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Com o avanço tecnológico e científico ocorrido nas últimas décadas, houve um declínio nas taxas de natalidade, e um aumento na expectativa de vida, com consequente crescimento da população idosa. Por este motivo, é importante a inclusão da Odontogeriatria nos currículos das faculdades, uma vez que com o aumento do número de indivíduos nesta faixa etária, uma maior demanda de serviços odontológicos serão requisitados nos próximos anos. O cirurgião-dentista deve ser um profissional sensível, que domine várias disciplinas da ciência, e deve garantir um atendimento diferenciado e individualizado. O objetivo deste estudo foi discutir a importância da prevenção na área da Odontogeriatria. Foi realizada uma revisão de literatura, concluindo-se que é importante a prevenção das doenças orais, e especialmente os cuidados com a dentição, que devem ser cultivados até na terceira idade, pois contribuem para uma maior longevidade, e principalmente na qualidade de vida do idoso. Neste aspecto, as atividades preventivas educacionais odontogeriátricas são imprescindíveis, e devem ser uma constante.
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MARCO TULIO PETTINATO PEREIRA
PREVENÇÃO EM ODONTOGERIATRIA
Monografia apresentada a Faculdade de
Odontologia São Leopoldo Mandic como
requisito para a obtenção do título de
Especialista em Saúde Coletiva.
CAMPINAS
2009
MARCO TULIO PETTINATO PEREIRA
PREVENÇÃO EM ODONTOGERIATRIA
Monografia apresentada a Faculdade de
Odontologia São Leopoldo Mandic como
requisito para a obtenção do título de
Especialista em Saúde Coletiva.
Orientadora: Profa. Dra. Roberta Tarkany
Basting
CAMPINAS
2009
Apresentação da Monografia em 02/ 02/ 2009 ao curso de Saúde Coletiva.
Coordenadora: Profa. Dra. Flávia Martão Flório
Orientadora: Profa. Dra. Roberta Tarkany Basting
Dedico este trabalho à minha
querida avó materna chamada
Maria de Lana
27/06/2008† ٭26/10/1924
AGRADECIMENTOS
À Deus, por conhecer o que está dentro do meu coração.
Aos meus antepassados, pela minha vida.
À todos aqueles que me apoiaram e colaboraram na realização deste trabalho.
Às seguintes pessoas (em ordem alfabética) e respectivas instituições:
Dra. Érika Sequeira – Disciplina deTelemedicina – Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP)
Izamar da Silva Freitas – Biblioteca da Faculdade de Odontologia da Universidade
Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP) – Faculdade de Odontologia de
Araraquara (FOA)
Lúcia Maria Sebastiana Verônica da Costa Ramos – Serviço de Documentação
Odontológica – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP)
Dr. Nelson Sakaguti – Disciplina de Telemedicina – Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP)
Norma Ataíde – Serviço de Referência e Comutação – Biblioteca “Malvina Viana Rosa” -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Dra. Roberta Tarkany Basting – Disciplina de Saúde Coletiva - Faculdade de Odontologia
São Leopoldo Mandic
Rosemary Shinkai – Editora - Revista Odonto Ciência (Jornal of Dental Science) –
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRGS)
"Nos olhos do jovem arde a chama. Nos do velho brilha
a luz."
Victor Hugo
RESUMO
Com o avanço tecnológico e científico ocorrido nas últimas décadas, houve um declínio nas taxas de natalidade, e um aumento na expectativa de vida, com consequente crescimento da população idosa. Por este motivo, é importante a inclusão da Odontogeriatria nos currículos das faculdades, uma vez que com o aumento do número de indivíduos nesta faixa etária, uma maior demanda de serviços odontológicos serão requisitados nos próximos anos. O cirurgião-dentista deve ser um profissional sensível, que domine várias disciplinas da ciência, e deve garantir um atendimento diferenciado e individualizado. O objetivo deste estudo foi discutir a importância da prevenção na área da Odontogeriatria. Foi realizada uma revisão de literatura, concluindo-se que é importante a prevenção das doenças orais, e especialmente os cuidados com a dentição, que devem ser cultivados até na terceira idade, pois contribuem para uma maior longevidade, e principalmente na qualidade de vida do idoso. Neste aspecto, as atividades preventivas educacionais odontogeriátricas são imprescindíveis, e devem ser uma constante.
Palavras-chave: Odontogeriatria. Prevenção. Idosos. Atividades odontogeriátricas. Qualidade de vida.
ABSTRACT
Due to technological and scientific progress occurred in recent decades there has been a decline in birth rates and an increase in life expectancy, and consequent growth of the elderly population. It is therefore important to include the Geriatric dentistry in the curriculum of dental schools, since the increase in the number of individuals in this age group, a greater demand for dental services will be required in the coming years. The dental surgeon must be a sensitive professional, know several disciplines of science and should ensure a differentiated and individualized care. The purpose of this study was to discuss the importance of prevention in the area of Geriatric dentistry. A literature review was performed, which concluded that it is important for the prevention of oral diseases and especially the care of teeth, that should be preserved even in old age, therefore contribute to a much greater longevity and mainly the quality of life of the elderly. And concerning this, the odontogeriatrics preventive educational activities are essential and should be constant.Keywords: Geriatric dentistry. Prevention. Elderly. Odontogeriatrics activities. Quality of life.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
2 PROPOSIÇÃO 12
3 REVISÃO DE LITERATURA 13
4 DISCUSSÃO 39
5 CONCLUSÃO 45
REFERÊNCIAS 46
10
1 INTRODUÇÃO
O envelhecimento humano é um processo irreversível que concerne a todos e,
atualmente, tem sido objeto de constante preocupação, principalmente, pela Gerontologia
e Geriatria (Almeida et al., 2004).
O termo Gerontologia foi usado pela primeira vez em 1903 por Metchicoff, sendo
esta de origem grega, em que “gero” significa velho e “logia” significa estudo. Na ocasião,
previu que esse campo teria crescente importância no decorrer do século XX, em virtude
dos ganhos em longevidade para os indivíduos e as populações, provocados pelos
avanços das ciências naturais e da medicina (Neri, 2005).
