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PRESSÁGIO- A REVELAÇÃO

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Todos têm uma missão em vida, pelo menos é o que a maioria das pessoas acredita. Certa noite, Fernanda tem um sonho com uma estranha mulher que lhe revela segredos sobre seu passado, e ainda uma importante tarefa a realizar. A garota possui a difícil missão de reunir três virtudes: Fé, Esperança e Sabedoria. Para isso, deverá gerar e evoluir a Sabedoria: considerado o viés para as outras virtudes. Ela não tem ideia por onde começar, apenas sabe que uma alma valiosa, um representante divino, está para habitar um corpo humano. Envolvida por recados fragmentados de um anjo- guia, sonhos simbólicos, poderes divinos, a jovem tenta cumprir sua incumbência, mas seu livre-arbítrio a leva para caminhos que não esperava.

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PRESSÁGIO

Livro UmA revelação

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São Paulo 2012

COLEÇÃO NOVOS TALENTOS DA LITERATURA BRASILEIRA

Aminah Airam Líria Leto

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Livro UmA revelação

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:1. Ficção : Literatura brasileira 869.93

Airam, Aminah

Presságio um : a revelação / Aminah Airam, Líria Leto. -- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2012. -- (Coleção novos talentos da literatura brasileira)1. Ficção brasileira I. Leto, Líria.II. Título. III. Série.

12-13763 CDD-869.93

Copyright © 2012 by Aminah Airam e Líria Leto

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Produção Editorial

Assistente Editorial

Diagramação

Capa

Revisão e Preparação de texto

Novo Século

Nair Ferraz

Adriano de Souza

Monalisa Morato

Equipe Novo Século

2012IMPRESSO NO BRASILPRINTED IN BRAZIL

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO ÀNOVO SÉCULO EDITORA LTDA.

CEA – Centro Empresarial Araguaia IIAlameda Araguaia, 2190 – 11º Andar

Bloco A – Conjunto 1111CEP 06455-000 – Alphaville – SP

Tel. (11) 2321-5080 – Fax (11) 2321-5099www.novoseculo.com.br

[email protected]

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Para Deus.

Isabela P., por sua justiça;

Ivany P., por acreditar;

Erika S., pela amizade;

Paulo F., pelo esforço;

Valmira C., pelo viver.

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Primeiramente somos gratas a Ivany T. que sempre nos apoiou e influenciou em nossos projetos de vida.

Ana K., a primeira e única pessoa a ler quando ainda era um simples manuscrito, nos dando a opinião de que precisávamos para seguir

confiantes com o projeto.Maria L., por ter nos aconselhado e por estar sempre presente.

Tom K. e Bill K., mesmo sem o conhecimento desta obra merecem gratidão.

E obrigada a todas as pessoas que possuírem este livro.

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Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na Terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações e bramido do mar e das ondas. Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a Terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. Então verão o filho do homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. Quando começarem a acontecer essas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças:

porque se aproxima a vossa libertação.

(Lc 21: 25-28 )

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Prefácio

A austera perseverança neste trabalho nos deu a necessidade de uma observação sobre a humanidade, que se encontra em luta constante pelo pódio. No entanto, a corrida não é para os ágeis, tampouco a luta é destinada aos bravos.

Observando o mundo, possuído por grandes nações, nos depa-ramos com ignorantes revestidos de inocentes, que regam o flo-rescer de guerras e ganância. Doam-se absurdamente a homens artificiais que compram honestidade e edificam desesperança.

As sombras desses fantasmas recaem até mesmo sobre as forças da sabedoria suprema.

Apesar de tudo, e mesmo sendo tarde, muito tarde, não nos desarmemos ou renderemos. O reino de Deus está dentro de nós. Voltemo-nos para o início de nossas almas internas e construire-mos um novo mundo.

