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52 ANOS Outubro/2014 Nº 608 NEGÓCIO DE GENTE GRANDE O MERCADO DE FRALDAS E ABSORVENTES CRESCE IMUNE À CRISE E SE FIRMA COMO PORTO SEGURO PARA FILMES GOFRADOS E NÃOTECIDOS. MÉXICO Braskem Idesa surge no lugar certo na hora certa LIRIO PARISOTTO A Innova é da Videolar. E agora? INTT Das embalagens plásticas ao consumo erótico

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52ANOS

Outubro/2014

Nº 608

Negócio de geNte graNde

o mercado de fraldas e absorveNtes

cresce imuNe à crise e se firma como porto seguro

para filmes gofrados e Nãotecidos.

méxicobraskem idesa surge no lugar certo na hora certa

lirio parisottoa innova é da videolar.e agora?

iNttdas embalagens plásticas ao consumo erótico

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ESPECIAL26Negócio de geNte graNde

O mercadO de fraldas e absOrventes

cresce imune à crise e se firma cOmO pOrtO segurO

para filmes gOfradOse nãOtecidOs.

retificação – Na edição impressa de setembro (nº607), a reportagem “Quando as máquinas travam” saiu com três erros relativos a máquinas da Romi: informou incorretamente o nome da série EN de injetoras, além do nome do comando - CM10- e o número -21- de zonas de aquecimento do cabeçote da sopradora C5TS.

VisorAuxiliAresPrevisão de bom tempo eterno para aditivos e carbonato de cálcio

ConjunturaMéxicoPor que polietilenos ficam bem de sombrero

OportunidadesMJerAgora é a hora de investir

inovinComo fazer da criatividade o pulo do gato

Sensorlirio PArisotto A compra da Innova faz sentido?

RasantePlAno gerAlCurtas, quentes e cáusticas

3 Questões Peter BrowningO filão do motor turbo para poliamidas

otAvio cArvAlhoAbalo sísmico na petroquímica sul-americana

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GestãoterMotécnicANº1 em EPS é referência nacional em RH

Ponto de VistaMArcos curtiOs ajustes necessários na rota da indústria

SustentabilidadetoMrAAutomação revoluciona triagem de resíduos

BrAskeM/são BernArdoEconomia de energia começa pela resina

MercadointtComo o plástico levou Alessandra Seitz aos cosméticos sensuais

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Outubro / 2014plásticos em revista

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Outubro/2014Nº 608 - Ano 52

DiretoresBeatriz de Mello Helman

Hélio Helman

REDAÇÃO

DiretorHélio Helman

[email protected]

Fernanda de [email protected]

Direção de ArteSamuel Felix

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ADMINISTRAÇÃO

DiretoraBeatriz de Mello Helman

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Jalil Issa Gerjis Jr.Sergio Antonio da Silva

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Multimedia, Inc. (USA)Tel.: +1-407-903-5000Fax: +1-407-363-9809

U.S. Toll Free: 1-800-985-8588e-mail: [email protected]

AssinaturasKeli Oyan

Assinatura anual R$ 110,00Plásticos em Revista é uma publicação

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As opiniões contidas em artigos assinados não são necessariamente endossadas

por Plásticos em Revista.

CTP e impressãoIpsis Gráfica e Editora S.A.

CapaSamuel Felix

Foto da CapaShutterstock

Dispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial -

Processo DRT/1, número 11554/90, de 10/09/90

Circulação: Novembro / 2014

MEMBRO DA ANATECAssociação das Editoras de Publicações Técnicas

Dirigidas e Especializadas

SUMÁRIO

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Setembro / 2014plásticos em revista

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EDITORIAL

La Vaca Muerta y el brejo

Na oposição, podemos ser românticos. Mas uma vez no governo, é preciso fazer as contas. Esse ensinamento do realismo emana de recente decisão de pasmar, pois originária de quem menos se espera quando o assunto

é racionalidade econômica: o governo de Cristina Kirchner. Sem delongas processuais, pedidos de vistas e outras artimanhas de retardamento, o Congresso argentino aprovou nos primeiros dias de novembro a Ley Galuccio.

Trata-se de marco regulatório para a área do petróleo, convencio-nal ou não. Contempla concessões de 35 anos para prospecção e desfrute dessas reservas com a possibilidade de prorrogação por mais uma década e, quando superada, por outros 10 anos. Do quinto ano de produção em diante, os detentores das concessões terão direito a 20% das receitas e liber-dade para importar com alíquota zero equipamentos necessários à atividade. A razão de ser da Ley Galuccio é tirar a Argentina do pé da lama do déficit energético mediante chuva de capital internacional em locais como a região sudeste, mais precisamente na área de Vaca Muerta, uma das maiores jazidas de xisto do planeta, contendo reservas aproximadas de 16,2 bilhões de barris de petróleo e 8,72 trilhões de m³ de gás.

O diabo mora nos detalhes. Em sua vista aérea, a lei indica que a ficha realmente caiu para o governo argentino. Ou seja, tal como aconteceu no México, ele se reconhece sem capital para voltar à autossuficiência energética, condição chave para o desenvolvimento, e para tanto caça investidores caixa alta com a isca dos atrativos embebidos na globalização e liberalismo econômico de pura cepa. Porém, ai porém, há um caso diferente, bem diz o samba de Paulinho

da Viola. Além de carente de energia, a Argentina padece de déficit de confiabilidade. Em pé de guerra com os credores, o país está em default desde 30 de julho e, fora do mercado mundial, depende de reservas em moeda estrangeira para os gastos do governo. Burocracia e mudanças de regras no meio do jogo, marca registrada do ambiente local de negócios, deixam os empreendedores de pé atrás quanto

à seriedade da Ley Galuccio. No mais, a cultura do mercado fechado já fez múltis desistirem da Argentina sob o argumento de não fazer sentido manter a presença num lugar onde não se pode gerar dividendos para a matriz.

Outra fratura exposta, ao fundo da Ley Galuccio, provém de uma falha de timing. A entrada em campo do marco regulatório transcorre justo num momento de deflação mundial sem tér-mino previsto e consequente superoferta do petróleo e queda de preços, ao ponto de a cotação do tipo brent descer do patamar de US$ 80 em 13 de novembro.

Além disso, sobram relatos do magnetismo exercido pelos EUA sobre investidores como petroquímicas, fruto do barateamento da energia elétrica e eteno servidos por óleo e gás extraídos do xisto e da estru-tura produtiva e logística já disponível no país para essa exploração.

Pululam na mídia análises apontando muito mais semelhan-ças do que diferenças de gestão e pensamento entre os governos argentino e brasileiro, este também às voltas com energia elétrica insuficiente e de credibilidade minada por mandracarias contábeis e, página infeliz da nossa história, como cantou Chico Buarque, pela subtração da pátria mãe tão distraída em tenebrosas transa-ções. É da composição “Vai Passar”. Tomara. •

O governo argentino deu uma bola dentro, mas a vitória ansiada é uma incógnita.

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Outubro / 2014plásticos em revista

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visorAuxILIAREs

Insumos auxiliares carregam o piano da performance tocado pelos polímeros. Faça chuva ou faça sol na economia, a fila das exigências técnicas anda e os aditi-

vos e cargas evoluem no mesmo compasso, seja para ampliar o alcance das propriedades das resinas ou dotá-las de novos atributos.

Viga mestra do Brasil em masterba-tches, a cromex se abana com um leque de concentrados de aditivos que abarca desde antioxidantes, antiestáticos, deslizantes, antiblocking, estabilizantes UV e auxiliares de fluxo até expansores, antifog, antifibrilantes, agentes de purga, retardantes de chama e clarificantes. Tamanha diversidade pesou para as vendas desse portfólio segurar as pontas na conjuntura recessiva deste ano, deixa claro Giovanni Dias, especialista de brancos, pretos e aditivos. “Não houve um tipo específico de auxiliar mais afetado e,

entre aqueles cuja demanda se manteve bem, um exemplo são os estabilizantes UV, por serem empregados em diversos segmentos”, distingue o técnico. É o caso do agronegócio, na sela de sua produção anual orçada em R$1.1 tri, participação de 22,5% no PIB e fatia acima de 40% na pauta de exportações brasileiras. “Para esse mesmo mercado, lançamos este ano um aditivo de controle microclimático para estufas, desti-nado a melhorar o aproveitamento da luz e temperatura, em particular nos períodos de calor”, esclarece o executivo. Pelo flanco dos auxiliares de processo, ele ressalta o ingresso no mostruário, durante o exercício atual, de um dessecante de performance e um tipo mais avançado de auxiliar de fluxo para a extrusão. “A nova formulação aumenta a eficiência do aditivo na fase de aplicação do polímero na extrusora”, sintetiza Dias.

Aditivos UV também puxam as ven-das de auxiliares da representação bras-chemical, cujo catálogo também alinha branqueador ótico, microesfera expansível, glitter, óxido de ferro micáceo e um exército de pigmentos “A procura tem sido liderada pelos absorvedores UV líquidos e em pó Eversorb, da taiwanesa everlight”, distingue o vendedor técnico Daniel Aranon. No em-balo, ele empunha a introdução este ano dos tipos Eversorb 61 e 761, talhados para o tra-balho com poliamida, em virtude de seu alto ponto de fusão. Outra novidade mandando bem nas vendas é o tipo 980DU120 da série de microesferas expansíveis Expancel, um hit entre os desenvolvimentos da sueca akzono-bel na sua condição de agente expansor e redutor de peso de termoplásticos. “Antes do 980DU120, a temperatura de expansão varia-va de 80 a 205ºC, restringindo de certa forma o uso de Expancel em alguns processos”, ele observa. “Com o novo tipo, capaz de resistir no limite máximo de 235ºC, ampliam-se a possibilidade para modificar em polímeros olefínicos e estirênicos quesitos a exemplo de densidade, compressibilidade, caracte-rísticas superficiais e isolamento térmico e acústico”. Tais ganhos em leveza e isola-mento, ele arremata, atraem ao novo auxiliar da AkzoNobel os olhares de produtores de transformados para as indústrias automotiva, aeroespacial e eletroeletrônica.

PVC é irmão siamês da construção civil e, na seara dos seus estabilizantes, sobressai no Brasil a subsidiária da alemã chemson, pedra angular global nesses auxiliares, esco-rada no suprimento de matérias-primas por sua empresa mãe, a companhia turca akdeniz

Segue alta a fluidez dos desenvolvimentos em aditivos e cargas

O cultivo das propriedades

Estufas: aditivo de controle microclimático da Cromex melhora aproveitamento da luz e temperatura.

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Kimya. Hans Juergen Mitteldorf, diretor geral da Chemson Brasil, assevera ter condições de nacionalizar, desde que a demanda o exija, qualquer estabilizante para compostos vinílicos do vinil produzido na Europa. No estribo de sua unidade de 58.000 t/a em Rio Claro, no centro-leste paulista, ele acena com todos os os meios para replicar estabilizantes de vanguarda servidos pela Chemson no exterior e esclarece que sua capacidade opera mobilizada por encomendas de formulações sob medida. “Não trabalhamos com commodities”, ele sublinha.

carbOnatOs de cálciO premiumCompostos de PVC também abocanham 90% do consumo

de carbonato de cálcio em plásticos. O Brasil, por seu turno, é o mercado internacional nº1 para compostos vinílicos argentinos. Com a piora da recessão instaurada pelo governo de Cristina Kirchner, manda a lógica que essas importações brasileiras ten-dam a engrossar, como canal de desova do excedente argentino. Pilastra do Brasil em carbonato de cálcio, a micron-ita esquadri-nha com lupa o desembarque desses compostos, sejam vinílicos ou de poliolefinas. “Até o momento, a entrada deles não afetou nosso volume de vendas, pois nosso objetivo é contribuir para a competitividade dos componedores locais, de modo a evitar o endurecimento da disputa com o material argentino”, observa Lairton Leonardi, diretor geral da empresa. “Essa atuação nos permitirá decifrar as tendências do cenário de 2015, previsto como um período de crescimento pífio do Brasil, com grande pressão de custos operacionais e inflação e juros altos”.

Ao longo do ano que vem, confirma Leonardi, a capacidade instalada da Micron-Ita passará de 200.000 para 250.000 t/a. O salto virá à tona mediante a entrada em operação da linha 7, agendada para o quarto trimestre, enquanto a linha 8 já se acha em fase de comissionamento, situa o dirigente. “Vai gerar cargas com tamanho de partícula inferior a um micron”, adianta. “O objetivo é aumentar a especialização do nosso portfólio com alternativas aos carbonatos internacionais de alto rendimento”. A propósito, Leonardi agenda para 2016 a produção de nova gama de produtos calcíticos cretáceos, com granulometria de 1 micron a 2,5 micra.

O pivô dos desenvolvimentos este ano, distingue o diretor geral, foram os produtos de baixo tamanho médio de partícula e alto steepness (atenção para com a homogeneidade e distribui-ção do tamanho da partícula),derivados de calcários calcíticos, magnesianos e cretáceos. “Proporcionam mais rendimento aos processos de transformação, além de conferir maior resistência ao impacto e estabilidade dimensional ao artefato plástico”, sumariza Leonardi. •

Dias: novo auxiliar de fluxo para extrusão de filmes.

Aranon: microesfera expansível apta a resistir a 235ºC.

Mitteldorf: estabilizantes customizados em Rio Claro.

Leonardi: salto na capacidade e lapidação de carbonatos de cálcio.

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conjuntura

Em 2015, a braskem vai flanar nas nuvens ao viver situação sem paralelo em sua história. “Sua ca-pacidade mexicana de polietilenos

(PE) já nasce vendida”, sustenta Simone de Faria, dirigente da consultoria 2u. No momento, explica, a única produtora local do polímero é a petrolífera estatal pemex, à frente de uma capacidade nominal de 815.000 t/a da resina. “Dadas as condições de processo e tecnologia, operar a uma taxa de 75-80% de ocupação é considerada ótima”, informa a analista. A foto do México é completada por Simone com um déficit situado acima de 1 milhão de toneladas de PE desde 2012. “Mesmo com 1.050 milhão de t/a de capacidade ao partir no próximo ano, o complexo braskem idesa não fechará essa conta e o mercado mexi-

cano seguirá importador do termoplástico para abastecer a contento uma demanda projetada em 1.840 milhão de toneladas em 2014”, junta os pontos a consultora.

Orçado em US$3,2 bilhões, o futuro complexo no estado de Veracruz gerará eteno via gás natural para produzir 300.000 t/a de polietileno de baixa densidade (PEBD) e 750.000 do tipo de alta densidade (PEAD). Ao esquadrinhar a petroquímica mexicana, a analista local pipa consulting fixa em 330.000 t/a o potencial doméstico para (PEBD) e, quanto aos grades lineares (PEBDL) e de PEAD, os contempla com respectivas capacidades de 250.000 t/a. O esquadrão mexicano de poliolefinas fecha com a capacidade de 680.000 t/a para polipropileno. A mesma consultoria atribui ainda capacidade instalada de 400.000

t/a para poliestireno; 520.000 para PVC e 1.100 milhão de t/a para PET.

Entre 2011 e 2013, expõe Simone, a demanda de PE cresceu à taxa média de 3% ao ano no México, índice sem motivos para mandar vir o champanhe. Em contra-partida, ela coloca, a reforma energética em andamento no país, ponto final para o fossilizado monopólio da Pemex, a con-fiança inspirada pela política econômica (aposta-se em aumento de 2,6% do PIB este ano) e a ampliação da oferta doméstica contam pontos para a engorda constante dos percentuais de consumo de PE no país.

Tema de debates eivados de inconfor-mismo no Brasil, os preços internos de PE são, no México, inferiores aos das resinas importadas, atesta Simone. “O grande negócio da Pemex não é petroquímica,

O México dá a volta por cima e a resina mais

consumida capta o alto astral da economia.

Cancún do polietileno

MéxICO

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mas óleo e gás”, delimita a expert. Além do mais, o crônico déficit na oferta interna tornou o país cativo dos excedentes de PE dos EUA e Canadá, resina remetida em poucos dias por trem ou caminhão. “Essa proximidade e as isenções tarifárias desfrutadas pelo México como participante

do bloco Nafta facilitam a importação não só de resinas, mas do gás natural para sua atividade petroquímica, razão pela qual a equação dos custos de produção da Braskem Idesa deverá fechar. Em seus levantamentos, a consultoria iHs já alterou a geografia: mudou o México da América Central para a do Norte. No embalo, sus-tenta a mesma fonte, o fim de mais de 70 anos de monopólio estatal do petróleo e o esboçado reerguimento da indústria norte--americana, movida pelo barateamento da eletricidade e matérias-primas, na garupa do gás de xisto, dão substância à crença generalizada de crescimento robusto e linear para o México a partir de 2015.

“Embora os transformadores prefiram comprar localmente, ainda há instabilidade no fornecimento e a qualidade da resina da Pemex não é considerada páreo para a

concorrência importada”, aponta Simone. A propósito, Carlos Fadigas, presidente executivo da Braskem, considera básicos e universais, sem atentar para especificida-des e avanços de processos ou aplicações, os grades do portfólio de PE da Pemex. Trata-se de uma brecha, deixa claro o dirigente, pela qual a Braskem penetrará com resinas desenhadas para aplicações mais específicas. Pelos olhos do bolso, retoma o fio Simone, o preço da estatal é, em geral, cerca de 2% inferior ao da resina importada, “mas há casos de a redução chegar a 10%”. No negócio petroquímico, ela comenta, o surgimento de um novo player sempre perturba as cotações de resinas e, pela lei do mercado, o corolário de um aumento na oferta é a queda nos preços. Nesse contexto, é de intrigar o comportamento do governo mexicano,

simone de Faria: qualidade questionável de PE da Pemex.

