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HOMILÉTICA: PREGAÇÃO & ENSINO Por Evaristo Filho SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BÍBLICO SETEB Global http://seminarioevangelico.com.br [email protected]

PREGAÇÃO ENSINO...PREGAÇÃO & ENSINO INTRODUZINDO A DISCIPLINA Deus chama todos para algum tipo de ministério. Alguns somos chamados para o ministério de pregação e ensino

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HOMILÉTICA: PREGAÇÃO

& ENSINO

Por Evaristo Filho

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BÍBLICO

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© 1999-2011. Seminário Teológico Evangélico Bíblico. Direitos Reservados. [email protected]

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Apresentação da Disciplina

Informações Gerais

Pré-Tarefas Antes do estudo principal da disciplina, há uma série de questões e/ou exercícios e/ou tarefas que foram elaboradas para prepará-lo, tanto mental quanto espiritualmente, para o conteúdo central da disciplina. Você deverá completar estas pré-tarefas antes de iniciar o estudo principal e realizar as tarefas que exigirão mais de você. Siga todas as instruções e guarde todo o material escrito que você produzir. Mais tarde ele será examinado por seu tutor/professor.

Questões Para Revisão

Ao concluir o estudo principal, complete as questões para revisão. O propósito delas é ajudá-lo a focalizar nos principais pontos do estudo e prepará-lo para o projeto final. Você pode usar suas notas pessoais, sua Bíblia ou o conteúdo do estudo principal. Quando as respostas exigem que você use o estudo principal, procure respondê-las, primeiramente, sem consultar o manual. Se você não conseguir, ache as respostas no texto e estude estas partes mais uma vez antes de prosseguir.

Projeto Final

No final da disciplina existe um projeto final que foi elaborado para ajudá-lo a viver e ministrar este tema. As ideias e conceitos que você aprendeu são muito importantes para nós. Deste modo, o projeto final é importante para sabermos o que você aprendeu e como você está aplicando ou aplicará este material no seu ministério.

Procedimentos da Disciplina

O procedimento para essa disciplina é o seguinte: Unidade I: Passo 1 Faça as pré-tarefas Passo 2 Estude o conteúdo do estudo principal.

Complete todos os espaços em branco para completar. Unidade II: Passo 1 Leia todas as questões para revisão antes de começar a respondê-las. Passo 2 Complete as questões para revisão. Unidade III: Passo 1 Leia o projeto final. Passo 2 Realize o projeto final.

Recursos Opcionais

Todos os nossos manuais são autodidáticos, dispensando a obrigatoriedade de obter qualquer outro recurso externo além de um exemplar da Bíblia. No entanto, para o seu próprio enriquecimento educacional, nós sugerimos o uso dos seguintes recursos

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opcionais para esta disciplina:

Bíblia de Estudo NVI (Editora Vida)

Bíblia On-line 3.0 – Módulo Avançado (Sociedade Bíblica do Brasil)

Dicionário Vine (CPAD)

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PREGAÇÃO & ENSINO

INTRODUZINDO A DISCIPLINA

Deus chama todos para algum tipo de ministério. Alguns somos chamados para o ministério de pregação e ensino. Nós também podemos chamar este serviço espiritual de “O Ministério da Palavra”, que é a função de proclamar e ensinar a Palavra de Deus. É preferível, muitas vezes, usar esta última denominação porque a nossa compreensão deste ministério vai além do simples aprendizado de metodologias de ensino e pregação. Nós nos concentramos em princípios bíblicos e práticos de fácil assimilação, sem ostentação, sem o uso de técnicas manipuladoras e com grande dependência do Espírito Santo. Neste manual, nós estudaremos, com certeza, alguns princípios de “Homilética”. Homilética é a arte de preparar e pregar sermões. Não é uma arte exclusivamente cristã, mas alguns pontos não contraditórios com a Bíblia podem ser empregados com eficácia para um melhor desempenho na efetiva comunicação da mensagem de Deus ao homem. A proclamação evangelística e o ensino da fé cristão são funções grandiosas para qualquer servo de Deus, mas precisamos estar cônscios de que é uma tarefa árdua e perigosa. É uma tarefa árdua porque exige estudo sério, sistemático e contínuo das Escrituras. É uma tarefa perigosa porque sempre há o risco do pregador considerar-se mais importante do que é necessário e verdadeiro. Há o perigo também das pessoas preferirem um pregador a outro por causa de coisas que não são fundamentais (embora importantes) na pregação como estilo, utilização correta da gramática e etc. É importante considerar também, desde o início de nosso estudo, que nem todos são chamados para pregar e ensinar a Palavra de Deus como sendo a sua principal ferramenta ministerial, mas a todos os líderes se exige fidelidade, dedicação, conhecimento e crescimento nesta área. Se você é um líder de louvor, por exemplo, a pregação não é sua principal ferramenta de ministério, mas você poderá ser usado por Deus para ensinar sobre sua área de ministério. Assim, o conhecimento de alguns princípios básico na área de pregação e ensino proporcionará o complemento necessário que seu ministério necessita para cumprir a perfeita vontade de Deus para ele. Também precisamos enfatizar nesta introdução que muitos líderes têm sido prejudicados e, consequentemente, as igrejas que eles lideram por causa de uma falta de equilíbrio quanto à relação entre a Unção do Espírito e o Conhecimento Bíblico. As duas coisas são necessárias para um efetivo ministério da Palavra.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

Ao concluir esta disciplina você será capaz de:

Explicar os propósitos do ministério da Palavra.

Definir o que “o ministério da Palavra”.

Definir Homilética.

Usar os recursos da homilética na preparação de mensagens bíblicas.

Preparar mensagens bíblicas.

Pregar e ensinar mensagens bíblicas.

Ministrar a Palavra como Jesus ministrou.

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Unidade I

PRÉ-TAREFAS Leia e estude Lucas 1.1-4. Elabore 5 perguntas tomando como base o texto acima. Concentre-se em como esta passagem bíblica nos ensina a preparar mensagens bíblicas. Considere que estas perguntas poderiam ser usadas num grupo de discussão.

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Unidade I

ESTUDO PRINCIPAL

I – PROPÓSITOS GERAIS DA PREGAÇÃO E DO ENSINO A – ALIMENTAR

1 Timóteo 4.6; João 21.15. O chamado para pregar é o chamado para alimentar o povo de Deus. A pergunta principal, então, é: Que tipo de alimento nós estamos dando ou devemos dar ao povo de Deus? A resposta é fácil: devemos dar o mesmo tipo de alimento que Jesus deu! O Senhor disse que falava palavras de espírito e vida (João 6.33). Este é o tipo de alimento que devemos dar às pessoas. “Palavras” vêm do grego rhema, que quer dizer “uma palavra ou mensagem específica de Deus para você". “Espírito” é pneuma, neste caso, o significado real do que está sendo dito; aquilo que comunica entendimento ao espírito, ao homem interior. Quando alimentamos as pessoas, nós devemos fazer isto com a Palavra de Deus, que é espírito e vida.

B – ORIENTAR

Outro propósito da pregação e ensino é orientar ou instruir o povo de Deus (1 Co 14.19) e as pessoas em geral. Orientar é mostrar o que e/ou como algo deve ser feito. Também inclui a ideia de comunicar-se, fazer-se entender. Toda pregação deve instruir ou orientar as pessoas que ouvem. Um problema atual é que há muitas pregações sem propósito e sem instrução. As pessoas ouvem palavras bonitas, frases bem articuladas, chavões de efeito, mas não recebem nenhuma instrução sobre como realmente fazer a vontade de Deus, como viver uma vida santificada, como evangelizar, como ministrar, como lidar com os problemas da vida com fidelidade, abnegação e confiança em Deus, e etc. Se o pregador não está orientado as pessoas na vontade de Deus, ele não é um ministério da Palavra; ele é um mero apresentador de auditório.

C – EXORTAR

O ensino e a pregação visam a exortação dos ouvintes. Em 2 Timóteo 4.2 nós encontramos um enérgico apelo de Paulo para que Timóteo exortasse às pessoas. Exortar não é “passar carão”, como é costume vermos por aí. Exortar é animar o desanimado, o abatido. É despertar aquele que está dormindo, desatento; é avisar aquele que está se desviando do caminho, que está em perigo. Exortar também significa “levar à ação, conduzir a uma resposta ou posicionamento”. Quando nós pregamos, nós devemos ter este propósito em mente. Nós não ensinamos para entreter as pessoas, mas para exortá-las. Nós pregamos para animar as pessoas a fazer o que Deus quer que elas façam.

D – CONSOLAR

Como nós podemos ver em Atos 15.32, “consolar” significa “confortar com conselhos”. Conforto é um estado de segurança, de paz, de tranquilidade, de estar bem acomodado. A pregação também visa levar as pessoas a este estado de espírito. O Senhor não nos chamou para pregar condenação, regras e pôr as pessoas sob jugo de leis e regulamentos. Ele nos chamou para consolar os quebrantados (Isaías 61.1-2).

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A unção do Espírito está sobre aqueles que pregam ou ensinam para confortar, não sobre os que usam da oportunidade de pregar para expelir palavras de julgamento, ira ou condenação.

E – EDIFICAR

Edificar é uma palavra que quase perdeu seu completo significado entre o povo evangélico. É quase como “a paz do Senhor”, a saudação que virou rotina ao invés de ser uma ação que realmente transmite paz. Edificar significa a ajudar, construir, fazer crescer. A pregação e o ensino devem cumprir este propósito (1 Co 14.5, 6, 12). Você tem certeza que suas pregações cumprem este propósito? Elas ajudam as pessoas a compreender e fazer a vontade de Deus? Elas constroem valores bíblicos no coração das pessoas? Elas fazem a fé, o amor e a esperança do povo crescer e produzir frutos?

F – ESCLARECER

Outro propósito do ensino e pregação é esclarecer ou informar. Ao falar sobre dons espirituais e de, consequentemente, falar ou ministrar à igreja, Paulo deixou bem claro que devemos optar por formas de expressão que realmente esclarecem as pessoas (1 Co 14.6-11, 14). Há pregações que confundem mais do que esclarecem. Quando isto acontece, a pregação não cumpriu seu objetivo.

G – GERAR

De acordo com 1 Timóteo 1.5, a pregação e o ensino, como qualquer outro ministério, devem ter como propósito gerar ou produzir algo nas vidas das pessoas. Paulo diz que sua exortação ou ensino visava gerar:

Fé sem hipocrisia

Consciência sã

Amor que procede de um coração puro H – PREGAR O EVANGELHO E REVELAR A DISPENSAÇÃO DO MISTÉRIO DE DEUS

É comum e triste vermos o quão negligenciado é este propósito duplo do ministério da palavra. Talvez você conteste que nós temos pregado bastante o Evangelho em todas as igrejas cristãs, mas observe atentamente o que Efésios 3.8 está dizendo. Ali se fala de pregar não somente as “boas novas” (o Evangelho), mas um tipo específico de Evangelho, o “Evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”. Será que temos pregado pelo menos uma pequena parte destas insondáveis riquezas de Cristo? Há muitas pregações sobre regras e mandamentos humanos, mas onde está a pregação das riquezas de Cristo? Talvez haja muita pregação sobre a morte e ressurreição de Jesus, Seu nome e Seu sangue. Mas, estas são as únicas riquezas de Cristo? Ou: estas coisas estão sendo pregadas em toda a sua riqueza? Note também que Paulo fala de anunciar qual seja a dispensação do mistério, ou em português comum, o plano de Deus. Muitos pregadores falam sobre o “plano de salvação” ou o “plano de Deus para minha vida”, mas embora isto faça parte do plano de Deus, ele não é somente isto. O plano de Deus envolve bem mais do que a salvação, já que a salvação é somente o meio para obter um fim. O plano de Deus é muito mais do que Sua vontade para minha vida pessoal – com quem vou casar, a profissão que escolherei, o ministério no qual vou ingressar, e etc. Leia o livro de Efésios, do começo ao fim, preste atenção em todas as palavras e você entenderá qual é a dispensação do ministério, que diz respeito ao propósito de Deus de convergir todas as coisas sob o senhorio e liderança de Cristo, o encabeçamento de

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Cristo sobre todas as coisas. Este plano deve ser redescoberto e ensinado com clareza e seriedade ao povo de Deus.