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Parte I

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Quatro e cinco da manhã. O silêncio reinava lá fora e den-tro da casa apenas podiam-se ouvir o barulho de cães, atentos a qualquer ruído na madrugada. Alguns automóveis que já se encontravam percorrendo as pistas úmidas da cidade, e o próprio som da calada da noite que provavelmente se destruiria e seria invadido por outros bilhões de ondas sonoras por volta das seis horas. Fernanda estava debruçada sobre a mesa de mármore, diga-mos cochilando após uma maratona de estudos sobre Biologia, Química, Matemática, Física. Estava se preparando para as pri-meiras provas do curso de graduação de Astronomia. Havia se empenhado integralmente nos estudos para conseguir ser apro-vada no vestibular da USP, considerada a melhor em formação pública da cidade de São Paulo, assim por conseguinte a melhor do Brasil. Fernanda Vanzela tem dezenove anos. Uma típica jovem que namora um típico rapaz, chamado Johnny Hennen, aluno da USP, em busca do sonho de ser profissional. Liam durante 11h, dormiam em torno de 4 a 5h, se telefonavam, saíam por alguns breves momentos e liam novamente no restante das horas. Às 8h Fernanda teria que despertar e seguir para o aeroporto; queria acompanhar Johnny que ia buscar sua irmã Rebeca Hennen que regressa ao Brasil após oito meses de estágio nas Bahamas sobre seus estudos a respeito de animais marinhos. Alguns minutos

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depois, Fernanda abre os olhos, que se irritam por conta da luz fluorescente ainda acesa. Verifica o horário no aparelho celular e começa a fechar todos os livros que se encontravam abertos sobre a mesa. Apaga a luz e segue ao corredor em direção ao seu quarto. Quando abre a porta, ela percebe que algo não estava em seu devido lugar, ou melhor, que livro é esse sobre o chão? O livro tinha cerca de 2m2, capa de metal com cobre que reluzia mais que a luz fluorescente que havia apagado há pouco na cozinha. Aparentava ter cerca de 5 mil folhas. Fernanda se assustou, mas não hesitou em agir. Era uma garota audaciosa, ao mesmo tempo moldada pela sanidade e serenidade. Aproximou-se do livro e ajo-elhou-se em frente a ele. Com um pouco de receio, colocou a mão direita sobre a capa e pôde senti-la áspera, apesar disso seus dedos deslizavam facilmente. Ao lado do livro havia um cadeado, o qual não se encontrava trancado, então Fernanda, amante dos livros que era, levantou a capa de 30 quilos e abriu na primeira página, que estava escrita em russo. Não conhecia a língua russa, apenas o inglês e o italiano, mas, por algum motivo, pôde compreender muito bem o que estava escrito:

Последняя надежда

“A última esperança.”

Fernanda leu a frase em voz alta e três segundos depois uma luz forte veio contra ela a irradiando e a fazendo tapar os olhos com as duas mãos. Depois de cinco segundos o livro se fechou e o cadeado travou, trancando a história juntamente com Fernanda dentro dele.

Quando adquiriu a coragem suficiente para abrir os olhos, deparou-se com vários homens vestidos de azul com máscaras bran-

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cas cobrindo toda a face. Estavam todos compenetrados em volta de algo que mais se parecia com uma mesa de cirurgia. Fernanda permaneceu estática no lugar onde havia aparecido. Claro que não sabia o porquê de ser sugada por um livro que aparecera no chão de seu quarto, mas não era tão ruim assim, pelo menos um hospi-tal era um lugar repleto de informações e de pessoas que na certa saberiam lhe informar como voltar para casa, pois era isso que ape-nas lhe importava diante daquele sono que ainda estava em seu corpo e do frio da sala de cirurgia, que penetrou como um choque em seus nervos. Um dos homens de azul aproximou-se segurando um instrumento cirúrgico nas mãos, pegou uma minitesoura que se encontrava sobre a mesa ao lado de Fernanda. Na mesma hora perguntou ao homem de estatura baixa.

– Você pode me dizer onde tem um telefone público?O homem tampouco notou sua presença, voltando-se para

o lado da sala de onde veio. Hoje em dia as pessoas estão cada vez mais ignorantes e orgulhosas no contato com o próximo, pensou Fernanda.

Claro que isso seria a primeira coisa que alguém pensaria ao pedir uma informação a alguém na rua. Ou a pessoa era antis-social, ou não ousava trocar palavras com estranhos. Mas, então ela refletiu: Se você pede uma informação a um médico dentro de uma sala de cirurgia no mínimo você será apanhada agressivamente pelo braço e expulsa do hospital por importunar o trabalho de um profissional.

