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Trabalho de parto pré-termo
Presença de contrações uterinas, levando a modificações cervicais, entre 20 e 37 semanas.
Definição:
Trabalho de parto pré-termo Recém-nascido prematuro
“Contrações” sem dilatação do colo provavelmente Braxton-Hicks
Conceitos
Importância 11% dos nascimentos ocorrem antes do termo. 35% de todos os gastos com saúde da criança
são consumidos pelo cuidado com prematuros A prematuridade é responsável por 80% da
mortalidade neonatal e 50% da morbidade neurológica. 1 em 5 crianças com retardo mental 1 em 3 crianças com problema de visão Quase metade das crianças com paralisia cerebral
Causas de mortalidade perinatal
33%
28%
24%
10%5%
INFECÇÕES ASFIXIA / TRAUMAPREMATURIDADE / BAIXO PESO ANOMALIAS CONGÊNITASOUTRAS
OMS, 2001
ClassificaçãoPré-termo: Entre 20 e 36 semanas e 6 dias
Pré-termo moderado: Entre 32 e 36 semanas
Muito Pré-termo: Entre 28 e 31 semanas
Pré-termo extremo: Entre 20 e 27 semanas
Epidemiologia
45% dos prematuros nascem em função de trabalho de parto pré-termo com membranas integras
30% por RPM 25% por parto pré-termo induzido
Fatores de RiscoFator de Risco ORIdade Materna > 30 anos 1,17Idade Materna < 18 anos 2,0Fumo 1,85IMC baixo 1,5Raça Negra 2,02Hipertensão Prévia 4,06
Moreau C, et al. BJOG. 2005;112(4):430 Meis PJ, et al. Am J Obstet Gynecol. 1995; 173: 597
Krymko H, et al.Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2004;113:160Bakewell JM, et al. Paediatr Perinat Epidemiol. 1997; 11 Suppl 1:119
Fatores de RiscoFator de Risco ORAborto Induzido 1,5Bacteriúria Assintomática 2,03Anomalia Uterina 7,02Intervalo entre gestações < 12 meses 5,13Parto pré termo anterior 8,25Gestação Múltipla 6,0
Moreau C, et al. BJOG. 2005;112(4):430 Meis PJ, et al. Am J Obstet Gynecol. 1995; 173: 597
Krymko H, et al.Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2004;113:160Bakewell JM, et al. Paediatr Perinat Epidemiol. 1997; 11 Suppl 1:119
Incidência de Prematuridade em Gemelares
10,41,6
57,4
11,8
92,4
36,7
97,8
64,5
0102030405060708090
100
Única Dupla Tripla Quadrupla
<37 semanas <32 semanas
Martin JA, et al. National Vital Statistics Report, 2001
Conduta
Prevenção primária: Identificação e eliminação de fatores de risco Predição do risco de parto pré-termo Prevenção medicamentosa
Prevenção secundária: Inibição do trabalho de parto
Prevenção terciária: Preparação para o nascimento do prematuro
Detecção e tratamento de infecções Bacteriúria Assintomática Vaginose Bacteriana Infecção Periodontal
Prevenção primária
Identificação de fatores de risco
Identificação de fatores de risco Bacteriúria assintomática:
Smaill F, Vazquez JC. Cochrane Library, 2007
NS
Vaginose bacteriana: Tratamento X não tratamento: Parto pré-termo: OR: 0,91 (0,78 - 1,06)
Oral: OR: 0,90 (0,75 - 1,08) Vaginal: OR: 0,88 (0,64 - 1,21)
Mulheres com TPPT prévio: Parto pré-termo: OR: 0,83 (0,59 - 1,17) RPM: OR: 0,14 (0,05 - 0,38)
Identificação de fatores de risco
McDonald H, et al. Cochrane Library, 2006
Infecção periodontal Lopez et al., 2002