I – ANUNCIAR TODO O DESÍGNIO DE DEUS

Paulo disse que jamais deixou de anunciar todo o desígnio de Deus (Atos 20.27). Todo o desígnio de Deus ou toda a vontade de Deus não é um dar um estudo sistemático de Gênesis a Apocalipse. Ao contrário, anunciar todo o desígnio de Deus é ensinar quais são os pontos centrais e práticos da revelação de Deus e anunciá-los de maneira a instruir e edificar as pessoas. Anunciar todo o desígnio de Deus é pregar tudo o que é proveitoso (Atos 20.20) para a vida das pessoas, seja na esfera espiritual quanto emocional, social, relacional, etc. É anunciar tudo o que convém a sã doutrina (Tito 2.1). É ordenar (colocar em ordem) retamente a vida dos santos de Deus (Efésios 4.12).

J – APRESENTAR TODO HOMEM PERFEITO EM CRISTO

Paulo pregava para apresentar todo homem perfeito em Cristo (Colossenses 1.28). O propósito de suas pregações era a perfeição dos seus ouvintes. Efésios 4.12 fala do “aperfeiçoamento dos santos”. Esta palavra é katartismos, em grego, e significa “ordenar retamente, mobiliar por completo, dar todas as condições, equipar”. A Bíblia diz que Há dois aspectos deste “aperfeiçoamento” ao qual devemos conduzir as pessoas em Cristo:

Perfeição na vida, ou seja, caráter e relacionamentos sadios, etc.

Perfeição no ministério (Efésios 4.11-12).

O propósito do ministério da Palavra é preparar ou equipar o povo de Deus para viver de modo digno de Deus e para servir ao Senhor e uns aos outros.

II – A PREGAÇÃO E O ENSINO SÃO “MINISTÉRIOS”

Talvez esta declaração pareça comum e desnecessária, mas não é. Poucas pessoas, incluindo pregadores e mestres, se lembram disso. O que é ministério? Hoje em dia a palavra tornou-se sinônimo de “cargo”, posição social ou de poder dentro das igrejas. No entanto, o significado bíblico permanece o mesmo. Ministério é serviço, um serviço para o qual o Senhor nos chama a realizar, sob a unção do Espírito, com responsabilidade e diligência. Alguns textos bíblicos podem clarificar a seriedade de exercer um ministério espiritual como o ministério da Palavra:

Atos 6.4. Os apóstolos decidiram que era mais importante para eles, por causa do chamado específico que eles tinham, se dedicar ou se consagrar à pregação e oração. A palavra “consagrar” (Gr., proskartereo) significa “dar a si mesmo energicamente, perseverar, ser constantemente diligente”. Será que isto nos dá alguma ideia do que é ministério? Ministério é assumir um compromisso com uma tarefa e entregar-se energicamente na realização da mesma, é perseverar para que esta tarefa seja feita com a qualidade que Deus merece.

1 Timóteo 5.17. Paulo ensina que os presbíteros (pastores) que se “afadigam” na palavra e no ensino devem receber dobrada honra (ou honorários). A palavra “afadigam” é kopiao em grego, e significa “trabalho duro”. Aqueles que são chamados ao ministério da Palavra devem trabalhar

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duramente neste ministério. Se você é do tipo que preparar a mensagem 20 minutos antes do culto, com certeza você não se encaixa neste perfil de ministro da Palavra da Bíblia. Um grande problema que enfrentamos hoje é que os pregadores são medíocres, não por falta de habilidades de comunicação, mas por falta de conteúdo. E falta conteúdo para eles porque eles não se afadigam no estudo e conhecimento da Palavra de Deus para, então, ter palavras de espírito e vida para alimentar o povo de Deus. O Ministério da Palavra não é brincadeira; ele requer trabalho duro.

1 Timóteo 3.2; 2 Timóteo 2.24-26. Um dos requisitos para os pastores de igrejas é que eles sejam “aptos” para instruir ou ensinar. Ele não precisa ter o “dom” de ensino ou ter o “dom de mestre” (Efésios 4.11). Mas ele precisa ser capaz de ensinar a Palavra de Deus. A palavra “apto” vem do grego didaktikos, de onde se originou a nossa palavra “didático”. O pastor deve ser “didático”, ou seja, ele deve ser ou estar preparado para instruir, ter os elementos necessários para ser eficiente no ensino. Estes elementos são aprendidos através de leitura, estudo, observação, discipulado.

Todos estes textos nos mostram que o ministério da Palavra é uma coisa séria e que exige dedicação, trabalho duro e o aprendizado de habilidades de ensino. Não é só “ter a unção”; é preciso ter conteúdo também; conteúdo este que só se adquire gastando muito tempo em leitura, meditação e estudo sério e sistemático da Palavra de Deus. Mas também não é só unção e conteúdo; é preciso adquirir habilidades de ensino, para que o mesmo seja eficiente e produza os propósitos já mencionados no ponto I desta disciplina. E se você na reúne estes requisitos, você pode ser tudo, menos um “ministro” da Palavra.

III – A RESPONSABILIDADE DOS QUE ENSINAM

Muitas pessoas começam a ensinar na igreja porque isto traz certo status. Elas gostam de mostrar seu conhecimento bíblico, que na maioria das vezes é apenas superficial. Parece que eles consideram o ministério da Palavra uma coisa comum e de pouca importância. No entanto, a Bíblia pinta um quadro muito diferente. Nós somos lembrados e exortados, por exemplo, quando ao fato de que Deus é mais rigoroso com aqueles que ensinam (Tiago 3.1). Tiago inclusive recomenda que os irmãos não desejem ser mestres, porque os mestres serão julgados por Deus com muito maior rigor. Os que pregam ou ensinam possuem uma tremenda responsabilidade diante de Deus. Nós somos responsáveis tanto pelo conteúdo do que ensinamos como pela maneira como ensinamos e nos dedicamos ao ministério da Palavra. Deus julgará os negligentes. A Bíblia adverte que é maldito aquele que faz a obra do Senhor relaxadamente, o que se aplica também ao ministério da Palavra. A Bíblia também ensina que a obra de cada um será julgada pelo fogo (1 Coríntios 3.10-16). Se nós estamos edificando nossos ministérios com madeira, palha e feno, tais coisas não resistirão ao fogo, à provação de Deus. Um ministério da Palavra se constrói com coisas preciosas, como ouro, prata e pedras preciosas, ou seja, com valores duradouros. Se nós estamos pregando e ensinando leis, tradições e doutrinas humanas, estas coisas não resistiram diante de Deus. Estas coisas não permanecem para sempre, mas somente aquilo que tem a ver com a vontade de Deus é que permanece. Portanto, sejamos sérios e analisemos se nossos ministérios, especialmente no que diz respeito ao ensino da Palavra, resistirão ao fogo consumidor de Deus. E se você ainda não entrou no ministério da Palavra, mas é chamado, desde já leve a sério seu chamado e construa-o sobre os valores do reino de Deus, e não sobre seus próprios valores ou de sua denominação. 1 Timóteo 4.16 nos exorta a tomarmos cuidado conosco mesmo e com a doutrina que ensinamos. Há pastores e pregadores que se esforçam para pregar a sã doutrina, estudando diligentemente a Palavra de Deus, fazendo cursos e se preparando melhor para ensinar corretamente. Porém, eles se esqueçam de suas vidas pessoais. Eles se

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esquecem de lidar com as tentações da carne e do ministério. Eles vacilam no aperfeiçoamento e moldagem do caráter; eles vacilam na sua vida de oração, adoração e comunhão pessoal com Deus. Eles se esquecem de cuidar da esposa e filhos. Eles são bem-sucedidos na doutrina, mas são fracassados na vida pessoal aos olhos de Deus (e às vezes também dos homens). A Bíblia diz para ensinarmos a doutrina sã, mas também diz para vivermos uma vida sã. Doutrina correta sem vida correta não vale muita coisa. Mas o contrário também é verdade. Você pode ser íntegro em sua vida pessoal, tendo uma boa comunhão com Deus e sendo de bom caráter, mas é pobre de conteúdo. O que você ensina não é baseado realmente na Palavra de Deus ou naquilo que a Palavra de Deus realmente diz. Isto também é fracassar no ministério da Palavra.

IV – NOÇÕES DE HOMILÉTICA

Nós já temos estudado alguns princípios essenciais ao ministério da Palavra e agora queremos estudar algumas coisas relacionadas à arte de pregar e ensinar propriamente dita. A arte de preparar e comunicar mensagens bíblicas denomina-se de “Homilética”. Embora não seja uma arte exclusivamente cristã ou bíblica, a homilética pode trazer-nos alguns conhecimentos úteis para um melhor desempenho do nosso ministério. Lembre-se que o pastor (ou líder, ou pregador) deve ser “apto para instruir”, ou seja, ele deve ter didática para ensinar. A homilética é uma das ferramentas que nos proporcionam a necessária didática para o aprimoramento de nosso ministério de pregação e ensino.

A – DEFINIÇÃO DE HOMILÉTICA

A palavra “homilética” deriva da palavra grega homileo, que significa “estar acompanhado de; conversar, comunicar”. Ela é traduzida como “falou” em Atos 20.11. Então, a homilética tem a ver com comunicação, com a transmissão de informações, pensamentos e palavras. A homilética envolve o estudo de tudo o que está relacionado com a arte de pregar mensagens bíblicas. A homilética é a arte de preparar e pregar mensagens bíblicas. Se ela é uma “arte”, então ela precisa ser aprendida e pode ser aperfeiçoada. Então, na verdade, o ministério da Palavra deverá estar crescendo continuamente nesta habilidade. A homilética é a arte de “preparar” mensagens bíblicas. Muitos pastores gastam mais tempo pregando do que se preparando para pregar. Alguns não dão a devida importância na preparação da mensagem e, por isso, suas pregações possuem muito “fumaça” (gritos, glórias a Deus, aleluias, línguas, chavões decorados, palavras de efeito, etc.), mas pouco “fogo” (conteúdo bíblico, unção do Espírito que transforma vidas e cumpre os propósitos da pregação e do ensino como vimos no ponto I, etc.). Homilética é a arte de “pregar” ou comunicar mensagens bíblicas. A pregação é uma comunicação. Se ela é comunicação, então é preciso que aquele que fala se expresse de tal maneira que sua linguagem e maneira de falar possam alcançar os ouvintes. Daí a necessidade de treinamento e aprendizado para que o ministro da Palavra possa ser um comunicador eficiente e, assim, possa ser um canal melhor da unção do Espírito Santo de Deus.

