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Pressclipping em 19.dez.2016

"A justiça não é outra coisa que uma perpétua e constante

vontade de dar a cada um o que merece."

Padre Antônio Vieira

Sérgio Cabral vira réu na Lava Jato sob acusação

de corrupção no Comperj

Geraldo Bubniak/Agencia O Globo

Ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral é levado à carceragem da PF em Curitiba

ESTELITA HASS CARAZZAI, DE CURITIBA

16/12/2016 12h09 - Atualizado às 15h42

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) virou réu da Operação Lava Jato, sob acusação de

corrupção nas obras do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

O juiz Sergio Moro aceitou a denúncia apresentada pela força-tarefa nesta sexta (16).

Além dele, também são réus sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo; o empresário Carlos Emanuel

Miranda, tido como o operador de Cabral; Wilson Carlos Carvalho, ex-assessor do peemedebista, e sua

mulher Mônica Araújo Carvalho; e os executivos da Andrade Gutierrez, Rogério Nora de Sá e Clóvis

Peixoto Primo.

Esta é a segunda vez que Cabral é denunciado por corrupção -ele já é réu no Rio de Janeiro, sob acusação

de receber propina em obras estaduais como o Arco Metropolitano, a reforma do estádio do Maracanã e a

reurbanização da favela de Manguinhos.

Preso preventivamente há um mês, o político é acusado de ter recebido R$ 2,7 milhões em dinheiro pelo

contrato de terraplanagem do Comperj, obra da Petrobras.

O pagamento foi solicitado pelo próprio governador, numa reunião no Palácio da Guanabara, em 2008,

segundo a denúncia. O valor corresponde a 1% do total que a Andrade Gutierrez recebeu pela obra.

Segundo o Ministério Público, os valores foram usados na compra de artigos de alto valor, como roupas

de grife, móveis de luxo e blindagem de automóveis. O dinheiro pagou até vestidos de festa da ex-

primeira-dama .

Só em roupas da grife Ermenegildo Zegna, Cabral gastou quase R$ 245 mil. Em blindagem de carros,

foram R$ 58 mil.

Essas compras eram realizadas com pequenos depósitos em espécie, abaixo de R$ 10 mil -uma clássica

técnica de lavagem de dinheiro, de acordo com os procuradores.

Os executivos da empreiteira Andrade Gutierrez, também réus, admitiram o pagamento em delações

premiadas.

"Há, em cognição sumária, provas decorrentes de depoimentos de criminosos colaboradores, conjugados

com algumas provas de corroboração e que indicam a cobrança e o pagamento da vantagem indevida",

escreveu Moro em sua decisão.

OUTRO LADO

Em nota, a defesa de Sérgio Cabral afirmou que "demonstrará no processo a total improcedência da

acusação", e questionou a competência da Justiça Federal do Paraná.

"Estranha o oferecimento de uma denúncia sobre os mesmos fatos que estão sendo apurados no Superior

Tribunal de Justiça, havendo clara usurpação da competência deste tribunal", informou o escritório do

defensor Ary Bergher.

Em depoimento recente à polícia, o ex-governador disse que as acusações contra si são "uma mentira

absurda" feita para "salvar delações", e negou qualquer tipo de envolvimento na cobrança de propina.

A Andrade Gutierrez informou que não irá se manifestar sobre a denúncia.

A Folha ainda não conseguiu contato com os advogados dos demais acusados.

Cerca de 13 mil pessoas e empresas devem R$ 900

bilhões em impostos

Postado por José Adriano em 11 dezembro 2016 às 9:00

Por Fernando Rodrigues

Um estudo apresentado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) mostra que menos de 13

mil pessoas e empresas devem cerca de R$ 900 bilhões em impostos.

A reportagem é do Poder360 e as informações são do repórter Gabriel Hirabahasi.

Segundo a diretora de Gestão da Dívida Ativa da União da PGFN, Anelize Ruas, a soma dos débitos da

sonegação fiscal é de R$ 1,8 trilhão. A Procuradoria Geral diz que são 4,3 milhões de devedores.

Destes, quase 13 mil –0,3% do total– são considerados “grandes devedores”. Eles são responsáveis por

63,7% de uma dívida de R$ 1,4 trilhão, a não-previdenciária. Ela não inclui, por exemplo, os

recolhimentos devidos do FGTS.

A Fazenda Nacional considera como “grande devedor” pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por

débitos maiores que R$ 15 milhões. Os valores do levantamento são referentes a setembro de 2016.

Nesta 2ª (5.dez), o presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda Henrique Meirelles decidiram

que parte da dívida tributária das empresas deve ser perdoada.

A diretora da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional afirmou que há uma tendência, principalmente na

última década, de resistência no pagamento de impostos por empresas.

“Quando você olha que 64% da dívida está nas mãos de 13 mil empresas, você fica vendo que não é só a

crise econômica que está levando o estoque da dívida a crescer desse jeito”, diz Anelize.

Além dos cerca de R$ 900 bilhões apontados, o restante –aproximadamente R$ 510 bilhões– é de

responsabilidade de outros 4,2 milhões de devedores. O levantamento da Procuradoria Geral da Fazenda

Nacional foi apresentado em audiência da Câmara dos Deputados. Leia aqui a íntegra.

http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2016/12/06/cerca-de-...

Preços promocionais

Compra de leis e MPs citada em delação da Odebrecht

gera insegurança

11 de dezembro de 2016, 13h39

Por Marcos de Vasconcellos e Fernando Martines

A primeira delação de executivos, funcionários e acionistas da Odebrecht (entre as mais de 70 que os

empregados da empresa prometeram) já estremeceu o governo de Michel Temer, uma vez que acusa o

presidente de pedir e receber R$ 10 milhões. Outros tantos teriam sido distribuídos a partidos e políticos,

sendo que pelo menos R$ 17 milhões com um objetivo específico: comprar a aprovação de leis e medidas

provisórias.

Tudo ainda está no campo da acusação. As denúncias feitas pelo delator da vez na operação "lava jato",

Claudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, ainda precisam ser apuradas,

apresentadas à Justiça e devidamente julgadas, para que tenham algum efeito legal. Mas se forem

confirmadas, pelo menos 15 MPs, projetos de lei e resoluções do Senado têm claro vício de iniciativa.

Com isso, podem ser anulados, ou ter seus efeitos declarados nulos, afirmam especialistas ouvidos pela

ConJur.

As explicações de Melo Filho sobre os bastidores do Congresso são explícitas. Ao falar de sua relação

com o senador Romero Jucá (PMDB-PE), ex-ministro do Planejamento, afirma: “Eu e o senador tínhamos

a convicção de que os apoios aos pleitos da empresa seriam posteriormente equacionados no valor

estabelecido para contribuição a pretexto de campanha eleitoral, fosse ela realizada de forma oficial ou via

caixa 2”. E complementa que já participou de tantos pagamentos ao senador que, somados, superam R$ 22

milhões.

É com Jucá que Melo Filho diz ter tratado da maioria dos projetos legislativos, mas tendo no senador um

intermediário para atingir outros membros do partido e do governo, como o ex-ministro da Justiça e atual

presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL): “O fato de o senador Romero Jucá representar

também o senador Renan Calheiros era tão notório que, em uma oportunidade, procurei tratar com o

senador Renan Calheiros sobre um tema de interesse que já havia tratado antes com o senador Jucá, e

Renan Calheiros me interrompeu logo no início, afirmando já estar ciente e garantindo que eu não me

preocupasse”.

Também o ex-presidente da Câmara dos Deputados, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é

apontado como corrupto, recebendo para facilitar a tramitação de projetos de interesse da construtora. O

executivo lista repasses de propinas que somam mais de R$ 10 milhões a Cunha e diz que os pagamentos

criavam uma “situação confortável” e seriam “um elemento de atendimento às questões da Odebrecht”.

“Utilizei, portanto, esta força”, garante o executivo.

As normas cuja tramitação teria sido azeitada com o dinheiro da Odebrecht são listadas na delação. Da

MP 627/2013, criada por Dilma Rousseff, que alterou a tributação da pessoa jurídica domiciliada no

Brasil, com relação ao acréscimo patrimonial decorrente de participação em lucros obtidos no exterior, ao

Projeto de Lei da Câmara 32/2007, que buscava alterar a Lei de Licitação (Lei 8.666/1993). Veja o quadro

ao lado.

Lupa necessária Identificar todas as normas onde a corrupção teve impacto seria “o mínimo

exigível” para a anulação das leis, ressalta o constitucionalista Eduardo

Mendonça. Cumprida essa etapa, ele crê ser possível declarar inconstitucional

a legislação em debate.

“Com a confirmação de que a delação relata fatos verdadeiros, não tenho

dúvida em dizer que será necessário olhar essas leis debaixo de lupa. A

sociedade tem o direito de examinar isso com muito cuidado e atenção, para

tentar identificar qual pode ter sido o impacto desse lobby. E, no limite, se

ficar constatado que o lobby foi decisivo para a aprovação, acho normal que

se precise discutir se isso é um vício de formação na lei que justifique uma

declaração de inconstitucionalidade”, pondera Mendonça.

Para o advogado Pedro Estevam Serrano, professor de Direito

Constitucional da PUC-SP, caso fique comprovado que houve compra de

Medidas Provisórias, elas deveriam ser anuladas. Para efeito de comparação,

argumenta que “se um presidente produz um decreto com revolver na cabeça,

o decreto é nulo. Uma MP nessa situação colocada na delação é nula e está

contaminado pela ilegalidade”.

Sobre os efeitos das MPs, Serrano afirma que se foram obtidos de boa-fé, devem ser preservados pela

segurança jurídica. Caso contrário, não. "O corruptor que se beneficiou da corrupção precisa devolver tudo

aquilo que ganhou com o caso. Mas quem, de boa-fé, se beneficiou com uma lei aprovada de forma ilegal,

não pode ser punido. Cada caso vai ter que ser analisado, para ver se o que prevalece é legalidade ou

segurança jurídica", afirma o professor.

Já Renato Ribeiro de Almeida, advogado e professor de Direito Constitucional e Eleitoral, pensa que

seria exagerado anular uma lei, já que isso colocaria os 513 deputados e 81 senadores sob suspeita. “As

MPs, como se sabe, têm vigência precária, de 60 dias, e podem ser prorrogadas uma única vez, por igual

período. Ou seja, coube ao Congresso Nacional emendar e deliberar sobre o mérito”, lembra. Ele ainda

acha que a anulação geraria ainda mais insegurança jurídica e problemas ao mercado em recessão.

Pelo contexto que por enquanto se pode vislumbrar com a delação, o jurista Lenio Streck também não vê

condições de anulação de leis. "Para que se pudesse anular alguma das leis, teríamos que fazer uma

pesquisa empírica, espiolhando todos os detalhes para comprovar se a compra se efetivou, isto é, se a

compra foi condição de possibilidade de a lei ter sido aprovada. Pela simples delação não é possível fazer

uma espécie de "controle abstrato de compra de voto". Além do mais, do mesmo modo que os atos de um

juiz que é demitido por demência não são nulos, do mesmo modo em tese os atos do parlamento, nas

circunstância em que se apresentam, também não o são. Somente concretamente demonstrando. Lembro

do escravo Barbarius Phillipus, que foi nomeado pretor em Roma. Escravo não podia ser pretor. Os atos

dele foram nulos? Não. Já houve tentativa de anulação de emenda constitucional em face do mensalão",

disse.

Mensalão como precedente O Supremo Tribunal Federal chegou a analisar uma questão semelhante depois do julgamento da Ação

Penal 470, o processo do mensalão. Após condenar membros do Partido dos Trabalhadores pela compra

de apoio político no Congresso, a corte foi provocada a analisar a possível nulidade da Reforma da

Previdência feita pelo governo petista.

Normas citadas na

delação

MP 252/05

MP 255/05

MP 449/08

MP 460/09

MP 470/09

MP 472/09

MP 544/2011

MP 563/12

MP 579/12

MP 613/2013

MP 627/2013

MP 651/14

PLC 32/07

PLC 6/09

Projeto de Resolução do

Senado 72/2010

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), a Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), a

Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) e associações de juízes ajuizaram Ações Diretas

de Inconstitucionalidade no nas quais pediam que fosse declarada a inconstitucionalidade da Emenda

Constitucional 41/2003 (da reforma).

“Os 108 votos obtidos dos partidos cujos líderes foram condenados por corrupção passiva na Ação Penal

470, por terem recebido dinheiro em troca de votar a favor dos interesses do governo, se revelaram

essenciais para a aprovação da PEC 40/2003, no primeiro turno de votação”, afirmava a ação do PSol.

A Procuradoria-Geral da República, ao se manifestar sobre o caso, afirmou que se há a comprovação de

que uma lei foi aprovada com uso de corrupção, o STF deve, sim, declará-la inconstitucional. No entanto,

ao levar em conta apenas os votos dos condenados no mensalão, afirmou que o número de parlamentares

não seria suficiente para mudar o resultado da votação.

As ações ainda tramitam no STF, sob relatoria da atual presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, e do

vice-decano da corte, ministro Marco Aurélio.

Clique aqui para ler a delação de Melo Filho, publicada pelos jornalistas Fernando Rodrigues e

Fausto Macedo.

*Texto aletrado às 17h47 deste domingo (11/12) para acréscimo de informações.

Marcos de Vasconcellos é chefe de redação da revista Consultor Jurídico.

Fernando Martines é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 11 de dezembro de 2016, 13h39

Governo anuncia medidas para aumentar a

produtividade, simplificar negócios e facilitar o

crédito

16 de dezembro de 2016

Conjunto de iniciativas para estimular a retomada da economia foi apresentado pelo presidente

Michel Temer e pelos ministros Henrique Meirelles e Dyogo Oliveira

O governo federal apresentou nesta quinta-feira (15/12) uma série de medidas com o objetivo de elevar a

produtividade e estimular a recuperação da economia do país. Divididas em dez grandes eixos, as iniciativas

promoverão a desburocratização, a simplificação de regras para empresas e pessoas físicas, a facilitação

para a concessão de crédito e o refinanciamento de dívidas.

