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Comun. Inst . Geai. e Mineiro , 199.5, t. 81, pp.97-108
Comunicações In stituto Geológico e Mineiro
Presença de Equus hydruntinus REGALIA, 1905 no Würm recente de Portugal
JOÃO Luís CARDOSO'
Palavras-chave: Equus hydnmtinus davidi; Würm recente; Portugal.
Resumo: Dois molares superiores da Pedreira das Salemas (Würm recente) , sugeriam, pelo pequeno tamanho, E. hydmntinus, única espécie de pequeno equídeo seguramente presente no Plistocénico superior da Europa Ocidental, ainda não identificada no território português.
O seu estudo veio confirmar a atribuição, precisando aquela espécie à sub-espécie E. h. davidi, caracterizada pelo alongamento relativo do protocone, face à subespécie-tipo, E. h. hydruntinus . Nos domínios mais meridionais da Europa mediterrânica , persistiu E. h. hydnmtimts no decurso do Würm recente, então substituída , nas áreas mais setentrionais, por E. h. davidi.
Key-words: Equus hydnm/inus davidi; Late Würm; Portugal.
Abstract: Two small second upper molars found at Pedreha das Salemas (Loures, Lisboa) (Upper Würm) suggested lhe occurrence of Equus hydruntinus, the only small equid surely known from the UPPer f'lei stocene of Europe.
The study allowed us to report these teeth to Equus h)'drunritiUS davidi. This subspecies differ from E. h. h)'druntillus by lhe greater relative length of the protocone in the upper cheeck teelh.
E. h. davidi replaced E. h. hydrunrinus during the late Würm on lhe regions e10se to the alpine arch, bul nOI on more southern areas, around the Medilerranean sea, where E. h . hydrunrillus survived.
1. INTRODUÇÃO
No decurso da revisão das faunas de grandes mamíferos do Plistocénico superior de Portugal, deparámos com restos de um pequeno equídeo que, pelas dimensões, poderiam pertencer a Equus hydruntinus (CARDOSO & EtSENMANN, 1989; CARDOSO, 1993, 1995).
A questão merecia ser aprofundada; o reexame das peças disponíveis, bem como as comparações que proporcionaram com outras, de diversas idades e proveniências, estiveram na origem deste estudo.
2. SITUAÇÃO, GEOLOGIA, IDADE
A Pedreira das Salemas foi o único local que, até ao momento , forneceu restos do pequeno equídeo plistocénico em. apreço.
Situação - plataforma somital rochosa, dominando de um lado o vale da ribeira de Loures e, do outro, a encosta que pende, suavemente, para o vale do Tejo. A superfície, constituída por bancadas de calcários do Cretácico, está interrompida por diaclases verticais,
alargadas por erosão cársica formando, nos casos extremos, «algares», observados em secção na frente da pedreira ali existente (Fol. 1). Coordenadas: 3852' 38" lal. N; 9 II' 58" long. W de Greenwich (Concelho de Loures).
Geologia e trabalhos realizados - a exploração da pedreira esteve na origam da descoberta desta jazida. As cavidades cársicas, que podem ultrapassar 10 m de profundidade, continham enchimentos argilosos avermelhados, localmente fossilíferos. Materiais ósseos, postos de parte pelos operários no decurso da lavra, foram recolhidos desde 1957 por G. Zbyszewski e O. Veiga Ferreira, sem que seja conhecida exactamente a sua posição estratigráfica.
A estratigrafia no algar principal é a seguinte (síntese das descrições de ZSYSZEWSKI, 1963 e FERREIRA , 1964) , de cima para baixo (um corte é representado em ZSYSZEWSKI et ai. 1980/81):
C.5 - terra negra com fauna , indústrias líticas e materiais cerâmicos, correspondente a ocupação neolítica (0,50 a 1,20 m de espessura);
• Centro de Estudos Geológicos da Univers idade Nova de Lisboa, Quinta da Torre, 2825 Monle de Caparica , Portugal.
98
Fig . I - Localizaçào da Pcdrcir;1 da) Salema) na Pcninw la IlXril":1.
Foto 1 - Aspecto da frente da Pedreira das Sa lemas, depois de aba ndonada , observando-se intenso diacJaS3mcnlO vertical favorável à ex istência de pequenos algares. como aquele donde provêm os dois molares de E. h)'dnmlimls estudados.
C.4 - terra argilosa castanha ou avermelhada, com raros vestígios de Paleolítico superior, alguns ossos humanos e fauna (0,50 m de espessura) ;
C.3 - «terra rossa" estéril (1 ,00 a 5,00 m de espessura) ;
C.2 - terra avermelhada escura com leitos de argila esverdeada, com indústrias mustierenses e abundante fauna (0,50 m) ;
C.I - fundo do «algar», corresponde a calcário margoso do Cretácico.