B – DEFINIÇÃO DE PREGAÇÃO

A palavra grega traduzida como “pregar” é euaggelizo (1 Co 1.17). Ela significa “anunciar as boas novas, declarar, mostrar”. Pregar é, portanto, anunciar, declarar e mostrar às pessoas as boas notícias de Deus que diz respeito ao Seu Filho Jesus – quem Ele é e o que fez por e para nós. A palavra grega kerygma, traduzida como “pregação” (1 Co 1.21), significa uma proclamação pública feira por um arauto (um mensageiro real). Mas a ênfase está no conteúdo proclamado e não no ato em si.

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“Pregamos” (1 Co 1.23) é kerusso e descreve o ato de proclamar como um arauto; é o ato de pregar ou publicar a Palavra de Deus. Pregação é, portanto, proclamar, anunciar ou tornar conhecida a todos, a mensagem do Evangelho, que fala da pessoa e da obra de Jesus, com autoridade dada por Deus.

C – DEFINIÇÃO DE ENSINO

A palavra grega didasko, traduzida como “ensino”, é usada tanto para designar o ato de dar instruções quanto o conteúdo ensinado (1 Co 4.17; Mt 5.2). Outra palavra importante é paideuo, que aparece em Atos 7.22 como “educado” e em Atos 22.3 como instruído. Significa “instruir e treinar”, e está sempre relacionada com o ato de ser instruído ou treinado por outrem.

Ensino é o ato de transmitir conhecimentos com o fim de instruir ou treinar a outros nestes conhecimentos e com vistas à prática correspondente exigida pelos mesmos.

D – A DIFERENÇA ENTRE PREGAÇÃO E ENSINO

Não há uma grande diferença entre pregação e ensino. Há pequena diferença que há diz respeito aos métodos e estilos de apresentação da mensagem.

A pregação é mais “evangelística” (direcionada para a conversão dos perdidos) ou “profética” (direcionada à edificação, exortação e consolação dos crentes).

O ensino, por sua vez, é mais doutrinário (que informa a mente e molda os pensamentos) e prático (ensina o “como” das verdades proclamadas).

A pregação é menos relacional, pois o pregador assume o papel de apenas um arauto anunciando os decretos ou mensagens do Rei, sem um envolvimento mais direto e pessoal com os ouvintes. O ensino, por outro lado, é mais relacional e, portanto, pode ser bastante pessoal.

Uma boa mensagem ou “sermão” pode (e deveria) incluir características de pregação e de ensino.

E – DOIS FATORES INDISPENSÁVEIS DA PREGAÇÃO/ENSINO

O Fator Divino é o primeiro fator indispensável da pregação/ensino. Sem a inspiração, unção e ação do Espírito Santo na vida e nas palavras do pregador, a mensagem se transforma apenas em palavras sem poder.

O Fator Humano é o segundo fator indispensável. Deus não precisava, mas escolheu usar o homem como instrumento de comunicação da Sua mensagem. Deus poderia usar um anjo para pregar o Evangelho, mas Ele preferiu usar o homem. De fato, “aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1.23). Se Deus nos deu tal privilégio e responsabilidade, só cabe a nós, em obediência, nos tornarmos cada vez mais aptos para pregar e ensinar a Palavra de Deus. É aqui, portanto, que a homilética se faz necessária. Pois o fato divino está à nossa disposição e, na verdade, só depende de nossa comunhão com Deus e dependência à Sua direção. Mas o fato humano precisa ser desenvolvido para tornar-se um canal adequado para o fator divino.

A vontade de Deus não é usar um ou outro fator, mas os dois. Não podemos escolher entre um e outro. A nossa obrigação (e a necessidade) é depender primeiramente do

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fato divino (a unção do Espírito Santo) e não negligenciar o fator humano (o estudo, a homilética).

F – A IMPORTÂNCIA DO APRENDIZADO

Algumas pessoas advogam que não existe necessidade de preparação para pregar. Tais pessoas usam erroneamente o texto de Lucas 21.14-15: “Assentai, pois, em vosso coração de não vos preocupardes com o que haveis de responder; porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos quantos se vos opuserem”. Aqueles que usam este texto não somente são péssimos pregadores como também são pobres na capacidade de interpretar corretamente as Escrituras. De fato, eles demonstraram claramente que precisam de estudo e preparação para ministrar a Palavra de Deus. O texto bíblico em foco não está dizendo que ninguém deve se preparar para pregar. O contexto mostra claramente que Jesus está falando de uma situação de intensa perseguição quando os discípulos seriam levados diante de governantes e tribunais humanos e, obviamente, não haveria oportunidade ou tempo para preparar-se. Em tais situações, o fato divino, obviamente, sobrepujaria completamente o fato humano. Isto, porém, é bem diferente da situação que vivenciamos hoje em dia. Pelo menos em nosso país, nós não vivemos sob tão intensa perseguição que não tenhamos tempo ou oportunidade de nos preparamos para ministrar a Palavra. O que falta não é tempo, mas compromisso. O que falta não é oportunidade, mas negligência e estreiteza de mente. O que falta não é tempo ou oportunidade, mas sim consciência de que a pregação e o ensino são ministérios e que, como todo ministério, exige dedicação árdua, trabalho duro, aprendizado contínuo, desenvolvimento de habilidades e novos recursos, e etc. Na realidade, o que ocorre no meio evangélico é um brutal desequilíbrio em relação aos fatores divino e humano no ministério da Palavra. Há duas ideias falsas que são predominantes na maioria das igrejas cristãs:

A preparação é desnecessária;

A habilidade humana é suficiente.

A maioria dos cursos teológicos fica com a segunda ideia; eles demonstram através de seus cursos de hermenêutica e homilética que você só precisa seguir algumas regras, ter uma boa percepção, uma boa gramática e certa habilidade para falar em público que você se tornará um bom pregador. Eles defendem (se não abertamente, mas pela maneira como priorizam e enfatizam as técnicas de pregação) que a habilidade humana é suficiente; não há necessidade da unção do Espírito. Por outro lado, especialmente nos círculos pentecostais, neopentecostais e carismáticos mais fechados, há aqueles que insistem em pregar somente “na unção do Espírito”. Eles não se preparam antes do culto, afinal, o “Espírito é quem falará por nós!” O que acontece, porém, é que as mensagens geralmente têm muitos “glórias a Deus” e “aleluias”, mas pouco ou nenhum conteúdo real e consistente. Precisamos encarar a questão de que há mais prejuízos no pregador despreparado do que no pregador bem preparado. Um pregador cheio da unção do Espírito é bom, mas um pregador cheio da unção e bem preparado didaticamente é muito melhor. Vejamos:

O pregador limitado (por fala de conhecimentos bíblicos e gerais, unção, habilidades de ensino e comunicação, etc.) empobrece a igreja. A unção do

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Espírito não substitui a pobreza de conhecimentos. Na verdade, a Bíblia elogia aqueles que são ricos de conhecimento (1 Coríntios 1.5). Obviamente, não estamos falando de um conhecimento meramente acadêmico, mas de um conhecimento bíblico sólido, adquirido pela iluminação do Espírito e pelo estudo dedicado, sistemático e exegético das Escrituras. Este conhecimento espiritual e bíblico, portanto, não vem por mágica; ele vem através da séria meditação e do estudo da Palavra.

O pregador despreparado põe em risco a mensagem do Evangelho. Paulo faz um alerta muito sério sobre aqueles que pregam e/ou ouvem o Evangelho. Ele afirma que o conteúdo do Evangelho é imprescindível para a salvação. Se as pessoas estão ouvindo “outro Evangelho”, é porque o pregador não gastou tempo suficiente aprendendo e estudando o verdadeiro Evangelho. Se alguém prega o Evangelho errado, as pessoas creram no Evangelho errado. E se as pessoas não creem na mensagem correta, elas não possuem nenhuma base sólida para sua salvação (Veja 1 Coríntios 15.1-2 e note a condição “se”; veja também 1 Coríntios 2.5 e 2 Coríntios 11.4-6).

O pregador negligente põe em risco o sucesso espiritual das pessoas. Os gálatas estavam em dificuldades espirituais porque seus pregadores trouxeram mensagens que não eram condizentes com a sã doutrina (Gl 3.1-3). Um dos principais motivos para o surgimento de heresias ou interpretação equivocadas é o fato dos pregadores não gastarem tempo suficiente estudando e interpretando a Bíblia, usando princípios bíblicos e saudáveis de interpretação. Em Oséias 4.6 o Senhor porque Seu povo é destruído: porque eles não possuem entendimento. Se os líderes gastarem tempo se preparando, eles poderão trazer um saudável e necessário entendimento para o povo do Senhor e, assim, evitar que seja destruído em diversas áreas. Por exemplo, há muitas igrejas com sérios problemas de relacionamento entre os membros; noutras, há sérios problemas nas famílias e casamentos; e ainda em outras, há sérias problemas em relação ao uso dos dons. Em quase todos os casos, o problema não está na falta de unção do pastor ou pregador, mas na falta de conhecimento e preparação para lidar com estas situações.

Mas, será que há bases bíblicas bem claras e específicas para a necessidade de aprendizado e preparação para pregar e ensinar? Nós cremos que sim e gostaríamos que você nos acompanhasse:

Nós já mencionamos anteriormente 1 Timóteo 5.17. Aqui nós vemos que os pastores precisam se afadigar na palavra e no ensino. Paulo não está falando somente da ação de pregar e ensinar, mas também de preparar-se para realizar tais funções. Por exemplo, em 1 Timóteo 4.13, Paulo recomenda a Timóteo para aplicar-se à leitura (pública) das Escrituras, à exortação e ao ensino. Mas um pouco antes e também depois, ele dá o fundamento para Timóteo exercer seu ministério da Palavra. Ele diz em 4.6, que Timóteo deve estar bem alimentado com as palavras da fé (a fé cristã) e do “ensino inteiramente seguido” (que é a tradução original do texto). O “ensino” inteiramente seguido significa um ensino (ou tema doutrinário) que foi completamente pesquisado e analisado através de toda a Escritura. No v. 15 do mesmo capítulo, Paulo reforça esta ideia exortando Timóteo a meditar com diligência nas coisas que ele estava expondo. “Ensino inteiramente seguido” e “meditar com diligência” implica em estudo sério e sistemático das Escrituras. E não somente das Escrituras, porque Paulo pede a Timóteo para levar-lhe os livros e “especialmente os pergaminhos”. Aqui não se trata de livros da Bíblia, por que não existiam na época. Se levarmos em consideração a educação rabínica de Paulo, os livros poderiam incluir desde comentários bíblicos até livros de filosofia. E, considerando que algumas

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vezes Paulo citou filósofos e poetas gregos da época1, é muito provável que os livros também incluíssem poesia e filosofia.

1 Timóteo 3.2, onde um dos requisitos para ser pastor na igreja é ter a capacidade de ensinar, também já foi comentado neste estudo. “Apto para ensinar” significa possuir didática, ou seja, conhecer os métodos de ensino e ser capaz de instruir através do uso destes métodos. Obviamente, a didática, a metodologia do ensino, deve ser aprendida, o que requer preparação e aquisição de conhecimentos homiléticos da parte do pregador/pastor/líder.