Em 1909, o médico Nascher introduziu na literatura o neologismo Geriatria para
denotar o estudo clínico da velhice, por analogia com Pediatria, que é o estudo clínico da
infância. Fundou a Sociedade de Geriatria de Nova Iorque em 1912 e publicou o livro
“Geriatric” em 1914. Em 1917, o “The Medical Review of Reviews” criou uma sessão de
Geriatria e convidou Nasser para editor. Hoje, o campo da Geriatria compreende a
prevenção e o manejo das doenças do envelhecimento. É uma especialidade em
Medicina e também em Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, que se desenvolvem à
medida que aumenta a população de adultos mais velhos e idosos portadores de doenças
crônicas e de doenças típicas da velhice, em virtude do aumento da longevidade desses
segmentos populacionais (Neri, 2005).
Barbosa et al. (2002) define o termo Odontologia Geriátrica (sin: odontogeriatria)
como "o ramo da Odontologia que enfatiza o cuidado bucal da população,
especificamente tratando do atendimento preventivo e curativo de pacientes com doenças
11
ou condições de caráter sistêmico crônico associado a problemas fisiológicos, físicos ou
psicológicos". Esta disciplina é atualmente chamada de Odontogeriatria e envolve
caminhos e limites que estão baseados nos princípios de integralidade de atendimento
que norteiam a gerontologia e têm buscado soluções para as necessidades das pessoas
em processo de envelhecimento (Montandon et al., 2006).
Atualmente, o Brasil possui cerca de 14 milhões de pessoas com 60 anos ou mais,
número que deverá estar triplicado em 2050, representando a sexta maior população
mundial de idosos (Pinelli et al., 2005).
Tendo em vista o crescimento da população de idosos, este estudo tem o objetivo
de discutir a importância da prevenção na área da Odontogeriatria.
12
2. PROPOSIÇÃO
O objetivo desta revisão de literatura foi discutir a importância da prevenção na
área da Odontogeriatria.
13
3 REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Vargas (1983), a velhice é uma etapa do desenvolvimento individual, cuja
característica principal é a acentuada perda da capacidade de adaptação, com diminuição
da vitalidade e aumento da vulnerabilidade de todas as funções do indivíduo. Além disso,
velhice e envelhecimento não são termos sinônimos, pois ambos possuem características
diferentes. A velhice, na qualidade de fenômeno personalíssimo, variável no tempo e
espaço, é produto de fatores exógenos e endógenos. O envelhecimento, como um
processo biopsíquico de degeneração orgânica, também é resultante do contexto social.
Afirmou que para entender o processo de envelhecimento, é necessário considerar-se o
conjunto harmônico de suas diversas características e formular um juízo global. Juízo
esse, que deve ter como objetivo, determinar se a personalidade respeitada sob o ponto
de vista evolutivo, alcançou o grau de desenvolvimento próprio da idade considerada. O
envelhecimento, segundo o autor, é um fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e
sua existência na sociedade, manifestando-se em todos os domínios da vida. O
envelhecimento começa pelas células, passa aos tecidos e aos órgãos e termina nos
processos extremamente complexos do pensamento. As características mais marcantes
do envelhecimento são: a) diminuição progressiva e irreversível da energia livre disponível
no organismo; b) perdas celulares; c) enfermidades degenerativas próprias da velhice,
como consequência geral; d) diminuição gradual da capacidade de adaptação do
indivíduo ao meio ambiente. Por conseguinte, alertou que o processo de envelhecimento
populacional, traduz-se por um aumento do número de pessoas idosas, mais rápido que o
aumento da população total. Relatou que diante da velhice como um fenômeno humano,
14
e do envelhecimento populacional como um fato sóciocultural, a Geriatria e a
Gerontologia têm exaurido suas possibilidades na busca de uma solução
satisfatoriamente válida para o problema.
Moriguchi (1990) salientou a importância do odontólogo conhecer as alterações
biológicas no idoso, bem como, as alterações bucais e a influência negativa que causam
à saúde a perda dos dentes e o uso de prótese. Em relação às alterações biológicas no
idoso, sinalizou que o odontólogo deve compreender bem a fisiologia do envelhecimento
e assim estará apto a manejar pacientes idosos de forma correta, saber das patologias
decorrentes do envelhecimento e as patologias que comprometem o corpo envelhecido.
Em relação ao aspecto estético, o autor relata que com o envelhecimento, a face e os
lábios ficam encovados. O ser humano vai perdendo a beleza física. Perdendo esta
beleza, não quer mais sair de casa ou ter atividades sociais, adquirindo um
comportamento passivo e depressivo. Em relação a doenças geriátricas, o autor relatou
que com os distúrbios digestivos provocados pela perda dos dentes pode ocorrer o
aparecimento de úlcera gástrica. Além disso, a sobrecarga dos movimentos do estômago
devido à insuficiência de mastigação, pode provocar o câncer de estômago. O autor
concluiu que a perda da beleza por falta de dentes, e a diminuição da atividade social,
aumentam o fator de risco de aterosclerose cerebral. Desta forma, a perda dos dentes
também provoca o envelhecimento cerebral. Para manter-se jovem intelectualmente, e
para prevenir o envelhecimento patológico e aterosclerose cerebral, o papel do
odontólogo é indispensável, principalmente um odontólogo capacitado, ou seja, com
especialização em Odontologia Geriátrica.
Pucca Júnior (1996) considerou o grupo etário dos idosos como o possuidor das
maiores desigualdades sociais. Afirmou que deve-se analisar o processo de
15
envelhecimento, juntamente com a historicidade, e é fundamental analisar os fatores
sociais, econômicos e educacionais. Em relação às afecções bucais na terceira idade,
relatou que dependendo da inserção social que um grupo de idosos estiver inserido, este
mostrará um perfil patológico diferenciado. Além disso, alertou que os métodos
preventivos são imprescindíveis e constituem-se como eixo de qualquer intervenção que
vise a saúde bucal na terceira idade. Relatou as seguintes medidas profiláticas: medidas
de orientação, medidas de controle mecânico (físico) e medidas de controle químico
(sistêmico ou locais). Como medidas de orientação, citou as seguintes: orientações
quanto à limpeza regular diária dos dentes, orientações quanto ao controle da dieta e
orientações visando o fortalecimento da superfície dentária (através do uso do flúor).
Como medidas de controle mecânico, deve-se levar em consideração o grau de
motricidade e o número e posição dos dentes no arco dental. Para os idosos que
possuem boa coordenação motora, recomendou-se a técnica de Bass ou Stillman
modificada. Já para idosos incapacitados, faz-se necessário o auxílio de uma segunda
pessoa, onde esta deverá realizar movimentos circulares em todas as faces dos dentes.