Os restos humanos encontrados na C.4 foram considerados do Paleolítico superior, com base nas indústrias ; esta posição é reafirmada em trabalho ulterior. em que se refere que D. Ferembach atribuiu tais restos «(à un jeune du Paléolithique supérieur» (ZSYSZEWSKI e/ ai. , 1980/8 1, p. 14). Porém, os elementos aludidos são insuficientes para determinação da idade. Uma data pelo radiocarbono de ossos longos humanos mostra que são neolílicos (CARDOSO & EISENMANN , 1989):
[CEN 35 1 - 6020 + [20 BP.
Tal data , além de clarificar a idade dos restos humanos - facto importante, atendendo à escassez de informação paleoantropol6gica do Paleolítico superior em Portugal - permitiu separar, pelo aspecto superficial , ossos que estariam associados a estes restos dos recolhidos na C.2, seguramente plistocénicos.
Os materiais humanos e parte da fauna mostram, em regra, cor vermelho-esb ranquiçada, enquanto os mais antigos exibem manchas manganesíferas e mineralização mai s intensa. Esta interpretação , que as condições estratigráficas davam como certa por ser evidente que só poderiam provir da C.2 , foi co nfirmada pelo radiocarbano (ANTUNES e/ aI. , 1989) :
[CEN 366 - 29 890 + [1 30; - 980 BP.
É desta camada que provém, considerando a pátina avermelhada e as manchas manganesíferas, as peças em apreço.
3. OS MATERIAIS
Ped . Sal. 57 - M' com desgaste fraco; 55 ,5 mm de altura a partir do ponto de fusào das raízes, medida na face labial.
99
Exemplar completo. Foram observadas, na superfície oclusal , as
seguintes características (Fig. 2, n. o I) :
- pilar central da muralha externa (mesostilo) simples, constituído por uma única dobra do esmalte;
- pré e posfosseta delimitadas por esmalte com dobramento muito simples;
- ausência da dobra cabalina; apenas uma ligeira inflexão no esmalte, correspondendo a ténue engrossamento;
- facetas interesti lares anterior e posterior definidas por superfícies ligeiramente côncavas, de fundo aplanado , menos acentuadamente côncavas que em exemplares hom610gos de EqlillS cabal/lis all/lillesi (CARDOSO & EISENMANN, 1989), presente igualmente na jazida em apreço.
Ped. Sal [ - M' com desgaste forte; 35 ,5 mm de altura a partir do ponto de fusão das raízes, medida na face labial. Falta-lhe cerca de melade da muralha externa, correspondendo à faceta interestilar posterior.
As características de maior interesse, observadas na superfície oclusal, são as seguintes (Fig. 2 , n-" 2):
- facetas interestilares anterior e posterior mais acentuadamente aplanadas que as do dente já descrito, sendo também mais evidente a convexidade da zona central da faceta anterior ;
- pré e posfosseta com dobra do esmalte muito simples;
- ausência da dobra cabalina ; - protocone mais curto que o do exemplar anterior; - facetas interestilares anterior e posterior nitida-
mente aplanadas.
As dimensões dos dois exemplares, correspondentes à superfície oclusal , são as seguintes (em mm):
Pcd. Sal. 57 Ped . Sal. 1
OMO 23,0 20.0
OVL 22.0 21.0
DMDp 10,0 8.5
I, 43,0 42,5
DMD - diâmetro mesio-dista l; DVL - diâmelro vestíbulo-lingual; DMDp - diâmelro mesio-distal do protocone; [p - índice protoc6nico (= DMDp / DMDX[oo).
100
3 1 2
~ 10
8
I I 5 7 O 3cm 9
11
~ ~ ~ 13 14 15 16
~ ~ 17 18 19 20 21
22 23 ~
24 ~ ~
25 26
Fig. 2 - Primeiros e segundos molares superiores de E. h)'dnmtilllls: 1 e 2 - M2 da Pedreira das Salemas (57 e 1 respectivamente); 3 - M~ de kessingland (Suffolk); 4 - M2 da Estação X (Dordonha) ; 5 - M2, provável de Lortcl (Haulcs*Pyrénées) ; 6 - MI.2 de Coll ias (Gard); 7 - MI .2 de I'abri Cornillc (Bouches·du~ Rhône); 8 - MI de Saint-Angeau (Charenle); 9 - M2 de Cueva de los Munccos (Ciudad Real); 10 - M I da Estação X (Dordonha) ; 11 - M 1.2 da Cucva de la Carigüela (Granada); 12 e 13 - Mie M2 da Gruta da Romanelli (Olranlo); 14 - M2 de Roterberg (Turíngia) ; 15 e 16 - M2 de ]'abri Canalcttes; 17 c 18 - MI e M2 de Roterberg (Turíngia); 19 - M2 de ['ab ri dcs Canalcues; 20 e 21 - MI e M2 de S. Teodoro (Messina); 22 - MI de Achenheim (Baixo Reno); 23 - M2 de Sipka (ex-Checoslováquia); 24 a 26 - MI ,2 de diversas grutas da Crimeia. Origem das Figuras: 3 e 4; 10; 12 a 14; 17 e 18, 20 a 23, segundo STEHUN & GRAZIOSI (1935) , modificado; 5, segundo CLQT (1986); 6, segundo CRÉGUT-BoNNOURE & GRANIER (1982) ; 7, 15 e 16, segundo BONIPAY & LECOURT01S-DuCGQN1NAZ (1976) ; 8, segundo AL1MEN (1947); 9, segundo TORRES PÉREZ-HIDALGQ (197 1); lI , segundo UERPMANN (1976) ; 19, segundo BRUOAL ( 1993) ; 24 a 26, segundo GRO~IOVA (1949) .