Outra passagem bíblica muito importante, que nos fornece uma base para a necessidade do pregador adquirir conhecimentos e habilidades de comunicação e ensino, se encontra em Eclesiastes 12.9-12. Aqui nós encontramos diversos princípios importantes quanto à preparação do pregador para exercer seu ministério:

o O pregador deve ser sábio (v.9), o que somente acontece pela

aquisição de conhecimentos e pela experiência no uso dos mesmos. o O pregador deve ensinar o conhecimento (v.9), mas como ele

poderia fazer isto sem que ele mesmo tenha o conhecimento?

o O pregador atenta para e esquadrinha o que vai ministrar (v.9). A palavra “atentar” em hebraico é „azan. Ela significa “abrir os ouvidos para escutar”. Isto nos lembrar do fator divino, pois o pregador precisa abrir seus ouvidos para escutar a voz de Deus através da Palavra escrita ou falando ao seu coração de outra maneira. A palavra “esquadrinhar” é chaqar em hebraico. Ela significa “penetrar, examinar intimamente”. Aqui nós temos o fato humano, a necessidade de pesquisarmos as Escrituras, de usarmos os princípios do estudo bíblico e da interpretação.

o O pregador busca palavras agradáveis para falar (v. 10). Ou seja,

ele estuda uma maneira de comunicar bem o que ele deseja transmitir. Ele quer ser ouvido, portanto, ele escolhe bem o seu vocabulário – “palavras agradáveis”. “Agradáveis” é a tradução de chephets (hb.), que significa “aceitável; com propósito; uma coisa de valor”. Por “aceitável” nós entendemos que é algo “inteligível”, ou seja, que as pessoas possam entender e receber. Isto exige que o pregador estude a sua audiência para saber a linguagem adequada para falar ao seu público. Ele não pode usar palavras que não são comuns ao vocabulário das pessoas que o escutam e, se ou quando o fizer, deve haver um “propósito”, de maneira que ele construa alguma “coisa de valor” no coração de sua audiência.

o O pregador não somente busca palavras agradáveis, mas também

escreve o que irá falar (v. 10), palavras de verdade (baseadas na verdade de Deus). Aqui nós vemos a importância de ter pelo menos um “esboço” do que vamos pregar/ensinar.

o As palavras do pregador são como aguilhões (v.11). O propósito do

aguilhão a incitar à ação; é empurrar para frente. O pregador deve se preocupar em transmitir lições práticas para as pessoas. Aqueles que

1 Em Colossenses, por exemplo, Paulo sua palavras que eram usadas pelos filósofos gregos e até mesmo

por gnósticos, como a palavra pleroma (plenitude), mas obviamente com significados e aplicações

diferentes, dentro do escopo da doutrina cristã. Em Atos 17.28, nós temos outro exemplo de que Paulo

não estado limitado ao uso das Escrituras em suas leituras e conhecimento, pois ele cita um poeta de

Atenas em sua pregação.

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nos ouvem devem ser motivados a colocar em ação o que elas aprenderam.

o As palavras do pregador são como pregos bem fixados as sentenças

coligidas (v. 11). Qual é o propósito do prego? Prender (fixar) alguma coisa ou pendurar alguma coisa. As sentenças que usamos em nossas mensagens devem ser bem elaboradas, capazes de “prender” a atenção das pessoas e fixar o pensamento deles naquilo que estamos falando. Há uma ênfase aqui na maneira como apresentamos nossas mensagens. Note também que as sentenças são coligidas ou colecionadas. Isto também nos fala de um arranjo nas ideias por meio de um esboço ou sequência (o que contrasta com as pregações sem pé nem cabeça, sem propósito, sem começou, meio ou fim), como também nos fala de um arquivo de ideias que pode ser consultado sempre que necessário, o que só é possível quando o pregador toma notas ou algum tipo de preservação de suas ideias.

o O pregador fala e escreve palavras dadas pelo único Pastor. Aqui

nós somos levados de volta ao fator divino, à unção de Deus em nosso ministério de pregação e ensino. Nós devemos buscar em Deus as mensagens que iremos ministrar ao Seu povo. Assim, nós podemos ver que uma coisa não anula a outra. Salomão nos mostra que o ministério de pregação é uma obra de mútua cooperação entre o humano e o divino, ainda que o fator divino, obviamente, seja superior ao humano, mas sem anulá-lo.

G – QUATRO ÁREAS DA HOMILÉTICA

A homilética é dividida em quatro partes e todas são importantes para o pleno desenvolvimento da arte de pregar e ensinar. A seguir nós apresentaremos estas quatro áreas: 1. Conceito – É a arte de receber a mensagem de Deus. O conceito é o tema central

da mensagem o assunto que será ministrado. Ele responde às perguntas: O que é que eu quero comunicar? Qual é o ponto central da minha comunicação?

2. Composição – É a arte de pesquisar e analisar o conteúdo do tema a ser

ministrado. É preciso estudar exaustivamente e anotar todas as descobertas. Você deverá usar os métodos de como estudar a Bíblia e os princípios de interpretação bíblica para compor a sua mensagem.

3. Construção – É arte de reunir os pensamentos construindo-os de um modo

organizado. O resultado da construção é o esboço escrito do que você irá ministrar.

4. Comunicação – É a arte de expor de forma clara e efetiva o conteúdo da

mensagem. É necessário apresentar o tema de modo atrativo e compreensivo.

Um pouco mais à frente nós estudaremos detidamente cada uma destas partes quando nos tratarmos da “preparação da mensagem”.

H – TRÊS TIPOS DE APRESENTAÇÃO

1. Pregação Escrita

A pregação escrita é aquela em que o pregador transmite uma mensagem lendo-a para a sua audiência. Isto requer que ele tenha algumas habilidades específicas como: excelente dicção, saber ler e escrever muito bem.

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O problema básico deste tipo de apresentação é que o público não é atraído para escutar mensagens escritas e nem o pregador interage eficientemente com o público.

2. Pregação Com Notas

Este é o estilo mais popular e talvez seja o mais eficiente. Neste tipo de O pregador escreve os pontos principais da mensagem num esboço claro e bem desenvolvido, e usa-os como um roteiro para ministrar.

3. Pregação Espontânea

Neste tipo de apresentação, o pregador não possui nada escrito e prega “o que vem na hora”. Pregadores com largo conhecimento bíblico e grande experiência na pregação utilizam este método facilmente. Os perigos deste tipo de apresentação são: falta de um conteúdo significativo, emocionalismo, irracionalidade, não ser convincente, etc.

I – SETE TIPOS DE PREGAÇÃO

1. Pregação Textual

O pregador usa um texto bíblico e explica-o versículo por versículo, frase por frase ou palavra por palavra. Os pontos de sua mensagem são extraídos diretamente do texto bíblico. É um excelente método para pregar sobre narrativas bíblicas.

2. Pregação Tópica ou Temática

O pregador apresenta um assunto ou tema e desenvolve-o sistematicamente. É excelente para ser apresentado em série. Toda pregação tópica deverá apresentar:

A definição ou conceito do assunto.

A origem, procedência ou causa.

Os efeitos, consequências ou implicações.

A solução, resposta, conclusão ou aplicação.

3. Pregação Tipológica

O pregador usa um tipo bíblico para ilustrar uma doutrina ou verdade bíblica. Um tipo é uma ilustração do AT que encontra seu antítipo (cumprimento) no NT. Algumas dicas importantes para este tipo de pregação são:

Use tipos simples e facilmente identificáveis.

Mantenha-os no genérico; não tente forçar um texto para que cada detalhe seja um tipo e/ou tenha um antítipo.

Não seja dogmático; não crie doutrinas baseadas em tipos. De fato, o tipo não cria doutrinas, mas apenas ilustra-as.

Esteja aberto para aplicações diferentes.

4. Pregação Expositiva

O pregador explica o significado e verdades contidas numa determinada passagem bíblica. É um dos tipos mais usados e efetivos de pregação. É uma exposição clara e sistemática de princípios bíblicos.

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5. Pregação Biográfica

O pregador usa a história de uma personagem bíblica para ensinar lições práticas. Algumas coisas importantes devem ser observadas:

Estude o nascimento da pessoa – as circunstâncias, família e etc.

Perceba os tratamentos de Deus para esta pessoa – como ele reagiu? O que ele aprendeu?

Ele foi bem-sucedido no que fez? Por quê?

Como era seu relacionamento com Deus?

Como era sua vida familiar?

Como ele terminou sua vida?

O que nós podemos aprender de sua vida?

Os erros e fracassos das personagens bíblicas são para nossa advertência. Os seus acertos e sucessos são para nosso exemplo.

6. Pregação Analítica

O pregador faz uma análise detalhada de um assunto para extrair o máximo de ensinamentos dele. Este tipo de pregação é mais eficaz quando a audiência é composta de pessoas interessadas em estudar a Palavra de Deus.

7. Pregação Analógica

Assim como na pregação tipológica, o pregador utiliza símbolos ou figuras para ensinar verdades bíblicas. A diferença é que neste tipo de pregação as coisas naturais usadas para ilustrar verdades espirituais podem ser da Bíblia ou não. As analogias não podem ser usadas como doutrinas, mas apenas para ilustrar os princípios que serão ensinados.

V – A PREPARAÇÃO DA MENSAGEM

Após a nossa aquisição de um conhecimento básico da arte de preparar mensagens bíblicas no tópico anterior, nós queremos agora ir um pouco mais além e nos concentrarmos na preparação da mensagem em si. Preparar mensagens bíblicas certamente exige unção e dependência do Espírito Santo. No entanto, estas não são as únicas coisas necessárias. Nós precisamos obter um equilíbrio saudável nesta área para que possamos atingir os propósitos do ministério da Palavra, como vimos no início desta disciplina. Se você sair da zona de equilíbrio, você será um pregador pobre, irrelevante, sem poder e, consequentemente, aqueles a quem você ministra sofrerão com isto. Portanto, somemos à unção, outros requisitos necessários para uma boa preparação de mensagens bíblicas.

A – AS FERRAMENTAS NECESSÁRIAS

1. A Palavra de Deus

É claro que a primeira e principal ferramenta do pregado e da pregação é a Palavra de Deus, a Bíblia. Na verdade, tudo começa com ela. Os princípios hermenêuticos e homiléticos não são de uso exclusivo da comunidade cristã. O nosso diferencial está em no nosso livro-texto, a Palavra de Deus – a Bíblia. Para que você obtenha os melhores e mais extensos resultados na preparação do texto para sua mensagem, é necessário que você possua:

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Versões diferentes da Bíblia. Se você tem condições de adquirir diferentes versões da Bíblia em português, adquira pelo menos as versões Nova Versão Internacional (NVI), a Versão Atualizada 2ª Edição e a Nova Tradução da Bíblia na Linguagem de Hoje. Versões diferentes da Bíblia lhe proporcionarão conhecimentos adicionais sobre os textos bíblicos, tornando-os mais claros ou fornecendo opções diferentes na tradução das palavras e/ou frases empregadas.

Textos Bíblicos Nas Línguas Originais. Se você tem acesso e pode ler em hebraico e/ou grego, procure adquirir os textos nas línguas em que a Bíblia foi originalmente escrita. Isto lhe dará uma compreensão muito mais das palavras empregadas e uma maior precisão na interpretação de palavras e frases. Se você não tem acesso às línguas originais, algumas Bíblias de estudo podem suprem um pouquinho esta falta, pois elas normalmente trazem opções de traduções ou mostram as palavras e seus significados de acordo com o original. Concordâncias, dicionários e comentários bíblicos também podem ajudar nisto.

Passagens Paralelas. É importante que sua Bíblia principal de estudo tenha uma boa quantidade de referências paralelas. Estas referências nos ajudam a descobrir e estudar outras passagens bíblicas que trazem palavras, conceitos, ideias e frases similares ao do texto estudado em outras partes da Escritura.