400 mulheres Tratamento antes de 28 semanas x pós-parto Incidência de TPPT de 1,84 X 10,9% (OR:5,5)
Xiong et al., 2005 Revisão de 25 estudos 18 mostraram risco aumentado de TPPT 57% de redução do TPPT com tratamento
Identificação de fatores de risco
Hábitos de vida Tabagismo: Parar diminui o risco de Prematuridade 12,5% X 2,3%
(Cnattingius S, et al. NEJM. 1999: 341: 943)
Programas para parar de fumar Redução de 6% no tabagismo Redução de 16% na incidência de parto < 37 semanas
(Lumley J, Cochrane, 2004)
Eliminação de fatores de risco
Afastamento do Trabalho Política de saúde na França Afastamento a partir de 35 semanas (33 se
necessário) Uso liberal de atestados durante a gestação Redução no nº de PPT:
6,38% (1972) 3,51% (1998)
Eliminação de fatores de risco
Papiernik E, Goffinet F. Clin Obstet Gynecol. 2004: 47(4):755
Intervalo entre gestações: < 6 meses OR: 1,4 (1,3-1,5) > 10 anos OR: 1,5 (1,3-1,7) Intervalo ideal: 18 a 24 meses
Eliminação de fatores de risco
Zhu BP, et al. NEJM, 1999; 340(8): 589
Miomatose Uterina (OR:2,5) Meis PJ, et al. Am J Obstet Gynecol. 1998; 178: 562 Sem evidências
Polidrâmnio (OR:1,6) Many A, et al. Obstet Gynecol. 1995; 86: 389 Sem evidências
Insuficiência cervical
Eliminação de fatores de risco
Métodos Bioquímicos Avaliação do apagamento do colo:
Toque Ultra-sonografia
Predição do risco de parto pré-termo:
Marcadores bioquímicos: Fibronectina fetal Citocinas Prolactina Estriol salivar Metabólitos do óxido nítrico outros
Predição do risco de parto pré-termo:
Fibronectina fetal Glicoproteina presente entre as membranas Meta-análise com 27 estudos (3815 pacientes) Parto < 37 semanas
Sensibilidade: 78% Especificidade: 78%
Parto < 34 semanas Sensibilidade: 69% Especificidade: 74%
Predição do risco de parto pré-termo:
Leitich H, et al. Am J Obstet Gynecol. 1999; 180: 1169
US transvaginal: Só em populações de risco
História de Prematuridade Malformações Uterinas Insuficiência Cervical (História Atípica)
Avaliação única com 24 semanas? Avaliações seriadas entre 16 e 26 semanas? ACOG: melhor para afastar risco do que para
confirmar (VPP baixo e VPN alto)
Predição do risco de parto pré-termo:
Predição do risco de parto pré-termo:
Parto Pré Termo Anterior
Colo < 25 mm
Fibronectina Positiva
Parto Pré Termo Anterior
Colo < 25 mm
Parto Pré Termo Anterior
Fibronectina Positiva
35% partos < 37 semanas8% partos < 32 semanas
48% partos < 37 semanas24% partos < 32 semanas
60% partos < 37 semanas50% partos < 32 semanas
Goldenberg RL, et al. Am J Pub Health. 1998; 88: 233
Prevenção Cirúrgica
Cerclage Baseada na história Baseada na medida do colo
Medicamentosa Progesterona
Repouso
Cerclage Baseada na História Parto < 37 semanas 4 estudos – 1062 pacientes
Drakeley AJ, Roberts D, Alfirevic Z. Cochrane 2003
NS
Cerclage Baseada na HistóriaSubgrupo Parto < 33 sem Parto < 37 sem
% %História de < 3 perdasCerclage 13 25Não 16 30História de ≥ 3 perdasCerclage 15 32Não 32 53História de cirurgia sobre o colo uterinoCerclage 19 36Não 22 32
MRC / RCOG. BJOG 1993; 100: 516