4. COMPARAÇÕES
4.1. Biometria
As dimensões dos dentes da Pedreira das Salemas
integram-se bem no intervalo de variação de E. hydrull
tiflUS.
Com efeito, da pesquisa bibliográfica efectuada ,
resultaram as seguintes informações:
I) M'- 2 (Fig . 2, n. 07 , 15 e 16) de I'abri CorniUe,
Istres do Würm IV (Bouches du Rhône) (BONIFAY & LECOURTOls-DuCGONINAZ, 1976) (medidas oclusais
em mm):
DMD 26,7 26,2 24,6 26.3
OVL 2 1.8 23,5 2 1,4 22,4
DMDp 9.5 9.8 11 ,2 8.0
Ip 35 37 45 30
Estes valores são superiores aos indicados por F.
PRAT (1968) para exemplares de Saint-Germain-Ia
-Riviere e de Fontarnaud, com DMD , respectivamente
entre 20 e 21 ,5 mm e, entre 22 e 23 mm. Os valores
correspondentes aos 2 exemplares portugueses
integram-se perfeitamente neste últ imo conjunto ,
evidenciando a pequenez, que é 6bvia, mesmo a partir
de uma análise sumária.
2) M'- 2 do loess recente de Collias , Gard
(CRÉGUT-BONNOURE & GRANIER , 1982) (medidas
ocJusais em mm):
DMD 23,8
OVL 21.2
DMDp 8.2
Ip 34,4
Os valores absolutos deste dente (Fig. 2, n. o 6) são
compatíveis com os dos exemplares em estudo; porém ,
o baixo Ip lembra aos AA oS valores encontrados em
exemplares do início do Würm.
3) Na gruta de Temnata (Karlukovo, Bulgária)
recolheram-se, em níveis do início do Paleolítico superior, um M I e um M2 de E. hydrulllinus. Ambos foram
comparados com hom61ogos de estações francesas. Em especial para O M2 foram apresentados os seguintes
valores comparativos (medidas oclusais) (DELPECH & GUADELLI, 1992):
OMO OVL DMDp
Ip
Temnata
26.7
22,5
8.8 32,9
Combe-Grenal
(\Vürm antigo)
23,0
23,5
11 ,O
47,8
101
La Fcrrasie (Würm recente)
21,0 -26.0
8,0 - 11 ,5 - 11 ,0
38.1 - 42.3
Uma vez mais , as dimensões e índices protocónicos
dos 2 exemplares da Pedreira das Salemas integram-se
nos intervalos de variação de E. hydrwztill lls das jazidas
indicadas.
4) Da gruta de Lortet (Haules-Pyrénées), CLOT
(1986) assinala um M2 (Fig. 2 , n. o 5) do Magdalenense
superior (12 300 + 200 BP), cujas medidas foram
comparadas com as indicadas por outros autores (ao
nível oclusal):
Prat, 1968
Lorlet M' M2
mo.lO 26.0 20 a 25 20 ,26
m.1Dp 10 7 , " 6 a 12.5
I P 38,5 32,5 a 55 29,2 a 51,5
Baume de
Abri Cornille, Valorgues.
M I-2 (Bonifay , MI - 2 (Bonifay ,
1974) 1978)
24. 5 a 26.7
8 a 11 .3
30 a 45
2 1.6 325.6
8.5 311.8
37 3 49
Os valores correspondentes aos dois exemplares em
estudo inscrevem-se nos intervalos de variação apresen
tados.
5) No abri des Canaleues (BRUGAL, 1993) , foram
recolhidos um MI e um M2 de E. hydrtmlilllls com as
seguintes dimensões oclusais:
MI M2
DMD 25,2 23,7
OVL 24.0 22, 3
DMDp 8.6 7.3
I P 34.1 30 ,8
Embora revelem microdôncia idêntica à dos exem
plares portugueses , o pequeno comprimento do proto
cone (bem evidente na Fig. 2, n. o 19) faz com que o
respectivo Ip seja muito infer ior ao correspondente
àqueles exemplares. Tal situação pode ser explicável
pela diferença de idades das respectivas jazidas .
6) A gruta de Felines-Termenes (Aude) forneceu
restos recolhidos à superfície e supostamente holocénicos ;
foram considerados entre os mais modernos da espécie,
em terit6rio francês (EISENMANN & PATOU, 1980).
102
a. -50
4 5
40
-" -... - ;~"'(. -"'- ,., ... " r ' ....... I • i / __ -
•
35 . / I
30
25
20
/ • /
I;.··· .... 35
30
25
\ \, i \ . .