2. Outros Livros

Embora a Bíblia seja a ferramenta indispensável para a preparação da mensagem, outros livros também podem ser úteis, tais como:

Uma Boa Bíblia De Estudo. Existem algumas boas Bíblias de estudo em português: Bíblia de Estudo NVI, Bíblia de Estudo Indutivo (Ed. Vida), Bíblia Anotada (Mundo Cristão), Bíblia Anotada por Scofield (Chamada da Meia-Noite), Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD), Bíblia Shedd (Edições Vida Nova), Bíblia Vida Nova (Edições Vida Nova), Bíblia em Cores (Bom Pastor). Nenhuma destas edições é completa e o melhor seria ter um exemplar de cada uma. Se o dinheiro não der, escolha aquela que oferecer mais recursos e/ou esteja mais próxima de suas aspirações como estudante da Bíblia. Ao escolher uma Bíblia de estudo, lembre-se do seguinte:

o O verdadeiro valor de uma Bíblia de estudos está nas notas

arqueológicas, históricas e culturais, e no significado original das palavras, não nas notas interpretativas ou homiléticas.

o As notas interpretativas de uma Bíblia de estudo sempre seguirão

a linha teológico-doutrinária de seus editores e publicadores. Isso, por si só, deve nos manter conscientes de que é possível encontrarmos notas que não refletem o verdadeiro ensino das Escrituras, mas tão somente a opinião do editor/publicador.

o Não dependa demais das notas da Bíblia de estudo. Consulte-as

somente depois de você ter estudado um assunto ou passagem bíblica por conta própria.

Um Bom Comentário Bíblico. Existem diversos comentários bíblicos que nos ajudam a entender melhor algumas passagens bíblicas ou que lançam luz sobre questões que ainda não havíamos compreendido bem. Aqui também se encaixam as mesmas considerações que fizemos em relação à escolha de Bíblias de estudo.

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Um Dicionário Expositivo De Palavras. Este tipo de auxílio apresenta as palavras bíblicas no original e quais são os seus significados de acordo com a língua de origem, bem como o uso bíblico das mesmas.

Uma Boa Concordância. Uma Concordância Bíblia é um dever para todo estudante da Bíblia. Nela você encontrará todas ou a maioria (dependendo do tipo e volume da concordância) das referências bíblicas relacionadas à uma determinada palavra. A Bíblia Thompson oferece uma excelente concordância temática.

3. Métodos de Estudo e Princípios de Interpretação da Bíblia

Além da Bíblia e de outros livros, você precisa saber aplicar os métodos e princípios de estudo e interpretação da Bíblia. Estude as disciplinas “Como Estudar a Bíblia” e “Hermenêutica” para apropriar-se destas ferramentas. Alguns textos bíblicos poderão ajudar-lhe a compreender definitivamente que há necessidade de preparação e estudo séria da Bíblia para ser um pregador ungido usado por Deus:

2 Timóteo 2.15. O obreiro aprovado é aquele que maneja (divide corretamente) a Palavra da Verdade.

1 Timóteo 1.3-7. O bom pregador promove o plano de Deus através de mensagens com qualidade.

1 Timóteo 4.15-16. O ministro da Palavra é diligente no seu estudo da Bíblia.

1 Timóteo 3.2. Os que ministram devem ser “aptos” a ensinar.

Você precisa da Bíblia, precisa de outros livros e também precisa saber usar os métodos e princípios de estudo e interpretação da Bíblia. Obviamente, a Bíblia é a primeira e mais necessária ferramenta para a preparação de mensagens bíblicas. No entanto, o seu compromisso com a Bíblia e com a excelência em seu ministério, bem como o seu compromisso com o seu público, além do fato econômico, é claro, determinarão se você será um pregador medíocre ou um pregador que realmente cumpre os propósitos da pregação e do ensino. Se você deseja ser um pregador medíocre, não há nenhuma necessidade de utilizar-se de outras ferramentas além da Bíblia para preparar suas mensagens. Mas, se você deseja dar o melhor para Deus, para seu rebanho ou público, e para si mesmo, use todas as ferramentas que você tem ao seu alcance. 4. A Disposição Necessária Se você já tem as ferramentas em mãos, agora você precisa ter a disposição necessária para começar a preparação da mensagem. Basicamente, você precisará de disposição para duas coisas:

Manter a disciplina de estudo pessoal diário e constante da Bíblia. O conhecimento bíblico não vem por mágica; é preciso investir tempo diário no estudo da Palavra de Deus. Este estudo também não pode ser superficial. Quando você escolher um assunto ou livro bíblico para estudar, você deve ver o assunto por inteiro (1 Tm 4.6).

Oração orientada. Você deve rechear seu estudo bíblico com muita oração. É por meio da oração que você receberá a iluminação do Espírito.

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B – A ESCOLHA DO CONCEITO

Nós já vimos anteriormente que a homilética trata de quatro áreas específicas: Conceito, Composição, Construção e Comunicação. Nosso assunto agora é: De onde vem o conceito? Como nós recebemos o ponto inicial e básico da mensagem? Como obtemos o conceito central da mensagem que desejamos compartilhar com outros? Há três “fontes” de onde nós podemos extrair o conceito de nossas mensagens:

Você pode extrair seus conceitos daquilo que você tem aprendido no seu estudo pessoal da Palavra de Deus, ou seja, na medida em que você estuda a Bíblia diariamente, há diversos conceitos que estarão sendo formados em seu coração. Você pode simplesmente escolher um destes conceitos e desenvolver uma mensagem em torno dele. Não é uma coisa mística ou “sobrenatural”. É um processo natural e autêntico; “eu tenho aprendido isto; então, eu vou pregar sobre isto”.

Você pode extrair seus conceitos de algo que foi revelado ou iluminado pelo Espírito de Deus. Embora, na maioria das vezes, os conceitos sejam obtidos do estudo da Palavra de Deus, e isto está correto, há ocasiões quando Deus sopra ou inspira um dado conceito em nosso coração. Isto pode ocorrer durante o nosso estudo bíblico diário, mas também pode ocorrer noutras situações e em qualquer lugar. Geralmente ele vem como uma forte impressão ou um pensamento persistente sobre um tema ou conceito que Espírito deseja que você comunique ao Seu povo. Receber os conceitos desta forma exige uma intensa e profunda intimidade com o Espírito, o que é possível e está disponível a todos nós, para que se possa discernir claramente a Sua voz em meio a tantas vozes (do mundo, da carne, do Inimigo, das pessoas, etc.) que se dirigem a nós constantemente.

Você pode extrair seus conceitos através de uma percepção das necessidades daqueles a quem você ministra. Por exemplo, se em sua igreja está havendo uma “onda” de fofoca e você percebe isto, aí está a oportunidade para você desenvolver uma mensagem baseado no conceito de que a fofoca é um pecado e que pode destruir vidas individuais e até mesmo a igreja. Outras situações podem ser oportunidades para desenvolver os conceitos de suas mensagens: um casal de jovens que “ficou”, alguém que adulterou, alguém que precisa de disciplina (correção), alguém que não usa corretamente suas finanças, etc.

C – COMPONDO A MENSAGEM

Depois que você definiu o conceito que irá ministrar, é hora de compor e organizar o material que construirá sua mensagem. Eis aqui algumas dicas de como proceder:

Determine o tipo de pregação que você deseja desenvolver. Se for necessário, reveja o ponto IV-I para escolher o tipo de pregação/ensino que você usará. Cada tipo de pregação terá peculiaridades para desenvolver. Por exemplo, um estudo textual não exige muita preparação, consulta de outros textos, pesquisar a Bíblia toda e etc. Mas um estudo tópico ou temático exigirá tudo isto. Uma pregação expositiva também é diferente de uma pregação biográfica. Assim, esteja familiarizado com os métodos de estudo da Bíblia (Veja o Disciplina “Como Estudar a Bíblia”), pois os mesmos serão de grande ajuda para a elaboração de cada tipo de mensagem que você desejar transmitir.

Selecione o texto bíblico ou os textos bíblicos que você irá usar. Se sua pregação for textual, fica mais fácil escolher um texto. Ele deverá está intimamente relacionado com o seu conceito. Por exemplo, se o seu conceito

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for “Deus não deseja que lhe demos somente adoração, mas que sejamos adoradores”, você poderá usar João 4.23-24 como texto básico. Se sua pregação for expositiva, usando o mesmo conceito, você deverá usar outros textos relacionados ao conceito. Nesse exemplo, você poderia usa João 4.23-24, e também as seguintes referências: Filipenses 3.3; Hebreus 13.15; Efésios 5.19-20 e etc. Não se esqueça de anotar tudo no papel.

Estude, Esquadrinhe o texto ou textos. Use os recursos que ensinados nas disciplinas “Como Estudar A Bíblia” e “Hermenêutica” e algumas dicas que já foram dadas nesta disciplina. Escreva tudo o que você encontrar e achar necessário incluir como material de sua pregação.

Interprete os textos bíblicos. Use os princípios de hermenêutica. Escreva uma frase que expresse o conceito específico de cada texto, especialmente quanto a sua relação com o conceito geral da mensagem. Crie sentenças, orações ou declarações conforme o que foi interpretado. Continuando com o conceito “Deus não deseja que lhe demos somente adoração, mas que sejamos adoradores”, veja o exemplo abaixo como nós podemos interpretar os textos escolhidos e criar sentenças interpretativas:

João 4.23-24: Este é o tempo de adorar a Deus. Deus procura adoradores e não somente adoração. Deus procura verdadeiros adoradores. O Pai procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Adorar em espírito: intimidade, realidade, autenticidade, por meio do Espírito Santo, sem ostentação carnal, do fundo do coração. Adorar em verdade: com sinceridade, de acordo com a Palavra de Deus. Filipenses 3.3: Adoradores prestam adoração a Deus no Espírito Santo ou por meio do Espírito Santo. A adoração verdadeira, portanto, é um fruto da ação do Espírito em nossas vidas e não algo produzido apenas pela excitação da música. Hebreus 13.15: Nós adoramos a Deus por meio de Jesus. O nosso relacionamento com Ele é a base da nossa adoração. Ele é o centro e o canal que leva nossa adoração ao Pai. Nós precisamos de Sua intercessão e direção para que nossa adoração chegue aos céus, ao trono de Deus. Nós adoramos baseados na justiça de Cristo e não na nossa própria justiça. Efésios 5.19-20: O verdadeiro adorador não faz da adoração um evento ou simplesmente um momento, mas faz da adoração um estilo de vida. Adoração é a linguagem do adorador. Ele “fala” através de salmos, hinos e cânticos espirituais, ou seja, ele comunica-se com Deus e com os outros através da música. Ele tem algo para dizer a Deus, algo verdadeiro, espiritual, através da música. Ele tem algo a dizer aos outros através da música. Salmos: cânticos com letra bíblica ou com estrutura parecida com os cânticos do livro de Salmos; canções de intimidade, que falam diretamente a Deus; música acompanhada de instrumentos. Hinos: cânticos que falam a Deus e ao homem. Cânticos Espirituais: canções e expressões espontâneas de adoração inspiradas pelo Espírito Santo ou um cântico novo, “inventado” na hora, ou seja, inspirado na hora pelo Espírito de Deus; uma expressão do seu homem interior (espírito humano).

D – CONSTRUINDO A MENSAGEM

Agora é hora de um formato, de construir a sua mensagem, de maneira que ela possa ser posteriormente apresentada de modo claro e preciso.