Cerclage – Quando IndicarPerdas de Repetição
no 2º trimestre
≥3 ≤2
Cerclage USTV seriado entre 16 e 26 sem
Colo > 25mm
Acompanhamento Cerclage
≤ 25mm
Prevenção Medicamentosa Progesterona
Parto < 37 semanas
Parto < 34 semanas
Incidência de SARICoomarassamy A, et al. EJOG. 2006:111
49 % menor
58 % menor 45 % menor
Progesterone and the Risk of Preterm Birth among Women with a Short Cervix
Fonseca, Eduardo B.; Celik, Ebru; Parra, Mauro; Singh, Mandeep; Nicolaides, Kypros H. USTV em 24.620 mulheres
entre 20 e 25 semanas (média 22)
Colo ≤ 15mm em 413 (1,7%) 250 randomizadas para
progesterona 200mcg/noite ou placebo entre 24 e 34 semanas
Incidência de parto < 34 semanas: Grupo progesterona: 19,2% Grupo placebo: 34,4% RR: 0,56 ( 0,36-0,86)
NEJM, 357(5), 2 August 2007, 462
Prevenção Progesterona
Via vaginal: Progesterona natural micronizada 100mg/dia
Via IM: Caproato de 17-alfa-hidroxiprogesterona 250mg/semana
De 16 a 36 semanas Pacientes com fatores de risco
História de parto pré termo anterior Malformações uterinas Colo curto ao US ( ≤ 1,5 cm )
Dodd JM, et al. Acta Obstet Gynecol Scand. 2005; 84: 526Fonseca EB, et al. NEJM. 2007; 357: 462
Repouso no leito Um estudo Randomizado Repouso por 3 períodos de 1 hora por dia
Repouso no leito domiciliar (n=432) 7,9% Controle (n=422) 9,7%
Taxa de PPT
Hobel C, et al. AJOG. 1994; 170: 54
Não existem evidências que o repouso no leito diminua a taxa de prematuridade
Inibição do trabalho de parto pré-termo Entre 22 e 34 semanas Certeza do trabalho de parto
Dúvida: Observação / Hidratação Ausência de contra-indicações Avaliar índice de tocólise
Contra-indicações para a inibição Doenças maternas Malformações fetais Infecção intra-uterina Insuficiência placentária Óbito fetal Rotura de membranas Sangramento Dilatação superior a 4cm Maturidade fetal comprovada
Índice de tocólise
Resultado do exame Valores atribuídos
0 1 2
Posição do coloApagamentoDilataçãoAltura da apresentaçãoBolsa d’águaContrações
PosteriorImaturo
NenhumaAlta (móvel)Não formada
< 1 / hora
Intermediário30 a 50%2 a 4 cm
Média (fixa)Formada
1 / 10’/ 15”
Centralizado> 50%> 4 cmBaixa
Herniada> 2 /10'/25"
Corrêa, 1989
Índice de TocóliseTocólise > 5: VPP: 70,4 %
VPN: 64 %< 2: VPN: 71 %> 7: VPP: 100 %
USTV colo < 27mm: VPP: 83,7 %VPN: 89,9 %
Valadares JD. Tese de doutorado. UFMG, 2001
Agonistas ß adrenérgicos Inibidores da síntese de prostaglandinas Bloqueadores dos receptores de ocitocina Bloqueadores dos canais de cálcio Outros mecanismos
Inibição do trabalho de parto pré-termo
Tocolíticos
Droga Ataque ManutençãoNifedipina 30mg VO 10mg 6/6h
Salbutamol 10 – 48 mcg/min EV
Indometacina 100mg VR50mg VO
25 a 50mg 4/4h por 3 dias
MgSO4 4g a 20% EV 1 a 3g/h EVAtosibano 6,75 mg EV 300mg/min – 3h
100mg/min – 45h
TocolíticosMeta-análise de 16 estudos randomizados
(AJOG, jun, 2003): Não há diferença entre tocolíticos quanto ao
prolongamento da gestação. Todos tem um efeito pequeno, mas significativo.
Prolongamento da gestação de 48 horas a 7 dias
Todas apresentam algum tipo de risco materno ou fetal.