\ ' ; \ \ . . ' \ \ \ \ .. " - \ \- ~ .,.
'- "
20 L-~--~--~----~--~--~-
pl p~ Ml
1 - "' - "'-)C.- 2 3
Fig. 3 - Dimensões absolutas médias do diâmetro mésio-d islal (D MD) dos dois segundos mol ares da Pedreira das Salemas comparadas com a de exemplares de jazidas francesas (à direita) e respectivos índices proloc6nicos (lp) (à esquerda). I - exemplares de Valorgucs c ISlrcs; 2 - E. hyllfulllillllS (PRAT, iII EISENMANN, 1980); 3 - E. hydrumill/ls mil/or de Lunel Viel (Seg . BON1FAY, 1991 , Fig . 15).
As dimensões de um MI , foram comparadas com as dos seus homólogos franceses (medidas oclusais):
Felines / Termenes França
M' M' M' " Méd. Máx. Mín. " Méd. Máx . Mín.
DMD 25.0 18 2 1,4 2S,O 20,0 26 22,7 26,0 20.0 OVL 25 ,0 16 21.9 25,5 20.0 19 21 ,4 23,0 19.0
DMOp 10,0 17 8,8 11,0 7,0 28 9,7 12 ,5 6,0
I P 40 17 41 , 1 55,0 32 ,5 26 42,7 51.5 29,2
Os exemplares portugueses integram-se nos intervalos de variação do M I e do M2 aproximando-se mesmo dos correspondentes valores médios.
7) Das grutas de Lunel-Viel, Hérault, provém um importante conjunto de restos de E. hydrullfillus ,
incluindo o único crânio quase completo da especle. O pequeno tamanho justificou a criação de uma nova subespécie, E. ii. minor (BONIFAY, 1991) ; trata-se da forma mais antiga (Mindel-Riss) deste equfdeo. Os valores indicados pelo autor para os M I e M 2 são os seguintes (dimensões oclusais) :
MI M'
" Méd. Máx . Mín. " Méd . Máx. Min.
DMD 7 21.0 22,6 19.8 7 22.1 24.0 2 1.4
OVL 7 23 ,3 23,8 22,2 7 22,5 23 ,7 2 1.4
DMDp 7 8. 1 8,9 7. 1 7 8,5 9.3 7.5
I P 7 38,5 42, 1 35,5 7 38,6 41 ,5 35.2
Os dois dentes da Pedreira das Salemas diferenciam-se não tanto pelas dimensões principais (DMD e DVL) , que entram nos intervalos de variação do M2, mas
pelos índices protocónicos, ambos superiores ao máximo dete rmjnado em Lunel-Viel : o que é evidente, w bretudo , no dente com menor desgaste (Ped . Sal. 57,
como se verifica na Fig. 3).
8) Da Crimeia provém, igualmente, conjunto numeroso e homogéneo, de idade mustierense (gruta de
Pralom 2), estudado por EISENMANN & BARYSHNIKOV (1 995). Os autores não diferenciam os M ' e os M', cujas dimensões são as seguintes, ao nível oclusal (em mm):
M I - 2
" Méd . Máx . Min.
DMD 26 2 1, 1 23.6 19.0
OVL 26 21.3 22,9 19 ,2
DM Dp 26 7.8 11.3 S.8
I P 26 37.2 52,6 26,9
As duas dimensões principais dos exemplares da Pedreira das Salemas entram nos intervalos de variação deste conjunto, sendo semelhantes as respectivas
médias; diferenciam-se deste último pelo índice protocó
nico, facto que se fica a dever ao maior comprimento relativo do prolocone, embora ainda dentro dos intervalos de variação absolutas daquele conjunto.
A grande variação observada no comprimento do
prolocone, em exemplares de um conjunto homogéneo,
pode sugerir que os exemplares de protocones mais longos correspondem, na verdade, aos extremos máximos de distribuição contínua, sendo desta forma desprovidos de sig nificado a nível subespecífico. Talvez
por isso os autores não façam qualquer menção à respectiva atribuição subespecífica.
Entre os trabalhos mais antigos onde a espécie é
tratada, destacam-se os de GROMOVA (1949) AUMEN
(1 946) e STEHLl N & GRAZIOSt (1935). A espécie é descrita pela primeira vez no destes últimos autores.
9) GROMOVA ( 1949) representa (Fig . 49) un
conjunto de dentes de EqulIs hydnmtinlis do Paleolítico médio e superior da Crimeia (Fig . 2, n. o 24 a 26). Os
M I - 2 possuem as seguintes dimensões e índices proto
cónicos (dimensões oclu sais, obtidas da figura c itada):
H K L M
DMD 23, 1 2 1.9 23 .8 23, I 21,9
ovo 24,4 23,8 26.3
m.-1Dp 10,6 9.4 8.8 6.9 8. 1
I P 45,9 42 .9 37.0 29,9 37,0
103
Tal como os dentes plistocénicos franceses, também as dimensões e índices protocónicos dos exemplares russos se identificam com os dos espécimes portu
gueses .