Em relação ao tipo de escova, deve ser individualizada, mas recomendou-se escova de
textura macia, com "cerdas planas" (parte ativa sem curvatura). Em relação ao tipo de
cabo, recomendou-se o do tipo reto. A frequência diária da escovação deve ser adaptada
ao paciente pelo menos uma vez ao dia, de preferência imediatamente antes de dormir.
Em relação ao fio ou fita dental, é dependente da distância entre um elemento dental e
outro, mas como em pacientes idosos normalmente há falta de ponto de contato, é
recomendada a fita dental. Como medidas de controle químico, a fluorterapia pode ser
realizada, onde produtos de baixa concentração (em alta freqüência, como o uso diário de
dentifrício fluoretado) e produtos de alta concentração (em menor freqüência, como as
aplicações tópicas profissionais) podem ser utilizados. Como meio de controle sistêmico,
16
tem-se a fluoretação de águas como a forma de aplicação de flúor de maior importância
em saúde pública.
Madeira et al. (2000) afirmaram que as barreiras para atingir e satisfazer o paciente
geriátrico, são bastante complexas, e iniciam pela qualificação do próprio profissional, que
necessita conscientizar-se de que o idoso não é simplesmente "mais um paciente". Além
disso, sinalizaram que se torna necessário que o profissional esteja muito bem preparado
para poder atendê-lo. Mas os autores advertiram que os profissionais prestadores de
serviços odontológicos ficam de mãos atadas para atender esta clientela, devido ao
descaso contumaz que as autoridades responsáveis têm dispensado à "educação e
saúde", destinando-lhes irrisórios recursos, acontecendo o mesmo no tocante aos
irrelevantes valores endereçados aos convênios. Alertaram que é preciso que se tenha
em mente, que o idoso de hoje está vindo de uma outra época, viveram num pretérito
muito diferente e o mundo de hoje é outro. No caso específico da odontologia, devem
ainda permanecer reminiscências da aversão reinante ao gabinete odontológico, e
advertiram os cuidados que devem ser levados em conta pelo odontogeriatra: a) mudar a
imagem negativa junto aos idosos e seus responsáveis; b) diferenciar idade cronológica
de idade biológica e que o envelhecimento, por si só, não significa contrair e aceitar
doenças; c) que cáries, doenças periodontais, problemas endodônticos, xerostomia,
próteses mal adaptadas e outras lesões são passíveis de tratamento e prevenção; d) que
embora a literatura científica disponível não seja muito pródiga no tocante aos problemas
endodônticos que acometem, os idosos (particularmente as referências em nível
nacional), os cuidados a eles destinados não podem ser relegados, nem subestimados.
Os autores concluíram que: a) o cirurgião-dentista deve dilatar seus conhecimentos
participando de palestras, encontros, congressos, artigos de revistas; b) deve-se realizar a
inclusão de matéria específica no currículo de graduação, necessidade que já se impõe;
17
c) os poderes públicos precisam investir maiores recursos na questão da Odontogeriatria,
para que resultados mais promissores sejam alcançados, uma vez que é notoriamente
sabido que "a saúde bucal é altamente responsável pela saúde geral do indivíduo"; d)
deve-se mudar urgentemente a concepção das pessoas de que o idoso está no fim da
vida e que tudo que é feito em seu benefício é um mau investimento.
Mello et al. (2000) realizaram um estudo sobre instituições geriátricas e negligência
odontológica, onde relataram que cuidadores (inclusive cirurgiões-dentistas) tendem a ter
pouca perspectiva em relação à longevidade do idoso e a questionar a preocupação com
a manutenção dos dentes na cavidade bucal, sendo que atitudes negativas podem
contribuir significativamente para a negligência extrema, além da deficiência na saúde
bucal dos idosos. Sinalizaram que a promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal,
devem estar inseridas na rotina das instituições geriátricas, uma vez que a condição bucal
em última instância influencia diretamente a qualidade de vida do idoso por definir sua
capacidade de mastigação, nutrição, fonética e de socialização. Além disso, afirmaram
que a própria estrutura organizacional de algumas instituições, não prevê a atenção e
assistência odontológica no seu rol de serviços, e que cuidadores, muitos leigos e até
cirurgiões-dentistas, por desconhecimento do processo de envelhecimento, não percebem
a necessidade de cuidado odontológico para idosos, já que eles não têm dentes ou vão
perdê-los brevemente ou mesmo não têm uma expectativa de vida suficiente que
justifique preservá-los e mantê-los. Além disso, relataram que a percepção e as atitudes
dos cuidadores, em relação à própria saúde bucal, influenciam no cuidado que estes
oferecem para o idoso. A tomada de decisões e atitudes passa pelo conceito fundamental
de necessidade, que é bastante distinto e variável entre cuidadores, familiares, dentistas,
enfermeiros e idosos. Logo, a negligência apresenta-se na sua forma mais clara, a de não
fazer, por não ser necessário. Segundo os autores, outro fator presente é a falta de
18
recursos para o cuidado odontológico e a implantação de um programa pode parecer
oneroso num primeiro momento, mas esse custo é amortizado e reduzido quando
comparado às grandes necessidades de tratamento curativo e reabilitador que surgirão
caso a negligência persista. Por outro lado, afirmaram que existe uma série de métodos
de cuidados alternativos que reduzem consideravelmente os gastos. Reconheceram que
talvez a maior dificuldade para a realização do cuidado odontológico seja a própria
característica individual do idoso, com uma percepção da sua própria saúde bucal
deturpada por anos de negligência, pensamentos e hábitos arraigados, difíceis de
transpor e modificar. Mas, a maioria dos idosos não consegue manter bons níveis de
higiene bucal, ou de suas próteses, necessitando muitas vezes do auxílio do cuidador
para realizá-la. Alertaram a inexistência de um planejamento, envolvimento e
responsabilidade com as questões de saúde bucal dos idosos. A falta de ligação entre os
cirurgiões-dentistas, dominando a teoria, e os cuidadores, responsáveis pela prática,
resulta em negligência por ambas as partes nas ações em saúde bucal. Os autores
concluíram que os cirurgiões-dentistas têm a obrigação de estarem envolvidos com as
questões do abuso e negligência contra idosos, devido à alta prevalência de problemas
de saúde bucal nessa faixa etária e a consequente necessidade de tratamento, reforça a
necessidade de repensar sua responsabilidade social. Finalizaram o trabalho afirmando
que o cuidado odontológico deve estar agregado à atenção integral à saúde do idoso e a
negligência é um aspecto preponderante do âmbito odontológico dentro dos lares e
instituições.
