONTRATANTE: Nome do Empregado: Nacionalidade: Nascimento (UF/Cidade): Data de Nascimento: Grau de Escolaridade: Endereço: Bairro: Cidade: Estado: CEP: Telefone: Celular: Nome do Pai: Nome da Mãe: Nome do Cônjuge: Filhos (Nome e Idade):_________________________________________________________ ____________________________________________________________________________

DOCUMENTOS

Carteira de Trabalho: No. Série: Data Emissão:

PIS: CPF:

RG: Data Emissão: Órgão Emissão:

Título de Eleitor: No. Zona: Seção:

DADOS OCUPACIONAIS Função:

Data admissão: Salário Inicial:

Horário de Trabalho:

Local e data: ............................,...........de.......................de......... Declaro serem verdadeiras as informações citadas.

______________________________________ Assinatura do Empregado (a)

43

No campo dos Dados Ocupacionais, as informações devem ser expostas da

seguinte maneira:

Função: comparar as demais funções da empresa, mantendo sempre a equiparação

salarial, analisar se o nível de escolaridade condiz com a função a ser exercida,

Exemplo: Um empregado contratado para função de Técnico em Eletromecânica

deverá ter a formação técnica na área destinada.

Data de Admissão: será sempre em dias úteis e deverá ser avaliada a data do

exame admissional obrigatoriamente anterior ou no mesmo dia da admissão.

Salário inicial: na definição do salário será levada em consideração a convenção

coletiva na parte referente aos pisos salariais; a função exercida que precisará ter

salários iguais para funções iguais, salvo quando as diferenças de contratações

forem maiores que 2 (dois) anos; verificar se há necessidade de inclusão de verbas

como insalubridade, periculosidade, quebra de caixa, adicional noturno, gratificações,

ajudas de custo etc.

Horário de trabalho: quantidade de horas a serem trabalhadas, 220hs/180hs/100hs

mensais por exemplo. É o horário que o empregado irá cumprir, por exemplo, das

08h00min às 18h00min com 01h30min de intervalo para refeição.

Com essas informações será possível controlar adequadamente a parte da

contratação do empregado, sem prejuízos.

Na admissão do empregado é oportuno elaborar um contrato de experiência.

Este obedecerá ao prazo máximo de 90 dias, podendo ser divido, porém em apenas

dois períodos. Este contrato deverá ser firmado juntamente com a contratação.

Com as informações do empregado é necessário ser feitas as devidas

anotações na carteira de trabalho, preenchendo todos os campos da página contrato

de trabalho, que são os seguintes:

• Empregador;

• CNPJ/CPF da empresa contratante;

• Endereço da empresa;

• Município e Estado em que está localizada;

• Espécie do estabelecimento;

• Cargo a ser exercido pelo empregado na empresa;

44

• O número do CBO2;

• Data de admissão;

• Número do registro e da folha/ficha do registro;

• Remuneração que será paga ao empregado.

Todos esses dados devem ser seguidos da assinatura do contratante,

conforme demonstra a figura:

Figura 2: CTPS – Contrato de Trabalho

Fonte: Adaptado pela autora da Carteira de Trabalho e Previdência Social, 2011.

Na página de anotações gerais deverão ser preenchidos os dados referentes

ao contrato estipulado, como o de experiência, por exemplo, que deverá constar o

prazo e a prorrogação caso houver, consolidado com a assinatura do empregador,

conforme a figura demonstra:

2 Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, instituída por portaria ministerial nº. 397, de nove de outubro de 2002, tem por finalidade a identificação das ocupações no mercado de trabalho, para fins classificatórios junto aos registros administrativos e domiciliares. Os efeitos de uniformização pretendida pela Classificação Brasileira de Ocupações são de ordem administrativa e não se estendem as relações de trabalho. Já a regulamentação da profissão, diferentemente da CBO é realizada por meio de lei, cuja apreciação é feita pelo Congresso Nacional, por meio de seus Deputados e Senadores, e levada à sanção do Presidente da República.