10) ALlMEN (1946) estuda um M I do Paleolítico
médio de Saint-Angeau , Charente e dois outros, de idade
indeterminada mas paleolíticos, da região parisiense
(Grenelle e Levallois). As dimensões oclusais são as
seguintes:
DMD DVL
Saint-Angeau
19.0
20.0
Grenelle
20 .9
2 1. 7
LcvaUois
2 1,6
22.0
o tamanho dos dois últimos exemplares é idêntico ao do menor exemplar português. O M' de Saint-Angeau
(Fig. 2, n . o 8) , com desgaste muito intenso, possui
protocone cujo comprimento, por ser mais longo, justi ficou a criação de uma nova subespécie, E. h. da vit!i, à qual , segundo Alimen, poderiam pertencer a lguns exem
plares de uma estação de localização desconhecida, na Dordonha (Fig. 2 , n .~: a -Estação X», de STEHLIN & GRAZIOSI (1935).
II ) STEHLlN & GRAZIOSI (1935) apresentam um
estudo aprofundado sobre os restos de E. 'hydnmtilllls conhecidos até então , com destaque para os do Paleolf
tico superio r da gruta de Romanelli , Otranto, que
serviram a Regalia para definir a espécie. As dimensões
dentárias oclusais destes e de outros dentes com base nas figuras apresentadas por aqueles autores, são:
Romanelli Rotcrbcrg Estação X Achcnhcim
(Fig. 2. (Fig. 2. n./) 14, Dordonha (Fig.2,
n. o 12 e 13) 17 e 18) (Fig. 2, n. /) 10) n.o 22)
WG rm recente Würm antigo Wü rm indel. Riss-Würm
M' M2 M I M2 MI M2 M'
DMD 23.5 23.0 22,5 2 1,0 22.5 22,S 22 ,S 20,0
DVL 2 1.0 20,0 20,5 12,0 21,0 2 1,S 2 1,S 19 .5
DMDp 9.0 9.0 7,S 11.5 7.0 12.0 10,5 7.S
I p 42,9 39. 1 33.3 54,8 31,1 53,3 46.7 37.5
S. Teodoro, Messina Sipka (ex-Checoslováquia)
(Fig. 2. n.o 20 e 2 1) (Fig. 2, n. /)23).
Würm recenle Würm indeterminado
M' M' ", DMD 23,0 24,S 20,S
OV L 20,S 20,0 22,5
DMDp 9,0 9.S 8,0
I P 39, 1 38.8 39.0
104
o comprimento do protocone dos exemplares portugueses situa-se no limite superior ou, frequentemente, ultrapassa os valores correspondentes às jazidas consideradas, embora as dimensões absolutas (DMD, DVL e DMPp) se inscrevam nos respectivos intervalos de variação. Constituem excepção os altos valores dos índices protoc6nicos dos dois exemplares da Estação X (Dordonha) . Este facto foi valorizado por diversos
DV l
24
23
22
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20
19
19 20 21 22
+
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autores; justifica a distinção das subespécies antes referidas, tendo porém presente a distribuição contínua observada em conjuntos numerosos , como Prolam 2, antes referido.
As dimensões principais dos dois exemplares da Pedreira das Salemas comparam-se com as dos conjuntos mencionados anteriormente na Fig . 4. Conclui-se que constituem uma única distribuição.
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23 24 25 26 27 DMD
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Fig. 4 - Dimensõcs comparaua::. de M! oU MI . ~ de E. h)'tJr/ll/fil/ll s.
Legenda - I - média dos 2 exemplares de Pedreira das Salemas; 2 - média de 4MI -2 de I'abri Corni lle (BONIFAY & LEcouRTols-DuCGONINAZ, (976); 3 - MI-2 de Collias (CRÉGUT-BoNNOURE & GRANIER, 1982); 4 - M2 de Temnata (DELPECH & GUADELLI, 1992); 5 - M2 de Combe-Grenal (DELPECH & GUADELLl, 1992); 6 - M2 de I'abri des Canaletles (BRUGAL, 1993); 7 - média de 26119 DMD e DVL de M2 de França (EISENMANN & PATOU. 1980); 8 - mínimo de 26119 DMD e DVL de M2 de França (idem); 9 - máximo de 26119 DMD e DVL de M2 de França (idem); 10 - média de 7 M2 de Lunel-Vicl (BON IFAY, 1991); II - mínimo de 7 M2 de Lune[ -Viel (idem); 12 -- máximo de 7 M2 de Lunel-Viel (idem); 13 - média de 5t3 DMD e DVL de MI.2 de jazidas da Crimeia (GROMOVA, 1949: 14 _ M2 de Romanelli (STE flLlN & GRAZIOSI. 1935); 15 - M2 de Roterberg (idem); 16 - M2 da Estação X. Dordonha (idem); 17 - M2 de S. Teodoro, Messina (idem); 18 - M2 de Sipka, ex-Checoslováquia (idem); 19 - média de 26 Ml .2 de Prolom 2, Crimeia (ErsENMANN & BARYSflNrKOv, 1995); 20 - mínimo de 26 MI -2 de Prolom 2, Crimeia (idem); 21 - máximo de 26 Ml -2 de Prolom 2, Crimeia (idem). DMD - diâmelro mesio-distal; DVL - diâmetro vestíbulo-lingual.