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O processo de construção implica em organizar o material que você recolheu no seu estudo, as frases e sentenças que você coligiu em sua interpretação e formar um esboço deste material. Um esboço deve conter as seguintes partes:

O Título. Este deve ser chamativo, atraente e relacionado ao conceito geral da mensagem. Ainda continuando com nosso exemplo de “Deus não deseja que lhe demos somente adoração, mas que sejamos adoradores”, uma sugestão para o título desta mensagem seria: “A Busca de Deus: Verdadeiros Adoradores”. Outras sugestões seriam:

o A Essência da Adoração o Como Verdadeiramente Adorar a Deus o O Que Você Precisa Saber Sobre a Verdadeira Adoração

O Texto básico da Bíblia (se for uma pregação textual) ou o texto introdutório (se for outro tipo de pregação; um dos vários textos que você empregará no decorrer da mensagem). É muito importante ter um texto bíblico básico ou introdutório, pois logo de início você demonstra ao seu público qual é a base de autoridade para o que você estará ensinando/pregando.

Introdução. A introdução de uma mensagem é muito importante. Nela você diz ao público o que você irá dizer-lhe durante a mensagem. Aqui você comunica através da introdução a ideia completa do que você deseja comunicar. A introdução apresenta o assunto, o conceito ou ponto principal da mensagem. Uma boa introdução contém os seguintes elementos:

o Ela atrai a atenção. A introdução deve capturar os ouvidos e a mente

dos ouvintes para escutar a mensagem. Se você não consegue pegar a atenção da audiência na introdução, dificilmente você conseguirá fazê-lo durante o restante da mensagem. Você pode atrair a atenção das pessoas usando um pensamento familiar (“As pessoas já estão acostumadas com o discurso cristão, mas elas anseiam por ver este discurso em ação”), usando perguntas que atraem a atenção (“Será que vale a pena ser honesto num mundo desonesto?”), apresentando um fato ou estatística alarmante (“Mais de 200 mil crianças dormem com fome e nas ruas do nosso país”) ou com um paradoxo (“Muitos se dizem filhos de Deus, mas poucos o consideram como Pai”). Um pouco de humor também ajuda a ganhar a atenção dos ouvintes.

o Expor claramente a necessidade. Você deve mostrar por que a sua

mensagem é necessária. Por que você precisa falar sobre isto? Por que as pessoas precisam ouvir? Se não há uma necessidade ou se as pessoas não são despertadas a pensar que precisam escutar a mensagem, ela terá pouco ou nenhum impacto sobre suas vidas.

Algumas outras dicas importantes sobre a introdução da mensagem:

Não comece com um pedido de desculpas ou dizendo que não teve tempo suficiente para preparar a mensagem. Os ouvintes não serão persuadidos por este de coisa e, de fato, seus pensamentos serão desviados da mensagem para a falta de organização e seriedade do pregador.

Não demore muito na introdução; mantenha-a curta.

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Ela não deve prometer mais do que a mensagem realmente poderá dar.

Use o humor com muito cuidado; não se torne leviano.

Olhe para o povo enquanto comunica o conceito geral da mensagem.

Mantenha a introdução confinada a três ou quatro frases. A primeira poderia ser uma indicação para os ouvintes abrirem a passagem bíblica que será lida e explicada (“Vamos abrir nossas Bíblia em...”). A segunda poderá ser a explicação do título da mensagem e do conceito geral da mesma (“Nós queremos falar, hoje, sobre „A Busca de Deus: Verdadeiros Adoradores‟, e queremos mostrar que Deus não deseja que lhe demos somente adoração, mas que sejamos adoradores"). A terceira frase poderia ser uma explicação do por que as pessoas precisam ouvir esta mensagem (“É importante considerarmos este assunto porque existem muitas pessoas que, pelo simples fato de cantarem na igreja, elas pensam que são adoradoras de Deus” ou “Nós precisamos estudar este assunto porque Deus deseja bem mais do que nossa adoração, Ele deseja nossa vida inteira, e nós, como filhos obediente, precisamos dar a Deus aquilo que satisfaz ao Seu coração”.). A quarta frase deveria ser uma transição para o corpo da mensagem (“Agora vejamos como poderemos nos tornar verdadeiros adoradores do Pai:”).

Corpo ou Desenvolvimento. Após a introdução, você precisa desenvolver o corpo da mensagem. O corpo é a parte da mensagem que traz a maior e principal parte do conteúdo da mensagem. É o corpo que diz o que você realmente quer dizer às pessoas. O corpo da mensagem deve ser elaborado com frases diretas que sirvam para norteá-lo na comunicação dos conceitos ou princípios que você deseja transmitir. A elaboração do esboço do corpo da mensagem dependerá do tipo de pregação que você escolher. Por exemplo, se for uma pregação tópica ou temática, o melhor caminho é desenvolver o esboço do seu corpo tomando como base os seguintes pontos:

o A definição ou conceito do assunto. o A origem, procedência ou causa. o Os efeitos, consequências ou implicações. o A solução, resposta, conclusão ou aplicação.

Você também poderá fazer uma mistura entre estudo tópico e expositivo, como você verá no exemplo um pouco mais abaixo. Quanto a organização do corpo, cada parte acima é um ponto principal do esboço do corpo ou do conteúdo que você irá transmitir. Cada ponto principal poderá ter alguns subpontos, assim como os subpontos poderão ter outros subpontos. Cada subponto deverá ser uma sentença direta, uma frase bem definida. Enumere cada ponto principal com algarismos romanos (I, II, II, IV) e os subpontos com as letras do alfabeto (A, B, C, D). Os subpontos de um subponto poderão ser organizados com algarismos arábicos (1, 2, 3, 4). Veja a seguir um exemplo de um esboço do corpo que nós elaboramos misturando uma pregação tópica (adoração) com uma pregação expositiva:

I – DEFININDO O QUE É ADORAÇÃO E ADORADOR A – O QUE É ADORAÇÃO

1. Adoração é entrega (Gênesis 22.1-10; Romanos 12.1).

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2. Adoração é dar louvor, honra e glória ao Pai (Apocalipse 4.11).

3. Adoração é um estilo de vida (Romanos 12.1). 4. Adoração é uma disciplina espiritual – deve ser praticada

diariamente. 5. Adoração é um momento do culto quando juntos rendemos

amor e honra ao Pai. B – O QUE É ADORADOR

1. É aquele que vive uma vida de adoração. 2. É aquele que adora a Deus como estilo de vida e não

somente na hora do culto. II – POR QUE E COMO DEVEMOS ADORAR A DEUS A – PORQUE DEUS É A CAUSA PRIMORDIAL DE NOSSA ADORAÇÃO – João 4.23-24 B – PORQUE DEUS PROCURA VERDADEIROS ADORADORES – João 4.23-24 C – DEVEMOS ADORAR A DEUS EM ESPÍRITO E EM VERDADE – João 4.23-24

1. Adorar em espírito: intimidade, realidade, autenticidade, por meio do Espírito Santo, sem ostentação carnal, do fundo do coração.

2. Adorar em verdade: com sinceridade, de acordo com a

Palavra de Deus.

D – DEVEMOS ADORAR A DEUS POR MEIO DE JESUS - Hebreus 13.15.

1. O nosso relacionamento com Ele é a base da nossa adoração. Ele é o centro e o canal que leva nossa adoração ao Pai.

2. Nós precisamos de Sua intercessão e direção para que

nossa adoração chegue aos céus, ao trono de Deus. Nós adoramos baseados na justiça de Cristo e não na nossa própria justiça.

E – DEVEMOS ADORAR A DEUS POR MEIO DO ESPÍRITO – Filipenses 3.3.

1. Adoradores prestam adoração a Deus no Espírito Santo ou por meio do Espírito Santo.

2. A adoração verdadeira, portanto, é um fruto da ação do

Espírito em nossas vidas e não algo produzido pela excitação da música.

III – O QUE ACONTECE QUANDO ADORAMOS A DEUS A – ELE ENCONTRA O QUE PROCURA – João 4.23-24

1. Isto traz satisfação a Deus. 2. Isto traz satisfação ao homem, pois através da adoração

Deus se manifesta a nós – João 14.21.

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B – NÓS FICAMOS CHEIOS DO ESPÍRITO – Efésios 5.18-20.

1. O verdadeiro adorador não faz da adoração um evento ou simplesmente um momento, mas faz da adoração um estilo de vida.

2. Adoração é a linguagem do adorador. Ele “fala” através de

salmos, hinos e cânticos espirituais, ou seja, ele comunica-se com Deus e com os outros através da música. Ele tem algo para dizer a Deus, algo verdadeiro, espiritual, através da música. Ele tem algo a dizer aos outros através da música.

3. O adorador cheio do Espírito adora ao Pai com Salmos:

cânticos com letra bíblica ou com estrutura parecida com os cânticos do livro de Salmos; canções de intimidade, que falam diretamente a Deus; música acompanhada de instrumentos.

4. O adorador cheio do Espírito adora ao Pai com Hinos:

cânticos que falam a Deus e ao homem.

5. O adorador cheio do Espírito adora ao Pai com Cânticos Espirituais: canções e expressões espontâneas de adoração inspiradas pelo Espírito Santo; cântico novo, “inventado” na hora, ou seja, inspirado na hora pelo Espírito de Deus; uma expressão do seu homem interior (espírito humano).

A Conclusão. A conclusão é muito importante na mensagem. Por isso, é preciso lembrar que “parar” uma mensagem é diferente de “concluir” uma mensagem. Você simplesmente encerra uma mensagem quando você não diz nada, quando não há um propósito em seu ensinamento, quando sua mensagem não tem uma finalidade. Os ouvintes devem ser levados até o ponto de captar a ideia inteira do que você transmitiu; eles devem concluir que Deus falou alguma coisa para eles e que exige uma resposta da parte deles. A conclusão deve responder as perguntas: E daí? O que isso me interessa? Que diferença isso faz na minha vida?

Há diversas maneiras de concluir uma mensagem. Você pode fazer um resumo (“Vamos concluir resumindo o que aprendemos hoje. Nós aprendemos que...”), usar uma ilustração de impacto que mostra como o que você transmitiu funciona na vida real, citar uma obra escrita/um escritor, fazer uma pergunta e deixar a resposta para a reflexão da audiência (“Nós aprendemos que devemos nos dispor para obedecer a Deus. O que você dirá da próxima vez que Deus lhe falar ao coração? Você dirá: Não, Senhor? Ou dirá: Eis-me aqui, Senhor?”), ou você poderá concluir com uma oração de entrega e compromisso para praticar o que foi transmitido.

Veja nas páginas seguintes o esboço completo da mensagem. A BUSCA DE DEUS: VERDADEIROS ADORADORES Texto Básico e Introdução

1. Vamos abrir nossas Bíblias em João 4.23-24. 2. Nós queremos falar, hoje, sobre „A Busca de Deus: Verdadeiros Adoradores‟, e

queremos mostrar que „Deus não deseja que lhe demos somente adoração, mas que sejamos adoradores‟.

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3. É importante considerarmos este assunto porque existem muitas pessoas que, pelo simples fato de cantarem na igreja, elas pensam que são adoradoras de Deus. Nós precisamos estudar este assunto porque Deus deseja bem mais do que nossa adoração, Ele deseja nossa vida inteira, e nós, como filhos obediente, precisamos dar a Deus aquilo que satisfaz ao Seu coração.