“As medidas foram estudadas e pensadas pela área econômica para aumentar a produtividade e em

consequência combater o desemprego”, disse o presidente Michel Temer ao anunciar as propostas, que

depois foram detalhadas pelos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento). O

ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do

Senado, Renan Calheiros, acompanharam o anúncio.

“O programa como um todo é de aumento de eficiência e de produtividade”, disse Meirelles. “Estamos

atacando o custo de se produzir no Brasil.” O ministro apontou que essas iniciativas microeconômicas

complementam o trabalho de ajuste das contas públicas e estabilização que vem sendo realizado na esfera

macroeconômica.

“Esse é um programa bem pensado, lançado na hora certa, em seguida à aprovação da PEC [de limitação

do crescimento do gasto público]. Este é o momento certo”, afirmou ele, lembrando que o desenho de boa

parte das propostas vem sendo definido desde setembro, por ocasião da reunião anual do FMI e do Banco

Mundial. Parte das iniciativas será implementada por meio de Medida Provisória, parte por Projetos de Lei

e parte por resoluções do Conselho Monetário Nacional.

O programa de regularização tributária – regularizar passivos tributários por pessoas físicas e jurídicas para

dívidas vencidas até 30 de novembro de 2016 – é o primeiro dos dez grandes eixos das medidas que foram

anunciadas e traz regras, condições de permanência e condições para adesão. “No momento de crise é muito

importante permitirmos que as empresas regularizem sua situação fiscal para que possam tomar crédito,

crescer e voltar a produzir”, disse Meirelles.

Um segundo grande grupo é o incentivo ao crédito imobiliário por meio da regularização da Letra

Imobiliária Garantida. O objetivo é ampliar a oferta de crédito de longo prazo para construção civil. “A área

imobiliária é uma das que mais geram empregos no país”, destacou o presidente Michel Temer.

Outro conjunto de iniciativas visa a promover a redução do spread bancário por meio da criação de um

ambiente centralizado para o registro de duplicatas e recebíveis, aumentando a segurança dos credores nas

operações de desconto de recebíveis mercantis e permitindo a oferta de crédito às pequenas e médias

empresas com taxas de juros mais baixas. Também faz parte desse grupo de iniciativas o aperfeiçoamento

do cadastro positivo.

A permissão para a diferenciação de preços entre os diferentes tipos de pagamentos, com a possibilidade de

descontos para o consumidor que usar cheque ou dinheiro, integra o quarto conjunto de medidas. Nesse

grupo foi incluída também a redução do prazo de pagamento do credenciador para o lojista e das taxas de

juros cobradas ao consumidor, além da universalização das formas de pagamento nos estabelecimentos

comerciais.

Dentro do eixo de propostas com o objetivo de promover a desburocratização, estão incluídas a

simplificação do pagamento de obrigações pelas empresas por meio do eSocial, a redução das obrigações

estaduais por meio do Sistema Público de Escrituração Contábil (Sped) e a implementação nacional da Nota

Fiscal de Serviços Eletrônicos.

Também integram esse eixo de propostas iniciativas para aumentar a rapidez na restituição e compensação

de tributos e a implementação da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de

Empresas e Negócios (Redesim). O objetivo, de acordo com o ministroHenrique Meirelles, é reduzir para

cinco dias o tempo médio de abertura de empresas de baixo risco. Hoje a média é de 30 dias, podendo chegar

a 100 em algumas grandes cidades.

O sexto eixo de iniciativas é a implementação do Sistema Nacional de Gestão de Informações Territoriais

(Sinter), que tem como objetivo reduzir o custo para a administração pública e para o setor privado na

obtenção de informações seguras sobre a propriedade de imóveis, móveis, títulos e documentos.

A expansão do Portal Único do Comércio Exterior, com o objetivo de reduzir em 40% o tempo para

procedimentos relacionados à exportação e à importação integra o sétimo eixo de iniciativas e será

implementado em duas etapas, em março e dezembro do ano que vem.

O destaque do oitavo conjunto de iniciativas é a ampliação de R$ 90 milhões para R$ 300 milhões do limite

de enquadramento das micro, pequenas e média empresas para o acesso ao crédito do BNDES, que conta

também com a renegociação de dívidas junto à instituição.

O FGTS, por sua vez, é foco do nono eixo de iniciativas, com a proposta de se reduzir gradualmente a multa

de 10% que as empresas pagam ao fundo em casos de demissão sem justa causa, até sua eliminação

completa. Também foi proposta a distribuição, para os trabalhadores, de 50% do resultado do FGTS apurado

após todas as despesas do fundo, inclusive com subsídios para habitação.

Por fim, o conjunto de medidas microeconômicas anunciado hoje prevê a ampliação do limite de

enquadramento de uma empresa no programa de microcrédito produtivo de R$ 120 mil para R$ 200 mil de

faturamento por ano.

“Esse é um trabalho intenso que começa a ser anunciado agora e que continuará no decorrer de 2017”, disse

Meirelles, referindo-se ao anúncio como um todo. “São ações que visam a dinamizar a economia brasileira,

aumentar a liquidez de empresas e famílias e reduzir os custos, sejam de transações, do trabalho, de crédito.

Todas essas ações coordenadas vão contribuir de maneira bastante decisiva para a retomada do crescimento

da economia brasileira”, resumiu o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.

Fonte: Ministério da Fazenda

Senado aprova programa de recuperação fiscal

para estados

O Plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (14) o projeto que promove reduções escalonadas das

parcelas mensais das dívidas dos estados com a União, mediante contrapartidas. Além desse tema, o texto

ganhou uma emenda, apresentada pela liderança do governo, que cria o Regime de Recuperação Fiscal,

um programa de adesão optativa para estados em pior situação.

O PLC 54/2016 estende por mais 20 anos o prazo para o pagamento das dívidas. Somados os prazos

remanescentes, os estados terão até 50 anos para quitá-las. Em troca, os estados terão que tomar medidas

como: reduzir despesas correntes, aumentar a contribuição previdenciária dos servidores públicos,

suspender contratações, limitar gastos com propaganda, refinanciar contratos com o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e instituir monitoramento contínuo das suas contas.

O projeto veio da Câmara dos Deputados , onde haviam sido retiradas as contrapartidas do projeto

original, de autoria do Executivo. O relator da proposta no Senado, Armando Monteiro (PTB-PE),

reinseriu as condições, além de incorporar o Regime de Recuperação Fiscal. Devido às alterações, a

proposta terá que voltar para a Câmara, que terá a palavra final. A expectativa é que a votação também

aconteça nesta quarta-feira.

Reparcelamento

Os estados que optarem pela renegociação não poderão mais editar leis ou programas de concessão de

incentivo ou benefício de natureza tributária ou financeira. Além disso, terão de suspender a contratação

de pessoal, reduzir a despesa mensal com cargos de livre provimento em 10% na comparação com o mês

de junho de 2014 e limitar as despesas com publicidade e propaganda a 50% da média dos valores

empenhados nos últimos três anos.

A exemplo do governo federal com a PEC 55/2016, os estados terão de limitar o crescimento anual das

despesas primárias correntes. O crescimento das despesas não poderá ser maior que a variação do Índice

Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), durante os 24 meses subsequentes à assinatura do

primeiro termo aditivo.

Também está previsto o refinanciamento de contratos de empréstimos e financiamento celebrados até 31

de dezembro de 2015 entre as instituições públicas e os estados com recursos do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os estados serão dispensados dos requisitos para a realização de operações de crédito e concessão de

garantias pela União, inclusive as exigências legais que impediriam o recebimento de transferências

voluntárias.

A renegociação está condicionada à assinatura dos aditivos, no âmbito das regras estipuladas pela Lei

Complementar 148/2014, e depende da desistência de ações judiciais contra a União sobre as taxas de

juros aplicáveis, assunto questionado por vários estados junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Regime de Recuperação Fiscal

Proposto por emenda do líder do governo, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o Regime de

Recuperação Fiscal envolve a implantação de medidas emergenciais e reformas institucionais nos estados,

em parceria com a União, para corrigir desequilíbrios fiscais e financeiros graves.

O regime durará até três anos (prazo que pode ser prorrogado uma vez, pela mesma duração). Durante

esse período, o pagamento de dívidas do estado em recuperação com a União ficará suspenso. No entanto,

elas podem ser amortizadas através da transferência de bens, direitos e participações acionárias do estado

para a União, que os venderá.

O estado em recuperação deve adotar programa de desestatização e novas regras previdenciárias,

promover reforma de contratos da administração pública, rever incentivos tributários e aumentar a

contribuição previdenciária de servidores, entre outras medidas. É possível, também, reduzir a jornada de

trabalho dos servidores, com redução proporcional de salários.

Durante a vigência do regime, o estado não poderá conceder aumentos salariais, criar cargos, fazer

concursos, reajustar despesas acima da inflação ou da variação da receita (o que for menor), e gastar com

propaganda, entre outras vedações. Ficam também restritas as operações de crédito: só poderão ser

realizadas aquelas destinadas a programa de demissão voluntária, auditoria da folha de pagamento e

reestruturação de dívidas.

A adesão se dá por lei estadual que deve ser homologada pelo presidente da República, após parecer do

Ministério da Fazenda. A lei deve conter o programa de recuperação, contendo medidas de ajuste fiscal e

financeiro e estimativa de impactos. Um órgão supervisor acompanhará todo o processo, emitindo

relatórios periódicos. Um governador no último ano do mandato não poderá solicitar adesão ao regime.

Para poder aderir, o estado precisa ter registrado, no seu exercício financeiro mais recente, receita corrente

líquida menor que a dívida consolidada, receita corrente menor que as despesas de custeio e

disponibilidade de caixa menor que as obrigações contraídas.

Em caso de descumprimento das condições, o regime será encerrado e o estado não poderá ter acesso a

novos financiamentos da União, além de não poder solicitar nova adesão antes de um prazo de cinco anos.

Além da interrupção forçada, o regime poderá se encerrar em caso de equalização fiscal e financeira ou de

verificação de insuficiência do programa.

Controvérsia

Senadores da oposição questionaram as contrapartidas exigidas dos estados para o reparcelamento das

dívidas. José Pimentel (PT-CE) afirmou que o projeto compara equivocadamente estados ricos e muito

endividados com estados mais pobres e em melhor situação, impondo a todos as mesmas restrições.

— Todas as vezes em que nós aplicamos regras gerais para entes do pacto federativo que têm dívidas

diferenciadas, é desigual. Os estados do Sul e Sudeste ficam têm 91% de toda a dívida, e nós estamos

pegando as três [outras] regiões e impondo as mesmas condicionantes para dívidas irrisórias. Isso não é

correto.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), favorável ao projeto, argumentou que o texto traz uma

diferenciação. Segundo ele, há dispositivo que cria uma classificação dos estados de acordo com a

situação das suas dívidas, e, a partir dessa classificação, os estados com dívidas menores poderão levantar

empréstimos que não serão permitidos aos estados mais endividados.

Tasso também defendeu a imposição de condições para o reparcelamento, observando que a União tem

endividado a si própria com sucessivas concessões aos estados que, para ele, não têm resolvido nenhum

problema.

— Nós estamos fazendo a terceira renegociação de dívidas. Se não dermos obrigações e contrapartidas

para os estados, vamos cair no mesmo erro. Vamos aumentar a dívida da União e, dentro de alguns anos,

faremos outra renegociação da dívida, tornando isso um círculo vicioso que não tem fim.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou as condições do Regime de Recuperação Fiscal como

“draconianas”, em especial as exigências de desestatização e reformulação da previdência dos servidores

públicos.

— As condicionantes impostas são quase uma chantagem com o estado. O que isso tem de gestão fiscal?

Eles querem impor uma visão do mundo. Na verdade, há a privatização.

Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), os requisitos têm “orientação claramente ideológica” e

significam a imposição de uma “PEC 55 piorada” para os estados que aderirem ao Regime de

Recuperação Fiscal – em referência à proposta de limitação do crescimento de gastos públicos que o

Senado aprovou na última terça-feira.

Os líderes do governo, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), e do PMDB, senador Eunício Oliveira

(CE), propuseram que, apesar das discordâncias, o Senado votasse a proposta e a enviasse para que a

Câmara decidisse sobre todos os pontos controversos.

O projeto foi aprovado na forma de substitutivo do relator, senador Armando Monteiro (PTB-PE), por 55

votos a 14. Dois trechos destacados pela oposição foram mantidos no texto.

Durante a votação, estavam presentes no Plenário os governadores Luiz Fernando Pezão, do Rio de

Janeiro, e José Ivo Sartori, do Rio Grande do Sul – estados que declararam calamidade pública devido à

sua situação fiscal.

Agência Senado

Relações investigadas

MPF acusa Lula e até advogado de participação em propina da

Odebrecht

15 de dezembro de 2016, 16h07

Dois imóveis estão no centro de uma nova denúncia apresentada nesta quarta-feira (14/12) contra o ex-

presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); a mulher dele, Marisa Letícia; o ex-ministro Antonio Palocci; e

outras seis pessoas. Segundo o Ministério Público Federal, os dois negócios foram intermediados pela

construtora Odebrecht, comprovando que Lula participou ativamente de um esquema de corrupção na

Petrobras envolvendo empreiteiras e políticos.

O advogado Roberto Teixeira, que defende o ex-presidente inclusive na operação “lava jato”, também foi

acusado. O MPF afirma que ele não assessorou simplesmente a compra dos imóveis, no exercício

profissional, mas atuou como operador de lavagem de dinheiro ao viabilizar a compra simulada de um

terreno, destinado a sediar o Instituto Lula, e de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP).

Durante as investigações, Moro chegou a autorizar grampos no telefone do escritório de Teixeira.

Procuradores afirmam que Lula "orquestrou" corrupção na Petrobras. Fotos Públicas

A denúncia diz que, “em datas ainda não estabelecidas, mas compreendidas entre 25/11/2004 e

23/01/2012”, Lula aceitou propina e orquestrou todo o esquema descoberto pela “lava jato”, numa espécie

de continuação do chamado mensalão.