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conjunturaMéxICO

tomando o complexo Braskem Idesa como argumento, ao gravar com tarifa de 6% as compras de PE saudita. A alíquota zero predomina no México para importações da maioria das resinas (PE incluso), assinala a consultoria local pipa consulting. “A Arábia Saudita é dos poucos países sem acordo comercial com o México, cujo governo não arriscaria criar problema com nações com as quais já possua relação de livre comércio”, revela a consultora da brasileira 2U . “Além do mais, o volume trazido de resina saudita não é representativo e a maioria dos clientes mexicanos sequer se deu conta dessa alteração agendada para vigorar em 2015”.

Megafone da transformação local, a asociación nacional de industrias del plástico (anipac) calcula em 4.530 as empresas do setor na ativa no México. Mas especialistas baixam a bola para a marca máxima de 2.750 indústrias, interpõe Simone, das quais 58% nas categorias pequena e micro. Em média, ronda 10 anos a vida útil do parque de máquinas da transformação. “Em 2013, no entanto, o setor importou US$2.267 milhões em bens de capital, dos quais 45% em máquinas e equipamentos e o restante em moldes e ferramentaria”, separa Simone, chamando

a atenção também para a grita generalizada contra a falta de pessoal qualificado (uma oportunidade para os técnicos do Brasil). De 2005 a 2013, ela pormenoriza, o consumo aparente de PE cresceu apenas 2,1%. “PEBDL destacou-se com aumento de 5,8% no mesmo período e sua adoção foi a causa da queda de 1,1% então sofrida por PEBD”.

Numa panorâmica, a ênfase no fator preço sobressai no México, opina Simone, embutindo algumas similarida-des com o Brasil. “Como todo mercado tecnologicamente menos desenvolvido e com população de menor poder aquisitivo e mão de obra de preparo a desejar, o preço é mandatório pela conveniência do bolso e pela dificuldade para se perceber a qualidade superior de um material em ma-quinário antigo e de baixa produtividade”. Em contraponto, ela salienta a existência de transformadores mexicanos de tecnologia em dia com o mundo e dispostos a adquirir resinas até 10% mais caras e prezadas pela performance, como PEBDL base metaloceno. “Entre eles, figuram indústrias exportadoras de artefatos como autopeças, tampas, frascos e filmes para embalagens e artigos agrícolas”, exemplifica a analista, notando a superioridade em volume dos

artefatos mexicanos exportados versus os indicadores do Brasil. “Eles exportam 6 vezes mais em volume de produto acaba-do e quase 4 vezes mais em valor.” Essa supremacia, óbvio, decorre das delícias do bloco Nafta e das dezenas de acordos comerciais assinados pelo México, que impõe regras e exige qualidade. Por seu turno, as exportações brasileiras de trans-formados sempre foram esqueléticas, culpa não só do câmbio e das chagas do Custo Brasil. Também contam pontos o distan-ciamento tupiniquim das cadeias globais de produção e, conforme amostragem do banco mundial com 178 nações no período 2009-2013, a sagração do Brasil como o país mais fechado para o comércio.

“São muitas as diferenças entre os mercados brasileiro e mexicano”, retoma o fio Simone de Faria, “a começar pelo acesso facilitado, sem impostos, à matéria--prima importada”. Na sua calculadora, 70% do comércio de PE, seja material importado ou local, transcorrem por dis-tribuidores. No Brasil, o movimento de agentes oficiais não passa de 10% das ven-das totais de termoplásticos (PE à frente), calcula Laércio Gonçalves, presidente da associação brasileira dos distribuidores de resinas e bobinas plásticas de bOpp e bOpet (adirplast) e comandante da activas, alicerce do varejo nacional de re-sinas. Simone vai em frente. “Em volumes de PE, a Pemex vende mais de 50% da sua produção por meio de distribuidores e, em geral, apenas clientes de compras mensais acima de 800 toneladas são atendidos diretamente pela estatal”. Um contingente de transformadores, aparteia a consultora, adquire volumes menores direto da Pemex por figurar há muito tempo na carteira de vendas de PE da estatal.

Em relação às resinas importadas, a distribuição responde por 80-90% do comércio no México. “Em geral, o material

Fim do monopólio estatal de petróleo e gás: bandeirada de largada para investidores no México.

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é entregue a granel, graças à facilidade logística e muitos transformadores possuem silos”, indica a pesquisadora. “Paga-se mais pela resina ensacada e, em regra, o embalamento cabe a centros de distribuição ou empresas incumbidas desse serviço pelo distribuidor”. Ultra dependente dos volumes comercializa-dos, algumas empresas vendem mais de 10.000t/mês, a distribuição mexicana atua com margens tão estreitas quanto seu espaço para manobrar preços, observa Simone. A hipótese, por ora remota, de um fornecedor de resinas adotar a mo-dalidade de venda direta, ela estabelece, está condicionada ao saldo do confronto entre o custo adicional de se montar uma estrutura de atendimento adequada e o efetivo retorno financeiro e institucional proporcionado pelo mercado mexicano.

Produtores e distribuidores de resi-nas, agrupa Simone, operam em geral com prazo de pagamento em 60 dias. “Mas o transformador mexicano não é muito fiel à data de vencimento e atrasos são conside-rados normais e, em regra, justificados por problemas do sistema operacional”. Para salpicar pimenta na tequila, a informalidade come solta. “Muitas empresas pequenas não estão formalmente constituídas e recor-rem à energia clandestina ou até de resina obtida de roubo ou contrabando”, ilustra a expert. Em contrapartida, ela arremata, a sonegação de impostos é muito menor, em razão de uma medida para a qual o Brasil sempre se fez de cego e surdo: a cobrança de apenas um tributo – o IVA (16%) – sobre a venda de um produto, um pedregulho no caminho das manobras fiscais.

Por essas e (muitas) outras, amarra

Simone de Faria, o México já demanda mais transformados plásticos que o Brasil. “Foram 8 milhões de toneladas em 2013 perante 7,2 milhões brasileiras”. O desnível estende-se ao consumo per capita do mate-rial. O indicador mexicano, crava a diretora da 2U, já chega a 50 quilos contra nossos 34. Em termos de ambiente para negócios, a bola rola para a Braskem Idesa num país onde o Brasil já foi campeão do mundo e hoje apanha de 7 a 1. •

Pimenta mexicana: projeção de crescimento intenso para transformação de plástico.

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conjuntura

28 anos de bagagem em petroquímica dão lastro de sobra para Cleantho de Paiva Leite Filho tirar de letra a missão de abrir caminho para

uma indústria zero bala no exterior. Uma conveniência, no caso, é que o país chama--se México, cujas afinidades com o Brasil decerto colaboram para Leite mandar ver como um dos mentores da entrada em cena no mercado local, agendada para o final de 2015, dos grades de polietileno de baixa (PEBD) e alta (PEAD) densidades gerados pelo complexo de 1.050 milhão de t/a do polímero a cargo da braskem idesa sapi. No organograma dessa joint venture, Leite sobressai como diretor de desenvolvimento de negócios e relações institucionais. Na entrevista a seguir, ele disseca a indústria

plástica mexicana e expõe a competitividade do futuro complexo de PE resultante de ete-no obtido do etano, intermediário separado do gás natural servido pela estatal pemex.

pr – O volume de importações mexi-canas de polietileno lienar (pebdl) se equi-para à capacidade instalada dessa resina no país. por quais motivos a braskem idesa optou por não produzir esse termoplástico?

leite – Quando decidimos a configu-ração do projeto, tínhamos matéria-prima garantida por contrato para três plantas de escala mundial, mas não para quatro. Além disso, estudos de mercado apontaram défi-cits importantes em todas as três famílias de PE, em especial em relação ao tipo de alta densidade (PEAD). Considerando nossa leitura do que poderia ocorrer no futuro e

tópicos como taxas de crescimento, alinha-mento tecnológico e provável movimento de concorrentes, achamos mais conveniente fazer uma fábrica da resina de baixa densida-de (PEBD) e duas para PEAD, material cujos déficits justificavam esta decisão em lugar de montar uma unidade de PEBD, outra de PEAD e a terceira de PEBDL.

pr – Os preços internos de pe da pe-mex são apontados por todos os analistas como inferiores aos das resinas importa-das. além do mais, há a estagnação da economia europeia, excedente de resina na china e a ebulição com o barateamento de pe dos eua com o gás de xisto. diante desse quadro, como assegurar margens de lucro minimamente aceitáveis para o pe da braskem idesa?

Por que a Braskem Idesa vai nadar de braçada em PE

O nexo do complexo

MéxICO/BRAskEM IDEsA

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leite – Aplicamos a mesma lógica de qualquer grande projeto na América do Norte. Nossa matéria-prima, o etano, segue as mesmas referencias de preço vigentes no Golfo do México e se beneficia de toda essa perspectiva positiva do shale gas. No mais, as plantas da Braskem Idesa são de escala mundial e contam com tecnologias de última geração. Tudo isso, portanto, nos dá competitividade para auferir bons resul-tados. Aliás, eles serão decerto turbinados pela nossa tradicional ênfase em serviços diferenciados para os clientes.

pr – como a braskem avalia a possi-bilidade de incentivar grandes clientes seus no brasil a montarem plantas no méxico, para consumirem pe da braskem idesa e desfrutarem o mercado do nafta?

leite – O processo de internacionali-zação não é simples e exige muita maturi-dade do empreendedor; não é para qualquer empresa. Percebemos alguns clientes brasi-leiros com esse espírito. Indicam interesse em crescer internacionalmente, quem sabe, no México. A Braskem Idesa os apoiará no sentido de examinar as condições locais e pensar nessa oportunidade.

pr – calcula-se que uma fatia arre-dondada em 70% do mercado mexicano

de resinas seja atendida por distribuidores, além de representantes de produtores do exterior. no méxico, domina o modelo de agente multibandeira, vetado pela braskem no brasil. a braskem idesa manterá esse veto ou vai aderir ao modelo multibandeira para sua rede?

leite – Ainda não concluímos o processo de seleção de distribuidores e a análise das características do México e canais locais para definirmos em breve o modelo de rede de agentes e questões como o ponto de corte para a venda ser repassada do produtor ao varejista. A Braskem Idesa traz forte cultura do acionista Braskem Brasil, mas não podemos deixar de levar em conta

as particularidades do mercado mexicano nesse processo decisório. Nem tudo o que se faz no Brasil se reproduz aqui, mas entendemos que muito do nosso modelo no Brasil pode ser aplicado.

pr – carlos fadigas, presidente da braskem, afirma que a pemex só fornece grades convencionais de pe. Quais os tipos de pebd e pead hoje inexistentes na produção mexicana que a braskem idesa vai fornecer?

leite – O México importa aproxima-damente dois terços dos volumes de PE que consome. O produtor local concentrou-se em poucos tipos determinados e o merca-do também recorre à grande variedade de grades servida por múltiplos fornecedores, principalmente dos EUA. Com a produção da Braskem Idesa, complementaremos a

Leite: Brasil entre os mercados potenciais do maior complexo mexicano de PE.

sacaria da Braskem Idesa: resina não será reensacada pelo distribuidor.

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conjunturaMéxICO/BRAskEM IDEsA

produção nacional com uma série de grades hoje sem similares locais ou de produção mexicana insuficiente. Em termos de PEBD, é o caso de resinas de uso industrial (melt index fracional) e para recobrimento (extru-sion coating). Nosso portfólio também terá, claro, resinas para filmes de uso geral que já são produzidas localmente. Em PEAD, cuja produção no país é muito pequena, entraremos com grades para tubos de uso geral e tubos PE80 e PE100; resinas de sopro mono e bi-modal, para envases de pequeno e grande volume; tipos para monofilamento e um grade de filme de alto peso molecular bimodal, além de grande variedade de resinas de injeção em diversos índices de fluidez.

pr – Já que o core business da pemex é óleo e gás, como a braskem- idesa avalia a possibilidade de fortalecer seu poder de fogo comprando o negócio petroquímico ou apenas a operação de eteno/pe da pemex?

leite – No momento, nosso foco é concluir a implantação do complexo – falta ainda um ano de obras e testes – e iniciar o posicionamento no mercado local e da América do Norte, Central e Caribe. Não estamos em posição de especular sobre possíveis movimentos de compra de ou-tros ativos no México. A longo prazo, a

intenção da Braskem e do Grupo Idesa é seguir investindo e crescendo no negócio petroquímico. Após a recente aprovação das reformas no setor energético, o México deverá apresentar interessantes oportuni-dades a médio e longo prazo, associadas à maior disponibilidade de matérias-primas para investimentos.

pr – como a braskem avalia a possibilidade de inentivar e apoiar distri-buidores seus para montarem filiais no méxico (sozinhos ou em joint ventures com parceiros locais) para comercializarem pe da braskem idesa?

leite – O México já contempla uma importante rede de distribuição, contendo empresas de grande e médio porte. Se al-guma empresa brasileira ou de outra origem pensa em entrar no mercado local, recomen-damos que busquem comprar/associar-se a alguns dos atuais participantes, pois o mercado já contempla um número muito grande de atores. “Incentivar” não é o verbo correto para estruturar sua pergunta. Reitero que a decisão de internacionalização depen-de de inúmeros fatores e não de “incentivo” de um fornecedor.

pr – no méxico, é ultra corriqueiro o ensaque de volumes menores de pe por centros de distribuição ou terceiros desig-

nados para esses serviços por distribuido-res. a resina é então ofertada em sacos com a marca do agente autorizado. no brasil, a braskem veta essa modalidade de venda. a braskem idesa fará o mesmo?

leite – Pelas características do mer-cado mexicano, a Braskem Idesa irá utilizar a excelente cadeia local de operadores logísticos. Ela receberá parte de nossa produção em vagões de trem (granel) para entrega aos clientes a partir desses pontos em dois formatos: a granel em caminhão (produto transferido dos vagões) ou em sacaria com a marca Braskem Idesa – a resina é ensacada pelo operador logístico. Os distribuidores também poderão revender a granel ou em sacaria da Braskem Idesa. Nossa intenção não é vender produtos para serem comercializados por distribuidores com suas marcas, em sacaria própria, pois é da nossa cultura dar todo o respaldo técnico e de qualidade a 100% do que produzimos.

pr – a américa latina encabeça os destinos na mira do previsto excedente de pe norte-americano, turbinado em preços pela rota do gás de xisto. como a braskem avalia a possibilidade de também trazer pe da braskem idesa para cá, de modo a zelar melhor pela preservação de sua participa-ção no mercado brasileiro de pe?

leite – A Braskem Idesa, tal como outros produtores norte-americanos, será fornecedora relevante na América Latina, em especial na parte central, na região norte da América do Sul e na costa do Pacífico, onde temos vantagens logísticas. Para isso, contaremos com a extensa rede comercial e escritórios sul-americanos da Braskem. Exportações para o Brasil também podem fazer parte de nossos objetivos, mas o foco não pode ser a manutenção de market-share, mas atender aos interesses dos acionistas da Braskem Idesa. Assim, o Brasil estará no conjunto de mercados potenciais para a Braskem Idesa. •

Tubos de gás e shrink: nichos de PEAD e PEBD cortejados pela Braskem Idesa.

Job: 20463-006 -- Empresa: africa -- Arquivo: AFD-20463-006-BRASKEM-Anuncio Plastico em revista-210X280_pag001.pdfRegistro: 150393 -- Data: 14:33:21 22/07/2014

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No placar de hoje, o setor de ser-viços dá de 7 a 1 na indústria em relação ao poder de magnetizar investidores. Apesar do desinte-

resse, ainda não se pode dar como extinta aquela espécie de empresário caracterizada pelo estranho prazer de enfiar a mão na graxa. “Sempre mantivemos o sonho de ter uma indústria limpa, sem impacto am-biental e o plástico foi a opção”, declaram Márcio Janjacomo e Edson Rodrigues, cujas iniciais inspiraram a mJer-extrusão de plásticos, inaugurada formalmente em 10 de outubro último em São Manuel, sudoeste paulista.

Janjacomo e Rodrigues repartem por igual o controle da MJER e o pendor para pensar fora da caixa. O engenheiro Rodrigues reconhece que a fábrica parte numa conjuntura de saia justíssima para a indústria em geral no país. “Mas são nesses momentos que temos oportunidades para estruturar projetos e colocar novas tecnolo-gias no mercado”, ele contrapõe. “Estamos cientes das atuais dificuldades do mercado e nossa perspectiva é de retorno em três anos do capital aplicado”.

Orçada em mais de US$ 1 milhão,

a fábrica da MJER brotou num galpão do intitulado Novo Distrito Industrial pela prefeitura de São Manuel, cujo chamariz logístico é a artéria de rodovias que liga a chamada região de Botucatu a todo o Estado, uma das razões do contingente na árera de transformadoras como as de componentes para veículos pesados. A MJER foi consti-tuída em 2013, retoma o fio Rodrigues, mas a morosidade do processo de importação de maquinário retardou a abertura oficial de suas portas por cerca de um ano. Até o fechamento desta edição, a unidade transi-tava pela fase de try out.