Os bloqueadores do canal de cálcio podem ser usados como primeira escolha por apresentarem menos efeitos colaterais
Nenhuma droga se mostrou efetiva, quando comparada ao placebo, como terapia de manutenção.
Tocolíticos
Tsatsaris et al. Obstet Gynecol, 2001
Prevenção Terciária Preparação para o nascimento do prematuro:
Avaliação da maturidade pulmonar Corticoterapia Prevenção da sepse neonatal Neuroproteção Cuidados Neonatais
Avaliação da maturidade pulmonar Relação Lecitina / Esfingomielina > 2 Teste de Clements anel de espuma na diluição de
1:1 Detecção de fosfatidilglicerol Relação Surfactante / Albumina (TDx FLM) > 50-70
mg/g Corpúsculos lamelares > 50.000/µL
Fases de desenvolvimento do pulmão:
pseudocanalicular5 a 17 semanas
canalicular17 a 25
semanas
saco terminal
alveolar25 semanas até o termo
final da gestação e infância
Corticóides Aceleram a maturidade pulmonar e protegem contra
enterocolite necrotizante e hemorragia intraventricular e diminuem a mortalidade neonatal. (ACOG PB 43, 2003)
Betametasona: 12mg, IM, 2 doses de 24/24 horas Dexametasona: 6mg, IM, 4 doses de 12/12 horas
Caso o parto não ocorra em 7 dias, o tratamento não deverá ser repetido
Antibióticos Não houve diferença entre os grupos que
usaram ATB ou Placebo quanto ao prolongamento da gravidez, prevenção de sepse neonatal ou SARI.
Os ATB não são recomendados exclusivamente para prevenir o parto pré-termo
ACOG Practice Bulletin 43, 2003
Antibióticos:Prolongamento do período de latência
Kenyon S, et al. Cochrane Library, 2003
Rotura Prematura das Membranas
20 % menor
Prevenção de sepse neonatalFatores de risco para infecção pelo Streptococcus ß: Trabalho de parto antes de 37 sem Febre intra-parto RPM > 18h Bacteriúria por Streptococcus ß Gestação anterior acometida
Penicilina cristalina 5.000.000 UI, EV como dose de ataque.
Penicilina cristalina 2.500.000 UI, EV, de 4/4h até o parto
No TPPT, sem cultura, colher a cultura e iniciar o tratamento. Manter o tratamento até o parto ou até o resultado negativo da cultura.
Se cultura positiva, manter o tratamento por 48 horas em caso de sucesso da inibição.
Se cultura negativa não é necessário fazer novo tratamento se o parto ocorrer nas próximas 5 semanas.
Prevenção de sepse neonatal
CDC, 2002
Condução Hospital com Unidade
Neonatal Via de parto: não
existem evidências de que a abdominal seja superior a vaginal.
Romper a bolsa só no período expulsivo.
Conclusões Prevenção Primária:
Tratamento de infecções pode ser útil Para vaginose preferir clindamicina
Redução do tabagismo Afastamento do Trabalho Intervalo entre partos de 18 a 24 meses
Predição História de parto pré termo US transvaginal Fibronectina fetal
Prevenção secundária: A Progesterona é útil em:
História de parto pré termo Malformações uterinas Colo curto ao US (≤ 1,5 cm)
A cerclage é útil em: História típica de insuficiência cervical História de 2 ou + perdas precoces e colo curto (≤2,5cm)
O repouso no leito não tem evidências de benefício Para Gemelares não existem medidas comprovadamente
eficazes
Conclusões
Prevenção secundária:
Tocólise Tocólise é efetiva por aproximadamente 48 horas a 7 dias Não existe tocolítico melhor que o outro A terapia de manutenção não é recomendada
Conclusões
Conclusões Prevenção terciária:
Corticóides: Reduzem a morbi-mortalidade neonatal
Antibióticos: Para prolongar período de latência na RPM Para a prevenção da sepse neonatal por Strepto β
MgSO4 para neuroproteção Parece ser método promissor
Obrigado [email protected]