4.2. Morfologia
Urna análise das características observáveis na superfície oclusal dos dentes jugais superiores de E. hydrun
tinus mencionadas pelos autores , permite salientar:
- pequeno tamanho; esta característica referida por todos os autores, é evidente nos dois dentes em apreço;
BONIFAY & LECOURTOIS-DuCGONINAZ (1976) observam que o DVL é sempre inferior a 24,0 mm em Equus
hydruntinus o que se verifica nos exemplares da Pedreira das Salemas;
- parastilo e, sobretudo, mesostilo simples,
estreitos e não canelados (BRUGAL, 1993; CRÉGUT-BONNOURE & GRANIER, 1982; CLOT, 1986; PRAT, s/d; STEHLlN & GRAZIOSI, 1935; ALlMEN, 1946);
- esmalte pouco plissado (BRUGAL, 1993; CRÉGUT-BONNOURE & GRANIER, 1982; CLOT, 1986; STEHLlN & GRAZIOSI , 1935; ALlMEN, 1946);
- dobra cabalina ausente ou muito ténue (BRUGAL, 1993 ; CRÉGUT-BoNNOURE & GRANIER, 1982; BONIFA Y, 199 1; BONIFAY & LECOURTOIS-DUCGONIMAZ , 1976; CLOT, 1986, STEHLlN & GRAZIOSI, 1935; ALlMEN , 1946);
- hipocone curto e/ou bem individualizado (BRUGAL, 1993, CLOT, 1986, STEHLlN & GRAZIOSI, 1935) ou mais alongado (CRÉGUT-BONNOURE & GRANIER, 1982);
- protocone curto, (designado por «stenoniano»),
pouco desenvolvido (BRUGAL, 1993 ; ALlMEN, 1946; EISENMANN & PATOU , 1980; STEHLlN & GRAZIOSI, 1935) ou mais alongado (CRÉGUT-BONNOURE & GRANIER, 1982; BONIFAY, 1991; BONIFAY & LECOURTOIS-DuCGONINAZ, 1976; AZZAROLLI, 1979; CLOT, 1986), salvo nas formas mais recentes (PRAT, s/d);
- facetas interestilares côncavas (BRUGAL, 1993; AZZAROLLI, 1979; ALlMEN, 1946) ou aplanadas (distal, CRÉGUT-BONNOURE & GRANIER, 1982; mesial, CLOT, 1986; STEHLlN & GRAZIOSI, 1935), às vezes ligeiramente convexas no centro (PRAT, s/d).
- Ip inferior a 44 (CRÉGUT-BONNOURE & GRANIER, 1982; BONIFAY & LECOURTOIS-DUCGONINAZ, 1976); este valor seria o limite superior característico da
espécie . Na verdade, observam-se numerosos casos em
que tal não sucede (cf. EISENMANN & BARYSHNIKOV, 1995), que se evidenciam especialmente em conjuntos numerosos.
105
Na subespécie E. h. davidi ALlMEN , 1946, o hipocone e O protocone são mais alongados que no tipo de Romanelli, correspondente à subespécie-típica, E. h. hydruntilllls REGALIA, 1905, onde o protocone é curto e globoso (PRAT, 1968, p. 552) (Fig. 12, n. o 13). CRÉGUT-BoNNOURE & GRANIER (1982), assinalam tal característica no dente de eoll ias ao considerarem um protocone de forma alongada, afastando-se de E. h. hydrumillus; é, pois. compatível com E. h. davidi , que, a aceitarmos a legitimidade de tal subespécie, cm França é posterior ao Würm II . A tendência para o alongamento do protocone nos exemplares mais recentes foi salientada por DELPECH & GUADELLI (I992) ao refer ir que o morfotipo correspondente aos caracteres apontados por STEHLIN & GRAZIOSt (1935) desaparece em meados do Würm antigo, para dar lugar à dita forma de morfologia mais «evoluída» quase cabalina, que persistiu até, pelo menos , o final do Plistocénico. Tal situação está ilustrada na Fig. 2; porém, exemplares com pratocones longos e curtos coexistam por vezes na mesma jazida (Fig. 2, n. o 14, com protocone longo , por oposição aos n. o 17 e 18, todos de Roterberg, na Turíngia , além do caso, já referido, da gruta de Prolom 2, cf. EISENMANN & BARYSHNIKOV, 1995). Tal substituição não pode, assim, ser encarada de forma tão simplista: com efeito , no loeus lipicus (Romanelli), foram os níveis mais recentes, do Paleolítico superior, que deram os materiais da subespécie-tipo, caracterizada por protocones curtos. Considerando que os materiais de Temnata, Bulgária (DELPECH & GUADELLI , 1992) são próximos do tipo de Romanelli mas diferentes dos que, na mesma época, ocupavam as reg iões adjacentes do arco alpino, é de admitir que aquele morfotipo, até ao Würm antigo ocupando Ioda a Europa, tenha permanecido