Melo et al. (2001) avaliaram o uso de dispositivos de higiene oral em pacientes
idosos, correlacionando aos elementos dentários perdidos. Registrou-se em odontograma
a situação dentária de 76 idosos e através de um formulário com 22 perguntas avaliou-se
o emprego de dispositivos e medidas de higiene oral. Afirmaram que o conhecimento não
19
é capaz de modificar hábitos, pois foi verificado nos resultados obtidos que 55,3% dos
idosos tinham tido informações sobre a técnica de escovação e 43,7% sobre o uso de fio
dental e mesmo assim 38,2% tiveram perdas dentárias por cárie e/ou doença periodontal.
Outros fatores, no caso dos idosos, podem estar contribuindo para a não utilização das
medidas de higiene oral, em que a limitação física parcial ou total, esteve presente em
17% dos pacientes, a depressão em 23,4% e 6,4 % com problemas familiares.
Concluíram que: a) 98,7% dos idosos entrevistados apresentavam perdas dentárias por
cárie e/ou doença periodontal e destes, 60,5% tinham perdas dentárias parciais e 38,2%
eram desdentados totais; b) 14,9% dos idosos não escovavam os dentes diariamente e
57,4% de todos os entrevistados registraram ocorrência de cárie após os 55 anos de
idade; c) de todos os pesquisados, 55,3% receberam informações sobre técnica de
escovação e 43,7% sobre o uso de fio dental, sendo que 33,3% modificaram sua técnica
de escovação por influência da televisão. A técnica de Stillmann foi empregada por 55,3%
e 100% dos idosos utilizavam dentifrício na escovação; d) dos 11,5% dos entrevistados
que tinham dificuldades para o desenvolvimento da escovação, 33,3% era devido a
limitações parciais, 33,3% a limitações totais e 33,4% por não ter aprendido uma técnica
de escovação correta; e) dos idosos que não faziam uso de fio dental no momento
presente do estudo ou no passado, 13,3% justificaram não gostar de usar, 33,3% não ter
recebido orientação para o uso, 6,7% por dificuldade (limitação) e 46,7% por não achar
necessário; f) 51,1% dos idosos faziam uso de enxaguatório bucal, sendo que 31,8% dos
entrevistados achavam desnecessário o bochecho antes da terceira idade.
Sequeira et al. (2001) realizaram um trabalho onde relataram sobre a importância
da Odontogeriatria. Segundo os autores, estima-se que existem mais de 500 milhões de
idosos no mundo. Somente no Brasil, são aproximadamente 15 milhões e apesar das
projeções que apontam para o envelhecimento da população brasileira, nos próximos 20
20
anos, é necessário que as entidades de classe sensibilizem os novos profissionais para a
questão do idoso. Afirmaram que a Odontogeriatria ainda não é abordada com freqüência
nos currículos acadêmicos, com exceção de algumas poucas iniciativas. A raiz do
desinteresse ou ignorância da maioria dos profissionais e da assistência pública e
particular quanto à Odontogeriatria, pode ser ultrapragmática, ou seja, em virtude da
escassez dos recursos para atender o público geral, a preços acessíveis, e a disputa
acirrada por pacientes, parece que há dúvidas sobre a validade de mobilizar esforços
para atender uma faixa etária que, em tese, além de não ser economicamente
promissora, teria pouco tempo de vida para usufruir os benefícios advindos da atenção.
Mas alegaram que esta afirmação não deveria ser levada em conta, uma vez que a
expectativa de vida aumentou no Brasil. Além disso, quando se investe na prevenção do
idoso, automaticamente está ensinando a família, visto que eles fazem questão de
repassar o que aprenderam e principalmente comparar as suas descobertas com os mais
jovens da casa. Portanto, segundo os autores, é um erro desprezar o papel de
formadores de opinião que desempenham em casa, ou no círculo de convívio social. Por
último, finalizaram o trabalho advertindo que do ponto de vista da economia e da saúde
pública, o investimento na prevenção do idoso irá fazer uma grande diferença, porque um
idoso que pode viver seus últimos 25 anos ou mais com dentes ou com uma higienização
bucal adequada para suas próteses, terá menos chances de adoecer e irá se alimentar
melhor.
Silva et al. (2001) realizaram um trabalho com o intuito de avaliar a autopercepção
das condições de saúde bucal de idosos e analisar os fatores clínicos, subjetivos e
sóciodemográficos que interferem nessa percepção. Participaram do estudo 201 pessoas,
dentadas, com 60 anos ou mais (idade média de 66,7 anos), funcionalmente
independentes, que frequentavam um centro de saúde localizado em Araraquara (SP),
21
Brasil. Foi aplicado um questionário com questões sobre as características
sóciodemográficas da amostra, a autopercepção da condição bucal e o índice Geriatric
Oral Health Assesment Index (GOHAI). Realizou-se exame clínico para determinar a
prevalência das principais doenças. Foram usados testes estatísticos para determinar a
associação das variáveis sóciodemográficas e clínicas e do índice GOHAI com a
autopercepção da condição bucal e a identificação dos preditores da auto-avaliação.
Neste trabalho houve maior participação das mulheres (63,2%), de pessoas que fizeram
apenas o primeiro grau (74,7%) completo ou incompleto e de proletários típicos (43,8%).
O levantamento epidemiológico mostrou que a condição bucal dos examinados foi
considerada precária, devido à grande quantidade de dentes extraídos (77,2%), à
presença de apenas 11,4 dentes em média por pessoa e de bolsas periodontais
profundas (34,7%) e à necessidade do uso de prótese (44,8%). Os dados subjetivos
mostraram que as pessoas apresentaram precária percepção dos problemas bucais.
Segundo os autores, 60,8% e 81,3% dos examinados declararam não ter nenhum
problema em seus dentes ou gengiva, respectivamente. As variáveis associadas à
autoavaliação foram: classe social, índice de GOHAI, dentes cariados e indicados para
extração. A condição bucal foi avaliada como "regular" por 42,7% das pessoas (embora o
exame clínico ter revelado grande prevalência das principais doenças bucais), e o índice
GOHAI apresentou um valor médio de 33,8. As doenças que ocorreram na gengiva foram
percebidas por apenas 18,7% das pessoas, mesmo com a grande quantidade de bolsas
periodontais encontradas. Os autores alertaram que conhecer a percepção das pessoas,
sobre sua condição bucal, deveria ser o primeiro passo na elaboração de uma
programação que inclua ações educativas, voltadas para o autodiagnóstico e
autocuidado, além de ações preventivas e curativas. Concluíram o trabalho relatando que
neste estudo a percepção da saúde bucal teve pouca influência nas condições clínicas,
22
mostrando ser necessário desenvolver ações preventivas e educativas para a população.