45

Figura 3: CTPS – Anotações Gerais

Fonte: Adaptado pela autora da Carteira de Trabalho e Previdência Social, 2011.

Realizados cadastro e anotações devidas, o empregador deverá assinar

todas as informações, firmando assim o acordo feito entre empresa-empregado.

Se houver necessidade a empresa tem opção de elaborar um contrato de

trabalho com o empregado a parte, com uma carga horária complementar, por

exemplo.

Toda empresa é obrigada a possuir o livro de inspeção do trabalho, no qual

os agentes de fiscalização irão registrar sua visita, anotando a data e hora do inicio e

término e o resultado da inspeção, com as irregularidades e prazos para

atendimento, se assim houver.

Seguindo o processo do controle interno a próxima situação abordada é o

modo de pagamento dos empregados.

7.2 FOLHA DE PAGAMENTO

Qualquer empresa, que tenha contratado empregados, tem a obrigação de

remunerá-los pelos serviços prestados. Para resguardo do empregador essa

46

remuneração deverá ser paga mediante um recibo de salário e em deposito bancário,

que conste o nome do empregado. As verbas pagas aos empregados devem ser

previamente controladas e discriminadas corretamente no recibo.

A seguir serão demonstrados alguns processos de controles para folha de

pagamento.

7.2.1 Aumento salarial

O aumento salarial acontecerá através de promoções definidas pelos chefes,

ou mediante data-base prevista em convenção coletiva do sindicato representante

da categoria econômica da empresa.

Uma maneira eficiente de controlar esses aumentos é com uma ficha de

autorização, conforme exemplo:

Quadro 8: Solicitação de aumento salarial

Fonte: elaborado pela autora, 2011.

Após o devido aumento salarial, é ideal que a autorização seja arquivada na

pasta de documentações do empregado para futuras verificações.

O aumento sempre deverá ser anotado na carteira de trabalho com a

firmação do empregador.

47

Figura 4: CTPS - Alteração de salário

Fonte: Carteira de Trabalho e Previdência Social

Conforme pode-se observar na figura acima, há campos específicos para as

anotações de aumento salarial, os mesmos devem ser preenchido de maneira

correta para não gerar desconfianças nem problemas futuros.

7.2.2 Horas extras e faltas

As empresas que possuírem mais de 10 empregados devem ter um controle

de horário, podendo ser manual ou automatizado.

O modelo relacionado abaixo é de controle manual, este cartão ponto deverá

conter as seguintes informações:

48

Quadro 9: Cartão Ponto.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

É importante que cartão ponto seja preenchido corretamente pelo empregado

e que conste sua assinatura nas informações inseridas neste controle de horário.

49

Com essas informações será elaborado o cálculo das horas extras para ser

inserido no recibo de pagamento, devendo obedecer aos percentuais estipulados em

acordo coletivo.

A utilização do controle de horário pelo cartão ponto é essencial também para

a identificação das faltas injustificadas dos empregados. As anotações e assinaturas

constantes neste cartão facilitarão a contagem dos dias faltantes. Conforme descrito

anteriormente nas faltas diárias injustificadas, será descontado o dia da efetiva falta,

juntamente com o Descanso Semanal Remunerado – DSR, que corresponde a mais

um dia de trabalho, portanto no recibo de salário será deduzido 2 (dois) dias de falta.

É importante ressaltar que o empregado que obtiver faltas superiores a 5 (cinco) dias

sofrerá redução no período destinado as férias, como será abordado no tópico férias.

7.2.3 Beneficio de vale transporte

As empresas deverão disponibilizar vales transportes para deslocamento do

empregado ao local de trabalho.

É ideal que seja entregue ao empregado juntamente com o contrato de

experiência a declaração de utilização do vale transporte, para controle dessa

necessidade. Essa declaração poderá ser feita da seguinte maneira:

50

Quadro 10: Declaração de Vale Transporte

Fonte: Elaborado pela Autora, 2011.