no Würm recente apenas nos domínios mais meridionais; noutras regiões, desenvolveu-se um tipo mais evoluído (E. h. davidi) com protocones e hipocones mais alongados (DELPECH & GUADELLI , 1992) . É essa também a interpretação de BONIFAY & LECOURTOIS-DUCGONINAZ, (1976), ao atribuirem carácter evolutivo ao referido alongamento do protocone. LAQUAY (1981) nota, em reforço de hipótese, que os exemplares do Würm antigo do Périgord , têm protocone curto. Considerando as características morfológicas dos exemplares da Pedreira das Salemas, verifica-se que correspondem às de E. hydruntinus e se aproximam de E. h. davidi , pelo alongamento relativo do protocone . São características
comuns a ambas as subespécies (e também observadas nos
106
exemplares em estudo), mesostilos e parastilos simples
e em geral estreitos, dobra eabalina ausente ou muito ténue e esmalte com dobramento simples. As duas facetas interestilares apresentam-se, porém, com morfologia dist inta: no dente Ped. Sal. I , com desgaste forte ,
aquelas facetas são aplanadas, o que condiz com uma das
características mais valorizadas por STEHLlN & GRAZIOSI (1935). No segundo (Ped. Sal. 57) , com
fraco uso, aquelas superfícies apresentam-se um pouco mais côncavas, aproximando-se do holotipo de E. h. davidi (ALIMEN, 1946, PI. XV, n .o 4) . Foi , entre
outras características, a nítida concavidade das facetas interestilares que levou Alimen à criação da subespécie
referida . Não cremos, contudo, que tal critério deva ser valorizado . Com efeito, a observação dos exemplares de
Romanelli (paratipos) que serviram para a definição de
E. h. h)'drlllltillllS (STEHLlN & GRAZIOSI , 1935, Tav . 4 ,
Fig. 1) evidencia concavidades idênticas às do exemplar em apreço ou ainda mais acentuadas (caso do M' da
Tav. 4 , Fig. 1) . Por outro lado, tais diferenças não são
evidentes nas reproduções de ALlMEN (1946, PI. XV)
de exemplares de E. h. hydrlllltilills e de E. h. davidi. É provável que sejam, em parte, devidas, aos diversos
estádios de desgaste dos dentes em que foram obser
vadas. Em conclusão, é o comprimento relativo do protoconc, que se afigura o critério mais importante na diferenciação em discussão, no que estamos de acordo com diversos dos autores (PRAT, s/d; AZZAROLLI ,
1979; OELPECH & GUAOELLI , 1992; BONIFAY, 199 1) .
Desta forma , as dimensões e morfologia dos exemplares
da Pedreira das Salemas justificam a sua atribuição a
E. h. davidi, que é compatível com a cronologia da
jazida.
s. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA, CRONOLÓGICA E PALEOECOLÓGICA
A posição sistemática da espêcie é ainda mal conhe
cida, embora os autores mais recentes sejam unânimes em afastá-Ia tanto das formas cabalinas como das hemio
ninas actuais. BONIFAY ( 199 1) admite que E. hydrllfllillus
provenha da Ásia Oriental, tendo atingido a Europa
Ocidenta l no decurso da melhoria climática do Mindel /Riss, como comprovam os restos de Lunel-Viel;
estes, pertencentes à subespécie E. h. minor, teriam dado origem a morfotipos mais recentes, que evoluiram
até ao Holocénico . No Plistocénico superior europeu , E. hydrtmtinus é o único equídeo de pequeno porte cuja presença foi confirmada (FAURE & GUÉRIN , 1992) .
A espécie teria passado ao Norte de África , talvez ao longo da bordadura oriental mediterrânea; está presente em níveis plistocénicos de Kebara e Shkul c, com
reservas, em Qafzeh (EIsENMANN , 1992 a). As afinidades
com E. stenollis levantam, porém, a hipótese de ter resultado de uma evolução europeia através de E. altidelis (EISENMANN, 1992 b) . São raros os restos ante
-würmianos; no decurso da última glaciação, abundam as referências na Europa Ocidental , especialmente na
metade meridional do território francês, na península itálica , e na Europa Oriental (ex-Checoslováquia.