Souza et al. (2001) procuraram evidenciar a necessidade e a viabilidade de
promover saúde bucal no idoso por meio da sugestão de um programa de prevenção.
Realizaram na Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, da Universidade
Estadual Paulista (UNESP), o Programa de Prevenção de Odontogeriatria, com 21
pacientes com dentes naturais remanescentes. Esses pacientes selecionados, receberam
orientações sobre higienização dos dentes e prótese, de forma individual, e com a
utilização de figuras e modelos com informações sobre placa bacteriana, cárie dentária,
doença periodontal, condições de normalidade e patologias da cavidade oral, higienização
dos dentes e próteses, nutrição e dieta e importância da prevenção em Odontogeriatria.
Para o controle mecânico, todos os pacientes foram orientados para realizar a técnica de
Fones ou de Bass, e limpeza interdentária, de acordo com a capacidade motora de cada
paciente. Para o controle químico, foram orientados sobre o uso do creme dental (em
porções pequenas), e da solução de Gluconato de Clorexidina a 0,12% para bochechos
de 10 ml, por 1 minuto, de 12 em 12 horas. Além disso, receberam kits de prevenção
contendo uma escova macia adulto, um fio dental encerado, um creme dental MFP com
cálcio, um frasco de solução bucal de Gluconato de Clorexidina 0,12%, e pastilhas
evidenciadoras de placa bacteriana, além de um Manual de Dieta. Após a anamnese, foi
realizada a anotação do índice CPO em odontograma e realizadas sete sessões de
evidenciação de placa bacteriana, sempre após higienização, para que pudessem ser
corrigidas as falhas e deficiências individuais. Foram anotados na ficha clínica os índices
de placa, considerando cada face dental em três terços, e após a evidenciação de placa
os pacientes realizaram higienização dirigida e foram feitas correções dos pontos
deficientes na escovação e utilização de fio dental. Além disso, foram confeccionados
certificados de participação como forma de motivação. Os autores, através do diagrama
23
de dispersão e a reta de regressão, encontraram uma redução de 82,7% nos índices de
placa do grupo, entre a primeira e a última avaliação. Portanto, os autores do trabalho
concluíram que é possível estabelecer um programa de prevenção para paciente idoso,
pois, orientados e com meios corretos de higienização, eles conseguem manter as
superfícies dentais quase sem placa, com melhor condição gengival, melhorando, assim a
qualidade de sua saúde geral.
Barbosa et al. (2002), em um trabalho sobre Odontologia Geriátrica, tiveram o
intuito de alertar o cirurgião-dentista sobre a necessidade de ampliar os seus
conhecimentos nesta área. Segundo os mesmos, quanto mais longa a vida média da
população, mais importante se torna o conceito de qualidade de vida, e a saúde bucal tem
um papel relevante na qualidade de vida do idoso. Saúde bucal comprometida, pode
afetar o nível nutricional e o bem-estar físico e mental, e diminuir o prazer de uma vida
social ativa. Além disso, o tratamento do paciente idoso difere do tratamento da população
em geral, devido às mudanças fisiológicas durante o processo de envelhecimento natural,
da presença de doenças sistêmicas crônicas e da alta incidência de deficiências físicas e
mentais nesse segmento da população. Por essa razão, conhecimentos específicos,
atitude profissional e habilidades especialmente desenvolvidas para cuidar do idoso são
requeridos do profissional odontólogo. Os autores apresentaram algumas considerações
a respeito do atendimento odontológico ao idoso e dentre estas, destacam-se algumas
relacionadas às doenças específicas associadas ao processo de envelhecimento, que
são: as doenças cardiovasculares, diabetes, doença de Alzheimer/demência e
osteoporose. Os autores alertaram que as doenças cardiovasculares e o tratamento
médico dispensado a pacientes cardíacos, podem levar a emergências durante o
tratamento dentário. Ressaltaram que o controle constante da pressão arterial e da
terapia com anticoagulantes é indispensável. E os pacientes diabéticos, frequentemente
24
apresentam doenças cardiovasculares e estão mais susceptíveis a processos infecciosos
se a doença não está sendo adequadamente controlada. Os pacientes com doença de
Alzheimer/demência, podem apresentar diferentes níveis de dificuldade de comunicação e
de comportamento durante o tratamento. A osteoporose pode levar à perda acentuada de
osso alveolar e mais facilmente à fratura mandibular. A higienização bucal pode se tornar
difícil para os pacientes com artrite e outras doenças reumáticas deformantes. Os autores
concluíram o trabalho com as seguintes considerações: a) o aumento da população de
idosos é um fato mundial e irreversível, em função da diminuição da taxas de natalidade e
mortalidade; b) a necessidade de atendimento odontológico a essa população aumentará
gradativamente nos próximos anos, representando um desafio para a prática da
Odontologia; c) o processo natural de envelhecimento, deve ser entendido como
absolutamente fisiológico, apesar das possíveis disfunções encontradas, fruto quase
sempre da excessiva demanda, imposta a um sistema fisiologicamente incapaz de suprí-
la e/ou pela existência de processos patológicos; d) constata-se não só na Odontologia,
como também em outras áreas, a ausência de efetivas políticas sociais voltadas para os
idosos.