No estribo de sua linha de extrusão e calandragem chinesa, de marca não revelada, a MJER parte com capacida-de para fornecer até 217.000 t/mês de chapas para termoformagem. “A única etapa dependente da intervenção direta do operador no processo é a parametrização da máquina”, afiança Rodrigues. O mix de produção inicial acena com chapas de até 2.500 mm de comprimento e espessuras de 2 a 12 mm, moldadas com poliestireno, polipropileno, polietileno de alta densidade ou copolímero de acrilonitrila butadieno estireno. Rodrigues encaixa a possibilidade

de fornecer chapas lisas ou texturizadas, o que ele considera um plus frente à con-corrência, tal como as dimensões maiores dos seus produtos e a tecnologia asiática que importou. No âmbito da texturização, ele ressalta a excelência dos cilindros gravados a laser de sua instalação, talhados para a transferência desse efeito superficial para o polímero.

Na reta para os finalmente da entrada em escala comercial, fumega na MJER a prospecção de espaço para suas chapas em indústrias como a moveleira e automotiva. A receptividade encontrada nas sondagens e os progressos nos acertos da linha de produção já fizeram a cabeça de Rodrigues. “Pretendemos instalar mais duas coextruso-ras em 2015”, ele acalenta.•

Quem disse que transformar plástico não atrai mais gente nova no pedaço?

Otimismo servido na chapa

Janjacomo e Rodrigues: hora certa para investir.

Extrusão: chapas para termoformagem

de até 2.500 mm.

OPORTunIDADEsMJER

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OpOrtunidades

Commodity, no sentido de con-vencional e pouco rentável, virou palavrão em qualquer indústria. A possibilidade de levar alguém

a sair da pasmaceira e fazer a diferença no reduto da injeção, o mais concorrido na transformação de plástico, instigou Luiz Antonio Oliveira a dar vazão ao engenho e arte fundando em abril passado a empresa baiana inovin. Desde então, o economista e inventor já soma 32 processos de requi-sição de registros de desenvolvimentos no instituto nacional da propriedade indus-trial (inpi) e uma clientela de suas mais de 60 patentes puxada por âncoras que vão da rede globo, Odebrecht e coca-cola até tam, ambev e pão de açúcar.

O turborreator de ideias de Oliveira funciona em galpão em Lauro de Freitas, na Grande Salvador, no qual se alojam as áreas técnica e de prototipagem, além do depósito de produtos inspiradores coleta-dos mundo afora. O quadro de pessoal da Inovin se resume a dois projetistas, dois designers, um engenheiro, um pesquisador de campo e uma assessora administrativo--financeira. Quando necessário, ele com-pleta, a empresa subloca os serviços de escritórios ou especialistas autônomos e recorre a parceiros como um escritório

de marcas e patentes e fornecedores de matérias-primas e moldes. “A Inovin não tem concorrentes nos seus campos de atuação: o mercado de caixas para colheita, transporte e armazenamento de hortifrútis, engradados para bebidas e equipamentos de sinalização e segurança do trabalho”, especifica Oliveira. A expertise em en-gradados e caixarias, no entanto, não limita as incursões por outras fronteiras na esfera do plástico. “Por exemplo, temos em desenvolvimento uma coleira identifi-cadora de cães, cavaletes promocionais, prateleira doméstica capaz de substituir as de madeira e até uma mini-extrusora para o consumidor transformar em casa os sacos de supermercado numa borra e vendê-la na forma compacta a recicladores, quando o volume acumulado superar 50 quilos”.

Oliveira cinde o conceito dos seus projetos de inovação em três enclaves. A trindade abre com o tipo radical, relativo a produtos 100% inéditos no gênero. À guisa de referências, ele cita o denominado “chama garçom” para mesas de bares e restaurantes; um cinzeiro injetado para botinar o de metal, mais caro, dos topos de cones de sinalização e um engradado capaz de acomodar garrafas de 290, 300 ou 360 ml. Em outra categoria, Oliveira aloja

os projetos incrementais que focalizam o deslocamento de metal ou madeira por plástico. “São exemplos desenvolvimentos como um forro decorativo tipo colmeia, de poliestireno; um balaio e placas de identificação de logradouros”. As defini-ções fecham com os projetos de inovação substancial, relativos à repaginação, no visual ou na redução de peso, a artigos como capacetes de segurança do trabalho e cones e cavaletes de sinalização. “Embora os projetos radicais acenem com mais ren-tabilidade, devido ao conteúdo inovador, os tipos substanciais permanecem os mais frequentes na carteira da Inovin e assim devem prosseguir, por causa do baixo in-

O negócio da Inovin é colocar ideias em ação

nas alças da imaginação

InOVIn

Alça anatômica para cestos de supermercado: projeto de inovação substancial.

Balaio injetado: desenvolvimento para abolir uso da madeira.

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vestimento escorado no uso parcial ou total de moldes existentes”, pondera o inventor.

Apesar de prezada como ferramenta da competitividade na oratória do governo, o Brasil velho costuma pisar no calo da prá-tica em sua transposição da teoria. “Com base nos trâmites com documentação formal, o registro de marcas demora em média seis anos, prazo elevado para 10 anos no caso de uma patente e de cerca de três para o registro de desenho industrial”, delimita Oliveira. “Segundo o INPI, se seu efetivo dobrasse para 280 funcionários, os prazos cairiam à metade e reduziriam nossa distância de países como os EUA e China, nos quais a demora média de uma patente é de, respectivamente, cinco e três anos”. Do passo de cágado nacional, interpreta o empresário, transparece mais uma chaga do Custo Brasil. “Inibe a implantação de atividades industriais e facilita a dissemi-nação da pirataria por aqui”, ele conclui. “A Inovin tem ações contra pirataria de um invento tramitando há mais de nove anos e com possibilidades de prolongamento devido a brechas jurídicas”.

Oliveira traça o orçamento de um projeto, da concepção à entrega final, a partir das horas trabalhadas pela equipe e na etapa de prototipagem. “Por exemplo um modelo desenvolvido de um engradado saiu R$ 150.000 para o cliente proporcio-nando-lhe, em contrapartida, economia de

custos da ordem de R$ 350.000 ao ano”, ele expõe, inserindo na negociação do serviço a possibilidade de se reservar para a Inovin uma participação de 3-5% sobre o valor das vendas líquidas, relativas ao desenvolvimento, ao longo de um triênio.

A prototipagem da Inovin também se vale de uma impressora Cubex Duo apta a gravar em duas cores peças de até 27 X 27 cm no prazo máximo de oito horas por unidade, conforme seu peso. “O custo mínimo de um protótipo é de US$ 500”, fixa Oliveira, comparando com a média de US$ 2.000 cobrados na China para protótipos de peças de maior porte, a exemplo de um engradado para cerveja, concluídos em 30 dias. Conforme o pulso da demanda e as projeções de horas de uso, Oliveira considera a possibilidade de fortalecer a atuação da Inovin com a compra de uma impressora 3D em 2015. “Além de reduzir custos, a impressão 3D interna assegura maior sigilo sobre os desenvolvimentos”, percebe o inventor. •

Oliveira: Inovin sem concorrência em seus campos de atuação.

Cestinho de lixo acoplável: cone de sinalização ganha função de anteparo.

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sensor

Para Lirio Parisotto, 2014 fica como um ano denso e encorpado como os vinhos que ele mais aprecia. Afinal, foi quando ele fechou uma página e

abriu outra em sua vida. De um lado, pingou o ponto final no negócio de mídias ópticas e, em meio à cerimônia do adeus, um punhado de injetoras vipíssimas e exclusivas para CD/DVD foi parar no ferro velho e desfalcou a videolar de uma operação que foi seu cartão de visitas antes da chegada abrupta de entes como MP3 e netflix. Em contrapartida, a compra da innova, transação aprovada em 1º de outubro pelo conselho administrativo de defesa econômica (cade), deu ao saci videolar, comenta o empresário, a outra per-

na de que tanto carecia. Ela se chama estireno. Na entrevista a seguir, Parisotto justifica o ar-remate da concorrente, até então controlada pela petrobras, e delineia suas projeções para os negócios com o monô-mero e poliestireno (PS), bem como em frentes como EPS e ABS.

pr – sua decisão de entrar em ps foi para se desforrar do tratamento que recebia de seus então fornece-dores de resina. Qual a racionalidade para adquirir a innova em

um momento em que o ps é um muro de lamentações no mundo inteiro, há quase 15 anos seu consumo está parado no brasil e seus mercados são cada vez mais atacados por outros materiais?

parisotto – Não estamos entrando em um mercado novo. Estamos, na verdade, nos consolidando em um segmento que já teve quatro fabricantes (Videolar, Dow, Basf e Innova), todos com capacidades muito parecidas e com plantas construídas em um período de dois anos, entre 2000 e 2002. Evi-dentemente, houve um equívoco dos quatro naquele momento em não acreditar que os outros iriam erguer suas fábricas. O fato é que a capacidade brasileira era do dobro do

tamanho do consumo. Com a Innova temos um namoro muito antigo. Essa intenção existe há mais de uma década, desde que a Petrobras adquiriu parte da operação do grupo pérez companc e junto com ela veio a Innova. Naquele momento, queríamos tentar uma fusão das duas operações, uma com unidade de PS no Norte e outra no Sul, uma com monômero de estireno outra sem. Por vários motivos o negócio não evoluiu, mas o desejo ficou latente. Ficamos, então, aguardando a oportunidade de comprar esse ativo e ela surgiu quando a Petrobras, por motivos estratégicos, decidiu sair de áreas que não prioritárias. Não é vocação dela atuar em resinas, mas no upstream. A Petrobras contratou um banco, o crédit agricole, para conduzir o negócio. Na primeira oferta não vinculante houve mais de dez interessados. No final ficaram menos e a Petrobras nos vendeu porque fomos quem mais pagou.

pr – Qual foi o investimento, afinal? r$ 800 milhões ou r$ 1,2 bilhão na innova?

parisotto – Foram pagos R$ 870 mi-lhões, mais alguma correção de valor. Temos também de entregar o resultado de dois anos. Está sendo feito um balancete dos dois últi-mos exercícios porque a oferta foi feita com base no balanço de 31 de dezembro de 2012.

pr – pela sua projeção, isso deve acrescentar quanto ao montante?

parisotto – De R$ 300 milhões a R$ 400 milhões. Considerando esses ajustes, com dividendos já distribuídos, o total será de mais ou menos R$ 1,3 bilhão.

pr – por que não incluiu no pacote de

Compra da Innova completa perfil da Videolar e pavimenta nova arrancada de Lirio Parisotto na petroquímica

A perna que faltavaLIRIO PARIsOTTO

Parisotto: Innova é complemento vital para operação petroquímica.

Rafael Betim

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compra da innova as plantas de 140.000 t/a de estireno e 66.000t/a de ps da petrobras na argentina?

parisotto – Essa foi uma decisão estratégica da Petrobras. Visitei es-sas plantas 10 anos atrás e vislumbrávamos unir operações da Argentina, Triunfo (RS) e Manaus (AM). A Petrobras colocou à venda a operação do Brasil. Na Argentina, até onde sei, esses ativos não estão separados, mas dentro de toda a operação, com refinaria, monômero, resina e borracha. Há vários negócios em uma empresa só e isso, de certa forma, é um entrave.

pr – se eventualmente a petrobras decidir se desfazer desse negócio na argentina, a videolar é candidata a comprar?

parisotto – Não há essa possibilidade hoje porque os ativos não foram oferecidos. Mas alguém esperto não escapa de um bom negócio.

pr – por que resolveu pagar a innova vendendo r$800 mi de suas ações em vez de recorrer a financiamentos conforme praxe no ramo, em especial do bndes? não crê em melhora da bolsa?

parisotto – Por que não tinha dinheiro. Uma parte foi financiada, sim. pr – muitas vedetes da sua famosa carteira de ações têm saído

recentemente na mídia como empresas atoladas em problemas – por exemplo, eternit, celesc e csn. É por isso que decidiu vender as ações para pegar a innova?

parisotto – Alguns setores da economia estão apanhando mais que outros. A siderurgia, e não só a CSN, está sofrendo, assim como a mineração devido à queda do preço do minério de ferro. As empresas estão dentro do contexto do país. Se o país vai bem, elas vão bem. Fora desse escopo, todas as empresas têm seus problemas devido à comple-

xidade de legislação, impostos e envolvimento ambiental.

pr – você sempre disse em entrevistas que transformação de plástico é um negócio difícil, mas investiu no superofertado segmento de bOpp, chapas para termoformagem de ps e numa pequena operação de tampas de pp em manaus. agora fala até

entrar em eps. afinal de contas, qual é a sua? parisotto – O plástico está cada dia mais presente nas nossas vidas

e no meio da cadeia há o transformador. É um setor de margens muito apertadas, por isso é um negócio muito duro e que não desperta mais interesse de investidores.

pr – Qual a conveniência da compra da innova para sua carreira política? por que se filiou ao pmdb como suplente de senador pelo amazonas?

parisotto – Não tenho carreira política, sou segundo suplente. Filiei--me porque fui convidado. Seis anos atrás, quando Eduardo Braga decidiu

EPs: planta nacional cobriria atual déficit doméstico de 50.000 t/a.

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sensor

se candidatar ao Senado, ele queria colocar junto de si alguém que tivesse afinidade com a indústria. Não é novidade que o Amazonas depende essencialmente do polo industrial de Manaus.

pr – sua cabeça bate com o ideário do pmdb?

parisotto – Nós temos que avaliar as pessoas. Infelizmente, o Brasil é um supermercado de partidos políticos. É difícil, inclusive, governar o país assim. Dentro do PMDB há pessoas boas e outras nem tanto, como em todos os partidos. Isso faz com que o eleitor não vote no partido, mas no candidato. Além de o voto não ser distrital, seis meses depois do pleito a população não lembra mais em quem votou. Eu nunca fui político, mas acho que na vida já dei a minha parte e, na eventualidade de ser cha-mado, poderia oferecer minha contribuição sob a perspectiva do empresário. Falta isso no Congresso. Falta alguém que mostre a complexidade de gerir uma companhia, com legislação trabalhista obsoleta, guerra fiscal absurda, problemas de logística e segurança.

pr – como a videolar pode desfrutar melhor, na prática, do braço agora estendido em estireno com a compra da innova? É mais compensador suprir de monômero gerado em triunfo (260.000 t/a) a planta de ps em manaus (dependente de estireno importado) ou continuar a vender a terceiros o excedente de estireno não aproveitado na

capacidade 155.000 t/a de ps da innova?parisotto – Temos que analisar a

situação detalhadamente. O Brasil consome cerca de 700.000 t/a de monômero. A grosso modo, metade desse volume é consumido na fabricação de PS e a outra é vendida em mercados específicos, como de borrachas, tintas e solventes. Existe hoje capacidade instalada de estireno de 250.000 t/a na In-nova e 260.000 t/a na unigel. Há, portanto, um déficit aproximado de 200.000 t/a de monômero. Metade desse volume é impor-tado pela unidade da Videolar em Manaus. Ainda assim, faltam 100.000 t/a. Nesse momento, se o produto está em falta, não faz sentido mandá-lo do Rio Grande do Sul para o Amazonas. Mas vislumbramos no futuro, à medida que tenhamos matéria-prima a preços competitivos, dobrar essa planta de estireno em Triunfo.

pr – com que matéria-prima?parisotto – Eteno está disponível no

Sul, isso eu asseguro. O que falta é benzeno. 24% do monômero (resultante do etilben-zeno) é eteno e 76% é benzeno. Para fazer 250.000 t/a de estireno seriam necessárias 60.000 t/a de eteno e 190.000 t/a de benzeno. Porém, só agora vamos começar a avaliar e entrar em negociação com a braskem. Até onde sei, há 60.000 t/a ou 70.000 t/a de ben-zeno que a Braskem exporta para a Argentina. Não tenho 100% de certeza, mas parece que se a Braskem fizer ajustes no craqueamento,

poderia produzir mais benzeno. O benzeno que falta poderia, então, vir de Camaçari (BA). Nesse caso, sim, Manaus entraria no radar para ser suprido com monômero nacional.

pr – com eteno mais barato obtido do gás de xisto, o estireno dos estados unidos tende a ampliar presença na américa do sul?

parisotto – É do benzeno a maior participação na composição do monômero (resultante do etilbenzeno), cerca de 74% e o restante é do eteno. Não faz diferença.

pr – como avalia a hipótese de a vi-deolar adaptar o complexo de ps em triunfo ou a planta em manaus para produzir abs se vai bater de frente com o projeto de sua fornecedora de eteno e benzeno?

parisotto – Temos intenção de nos envolvermos na produção de ABS e EPS. Na verdade, anunciamos isso muito antes da Braskem, porém nosso projeto de ABS está até hoje no ministério do desenvolvi-mento, indústria e comércio exterior (mdic) aguardando aprovação. O plano de EPS é ainda anterior.

pr – e vai competir com seus clientes de estireno ao produzir eps?

parisotto – Não quero competir com ninguém. Para EPS temos um projeto aprovado. Nossos clientes comprarão nosso monômero se tiverem interesse. Queremos manter um bom relacionamento. É nosso princípio básico de trabalho. Hoje existe importação de 50.000 t/a de EPS e temos intenção de substituí-la. Em BOPP também há importação de 40.000 t/a a 50.000 t/a. ABS, da mesma forma, é todo importado. EPS é mais crítico na importação porque tem um prazo de validade. O gás existente em sua composição com o tempo vai perdendo rendimento. Quanto mais velho for o EPS, mais matéria-prima o transformador preci-sará usar para fazer a expansão necessária. De EPS, seria uma fábrica do tamanho do que é importado, cerca de 50.000 t/a.