Enquanto, na Ação Penal 470, a acusação envolvia compra de apoio parlamentar com auxílio de bancos e

agências de publicidade, agora a acusação é de que cargos da administração federal direta e indireta foram

loteados para arrecadar propinas ou desviar dinheiro para partidos da base governista durante o mandato

de Lula.

Assim, ainda segundo o MPF, o então presidente e integrantes da cúpula do seu governo — como Palocci

e o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu — nomearam pessoas para a Petrobras “comprometidas” com o

esquema, como os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró. Embora a denúncia cite várias

empreiteiras envolvidas nas fraudes, centraliza as acusações na Odebrecht, que teria desviado mais de R$

75 milhões — soma dos percentuais de 2% a 3% de oito contratos firmados com a petrolífera.

Caminho do dinheiro A denúncia afirma que, para lavar parte desse dinheiro, a empreiteira foi quem pagou R$ 12,4 milhões na

aquisição de um imóvel para a instalação do Instituto Lula na capital paulista, em 2010 — embora a

compra estivesse no nome de outra construtora de menor porte.

O MPF reconhece que a sede da entidade nunca foi efetivamente para aquele endereço. Ainda assim, para

os procuradores da República que assinam a denúncia, “nada altera o fato de que [...] o ex-presidente da

República teve a disponibilidade do imóvel da Rua Dr. Haberbeck Brandão”.

Outra parte da propina teria sido destinada a um dos acusados para comprar cobertura vizinha ao

apartamento de Lula em São Bernardo de Campo. A ex-primeira-dama Marisa Letícia também é acusada

porque, conforme o MPF, assinou contrato fictício de locação do imóvel em 2011. O negócio seria uma

tentativa de dissimular a propriedade, pois a denúncia diz que nunca houve pagamento do aluguel, pelo

menos até novembro de 2015.

Em nota, Lula declarou que os procuradores da República “inventaram uma nova história” e praticam

perseguição política: “após um apartamento que nunca foi de Lula no Guarujá, entra a acusação de um

apartamento que também não é de Lula, pelo qual sua família paga aluguel pelo uso, e um terreno que não

é, nem nunca foi, do Instituto Lula, onde aliás o atual proprietário hoje constrói uma revendedora de

automóveis”.

A revista eletrônica Consultor Jurídico não conseguiu contatar o advogado Roberto Teixeira e a defesa

do ex-ministro Antonio Palocci até a publicação desta notícia.

A denúncia cita várias vezes outras ações penais da “lava jato” e se baseia em delações premiadas e em

trocas de mensagens eletrônicas que mostram conversas entre Marcelo Odebrecht e seus executivos com

pessoas ligadas a Lula, como Palocci. Afirma ainda que diversos documentos apreendidos indicam que

Lula negociou com empresários em eventos, viagens, jantares e reuniões.

Também aponta como indício o fato de que o Instituto Lula e a Lils Palestras (empresa de palestra que usa

as iniciais do ex-presidente) receberam R$ 30 milhões de empreiteiras investigadas na “lava jato”, entre

2011 e 2014, mais da metade do que total arrecadado no período. Cabe ao juiz federal Sergio Fernando

Moro decidir se abre ação penal.

Três vezes réu O ex-presidente é réu em outros três processos, dois tramitando em Brasília: o primeiro caso envolve

suposta obstrução à Justiça por meio da compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró,

enquanto o segundo acusa o ex-presidente de ter intermediado a liberação de financiamentos para projetos

da Odebrecht no exterior.

Já o processo nas mãos de Moro diz que, “em datas ainda não estabelecidas, mas certo que compreendidas

entre 11/10/2006 e 23/01/2012”, o petista negociou propina com executivos da OAS, “especialmente para

alcançar governabilidade e financiar com recursos públicos desviados a permanência no poder”. Com

informações da Assessoria de Imprensa do MPF-PR.

Clique aqui para ler a denúncia. * Texto atualizado às 17h10 do dia 15/12/2016 para acréscimo de

informações.

Revista Consultor Jurídico, 15 de dezembro de 2016, 16h07

Ficou caro ser corrupto? Como operações da PF e do MP

estão mudando comportamento de empresas brasileiras

Na última quinta-feira, foi a vez da maior empreiteira brasileira "ficar de joelhos".

Em um comunicado veiculado na imprensa, a Odebrecht pediu perdão pelos atos ilícitos cometidos,

concordou em pagar uma multa de R$ 6,7 bilhões e se comprometeu a colaborar com as investigações como

parte do acordo de leniência assinado com o Ministério Público Federal.

O caso, com potencial de atingir um grande número de políticos em Brasília, pode ser também representativo

de uma guinada no mundo corporativo.

Até pouco tempo, antes de virem à tona as grandes operações como Lava Jato e Zelotes, a corrupção parecia

ser um bom negócio no Brasil.

Muitas vezes, a obtenção de um alvará ou de uma licença poderia sair mais em conta ou demorar menos

tempo por meios escusos.

A corrupção também ajudava a aumentar a previsibilidade de um empreendimento, ganhar tempo e

encontrar atalhos para driblar a burocracia. No balanço final, os meios ilegais poderiam representar uma

economia real para uma empresa.

Além disso, atuar fora da conformidade das leis também era visto como vantagem porque poderia ser crucial

para a viabilização de um empreendimento. Para obter contratos bilionários com a Petrobras, empreiteiras

pagavam de 1% a 5% do valor do negócio em propinas, como revelou a Lava Jato.

Mas esse cálculo de que a corrupção compensa, segundo especialistas, pode estar mudando.

Conformidade

Alexandre Bertoldi, sócio-gerente do escritório de advocacia Pinheiro Neto, um dos mais tradicionais do

país, afirma que era comum no meio empresarial que gestores "fechassem os olhos" para práticas ilícitas ou

antiéticas ao delegar serviços a indivíduos, empresas ou escritórios de fachada. As operações mostram que

talvez isso não seja mais tão tentador.

"Antes as pessoas sabiam o que estava errado. Era mentira dizer que não soubessem. Todo mundo sabia.

Mas muitos tinham a sensação de que se não fosse assim, estariam em desvantagem em relação aos

competidores. Hoje você está correndo o risco de ir para a cadeia. Isso é salutar para o ambiente de

negócios," afirma Bertoldi.

Um indício dessa guindada é a valorização que as empresas têm dado aos mecanismos de compliance,

palavra em inglês que significa conformidade com leis e princípios éticos.

O termo carrega um sentido mais amplo no ambiente de negócios. Também pode ser entendido como

programa de integridade, governança empresarial, ou ética corporativa.

Ele envolve a adoção por parte das empresas de mecanismos para apurar e prevenir práticas ilegais ou

antiéticas. Esses mecanismos vão desde análise de riscos, instalação de investigações internas e canais para

denúncia até o treinamento de executivos e funcionários para lidar com propostas e práticas que corram o

risco de colocar a empresa no mau caminho.

'Explosão'

Especialistas ressaltam, no entanto, que o caminho a percorrer para que as empresas do país alcancem os

mais altos padrões de integridade ainda é longo.

"Antes, a palavra não tinha valor, ninguém sabia nem mesmo o significado, e agora compliance passou a

ser parte do cotidiano," afirma Esther Flesch, que lidera a equipe de conformidade do Trench, Rossi e

Watanabe Advogados, escritório de advocacia contratado pela Petrobras após o início da operação Lava

Jato.

A entrada em vigor da Lei Anticorrupção (12.846/2013), também conhecida como Lei da Empresa Limpa,

ajudou a colocar o assunto na agenda.

No entanto, foram operações como Lava Jato e Zelotes que provocaram nas empresas o sentido de urgência

verificado pelos especialistas.

O aumento da demanda pelos serviços de compliance foi sentido com força, especialmente no último ano.

"Nem mesmo o nosso escritório anteviu esse impacto. Tivemos que correr atrás. Foi uma explosão, não um

aumento gradativo," conta Bertoldi.

Há cinco anos, o Pinheiro Neto não tinha uma área dedicada ao serviço. No último ano, o escritório, que

atende principalmente grandes empresas em operações estratégicas, empregou mais de 40 advogados com

dedicação exclusiva a essas demandas.

Outro escritório de perfil similar a fazer investimentos expressivos na área foi o Mattos Filho, que aumentou

seu quadro de sócios dedicados à conformidade, de um para três.

Thiago Jabor Pinheiro, sócio do escritório e responsável pela equipe afirma: "Não há uma empresa grande

no Brasil que não tenha adotado esses mecanismos (de conformidade)."

O aumento da procura também foi sentido pelas grandes firmas globais de consultoria que atuam no Brasil.

"Mais do que dobrou a nossa demanda do ano passado para cá," garante Ronaldo Fragoso, sócio-líder de

gestão de riscos da Deloitte.

Empresas como PwC, EY e KPMG também descrevem aumento significativo na demanda.

Custos

Mas o que exatamente explica essa correria por programas para evitar a corrupção em empresas brasileiras?

O principal motivo apontado pelos especialistas é a percepção sobre o aumento do custo de não ter vigente

um mecanismo de governança, ou o chamado custo da 'não-compliance'.

Ser conivente com práticas corruptas pode sair caro. E isso passou a ser sentido de muitas maneiras.

A mais evidente são as consequências diretas. A lei prevê multas de até 20% sobre a receita para empresas

condenadas por práticas ilícitas.

O acordo de leniência assinado pela Odebrecht é um exemplo do quanto a corrupção pode pesar no bolso

de empresários.

"As empresas passaram a ter medo das multas, já que uma multa chega a quebrar uma empresa," afirma Ana

Paula Candeloro, que é professora do Insper e coautora do livro Compliance 360º.

No âmbito da Lava Jato, além das multas, as empreiteiras condenadas também ficaram impedidas de firmar

contratos públicos ou de adquirir novos créditos bancários até assinarem acordos de leniência.

"A destruição de valor foi significativa," afirma Fragoso, que também cita o caso da mineradora Samarco,

que enfrenta uma multa bilionária pela responsabilidade no rompimento da barragem em Mariana, no final

de 2015.

"Esses casos levaram as empresas a pensar que teria sido melhor prevenir," afirma ele.

Outro fator que passou a entrar no cálculo foi o temor dos executivos de se verem pessoalmente envolvidos

em um escândalo. Essa noção levou o problema até o mais alto escalão de gerenciamento.

Na Lava Jato, diversos executivos foram condenados e presos - o caso mais notável sendo o de Marcelo

Odebrecht, que foi condenado a 19 anos de prisão. Já na Zelotes, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos

Trabuco, virou réu por suspeita de participação em esquema de sonegação de impostos.

"Poucos executivos conhecem alguém que não esteja envolvido de alguma forma nas operações em

andamento. Isso traz uma noção muito viva de que não há mais impunidade," avalia José Compagno, sócio-

líder de investigação de fraudes para América Latina da consultoria EY.

Marco Castro, sócio-líder de auditoria da PwC no Brasil, afirma que o papel da opinião pública e das redes

sociais traz um custo ainda maior para as empresas envolvidas em corrupção. "Hoje a voz da sociedade é

ouvida de forma amplificada como nunca antes."

De acordo com ele, a presença constante da fiscalização dos cidadãos tem um impacto sobre a cultura que

influencia diretamente o ambiente de negócios.

"O dano à imagem e à reputação por não conseguir cumprir com o que a sociedade e seus próprios

funcionários esperam ficou muito alto," afirma.

Longo caminho

Apesar de todo o furor, os especialistas concordam que o Brasil ainda precisa caminhar muito para atingir

os níveis de conformidade praticados nos Estados Unidos e na Europa.

Nicole Verillo, consultora do Programa Brasil da Transparência Internacional, também registra uma

movimentação das empresas rumo a práticas éticas, mas faz ressalvas.

Ela afirma que os níveis nacionais de conformidade acompanham os níveis de países emergentes, mas "ainda

são muito ruins".

Segundo Nicole, "o próprio setor privado assume que há empresas com programas de compliance para inglês

ver, que não são efetivos de fato".

Bertoldi lembra que os custos de implementação de um programa de conformidade também podem ser um

entrave. Por mais que o programa possa ajudar a prevenir desastres, o mercado brasileiro passa por um

momento difícil.

"Algumas empresas estão preocupadas em sobreviver. Implantar o programa não é tão caro, mas é caro

mantê-lo," lembra o advogado. "No limite, você cria um departamento especializado com um impacto sobre

o orçamento. Evita que você barateie a operação," diz.

Por Luís Bulcão Pinheiro

Fonte: BBC Brasil via Emerson Boritza

“Reforma da Previdência é essencial ou carga

tributária aumentará”

13 de dezembro de 2016

Mansueto Almeida, secretário de acompanhamento econômico, diz que tributação teria de ser elevada em

R$ 500 bilhões nos próximos 30 anos

O secretário de acompanhamento econômico do ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, defendeu a

reforma da Previdência e afirmou que sem ela seria preciso aumentar a já elevada carga tributária do país.

A estimativa de Mansueto é que sem a reforma o governo terá que elevar a tributação em R$ 500 bilhões

nos próximos 30 anos.

“Fazer ajuste carregando em carga tributária não é uma opção”, disse em palestra no seminário Novas

Tendências em Educação Financeira, promovido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no Rio de

Janeiro.

Ao defender a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Previdência apresentada pelo governo Michel

Temer, Mansueto disse que não faz sentido pessoas se aposentarem aos 50 anos, “auge da atividade

produtiva”.

Mansueto defendeu também o ajuste fiscal em curso para reduzir o nível de endividamento do país,

afirmando que apesar do momento difícil ele está sendo implementado de forma gradual.

A prova disso seria o fato de que o orçamento do próximo ano terá um crescimento nominal de R$ 80

bilhões, sendo que o da saúde será de R$ 10 bilhões. “Sem ajuste fiscal, a dívida pública pode passar de

100% do PIB. Por isso o ajuste fiscal tem que ser feito”, reforçou.