Brondani (2002) realizou um trabalho onde comparou e analisou cinco diferentes
atividades preventivas educacionais, odontogeriátricas, publicadas na literatura mundial,
com o intuito de verificar sua eficácia. O autor analisou os seguintes programas
educacionais odontogeriátricos: a) "Cartilha informativa via correio"; b) "Programa
educacional com enfoque na manutenção de próteses"; c) "Programa de instrução de
higiene bucal em idosos não institucionalizados"; d) "Slides em programas de promoção
de saúde bucal"; e) "Dois programas educacionais em higiene de próteses totais". O autor
analisou estes programas e realizou as seguintes considerações: a) a taxa de retorno
esperada em pesquisas/questionário/malas diretas via correio é sempre muito baixa, algo
25
em torno de 10% e caso os idosos forem analfabetos, ou se realizarem atendimento
odontológico fora da cidade, ou se não tiverem condição financeira, esses fatores poderão
influenciar nos resultados obtidos; b) as instruções de higiene e cuidados com dentes e
próteses devem ser uma constante para todo e qualquer cirurgião-dentista durante a sua
atividade profissional; c) a aprendizagem deve ocorrer de maneira constante; d) a
sensibilização e a motivação para o aprendizado devem ser uma preocupação constante
no contexto ensino-aprendizagem; e) a manutenção para uma modificação
comportamental educacional deve ser feita com atividades constantes e diversificadas
(verbal, demonstrativa) para que o indivíduo se sensibilize e se motive a aprender. O autor
concluiu o trabalho afirmando que as atividades educacionais preventivas em nível de
saúde bucal, assim como em qualquer outro contexto, envolvem a interação entre ensino
e aprendizagem. Esta interação, segundo o autor, caracteriza-se como uma via de mão
dupla, tanto para quem ensina quanto para quem aprende, em um processo contínuo e
constante. Neste processo, visando a sensibilização, motivação e interesse do idoso em
aprender e compreender, torna-se necessário observar o seguinte: a) conteúdo do que se
quer ensinar (informações básicas, técnicas adequadas e de fácil aprendizagem,
qualidade e quantidade da informação); b) maneira (escrita, verbal, explicativa,
audiovisual, adequação de linguagem, demonstração prática); c) frequência (deve-se
observar a motivação e interesse de cada um, sem sobrecarregar); d) público alvo
(diversidades culturais, sociais e econômicas, limitações físicas para o desenvolvimento
de atividades).
Carvalho (2002) em um trabalho onde abordou o tema da Odontologia domiciliar,
relatou que com o desenvolvimento da Medicina, ocorreu a elevação da expectativa de
vida da população em todo o mundo e devido a isso, o atendimento odontológico em casa
tem crescido proporcionalmente a essa elevação. Segundo a autora, grande parte dos
26
idosos encontra-se totalmente dependente e muitos, por problemas diversos, necessitam
do atendimento de profissionais da área de saúde (como os cirurgiões-dentistas) que
possam, além de cuidar da parte física, proporcionar uma melhora no aspecto emocional.
A autora afirmou que cuidar da saúde sem sair de casa é um serviço que está se tornando
mais frequente para os pacientes com necessidades especiais. Pacientes com o mal de
Alzheimer, oncológicos, que estão em tratamento na UTI, idosos que tiveram algum tipo
de acidente, como fratura de fêmur ou com dificuldades extremas de locomoção, são
casos típicos de pacientes que precisam de tratamento em casa ou onde estejam
internados. Mas sinalizou que o atendimento odontológico domiciliar requer cuidados
como: a) um contato inicial do paciente, amplo e criterioso; b) uma interação
multiprofissional; c) um certo trabalho para o profissional, porque o cirurgião-dentista
precisa transportar muito equipamento para tornar o ambiente domiciliar próprio para a
consulta; d) cuidado em relação ao transporte do equipamento, pela sensibilidade da
aparelhagem; e) o cirurgião-dentista precisa conhecer não só o paciente, como também a
família e o seu responsável e/ou cuidador. A autora afirmou também que um dos
principais benefícios do atendimento em casa é prestar assistência com qualidade a quem
necessita, embora a ergonomia de trabalho fique prejudicada, pois o cirurgião-dentista
precisa adaptar-se ao novo ambiente.
Fajardo et al. (2003) realizaram um trabalho de revisão de literatura no qual
investigaram os aspectos psicossociais que envolvem as áreas da Gerontologia e
Geriatria, onde tiveram o intuito de alertar o cirurgião-dentista ou outros profissionais, que
lidam com a saúde e qualidade de vida do ser humano, a explorarem a complexidade que
estas áreas representam. Afirmaram que a Odontogeriatria sugere a preparação de um
profissional com um perfil sensível à integração das multidisciplinas (Sociologia,
Antropologia, Psicologia, etc), para efetiva atuação em sua ação e assistência e fatores
27
biológicos como psicossociais que interferem na qualidade de vida do idoso. Afirmaram
que é necessário buscar compreender o comportamento do idoso, a dinâmica social com
a terceira idade e o processo de envelhecimento, tanto em seus aspectos saudáveis
quanto nos principais distúrbios e transtornos mais frequentes. Sinalizaram a importância
do reconhecimento do idoso e a busca de seu respeito, para promoção do bem-estar e
qualidade de vida.
Hebling (2003) relatou que o estudo e a compreensão dos processos de
envelhecimento somente despertaram os profissionais de saúde, a partir da década de
60, quando as implicações do aumento da longevidade e do número de idosos na
população mundial tornaram-se mais evidentes. Afirmou que a utilização de um critério
meramente cronológico, representa uma situação limitada e inapropriada, considerando
as pronunciadas diferenças existentes quanto às condições médicas de cada pessoa.
Além disso, independentemente de seu tipo classificatório (cronológico da idade,
autonomia de vida e relação de dependência), o paciente geriátrico tem sua importância
no planejamento de ações preventivas e terapêuticas, pelo seu crescente aumento na
população geral e pela inevitável passagem de todos os seres humanos para a
senescência. O autor discutiu as seguintes implicações do processo de envelhecimento
no planejamento de ações preventivas e curativas: a) a expectativa de vida e distribuição
populacional; b) taxa de analfabetismo; c) o aumento nas populações em idade
economicamente ativa (de 15 a 64 anos) em relação à não-ativa (crianças e idosos); d) o
aumento da relação idoso/criança; e) a epidemiologia das doenças bucais em pacientes
geriátricos; f) os padrões de saúde bucal; g) as alterações das funções bucais com o
envelhecimento; h) as consequências anatômicas e funcionais do edentulismo. O autor
alertou ainda que as ações curativas e preventivas no paciente geriátrico, devem levar em
consideração algumas variáveis individuais: a) expectativas do paciente em relação ao
28
tratamento; b) capacidade financeira de custeio; c) condições sistêmicas; d) condições
bucais; e) acesso ao serviço. Segundo o mesmo, as ações devem ser integradas com os
demais profissionais de saúde, envolvidos no atendimento e na prevenção, tais como
médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros, bem como com seus
cuidadores. As técnicas restauradoras e preventivas devem ser as mesmas empregadas
em pacientes não adultos. As cirurgias não devem ser muito extensas, envolvendo
preferencialmente de um a três dentes no máximo. As sessões de atendimento devem
apresentar curta duração, como o paciente posicionado com a cadeira não totalmente na
posição mais reclinada, para evitar a hipotensão postural, e as consultas de suporte
(manutenção) devem ser agendadas após a terapia ativa, com intervalos de três a seis
meses, conforme os riscos apresentados para cada paciente, visando manter e prevenir a
saúde bucal. Concluiu afirmando que envelhecer e manter a qualidade de vida, com
saúde geral e bucal, serão os grandes desafios a serem alcançados neste século e que
tratar do idoso representará a manutenção e o aprimoramento da qualidade de vida
dessas pessoas e um grande aprendizado para o envelhecimento.