Então pensou que aquele homem não iria fingir que ela não existe e prosseguir com seu trabalho. O único motivo, apesar de ser um tanto absurdo, seria se ele não pudesse vê-la e nem ouvi-la, o que uma breve análise naquele momento poderia apontar para o fato de que ela estivesse invisível. Talvez no caminho dessa viagem estranha que aconteceu após a irradiação da luz que saiu da parte

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interna do livro, levando-a a este lugar duvidoso, tenha alterado suas células, provocando uma mutação em seu DNA, e por conse-quência disso seu corpo adquiriu a invisibilidade.

Diante de tal possibilidade, Fernanda não pôde negar que era demasiadamente tentador e interessante a possibilidade de estar invisível, até mesmo um tanto quanto prazerosa. Afinal, quem nunca desejou ser capaz de usar o ar para se esconder e de se tornar translúcido?

Apesar de tais inalcançáveis vantagens para um ser humano, não pôde deixar de pensar no ocorrido em seu quarto, e de repente ter surgido ali. Decerto não poderia tal coisa ter-lhe ocorrido em vão.

Ainda que inerte, sua mente quis se desesperar, no entanto não conseguia. Alguma força interior e superior não permitia que ela entrasse em pânico, pelo contrário, esta energia maior fez com que seus sentimentos estivessem inteiramente em paz nesta situação. O silêncio aliado ao ar frio lhe acalmavam os nervos.

Então, com sua característica audaciosa à flor da pele, pois o processo dessa viagem poderia ter alterado seu estado físico, embora sua principal característica jamais mudasse, balançou a cabeça olhando para ambos os lados. Viu que algumas pessoas pas-savam do outro lado do vidro que dividia a sala de cirurgia e o corredor. E o mesmo ocorria: a presença dela diante dos demais passava inteiramente despercebida.

Abaixou a cabeça para observar o estado físico em que seu corpo se encontrava: ainda possuía matéria e, ao menos, parecia visível aos seus olhos. Tocou-se, e tudo se conservava exatamente como era, ou seja, do mesmo modo que estava vestida no momento em que, literalmente, foi pêga de surpresa pelo livro: calça jeans skinny, um tênis desgastado e uma camiseta do Red Hot Chilli Peppers.

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Locomoveu-se para saber se podiam perceber seus movimen-tos. Pôs uma mexa do cabelo atrás da orelha, fingiu ter um ataque de tosse, pois se alguém a percebesse ela poderia relatar que estava procurando um clínico geral. Os homens de azul permaneceram. Agora com a invisibilidade confirmada, pôde explorar o local com mais tranquilidade.

Olhou para os quatro cantos, quando na parede à sua frente avistou um relógio que marcava 6h55. Lembrou-se que logo Johnny iria à sua casa para seguirem até o aeroporto. Mas o que ela poderia fazer? Estava em um lugar que desconhecia e não ousaria sair dali à procura de casa. Esclareceria tudo quando o reencontrasse.

Logo abaixo do relógio encontrou um pequeno calendário. Rapidamente o pegou e franziu o cenho ao ler que ele marcava a data de 1º de setembro de 1989.

Mas como isso ocorreu?, pensou ela. Minutos atrás estava na cozinha de sua casa no dia 16 de maio de 2015, e agora, vinte e seis anos atrás, em uma época em que seus pais ainda nem eram casados. Este instante de estranhamento aumentou-lhe ao perce-ber que o mês de setembro estava escrito em uma língua que lhe era desconhecida.

September.

Forçou o cérebro alguns segundos para tentar recordar quais idiomas seriam compatíveis com a palavra. No entanto seu racio-cínio foi interrompido por um barulho agudo que causou-lhe surpresa e espanto. Virou-se subitamente para trás, deparando-se com um bebê banhado em sangue sendo retirado do útero de uma mulher de cabelos escuros.

Apesar de o choro do bebê ter-lhe assustado a alma, era um choro que ela podia classificar como belo e aconchegante. Mesmo

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não sabendo por que estava ali e quem era aquele bebê, a presença da criança indefesa a encantou, deixando-a emocionada e com a alma radiante após o susto, pois em sua mente uma criança era um dom de Deus e um dos dons mais incríveis da natureza feminina, o de conce-ber um ser humano. Permaneceu estática observando a cena em que os médicos acolheram-na nos braços, cobriram-na com uma manta fina para não agredir a pele sensível da criança, e uma enfermeira sorridente entrou, tomou-a em seus braços e levou-a provavelmente para uma incubadora, ou para seu primeiro banho.