A uma plateia de estudantes, o secretário disse esperar que o mercado de capitais possa ser atrativo no Brasil

para investimentos de longo prazo. Ele lembrou que atualmente o nível de poupança do país é muito baixo,

em torno de 16% do PIB.

Isso reforça, segundo ele, a importância da educação financeira e do trabalho desenvolvido pela CVM para

dar transparência ao mercado de capitais. “Se tivéssemos educação financeira teríamos feito o ajuste fiscal

antes de chegar à crise fiscal”, comentou.

Ao explicar a crise fiscal que o Brasil atravessa, o secretário afirmou que ela significa que tudo que o

governo arrecada não é suficiente para pagar suas despesas. “Então o governo tem que ir ao mercado pedir

dinheiro emprestado para nós”, disse.

“É normal o governo ter dívida. O que não é normal é o nosso nível de endividamento”, comentou Mansueto,

destacando que a dívida bruta brasileira está muito acima da de outros países de renda média. Ele criticou o

governo do PT por ter “jogado fora” grande parte do boom das commodities e ter gasto dinheiro público em

“obras inúteis”.

Fonte: Estadão Economia

Brasil

As desigualdades e os privilégios continuam

Proposta de mudanças formulada pelo governo endurece as condições para os

trabalhadores da iniciativa privada e mantém as mamatas dadas a algumas

categorias

Cilene Pereira e Fabíola Perez

09.12.16 - 18h00 - Atualizado em 09.12.16 - 18h09

Não há dúvida de que uma das reformas mais urgentes para que o Brasil volte a crescer é a da previdência.

Há anos o País discute a necessidade de implementação de um regime que garanta o pagamento dos

benefícios nas próximas décadas, mas as mudanças até agora tinham sido tímidas demais. O resultado foi

um rombo monumental nas contas. Para o ano que vem, só o déficit do INSS, que paga os trabalhadores

da iniciativa privada, está calculado em R$ 181 bilhões. Na esfera pública, o saldo negativo previsto para

este ano era de R$ 69,97 bilhões. Por esta razão, o envio pelo governo na semana passada ao Congresso

Nacional da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) propondo alterações nas regras para a

aposentadoria deve ser encarado como algo positivo. O problema é que se sabia que o remédio sugerido

seria duro, mas a avaliação geral é a de que ele é mais penoso do que se imaginava. Além disso, de forma

equivocada, as mudanças não tocam em alguns privilégios e podem ampliar a desigualdade na assistência

aos brasileiros na etapa final da vida.

POLÊMICA Os idosos também terão que esperar mais pelo benefício

A primeira mudança é o estabelecimento da idade mínima de 65 anos para se aposentar. A média se

aproxima da adotada em países como o Japão, onde o corte é de 65 anos, e da Alemanha, que estabeleceu

67 anos. A regra vale para homens e mulheres. Aqui, a primeira crítica. “Hoje, a idade é diferente de

acordo com o gênero (65 anos homem e 60, mulher)”, diz Wagner Balera, professor de Direito

Previdenciário da PUC-SP. “O critério foi escolhido por causa de condições culturais que ainda obrigam a

brasileira a trabalhar em três turnos, em casa e fora dela”, afirma.

O tempo mínimo de contribuição também muda, subindo de quinze para 25 anos. Em um mercado de

trabalho no qual as normas de contratação estão cada vez mais flexíveis e caracterizado por alto índice de

informalidade, pode ser difícil alcançar a marca. “Se o indivíduo tem 80 anos e não chegou no tempo

necessário de contribuição, o que acontecerá?”, indaga Fábio Zambitte, professor de Direito

Previdenciário do IBmec-RJ.

O valor do benefício sofreria redução devido à mudança na forma de cálculo. Hoje, o INSS usa como base

os maiores salários, que representem 80% das contribuições. Na PEC, o valor é determinado com base no

equivalente a 76% da média salarial – de todos os vencimentos, não só os mais elevados – acrescido de

1% a cada ano de contribuição que superar os 25 anos mínimos. Por essa equação, o benefício fica mais

baixo.

Para chegar no teto do valor (hoje de R$ 5 mil), seria necessário contribuir por 49 anos. Isso significa que,

para se aposentar aos 65 anos, deveria-se começar a trabalhar aos 16 anos, quando se está no final da

formação educacional básica. É verdade que a expectativa de vida do brasileiro aumenta e é preciso

adequar as normas de acesso. Mas os limites estão sendo considerados rigorosos.

Quem se encaixa hoje nas condições para a aposentadoria poderá se retirar da ativa pelas normas atuais.

Porém, homens com mais de 50 anos e mulheres acima de 45 anos na data da aprovação das medidas que

não tiverem atingido as condições para a aposentadoria, mas que desejarem se aposentar antes dos 65

anos, estariam sujeitos a regras de transição. Cumpririam um pedágio de 50% do tempo que faltaria para a

aposentadoria na data da aprovação. Se faltarem dois anos, será preciso trabalhar mais um ano.

Estão ainda entre os afetados os que recebem pensão por morte. Ela não seria mais integral e associada ao

reajuste do salário mínimo – há o risco de o benefício ser menor do que o mínimo. E os idosos, que

atualmente requerem o benefício aos 65 anos, só poderiam solicitá-lo aos 70 anos.

O QUE MUDA

Tomando por base:

44 anos Mulher

25 anos Tempo de contribuição

R$ 3 mil Média salarial

Antes da PEC

Se optasse por se aposentar com fator previdenciário, precisaria trabalhar mais 5 anos. Receberia cerca de

R$ 1,8 mil de benefício mensal

Se escolhesse a regra 85/95 (soma da idade e tempo de contribuição, para mulher e homem

respectivamente), trabalharia por mais 10 anos. Ganharia aposentadoria integral

(R$ 3mil)

Com a Pec Seriam necessários mais 21 anos para atingir a idade mínima obrigatória

(65 anos)

O tempo de contribuição seria de

46 anos

O valor do benefício seria calculado usando a nova fórmula: 51% da média de todos os salários + 1% da

média para cada ano de contribuição 51 + 46 = 97% da média salarial

Benefício: R$ 2.910

Conclusão: a pessoa trabalharia 11 anos a mais para ganhar menos

No serviço público é diferente

Enquanto todas as normas se aplicariam aos trabalhadores privados, elas não seriam totalmente verdade

para os empregados do serviço público. Primeiro, ficaram de fora os integrantes das Forças Armadas,

embora o déficit causado pelo pagamento a este grupo nas contas da União tenha sido de R$ 32,5 bilhões

este ano. Mudanças ficarão para um projeto de lei ainda a ser produzido. Depois, policiais militares e

bombeiros, que haviam sido incluídos, foram poupados.

Para os funcionários públicos em geral, incluindo aí os do Judiciário, também sobrariam regalias. Não

para aqueles que entrarem no serviço após a aprovação da PEC, que estariam sujeitos as mesmas regras

dos empregados da iniciativa privada. Para os que estão agora na ativa, alguns privilégios serão mantidos

porque remontam a períodos anteriores e já se cristalizaram como direitos adquiridos. Até 2003, todos

tinham direito à paridade (aposentados recebiam o mesmo valor da ativa) e ao salário integral na

aposentadoria. Entre 2004 e 2012, a integralidade deixou de existir e foi estabelecido o cálculo do

benefício a partir da média de 80% dos maiores salários. Os que ingressaram a partir de 2013 passaram a

estar sujeitos ao teto, o mesmo dos empregados privados. Aqueles que desejavam ganhar mais aderiram a

um plano complementar.

RIGOR Zambitte considera elevado o tempo mínimo de contribuição

As regras de transição para quem está próximo de se aposentar seriam as mesmas das designadas para o

setor privado. Porém, com algumas benesses. Os que se adequarem às normas e tenham entrado até

dezembro de 2003 ganharão aposentadoria integral e com paridade de reajuste. Além disso, os que

ingressaram antes da instituição da previdência complementar poderão receber proventos superiores ao

teto. Será possível ainda ao funcionário que apresente também tempo de contribuição no regime do INSS

acumular aposentadoria dos dois regimes desde que responda aos critérios de ambos os sistemas. “Os

privilégios serão mantidos. Não se mexerá nas regras antigas porque não se pode quebrar as regras do jogo

agora”, explica Alexandre Chaia, professor do MBA Executivo do Insper, em São Paulo. No grupo dos

mais especiais do que os outros, figuram também os senadores e deputados federais e estaduais. Os que

forem eleitos após a PEC entrarão nas novas regras. Porém, os que estão em mandato usufruem de

regimes especiais. Para esses políticos, as regras de transição serão formuladas por eles próprios. Mais

uma ação para a sociedade ficar de olho.

Em outros países

• Estados Unidos A idade mínima é de 67 anos. Os gastos com a previdência consomem 6,7% do PIB

• Japão Só se aposentam maiores de 65 anos. Uma das medidas para custear os benefícios foi aumentar o imposto

sobre consumo de 5% para 8%

• Alemanha A idade mínima é de 67 anos. O Banco Central, porém, defende a elevação para 69 anos. O país gasta

10,6% do PIB com benefícios

Revista Consultor Jurídico, 9 de dezembro de 2016, 15h17

Como funciona a aposentadoria de políticos?

Publicado por Politize! Educação Política

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A maior parte dos trabalhadores brasileiros contribui para o regime geral da Previdência Social. São os

empregados da iniciativa privada, que destinam obrigatoriamente até 11% de seu salário para o sistema.

São sujeitos a regras como o fator previdenciário ou a fórmula 85-95, que alongam o tempo necessário

para receber o benefício integral.

Por outro lado, no serviço público ainda existem condições diferenciadas de previdência. Até pouco tempo

atrás, esses trabalhadores contribuíam para um regime próprio e podiam receber até aposentadoria no

valor integral do salário. Apenas recentemente o valor das aposentadorias públicas passou a ser limitada

pelo teto do INSS, com a opção de contribuir para um regime de previdência complementar – com a

vantagem do governo adicionar ao sistema o valor igual ao que é pago pelo servidor.

Mas e os políticos, como ficam? O caso deles é ainda mais específico, pois o trabalho em cargo eletivo é

transitório – mandatos duram quatro anos ou, no caso de senador, oito. Políticos não são, portanto,

servidores públicos no sentido mais próprio do termo. Sob que condições eles se aposentam hoje? O

trabalho como parlamentar traz alguma vantagem adicional? Vamos explicar essa questão neste texto.

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O QUE DIZ A CONSTITUIÇÃO?

Em 1998, foi promulgada uma emenda constitucional que determina:

“Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e

exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de

previdência social. “

Desde então, o entendimento é que, por ocuparem cargo temporário, todos os políticos, de vereadores a

presidentes, devem ser enquadrados nas regras do regime geral de previdência. Isso inclui contribuir

normalmente para a Previdência e receber apenas até o teto do regime geral (evidentemente, se for do

interesse pessoal, o político pode fazer previdência privada). Os que ocuparam cargos eletivos não podem

mais ser incluídos em regimes de servidores públicos municipais, estaduais e federais – a não ser que

também tenham sido servidores. Mas, como veremos, ainda existem muitas exceções a essa regra.

DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES

Ex-congressistas brasileiros ainda podem se aposentar em condições diferenciadas por causa do exercício

de mandato parlamentar. As regras atuais estão contidas em uma lei de 1997, que extinguiu o Instituto de

Previdência dos Congressistas (IPC) e instituiu o Plano de Seguridade Social dos Congressistas

(PSSC). O IPC exigia não mais do que oito anos de mandato de deputado ou senador e 50 anos de

idade mínima. O parlamentar que alcançasse essas condições recebia 26% do subsídio – só atingiria o

subsídio integral se chegasse a 30 anos como deputado ou senador. Mesmo extinto em 1999, muitos

parlamentares ainda se aposentam de acordo com as regras do IPC – por terem sido deputados ou

senadores antes de 1999.

Hoje em dia, porém, ex-deputados e ex-senadores podem se aposentar apenas com 60 anos de idade e 35

anos de contribuição. O tempo de contribuição refere-se não apenas ao período como parlamentar, mas

também à contribuição em outros cargos no setores privado e público.

Ao atingir essas condições, nossos parlamentares recebem um benefício proporcional ao subsídio

parlamentar. Quanto mais anos tiverem exercido o mandato, maior será a aposentadoria. O valor exato é

determinado pela divisão dos anos exercidos de mandato por 35 – o mínimo de anos necessários para se

aposentar. Assim, se um deputado tiver exercido 12 anos de mandato, receberá aposentadoria igual a

12/35 avos do salário de deputado. Como, hoje, o subsídio parlamentar é de R$ 33,7 mil, isso significa

algo em torno de R$ 11,5 mil.

(Anos de mandato parlamentar)/35 = proporção do subsídio a que o ex-congressista tem direito ao

se aposentar

Os parlamentares não podem acumular aposentadorias e, se retornarem a qualquer cargo eletivo depois de

aposentados, terão o benefício suspenso imediatamente. Mesmo nesses termos, mais duros que os do

regime antigo, a aposentadoria média de deputados e senadores ainda é muito superior à da

Previdência Social. Segundo levantamento do Estado de São Paulo, os segurados do PSSC recebem em

média R$ 14,1 mil, enquanto o benefício médio do regime geral é de R$ 1.862,00.

DEPUTADOS ESTADUAIS

Até 1997, ex-parlamentares estaduais também tinham aposentadoria especial garantida após exercer oito

anos de mandato. Com a lei que extinguiu o Instituto de Previdência dos Congressistas, eles passaram a

ser contribuintes do regime geral, sem qualquer condição especial.

Acontece que, desde então, regimes previdenciários especiais passaram a ser criados em diversas

assembleias legislativas, como por exemplo em Minas Gerais. As regras em Minas são semelhantes às de

congressistas da esfera federal: cada ano de mandato exercido garante 1/35 avos do salário de deputado

estadual; a idade mínima para aposentadoria é de 53 anos.

Outros estados procuraram criar regimes semelhantes, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato

Grosso, mas foram contestados na Justiça.

