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Corporação apela à criação de uma taxa municipal de protecção civil Bombeiros queixam-se da falta de verbas nas celebrações do 65.° aniversário António Ventura O dia era de festa (13 de Novembro), mas as cele- brações do 65.° aniversário dos Bombeiros Voluntários de Miranda do Corvo servi- ram, sobretudo, para aler- tar a comunidade de que a corporação vive com di- ficuldades económicas de- correntes das políticas go- vernamentais dos últimos anos. O encerramento do SAP do Centro de Saúde, em 2006 - que obrigou à aquisi- ção de mais equipamentos, contratação de mais fun- cionários e a deslocações maiores - eo corte em cer- ca de 20 por cento das cre- denciais da Administração Regional de Saúde do Cen- tro (ARSC) foram duas das situações que vieram agra- var as finanças da associa- ção humanitária. "Esta corporação tem perdido em média cerca de 60 mil euros por ano de- vido a cortes por parte de organismos de Estado, nos apoios e serviços, falta de pagamentos e aumentos gerais, principalmente de combustíveis, electricida- de, material de desgaste e consumíveis" , denunciou o presidente da direcção, Sér- gio Seco. no corte das creden- ciais da ARSC, frisou, per- deram-se cerca de 2000 eu- ros mensais. O dirigente defendeu que as corporações de bom- beiros não deviam pagar os impostos sobre o combus- tível pelo bem público que praticam. "Como é possível insti- tuições como estas, terem de suportar ainda mais en- cargos com combustíveis" , interrogou, acrescentando que os aumentos de gasó- leo produziram um acrés- cimo anual em cerca de 20 a 25 mil euros à nossa ins- tituição. "Será que os nossos Go- vernantes não vêem isso? Casas como esta que tra- balham ao preço de cus- to, que na maior parte das vezes pagam para traba- lhar, ainda têm que supor- tar esta cruz", insistiu o dirigente. Sérgio Seco aproveitou a.cerimónia do 65.° aniver- sário para apelar à Câma- ra Municipal que crie uma taxa municipal de protec- ção civil, no valor de um curo por agregado familiar, a cobrar por mês na factu- ra da água. "Julgo, se colocarem na tabela de taxas municipal um valor de um curo por mês na factura da água, e esse dinheiro for remetido para esta associação, esta- mos convictos, mesmo com todos estes cortes, que po- deremos continuar a pres- tar um excelente serviço à nossa população, e até, fa- zer mais pelos nossos ci- dadãos". O presidente da corpo- ração acredita que as pes- soas aceitam e vão cola- borar, mantendo a mesma convicção relativamente à aprovação por parte da Câmara e Assembleia Mu- nicipal. "Este montante poderia fazer face às verbas que te- mos perdido", sublinhou. Numa palavra de apre- ço aos bombeiros, Sérgio Seco frisou que "a eficá- cia e a eficiência que têm demonstrado no comba- te aos incêndios, transpor- te pré-hospitalar, quando ocorrem acidentes, inunda- ções, e outros, é o resultado da sua capacidade técnica e operacional e da organi- zação e coordenação" que existe internamente. Medalha de ouro para o comandante Fernando Jorge, coman- dante dos bombeiros de Mi- randa do Corvo desde 2001 , foi condecorado com a me- dalha dè ouro de serviços distintos. Com 46 anos, 29 dos quais como bombei- ro, diz que se trata do "re- conhecimento do traba- lho efectuado ao longo dos anos, nomeadamente nos últimos 10 como coman- dante, em que me empe- nhei a 100 por cento para que tudo corra dentro da normalidade com claro pre- juízo da minha vida profis- sional e familiar". Foram ainda condecora- dos com a medalha de ser- viços distintos, grau pra- ta, o adjunto de comando Jaime Miranda Ricardo, os chefes José Augusto Fer- nandes e Fernando da As- sunção Bento e o bombeiro de primeira Joaquim Filipe Fernandes. O chefe Hermenegildo Dias dos Santos, o sub-che- fe Afonso António Castro, os bombeiros de primeira Carlos Rodrigues Pedro e António da Silva Fernan- des e o bombeiro de ter- ceira Lídio Costa Ferreira foram distinguidos com a medalha de 25 anos de de- dicação. Todos os bombeiros com 5, 10, 15 e 20 anos de liga- ção à corporação recebe- ram meadalhas. Ao todo, foram condecorados 104 bombeiros, de um efectivo de 126 bombeiros voluntá- rios e 17 funcionários. Na sua intervenção, Fer- nando Jorge disse que com um enorme orgulho que sou o comandante destes homens e mulhe- res que compõem o corpo de bombeiros voluntários de Miranda do Corvo, pois a sua eficácia, capacidade técnica, espírito de sacri- fício e vontade de ajudar o próximo são inquestio- náveis " . Os nossos bombeiros "deixam facilmente perce- ber que estão preparados, independentemente de quem os comande, e são a prova mais do que eviden- te que o voluntariado nada tem a ver com amadorismo, tal é o profissionalismo pa- tente nas acções que prati- cam", sublinhou.