Fernanda deu alguns passos até a porta, esquecendo-se por completo do calendário e do idioma. Quis seguir a criança; de uma forma ou de outra a força superior dentro de si sabia que aquele ser indefeso possuía os porquês daqueles estranhos acontecimentos e a levaria de volta para casa. Ou para o seu destino.

Ao ultrapassar a porta seguiu a enfermeira cegamente, entre-tanto não foi muito longe. Sentiu uma pressão afetuosa, apesar de brusca, e em seu ombro esquerdo, suficiente para interromper seus passos, que a fez perder a enfermeira e o bebê de vista.

– Então você é a senhorita Vanzela? A caída?Como é que é, você está me zoando ou eu estou tão velha assim?,

pensou Fernanda diante do comentário que a moça de aparência exoticamente simples, cabelos castanhos definidos na altura dos ombros lhe balbuciou, e que ela tomou como ofensa, mas nem por isso ousou comentá-lo.

– Consegue me ver? – perguntou à moça. – Primeiramente... Sou Maira – disse, dando a mão para

Fernanda, que a cumprimentou. – E segundo, eu não fiz um comentário sarcástico sobre você. Você ainda está com tudo em cima, Fer! Terminou dando uma leve tapinha no ombro de Fernanda, que sorriu. – E sim, eu posso ver você, e sou a única que pode vê-la e tocá-la neste plano.

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– Plano? – questionou.– Sim, plano! Ou você ainda não percebeu que este é o plano

dos Sonhos Vitais?– O que exatamente você quer dizer com isto?– Exatamente o que você está pensando... Ou, vai pensar...

Pensou... – A moça pareceu flutuar no meio do oceano neste momento.

Do que ela está falando? Será que além de me ver, ainda pode ler meus pensamentos?, pensou mais uma vez.

– Não, senhorita Vanzela, eu não posso ler-lhe os pensamen-tos. Simplesmente antes de nos encontrarmos eu fui informada de todas as suas reações e pensamentos perante a mim e a qualquer outra coisa. Mas eu não vou entrar em detalhes agora. Só temos quinze minutos, e você deve despertar às 8h, pois Hennen já esta de pé e logo irá buscá-la.

– Você também conhece Johnny?– Sem perguntas, Vanzela! – disse a moça, autoritária.Ora, mais que garota... Com jeito de quinze anos falando com esse

desrespeito com os mais velhos... Espero que ela saiba o que esteja dizendo. A moça a olhou e disse:– Na verdade, tenho 15 mil, Vanzela, você quase acertou. E, sei

o que eu estou dizendo, sei também que foi complicado acontecer dessa forma com você, mas, tente confiar em mim e você também saberá.

Guiou Fernanda até a vidraça que separava a sala de onde havia saído o bebê do corredor e, ao que parecia, os médicos ainda esta-vam concentrados na mulher de cabelos escuros deitada sobre a mesa, a mãe do bebê.

– Ouça bem, Vanzela, somente posso lhe dizer isso uma vez e depois tenho que partir. Fernanda concentrou a máxima atenção na voz de Maira, que iniciou suas explicações:

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– Há muito tempo Ele estava registrando alertas de sofrimento, dor e morte. Há muito tempo Ele vem nos dizendo que está em perigo. Ele diz que os humanos podem ajudá-lo e que o renascer Dele depende de vocês. No entanto, vocês o ignoram. Relatam que há muitas coisas nesta vida para as quais dedicam a maior parte de sua inteligência e de suas energias, simplesmente em razão daquele velho argumento de que é preciso se ocupar com as preocupações, ou que Ele não vai morrer e quem morrerá serão vocês. Então, resolvem explorar a vida com as mais potentes armas, e desfrutá-la sem qualquer receio das consequências. O ser humano é assim, e não me refiro somente aos deste século. Assim são desde o iní-cio, quando as primeiras civilizações surgiram no planeta. Querem respostas para todas as perguntas, perguntas que foram feitas por Sócrates, Platão, Aristóteles... As quais persistem até hoje, como por exemplo: ‘De onde vem o planeta? O que acontece após a morte? Qual é o caminho correto e seguro para a felicidade?’. Preocupar-se com questões, as quais não devem e não podem saber as respostas, pois conhecê-las seria avançar extremamente acima de seu limite... – fez uma pausa. – Entretanto, existem perguntas que conhecem bem a resposta, como, por exemplo: ‘O planeta Terra está morrendo? Sim, ele está morrendo. Quem causou isso, fomos nós? Sim, vocês são os causadores de toda e qualquer situação que tenha prejudicado o planeta, seja da natureza ou da sociedade; guerras e indiferença diante do próximo, intolerância, exigência, ignorância, destruição... Nós podemos salvá-lo? Ainda há tempo? Sim, há tempo, mas este tempo não existirá por toda a eternidade, assim como vocês em matéria também não; um dia vocês serão dissolvidos no ar, na terra, assim acontecerá com todo o planeta, mas de um modo diferente, ele se dissolverá no espaço. E as pri-meiras coisas que saem da boca de um ser humano quando lhe são ditas algumas verdades, são frases com sinônimos de horror, medo,