Souza et al. (2003) realizaram um estudo sobre a terceira idade na região sul
fluminense do Estado do Rio de Janeiro, que teve como objetivo discutir a importância da
inclusão da Odontogeriatria no currículo odontológico. Discutiram-se aspectos fisiológicos
gerais do processo de envelhecimento, que ocorre na cavidade oral, e enfocaram as
modificações da secreção salivar, a mudança da microbiota oral, a descamação do
epitélio oral e a produção de saburra lingual (placa bacteriana que recobre a língua).
Relataram que além de provocar a halitose oral, a saburra é habitat para bactérias
cariogênicas e bactérias que causam a doença periodontal, que também se acumulam na
placa bacteriana lingual. Alertaram que é necessário desenvolver estudos para o
conhecimento ainda maior das necessidades de prevenção, higiene e cuidados que
29
devem ser dados aos indivíduos que estão envelhecendo, pois cuidar é mais que um ato;
é uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilidade e de envolvimento afetivo
com o outro. Neste caso, a inclusão da Odontogeriatria no currículo odontológico, enfatiza
o cuidado da saúde bucal na população idosa, com atenção especial ao atendimento
preventivo e curativo de idosos com doenças ou condições de caráter sistêmico e crônico,
associados a problemas bioquímicos, fisiológicos, físicos ou psicológicos.
Almeida et al. (2004) realizaram uma pesquisa qualitativa com 16 alunos da
Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), participantes de um Programa
desenvolvido em 3 instituições de Amparo ao idoso do município de Araçatuba (SP). Para
coleta de dados foi confeccionado um questionário com perguntas abertas, com o objetivo
de identificar no aluno de odontologia, a sua percepção sobre a velhice e as causas que o
levaram a participar do programa de atenção ao idoso. Os resultados relativos aos
pensamentos e sentimentos dos estudantes no primeiro contato com os idosos, foram
sintetizados em palavras-chaves como “abandono”, “solidão”, “tristeza”, "compaixão”,
“medo”, “companhia”, “vida”, “carência”, “solidariedade”, “pena”, “saudade” e “reflexão”. A
maioria dos entrevistados revelou que a velhice está relacionada ao desgaste biológico do
corpo e à ação do tempo. Alertaram que a representação negativa que os alunos
demonstraram ter da velhice, recebeu influência direta das representações que a cultura
criou, ou seja, de desvalorização do velho, em função da saída do sistema de produção
de riquezas materiais e reprodução. Afirmaram que a participação dos alunos no
programa, foi fundamental para a construção de um novo paradigma da prática
odontológica. Concluíram que uma maior atenção à saúde, deve ser encorajada tanto
pelos serviços de saúde locais, como nas propostas de ensino pesquisa e extensão das
universidades, para que realizem projetos em Educação em Saúde, e promovam a saúde
dos idosos.
30
Moimaz et al. (2004) realizaram um estudo com o propósito de avaliar a eficácia da
higienização no controle da placa bacteriana, de próteses totais superiores, em um grupo
de idosos. Participaram da pesquisa oitenta indivíduos de um grupo de terceira idade do
Município de Piacatu (SP). Foram efetuadas entrevistas por meio de questionários,
procurando levantar o perfil de utilização de prótese total, e em um grupo de 43
indivíduos, fora determinado o índice de placa para a prótese total superior em dois
tempos distintos. Do total de 80 participantes, 72 eram usuários de prótese total, ou seja
90% da população estudada; 47 (65,27%) utilizavam prótese total há mais de vinte anos;
32 (44,44%) nunca promoveram a substituição da prótese e 53 (73,61%) disseram não
apresentar dificuldades quanto à higienização das mesmas. Os autores concluíram que
houve uma redução da placa bacteriana nas próteses totais, e consequentemente maior
eficácia na higienização das mesmas. Além disso, os mesmos afirmaram que mesmo com
idades avançadas, indivíduos motivados, têm capacidade de aprender, necessitando
apenas de incentivo e orientação.
Munhoz (2005) realizou uma revisão de literatura, onde teve como objetivo
conhecer a prevalência de edentulismo, o uso e necessidade de prótese e lesões de
mucosa, mais frequentes nos idosos institucionalizados no Brasil. Os resultados relatados
no estudo foram que a prevalência de edêntulos total (superior e inferior) variou entre 43,1
e 85,6%; o uso de prótese total variou entre 49,4 e 77,9% para o arco superior e 23,5 a
25% para o arco inferior; a necessidade de uso de prótese variou entre 64,2 a 79,2% para
o arco inferior e entre 45,8 e 68,6% para o arco superior, e as alterações mais frequentes
relatadas na mucosa do idoso institucionalizado, foram em maior número as hiperplasias
fibrosas inflamatórias, estomatites protéticas, candidíases, queilite angular e em menor
número foram as leucoplasias e carcinomas. Segundo a autora, há necessidade de mais
pesquisas, para que se possa conhecer melhor as carências dos indivíduos idosos, com o
31
intuito de um melhor entendimento das suas necessidades. Além disso, advertiu que
embora os resultados encontrados foram importantes, houve dificuldade na análise nos
diferentes estudos, devido à falta de padronização dos critérios metodológicos, sugerindo
que haja uma maior preocupação por parte dos pesquisadores neste sentido em novas
pesquisas, e também como estas serão conduzidas.
Para Neri (2005), o envelhecimento pode ser definido em termos biológicos e
compreende os processos de transformação do organismo, que ocorrem após a
maturação sexual, e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de
sobrevivência. Esses processos são de natureza interacional, iniciam-se em diferentes
épocas e ritmos e acarretam resultados distintos para as diversas partes e funções do
organismo. Além disso, há um limite para a longevidade, o qual é estabelecido por um
programa genético que permitiria ao organismo suportar uma determinada quantidade de
mutações. Esgotado esse limite, o organismo perece. Segundo a autora, existem dados
de pesquisa mostrando que, embora as mudanças evolutivas que podem ser
caracterizadas como perdas aumentem com o passar da idade, na velhice, podem ocorrer
alterações classificáveis como ganhos. Contudo, as capacidades cuja manutenção e cujo
aperfeiçoamento dependem de influências culturais, podem conservar-se e especializar-
se, manifestando-se nos domínios profissional, do lazer, das artes ou do manejo das
questões existenciais (sabedoria). Um princípio fundamental da psicologia do
envelhecimento contemporânea, é que na velhice as pessoas conservam potenciais para
o funcionamento e o desenvolvimento, os quais, no entanto, tendem a declinar nos anos
mais tardios, quando as pessoas tornam-se mais vulneráveis e menos adaptáveis às
alterações ambientais.