Press Review page - ClipQuick · dente da Autoridade Nacional de Protecção Civil e do comandante operacional dis-trital, António Martins, além das entidades locais. Na sessão

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Corporação apela à criação de uma taxa municipal de protecção civil

Bombeiros queixam-se da falta de verbas

nas celebrações do 65.° aniversárioAntónio Ventura

O dia era de festa (13 deNovembro), mas as cele-brações do 65.° aniversáriodos Bombeiros Voluntáriosde Miranda do Corvo servi-

ram, sobretudo, para aler-tar a comunidade de quea corporação vive com di-ficuldades económicas de-correntes das políticas go-vernamentais dos últimosanos.

O encerramento do SAPdo Centro de Saúde, em2006 - que obrigou à aquisi-ção de mais equipamentos,contratação de mais fun-cionários e a deslocaçõesmaiores - e o corte em cer-ca de 20 por cento das cre-denciais da AdministraçãoRegional de Saúde do Cen-tro (ARSC) foram duas das

situações que vieram agra-var as finanças da associa-

ção humanitária."Esta corporação tem

perdido em média cercade 60 mil euros por ano de-vido a cortes por parte deorganismos de Estado, nosapoios e serviços, falta de

pagamentos e aumentosgerais, principalmente decombustíveis, electricida-de, material de desgaste econsumíveis"

,denunciou o

presidente da direcção, Sér-

gio Seco.Só no corte das creden-

ciais da ARSC, frisou, per-deram-se cerca de 2000 eu-ros mensais.

O dirigente defendeu

que as corporações de bom-beiros não deviam pagar os

impostos sobre o combus-tível pelo bem público quepraticam.

"Como é possível insti-tuições como estas, teremde suportar ainda mais en-cargos com combustíveis"

,

interrogou, acrescentando

que os aumentos de gasó-leo produziram um acrés-cimo anual em cerca de 20a 25 mil euros à nossa ins-

tituição."Será que os nossos Go-

vernantes não vêem isso?Casas como esta que tra-balham ao preço de cus-to, que na maior parte dasvezes pagam para traba-lhar, ainda têm que supor-tar esta cruz", insistiu o

dirigente.Sérgio Seco aproveitou

a.cerimónia do 65.° aniver-sário para apelar à Câma-ra Municipal que crie umataxa municipal de protec-ção civil, no valor de umcuro por agregado familiar,a cobrar por mês na factu-ra da água.

"Julgo, se colocarem natabela de taxas municipalum valor de um curo pormês na factura da água, e

esse dinheiro for remetido

para esta associação, esta-mos convictos, mesmo comtodos estes cortes, que po-deremos continuar a pres-tar um excelente serviço à

nossa população, e até, fa-zer mais pelos nossos ci-dadãos".

O presidente da corpo-ração acredita que as pes-soas aceitam e vão cola-borar, mantendo a mesma

convicção relativamenteà aprovação por parte daCâmara e Assembleia Mu-nicipal.

"Este montante poderiafazer face às verbas que te-mos perdido", sublinhou.

Numa palavra de apre-

ço aos bombeiros, SérgioSeco frisou que "a eficá-cia e a eficiência que têmdemonstrado no comba-te aos incêndios, transpor-te pré-hospitalar, quandoocorrem acidentes, inunda-

ções, e outros, é o resultadoda sua capacidade técnicae operacional e da organi-zação e coordenação" queexiste internamente.