Bulgária , eventualmente até Odessa). Parece verificar-se
declínio da espécie no final do Plistocénico no
Languedoc e na Provença (CRÉGUT-BONNOURE & GRANIER, 1982) , embora ainda seja frequente , especial
mente no SE (BONtFAY & LECOU RTOIS-OUCGONtNAZ ,
1976). É nítida, então, a sua preferência por regiões
meridionais (BONIFAY, 199 1), situação que se acentua
nos pós-glaciário; foi registada no Neolítico da Hungria
(Bõkõnyi, 1954 , iII MOURER C HAUVtRÉ, 1980) e da
Roménia (Radulesco & Samson, 1965, iII EISENMANN
& PATOU, 1980; Necrasov & Haimovici, 1959, iII MOURER-CHAUV tRÉ, 1980) e da Ucrânia (BONIFAY ,
1991) . Em França terá sobrevivido no SE até ao Mesolí
tico (BONIFAY, 1991), o mesmo se verificando no SW
(OELPECH, 1983) . Com efeito, ONORATINI (1898)
assinala-a no _Midi» francês no decurso do período Pré-Boreal (de 10200-8800 BP) . POULAIN (1976) admite a
longevidade da espécie em solo francês até o Neolítico.
A sobrevivência no pós-glaciário da Europa Meri
dional está, pois , relacionada com a preferência por climas temperados e, especialmente, secos. Tal situação ainda se verificava no Plistocénico: E. hydrullIinus encontra-se geralmente associado a espécies de carácter preferencialmente temperado (MOURER-CHAUVIRÉ,
1980); por outro lado, BONIFAY (199 1) demonstrou que
a sua distribuição se apresentava diferenciada , em alternância com a de espécies próprias de climas frios , como o antílope Saiga (Roménia) e a rena (Ackenheilll), ou
húmidos, como o urso das cavernas (gruta de La Balau
ziere, no SE francês) conhecendo-se, porém , exemplos
contrários : na Crimeia, E. hydrullIilllis coexistiu com o referido antílope (EISENMANN & BARYSHNIKOV , 1995).
Pode, em resumo , concluir-se, como OUCOS (1976),
que esta espécie sobreviveu em toda a região europeia
<.
ribeirinha da bacia mediterrânea até ao Holocénico, extinguindo-se no decurso do Neo1ítico. Os elementos disponíveis para a Península Ibérica são, particularmente interessantes apesar de STEHLlN & GRAZIOSI
(1935 , Fig. 12) à época considerarem não ter sido ocupada por E. hydrulllinus. De facto , escasseiam as referências peninsulares à espécie cm contextos plistocénicos, facto que se pode explicar mais pela falta de estudos de pormenor do que pela raridade no terreno. Foi citada na Cueva de los Mufiecos, Ciudad Real , do Riss-Würm ou Wünn (TORRES PEREZ-HIDALGO, 1971) e cm Fuentes de Navarrés, Valência, associado a indústrias do Paleolítico médio (UERPMANN , 1976). Em contextos solutrenses, ALTUNA (1994) menciona-a, conquanto representada sempre vestigialmente, em Can Goges e Reeiau Viver, na Catalunha. No Holocénico, E. hydnllltilllls ocorre em níveis do V ao III milénio AC da Cueva de la Cariguela, Granada, e nos contextos calcolíticos de Orce e da Tabernas, que corresponderão, segundo UERPMANN (1976) aos derradeiros testemunhos da espécie, explicáveis pelas condições ecológicas do Sudeste espanhol (estepe seca) serem especialmente favoráveis. Com efeito, o autor si tua a extinção da espécie no II milénio AC, relacionando-a com o aumento da humidade que então se teria verificado. E. hydrulltillllS foi também registado , embora sob reserva , em nível Neolítico da Cueva dei Moro, Huesca (CASTANOS, 1991). Porém, os materiais da Idade do Bronze de La Morra dei Qu intanar, Albacete , (MORALES, 1991) vieram provar a sobrevivência da espécie muito para além do limite indicado pelo arqueozoólogo alemão. E. hydruntinus, corresponde muito, n verdade, à última extinção de um grande mamífero d fau na peninsular. NORES & LIESAU (1992), estudaram diacronismo da redução da espécie à escala peninsula com base em estudo de documentos medievais, ond avultam as cartas de foral ou torgadas às povoaçõe . Concluiram que a espécie se teria extinguido definitiv -mente na Península em meados do século XVI, a região de Albacete. No que concerne ao território port -guês, trabalho em curso (ANTUNES & CARDOSO, e preparação) apresentará outros elementos acerca a extinção da espécie.
6. CONCLUSÕES
Dois segundos molares superiores da Pedreira das Salemas, sugeriram, pelo seu pequeno tamanho, E. hydmn-
107
tinus , a única espécie de pequeno equídeo seguramente presente no Plistocénico superior da Europa ocidental e ainda não identificada no territ6rio português.
O estudo comparado veio confirmar tal atr ibuição, precisando a sua integração em E. h. davidi, subespécie caracterizada pelo alongamento relativo do protocone, face à subespécie-tipo, E. h. hydrulllinus.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. M. Telles Antunes pela cedência de bibliografia e leitura crítica do original. Ao Prof. A. Morales e ao Dr. M. Riquelme, pela cedência de bibliografia. À Dr. a Ph. Kalb , do Instituto Arqueológico Alemão (Lisboa) pela tradução de obra do alemão.
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