4. Agora vejamos como poderemos nos tornar verdadeiros adoradores do Pai: I – DEFININDO O QUE É ADORAÇÃO E ADORADOR A – O QUE É ADORAÇÃO

6. Adoração é entrega (Gênesis 22.1-10; Romanos 12.1). 7. Adoração é dar louvor, honra e glória ao Pai (Apocalipse 4.11). 8. Adoração é um estilo de vida (Romanos 12.1). 9. Adoração é uma disciplina espiritual – deve ser praticada diariamente. 10. Adoração é um momento do culto quando juntos rendemos amor e honra

ao Pai. B – O QUE É ADORADOR

3. É aquele que vive uma vida de adoração. 4. É aquele que adora a Deus como estilo de vida e não somente na hora do

culto. II – POR QUE E COMO DEVEMOS ADORAR A DEUS A – PORQUE DEUS É A CAUSA PRIMORDIAL DE NOSSA ADORAÇÃO – João 4.23-24 B – PORQUE DEUS PROCURA VERDADEIROS ADORADORES – João 4.23-24 C – DEVEMOS ADORAR A DEUS EM ESPÍRITO E EM VERDADE – João 4.23-24

3. Adorar em espírito: intimidade, realidade, autenticidade, por meio do Espírito Santo, sem ostentação carnal, do fundo do coração.

4. Adorar em verdade: com sinceridade, de acordo com a Palavra de Deus.

D – DEVEMOS ADORAR A DEUS POR MEIO DE JESUS - Hebreus 13.15.

3. O nosso relacionamento com Ele é a base da nossa adoração. Ele é o centro e o canal que leva nossa adoração ao Pai.

4. Nós precisamos de Sua intercessão e direção para que nossa adoração

chegue aos céus, ao trono de Deus. Nós adoramos baseados na justiça de Cristo e não na nossa própria justiça.

E – DEVEMOS ADORAR A DEUS POR MEIO DO ESPÍRITO – Filipenses 3.3.

3. Adoradores prestam adoração a Deus no Espírito Santo ou por meio do Espírito Santo.

4. A adoração verdadeira, portanto, é um fruto da ação do Espírito em

nossas vidas e não algo produzido pela excitação da música. III – O QUE ACONTECE QUANDO ADORAMOS A DEUS A – ELE ENCONTRA O QUE PROCURA – João 4.23-24

3. Isto traz satisfação a Deus.

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4. Isto traz satisfação ao homem, pois através da adoração Deus se manifesta

a nós – João 14.21. B – NÓS FICAMOS CHEIOS DO ESPÍRITO – Efésios 5.18-20.

6. O verdadeiro adorador não faz da adoração um evento ou simplesmente um momento, mas faz da adoração um estilo de vida.

7. Adoração é a linguagem do adorador. Ele “fala” através de salmos, hinos e

cânticos espirituais, ou seja, ele comunica-se com Deus e com os outros através da música. Ele tem algo para dizer a Deus, algo verdadeiro, espiritual, através da música. Ele tem algo a dizer aos outros através da música.

8. O adorador cheio do Espírito adora ao Pai com Salmos: cânticos com letra

bíblica ou com estrutura parecida com os cânticos do livro de Salmos; canções de intimidade, que falam diretamente a Deus; música acompanhada de instrumentos.

9. O adorador cheio do Espírito adora ao Pai com Hinos: cânticos que falam a

Deus e ao homem.

10. O adorador cheio do Espírito adora ao Pai com Cânticos Espirituais: canções e expressões espontâneas de adoração inspiradas pelo Espírito Santo; cântico novo, “inventado” na hora, ou seja, inspirado na hora pelo Espírito de Deus; uma expressão do seu homem interior (espírito humano).

Conclusão Nós aprendemos neste estudo que o Pai busca verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade; adoradores que o adoram por meio de Jesus e do Espírito Santo. Aprendemos também que o Pai é a causa primordial de nossa adoração e que nós satisfazemos o Seu coração quando somos verdadeiros adoradores. Vamos agora orar entregando nossas vidas como um sacrifício de louvor e adoração ao Pai, comprometendo-nos a viver como adoradores todos os dias, em todos os lugares e em tudo o que fizermos.

E – ASPECTOS INDISPENSÁVEIS DA PREGAÇÃO

Depois de apresentarmos com bastante clareza o processo de elaboração de uma mensagem bíblica, nós queremos agora mostrar que tudo o que apresentamos é inútil sem outros elementos que são indispensáveis à pregação e ao ensino, como mostraremos a seguir:

Conhecer e aplicar a homilética é algo muito importante e necessário, contudo, a homilética não serve de nada se o pregador não depender do poder de Deus. Diversos textos bíblicos nos mostram que o Espírito de Deus é o poder que impulsiona e dá autoridade e eficácia ao pregador (Por favor, medite detidamente nestes versículos: 1 Ts 1.5; 1 Co 2.2-5; Lc 4.18). Todo o conhecimento de homilética não se compara ao poder do Espírito através do pregador. No entanto, quando o ministro da Palavra usa seu conhecimento de homilética no poder do Espírito, ele se torna um poderoso instrumento nas mãos de Deus.

O ministro da Palavra deve ter plena convicção daquilo que ele prega/ensina (1 Ts 1.5). Assim, cabe-nos questionar: O que pregamos está inteiramente de acordo com a Palavra de Deus? A nossa vida está de acordo com a Palavra de Deus? Quando a resposta é “sim”, nós podemos pregar em plena convicção.

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Depender do Espírito e estar plenamente convicto é muito importante. Mas precisamos acrescentar algo mais ao nosso ministério da Palavra. Como vemos no ministério de Jesus e de outros pregadores e mestres do Novo Testamento, o ministério da Palavra consistia de palavras e obras, ou seja, de conteúdo bíblico e de demonstração de poder (1 Co 2.2-4). Quando pregamos, devemos esperar que o Espírito não somente atue através da pregação, mas que haja demonstração de poder durante a pregação. Esta demonstração de poder se apresenta como convicção de pecados, quebrantamento, transformação de vidas, salvação e etc. Dependa do Espírito Santo, pregue com convicção e esperando ver estas coisas sendo demonstradas como resultado de sua pregação.

Um último aspecto indispensável da pregação diz respeito à apresentação da mensagem pelo pregador. Quando ele prega, ele ter o respaldo destas coisas: ser íntegro em seu ensinamento, reverente (mas não triste e medroso) para com as coisas divinas, usar de linguagem sadia (palavras certas, que atingem o alvo e são úteis para edificação) e ser irrepreensível (Tito 2.7-8).

Se você unir estes aspectos ao seu conhecimento e habilidade na homilética, você será grande usado por Deus para transmitir palavras de vida e espírito.

VI – APRENDENDO A MINISTRAR COMO JESUS

Nós cremos que é muito importante incluirmos numa disciplina sobre o Ministério da Palavra, que traz mais do que mero conhecimento de homilética, o modelo que Jesus nos deixou como um grande ministro da Palavra. Esperamos que esteja claro para você que o nosso propósito é buscar um melhor equilíbrio entre a metodologia e a ação do Espírito, entre o que podemos aprender teoricamente através da homilética e o que podemos aprender experiencialmente no ministério de Jesus. Algumas pessoas isolam uma coisa da outra e se tornaram pregadores limitados ou medíocres. Se você deseja ser mais usado, mais capaz, mais eficaz, mais fiel a Deus e ao seu ministério, nunca deixe de tomar a Jesus como modelo, nunca deixe de depender do Espírito Santo e nunca deixe de aplicar os princípios da homilética em seu ministério. Jesus é o nosso melhor modelo acerca da pregação e do ensino. Por quê? Primeiro, porque Ele era um mestre vindo da parte de Deus (João 3.2; 7.29). Assim, nós podemos estar seguros de que Ele ensinava a vontade de Deus e não a Sua, embora Ele também fosse Deus. Isto nos traz um grande ensinamento e uma forte advertência: devemos pregar a vontade do Pai e não a nossa! Em segundo lugar, Ele fazia o que Ele ensinava (Atos 1.1). Jesus não era um pregador de teorias. Ele era um forte praticante da Palavra. Como pregadores e mestres, nós devemos viver o que nós pregamos. É uma tremenda hipocrisia falarmos de coisas que não estamos vivendo ou nos esforçando para viver. Ao estudarmos a pregação e o ensino de Jesus, não devemos esperar aprender somente os princípios da homilética cristã (a arte de preparar e pregar sermões), mas sim que penetremos no Espírito com que Jesus pregava. Todo líder deveria comprometer-se em aprender mais do que “técnicas” de pregação e ensino. Nós precisamos de muito mais do que isso para exercermos um ministério na unção do Espírito Santo. Quando estudamos o “estilo” de pregação e ensino de Jesus, duas coisas se sobressaem das outras:

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Naturalidade e

Sobrenaturalidade Jesus Cristo era muito natural enquanto pregava. Ele não mudava a sua voz, não vestia roupas especiais e não usava técnicas de manipulação. Infelizmente, muitos seminários e institutos bíblicos têm feito justamente o contrário e têm gerado uma enorme quantidade de pregadores artificiais. Mas, além de ser natural, Jesus também era sobrenatural. Havia poder e autoridades em suas palavras. Milagres acompanhavam sua pregação e ensino. Ele ouvia a voz do Pai e falava as Suas palavras. Ele via o Pai fazendo e seguia na direção apontada pelo Pai. Nós também precisamos ser “sobrenaturais” em nossa pregação e ensino.

A – O CONTEÚDO DE SUA MENSAGEM Se quisermos pregar e ensinar como Jesus, precisamos aprender acerca do conteúdo da Sua mensagem. Nós aprendemos nas Escrituras que:

Ele ensinava por revelação (Marcos 6.2). Ele não pregava sabedoria humana e sim a sabedoria divina. Nós encontramos “a” revelação de Deus em Sua santa Palavra, a Bíblia. Não há outra revelação.

O Seu ensino procedia do Pai (João 7.16). Jesus ensinava o que tinha aprendido em Sua comunhão com o Pai. E nós? Temos aprendido de nossa comunhão com o Pai ou somente porque ouvimos outros pregadores e queremos imitá-los.

Jesus pregou o Reino de Deus (Mateus 4.23; Lucas 4.43; Atos 1.3). O reino de Deus envolve centenas de ensinamentos que devem ser cridos e praticados por todos os discípulos de Jesus. Ver, por exemplo, o Sermão do Monte - Mateus 5, 6 e 7. Ver também as parábolas, como por exemplo, em Mateus 13.

Nota: As epístolas contêm as mesmas verdades que Jesus falou, porém de forma ampliada e mais clara. Devemos lembrar que Jesus não podia ensinar tudo claramente porque ele não havia completado a sua obra e o Espírito ainda não tinha descido para dentro dos discípulos; e, também, porque a sua missão principal não era ensinar, mas sim demonstrar a Deus e morrer pela humanidade.

Ele pregou arrependimento (Mateus 4.17). Embora a mensagem de arrependimento faça parte da mensagem reino de Deus, nós estamos enfatizando-a separadamente porque este é um assunto fora de moda nos dias atuais. Porém, Deus continua chamando os homens ao arrependimento e o arrependimento ainda continua sendo parta da porta de entrada no reino de Deus.

Ele usava a Palavra de Deus (Lucas 4.16-19). Nós podemos dizer que Jesus era um “homem do livro”. Ele não somente conhecia as escrituras, mas também sabia como usá-la. Em seus ensinamentos, Ele frequentemente citava partes das escrituras. Um dos melhores exemplos disso é Mateus 5 - "ouviste o que foi dito aos antigos..."; João 6.45 - "está escrito nos profetas...". Nós devemos aprender a usar mais a Palavra de Deus e menos as nossas próprias ideias.