PREFEITOS E VEREADORES

Tanto prefeitos, quanto vereadores contribuem obrigatoriamente para o regime geral da Previdência

Social, submetidos às mesmas condições dos demais contribuintes. Entretanto, ainda existem casos de

pensões vitalícias concedidas a prefeitos, análogas às que foram concedidas a presidentes e governadores

pela constituição de 1967.

GOVERNADORES

Grupo de governadores brasileiros. Foto: Dênio Simões/ Agência Brasília

Segundo levantamento do jornal O Globo feito em 2014, 104 ex-governadores e outras 53 viúvas de ex-

governadores recebem pensão vitalícia no Brasil – esses números podem ter aumentado ou diminuído

desde então. As pensões variam de R$ 10 mil a R$ 26 mil.

O benefício para cidadãos que ocuparam o cargo de chefe do Executivo estadual é objeto de muita

polêmica. 21 estados diferentes preveem em suas respectivas constituições uma aposentadoria vitalícia a

ex-governadores. Esses benefícios continuam a ser concedidos mesmo após decisao do STF de 2015 que

considerou inconstitucional a pensão de ex-governadores do Pará.

Ao contrário de ex-parlamentares, ex-governadores são beneficiados sem qualquer contrapartida. Em

geral, basta ter ocupado o cargo de ex-governador para garantir a aposentadoria pelo resto da vida. No

caso específico do Pará, um dos beneficiados ocupou o cargo de governador por apenas uma semana.

Caso semelhante ocorreu no Mato Grosso, em que um presidente da Assembleia Legislativa recebe pensão

vitalícia de ex-governador por passar 33 dias no cargo.

PRESIDENTES

Enquanto várias constituições estaduais garantem pensão vitalícia a ex-governador, não existe na

Constituição Federal qualquer previsão semelhante para ex-presidentes da República. Segundo estudo da

Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, chegou a existir na ditadura militar uma lei que

concedia subsídios vitalícios aos que exerceram a presidência em caráter permanente, no mesmo valor do

subsídio dos ministros do STF.

Mas a Constituição de 1988 não se pronunciou a respeito do assunto. Diante desse silêncio constitucional,

o entendimento do STF é que não há mais aposentadoria para ex-presidentes – e de fato nenhum deles

recebe benefício desse tipo. Paradoxalmente, ainda existe pensão vitalícia para viúvas de ex-presidentes –

garantida por uma lei de 1952, reajustada em 1992 e ainda em vigor.

Mesmo sem receber aposentadoria especial pelo exercício do cargo máximo do Poder Executivo federal,

ainda assim todos os ex-presidentes da República têm alguns direitos especiais. Esses direitos existem a

pretexto de garantir a segurança dos ex-chefes de Estado e estão elencados na Lei 7.474/1986. As regalias

são:

Seis servidores dedicados à segurança e apoio pessoal;

Dois veículos oficiais, com dois motoristas;

Servidores são escolhidos livremente pelo ex-presidente.

APOSENTADORIA DE POLÍTICOS: O QUE PODE MUDAR COM A REFORMA DA

PREVIDÊNCIA?

A princípio, a reforma apresentada pelo governo Temer determina que políticos federais sejam incluídos

definitivamente no regime geral de previdência. Entretanto, eles terão regras de transição diferenciadas,

a serem definidas em outra lei. Já parlamentares estaduais e municipais dependem das mudanças nas

regulamentações locais.

Fontes:

Câmara: direitos de ex-presidentes – Hugo Vecchiato (JusBrasil) – Câmara: aposentadoria de ex-

ocupantes de cargos eletivos – Nilson Matias (JusBrasil)

Este conteúdo foi produzido por Bruno Blume e publicado originalmente no Politize!, maior portal de

educação política do Brasil.

PR - Diep mira quadrilha que fraudou R$ 55

milhões da Receita

15 de dezembro de 2016

Dois integrantes de uma organização criminosa suspeita de causar um prejuízo de R$ 55 milhões aos cofres

públicos do Paraná e da União foram presos nesta terça-feira (13) na “Operação Cereais”, deflagrada pelo

Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep), com apoio das polícias Civil e Militar. Cinco

pessoas estão foragidas.

A quadrilha usava documentos de “laranjas” para abrir empresas e movimentar recursos, sem pagar tributos

ao Estado e à União. A investigação, conduzida pelo delegado Renan Barbosa Lopes Ferreira, começou em

julho deste ano após uma vítima procurar a polícia. O homem alegou que a quadrilha teria usado seus

documentos para abrir a Pampas – comércio de cereais. Em pouco tempo, a empresa começou a acumular

dívidas tributárias.

De acordo com o levantamento feito junto às Receitas Estadual e Federal, a dívida da Pampas era de mais

de R$ 8 milhões – Destes R$ 3,6 milhões com o Estado e de R$ 4,9 milhões com o Governo Federal. Dois

contadores que faziam parte da quadrilha foram presos em casa, na cidade de Ponta Grossa. Eles eram

responsáveis pela documentação que criava as falsas empresas, algumas delas registradas no endereço do

próprio escritório de contabilidade.

Durante a investigação, os policiais do Diep descobriram que a Pampas era apenas uma das empresas abertas

de forma ilegal pela organização criminosa. “Descobrimos que a quadrilha era especializada neste tipo de

golpe e já teria provocado, além de danos a particulares, um prejuízo de R$ 44,2 milhões à Receita Estadual

e de R$ 11 milhões à Receita Federal, totalizando um rombo de pouco mais de R$ 55 milhões aos cofres

públicos”, explicou o delegado do Diep.

Ferreira suspeita que existem mais vítimas da quadrilha. “Apreendemos na casa de um dos investigados

dezenas de talões de cheques em nome de empresas, além de farta documentação. Nossa investigação tentará

identificar novas empresas abertas de forma ilegal pela quadrilha”, completou o delegado.

Em uma casa na cidade de Siqueira Campos, os policiais apreenderam 15 veículos, alguns deles de luxo, e

outros de uma coleção de carros antigos, além de cerca de R$ 100 mil em dinheiro, mais de U$S 400, muitas

joias e diversos documentos. A casa pertence a um suspeito que era alvo do mandado de condução

coercitiva, mas ele não foi encontrado.

Ele, que é dono da empresa Monte sinai-gestao de negocios e participações, é sogro de um dos líderes da

quadrilha. Durante a investigação, descobriu-se que os bens adquiridos pela organização criminosa estavam

em nome da Monte Sinai.

Os alvos da operação são suspeitos dos crimes de estelionato, associação criminosa, falsificação de

documento público, falsificação de documento particular, fraude processual, crime contra a ordem tributária

e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem chegar a 30 anos de prisão.

A Operação Cereais foi assim batizada porque as notas emitidas pelas empresas investigadas eram referentes

ao transporte dos grãos. A ação policial aconteceu em Ponta Grossa, Londrina, Quatiguá, Santo Antônio do

Sudoeste, Siqueira Campos e Francisco Beltrão. Participaram cerca de 30 policiais civis e militares, do Diep,

especificamente do Núcleo de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, policiais do Centro de

Operações Policiais Especiais (Cope), de delegacias do interior com o apoio do Grupamento de Operações

Aéreas (Goa) e da Polícia Militar.

Fonte: Tribuna Paraná

Novo Código Comercial atrai críticas do setor

empresarial

Fiesp vê insegurança e defende que este não é o momento para

alterar regras

por Bárbara Nascimento

10/12/2016 4:30 / Atualizado 10/12/2016 10:14

Últimas de Economia

BRASÍLIA e SÃO PAULO - O projeto de lei que cria um novo Código Comercial — destinado a regular

relações comerciais entre empresas — vem sendo fortemente questionado por setores do mercado. Os

opositores acreditam que a amplitude do conjunto de normas vai abrir um grande leque de interpretações e

criar, na prática, instabilidade. São quase 800 artigos. Os críticos dizem ainda que muitos deles se

sobrepõem a outras normas. Dessa forma, há um temor de que os contratos entre empresas fiquem mais

caros, deviso ao risco maior.

O texto, que tramita há cinco anos, deveria ter sido votado na quarta-feira em comissão especial, mas foi

adiado para o dia seguinte. Na quinta-feira, foi postergado novamente por falta de quórum. Nem o relator,

o deputado Paes Landim (PTB-PI), apareceu. Favorável à proposta, o presidente da comissão, deputado

Laércio Oliveira (SD-SE), afirmou que o governo se movimentou para que o tema, por ser polêmico, não

fosse pautado nas últimas semanas do ano.

Parte do setor privado não quer que o projeto seja aprovado nos termos atuais. O novo texto ainda não foi

divulgado pelo relator, que garante ter se reunido com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

(Fiesp) para discutir o projeto e reconstruir trechos que, segundo os empresários, abriam margem para

duplas interpretações.

— O projeto muda as relações comerciais no país, é importante para a atração de investimentos. Tenho

consciência de que é uma pauta positiva para o Brasil. Nós sentamos com muitos empresários e

resolvemos tudo o que dava para ser resolvido. É claro que fica alguma coisa de fora, mas nós discutimos

muito — afirma Oliveira.

Luciana Freire, diretora executiva Jurídica da Fiesp, diz que o texto original do projeto “era ruim”. Por

isso, uma série de sugestões e contribuições técnicas foi apresentada ao longo dos cinco anos em que ele

tramita no Congresso.

— Sugerimos algumas mudanças para dar maior segurança jurídica nas relações comerciais entre grandes

e pequenas empresas. E outras para dar maior agilidade às relações comerciais, porque alguns artigos

traziam mais burocracia entre as empresas — conta Luciana.

Membro da comissão especial, o deputado Hugo Leal (PSB-RJ) pontua que, na teoria, a ideia de um

código que consolida e normatiza as relações comerciais é positiva, mas, na prática, é difícil alterar

normas já consolidadas:

— Conceitualmente, sou a favor do código. Mas isso é uma caixa de marimbondos, à medida que mexe

com o que já está funcionando, mesmo que a legislação em vigor seja mais geral. A proposta mexe com

várias áreas, com legislação comercial, Lei de Falências. Então, do ponto de vista prático, o projeto não

consegue mesmo encontrar consenso.

A diretora da Fiesp explica que ainda não conhece a versão final que Landim apresentará à comissão. Mas

afirma que este não é o melhor momento para se tratar de um projeto dessas importância.

— A Fiesp considera que o momento não é oportuno para a publicação do novo código, uma vez que o

cenário de crise exige outras ações mais prioritárias do Congresso — pondera. — Assim, ganha-se mais

tempo para o texto ser aperfeiçoado.

ESPECIALISTA APONTA CUSTO MAIOR ÀS EMPRESAS

Luciana Yeung, coordenadora de Graduação do Insper, observa que a demora na tramitação do código

evidencia a falta de consenso sobre os seus dispositivos:

— Há muita controvérsia, tanto no meio empresarial como no meio jurídico.

Além disso, ela lembra que a adoção de um novo código neste momento de profunda crise econômica no

país significaria custos altíssimos às empresas, decorrentes de ajustes e mesmo de incertezas sobre sua

implementação. Pelos seus cálculos sobre o valor econômico dos impactos que seriam gerados pelo novo

Código Comercial, a despesa adicional às empresas poderia chegar a R$ 182,6 bilhões.

Já o advogado Fernando Passos, do Conselho Superior de Direito da Federação do Comércio de São Paulo

(Fecomercio-SP), pensa diferente. Ele lembra que o Código Comercial brasileiro é de 1850, sendo que a

maior parte dos artigos já foi revogada e substituída por legislação específica, como as lei das S.A. e de

Falências, entre muitas outras. Por isso, ele considera a aprovação de um novo código fundamental para

melhorar o ambiente de negócios no país. E cita os enormes avanços conseguidos pela Colômbia depois

da promulgação de seu novo código:

— O novo código tem princípios que vão garantir e dar proteção efetiva às nossas empresas.

O líder do governo na Câmara, André Moura, afirmou que não há, até o fim do ano, condições de a

comissão especial analisar todas as centenas de artigos do novo relatório. Ele disse que o Palácio do

Planalto é favorável a um código comercial, desde que os termos permitam que haja segurança jurídica. E

afirmou que, como ainda não analisou o novo relatório, não pode opinar:

— O governo quer votar esse projeto, que é muito importante. Toda a ideia é dar mais segurança jurídica,

mas não podemos ter um relatório com mais de 700 artigos apresentados em um dia e, no outro, a votação.

Não tem condições de debate.

O relator da proposta foi procurado pelo GLOBO, mas não foi encontrado.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/novo-codigo-comercial-atrai-criticas-

do-setor-empresarial-20622021#ixzz4TCAbQfA4

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TJES fixa em 10 mil indenização após

constrangimento por suspeita de furto em

supermercado

Publicado por JurisWay

Após ser submetido, junto com sua namorada, a constrangimentos dentro de um supermercado de Vitória,

um morador da Capital será indenizado em R$ 10 mil por danos morais. O valor da reparação foi fixado

pela 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), à unanimidade de votos. O acórdão

foi publicado no Diário da Justiça desta quarta-feira (07).

De acordo com as informações do processo, o incidente ao qual o requerente foi submetido aconteceu em

2010, quando a namorada dele, ao chegar ao caixa do estabelecimento, acabou escorregando e caindo.

Com o impacto da queda, a mulher soltou sua bolsa, de onde, segundo os autos, teria saído um pedaço de

pão enrolado em um guardanapo de papel, além de um pacote de biscoito.

Em seguida, um funcionário do supermercado abordou o casal, insinuando que os dois estavam comendo

os alimentos do estabelecimento e os guardando na bolsa. A abordagem, ainda segundo a ação, foi feita de

maneira desproporcional por parte do segurança do local, que chegou a colocar a mão em sua arma para

intimidar o requerente e sua namorada.

Além de ter que passar pela situação vexatória de ser revistado na presença de outros clientes do

estabelecimento, o casal foi levado para outra área do supermercado, onde foi feito um novo interrogatório

acerca das mercadorias que caíram da bolsa da namorada do requerente. A situação foi levada ao gerente

do requerido, momento em que foi constatado que o biscoito que a mulher carregava sequer era vendido

na loja. Também foi apresentada uma nota fiscal, comprovando que o produto tinha sido comprado em

outro lugar.