No caso de ABS, quem tem matéria-

Complexos da Videolar e Innova: localizações otimizam logística de fornecimento de resinas.

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-prima quer vender para quem compra e paga. Nosso fornecedor tem participação minoritária do projeto de ABS na Bahia, liderado pela styrolution. Nós não podemos ainda fazer ABS em Manaus porque não foi aprovado, mas, de qualquer forma, isso não é prioridade agora. Por ordem de importância temos a ampliação da capacidade de mo-nômero de estireno, depois EPS e ABS por último. Compondagem de ABS pode surgir também. Vamos avaliar, uma vez que somos agora uma empresa petroquímica e de plásti-cos. Esse é o último ano que participamos em mídias ópticas. Saímos, no fim das contas, da atividade inicial da companhia.

pr – a Whirlpool está fazendo desen-volvimento a quatro mãos com a braskem para deslocar ps de geladeira e colocar polipropileno (pp). como encara a posição de depender de matérias-primas supridas por um concorrente?

parisotto – É mais fácil a geladeira ir para ABS do que para PP. Na cadeia petro-química ninguém faz nada sozinho. Tudo faz parte de negociações. Por exemplo, a Braskem precisa nos vender benzeno.

pr – innova e videolar seguem como empresas independentes, embora sob o guarda-chuva do mesmo controlador. Qual a conveniência dessa estratégia?

parisotto – Elas seguem independentes como empresas, com CNPJ diferentes. Mas o controle é da Videolar. Em um primeiro momento será assim. Vamos tomar algumas decisões baseadas no dia a dia do negócio. Nossa primeira decisão foi diminuir, ao máximo possível, o passeio molecular. Uma empresa está no extremo Norte e a outra, no extremo Sul. Estamos focados em diminuir o frete e iremos dividir a produção para melhorar a eficiência logística. Além disso, produzimos vários grades de PS, muitos dos quais similares. Faz sentido, principalmente em grades de menor demanda, que uma só fábrica produza. A troca de um grade para

outro gera o off grade, que tem o mesmo custo de fabricação, mas é vendido de 5% a 10% mais barato. A racionalização de grades e logística é nosso primeiro passo. A conve-niência de, daqui a um tempo, usarmos uma só marca para PS é uma possibilidade, mas não é uma decisão tomada. Temos compro-misso com o CADE para fazer investimentos em eficiência, tecnologia e produção.

pr – um dos compromissos com o cade, para aquisição da innova, é o inves-timento em inovação para ps. mas trata-se de uma resina madura, sem novas frentes. Que tipo de inovação pode surgir?

parisotto – A Innova sempre trabalhou no desenvolvimento de grades específicos. Nosso compromisso é investir em PS e em outras resinas.

pr – a innova é menos dependente de distribuidores do que a videolar. como conciliar os dois modelos?

parisotto – Ambas estratégias co-merciais serão mantidas. A Innova sempre trabalhou de forma mais próxima ao con-sumidor final. Ela tem um laboratório de desenvolvimento e queremos aproveitar essa tecnologia. Na Videolar, como não tínhamos um laboratório nem uma força grande de vendas, optamos primeiramente por atender Manaus, que absorve 30% dos volumes produzidos. O distribuidor tem, portanto, um trabalho muito importante, o trabalho formiga. As duas políticas comerciais têm sentido. A Innova vai continuar no atendi-mento técnico e especializado e a Videolar vai continuar a trabalhar com produtos mais comoditizados. Estamos muito satisfeitos com nossos distribuidores, que movimentam até 25% de nossas vendas.

pr – não havia negócio melhor para aplicar r$ 800 milhões?

parisotto – Com certeza tinha, mas nossa ideia é concentrar. A Innova é comple-mento vital para nosso negócio. A Videolar, como operação independente, seria sempre

saci-pererê por não ter monômero. A queda simultânea das mídias ópticas fez com que optássemos por outro negócio que trouxesse sinergias. Não estamos entrando em outro produto, outra área. Estamos complemen-tando a perna que nos faltava.

pr – O mercado de ps deve cair 2% esse ano. Qual perspectiva vê para 2015?

parisotto – O mercado não cairá este ano. Acho que ficará igual. A Videolar hoje opera com 80% de ocupação da capacidade, considerando que não é uma planta integra-da. O PS é de fato uma resina madura. Mas o consumo de monômero cresce, tal como EPS e ABS. Isso gera mais necessidade de estireno e há possibilidade de novos negó-cios. Há potencial de crescimento, sim. Na nossa visão, não é PS o principal negócio. O principal é o monômero. •

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Outubro / 2014plásticos em revista

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rasante

PERDEu O gás

Prova do teor cabalístico do número 7, a coca -coca anunciou ao final de outubro o fechamento da sua divisão de reciclagem, na ativa desde 2007 e cartão de visitas de tec-nologias, a exemplo de sua unidade de PET bottle to bottle (BTB) em Spartanburg (EUA), ativada em 2009 e da qual a Coca-Cola já se desfez. Em lugar de investir no reapro-veitamento interno de materiais reciclados, o grupo sediado em Atlanta passa agora a trabalhar com supridores de reciclados, reposicionamento de alcance mundial na corporação. No México, aliás, a Coca-Cola e seis engarrafadores detêm o controle da petstar sapi de cv, considerada a nº1 mundial em reciclados com grau alimen-tício, à sombra de uma produção projetada em 65.000 t/a de PET BTB proveniente do reaproveitamento da ordem de 80.000 t/a de garrafas pós consumo, entregues pela subsidiária avangard mexico sa de cv.

CALMARIA EsTIRênICA

O consumo sul-americano de plás-ticos deve findar 2014 acumulando 13 milhões de toneladas, vaticina a consul-

toria norte-americana iHs. Desse total, separa a mesma fonte, a participação de PS restringe-se a 5% e a de copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) não passa de 0,01%. A IHS não enxerga condições de infraestrutura, tributárias e trabalhistas para pavimentar expansões na capacidade sul-americana de PS, polímero considerado pela analista sob ataque de PET e polipropileno.

DEsCARTáVEIs InDEsCARTáVEIs

Pente fino da unigel, vip brasileira em PS, situa a capacidade brasileira do polímero em 620.000 toneladas este ano, inclusa a unidade de 190.000 t/a do grupo por ora desligada em São José dos Campos (SP). Em 2014, assinala a mesma fonte, o mercado brasileiro deve consumir 370.000 toneladas de PS. No ano anterior, escrutiniza a Unigel, o Brasil produziu 384.000 toneladas da resina, no bojo de 553.000 geradas no mesmo perí-odo na América do Sul, e o nosso consumo per capita do polímero ficou em 1,9 kg. Quanto à segmentação do mercado brasileiro de PS, a Unigel contempla embalagens des-cartáveis com 38%; produtos de consumo, 18%; eletrônicos e utilidades domésticas, 21%; engenharia civil com 6% e o restante cabe a usos pulverizados. Na América do Sul, encaixa a radiografia, descartáveis respondem por 48% do movimento de PS.

núMEROs nus E CRusUma ducha de água fria nos plastofó-

bicos, pregadores do banimento total dos plásticos convencionais, é a real estatura das resinas com pé em fontes renováveis após mais de duas décadas de oba oba verde. Pela

lupa da con-sultoria iHs, a capacidade mundial rela-tiva a todos os tipos de bio-plásticos não chega a 50% do potencial do Brasil para

produzir polietilenos. Não passa de 1,5 milhão de t/a, na aferição de 2013. Desse volume total, separa a IHS, 320.000 tone-ladas cabem à capacidade disponível para plásticos biodegradáveis, reduto repartido pela consultoria em participações de 44% para ácido polilático, 37% para polímeros base amido e 19% para materiais diversos. Ainda na varredura da IHS, EUA e Europa hoje mobilizam 85% do micromercado global de bioplásticos.

AquI nãO TEM sECADois sistemas de drenagem de águas

pluviais promovem a estreia das conexões e tubos Weholite em obras no Brasil.Com produção iniciada este ano na fábrica da armco staco em Resende (RJ), esses tubos de PEAD somam cerca de 100 toneladas em-pregadas em instalação no Rio de Janeiro, em obra da br distribuidora na refinaria duque de caxias (reduc), e no Acre, em projeto numa área residencial pelaprefeitura de Rio Branco (foto), indica Fernando Bel-trão, gerente nacional de drenagem, pontes e túneis da Armco Staco.

A obra no Acre tem término previsto para dezembro próximo e a instalação na Reduc fica pronta em janeiro de 2015,

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Outubro / 2014plásticos em revista

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delimita o executivo. Ambos os empre-endimentos empregam conexões e tubos com diâmetros entre 1,20 m e 2,50 m. Em Resende, assinala Beltrão, a Armco Staco,

com DNA na metalurgia, opera, sob licença da finlandesa uponor infrastructure, uma capacidade arredondada em 2.500 t/a, a cargo de duas extrusoras, para gerar tubos Weholite com diâmetros entre 800 e 3.000 mm, até hoje sem concorrência local de contratipos domésticos e importados. Sem abrir o investimento inicial, o gerente estima o retorno em três a quatro anos para essa operação de megatubos de PEAD, estribado no potencial de exportações sul-americanas

e em investimentos programados até 2018 nos setores de transporte, mineração, petróleo, energia elétrica e indústrias em geral. “Em 2014, o consumo brasileiro de Weholite deve fechar ao redor de 300 toneladas”, estima Beltrão.”Para 2015, estão engatilhados fornecimentos a exemplo de tomadas de água de pequenas centrais hidrelétricas, drenagem de águas contami-nadas em petroquímicas e caixas de retardo/reuso para indústrias”.

BATE E VOLTA

Uma pergunta para Fernando Senger, gerente de tecnologia de Materiais da Whirlpool latin America, dona das marcas de eletrodomésticos Brastemp, Consul e Kitchen Aid.

pr – copolímeros de polipropileno (pp) estão sendo desenvolvidos para disputar com poliestireno de alto impacto (psai) robustas peças internas de refrigeradores. como a Whirlpool avalia as possibilidades dessa subs-tituição de materiais?

senger – Existem possibilidades de essa mudança ocorrer. Mas como trata-se de uma tecnologia dependente de alterações significativas desde o projeto e produção dos componentes ao seu uso em eletrodomésticos, os principais fatores que definirão a velocidade da troca serão a competitividade da solução em PP, considerando os custos envol-vidos (inclusos investimentos) e a readequação dos projetos de peças conforme as características do novo material. Para ser bem sucedida, a opção de PP precisará aumentar a janela de processamento, estabilidade e redução do ciclo para níveis mais próximos dos obtidos com PSAI. No plano econômico, PP precisa de competitividade não em

preços perante PSAI, mas em custos para viabilizar a mudança, a exemplo de gastos com equipamentos e moldes. Até o momento, a Whirlpool emprega PP em diversas aplicações em seus produtos, mas não em grandes peças internas de geladeiras. A propósito, não identificamos um ponto de saturação para o uso de PS em refrigeradores. Mas são necessárias ações contínuas dos fornecedores do polímero para manter sua competitividade frente a outros materiais e, em particular, continuar a melhorar a performance dos grades atuais e/ou ofertar novas soluções.

Uma pergunta para Patrick Teyssonneyre, diretor de tecnologia da braskem.pr – a Whirpool testa polipropileno (pp) para potencial substituição de poliestireno (ps) em peças internas de

refrigeradores. em qual estágio se acha esse experimento com resina da braskem e quais as chances da mudança vingar?teyssonneyre – É parte de nossa estratégia aumentar o uso de PP por meio da substituição de materiais.

Empreendermos esforços para substituir não somente resinas que não produzimos, mas vidro e metal. PS é um exemplo desses desenvolvimentos. O ponto de partida é entendermos a vocação desses outros materiais. A partir daí, separamos o que definitivamente não está no DNA de nossos polímeros, mas ainda sobra um grande universo para agregar funcionalidades e promover a substituição. No caso da linha branca, estamos desenvolvendo desde 2010 a capacidade de PP para termoformagem de peças de grande profundidade, um processo muito agressivo. PP não tem, naturalmente, essa vocação e estamos em busca de rota tecnológica para isso. O desafio não está só na aplicação final, algo até menos crítico nesse caso, mas na transformação.

PP VEM quEnTE PRO FRIO (I)

PP VEM quEnTE PRO FRIO (II)

senger

Teyssonneyre

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ESPECIAL

26Outubro / 2014

plásticos em revista

EsPECIAL

Mesmo com a economia na UTI, a indústria de des-cartáveis higiênicos, porto seguro para nãotecidos

de polipropileno (PP) e filmes de po-lietileno (PE), navega em velocidade de cruzeiro sob a borrasca. Os santos por trás do milagre chamam-se melhor poder aquisitivo de baixa renda e a taxa de penetração desses artigos, ainda muito aquém da curva dos mercados

maduros. No país, para se ter uma ideia, cerca de 30%

das crianças continuam a usar a arcaica fralda

de pano, constrangi-mento que evidencia espaço considerável

para o avanço do tipo descartável.

Os resultados do setor, engrossado por fraldas ge-

riátricas, produtos para inconti-nência urinária e absorventes femininos, já exibem robustez nada infantil e estão bem acima do esquelético PIB nacional. Em 2013, as vendas de fraldas descartá-veis infantis somaram R$ 4,06 bilhões, 14,8% a mais do que em 2012, informa Luciana Ignez, analista de mercado da consultoria nielsen. A cifra corresponde a 6,49 bilhões de unidades comercia-lizadas no ano passado, expansão de 4,9% sobre o exercício anterior, ela acrescenta. No caso dos absorventes femininos, a receita bateu em R$ 1,79

Por que os descartáveis higiênicos não sentem as assaduras da crise

DEsCARTáVEIs hIgIênICOs

não cai de jeito nenhum

Fernanda de Biagio

bilhão, crescimento de 11,8% na mes-ma base de comparação, enquanto os volumes aumentaram 4,2% e chegaram a 6,02 bilhões de unidades. “Ambas as categorias são impulsionadas por um movimento de oferta de itens de valor agregado mais alto e por embalagens maiores e promocionais”, ela considera.

Ao longo de 2014, percebe Lucia-na, os gols contra tomados na economia por ora não afetaram o nicho das fraldas infantis. Seu faturamento subiu impres-sionantes 17,6% até agosto deste ano sobre o mesmo período de 2013. Por seu turno, a categoria de absorventes higiênicos está crescendo menos, mas ainda apresenta expansão de causar suspiros de inveja a muita gente: 9,3% nos oito primeiros meses, crava o sonar da Nielsen.

Pelo acompanhamento da con-sultoria, a oferta de fraldas infantis de melhor qualidade, por sinal, fez com que a média de compras diminuísse em anos recentes. Em 2010, o número

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ESPECIAL

27Outubro / 2014

plásticos em revista

de unidades adquiridas em um ano por domicílio chegava a 482. Em 2013, não ultrapassou 443. Em contraste, o ticket médio aumentou na categoria, saindo de R$ 16,30 para R$ 21,30.

O reduto de fraldas para adultos ainda é menor em volume e valores, movimentando aproximadamente R$

1 bilhão por ano no Brasil. Porém, alguns fatores conspiram a favor de sua expansão. Além de as pessoas estarem mais receptivas ao produto, o que incrementa sua fatia de penetração no mercado, a expectativa de vida da população melhorou. De acordo com a analista da Nielsen, de 2010 a 2013, a

taxa composta anual de crescimento do flanco das fraldas geriátricas foi de 17%. “Nos últimos anos, o segmento de roupa íntima descartável, as chamadas pants, ganhou proeminência. Esses artigos representavam 1% do faturamento da categoria em 2010 e, no ano passado, o índice saltou a 7%”, ela completa.

Luciana Ignez: cresce oferta de produtos de maior valor agregado.

Absorventes: mercado sem TPM.

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ESPECIALESPECIAL

28Outubro / 2014

plásticos em revista

Os negócios da baby roger, marca de médio porte de fraldas para bebês e adultos e cosméticos infantis, estão longe de um stress

daqueles capazes de suscitar incontinência urinária . Os resultados têm se mostrado mais do que satisfatórios, apesar de a grife brasileira estar prensada entre a con-corrência com um time de múltis (N.R.- a Kimberly clark negou entrevista) e uma infinidade de pequenos fabricantes locais, em boa parte adeptos da informalidade. Com sede em Várzea Paulista (SP), a indústria tem crescido acima da média do seu setor, devido a volumes de venda maio-

res e comercialização de artigos de valor agregado elevado, argumenta a coordena-dora de marketing Giselle Ferreira. Essa expansão exige investimentos contínuos e já resultou na instalação de uma planta em Pernambuco. Maquinário adicional, aliás, será colocado em operação até o início de 2015. O trunfo da Baby Roger, Giselle diz, é compreender a dinâmica da demanda de seu público e refletir essas expectativas em um portfólio em contínua atualização. Na entrevista a seguir, a especialista ainda aborda as evoluções da indústria no plano geral, inclusive em matérias-primas, e mu-danças do perfil do consumidor brasileiro.

pr – a associação brasileira da in-dústria de nãotecidos e tecidos técnicos (abint) divulgou que o segmento de des-cartáveis higiênicos, fraldas inclusas, está sofrendo este ano com a desaceleração da economia brasileira e importações chine-sas. a baby roger sentiu esse impacto nos negócios este ano?

giselle ferreira – Não. O mercado brasileiro de fraldas descartáveis cresce a uma taxa muito maior que o PIB. Este ano, o consumo desses artigos aumentou 14% em volume na comparação com 2013. Não existe importação de fraldas descartáveis prontas da China, apenas de matéria-prima.