B – SUA APRESENTAÇÃO DA MENSAGEM

Quando Jesus ensinava, Ele o fazia com autoridade e demonstração de Poder (Marcos 1.27; Mateus 7.29; Lucas 4.32; Marcos 6.2). Ele sabia que as pessoas não são transformadas com mera informação. As pessoas são transformadas, curadas, tocadas através da Palavra ministrada no poder e autoridade do Espírito de Deus.

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Ele ensinava com sabedoria (Marcos 6.2). Sabedoria é uma joia rara para muitos pregadores da atualidade. Nós devemos ler um pouco mais os provérbios de Salomão e aprender um pouco mais de sabedoria. Ele usava o “anzol”. Jesus era um grande pescador... de almas. Ele usava seus ensinamentos para pescar muitas vidas para o Pai. Como um sábio pescador, Ele sabia usar muito bem o Seu anzol. De fato, Ele usava um anzol diferente para cada tipo de “peixe” com quem se encontrava. Com Nicodemos, por exemplo, em João 3.1-15, Ele fala de nascimento, vento, água, serpente de bronze. Com a Samaritana (João 4), Ele fala de água que mata a sede para sempre. Veja também os “Eu sou” de Cristo em João (luz, caminho, pastor, videira, etc.). Jesus sempre usava alguma coisa comum do dia a dia para daí conduzir a pessoa ao conhecimento da verdade, para agarrar a atenção da pessoa e levá-la à questão principal. Seu método predileto era usar as parábolas. Parábolas são estórias sobre coisas naturais que ilustram verdades espirituais. É comparar coisas naturais com coisas espirituais. Por exemplo, a Parábola do Semeador, a do Bom Samaritano, das Bodas e etc.

C – A FONTE DO SEU PODER - O ESPÍRITO SANTO Em Lucas 4.18-19 nós descobrimos qual era o segredo de Suas pregações cheias de poder e autoridade. Jesus ensinava sob a unção do Espírito Santo de Deus. Se quisermos obter os mesmos resultados de Jesus nós teremos que usar a mesma fonte de poder – o Espírito Santo.

D – ONDE ELE ENSINAVA Jesus não tinha um lugar especial para ensinar. Ele ensinava nas sinagogas - aonde havia pessoas piedosas (Mt 4.23; 9.35). Ele também ensinou nas cidades dos discípulos - pontos de contato familiares (Mt 11.1), nas aldeias circunvizinhas da Sua cidade - expansão missionária (Mc 6.6) e no templo - onde havia pessoas religiosas (no mal sentido) (Mc 12.35; 14.49; Mc 6.6).

E – SEUS OBJETIVOS Jesus tinha objetivos em Sua pregação e ensino. Por exemplo, Ele objetivou pregar o Evangelho aos pobres (Lucas 4.18). Ele pregava para libertar os cativos (João 8.31-32), salvar as pessoas (João 3.17) e fundamentar os Seus discípulos (Mateus 7.24-27). Nós devemos ter estes mesmos objetivos em nosso ministério.

F – PRINCÍPIOS GERAIS A seguir, nós apresentamos diversos princípios que Jesus empregava em Seu ministério de pregação e ensino:

Jesus ensinava por níveis (Marcos 4.33; João 16.12). Ele sabia que nem todos conseguiriam entender Sua mensagem, então Ele não pregava certas coisas para estas pessoas. Ele ensinou aos discípulos na medida em que eles tinham capacidade de aprender novas coisas.

Jesus usava recursos visuais (Marcos 9.37 - tomou uma criança; Mt 12.46-50 - apontou para os discípulos). Na verdade, Ele fez do ambiente ao seu redor um grande "quadro-negro". Usar recursos visuais na pregação é uma grande ferramenta de ensino. Ajuda poderosamente a fixar verdades na mente das pessoas.

Jesus ensinou pelo exemplo. Ele orou para ensinar seus discípulos sobre como orar (Lc 11.1-4). Ele curou enfermos para demonstrar como fazê-lo; depois,

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enviou Seus discípulos para fazerem o mesmo. Nós já vimos que Jesus primeiro fazia, depois é que Ele ensinava (Atos 1.1).

Jesus usou diferentes abordagens para ensinar:

o Ele usou perguntas e respostas - Mt 21.28, 40 o Ele usou parábolas - Mateus 13 o Ele usou histórias reais - Lucas 16.19-31

Jesus ensinava com amor e compaixão, sem condenação, e atendendo às necessidades das pessoas.

Através do ministério de pregação de Jesus, nós entendemos que o sucesso da pregação é obra uma de Deus em cooperação com os ouvintes. Nem todos ouviram a pregação de Jesus, mas nenhuma de Suas palavras jamais voltou vazia (Isaías 55.11 com Mateus 13.18-23).

VII – ALGUMAS DICAS PRÁTICAS SOBRE A MINISTRAÇÃO DA PALAVRA

Para concluir nosso estudo sobre o Ministério da Palavra, nós queremos dar algumas dicas práticas sobre a ministração da Palavra. Estas dicas não são princípios bíblicos, portanto, não possuem qualquer autoridade. No entanto, seria sábio seguir estas dicas que são fruto de anos de experiência no ministério da Palavra.

Seja você mesmo. Não tente copiar os outros. Você tem dons e habilidades singulares. Você tem uma história peculiar, uma maneira própria de perceber e transmitir as coisas. Portanto, evite ser uma mera cópia de outros; seja você mesmo!

Seja natural. Você não precisa alterar a sua maneira normal de falar quando estiver pregando ou ensinando. Você não precisa “impostar” sua voz, mudar o timbre, o vocabulário, os maneirismos. Concentre-se no conteúdo, procure obter um bom vocabulário, boa dicção, mas não tenha um jeito próprio de falar no “púlpito” que seja diferente de quando você está conversando informalmente com as pessoas. Seja autêntico e natural.

Seja verdadeiro. Não tente ser ou mostrar para as pessoas o que você não é. Não tenha medo de expor enquanto prega. Não tenha medo de usar a si mesmo como exemplo de fracasso ou sucesso. As pessoas estão mais dispostas a ouvir pregadores verdadeiros, que são a mesma pessoa no púlpito, em casa, na vida cotidiana. Seja sincero.

Seja um vaso limpo. Trate com os seus próprios pecados. Deixe a graça de Deus liberta-lo dos seus pecados e moldar o seu coração. Viva uma vida santa. Se você está em perigo de cair em alguma área de sua vida, procure ajuda.

Tenha um propósito claro e objetivo. Saiba o que você quer alcançar através do seu ministério de pregação e ensino e trabalhe duro para alcançá-lo.

Seja simples. A maioria das pessoas não simples; seja simples também. Não exagere. Não seja pomposo.

Seja atrativo. Na dependência do Espírito Santo, escolha temas atrativos, que supram as necessidades das pessoas, que realmente produzam edificação. Seja atrativo em seu assunto, em sua apresentação, na introdução, no desenvolvimento e na conclusão da mensagem. Deixe as pessoas querendo sempre mais.

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Fale para ser ouvido. Você pode falar e falar e não ser ouvido. Você é ouvido quando você fala com convicção, no poder do Espírito Santo. Você é ouvido quando sua mensagem é bem preparada, porque ela se apresentará coesa, consistente, edificante. Você é ouvido quando suas mensagens atingem os propósitos do ministério da Palavra. Você é ouvido quando você comunica com clareza e objetividade aquilo que Deus coloca em Seu coração.

Vista-se apropriadamente, de acordo com a sua audiência. Se você prega em sua igreja e se ela tem uma política de vestir-se informalmente, haja de acordo. Mas, se você vai pregar diante de outro público, sonde qual é o costume ali. Se você não se vestir apropriadamente, as pessoas poderão desviar a atenção da mensagem e colocá-la na sua maneira de vestir.

Olhe nos olhos das pessoas. Mantenha contato visual. Não fique olhando para os lados, para lugar nenhum ou somente para suas notas. Olhe nos olhos das pessoas. Deixe-as saber que você está falando diretamente para elas.

Ministre a unção (o Espírito Santo) de Deus sobre as pessoas. A Bíblia diz que o jugo se quebrará por causa da unção (Isaías 10.27, Revista e Corrigida). As pessoas que lhe escutam, muitas vezes, estão sob jugos de escravidão, sejam jugos de pecado, de Satanás ou impostos pelos homens. Eles precisam experimentar a libertação espiritual e moral. Assim, ministre a unção de Deus para quebrar os jugos em suas vidas. Ore pelas pessoas antes e depois da mensagem. Convide o Espírito para vir, manifestar-se e ajudar as pessoas.

O Ministério da Palavra é um privilégio e uma grande responsabilidade. Nós devemos levar à sério este chamado e cumpri-lo com muita alegria e temor. Não perca a oportunidade de ser um poderoso pregador e mestre da Palavra pendendo para outro extremo. Mantenha-se na linha de equilíbrio onde o seu conhecimento de homilética é ungido pelo Espírito Santo e, portanto, é mais eficaz. Por fim, lembre-se da exortação de Paulo:

Faça todo o possível para conseguir a completa aprovação de Deus, como um trabalhador que não se envergonha do seu trabalho, mas ensina corretamente a verdade do Evangelho (2 Timóteo 2.15).

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Unidade II

QUESTÕES PARA REVISÃO

Após completar a Unidade I, você deverá responder as questões abaixo. Por favor, use uma folha de papel separada para escrever as respostas. 1. Cite cinco propósitos gerais do ministério da Palavra. 2. O que é homilética? 3. Quais são dois fatores necessários à pregação? 4. Quais são as quatro áreas da homilética? 5. Cite os três tipos de apresentação da mensagem? 6. Cite quatro dos sete tipos de pregação.

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Unidade III

PROJETO FINAL Devido à natureza deste método, não existe um exame ou prova final no estilo de “perguntas e respostas”. Contudo, exige-se que você complete este projeto final abaixo. As informações que você recebeu durante a disciplina foram planejadas para providenciar um fundamento básico de compreensão sobre o tema estudado. Nós queremos que você interaja com o que você aprendeu, a partir de suas próprias experiências. Todo o material desta disciplina foi elaborado para ajudá-lo a viver e ministrar este tema. Portanto, as ideias e conceitos que você aprendeu são muito importantes para nós. Deste modo, o projeto final é importante para sabermos o que você aprendeu e como você está aplicando ou aplicará este material no seu ministério.

Projeto Final: Escreva um esboço de mensagem sobre “Salvação” e outro sobre “Santificação”. Você pode escolher qualquer tipo de pregação ou mesclar alguns. Certifique-se de que seu esboço seja completo: título, introdução, corpo, conclusão, pontos principais e subpontos. Se for necessário, estude novamente a disciplina antes de realizar este projeto.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BÍBLICO O Programa EDUCAÇÃO TEOLÓGICA POR EXTENSÃO é uma iniciativa do nosso ministério para capacitar as igrejas locais a treinarem seus próprios membros, por um custo mínimo, mas com máximo impacto. O SETEB é um ministério comprometido a ensinar e treinar os filhos de Deus para a obra do ministério (Efésios 4.11), disponibilizando uma força tarefa capacitada para segar nos campos da colheita mundial. Por meio de nossa metodologia de treinamento queremos cooperar para que cada igreja local possa crescer e se multiplicar através do treinamento de líderes e obreiros que aprendem enquanto fazem, em um efetivo método de discipulado bíblico. Para maiores informações, entre em contato com:

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BÍBLICO

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