Com essa declaração será possível identificar quais empregados necessitam

de vale transporte. Há também a necessidade de controlar as entregas desses vales

transportes aos empregados para identificar em quais folhas de pagamento será

necessário efetuar o desconto de 6% sob o salário base como no exemplo abaixo:

51

Quadro 11: Controle de vale transporte

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

O desconto de 6% do vale transporte no salário do empregado não poderá

ultrapassar o valor total gasto pela empresa para compra deste, caso isso ocorra

deverá ser descontado apenas o valor total do gasto.

7.2.4 Salário Família

Para os empregados que possuem filhos menores de 14 anos, ou inválidos de

qualquer idade, é de direito o recebimento do benefício do salário-família.

Para controlar esse beneficio é necessário que seja assinado pelo empregado

um termo de responsabilidade conforme modelo:

52

Quadro 12: Termo de Responsabilidade de Salário-Família

Fonte: Previdência Social, 2011

53

A verificação desse controle deverá ser mensal, pois a partir do momento que

o dependente deixar de ser inválido, ou ultrapassar os 14 anos de idade o

empregado não terá mais direito ao beneficio.

Todos os descontos e as remunerações percebidas pelos empregados

deverão constar no recibo de salário, sendo discriminadas todas as verbas recebidas

no campo de proventos e efetivos descontos.

7.3 FÉRIAS

As férias do empregado serão concedidas no período de 12 (doze) meses

após sua admissão. A empresa, porém tem o direito de conceder essas férias, sem

ônus adicionais, dentro dos próximos 12 (doze) meses seguidos.

Para elaborar um controle das férias é necessária a relação dos empregados,

com os respectivos períodos.

Segue o exemplo a seguir um controle:

Quadro 13: Previsão de férias

Fonte: adaptado de IBRACON, 2000.

54

Quando ocorrer o vencimento de dois períodos aquisitivos a empresa fica

obrigada indenizar o empregado com as férias em dobro, de acordo com o quadro

abaixo:

Quadro 14: Férias em dobro

Fonte: Brondi, Bermudez, (2008, p.612)

As férias pagas em dobro deverão sempre ser acrescidas do 1/3

constitucional. Essas férias em dobro só geram prejuízos a empresa, pois o

empregado recebe o valor, mas o período aquisitivo ainda fica em aberto para

descanso futuro. Esse valor pode ser evitado controlando os períodos aquisitivos.

Outra questão pertinente as férias é referente às faltas injustificadas durante o

período aquisitivo, pois o direito ao descanso é reduzido. Até o total de 5 (cinco)

faltas o direito de 30 dias se mantém, ultrapassando esse limite a perda é

consecutiva, podendo até perder o direito, como mostra o quadro abaixo:

Quadro 15: Faltas Injustificadas e as férias

Fonte: Brondi, Bermudez, (2008, p.605)

Além de utilizar o cartão ponto do empregado, a empresa poderá utilizar um

quadro de controle de faltas, para que estas sejam verificadas no cálculo de férias.

55

Quadro 16: Controle de Faltas

Fonte: Adaptado de Brondi, Bermudez, 2008, p.607.

Analisando esse controle em cada período aquisitivo do empregado, será

possível identificar as faltas que interferem nas férias.

Após prosseguir com todas essas precauções para conceder as férias ao

empregado, deverá ser enviado com 1 (um) mês de antecedência o aviso de férias

e dois dias anteriores ao efetivo descanso as verbas serão quitadas mediante o

recibo de férias, constando o período aquisitivo, o período de gozo, a data de retorno,

e as devidas verbas que serão por ele recebidas. Deverá também ser feitas

anotações na carteira de trabalho, com o período aquisitivo e a data em que forem

gozadas as férias, seguido da assinatura do empregador.