Baby Roger consolida participação no mercado de fraldas infantis e geriátricas

Ativo fixo no berçário

DEsCARTáVEIs hIgIênICOs/FABRICAnTE

giselle Ferreira: negócio de fraldas infantis cresceu 70% em cinco anos.

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ESPECIALESPECIAL

30Outubro / 2014

plásticos em revista

pr – Quanto a receita da baby roger irá crescer em 2014 em comparação a 2013? e qual a projeção para 2015?

giselle ferreira – O mercado tem um crescimento estimado acima de 10% e costumamos projetar 35%. Mas a ex-pansão não é apenas do volume. Há um incremento nas vendas de produtos com mais benefícios, o que por sua vez possi-bilita o aumento do ticket médio de venda.

pr – a baby roger em 2014 e 2015 fez ou planeja fazer algum investimento em ampliação da produção?

giselle ferreira – Sim. Iniciamos

apenas 29% de lares brasileiros que ainda usam o tipo de pano ou não utilizam outro similar. A estimativa para 2015 é de 75% e em 2016, 79%. No começo dos anos 2000, a fatia detida pelo produto descartável era de apenas 20%. Ou seja, em 15 anos tivemos um crescimento da penetração dessas fraldas de 295%. Isso ocorreu porque, em duas décadas, o preço médio da fralda descartável no Brasil caiu de US$ 1 para US$ 0,10. Além disso, houve uma mudança significativa no mercado de tra-balho, hoje com incidência bem maior de mulheres. Uma mãe precisa de praticidade

me, na comparação com 2013. Em valor, a expansão é de quase 29%, mostrando um incremento no que se gasta com o produto. O foco sai do preço e vai para benefício. Hoje em dia, o Brasil fica apenas atrás dos Estados Unidos e China no consumo de fraldas descartáveis infantis.

pr – Qual foi a taxa de crescimento anual de seu negócio de fraldas geriátricas nos últimos cinco anos? a que atribui o desempenho desse mercado?

giselle ferreira – O mercado de fraldas adultas cresce 20% ao ano e já movimenta mais de R$ 1 bilhão, segundo dados da Nielsen. A população brasileira está vivendo mais tempo e tem mais qua-lidade de vida. Uma estratégia da empresa é não dialogar apenas com os idosos, pois o problema não acomete apenas a eles. Temos em mente que cerca de um terço das mulheres acima de 40 anos apresenta algum nível de incontinência, segundo a sociedade brasileira de urologia. Além disso, precisam desse produto pessoas que passaram por cirurgias, bem como cadeirantes e deficientes. Esse negócio tem crescido anualmente em nosso balanço, tanto em volume quanto em variedade de artigos.

pr – nos três últimos anos, quais melhorias em fraldas infantis e geriátricas a baby roger introduziu? como os nãote-cidos e filmes gofrados para backsheets contribuíram para esses avanços?

giselle ferreira – Há constantes melhorias na capacidade de absorção das nossas fraldas descartáveis, tanto nas infantis quanto nas adultas. No último ano renovamos todo o design das embalagens, deixando-as modernas e visualmente mais ajustadas ao público. Os nãotecidos con-tribuíram com novos tipos de tratamentos, direcionando o fluxo de líquido, aumen-tando a absorção e evitando vazamento. Os backsheets ajudaram na suavidade no

DEsCARTáVEIs hIgIênICOs/FABRICAnTE

Portfólio Baby Roger: foco no custo-benefício.

em 2014 a compra de equipamentos. Investimentos ainda envolvem atualização do layout da nossa linha de produção, treinamento de pessoal e aumento da infraestrutura para receber o novo maqui-nário entre o final deste ano e começo do próximo.

pr – pelo acompanhamento da baby roger, qual é a participação atual da fralda de pano nos lares brasileiros? essa fatia tem diminuído ao longo dos anos?

giselle ferreira – Segundo dados que recebemos da 3m, a estimativa de penetração das fraldas infantis descartáveis em 2014 será de 71%. Então, sobram

para trocar a fralda do filho, seja por não ter tanto tempo ou por deixá-lo em escolinha ou com algum parente.

pr – Qual foi a taxa de crescimento anual de seu negócio de fraldas infantis nos cinco últimos anos? a que atribui o desempenho desse mercado?

giselle ferreira – A Baby Roger acompanha o crescimento do mercado e, em cinco anos, acumulamos 70% de expansão em valor. Se focarmos apenas no Nordeste, esse incremento é ainda maior. Agora, verificamos a sofisticação do consumo. Neste ano, o consumo de fraldas descartáveis no país cresceu 14% em volu-

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31Outubro / 2014

plásticos em revista

Fraldas geriátricas: reduto de expansão mais acelerada.

toque da fralda, dando mais conforto aos usuários.

pr – em 2012, a baby roger aplicava em suas fraldas 10g/m² de nãotecido. essa gramatura ainda é mantida?

giselle ferreira – Sim, essa é a gramatura que utilizamos, o mínimo que encontramos no mercado brasileiro. Ela se tornou um padrão aceitável de qualidade, inclusive porque nunca testamos material com gramatura menor.

pr – Qual é a gramatura padrão do filme gofrado do backsheet utilizado em suas fraldas infantis? Qual era a espessura cinco anos atrás?

giselle ferreira – Utilizamos hoje 20g/m². Há cinco anos eram 23g/m². A mesma variação foi verificada nas fraldas para adultos.

pr – ao comprar uma fralda infantil, qual é a principal exigência do consumidor brasileiro, no plano geral?

giselle ferreira – O preço ainda é um atrativo muito grande na decisão de compra. Mas, com mais acesso à infor-mação, o consumidor compara marcas e preços, fazendo escolhas que garantam o melhor benefício. As pessoas estão em busca de produtos de maior qualidade e com preço adequado.

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EsPECIAL

pr – e no caso das fraldas geriá-tricas?

giselle ferreira – O público prioriza atributos como segurança e eficiência na absorção. Os consumidores querem um produto com qualidade, que possa ser usado para ir ao trabalho, a um passeio, ou mesmo para dormir sem se preocupar. Por isso, concentramos nossas ações na linha Plus. Modernizamos o mostruário para que as embalagens ficassem mais compactas, para melhorar a exposição na gôndola.

pr – pelo seu conhecimento, com qual frequência, em média, ocorre a troca diária de fraldas infantis no brasil hoje em dia e qual era essa frequência cinco

anos atrás? por exemplo, a troca é menos frequente devido à melhor performance do produto ou é mais frequente devido ao maior poder de compra da população?

giselle ferreira – Hoje, a troca é calculada em cinco fraldas por dia. Melhor performance do produto só faz diferença durante a noite, no sono do bebê, quando a fralda tem que durar de 10 a 12 horas sem vazar. Durante o dia, mesmo uma fralda com performance de 12 horas será trocada após cerca de três horas de uso. Há cinco anos, muitas mães colocavam a fralda descartável no bebê apenas para ele dormir ou quando saiam para um passeio. No dia a dia, utilizavam uma fralda de pano ou nada empregavam. Hoje, a população tem o poder de compra para utilizar a fralda descartável o dia inteiro.

pr – a baby roger continua a impor-tar suas matérias-primas (celulose e gel para absorção)? em caso afirmativo, de quais países a empresa compra os insu-mos e por que não opta por fornecedores nacionais?

giselle ferreira – Compramos celu-lose dos Estados Unidos e gel de polímero superabsorvente (SAP) da China e Japão, pois não encontramos nenhum produto similar nacional por aqui.

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ESPECIALESPECIAL

32Outubro / 2014

plásticos em revista

O mercado brasileiro de fraldas infantis, carro-chefe da indústria de descartáveis higiênicos, está sendo chacoalhado por um

tsunami japonês. O movimento, aliás, afeta toda a cadeia de suprimento, avalia Richard Company, diretor geral da clopay do brasil, papa mundial na extrusão de filmes gofrados e laminação de estruturas utilizadas no backsheet, ou cobertura exter-na, desses artigos. O executivo se refere à recente instalação, em Jaguariúna (SP) da planta da unicharm, com sede em Tóquio. Trata-se de uma das três maiores produ-toras do mundo do segmento, empenhada em firmar-se no país com o fornecimento de fraldas de predicados iguais às supridos pelas líderes Kimberly-clark (negou entre-vista), procter & gamble e Hypermarcas. “A

Unicharm é integrada em seus processos, tem qualidade diferenciada e assim vai elevar o padrão das fraldas vendidas no país”, antevê Company.

Categorias de fraldas premium deram um salto no Brasil em anos recentes. Por tabela, tomou impulsio o uso de películas gofradas com mais tecnologia embarcada, como as respiráveis, conta o diretor da Clo-pay, com matriz em Ohio (EUA) e unidades fabris nos Estados Unidos, Alemanha e Jundiaí (SP). Esses filmes, chamados de microporosos, permitem a ventilação e evaporação enquanto mantêm-se imper-meáveis. “O produto oferece mais conforto para a criança e para o adulto por diminuir a temperatura entre pele e fralda”, encaixa Fa-bio Fujimura, diretor de vendas e marketing da subsidiária brasileira do grupo.

O fornecimento de backsheet lamina-do, contendo nãotecido de polipropileno (PP) e película de PE, foi outra tendência alavancada pelas fraldas top de linha. “Os modelos munidos apenas de filme no backsheet ainda representam grandes volumes, mas crescem menos. Em regra, são artigos do tipo econômico”, esclarece Company. Outra tendência emergente entre os donos de marcas refere-se às proprie-dades para impressão, especialmente em fraldas infantis. Aliás, essa exigência da indústria final protege os fornecedores nacionais. Trazer um produto da China demora cerca de três meses e as mudan-ças no visual podem ser necessárias e de realização cobrada em tempo muito mais curto. “Além disso, as tarifas de impor-tação são altas, a logística é complicada e o câmbio é muito volátil”, assinala o diretor geral da Clopay. De fora, só entra um volume de descartáveis higiênicos sem expressividade de vizinhos do Mercosul. “Mas nem consideramos importações esses desembarques, pois estão dentro do bloco de comércio”, acrescenta o diretor. Pelas estimativas da empresa, o consumo

Concorrência refina exigências para filmes gofrados e laminados para backsheet

DEsCARTáVEIs hIgIênICOs/ FILMEs gOFRADOs

Corpo a corpo é isso

Fábrica da Clopay em Jundiaí: capacidade para 1.500 t/mês de backsheet.

Fraldas impressas: visual desponta entre os requisitos.

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ESPECIAL

33Outubro / 2014

plásticos em revista

brasileiro de filmes para descartáveis higiê-nicos está entre 66.000 t/a e 67.000 t/a ante capacidade instalada de 90.000 t/a no país.

Prioridade pétrea no ramo é a redu-ção da espessura do filme sem perda de desempenho, condição ligada ao custo e acessibilidade da fralda descartável a diferentes camadas de consumidores, esclarece Company. “Hoje em dia, a gra-matura dos gofrados usados pelas marcas

líderes anda em 16g/m²”, ele situa. Contu-do, é preciso lembrar que a maior parte dos fabricantes já usa ou está migrando para o backsheet lamina-do. “Em regra, essa estrutura possui 16g/m² do filme mais 12g/m² de nãotecido. São

cerca de 28g/m² mais o adesivo”, ilustra o porta-voz da Clopay. Segundo ele, as principais grifes de descartáveis higiêni-cos trouxeram a laminação para dentro de casa. “É uma forte tendência alavancada por questões econômicas”, Company considera. A Clopay, a partir da planta de Jundiaí, fornece tanto a película sozinha quanto o laminado de filme e nãotecido, dependendo da necessidade de cada

cliente. Filmes para absorventes femininos possuem gramatura igual à das fraldas infantis, enquanto nas geriátricas o índice varia entre 21g/m² e 22g/m². Pelas contas da empresa, o backsheet representa cerca de 18% do custo de uma fralda, podendo variar caso seja laminado ou não.

Como os líderes em fraldas no Brasil são empresas globais, sustenta Company, os produtos aqui manufaturados e ofertados em nada deixam a desejar em comparação àqueles supridos em mercados maduros, apesar do desnível na comparação de poder de compra populacional. Os filmes gofrados também refletem o grau de atualização tec-nológica. “Nossa produção aqui em Jundiaí é igual à da Alemanha ou Estados Unidos”, garante o diretor. Mas essa evolução é relativamente recente. “Há 10 anos, não havia fralda com filme respirável produzida localmente”, ele recorda.

Company e Fujimura: fraldas premium impulsionaram uso de estruturas laminadas.

Reiter: película importada tem preço mais atraente.

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ESPECIALESPECIAL

34Outubro / 2014

plásticos em revista

No segmento infantil, as fraldas da categoria premium detêm aproximadamente 12% de participação no mercado, retoma o fio Fujimura. Abaixo dela aparecem duas categorias intermediárias que, juntas, correspondem a 52%. O restante pertence aos artigos mais econômicos, chamados de low end. “Este último nicho correspondia a 70% do setor 10 anos atrás”, comenta o diretor de vendas e marketing. Para essa sofisticação, contribuíram a melhora de renda, disponibilidade de produto e preço final, ele atribui. Tanto é assim, coloca, que os redutos de maior expansão são os dois compartimentos intermediários, pois a qualidade é adequada e o desembolso por parte do consumidor não é tão alto.

Em 2014, os resultados da Clopay no Brasil ainda serão positivos, apesar da desaceleração geral da economia. De qualquer forma, a expansão será menor do que em anos recentes. Com menos dinheiro no bolso, a população reduz um pouco seu ritmo de compra, nota Fujimura. Segundo ele, se uma mulher usar um absorvente a menos por ciclo, que requer em média oito unidades, e uma mãe dispensar uma fralda da média de cinco ou seis unidades diárias, haverá uma queda direta de 10% nas vendas desses itens. No entanto, encaixa Company, antes de isso acontecer, as pessoas migram para modelos mais baratos.

Pelo acompanhamento da Clopay, a expansão do mercado de descartáveis higiênicos é de 3% a 4% ao ano. Daqui para

a frente, porém, o crescimento será dado a partir do incremento da penetração desses produtos nos lares brasileiros. “Como a taxa de natalidade no Brasil já é baixa, a tendên-cia aponta para menos consumidores de fraldas infantis ao longo do tempo”, projeta o diretor geral. A produção total da Clopay para atender aos redutos de fraldas infantis e geriátricas e de absorvente higiênicos está situada em 1.500 t/mês na unidade paulista. Por enquanto, a base brasileira importa de plantas da companhia o chamado filme elástico, cuja composição é sintetizada num mistura de resinas elastoméricas não reveladas e presente na denominada orelha, a parte lateral, de algumas fraldas premium. “O componente é usado para ajustar o pro-duto à cintura da criança, tornando-o mais confortável”, afirma Company. Produzir esse tipo de película no Brasil ainda é inviável por conta do volume. “A capacidade de uma só linha seria maior do que a demanda de toda a América Latina”.

Na percepção de Paul André Reiter, executivo do packing group, bólido na-cional em flexíveis, sua clientela de filmes gofrados mantém a busca pela redução de espessura e por produtos de toque mais suave. “No reduto infantil, há forte procura por impressões cada vez mais elaboradas”, ele reconhece, em sintonia fina com a visão da Clopay . A estimativa de Reiter quanto ao consumo anual de backsheet no Brasil ronda 30.000 t/a, destoando portanto da projeção do concorrente. Ponto nevrálgico

de convergência entre os competidores no ramo é na ociosidade na indústria. Segundo Reiter, a capacidade instalada no setor é de 40.000 t/a.

De acordo com o transformador, a média da gramatura das películas dispo-níveis no Brasil está entre 20g/m² e 22g/m². Porém, quando o filme é utilizado em estruturas laminadas, já fornecidas por sinal pelo Packing Group, a tendência é que sua gramatura caia para 14 g/m², Reiter afiança. O laminado ganha em toque e maleabilida-de, mas a oferta de nãotecido para tanto é restrita, ele insere. A empresa produz atual-mente 10.000 t/a de filmes para descartáveis higiênicos, porém já planeja expansões para 2015. “Esse mercado tem aumentado sua relevância para nosso grupo e estamos bastante atentos a oportunidades”, ele comemora, sem abrir o faturamento. Suas linhas de extrusão e laminação, por sinal, não refletem a ociosidade do segmento. “Estamos com a produção interinamente tomada”, ele acrescenta.