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espanto, inconformação... Mas de que adianta tanta intolerância diante da destruição do planeta? De que adianta se comportarem como inocentes diante da situação, e nada fazerem para revertê-la? As pessoas se tornaram ignorantes revestidos de inocência para não sentirem o peso de carregar esse fardo de uma culpa que para vocês é tida como ridícula. Todos os acontecimentos vão se acumulando e ficando mais graves na medida em que o relógio corre e os pro-cessos de rotação e translação fazem o seu percurso... E os seres humanos ainda se comportam desta forma patética de não querer enxergar o que está diante dos próprios olhos. Todos os 7 bilhões de corpos que habitam este pequeno planeta do sistema solar que apenas implora um pouco de atenção daqueles que ele se dispôs a servir de moradia eterna. Isto não é nada absurdo, ele possui todo e qualquer direito de exigir que seus moradores abusadores agora paguem a conta. Mas é claro que seria uma enorme injustiça se considerasse que nenhum ser tem consciência destas necessidades que sua própria casa pede. Há pessoas que lutam sim com as mais potentes armas, mas não para explorar a vida, e sim para combater este triste fim do mundo para o qual estamos caminhando. Para evitarem que toda a natureza, toda a paz, toda a sanidade e a felici-dade deste lar e de seus moradores sejam extirpados e devastados, trazendo lágrimas de dor e arrependimento no âmago daqueles que foram indiferentes, existem pessoas que possuem caracterís-ticas inacreditáveis e fé que movem montanhas. Há aquelas que não combatem a violência com violência. E quem seja capaz de transmitir esperança ao esboçar um sorriso. Foi pensando nessas pessoas que trouxemos você aqui hoje, Vanzela.

Fernanda nada disse. Fitava a moça fixamente para poder com-preender todos os pontos e vírgulas daquela história, pois sentia que se tratava de um assunto delicado e profundamente impor-tante não somente para ela, mas para todo o mundo.

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– Aqui, onde estamos, Vanzela, como já havia lhe dito, é o local onde ocorrem os Sonhos Vitais. Muitas vezes trazemos alguns humanos para cá a fim de mostrar a eles alguma coisa de funda-mental importância para a sua vida que não pode ser dita verbal ou pessoalmente; muitas vezes são respostas para coisas da vida ou, como no seu caso, o preparo para acontecimentos que lhe ocorre-rão em um curto prazo. Sabemos que você pediu o mesmo que de algumas pessoas, mas você foi a última Caída, então não há volta.

– O que você está querendo dizer com ‘caída’ e ‘sonhos vitais’?– Sonhos Vitais, como o próprio nome indica, trata-se de um

sonho vital. Vital, significa algo referente à vida, ou próprio para preservá-la, essencial, indispensável. Ou seja, você foi trazida para cá hoje para lhe revelarmos algo essencial para a sua existência, que irá preservá-la, que é de grande importância para o planeta Terra.

– E se trata exatamente do quê?– Do seu destino, da sua missão. Como já lhe disse você é a

“Caída”. Você é um anjo, Vanzela, mas não uma simples que ape-nas protege um ser humano e os instrui para o caminho correto. Você é a última que foi enviada para um corpo humano, ou como nós chamamos, a última “Caída”.

– Anjo? Eu? – Fernanda achava aquilo um tanto estranho, pois era apenas uma jovem estudante buscando seu lugar ao sol.

– Sim, e se você não acreditava nessas lendas terrestres, trate agora de começar a crer, pois você é como um deles.

– Está bem, está me dizendo que eu sou um anjo, mas não um anjo comum com afazeres comuns, por assim dizer. Se eu não sou e não faço o que de costume um anjo faz, então o que eu devo fazer?