7.4 13º SALÁRIO

O 13º salário deverá ser pago anualmente e obrigatoriamente em 2 (duas)

parcelas. A 1ª até dia 30 de novembro e a 2ª até o dia 20 de dezembro. Os

empregados tem direito a 1/12 por mês trabalhado, considerando que a fração igual

ou superior a 15 dias equipara-se a 1 (um) mês de direito.

O quadro a seguir demonstra as frações:

56

Quadro 17: Proporcionais de 13º salário

Fonte: Gonçalves, 2011.

A partir dessas informações é possível calcular quantos meses os

empregados irão receber de 13º salário. Este benefício deverá ser quitado mediante

recibo, devidamente assinado e datado pelo empregado, para comprovação de

pagamento na data correta.

7.5 CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

No momento em que um das partes da relação de trabalho estiver insatisfeito

é de direito pedir a rescisão do contrato de trabalho. A rescisão dará surgimento à

elaboração do pedido de demissão por iniciativa do empregado ou aviso prévio por

iniciativa do empregador.

No fim do contrato de experiência em que as partes optarem por não dar

continuidade, ocorre o término do contrato. Neste caso não há necessidade de aviso

prévio, portanto, o procedimento cabível a ser executado será o controle dos

términos de contrato de experiência, conforme o exemplo abaixo:

Quadro 18: Controle do Término do Contrato Experiência

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

57

Este controle é eficaz, pois a rescisão após esse prazo gera custos adicionais

a empresa e com o término do contrato de experiência o contrato passará

automaticamente a ser por prazo indeterminado.

Nas rescisões com aviso prévio os prazos finais para a quitação das verbas

rescisórias serão os seguintes:

• Até o 1º dia útil para rescisões com aviso trabalhado;

• Até o 10º dia útil para rescisões com aviso indenizado.

É importante se atentar a esses prazos para não causar prejuízos à empresa,

pois o descumprimento deste prazo gera ao empregador custo do valor equivalente

ao salário do empregado. Aos empregados que estiverem contratados a mais de um

ano na empresa, é obrigatório que a homologação das verbas rescisórias seja feita

no sindicato da categoria.

A cessação do contrato de trabalho é o último estágio do controle do

empregado na empresa. Após todos os processos relativos ao empregado é de

obrigação da empresa guardar os documentos pertinentes a relação de trabalho

com o objetivo de resguardar-se de problemas que possam surgir, como

reclamatórias trabalhistas. O prazo de guarda desses documentos é o seguinte:

58

Quadro 19: Prazo de guarda dos documentos trabalhistas

Fonte: Gonçalves, 2011.

Diante desses processos, a preocupação com os procedimentos corretos e a

execução dos controles internos gera resultados positivos para empresa e evita

prejuízos e futuros problemas que possam surgir relacionados a reclamatórias

trabalhistas.

Almejando a resolução dos objetivos demonstrados neste trabalho, foi

possível identificar quais falhas podem ocorrer nas rotinas do departamento pessoal,

e perante o exposto foram evidenciados alguns modelos de controle interno para

essa área que é de suma importância para as empresas, pois a falta deles podem

gerar prejuízos indesejados.

Com relação à admissão e ao contrato de trabalho, foi ressaltada a

importância da solicitação dos documentos necessários para um cadastro correto do

empregado, evitando complicações futuras com relação aos órgãos responsáveis

pelo empregador, como Previdência Social e Caixa Econômica Federal.

59

No controle da folha de pagamento, os cuidados tomados foram em relação a

valores e prazo, foram elaborados procedimentos de controle para o salário não ser

pago menor que o de direito, abordou-se também a questão da obrigação da

remuneração ser paga ate o 5º dia útil, evitando ocasionar prejuízos a empresa.

Abrangendo as férias foi demonstrado um modelo de controle para o que

período aquisitivo não seja ultrapassado gerando férias em dobro e prejudicando a

empresa, foram organizados processos em relação ao controle de faltas, pois elas

geram perdas de dias relativos às férias, para o empregado, que se neste caso não

for bem controlado, pode deixar de gerar benefícios para a empresa.