Entre os diferenciais do menu do Pa-cking Group, fisga Reiter, pinta a coextrusão dos gofrados, conferindo-lhes propriedades mecânicas superiores, e sua impressão de até oito cores. “O mercado atua, no plano geral, com máquinas monocamada e im-pressão de até duas cores”, ele assevera. Reiter, por seu turno, vê inquieto a entrada de produto importado. Em regra, afirma, ele desembarca com preço mais atraente, remetido por transformadores do Chile e Ar-gentina, por exemplo, com acesso facilitado a resinas mais baratas que os competidores brasileiros. “A petroquímica nacional deveria olhar a situação com grande preocupação”, ele sublinha. Por essas e outras, estima, por aqui, a participação no Brasil do gofrado no custo de uma fralda infantil ronda 15% a 20%, “enquanto para o tipo adulto e ab-sorventes femininos a fatia salta para 30%”, Reiter completa.

DEsCARTáVEIs hIgIênICOs/ FILMEs gOFRADOs

Filmes gofrados: cresce a demanda pelo tipo respirável.

Absorventes: gofrados de gramatura similar à das fraldas infantis.

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ESPECIALESPECIAL

36Outubro / 2014

plásticos em revista

Evolução de nãotecidos para fraldas e absorventes está costurada com a melhora do poder aquisitivo

Enquanto a indústria nacional,no plano geral, convulsiona no fundo do poço, o reduto de absorventes higiênicos pinta feito ilha paradisíaca

num mar de superlativos. No sismógrafo da consultoria nielsen, por exemplo, fraldas e absorventes foram os campeões de vendas da categoria de produtos higiênicos no canal farma em 2013. No mesmo período, segundo a fabricante Hypermarcas, o mer-cado brasileiro registrou compras de fraldas quatro vezes ao mês na média de três a quatro pacotes por semana. Para apimentar ainda mais a relação desse oásis com os investi-dores, o segmento de fraldas para adultos cresce à taxa anual de 20% e movimenta em torno de R$ 1 bi. A sociedade brasileira de urologia projeta em 10 milhões a parcela da população com incontinência urinária e, ainda no plano demográfico, os idosos hoje compõem 12% dos habitantes e devem passar a 18% em 2030.

São motivos de sobra para a indústria de nãotecidos, em especial de polipropileno (PP), soltar rojões de alívio num momento de piora generalizada entre mercados seus, que o digam calçados e componentes automoti-vos. A associação brasileira das indústrias de nãotecidos e tecidos técnicos (abint) negou entrevista, mas o espírito da coisa é retratado pelo clima na fitesa, formadora de opinião mundial no ramo e integrante da holding brasileira Évora. À frente de seis fábricas no continente americano, três na Europa e uma na China, a empresa trombe-teia a decisão de investir R$ 160 milhões em

sua segunda planta de nãotecidos no Brasil e declarou como justificativa na mídia o florescimento da procura por absorventes higiênicos. Somada à unidade de 54.000 t/a em Gravataí (RS), a futura planta em Cosmópolis, interior paulista, elevará a capacidade da Fitesa para 74.000 t/a. Além de marcar em cima da pinta os principais centros do consumo nacional, ambas as fá-bricas acham-se próximas de suas fontes de polipropileno (PP), as unidades da braskem em Triunfo (RS) e Paulínia (SP). “A planta em Cosmópolis estará rodando a pleno no segundo semestre de 2016, o ano de partida da operação, e os planos são de exportar 20% da sua produção para o restante da América do Sul”, antecipa Mariana Mynarski, gerente corporativa de Recursos Humanos e ex-gerente comercial da Fitesa.

Importações de nãotecidos chineses dão enxaqueca nessa indústria na América do Sul, em especial no Brasil. No entanto, a perspectiva de crescimento na região do ex-cedente exportável da China, para compensar o atual resfriamento da sua demanda interna, não aparentam refrear os planos de vendas internacionais da operação da Fitesa no Brasil, apesar dos nossos reconhecidamente onerosos custos de manufatura, exemplifica-dos pela carga tributária, energia elétrica e matérias-primas. “A competitividade da Fi-tesa está lastreada na excelência operacional e base tecnológica”, rebate Mariana e, a favor do seu argumento, servem de referência duas linhas Reicofil 4 na ativa em Gravataí, gemas da alemã reifenhäuser para a produção de nãotecidos spunmelt. Escorada na presença da filial da Fitesa em Tianjin, a gerente con-

O guardião da performanceDEsCARTáVEIs hIgIênICOs/nãOTECIDOs

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ESPECIAL

37Outubro / 2014

plásticos em revista

trapõe que, apesar do refreamento em curso da demanda, planejado pelo governo chinês e sem término previsto , “o mercado do país e o asiático como um todo continuarão a crescer nos próximos anos”.

O desembarque de nãotecidos e produ-tos acabados da China, considera Mariana, pode impactar alguns campos de atuação da Fitesa, mas não a totalidade da base de clientes. “Do ponto de vista de nãotecidos,

nossos parceiros (fabricantes de descartáveis higiênicos) prezam qualidade, serviço e relacionamento de longo prazo”, ela argumenta. “Por sua vez, clientes regionais e globais dispõem na Fitesa de uma solução integrada e de padrão de atendimento imutável em qualquer lugar do planeta”. No plano especí-

fico do Brasil, concorda Mariana, o mercado de nãotecidos é atazanado há alguns anos pela concorrência chinesa. Pelo flanco das exportações brasileiras do produto, a gerente aponta obstruções no caminho de sua em-presa a cargo das barreiras comerciais da Argentina. O charme do mercado interno, no entanto, compensa todos esses torcicolos, deixa claro a porta-voz da companhia. “O consumo brasileiro de descartáveis higiê-

nicos tem sido impulsionado pelo aumento da renda e envelhecimento da população”, distingue Mariana. “Além disso, se entrar na categoria de fraldas e absorventes, difi-cilmente esse consumidor sairá, reduzindo assim o impacto da crise econômica sobre o movimento desses produtos”. No embalo da cintilação dessas estrelas, a gerente serve à mesa a estimativa de um crescimento médio acumulado de 3,3% na demanda doméstica de nãotecidos para aplicações higiênicas entre 2013 e 2018. “Para o período de 2012 a 2017”, ela intercede, projetamos aumento médio acumulado de 2,7% para a demanda de fraldas infantis”. Com esse respaldo, amarra Mariana, “a Fitesa acredita que em todo momento de crise existe uma oportu-nidade e, por isso e para poder acompanhar a evolução da procura por nãotecidos, seguimos ampliando nossa capacidade”.

Pelo andar da carruagem captado no

gravataí: aprimoramento da suavidade e elasticidade de nãotecidos.

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38Outubro / 2014

plásticos em revista

sonar da Fitesa, a fralda de pano, apesar de enaltecida por opositores ao plástico, tem seu raio de alcance circunscrito a regiões muito pobres do Brasil, situa Mariana. Por seu turno, ela coloca, a fralda descartável desfruta taxa de penetração ao redor de 70%, estimativa lastreada numa quantidade míni-ma de uso diário do produto. “A penetração aumenta de acordo com a melhora do poder aquisitivo”, frisa. No tocante à fralda geriátri-ca, embora declare carecer de informações mais precisas, a executiva projeta a atual taxa de penetração ao redor de 7%. Por fim, na esfera dos absorventes femininos, Mariana indica penetração aproximada de 65% na população, projeção também calibrada por um número mínimo de uso diário desse tipo de descartável higiênico.

Nãotecidos têm contribuído para o desempenho das fraldas e absorventes ma-nufaturados no Brasil, influindo em atributos como conforto, acabamento, retenção de

líquidos e redução de vazamentos e espessu-ras. Uma referência nesse sentido, solta Mariana, são nãotecidos mais su-aves. A Fitesa, por sinal, desenvolveu em Gravataí esse tipo de produto para componentes críticos de fraldas, caso de orelhas e coberturas internas e externas. Trata-se, segundo a empresa, de nãotecido spunbond mais macio, resultante de recursos como padrão de calandragem suave C-ROD e colmeia. Outra alternativa acenada: o não-tecido bicomponente (PP/ polietileno) com padrão suave de calandragem. Na mesma trilha dos aprimoramentos em descartáveis higiênicos, Mariana destaca sistemas de fechamento mecânico e o emprego de ma-teriais elásticos. Novamente, a Fitesa forma opinião no setor com seus nãotecidos de

alto alongamento, baixa gramatura e propriedades elásticas para as coberturas de fraldas infantis. De acordo com a empresa, constam de nãotecidos a partir de tec-nologia de cardados conso-lidados termicamente (ther-mobond) e fibras extensíveis especiais. No gramado da

sustentabilidade, a triangulação entre Fitesa, braskem e a norte-americana natureWorks resultou na introdução, desde setembro de 2013 em descartáveis higiênicos nos EUA, de um nãotecido bicomponente, mérito da junção de dois polímeros de fonte renovável: capa de PE verde, formulado pelo grupo petroquímico brasileiro com eteno gerado pela rota do etanol, e núcleo de ácido poli-lático (PLA), o plástico biodegradável mais consumido no mundo e cuja produção a NatureWorks lidera.

Neymar dos masterbatches no país, a cromex aumenta o assédio sobre o segmento de nãotecidos. “Incrementamos recentemente a oferta de concentrados brancos de alta dispersão, para atender a demanda carente de materiais capazes de evitar o entupimento de fieira”, expõe Giovanni Dias, especialista de brancos, pretos e aditivos da componedora. “Tam-bém cobrimos nãotecidos com aditivos antiestáticos e antioxidantes e, para hi-

dratação, contamos com extratos de vera e camomila”. Na esfera dos filmes gofrados, Dias brande novidades tipo masters brancos com tecnologia antilacing, para zerar a possibilidade de microbolhas nas películas, além de cargas minerais soft touch e tensoativos para proteção da pele, provendo melhor distribuição do líquido no backsheet de descartáveis higiênicos.

A influência da colagem na qualidade final do nãotecido inspirou o lançamento da série de 12 adesivos inodoros hot melt

Higimelt pela adecol. “As fraldas, por exemplo, empregam cola na sua construção, posicionamento e no elástico”, aponta o diretor comercial Alexandre Segundo. “Higimelty entrega soluções de características diferentes para cada uma dessas etapas e sem risco de afetar as partes íntimas”.

Na composição de Higimelt, solta conciso o diretor, entram ingredientes como polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) metalocênico e copolímeros de bloco tipo estireno/isopreno e esti-reno/butadieno. A formulação permite ao equipamento de aplicação do adesivo trabalhar com capacidade máxima, assegura Segundo. “A série Higimelt prima pela resistência em presença de umidade, não sofre carbonização no coleiro, não exala fumaça nem forma fios (cabelos de anjo) durante o uso”, sustenta o executivo. “Além do mais, requer temperaturas inferiores às exigidas pela concor-rência para chegar ao ponto de aplicação”. Como a introdução de Higimel é recente, argumenta Segundo, o raio de suas vendas por ora se circunscreve a fabricantes menores e médios de descartáveis higiênicos. “Mas prevemos forte fornecimento aos grandes do setor em 2015”, ele confia.

masters e adesivOs Que lapidam as fraldas

segundo: adesivos mais específicos para nãotecidos.

Absorventes descartáveis: taxa de 65% de penetração no Brasil.

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39Outubro / 2014

plásticos em revista

EsPECIAL

Cadeira cativa de polietileno (PE) em descartáveis higiênicos o filme gofrado consagrou-e no backsheet, ou cobertura externa

de fraldas e absorventes. Acontece que a dow chemical foi além e hoje seus grades têm grande potencial de uso em outros componentes desse reduto. Nº1 mundial em PE, o grupo norte-americano está atacando as partes de nãotecidos (ver à página 40), cadeira cativa do polipropileno (PP), tanto em topsheet (a cobertura interna), quanto em estruturas laminadas filme/nãotecido no backsheet. Outra frente de avanço de PE: os filmes elásticos nas orelhas de fraldas, elemento que proporciona melhor ajuste ao corpo e, por isso, aprimora a capacidade de contenção de fluidos, explica Beatriz Goldaracena, gerente de marketing das áreas de higiene e medicina da Dow na América Latina. “Hoje em dia, os filmes elásticos são muito utilizados em artefatos

premium”, ela assinala. Embora esses filmes, feitos de elastômeros com base em PE das famílias Infuse, Versify e Affinity da Dow, não sejam produzidos no Brasil, eles aparecem cada vez mais nos descartáveis higiênicos vendidos por aqui, constata a porta-voz.

Para o mercado de descartáveis higiê-nicos a empresa desenvolveu Agility 6047, grade de polietileno de baixa densidade linear (PEBDL). “Em combinação com polietileno de baixa densidade (PEBD), a resina permite baixar a gramatura dos filmes, enquanto evita seu alongamento e confere, ao mesmo tempo, maleabilidade”, Beatriz descreve. Aliás, essa diminuição de gramatura do gofrado é demanda in-cessante no Brasil e países vizinhos, sob o atrativo da redução de custos. Fora da esfera do preço, intercede a executiva, o público de descartáveis higiênicos procura discrição, por isso as espessuras estão, de

forma geral, cada vez menores. “As pessoas não querem que outros percebam o uso de um absorvente ou de um produto para in-continência urinária”, justifica a gerente da Dow. Segundo ela, não há receita ideal para as blendas com teores de PEBDL, PEBD e polietileno de alta densidade (PEAD) aplicadas em gofrados para fraldas e ab-sorventes. “PEBD traz processabilidade, enquanto o tipo linear garante o balanço entre rigidez e maleabilidade. PEAD, por seu lado, assegura resistência”, ela alinha.

A principal função do backsheet, prossegue Beatriz, é reter todo o líquido dentro da fralda ou do absorvente. Por isso, uma das principais exigências das marcas é que o filme não fure. Pode parecer óbvio, mas essa necessidade é um desafio para transformadores e produtores de matérias--primas, pois a película gofrada entra em contato direto com o gel superabsorvente que, antes de captar o líquido, apresenta-se

Desempenho das fraldas e absorventes deve muito à ourivesaria de PE e PP

Os grades que não dão furoDEsCARTáVEIs hIgIênICOs/REsInAs

Fraldas infantis: filme elástico debuta em modelos premium.

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40Outubro / 2014

plásticos em revista

Protetores diários: aumento recente das vendas.

A norte-americana dow chemical desenvolveu uma família de polietileno (PE) grau fibra, chamada ASPUN, para produção de nãotecidos com tecnologia spunbond monocomponente e bicomponente. As resinas têm potencial para substituir

o polipropileno (PP), polímero consolidado em descartáveis hi-giênicos em partes como topsheet (a cobertura interna de fraldas e absorventes) e no backsheet (cobertura externa) laminado com filmes de PE. No último caso, o nãotecido de PE oferece toque mais macio e suave versus PP, além de assegurar melhor caimento ao corpo, explica Beatriz Goldaracena, gerente de marketing para o segmento de higiene e medicina da Dow na América Latina.

Na região, aliás, o trabalho para promover essa migração embute uma ofensiva na cadeia. Começa pelos produtores de maquinário e passa por fabricantes de nãotecidos e convertedores

até bater às portas dos formadores de opinião em descartáveis higiênicos. O parque de máquinas latino-americano é em regra monocamada e desenhado para processar PP, mas com ajustes poderia alterar o material. “Só é necessário fazer modificações nos parâmetros de processo para trabalhar com PE”, esclarece Beatriz. Segundo ela, o mercado está muito inclinado a adotar o nãotecido de PE mas, como a indústria de descartáveis higiênicos é intimamente ligada a aspectos de saúde, toda mudança demora um pouco para acontecer. “Porém, já percebemos um engajamento da cadeia inteira”, ela comemora. Já na Europa e Estados Unidos, onde os equipamentos são bicomponente, o nãotecido de PE já é aplicado. “Há estruturas que têm PP por dentro e PE por fora”.

A vantagem para o convertedor está no reaproveitamento das rebarbas de produção. Como o nãotecido é do mesmo material que o filme, as aparas podem voltar ao início da linha, comenta Beatriz. Outros benefícios podem chegar com o barateamento do PE nos EUA devido à obtenção de eteno via gás de xisto, mas o repasse dessa redução de custo ainda depende da eficiência da transformação, conclui a gerente da Dow.

como uma areia e pode provocar microfuros na película. “Se deixar vazar, o backsheet não cumpre seu papel primordial”, condi-ciona a especialista da Dow. Além disso, as blendas precisam ser ajustadas para não permitirem o alongamento do filme, atributo que contribui para a estética e evita distorções na impressão. “Essa característi-ca também é importante na fabricação dos descartáveis higiênicos, pois indicam aos sensores do maquinário onde começa e termina cada produto”, ela esclarece. Outras propriedades fundamentais cobradas de PE em gofrados incluem flexibilidade, para

ajuste ao corpo, e a ausência de ruído, par-ticularidade relacionada à discrição no uso.

O mostruário brasileiro de fraldas infantis e adultas e absorventes femininos, sustenta Beatriz, está em linha com simila-res ofertados ao redor do mundo. “Diversos fabricantes de descartáveis higiênicos, transformadores e fornecedores de resinas são empresas transnacionais e, por isso, a tecnologia é compartilhada por todos os cantos do planeta. Creio que a América Latina esteja até mais avançada no quesito baixa gramatura, devido a questões de custo e sustentabilidade”, ela nota. Na região, a tendência de laminação do filme com nãote-

cido no backsheet veio para ficar. “Algumas fraldas ainda permanecem somente com o filme no backsheet mas todas devem migrar, com o passar do tempo, para a estrutura laminada”, ela antevê. “O consumidor está cada vez mais exigente, buscando conforto, suavidade e conveniência”. O nãotecido no backsheet tem a função de proporcionar maciez ao toque, como se fosse um tecido de verdade, esclarece Beatriz.