– Eu já estava chegando neste ponto, Vanzela. Meu Filho e seu Pai, ao verem que se dependesse da maioria dos humanos a Terra já estaria destruída. Então, resolveram fazer alguma coisa, em nome daquelas pessoas que lutam dentro de seus limites para preservá-lo

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em nome daqueles que são inocentes e que não possuem qualquer culpa, pois, literalmente, acabaram de ver a luz do sol.

– Como aquele bebê que acabou de nascer?– Sim, ele não tem culpa, e também não tem culpa do que

aconteceu no processo de escolha. – E o que isso quer dizer?– Quando meu Filho e seu Pai resolveram tomar uma deci-

são, eles mandaram a Esperança novamente para a Terra, mas não aquela esperança conhecida pelos humanos, a de que não se deve desistir e que se deve acreditar sempre, pois, como se diz, “ainda há esperança”. Esta Esperança que foi enviada para a Terra hoje se trata de uma alma, a alma primogênita do mundo, a primeira alma que trouxe a luz para o mundo, e que habitou o corpo de Jesus Cristo. Esta foi enviada com o intuito de novamente um ser humano livrar o mundo da destruição e da dor, em nome daquela minoria de que lhe falei.

– Quer dizer que o filho de Deus voltou em um corpo humano novamente?

– Não exatamente, quem voltou foi sua alma, mas não a alma integral, pois ocorreu um acontecimento inesperado no feto, ao qual a alma seria enviada.

– Que tipo de acontecimento inesperado?Maira olhou no relógio de parede dentro da sala, o relógio

mostrava 7h11. – Nosso tempo está acabando, Vanzela. Terei que ser menos

detalhista e mais breve. O que eu não conseguir lhe responder agora, não se preocupe, pois você receberá mensagens que lhe explicarão o restante. Você terá que encontrar o bebê que ia receber a alma integral da Esperança hoje, no entanto os anos se passaram e no ano em que você está, 2015, este bebê do sexo masculino tem vinte e seis anos e é de nacionalidade alemã.

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– E ele... E aquele bebê que eu vi nascer?– Não, não ele, mas sim aquele – disse Maira fazendo um sinal

em direção à mulher que havia dado à luz ao bebê. Fernanda olhou em direção à indicação da moça e viu que outro bebê estava sendo retirado da mulher de cabelos escuros. Foi então que percebeu que aquela mulher havia sido mãe de gêmeos.

– Como vou encontrá-lo? E o que eu devo fazer?– Não se preocupe em como encontrá-lo, já nos encarregamos

de levá-lo até você. Mas não se engane. A este bebê que acabou de nascer você não deve fazer nada no momento, o que realmente você tem que fazer diz respeito ao outro, o irmão dele.

– Mas o que eu tenho que fazer sendo que a Esperança está no corpo deste? – Fernanda apontou para a outra enfermeira que saía da sala com o segundo bebê nos braços e seguiu, entrando numa sala mais adiante.

– A Esperança não diz respeito a você exatamente, Vanzela, o que diz respeito a você é a Sabedoria que sustenta a Esperança.

– Não estou compreendendo mais nada! – exclamou confusa. – Não queira entender tudo, são muitos dados para você dis-

cernir agora. Então mantenha a serenidade que você tem. Fernanda assentiu. – Agora você tem que ir, Hennen já está indo para a sua casa,

nos veremos logo. – Onde nos veremos?– Irei até você, apenas saiba me reconhecer. A moça se virou e ia seguindo ao fim do corredor, quando

Fernanda se aproximou dela e disse: – Maira, não é? Ou seria Maria, mãe de Jesus, o Filho de Deus?A moça abriu um sorriso secreto e discreto.– Eles estavam certos, ninguém melhor do que você para resol-

ver esta situação.

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Virou-se novamente e seguiu dobrando a direita no final do corredor.

Sem saber como despertar o seu corpo adormecido se virou caminhando lentamente e observando todas aquelas pessoas que passavam perto dela que nunca havia visto. Parou em frente a uma sala e permaneceu olhando através do vidro. Os bebês eram extremamente semelhantes um ao outro. Demorou seu olhar no que vira nascer primeiro. Os olhos eram de uma cor indecifrável, algo como um castanho com fios de mel, ou fios de ouro, classifi-cou como mel dourados. O bebê lhe sorriu, e ela não pôde conter seu encantamento.