Com relação ao controle do 13º salário foram executados procedimentos de

controle referente ao prazo para pagamento, mencionando o modo como deverá ser

pago, em duas parcelas, sendo a primeira obrigatoriamente até o dia 30 de

novembro no ano decorrente, e a segunda até o dia 20 de dezembro do mesmo ano.

O procedimentos de cessação do contrato de trabalho foi controlada através

do prazo para o término do contrato de experiência, que caso seja ultrapassado gera

ônus desnecessários para empresa. Outro fator importante é o prazo para

pagamento das verbas rescisórias, obedecendo sempre o tipo de cessação do

contrato.

Essas demonstrações de controle interno visam auxiliar os responsáveis pelo

departamento pessoal, suprindo erros que possam ocorrer pela falta das

informações que os modelos explicados tornam úteis.

Para evitar quaisquer aborrecimentos com relação aos empregados, as

empresas devem se precaver, respeitando as leis e atualizando-se, pois essa área

trabalhista sofre constantes mudanças. É importante ressaltar que em caso de

processos cabe a empresa provar sua inocência, utilizando as provas pertencentes,

este é um dos motivos no qual o controle interno é imprescindível.

60

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As empresas buscam sempre a excelência em suas ações, e para isso

recorrem a várias estratégias para obter bons resultados. Em busca de recursos que

resultem em facilitar as tarefas executadas é necessário que sejam efetuados

procedimentos eficazes para aperfeiçoar esses projetos.

O departamento pessoal é muito evidenciado nas empresas, pois se

ocorrerem erros, falhas ou esquecimentos podem gerar grandes prejuízos. Diante

desse aspecto os responsáveis por esse setor devem manter-se atualizados,

buscando sempre novos conhecimentos, através de cursos, palestras, leituras

diárias de sites relacionados, como de assessorias jurídicas, pois as leis trabalhistas

sofrem constantes mutações. Os empregados devem também manter-se atualizado

perante seus direitos e obrigações nas empresas em que estiverem contratados.

Um fator importante para o bom funcionamento dos processos na empresa é

um controle interno, que é considerado por diversos autores, uma ferramenta

importante e competente para averiguação da situação das empresas e relacionar

as vantagens das ações planejadas e dos resultados esperados.

Para evitar resultados insatisfatórios associados as relações trabalhistas foi

desenvolvida esta pesquisa cientifica. Com objetivo principal de evidenciar as

práticas nas relações de trabalho efetuadas no departamento pessoal, tendo como

parâmetro alguns processos aplicados para os procedimentos de controle interno.

A problemática dessa pesquisa foi sintetizada na questão: “Como deve ser

elaborado alguns procedimentos de controle interno no departamento pessoal para

prevenir prejuízos nas relações trabalhistas?” Com o auxilio de fontes bibliográficas

foi possível demonstrar algumas obrigações trabalhistas e os documentos

necessários para o procedimento de controle de cada uma. A partir dessas

informações realizou-se uma relação de planilhas destinadas ao controle no

departamento pessoal, objetivando assim, evitar processos trabalhistas que geram

multas e prejuízos para as empresas dos mais diversos setores.

O objetivo deste trabalho foi atingindo proporcionando ao leitor o

entendimento no assunto relacionado, e aos gerentes e proprietários, bem como os

responsáveis pelo departamento pessoal um grande auxilio aos processos diários

relacionados aos seguimentos da relação de trabalho.

61

No desenvolvimento desse trabalho, observou-se sugestões para pesquisas

futuras, como elaborar um planejamento de controle das obrigações assessorias,

como CAGED, RAIS, SEFIP, dos encargos sociais e impostos relacionados ao

departamento pessoal, entre os quais FGTS, INSS, IRRF. Sugere-se também o

controle dos pagamentos em dia desses impostos evitando juros e multas, e controle

dos valores relativos a eles, visando evitar desembolso indevidos, ou pagamento em

duplicidade, prevenindo as empresas de despesas inoportunas.

62

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