Para calibrar sua investida, a Dow se escora em projeções como a da consultoria euromonitor. Ela aponta para um cresci-mento médio do mercado de descartáveis higiênicos em 3% ao ano na próxima década. De acordo com Beatriz, esse viés ascendente está alinhado à expansão do PIB e melhora do poder aquisitivo de baixa renda, com consequente acesso a novos produtos. “O consumidor brasileiro é muito inclinado a experimentar e se começa a usar fralda descartável não volta atrás”,

pp Que se cuide

Fraldas: PE assedia nãotecidos.

Lombardi: PP contribui para reduzir paradas de limpeza na produção de nãotecidos.

DEsCARTáVEIs hIgIênICOs/REsInAs

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plásticos em revista

EsPECIAL

bardi, gerente comercial para polipropileno (PP) da Braskem, atribui a nãotecidos o naco de 10% do volume de vendas internas desse termoplástico da empresa. Desse qui-nhão, ele esmiúça, descartáveis higiênicos embolsam cerca de 60% e, para o quinqu-ênio 2013-2018, o executivo projeta para esse reduto crescimento médio de 4%. Pelo flanco das melhorias na resina para trabalho com nãotecidos, Lombardi comenta o fluxo, pelo pipeline do grupo, de desenvolvimen-tos com vistas à redução de paradas para limpeza de linhas, trunfo para a vida útil de esteiras e filtros, ou então, grades passíveis de contribuir para a maciez e resistência do nãotecido a menores gramaturas. O desafio, ele deixa claro, está embutido na avantajada e multifacetada infra de processo em alta

observa a gerente. No caso das mulheres, um impulso que ganha força na América Latina é o uso de protetores diários. “Nos Estados Unidos e Europa, esses artigos já estão consolidados”, compara Beatriz. Outra mudança cultural está nos produtos para incontinência urinária, antes fora do radar dos consumidores brasileiros. “Esses itens trazem conforto para adultos ativos, melhorando sua qualidade de vida”, ela completa.

No portfólio de PE da braskem, o hit da temporada para filmes gofrados toma corpo no grade de alta densidade aditi-vado HD3000S. Fabio Agnelli Mesquita, engenheiro de aplicação de PE do grupo, recomenda a resina para o backsheet de fraldas por aprimorar a rigidez das películas, entre outros pontos altos em características mecânicas, além da facilidade de proces-samento. Sob a alegação de constituírem informações confidenciais, Mesquita emu-dece quando questionado sobre o mercado de gofrado em descartáveis higiênicos, padrão doméstico e internacional de espessuras da película, tipos de blendas adotadas no filme e suas peculiaridades para uso em absorventes femininos, fraldas infantis e geriátricas.

Muito menos arisco, Gustavo Lom-

Beatriz goldaracena: América Latina está avançada em gramaturas mais baixas.

Backsheet: PE colabora na contenção de fluidos.

velocidade, compreendendo a extrusão plana de filamentos de baixo título depo-sitados em esteiras, submetidos a seguir à calandragem. As bobinas jumbo resultantes vão para a etapa complementar do corte. “Buscando minimizar os impactos das paradas parta limpeza e set ups, PP deve conferir, mediante distribuição de massa molar e índices adequados de fluidez e aditivação, estabilidade e resistência aos filamentos na extrusão, formando a manta de nãotecido”, assinala. “Além disso, a formação de oligômeros (tipo de cera que se acumula) no processo deve ser ínfima, de modo a prolongar a produção entre as paradas para limpar a máquina”. •

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3 questões

Antes sócios de carteirinha das pro-vas de automobilismo, os motores turbo têm sido popularizados em virtude de um apelo desconectado

do circo da F-1 e antenado na sustentabi-lidade: o canto da sereia da economia de

combustível. Em torno de cinco anos, essa tendência, já visível no Primeiro Mundo, deve encorpar no Brasil, pelas mãos de um movimento liderado por modelos premium montados aqui por marcas alemãs, caso da bmW, audi e mercedes benz, prevê Peter Browning, diretor para o mercado automo-tivo da solvay engineering plastics. Esse upgrade sob o capô, aliás, traduz boa nova para peças de plásticos de engenharia, pois o material tem potencial de deslocar partes de metal e borracha em motores turbo, deixa claro o expert nesta entrevista.

pr – por quais razões os motores turbo têm mais plásticos de engenharia do que os tipos convencionais de combustão interna?

browning – O propósito do turbo é aumentar a quantidade de ar no motor

com maior pressão na admissão de ar, o que torna o processo de combustão mais eficiente. No entanto, o efeito colateral da pressão mais alta é também um incremento da temperatura do ar. Em consequência, os engenheiros precisam desenvolver siste-mas para resfriar o ar a um nível aceitável. Isso, normalmente, é feito por meio de um sistema de arrefecimento de ar (CAC), por vezes chamado de intercooler, convertido em três partes: um trocador de calor ar/ar de metal e duas conexões de extremidade, na maioria dos casos feitas de poliamida (PA). Esse equipamento tem um “lado quente” que leva o ar comprimido do turbo ao CAC, bem como um “lado frio”, que leva do CAC para o coletor de admissão de ar. Devido a requerimentos técnicos, esses dois dutos de ar são candidatos naturais a usarem plásticos de engenharia com base em PA. PA 66 é uma solução com bom custo-benefício, que combina resistência térmica e mecânica. Exemplos atuais de aplicações de PA 66 incluem: duto de ar do turbo/lado frio e lado quente (injeção e sopro); tanque CAC/lado frio (material padrão); tanque CAC/lado quente (material com resistência térmica) e coletor de admissão de ar.

pr – pela sua experiência, quanto tempo vai levar para que montadoras no brasil substituam motores tradicionais pela versão turbo? se a mudança não for total, quais categorias de veículos permanecerão com motores convencionais?

Motores turbo caem do céu para os plásticos de engenharia, atesta diretor da Solvay.

Vai ser um arrasoPETER BROwnIng/sOLVAy

Fernanda de Biagio

Motor turbo Vw: controle de temperatura exige substituição de metais e borrachas.

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browning – O principal fator por trás da adoção do turbo é a melhora da eficiência no uso de combustível e não o desempenho esportivo. A Solvay acredita que o governo brasileiro irá seguir as tendências estabe-lecidas em outras regiões do mundo e que sistemistas verão o turbo como uma boa opção para se adaptarem a novos padrões. Com relação ao tempo para adoção da

tecnologia, montadoras só irão considerar o turbo quando elas introduzirem um novo modelo de motor. Como ciclos para motores são longos, entre dez e 12 anos, isso pode levar um tempo considerável.

Com 2,5 milhões e 4 milhões de carros na Ásia e Europa, respectivamente, usando motores turbo a gasolina em 2013, essa tecnologia atingirá 7 milhões de veículos nos dois continentes em 2018. Esperamos o mesmo tipo de tendência no Brasil, mas com pequeno atraso – em 2018, cerca de 140.000 veículos devem conter motor turbo no país, inclusos numa produção total de 3,9 milhões de unidades.

pr – analistas concordam que, no curto prazo, produção e vendas de veículos no brasil crescerão de forma muito lenta, contando com capacidade instalada esti-mada em 5 milhões de veículos por ano e que deve crescer em breve. essa situação

poderia postergar a adoção, em larga es-cala, dos motores turbo?

browning – Em outras regiões no mundo, motores turbo se espalharam a partir de modelos esportivos para sedãs de luxo e, posteriormente, aos carros compactos. Cada vez mais, o propulsor de mercado não é o desempenho esportivo, mas a eco-nomia de combustível. Assim, a tecnologia está sendo adotada de forma crescente. Já começamos a ver modelos de carros com múltiplos turbocompressores (até três em um mesmo veículo) ou turbocompressores elétricos, que evitam o fenômeno chamado turbo lag (o tempo que leva para o turbo ser acionado depois que o motorista pisa no acelerador). No Brasil, a Solvay espera ver a mesma curva de implementação da tecnologia, primeiramente em modelos esportivos, depois em sedãs e, por fim, nos segmentos restantes. •

Browning: PA 66 sobressai em tanques CAC, coletores de admissão de ar e duto de ar do motor turbo.

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3 questões

Otávio Carvalho, sócio executivo da consultoria maxiQuim, aponta nesta entrevista uma conjunção de fatores sem equivalente no passa-

do da petroquímica mundial. A América do Sul, ele deixa claro, entra nessa foto como um dos canais de desova do excedente de resinas internacionais mais acessíveis, situação agravada pela deflação mundial sem fim à vista, a erupção da petroquímica norte-americana movida a gás de xisto, desaceleração da China e a necessidade

crescente de importações complementares de poliolefinas (e PVC) para corresponder, em poucos anos, ao crescimento do consu-mo sul-americano, mesmo sujeito a altos e baixos em sua caminhada.

pr – as exportações norte-ameri-canas de poliolefinas para a américa do sul deverão praticamente dobrar em cinco anos, segundo a consultoria iHs. como essa projeção afetará a competitividade dos produtores de pp e pe na região?

carvalho – Há alguns fatores a con-siderar. Primeiro, nunca houve na história recente da petroquímica tamanha diferença de custos de produção entre produtores base gás e base nafta. Segundo, tampouco houve crescimento da demanda tão con-centrado em apenas uma região do mundo, em economias emergentes de elevada taxa de crescimento econômico, como China. Terceiro, nunca houve tamanha expansão de capacidade em um mercado maduro como a América do Norte. Esses três fatores combinados são raros e, provavelmente, não serão repetidos nas próximas décadas.

Sob este cenário transcorre a análise de timing, capacidades e custos de matérias--primas relativos a projetos de expansão da capacidade de poliolefinas na América do Sul. O fato de esses projetos terem uma competição desigual, pelo lado dos custos, é o que os posterga ou cancela, conduzindo a projeções de aumento das importações sul americanas. Como a história nos tem prova-do, alguns projetos ficam pelo caminho, seja devido a custos, mercado, disponibilidade de matérias-primas, política etc. É muito provável que não sairão do papel projetos cuja competitividade é comprometida por esse novo cenário.

pr – braskem sustenta que a capaci-dade do brasil e argentina é suficiente para suprir a demanda brasileira de pe até 2020. mas como viabilizar, economicamente, a continuidade desse suprimento com custos de produção muito acima dos desfrutados pela resina obtida da rota do gás de xisto nos eua?

carvalho – A capacidade brasileira de PE é de 3,025 milhões de t/a e a da

uma situação inédita

OTáVIO CARVALhO/MAxIquIM

Na América do Sul, a questão não é mais de onde vem a resina, mas quem vai suprir o mercado, constata diretor da MaxiQuim.

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Argentina, 660.000 t/a. O consumo somado nos dois países ronda 3,2 milhões de t/a. No papel, com projeções de crescimento modestas, poderíamos dar conta. Porém, plantas petroquímicas em geral rodam no limite pouco acima de 90% de suas capa-cidades. Se considerarmos as limitações no fornecimento de gás na Argentina e Brasil,

além dos eventuais problemas operacionais e manutenções programadas, teríamos uma capacidade efetiva próxima de 3,4 milhões de t/a. Porém, tanto a dow (N.R.- único produtor de PE na Argentina) tem condições de abastecer clientes com suas fábricas em outras regiões, sobretudo os EUA, como braskem pode, a partir de 2015, começar a trazer resinas produzidas no México. A questão não é mais de onde vem o produto, mas quem vai suprir o mercado.

pr – segundo a iHs, o brasil depen-derá de importações complementares de pp a partir de 2016 e, em 2018, à sombra de propeno mais barato os eua voltarão a exportar o polímero com vigor. Quais as consequências disso por aqui?

carvalho – Nossa capacidade local é da ordem de 1,9 milhão de toneladas e o consumo ronda na faixa de 1,5 milhão. Mesmo considerando a capacidade efetiva,

teremos autossuficiência pelo menos até 2017 e, se necessário, desgargalamentos poderão ser feitos. Quanto aos EUA, tem vários projetos de expansão de capacidade de propeno, mas muito poucos de PP e estes ainda assim previstos para partir apenas ao final da década. Assim, a volatilidade de preços de propeno tende a ser menor a partir da entrada das plantas on-purpose, seja via desidrogenação de propano (PDH) ou outra tecnologia. Mas não creio em preços baixos. O Capex (investimento em bens de capital e instalações) dessas plantas é elevado e não há, como no caso do eteno, uma vantagem tão grande do ponto de vista de custos. Ou seja, esse movimento vai resolver o problema local, mas não será suficiente para mudar a lógica de outros mercados e ainda estará sendo ofuscado pela expansão da capacidade na China, essa sim, bastante robusta no propeno e PP. •

Carvalho: três causas da reviravolta.

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gEsTãO

Tão incomum quanto emitir relatórios anuais de sustentabilidade é uma transformadora de plástico ser vista como musa inspiradora em termos

de política de recursos humanos (RH). Em ambos os casos, reluz a catarinense termotécnica, bússola do setor de polies-tireno expandido (EPS), e o mais recente polimento nessa imagem foi dado pela inserção da empresa num tipo de ranking em geral considerado uma sala de estar para múltis e maiorais nacionais: o guia 2014 “As melhores empresas para você trabalhar”, da revista “Você S/A”.

Integrada do EPS às embalagens e peças técnicas e com sede em Joinville, uma fábrica filial em Santa Catarina, uma no Rio Grande do Sul, uma no Paraná, duas em São Paulo, uma em Goiás e uma em Per-nambuco, a Termotécnica totalizou 1.226 empregados, com oito anos em média de casa, à época do levantamento nacional para o guia. O pente fino mimoseou a in-

dústria presidida por Albano Schmidt com índice de 60,9 relativo à qualidade na gestão das pessoas e seus funcionários a contem-plaram com 75,5 no quesito de qualidade de ambiente de trabalho, desembocando na nota final de 71,1 para o denominado índice de felicidade no trabalho.

Em momentos como o atual, da eco-nomia brasileira no estaleiro, a serventia de uma política de RH mostra-se particu-larmente providencial, ilustra a estratégia da Termotécnica. “O papel da liderança tem sido fundamental para não deixar a peteca cair”, expõe a gerente de gestão de pessoas Clea Biscaia. Em reuniões mensais de divulgação de resultados, a cúpula informa a situação de forma clara e objetiva aos funcionários “para que também entendam porque determinadas ações são ou não realizadas”, ela completa. Outro motivador do pessoal, ainda mais milagreiro em tem-pos bicudos, é o programa de participação nos resultados. “A cada mês, todos ficam

sabendo quais indicadores cobram mais atenção para o cumprimento das metas”, explica Clea, encaixando como elemento fundamental a comemoração conjunta des-sas conquistas. As metas dos indicadores por áreas da empresa são definidas por diretores e gerentes. Além da diretoria, os objetivos são validados por um comitê de empregados das áreas envolvidas e repre-sentantes sindicais dos trabalhadores. Os resultados são atualizados num mapa estra-tégico, detalha Clea, e seu monitoramento é norteado pela metodologia Balanced Score Card (BSC), a cargo da área de gestão de

Por que a Termotécnica virou a referência da transformação de plástico em RH

TERMOTéCnICA

Aqui é o segundo lar

Clea Biscaia: transparência na divulgação mensal dos resultados.

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pessoas. “O programa é contabilizado de janeiro a dezembro do ano vigente e os resultados são auditados no início do exercício seguinte e divulgados a todos pela diretoria em março”, esclarece a gerente. A iniciativa prevê o pagamento máximo anual de 1,1 salário a cada funcionário e as metas são compostas pelo resultado econômico da Termotécnica e indicadores operacionais (alcançados em cada área). “Além disso, a empresa dá um bônus de segurança de 10% caso o ano vigente tenha transcorrido em acidentes”, ela distingue. Em 2013, exemplifica, o programa de participação de resultados contemplou 90% do quadro de pessoal com o pagamento de até 60% do salário nominal, saldado em parcela única em março de 2014.

O progra-ma de participa-ção de resultados consta do pacote de benefícios. En t r e ou t ros pon tos a l tos dele, Clea pinça o plano de saúde sem mensalida-de, extensivo ao cônjuge e filhos e com subsídios a partir de 60% para exames, consultas e cirurgias eletivas. “Em casos de operações de emer-gência, a cobertura é de 100%, inclusa a internação”, ela completa. Na mesma trilha, a gerente cita o convênio com farmácia, para desconto do valor da compra em folha de pagamento; o seguro de vida em grupo, válido para morte por qualquer causa, e o auxílio funeral extensivo à família. Quanto à alimentação, a porta voz da Termotécnica enaltece o restaurante interno, sob acom-panhamento de nutricionista. “Ele oferece opções diárias de menu light e, duas vezes por semana, a Parada Gourmet – um car-

dápio especial, elaborado mediante agenda-mento prévio”. Clea arremata os principais benefícios com o auxílio educação. “É concedido após o funcionário completar um ano de casa e abrange a realização de cursos técnicos, de especialização ou nível superior, além do aprendizado de idiomas”.