Durante a fase de instrução dos autos no juízo de primeiro grau, quando as partes do processo são ouvidas,

a empresa disse que, caso tivesse havido realmente a abordagem, ela teria sido feito de maneira pacífica e

discreta, respeitando as políticas do estabelecimento. A defesa do supermercado ainda alegou que o dano

não teria sido comprovado pelo requerente.

Para a desembargadora substituta relatora do processo, Maria do Céu Pitanga de Andrade, na abordagem

sofrida pelo autor e sua namorada, por parte do funcionário da requerida, houve exposição e

constrangimento, pois a dúvida levantada acerca do furto pairou sobre todos os que circundavam os

potenciais suspeitos - no caso, o autor e sua namorada, disse a magistrada.

Processo nº 0040010-35.2011.8.08.0024

Saiba o que muda com a aprovação final da PEC

do Teto dos Gastos Públicos

Publicado por Agência Brasil

O Senado Federal aprovou nesta terça-feira (13), por 53 votos a favor e 16 contra, o texto final da

Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que impõe um teto aos gastos públicos pelos próximos 20

anos. A matéria aprovada na Câmara dos Deputados como PEC 241 precisava de pelo menos três quintos

dos integrantes do Senaod (49 de 81) para ser aprovada em segundo turno e seguir para sanção

presidencial.

Após a aprovação do texto-base sem alterações, foram apreciados dois destaques. Um que tratava da

limitação de despesas obrigatórias, como o salário mínimo, e outro que propunha um limite mínimo de

gastos com saúde e educação. Ambos foram rejeitados. A emenda constitucional segue agora para sanção

presidencial.

Entenda o que muda com a decisão do Congresso:

O que propõe a PEC 55?

A PEC do Teto de Gastos Públicos, proposta pelo governo federal, tem o objetivo de limitar o crescimento

das despesas do governo. Considerado pelo governo Michel Temer como o primeiro passo para superar a

crise econômica e financeira do país, a medida fixa para os três Poderes, incluindo Ministério Público e

Defensoria Pública da União, um limite anual de despesas.

Por que o governo quer limitar os gastos?

A equipe econômica encaminhou a medida para tentar reequilibrar as contas públicas nos próximos anos e

impedir que a dívida do setor público, que atingiu 70% do Produto Interno Bruto (PIB) em agosto,

aumente ainda mais.

Para quem vale a limitação do teto de gastos públicos?

A regra vale tanto para gastos do Executivo quanto para despesas do Senado, Câmara, Tribunal de Contas

da União, Ministério Público da União (MPU), Conselho do MPU, Defensoria Pública, Supremo Tribunal

Federal, Superior Tribunal de Justiça, Conselho Nacional de Justiça e justiças do Trabalho, Federal,

Militar, Eleitoral e do Distrito Federal e Territórios.

Como é calculado esse limite de gastos?

Segundo a medida, o governo, assim como as outras esferas, poderá gastar o mesmo valor que foi gasto no

ano anterior, corrigido apenas pela inflação. A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao

Consumidor Amplo (IPCA), é a desvalorização do dinheiro, ou seja, quanto ele perde de poder de compra

num determinado período. Apenas para 2017 o limite orçamentário das despesas primárias – aquelas que

excluem o pagamento de juros da dívida – será o total gasto em 2016 corrigido por 7,2%. De 2018 em

diante, o limite será o do ano anterior corrigido pela variação do IPCA de 12 meses do período encerrado

em junho do ano anterior. No caso de 2018, por exemplo, a inflação usada será a colhida entre julho de

2016 e junho de 2017.

Qual será a duração da medida?

O texto limita por 20 anos os gastos federais ao Orçamento do ano anterior corrigido pelo IPCA.

Ela poderá sofrer alterações?

O presidente da República pode propor um projeto de lei complementar para alterar, a partir do décimo

ano de vigência do novo regime fiscal, o método de correção dos limites de cada grupo de órgão ou poder.

O texto permite apenas uma alteração do método de correção por mandato presidencial.

Quais serão as consequências caso o limite não seja cumprido?

Caso o limite de crescimento de gastos seja descumprido, Poderes ou órgãos a eles vinculados ficarão

impedidos no exercício seguinte de: reajustar salários, contratar pessoal, fazer concursos públicos (exceto

para reposição de vacância) e criar novas despesas até que os gastos retornem ao limite previsto pela PEC.

No caso do Poder Executivo, a extrapolação de seu limite global provocará a proibição adicional de criar

ou expandir programas e linhas de financiamento ou o perdão, renegociação ou refinanciamento de

dívidas que causem ampliação de despesas com subsídios e subvenções.

Além disso, o governo também não poderá conceder ou ampliar incentivo ou benefício de natureza

tributária.

A medida se aplica para todos os tipos de gastos do governo? O que fica de fora?

Ficarão fora dos limites, entre outros casos, as transferências constitucionais a estados e municípios, os

créditos extraordinários para calamidade pública, as despesas para realização de eleições e os gastos com

aumento de capital das chamadas empresas estatais não dependentes.

Outra possibilidade de exclusão do teto é o uso de recursos excedentes ao resultado primário de cada ano

no pagamento de restos a pagar registrados até 31 de dezembro de 2015.

Assim, mesmo com a previsão de um deficit, como o projetado para 2017, de cerca de R$ 139 bilhões, se

ele for menor, a diferença poderá ser usada para quitar esses restos a pagar sem entrar no limite do regime

fiscal.

Como ficam os gastos com saúde e educação?

Diferentemente de outras áreas, saúde e educação tiveram o limite traçado pelo mínimo a ser gasto e não o

máximo das despesas. Em 2017, haverá exceção para as áreas de saúde e educação, que somente passarão

a obedecer ao limite a partir de 2018, segundo o governo. Pelo texto, o piso para os dois setores passa a

obedecer ao limite de despesas ligado à inflação a partir de 2018. Atualmente, a Constituição especifica

um percentual mínimo da arrecadação da União que deve ser destinado para esses setores.

Em 2017, o parecer prevê, no caso da saúde, percentual de 15% da receita líquida, que, segundo a Emenda

Constitucional 86, só valeria em 2020. No caso da educação, o piso constitucional foi mantido em 18% da

arrecadação de impostos. De 2018 em diante, o valor executado no ano anterior será corrigido pelo IPCA

até 2036.

Qual é o impacto da medida sobre o salário mínimo?

No relatório apresentado à comissão especial que analisou a PEC na Câmara, o deputado Darcísio Perondi

(PMDB-RS) afirmou em seu parecer que a proposta prevê que o salário mínimo, referência para mais de

48 milhões de pessoas, deixará de ter aumento real, aquele acima da inflação se o governo ultrapassar o

limite de despesas, ou seja, gastar mais do que o fixado na lei.

Como ficam os concursos públicos?

O diretor da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara, Ricardo Volpe, disse que,

pela PEC, Judiciário e Legislativo têm “gordura para queimar” e estão em situação confortável, inclusive

para promoverem novas contratações por concurso público. A exceção seriam os “mais gastadores”, como

a Justiça do Trabalho. Já o Executivo ficaria dependendo de outras medidas de ajuste fiscal para se manter

com a atual estrutura.

Edição: Amanda Cieglinski

Reincidência nos ataques

Homem é condenado à prisão depois de difamar

políticos em vídeos no YouTube

11 de dezembro de 2016, 7h05

Por Brenno Grillo

Criticar e ofender políticos em vídeos no YouTube levou um homem do interior de Minas Gerais para

atrás das grades. Ele foi condenado a 10 meses de prisão pela Juíza Eleitoral Ana Régia Santos Chagas,

da 211ª Zona Eleitoral de Patrocínio (MG), por não cumprir decisões judiciais que o obrigavam a apagar

vídeos com críticas a políticos da cidade de mineira.

Nos vídeos, o autor chamava políticos de vigaristas, cachorros, safados, filhos de Chiquita Bacana.

Também os classificava como “grupelho político" e quadrilha, além de acusá-los de oferecer empregos a

correligionários na prefeitura da cidade.

"Na secretaria do referido secretário a ordem é expressa e clara, ou vota no filho do homem ou terão que

experimentar o gosto amargo do jiló”, acusa o réu, em uma das publicações já retiradas do YouTube.

Em sua defesa, o homem alegou que havia cumprido as decisões judiciais — ele foi condenado em duas

ocasiões a retirar os vídeos ofensivos de seu canal na internet. Mas, de acordo com a juíza, “ao contrário

do que assevera o denunciado em sua defesa de fls. 567/576, não foram cumpridas as decisões judiciais

proferidas nas cautelares já referidas”.

O réu alegou ainda que os fatos citados nos vídeos eram reais e conhecidos por todos os cidadãos. Dois

dos políticos citados em seus vídeos são acusados por ele de responderem por peculato na Justiça.

Novamente, os argumentos não foram aceitos pela juíza. “Não são fatos públicos e notórios que os

ofendidos nas representações supramencionadas sejam cães, meliantes, safados e nem tampouco que

hajam sido, formalmente, denunciados pelo Ministério Público Eleitoral pela prática dos crimes de

peculato”, detalha a decisão.

Sobre o crime de desobediência, que foi o motivador da pena de prisão, a julgadora destacou não haver

dúvidas sobre o dolo do réu na conduta. Disse também que o Código Eleitoral garante aos magistrados

prerrogativa para tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições.

“Daí porque os crimes contra a honra e também o crime de desobediência previstos no Código Penal, após

pequenas alterações em sua descrição típica, ganham nova roupagem e se submetem a um novo regime

jurídico quando adentram a seara eleitoral”, complementou a juíza, detalhando que é atribuído aos juízes

eleitorais a competência para exercer cumulativamente as jurisdições administrativa, civil e criminal

eleitoral.

Brenno Grillo é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 11 de dezembro de 2016, 7h05

Senado aprova nova lei de Licitações com

restrições ao TCU

Publicado por Dr.ª VANDA LOPES

O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (13) projeto de lei criando uma nova regulamentação para

licitações e contratos da administração pública. O texto agora segue para aprovação da Câmara.

A proposta aprovada eleva a pena para fraudes em licitações para até oito anos de prisão, o dobro do

máximo previsto hoje. Mas restringe a fiscalização do TCU (Tribunal de Contas da União), fazendo com

que o órgão tenha que comprovar tecnicamente a vantagem de parar uma obra. Além disso, só poderá

paralisar uma concorrência por, no máximo, 30 dias.

O prazo para parar uma concorrência foi uma das emendas aprovadas no plenário do Senado nesta terça.

Outra emenda aprovada vai permitir que o governo mude a fila de pagamento dos contratos em casos de

emergência, o que hoje é proibido.

Outra mudança de última hora foi a permissão para que projetos de arquitetura sejam contratados por

concurso ou até mesmo sejam dispensados de concorrência. Também foi ampliado o tempo mínimo para a

concorrência pela modalidade de Contratação Integrada, quando a obra e o projeto são contratados juntos,

de 45 dias para 90 dias.

MUDANÇAS

Se aprovada, a nova lei introduzirá novidades, como o "diálogo competitivo", em que os servidores

poderão negociar diretamente com a empresa os termos de um contrato, e a contratação de um seguro

obrigatório de até 30% do valor da obra, para garantir sua finalização caso a empresa não termine a

construção.

A avaliação do advogado Fernando Vernalha, que analisa a lei para a APEOP (Associação Paulista de

Obras Públicas), é que a nova lei pode tornar as obras públicas mais caras, pois gera mais custos para

quem disputa, sem retirar toda a insegurança de quem é contratado, por não reduzir o poder dos órgãos

públicos de modificar ou não cumprir os contratos;

O advogado Jacoby Fernandes, especialista no tema, avalia que nova legislação é muito aberta para que os

servidores responsáveis pela concorrência escolham a forma de contratação, o que teria como ponto

positivo ajudar na introdução de ganhos de tecnologia, mas poderia abrir brechas em administrações

pouco estruturadas para escolhas direcionadas.

A maior polêmica continua sendo a permissão para que os órgãos públicos contratem o projeto inicial

(chamado agora de completo) e a obra com a mesma empresa, a contratação integrada. Empresas de

engenharia de projeto e arquitetura consideram a modalidade inadequada, mas ela tem o apoio de parte

dos órgãos ligados à construção civil.

O relator da matéria, Fernando Bezerra (PSB-PE), decidiu restringir esse tipo de contrato a obras

superiores a R$ 100 milhões. Associações que representam construtoras de grande e médio porte também

pediram a redução do percentual de seguro obrigatório, por considerarem que ele vai encarecer os projetos

e não há seguradoras no Brasil preparadas para segurar valores elevados.

Nova Lei de Licitações, o que pode mudar?

Depois de 23 anos, o Congresso começou a mais profunda mudança na Lei de Licitações, propondo

punições mais duras para a corrupção e mais flexibilidade para as contratações. O texto foi aprovado no

Senado e agora segue para a Câmara.