Medalha de ouro parao comandante

Fernando Jorge, coman-dante dos bombeiros de Mi-randa do Corvo desde 2001

,

foi condecorado com a me-dalha dè ouro de serviçosdistintos. Com 46 anos, 29dos quais como bombei-ro, diz que se trata do "re-conhecimento do traba-lho efectuado ao longo dos

anos, nomeadamente nosúltimos 10 como coman-dante, em que me empe-nhei a 100 por cento paraque tudo corra dentro danormalidade com claro pre-juízo da minha vida profis-sional e familiar".

Foram ainda condecora-dos com a medalha de ser-

viços distintos, grau pra-ta, o adjunto de comandoJaime Miranda Ricardo, os

chefes José Augusto Fer-nandes e Fernando da As-sunção Bento e o bombeirode primeira Joaquim FilipeFernandes.

O chefe HermenegildoDias dos Santos, o sub-che-fe Afonso António Castro,os bombeiros de primeiraCarlos Rodrigues Pedro eAntónio da Silva Fernan-des e o bombeiro de ter-ceira Lídio Costa Ferreiraforam distinguidos com amedalha de 25 anos de de-dicação.

Todos os bombeiros com5, 10, 15 e 20 anos de liga-ção à corporação recebe-ram meadalhas. Ao todo,foram condecorados 104bombeiros, de um efectivode 126 bombeiros voluntá-rios e 17 funcionários.

Na sua intervenção, Fer-nando Jorge disse que "écom um enorme orgulhoque sou o comandantedestes homens e mulhe-res que compõem o corpode bombeiros voluntáriosde Miranda do Corvo, poisa sua eficácia, capacidadetécnica, espírito de sacri-fício e vontade de ajudaro próximo são inquestio-náveis "

.

Os nossos bombeiros"deixam facilmente perce-ber que estão preparados,independentemente dequem os comande, e são a

prova mais do que eviden-te que o voluntariado nadatem a ver com amadorismo,tal é o profissionalismo pa-tente nas acções que prati-cam", sublinhou.

O comandante não pas-sou ao lado das necessida-des da corporação, reafir-mando que "temos todosos dias de ter em conta asdificuldades financeiras eabdicar do necessário paraadquirir o imprescindível".

"É um corpo de bombei-

ros coeso que deve merecero respeito de todos, a come-

çar pelas estruturas gover-nativas nacionais e locais,no sentido de proporcionarcondições, uma vez que otrabalho é dado por nós",salientou Fernando Jorge.

Festa reuniu "família" dos bombeirosAs comemorações do 65.° aniversário decorreram no dia 13 de Novembro, tendo-

-se iniciado logo pela manhã com a formatura geral e o hastear da bandeira, segui-da de romagem ao cemitério, missa na igreja matriz, condecoração dos bombeiros,sessão solene e almoço.

As cerimónias contaram com a presença de representantes da Liga de Bombei-ros Portugueses e da federação dos Bombeiros do Distrito de Coimbra, com o presi-dente da Autoridade Nacional de Protecção Civil e do comandante operacional dis-trital, António Martins, além das entidades locais.

Na sessão solene, além do presidente da direcção e do comandante, usaram tam-bém da palavra a presidente da Câmara e o presidente da Assembleia Municipal.

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Miranda do Corvo nas-ceu a 10 de Novembro de 1946, numa reunião que decorreu no salão nobre da Câma-ra Municipal, com a participação de um grupo de mirandenses que se tinham ins-crito com donativos para a compra de material de incêndios e constituir uma asso-

ciação de bombeiros.Conta actualmente com um efectivo de 126 bombeiros voluntários, 17 funcio-

nários, 30 viaturas operacionais e uma secção destacada na freguesia de Semide.Através de escalas anuais de elementos que prestam serviço de forma voluntária,

sém qualquer custo para associação, os bombeiros conseguem ter todas as noites,

seja aos feriados, sábados e domingos, cinco elementos de serviço na sede e dois na

secção de semide. Durante o dia o trabalho é asseguro por funcionários da corporação.