Também para burilar o potencial do quadro de pessoal, a Termotécnica so-bressai por duas ações para formar líderes. Uma delas, parceria com a fundação dom cabral, é o chamado programa de desen-volvimento de dirigentes. “Visa fortalecer a visão estratégica de coordenadores e gerentes, motivando-os para a contínua melhora dos processos e resultados da empresa”, traduz Clea. Já o programa de

desenvolvimento de líderes é toca-do a quatro mãos pela Termotéc-nica e o servi-ço nacional de aprendizagem industrial (se-nai). “Ele prepara funcionários en-volvidos em pro-jetos estratégicos e identificados

como potenciais lideranças, em prol do desenvolvimento de atividades com foco no desenvolvimento de equipes”, sumariza a executiva. Ainda para coordenadores e gerentes, ela emenda, a Termotécnica dispõe de um programa de avaliação anual de competências e subsidia a participação dos gestores em cursos, workshops e seminários no gênero.

O zelo pelo entrosamento e bem estar da equipe estende-se aos familiares. Entre as ações de incentivo a essa integração, Clea exemplifica com as reuniões mensais de café dos aniversariantes, a festa de fim de ano, a prática de ginástica laboral, presentes

para os funcionários em datas temáticas, áreas de recreação, campanhas de vacina-ção e de cuidados com a saúde e o evento denominado Semana Interna de Prevenção de Acidentes, Meio Ambiente e Qualidade.

A escassez de mão de obra qualificada e a declarada preferência da nova geração pelo setor de serviços hoje embola o jogo da competitividade na indústria. As vagas abertas na Termotécnica têm captado esse vento contrário. “Desde 2012 a empresa en-contra dificuldades para repor, de forma rá-pida e eficaz, algumas posições para cargos executivos”, reconhece Clea. “Por atuarmos em diferentes segmentos, necessitamos de profissionais de formação e conhecimentos específicos, além de mobilidade suficiente para atender as demandas das unidades da empresa, abrangendo todo o território nacional”. A saída do enrosco, ela conta, foi criar mais canais de recrutamento e intensi-ficar os investimentos em novas tecnologias e ações de treinamento e desenvolvimento. “Também passamos a buscar elementos que conheçam as expectativas de nossos clientes devido à experiência acumulada em posições similares à do cargo oferecido pela Termotécnica”, assinala Clea. “Por exemplo, abrimos a posição de coorde-nador comercial considerando currículos com passagens pela área de compras e suprimentos”. •

Termotécnica: avaliação anual de competências e cursos para formar líderes.

Participação de resultados: pagamento de até 1,1 salário pelo cumprimento de metas anuais.

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ponto de vista

É complexo imaginar uma pessoa obesa e sedentária se preparando para ganhar a prova mais competitiva de uma olimpíada. Principalmente se

essa prova estiver a menos de dois anos da data do início da preparação para disputá-la.

É triste, mas essa é a analogia que, mais uma vez, vamos repetir aqui, ao analisar a indústria brasileira e sua participação no contexto mundial.

O modelo industrial precisará de uma

cirurgia bariátrica cultural para iniciar essa preparação. A pri-meira conclusão é que, sozinho, o atleta não consegue começar a jornada. Tudo, até esse momento, joga contra.

Com raras e destacadas exceções, não nos preparamos para competir no mercado in-ternacional ao longo dos últimos anos. A cada dia, nos fechamos mais na tentativa de proteger o que sobrou, ou seja, o mercado interno. No limite, pensamos no Mercosul, que hoje tem o seu segundo mercado cheio de travas e trancas. Uma porta muito difícil de abrir.Parece que alguém fechou e jogou a chave no Rio da Prata.

Em 2014, a queda da atividade indus-trial trouxe à tona uma nova questão chave nos investimentos das grandes corporações. Para elas, somos “ainda” um mercado con-sumidor interessante, mas estamos perdendo importância frente aos outros. Saímos do ra-dar dos investimentos industriais relevantes. Aqueles que trazem tecnologia e inovação e não somente produtos feitos localmente.

Razões para essa perda de interesse não faltam, pois temos uma energia elétrica cara, escassez de recursos hídricos, o que é uma infeliz novidade no campo industrial; gás natural pouco competitivo, déficit de mão de obra capacitada e, para não esquecer, cus-tos fixos em elevação contínua, puxados pela inflação e aumentos salariais desconectados de aumento de produtividade.

Entramos em 2015 com a árdua tarefa de gerenciar custos em um contexto de baixo

crescimento. Isso motiva pou-cos! Foco em custo é vital, mas conduz ao inevitável caminho do enxugamento e da fragilização do amanhã. É o modelo da sobre-vivência e do voo de galinha ao qual nos acostumamos ao longo das últimas décadas.

O caminho para correr e ganhar a maratona em 2016 passa por ajustes complexos. Que tal começar pela recuperação da nossa capacidade inovadora, orientada ao desenvolvimento de uma mão de obra tecnicamente qualificada e capaz de desenvolver produtos diferenciados, atraen-tes ao desejo de consumidores presentes em mercados externos sofisticados?

Pensar o Brasil e as suas indústrias como uma plataforma de exportação, des-burocratizada, qualificada e competitiva. Assegurar que os incentivos ao crescimento sejam amplos e capilares. Precisamos de uma indústria forte em várias frentes e não somente em nichos.

Correr a maratona da olimpíada de 2016 começa pelo desejo de correr ! Não podemos perder esse desejo de ver a indús-tria nacional forte, competitiva e com a marca Made in Brazil como um símbolo de desejo.

Por fim, precisamos desenvolver pro-fissionais que tenham os olhos para o mundo e o desejo de ver o seu país produzindo e vendendo nos mais distantes rincões. É muito cedo para desistir disso.

*Marcos Curti é diretor da Solvay Engineering Plastics Americas.

O Brasil saiu do radar dos investimentos industriais. E não dá para competir fora dessa tela.

Por uma bariátrica culturalMARCOs CuRTI/sOLVAy

Marcos Curti

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sustentabilidade

Plenamente aclimatada por aqui, a norueguesa tomra sorting recycling singra no fiorde do ma-nejo de resíduos sólidos ao leme

do seu sistema de triagem TITECH autosort. Baseado em sensores, ele identifica e separa cada componente de refugo encaminhado para reciclagem, inclusos plásticos, papel, metais, madeira e vidro. “Em três anos de trabalho no Brasil já temos 15 linhas instaladas”, assinala Carina Arita, diretora

comercial da subsidiária brasileira da grife escandinava. Embora a separação manual ainda predomine no país, a procura pela tria-gem automatizada pulsa entre recicladoras em busca de ganhos de escala, qualidade e pureza de materiais, percebe a executiva.

Com base nessa equação de custo/ benefício, a tecnologia Tomra vai ao encon-tro das expectativas instauradas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para a contri-buição da indústria brasileira de reciclagem, no plano geral ainda formada por empresas familiares, de menor porte e pouco capita-lizadas. “Nossos equipamentos aumentam a capacidade produtiva e a estabilidade de processo, proporcionando rápido retorno do investimento”, garante Carina. Por exemplo, ela solta, o aporte em um sistema de sepa-ração óptica, considerando a inclusão dessa etapa em linha pré-existente, é remunerado em até três anos. A menor instalação TITECH autosort na ativa no Brasil, ela distingue, processa 80 t/mês de sucata de polietileno de alta densidade (PEAD).

Outra vantagem de TITECH autosort: a redução no consumo de energia de até 70% em comparação à já econômica terceira geração dessa tecnologia da Tomra, enfatiza a diretora. “Colocamos duas lâmpadas a cada metro de largura útil de trabalho. A propósito, o sistema antecessor utilizava 24 lâmpadas no mesmo espaço”. Em relação a soluções similares de concorrentes, o consumo energético é de 20 a 40 vezes menor, assevera Carina. De acordo com ela, TITECH é indicado para empresas que detêm, no processo produtivo, uma etapa de seleção de tipos de plásticos e cores, como fabricantes de resina reciclada ou aparistas. “Disponibilizamos uma equipe para ajudar clientes a encontrarem a solução ideal, seja completa ou em fases”.

Um exemplo de solução de triagem, detalha Carina, abre com a colocação dos resíduos numa esteira de alimentação. Numa primeira cabine de controle manual, os elementos volumosos, capazes de bloquear o fluxo, são removidos. A seguir,

Automação afia a triagem de resíduos sólidos

separação sem litígio

TOMRA sORTIng

Titech: ganhos de escala e qualidade na triagem de refugos plásticos com sensores.

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são depositados em contêineres situados abaixo da cabine. Na sequência, entram em cena rasgadores de sacos para facilitar o esvaziamento dentro do separador balístico. Esse equipamento, prossegue a diretora, separa materiais rolantes e pesados (3D) dos achatados e leves (2D). “Ou seja, ele segrega garrafas plásticas de papel e pape-lão ou filmes”, esclarece. TITECH é instalado

exatamente sobre a linha dos materiais 3D, identificando e separando os plásticos por tipo e cor.

Em um primeiro passo, Carina encai-xa, TITECH autosort isola itens de PEAD, que seguem pela esteira até uma cabine de controle. Ali são divididos manual-mente entre naturais e coloridos antes de passarem à cabine de controle secundária. “Há uma grande vantagem nessa etapa inicial, pois é muito difícil distinguir PEAD de polipropileno (PP) com base apenas na aparência”, ela acrescenta. Na cabine secundária ocorre a triagem manual dos elementos de fácil reconhecimento, como PET, PP, embalagens cartonadas e filmes. A seguir, o programa 2 de TITECH separa o poliéster transparente do colorido e, em etapa posterior, o tipo verde é separado em outra cabine de controle manual. Por fim, o programa 3 reprocessa PP e sopra resíduos

Carina Arita: investimento retorna em até três anos.

na cor natural para removê-los do conjunto de outras cores. Além de descomplicar o trabalho dos triadores, TITECH remove dejetos orgânicos ou sanitários insalubres, deixando apenas o material passível de recuperação, constata a porta-voz.

O sistema combina sensores VIS e NIR, detalha Carina, em configurações distintas para diferentes aplicações, obtendo frações de alta pureza de diferentes produtos. O sensor de infravermelhos próximos (NIR) não requer fonte de luz externa, graças à tecnologia Flying Beam, trunfo aliás para a eficiência energética, por iluminar apenas a área em análise. A técnica aplica espelho poligonal rotativo para captação do espectro refletido, focalizando principalmente o ponto de leitura. “Dessa forma, é possível varrer com rapidez a esteira toda, realizando a lei-tura em duas linhas de pixelados, processo denominado duoline”, sintetiza a diretora. •

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sustentabilidade

O grade de polipropileno (PP) H 105 da braskem, parte da seleta linha de resinas Maxio, pro-porcionou ganhos efetivos nas

linhas de transformação da são bernardo, especializada na manufatura de utilidades domésticas (UDs). A utilização do homo-polímero resultou em consumo energético 21% menor, baixando em 12% o perfil de temperatura do processo e em 3,5% o ciclo de injeção. Segundo Sergio Rabi e Igor Mendes Axelson, diretor industrial e gerente de produção da transformadora, foram despendidos 20 dias entre testes e aprovação. “Após esse período, já come-çamos a usar H 105 como padrão para nossos produtos”, ambos afirmam.

Para os experimentos foram utiliza-dos diversos modelos elétricos e híbridos de injetoras de ponta, incluindo linhas de classe mundial como bmb, engel e demag, cujas forças de fechamento variam de 60

a 850 toneladas. A resina foi testada em moldes com sistema de câmara quente de duas a seis cavidades para ciclos rápidos, gerando artefatos de 13g a 22g em ambien-te de sala limpa, expõem Rabi e Axelson.

H 105 substituiu a resina RP 340 U. “Com o grade anterior, os índices de temperatura eram elevados e não conse-guíamos obter o ciclo esperado no maqui-nário”, eles comentam. Com a mudança, a São Bernardo diminuiu a temperatura em 30ºC e chegou a baixar alguns ciclos, chegando a 3,3 segundos. Segundo os especialistas da Braskem Andressa Ar-gani Abreu, engenheira de aplicação PP com foco em UDs, e Luciano Spaziani Camargo, líder de segmento PP com foco em varejo, H 105 assegura alta transpa-rência na peça utilizando temperatura de processamento mais baixa. “A Braskem realizou testes com resinas Maxio em diversos transformadores”, abre a dupla de

técnicos. “Os ganhos foram significativos no experimento da São Bernardo, com destaque para a economia energética”.

Na São Bernardo, a injeção de PP Maxio acontece nas vestes de potes e or-ganizadores, com espessuras entre 0,5 mm e 1 mm. “Não houve alteração de peso nas peças”, retomam o fio Rabi e Axelson. Em-bora o homopolímero H 105 já seja a resina mais consumida ali, a empresa manteve a compra de outros grades para produzir artefatos específicos, como recipientes para congelados ou submetidos ao envase a quente. A fábrica em Itaquaquecetuba, na

PP reduz a voltagem da conta de eletricidade na produção de UD

Economia poliméricaBRAskEM/sãO BERnARDO

Rabi: vantagens da resina Maxio h 105 confirmadas na linha de produção da são Bernardo.

Andressa Argani: temperatura menor de processo e uD mais transparente.

Grande São Paulo, opera em três turnos, 24 horas por dia, de segunda-feira a sábado, enquanto o consumo de resinas ronda 45 toneladas por semana, calculam os porta--vozes da transformadora. A planta possui ainda ferramentaria apenas para pequenas modificações e reparos, vazamento de água e de material ou ajustes de rebarbas, pois os moldes são confeccionados por tercei-ros, completam Rabi e Axelson. •

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Outubro / 2014plásticos em revista

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Por aliar testosterona com a inexis-tência de pecado ao sul do Equador, ainda mais entre quatro paredes, o segmento de produtos sensuais

hoje excita 17% das vendas brasileiras de cosméticos, setor tido como acima do bem e do mal da economia. Autora da estimativa, Alessandra Seitz não se arrepende um pingo de ter passado de fornecedora a cliente de embalagens plásticas, à frente da intt, grife de primeira linha do mercado erótico. Afinal, ela abre, o negócio cresce desde 2007 à média invejável de 30% .

Alessandra achou sua vocação ao imergir em peças técnicas, embalagens de alimentos e cosméticos na neumann packing, transformadora paulistana de sua família, atuante em injeção e sopro e de cuja composição societária ela ainda participa, embora dedicada em tempo integral à gestão sem sócios da Intt. O mundo dos recipientes avivou a afinidade dela com os cosméticos, a ponto de sair a prospectar frentes para investir no setor. A variedade de uma mega sex shop no aeroporto de Munique e son-dagens a respeito do ramo junto a clientes da Neumann, pesaram para Alessandra, constituir a Intt.

“Contratei um químico para estrear com um gel sensual fora das versões sem sabor e charme, então dominantes na praça”,

ela conta. O sucesso do gel com gosto de chocolate levou à multiplicação de sabores e tamanhos de embalagens do produto e, noves-fora, o mostruário da Intt hoje cobre 80 cosméticos e cerca de 320 outros artigos de apelo sensual, colocados por seis vende-dores, três agentes exclusivos e de 20 a 30 distribuidores multimarca. Na retaguarda, explica Alessandra, a Neumann responde por cerca de 80% de seus recipientes de cosméticos, nos quais polipropileno domina e o restante cabe a frascos de PET e acrílico.

Desde a estreia da Intt, percebe a empresária, a concorrência engrossou e o perfil do público evoluiu. “As mulheres ditam as compras e, arredias no passado a pisar em sex shops, hoje sentem-se à vontade em familiarizar-se com produtos eróticos em boutiques de moda abertas ao apelo da sensualidade”. A consumidora-padrão da Intt, ela indica, tem de 18 a 39 anos, é ávida por novidades e de classe média. “Não entro muito na classe C por dar conotação mais exclusiva à embalagem, mediante recursos como a sobrecaixa para o frasco, em lugar de vendê-lo sem invólucro, o que o baratearia”. A embalagem incide em torno de 80% dos custos da Intt, mas Alessandra discorda que o mercado erótico tenha baixa barreira de entrada. “Para competir é preciso investir na qualidade da formulação e fluxo

de lançamentos, além de lidar com mão de obra pouco qualificada e vendas em volumes picados, o que desaconselha a produção verticalizada da embalagem nesse ramo”.

Por causa disso, dos custos imbatíveis e da dependência de tecnologia de produção inencontrável no Brasil, a Intt importa da China todos os produtos que oferta fora da raia dos cosméticos, caso de fetiches e brin-quedos eróticos onde PVC reina e próteses penianas cuja pele de borracha termoplástica (cyber skin) é a última palavra em tessitura próxima da humana. O catálogo da Intt inclui algemas, mas Alessandra as associa a uma brincadeira de casal e não a produto sadomasoquista, categoria na qual a Intt não está. “Em volume de vendas, não passa de um nicho, mas o retorno é interessante”, ela avalia. “Nosso carro-chefe é o gel líquido Vibration e, fora dos cosméticos, destacam--se o vibrador tradicional e os chicotes, em especial por figurarem no best-seller erótico ‘50 tons de cinza’”.

Quem disse aí que brasileiro não lê? •

Da produção à relação

ALEssAnDRA sEITz/InTTMERCADO

gel Vibration e vibrador trazido da China.

Alessandra seitz: embalagens convergiram para cosméticos sensuais.

Rafael Betim

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