Principais Mudanças

Projeto Completo-O projeto para obra deve ter elementos suficientes para a definição de preços, entre

outros. Não se poderá mais começar a obra sem o projeto executivo (superior ao completo) Como era: o

conceito era de projeto básico, com baixa especificação, o que permitia concorrência e início de obras sem

informações suficientes, gerando problemas como aumento de preço ou obras mal executadas

Matriz de Risco-Um documento terá que ser anexado ao contrato para definir de forma clara se o

contratado ou o poder público serão os responsáveis por determinados riscos, como desapropriação, por

exemploComo era: não havia obrigação desse documento e, em geral, os contratos não eram claros sobre

isso

Contratação Integrada-Uma mesma empresa poderá realizar o projeto e a obra, mas apenas para obras

maiores que R$ 100 milhõesComo era: Introduzido no RDC em 2011, a contratação integrada estava

permitida para praticamente todas as obras e agora ficará restrito às grandes

Diálogo Competitivo-Os servidores públicos vão poder pedir, antes da apresentação das propostas,

ajustes dos interessados para chegar a uma melhor proposta de preço ou de solução técnica para um

projetoComo era: não existia essa possibilidade

Contrato de eficiência-Os contratos poderão conter item em que a administração paga um prêmio pela

eficiência do contratado; se ele terminar uma obra antes do prazo, por exemplo, pode receber um

bônusComo era: não havia previsão legal para isso

PMI-O governo poderá permitir que empresas façam projetos para obras ou concorrências e que os

vencedores da disputa paguem pelo projeto após a disputa. A própria empresa poderá participar da

disputaComo era: essa possibilidade já é permitida, mas em geral a empresa que fez o projeto não pode

participar da disputa

Orçamento-Os órgãos públicos vão poder fazer seus orçamentos pelo preço global da obra, sem

necessariamente ter que especificar valores item a itemComo era: Em geral, as obras tinham que ser

cotadas item a item, dificultando a realização do projeto, mas facilitando depois a fiscalização

Critérios de Seleção-O poder público não vai poder fazer exigências exageradas de atestados, experiência

ou comprovações de saúde financeira das empresas para entrar na disputaComo era: não havia na lei

determinações específicas e cada gestor agia de forma diferente

Exequibilidade-Os órgãos públicos não poderão aceitar proposta menores que 80% do seu orçamento e as

propostas que tiverem valor entre mais de 80% e 85% terão que fazer um seguro adicional para garantir

sua execuçãoComo era: não havia determinação específica na lei sobre valores, mas alguns órgãos não

permitiam valores de proposta muito baixos

Seguro Garantia-As obras de grande vulto vão ter que contratar um seguro equivalente a 30% do valor

do contrato (as de menor, 5% a 20%). Se o contratado não concluir a obra, a seguradora terá que pagar o

seguro ou concluir a obraComo era: os seguros eram limitados a 5% e a seguradora não assinava o

contrato junto com o contratado, o que será obrigatório agora

Paralisação de Obras-Para paralisar obra, mesmo com indícios de irregularidades graves, gestores e

órgãos de controle terão que apresentar uma dezena de comprovações de eficiência da medida, o que

praticamente inviabilizam a paralisaçãoComo era: obras poderiam ser paralisadas por determinação dos

órgãos de controle apenas com indícios de irregularidades, obedecendo a critérios como percentual

executado, gravidade do problema entre outros

Hipóteses de dispensa-Obras e serviços de engenharia de R$ 60 mil e compras de até R$ 15 mil não

precisam mais fazer disputa, além de algumas outra hipóteses como emergência, guerra e algumas

compras das Forças ArmadasComo era: Os limites anteriores eram R$ 15 mil e R$ 8 mil e também se

previa dispensa em quase todos os mesmos casos

Contrato de Serviço-Os contratos de serviço poderão ser feitos por 2 anos e renovados por cinco vezes,

resultando em 10 anosComo era: contratos de 1 ano, renovados 5 vezes (5 anos)

Terceirização-Não será permitida a contratação de parentes de servidores públicos como trabalhadores

terceirizados em seus próprios órgãosComo era: não havia qualquer vedação na lei

Shows-Os shows de artistas consagrados poderão ser contratados sem concorrência, mas os valores pagos

pelo cachê devem ser especificados, assim como o custo por transporte, da banda, entre outrosComo era:

os artistas eram contratados sem concorrência, mas não havia exigência especificação para os outros itens

Registro de Preços-Os órgãos públicos poderão fazer licitações maiores que suas necessidades e uma parte

poderá ser paga por outros órgãos públicosComo era: Não havia lei específica para os limites dessa

contratação e esses limites eram dados por decisões de órgão de controle como TCU ou CGU

Pré-Qualificação-Os órgãos públicos poderão fazer pré-qualificação de fornecedores, que deverá se

manter aberta permanentemente, para permitir que só os qualificados disputemComo era: não havia essa

hipótese na lei

Planejamento de Compras-Os órgãos públicos devem fazer um planejamento de longo prazo de suas

compras e ele deve ser divulgado publicamenteComo era: não havia previsão na lei

Crime-O crime de fraude a licitação ou nos contratos terá pena de reclusão de 4 a 8 anosComo era: O

crime de fraude nas concorrências ou contratos com as obras públicas eram punidos com detenção de 2 a 4

anos, podendo ser enquadrado nas hipóteses de menor potencial ofensivo

Inabilitação-As empresas que fraudarem a concorrência poderão sofrer 3 punições: multa, impedimento

de licitar por até 3 anos e declaração de inidoneidade de 3 anos até 6 anos. A empresa poderá ter a punição

retirada se reparar o danoComo era: não havia a punição intermediária (impedimento de licitar) e a pena

para inidoneidade era de 1 a 5 anos e não havia hipótese de retirada da pena

Arbitragem-As divergências entre o contratado e a administração pública poderão ser resolvidas por

arbitragem (uma espécie de Justiça privada) Como era: somente a Justiça Pública poderia resolver as

divergências

Atraso em pagamento-As empresas podem abandonar os contratos após 45 dias de atraso nos

pagamentosComo era: o prazo era de 90 dias.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/12/1841209-senado-aprova-nova-lei-de-licitações-

com-restri...

ANAC aprova novos direitos e deveres dos

passageiros

Regras passarão a valer para passagens compradas a partir de

14/03/2017.

Publicado por Rafael Siqueira

Brasília, 13 de dezembro de 2016

A Diretoria Colegiada da Agencia Nacional de Aviacao Civil (ANAC) aprovou hoje, 13/12, a Resolução

nº 400/2016, que define os novos direitos e deveres dos passageiros no transporte aéreo. O normativo que

trata das Condições Gerais de Transporte Aéreo (CGTA) foi revisado e amplamente discutido com a

sociedade, por meio de audiências e consultas públicas e recebeu cerca de 1,2 mil contribuições. Acesse

aqui a página temática sobre o assunto.

A nova norma passará a valer para passagens compradas a partir de 14 de março de 2017. Para passagens

aéreas adquiridas antes desta data, mesmo que o voo venha a acontecer depois da vigência do normativo,

valerão as regras estabelecidas no Contrato de Transporte aceito pelo passageiro na data da compra do

bilhete.

As novas regras aproximam o Brasil do que é praticado na maior parte do mundo e contribuem para

ampliação do acesso ao transporte aéreo e diversificação de serviços oferecidos ao consumidor, gerando

incentivos para maior concorrência e menores preços. Além disso, a aprovação da nova resolução vai

atualizar as principais regras que regem o setor desde os anos 2000, antes mesmo da entrada da liberdade

tarifária no País. Essa medida, juntamente com outras políticas de Governo, como retirar a restrição à

participação do capital estrangeiro nas empresas aéreas e estimular a aviação regional, buscam fomentar

ainda mais a concorrência no setor aéreo, preparando o ambiente para entrada de empresas de baixo custo

(low cost) no país.

A nova resolução consolida os regulamentos afetos ao tema (redução em cerca de 180 artigos do estoque

de normas), reúne informações sobre os documentos exigidos para embarque e traz inovações ao

consumidor: direito de desistência da compra da passagem sem ônus em até 24h após a compra, redução

do prazo de reembolso, aumento da franquia de bagagem de mão de 5kg (no máximo) para 10kg (no

mínimo), correção gratuita do nome do passageiro no bilhete, garantia da passagem de volta no caso de

cancelamento (no show) da ida (com aviso prévio, para voos domésticos), possibilidade de escolher

franquias diferenciadas de bagagem, simplificação do processo de devolução ou indenização por extravio

de bagagem, atendimento aos usuários do transporte aéreo, dentre outras.

Veja a seguir as principais mudanças.

Antes do voo

Informações sobre a oferta do voo

A companhia deverá informar de forma resumida e destacada, antes da compra da passagem:

O valor total (preço da passagem mais as taxas) a ser pago em moeda nacional

Regras de cancelamento e alteração do contrato com eventuais penalidades

Tempo de escala e conexão e eventual troca de aeroportos

Regras de franquia de bagagem despachada e o valor a ser pago em caso de excesso de bagagem

Correção de nome na passagem aérea

O erro no nome ou sobrenome deverá ser corrigido pela empresa aérea, sem custo, por solicitação

do passageiro, se solicitada pelo passageiro até o momento de seu check-in

No caso de erro no nome em voo internacional interline (prestado por mais de uma empresa aérea),

os custos da correção poderão ser repassados ao passageiro

Quebra contratual e multa por cancelamento

Proibição de multa superior ao valor da passagem

A tarifa de embarque e demais taxas aeroportuárias ou internacionais deverão ser integralmente

reembolsadas ao passageiro

Empresa deve oferecer opção de passagem com regras flexíveis, garantindo até 95% de reembolso

Direito de desistência da compra da passagem

O passageiro poderá desistir da compra da passagem até 24h depois do recebimento do

comprovante da passagem, sem ônus, desde que a compra ocorra com antecedência superior a 7

dias em relação à data do embarque

Alteração programada pela transportadora

As alterações programadas deverão ser sempre informadas aos passageiros

Quando a mudança do horário ocorrer com menos de 72 horas do horário do voo ou for superior a

30 minutos (voos domésticos) e a 1 hora (voos internacionais) em relação ao horário inicialmente

contratado e caso o passageiro não concorde, a empresa aérea deverá oferecer reacomodação em

transportadora congênere, sem ônus, ou reembolso integral.

Se a empresa aérea não avisar a tempo de evitar que o passageiro compareça ao aeroporto, deverá

prestar assistência material e reacomodar o passageiro na primeira oportunidade em voo próprio ou

de outra empresa.

Franquia de bagagem

Bagagem despachada: as franquias são liberadas. O passageiro passa a ter liberdade de escolha e

mais opções de serviço, conforme sua conveniência e necessidade. A norma não acaba com as

franquias de bagagem, mas permitirá que diferentes modelos de negócio (como o das empresas low

cost) sejam aplicados no Brasil, no interesse dos passageiros que buscam passagens a menores

preços.

Bagagem de mão: franquia aumenta de 5kg no máximo para 10kg no mínimo (observados limites

da aeronave e a segurança do transporte)

Durante o voo

Procedimento para declaração especial de valor de bagagem

O passageiro deve informar o transportador se carrega na bagagem despachada bens de valor

superior a 1.131 DES*. Neste caso, a empresa poderá cobrar valor suplementar ou seguro

Vedação do cancelamento automático do trecho de retorno

O não comparecimento do passageiro no primeiro trecho de um voo de ida e volta não ensejará o

cancelamento automático do trecho de volta, desde que o passageiro comunique à empresa aérea

até o horário originalmente contratado do voo de ida

Compensação financeira em caso de negativa de embarque/preterição

A empresa aérea deverá compensar o passageiro que compareceu no horário previsto e teve seu

embarque negado

A empresa aérea deve efetuar, imediatamente, o pagamento de compensação financeira ao

passageiro, podendo ser por meio de transferência bancária, voucher ou em espécie, no valor de

250 DES* para voo doméstico e de 500 DES*, no caso de voo internacional, além de outras

assistências previstas em norma

Assistência material em caso de atraso e cancelamento de voo (regra inalterada)

A assistência material consiste em: direito a comunicação depois de uma hora de atraso, de

alimentação, após duas horas de atraso, bem como as seguintes alternativas, após quatro horas de

atraso, à escolha do passageiro: reacomodação, reembolso integral ou execução do serviço por

outra modalidade de transporte

O direito de assistência material (comunicação, alimentação e acomodação) não poderá ser

suspenso em casos de força maior (como mau tempo que leve ao fechamento do aeroporto) ou

caso fortuito

Prazo para reembolso

Por solicitação do passageiro, o reembolso ou estorno da passagem deve ocorrer em até 7 dias da

solicitação. O reembolso também poderá ser feito em créditos para a aquisição de nova passagem

aérea, mediante concordância do passageiro.

Depois do voo

Providências em caso de extravio, dano e violação de bagagem

Em caso de extravio, o passageiro deve fazer imediatamente o protesto

O prazo para devolução de bagagem extraviada em voo doméstico foi reduzido de 30 para 7 dias e,

em voos internacionais, será de 21 dias.

Caso a empresa aérea não encontre a bagagem no prazo indicado, terá até sete dias para pagar a

indenização devida (atualmente não há prazo definido)

No caso de dano ou violação, o passageiro tem até sete dias para fazer o protesto

A empresa aérea deve reparar o dano ou substituir a bagagem em até sete dias do protesto. Da

mesma forma, deve indenizar a violação nos mesmos sete dias.

*DES = Direito Especial de Saque. 1 DES = R$ 4,57 (cotação de 12/12/2016 pelo Banco Central)

Assessoria de Comunicação da ANAC.

STJ descriminalizou o desacato? Não é bem

assim...

Publicado por Hyago de Souza Otto

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial n. 1.640.084, acolheu a tese do réu

e reconheceu suposta incompatibilidade do crime de desacato com a Convenção Americana de Direitos

Humanos.

O crime de desacato é tipificado no art. 331 do CP: "Desacatar funcionário público no exercício da

função ou em razão dela".

O voto do relator, seguido pelos demais ministros da turma, assentou que o crime de desacato colide com

o artigo 13 da Convenção:

Convenção Americana de Direitos Humanos

Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito compreende a liberdade

de buscar, receber e difundir informações e idéias de toda natureza, sem consideração de fronteiras,

verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua

escolha.

2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a censura prévia, mas a

responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para

assegurar: a. O respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou b. A proteção da segurança

nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles

oficiais ou particulares de papel de imprensa, de freqüências radioelétricas ou de equipamentos e

aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a

comunicação e a circulação de idéias e opiniões.

4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o

acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2.

5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial

ou religioso que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.

Utilizaram-se as justificativas desse dispositivo para fundamentar o voto: "Juntamente com as restrições

diretas, as leis de desacato restringem indiretamente a liberdade de expressão, porque carregam consigo

a ameaça do cárcere ou multas para aqueles que insultem ou ofendam um funcionário público. (...) a

distinção entre a pessoa privada e a pública torna-se indispensável. A proteção outorgada a funcionários

públicos pelas denominadas leis de desacato atenta abertamente contra esses princípios. Essas leis

invertem diretamente os parâmetros de uma sociedade democrática, na qual os funcionários públicos

devem estar sujeitos a um maior escrutínio por parte da sociedade".

Acertada a colocação de que tratados e convenções sobre direitos humanos têm caráter supralegal

(mas infraconstitucional); contudo, deve-se ter em mente, primeiro, que a decisão foi proferida em um

Recurso Especial, cujos efeitos são inter partes, para o caso concreto.

Logo, trata-se de apenas um precedente, uma decisão isolada de uma das turmas recursais do STJ.

A competência para o controle de convencionalidade cujo parâmetro de controle sejam normas de direitos

humanos aprovadas pelo mesmo quórum exigido para aprovação de emendas constitucionais (art. 5º, § 3º,

da CF)é do STF, pois se equipara a norma de caráter constitucional.

Contudo, se o tratado/convenção não houver preenchido esse requisito, não há previsão para o controle

concentrado, sendo cabível apenas o controle difuso, como no caso em tela.

Não obstante, há sérios problemas quanto ao mérito de reconhecer essa incompatibilidade.

É que não se pode confundir desacato com qualquer espécie de liberdade de expressão, porque

desacato é ofensa, um abuso do direito de liberdade de expressão; no âmbito jurídico, excessos

geralmente são passíveis de punição.

Tanto é que a conduta, mesmo se praticada contra particular, continua sendo crime (injúria).

O sujeito passivo do crime de desacato não é o funcionário público, é a Administração Pública (por

isso o crime se encontra no Capítulo II do Código Penal: "dos crimes praticados por particular contra a

Administração Pública").

O servidor, nesse caso, não é ofendido pessoalmente; ele está a serviço da Administração e as agressões

foram contra ele proferidas exclusivamente por isso (princípio da impessoalidade, contido no art. 37 da

Constituição).

É essencial para a caracterização do tipo penal que o desacato ocorra pelo exercício da função.

Caso o funcionário público utilize o tipo como forma de coibir a liberdade do particular, estar-se-á

configurado o abuso de autoridade, passível de punição na esfera penal e administrativa.

O princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado e o Poder de Império, inerentes ao Poder

Público, necessitam de meios de coercibilidade para o exercício das medidas legais emanadas pela

Administração, que somente se concretizam por intermédio de seus servidores.

Ainda sim, repita-se: os abusos do direito à liberdade de expressão continuam sendo ilícitos e puníveis.

Seja no âmbito civil, seja no âmbito penal, com o art. 331 ou outros crimes subsidiários.

De qualquer forma, é bom que fique claro: o crime de desacato continua vigente e plenamente

aplicável.

Governo quer obrigar empresas a ter

departamento anticorrupção

16 de dezembro de 2016

Os ministros da Advocacia-Geral da União (AGU), Grace Mendonça, e da Transparência, Toquato Jardim,

assinam nesta quinta-feira, 15, portaria interministerial que estabelece regras para a celebração de acordos

de leniência com empresas envolvidas em corrupção, entre elas as empreiteiras investigadas na Operação

Lava Jato.

A ideia é impor às companhias interessadas em manter negócios com o governo a assinatura de “contratos

de conduta controlada”, com novas exigências. Em caso de descumprimento das cláusulas previstas ou

reincidência nas ilicitudes, benefícios serão anulados e punições aplicadas integralmente.

O texto ainda não foi oficialmente apresentado. Conforme fonte que teve acesso à discussões sobre ele, um

dos objetivos é que, para que continuem participando de licitações e contratando com o poder público, as

empresas terão de estruturar setores de prevenção e combate à corrupção, os chamados departamentos de

compliance, com mecanismos para receber denúncias sobre funcionários envolvidos em ilicitudes e

investigá-las. Além disso, terão de confessar ao governo os detalhes do esquema ilegal no qual se

envolveram, fornecendo provas e caminhos para a investigação.

As empresas continuam obrigadas a ressarcir prejuízos causados ao poder público, com direito à redução

do valor das multas em até dois terços, conforme previsto na Lei Anticorrupção. Em caso de quebra de

contrato, no entanto, terão de pagar as sanções integralmente e sem parcelamento.

Em entrevista ao Estado em junho, Torquato Jardim defendeu que a compensação ao poder público pelas

perdas com a corrupção fosse paga não só com recursos da pessoa jurídica, mas com o patrimônio pessoal

de diretores e controladores acusados de agir com “excesso de poder”. Ele disse ainda que empresas

reincidentes em corrupção, que tenham assinado acordos, deveriam ser acionadas na Justiça e sofrer novas

penalidades. Uma das hipóteses seria a alienação do controle acionário em leilão e outra, a extinção da

sociedade.

A portaria interministerial vai estabelecer um passo-a-passo para os acordos. A AGU, que atualmente

participa somente ao fim do processo de negociação, passa a ter papel ativo desde o início. As regras tratam

apenas da tramitação do âmbito do Executivo. Mudanças mais amplas, que envolvam o Ministério Público

e o Tribunal de Contas da União (TCU), vão ficar para um projeto de lei a ser discutido no Congresso. As

iniciativas recentes do governo no Legislativo sofreram fortes críticas da Operação Lava Jato por uma

suposta tentativa de anistiar empreiteiras.

Desde o ano passado, ao menos 17 empresas envolvidas em corrupção já demonstraram interesse em

acordos de leniência, entre elas as maiores empreiteiras alvos da Lava Jato, como Odebrecht, Andrade

Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia e OAS. Nenhuma delas assinou acordo

com o governo, no entanto. Divergências entre os órgãos envolvidos nas negociações vêm travando o

desfecho das negociações. A expectativa é de que o governo informe nesta quinta ao menos em quais casos

as tratativas estão mais avançadas.

Os acordos de leniência são espécies de delações premiadas assinadas por pessoas jurídicas, previstos na

Lei Anticorrupção, que entrou em vigor em 2014. Permitem que empresas acusadas de corrupção continuem

participando de licitações e firmando contratos com o governo federal, Estados e municípios, desde que

cumpram alguns pré-requisitos, entre eles admitir a culpa nos crimes cometidos, colaborar com as

investigações sobre o esquema ilegal e restituir integralmente os danos ao erário.

Fonte: Estadão

Contribuinte que fez depósito judicial pode ser

excluído de parcelamento de débitos tributários

“Não viola o princípio da isonomia e o livre acesso à jurisdição a restrição de ingresso no parcelamento da

dívida relativa à Cofins, instituída pela Portaria 655/1993, dos contribuintes que questionaram o tributo

em juízo, com o depósito judicial dos débitos tributários”. Essa foi a tese aprovada pela maioria dos

ministros na sessão desta quinta-feira (15), do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do

Recurso Extraordinário (RE) 640905.

No recurso, que teve repercussão geral reconhecida pelo Supremo em outubro de 2012, a União

questionava uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na qual uma empresa de fornecimento de

insumos para fundição obteve o direito de incluir seus depósitos judiciais no programa de parcelamento

previsto pela Portaria 655/1993.

A norma em questão, editada pelo Ministério da Fazenda, instituiu um programa de parcelamento para

contribuintes com débitos referentes à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins),

criada dois anos antes pela Lei Complementar 70/1991. Em seu artigo 4º, a portaria determina que os

débitos que forem objeto de depósito judicial, em razão do questionamento do tributo na Justiça, não

seriam incluídos no parcelamento.

No caso dos autos, ao analisar a matéria, o Superior Tribunal de Justiça garantiu a uma empresa o direito

de incluir seus depósitos judiciais no programa de parcelamento. Para o STJ, ao excluir da possiblidade de

parcelamento os débitos objeto de depósito judicial, a Portaria 655/1993 desbordou dos limites da lei, ao

impor restrição ao princípio da isonomia e da universalidade do acesso à jurisdição.

Essa foi a decisão questionada pela União por meio do RE 640905. De acordo com o recurso, a exceção

feita ao parcelamento do débito fiscal, previsto no artigo 4º da portaria, não ofende os princípios da

isonomia e do livre acesso à Justiça.

Isonomia

Em seu voto pelo provimento do RE, o relator disse entender que não se pode aplicar um regime

isonômico para pessoas em situação desigual perante o fisco. De acordo com o ministro, não se pode tratar

igualmente o contribuinte que deposita os valores em discussão e o contribuinte que nada faz. A portaria

em questão não afronta o princípio da isonomia, uma vez que se distinguem duas situações completamente

diferentes, frisou o relator: a do contribuinte que voluntariamente efetuou o depósito judicial do débito,

ficando imune aos consectários legais decorrentes da mora, e a do contribuinte que se quedou inerte em

relação aos débitos que possuía com o fisco. “São pessoas que estão em situação jurídica absolutamente

diferentes”, ressaltou.

O que se pretende é que o contribuinte possa retirar o dinheiro depositado judicialmente, como objetivo de

poder ir para a via extrajudicial parcelar o débito. E, se ele não conseguir pagar, a Fazenda Pública terá

que voltar a acioná-lo judicialmente, “num desperdício de força processual imenso”, resumiu o ministro.

Acesso ao judiciário

Também não se pode falar em afronta ao princípio do livre acesso à jurisdição, uma vez que não se impõe

o depósito judicial para ingressar em juízo, argumentou o relator. Além disso, explicou o ministro Luiz

Fux, caso o contribuinte tenha ingressado em juízo e realizado o depósito do montante que entendia

devido, “havendo eventual saldo a pagar, pode, com relação a esse saldo, aderir ao parcelamento para sua

quitação, não havendo que se falar em nenhuma obstrução de garantia do acesso ao Poder Judiciário”.

Acompanharam o relator os ministros Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Dias Toffoli, Celso de Mello

e Cármen Lúcia.

Divergência

O ministro Edson Fachin discordou do relator. Para ele, a portaria em questão ofendeu o princípio

constitucional da isonomia ao criar uma diferença, negando parcelamento para alguns, e o do livre acesso

à jurisdição, ao impor limite de acesso ao Judiciário.

Seguiram esse entendimento a ministra Rosa Weber e os ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes

e Marco Aurélio.

MB/FB

Semente no quintal

Idoso que planta e fuma maconha para tratar câncer

de próstata é absolvido

11 de dezembro de 2016, 7h25

Por Brenno Grillo

Preso por ter sementes, folhas secas e maconha prensada, um senhor de 70 anos foi absolvido pela juíza

Luana Cavalcante de Freitas, da Vara do Único Ofício do Quebrangulo (AL), depois de ter sido provado

que as substâncias eram para consumo próprio. O idoso sofre de câncer de próstata e passou a usar a droga

para reduzir os efeitos da doença, mas sem prescrição médica.

Além de folhas e sementes, idoso também foi preso com maconha prensada.

Em abril de 2015, a Polícia Militar alagoana recebeu uma denúncia de que existia plantação de pés de

maconha na casa do idoso. Ao fazer uma diligência no local, encontraram 42 gramas de sementes de

maconha, 42 gramas da droga prensada e 128 gramas de folhas secas da planta.

A defesa do idoso argumentou que o rito estabelecido na Lei de Drogas (11.343/2006) foi desrespeitado.

O Artigo 28 da norma determina que “quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer

consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar” será advertido sobre os efeitos da substância, prestará serviços à comunidade e cumprirá

medida educativa.

A defesa do idoso também alegou que não há nenhum exame toxicológico nos autos e pediu que a conduta

fosse considerada atípica. Ao se manifestar, o Ministério Público de Alagoas pediu a desclassificação do

crime de tráfico para porte de drogas para consumo pessoal.

Para inocentar o réu, a juíza citou o princípio da lesividade, segundo o qual uma conduta só pode ser

considerada crime quando se ajustar ao tipo penal, sob o ponto de vista formal (adequação do fato à

norma), e demonstrar relevância material. “Ou seja, é a conduta que provoca uma lesão ou ameaça de

lesão intolerável ao bem jurídico tutelado”, explicou.

De acordo com Luana de Freitas, o princípio da lesividade está diretamente ligado ao da alteridade, que

define como conduta criminosa apenas aquela que lesiona ou ameaça bem jurídico de terceiro. “Se a

conduta não extrapola o âmbito individual, o Estado não pode criminalizar a conduta. Por conta desse

princípio que não existe punição para tentativa de suicídio ou autoflagelo”, comparou a juíza.

Estudos e pesquisas A juíza destacou em sua decisão que o tema é controverso e que inúmeros estudos científicos comprovam

que a maconha possui um grau de nocividade e dependência mais baixo do que o álcool e o cigarro.

“Não parece que se possa extrair a conclusão de que o uso abusivo da maconha pode ocasionar danos a

saúde, como ocorre, aliás, com qualquer substância, e não apenas com os entorpecentes, como com o

açúcar”, disse a juíza, complementando que outras tantas pesquisas comprovaram que a droga em questão

tem benefícios terapêuticos que ajudam a reduzir os efeitos de doenças como câncer, aids, glaucoma,

esclerose múltipla e epilepsia.

Destacou ainda que países como Portugal, Espanha, Canadá, Uruguai, Holanda, Israel, além de alguns

estados dos EUA estão legalizando o uso medicinal e recreativo da maconha. “Uma vez que levam em

consideração que os benefícios superam os malefícios e a sua proibição contribui para o aumento do

tráfico de drogas.”

Luana de Freitas também respondeu aos argumentos de que, em casos como esse, o bem jurídico violado

seria a saúde pública: “Soa incoerente, uma vez que existem drogas lícitas que matam milhares por ano,

sendo necessário um gasto enorme do dinheiro público por conta disso. Ademais, criminalizar o uso de

drogas acaba afastando os usuários do sistema de saúde, principalmente pelo estigma que carrega o

usuário”.

Clique aqui para ler a decisão.

Processo 0000101-82.2015.8.02.0033

Brenno Grillo é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 11 de dezembro de 2016, 7h25