Segundo Neri (2005), o termo Gerontologia foi usado pela primeira vez em 1903
32
por Metchicoff, sendo esta de origem grega em que “gero” significa velho e “logia”
significa estudo. A mesma relatou que Metchicoff na ocasião previu que esse campo teria
crescente importância no decorrer do século XX, em virtude dos ganhos em longevidade
para os indivíduos e as populações, provocados pelos avanços das ciências naturais e da
medicina. Já o termo Gerontologia social, afirmou a autora, foi usado pela primeira vez
por Clark Tibbits em 1954 para descrever a área da Gerontologia que se ocupa do
impacto das condições sociais e socioculturais, sobre o processo de envelhecimento e
das consequências sociais desse processo. Em 1909, segundo a autora, o médico
Nascher introduziu na literatura o neologismo Geriatria, para denotar o estudo clínico da
velhice, por analogia com Pediatria, que é o estudo clínico da infância. O médico fundou a
Sociedade de Geriatria de Nova Iorque em 1912 e publicou o livro “Geriatric” em 1914.
Em 1917, o “The Medical Review of Reviews” criou uma sessão de Geriatria e convidou
Nasser para editor. Hoje, ressaltou a autora, o campo da Geriatria compreende a
prevenção e o manejo das doenças do envelhecimento. É uma especialidade em
Medicina e também em Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, que se desenvolvem à
medida que aumenta a população de adultos mais velhos e idosos, portadores de
doenças crônicas e de doenças típicas da velhice, em virtude do aumento da longevidade
desses segmentos populacionais. A autora realizou uma retrospectiva citando os
principais marcos na evolução do campo da Gerontologia, iniciando no período de
1561-1626 e finalizando nos anos de 1980 e 1990. Concluiu citando os principais desafios
da Gerontologia na atualidade, que são: a) pulverizar a pesquisa e as teorias; b) construir
e testar os modelos explicativos; c) conciliar os conceitos de desenvolvimento e
envelhecimento; d) conciliar os vários conceitos de idade e tempo; e) vencer os
preconceitos dos próprios pesquisadores; f) descrever diferenças intra e interindividuais
do envelhecimento; g) integrar a velhice no curso de vida.
33
Scelza et al. (2005) realizaram um trabalho na disciplina de Odontogeriatria da
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (FOUFF), com o objetivo
de apresentar o atendimento que vem sendo realizado aos idosos. Os estudantes da
instituição são levados, ao final do período, a ter uma visão geral do paciente, de acordo
com o seguinte protocolo: consulta inicial, avaliação de saúde clínica, exame geral,
anamnese, avaliação médica do paciente e conferir a pressão sangüinea. Além disso,
também realizam avaliação de cáries dentais e doença periodontal (exame radiográfico
periapical e panorâmica), tecidos de mucosa oral e glândulas, por meio da avaliação do
fluxo salivar. Logo, as ajudas seguiram de acordo com o plano de tratamento determinado
para cada paciente. Os autores informaram que antes de iniciar o planejamento do
tratamento, que foi feito de acordo com as condições físicas e psíquicas do paciente, os
alunos procediam a uma terapia básica que consistia em instruções de higiene oral,
polimento coronário e aplicação de flúor. Quanto ao tipo de tratamento realizado,
constatou-se que no período de 2003 a agôsto de 2005, a maior parte dos procedimentos
recaiu na Periodontia e Dentística Restauradora. Com relação aos resultados, os autores
concluíram que o protocolo desenvolvido promove uma mudança no perfil do futuro
profissional, e uma boa satisfação dos pacientes por ter um tratamento diferenciado.
Pinelli et al. (2005) avaliaram as doenças crônicas acometidas, bem como os
medicamentos utilizados por idosos. Selecionaram 70 prontuários clínicos de pacientes de
ambos os gêneros, com 60 anos ou mais. Elaboraram um formulário com dados
referentes ao ano de atendimento, idade, gênero, história médica das doenças atuais e
passadas e os medicamentos utilizados pelos pacientes. Os dados foram transcritos para
o software epiinfo que permitiu realizar uma análise estatística descritiva. Nos resultados
encontrados, dos 70 pacientes analisados, 40 (57,0%) eram do gênero feminino e 30
(43,0%) do masculino. Além disso, 74,3% dos pacientes tinham de 60 a 69 anos, 22,8%
34
de 70 a 79 anos e 2,9% 80 anos ou mais. Nesta pesquisa encontraram um total de 66,0%
de pacientes com pelo menos uma doença crônica, sendo a hipertensão (38,0%) a
patologia mais frequente. As doenças reumáticas foram patologias encontradas em 18%
dos pacientes analisados. Afirmaram que as articulações das mãos podem ser
comprometidas alterando o padrão de higiene bucal e consequentemente a condição
bucal. Outra patologia prevalente encontrada no estudo foi a diabetes melito (12,0%) e
alertaram que o cirurgião-dentista deve prestar especial atenção no seu aparecimento
neste grupo etário. Dos medicamentos utilizados, os destinados a problemas do coração
(48,0%) foram os mais usados. Concluíram que o conhecimento das principais patologias
que acometem o indivíduo idoso, bem como interações medicamentosas e seus efeitos,
são conhecimentos imprescindíveis para que o cirurgião-dentista possa realizar um
atendimento seguro e eficiente do paciente geriatra. As doenças sistêmicas que mais
acometeram os idosos analisados, foram as cardiocirculatórias, doenças reumáticas,
alergias e diabetes melito e os medicamentos mais utilizados foram os destinados às
alterações cardíacas.
Tibério et al. (2005) avaliaram o estado e grau de necessidade de tratamento
periodontal de 183 indivíduos com idade entre 60 e 94 anos (média de 75,6), provenientes
do ambulatório de Geriatria da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de
Medicina, pelo índice Community Periodontal Index and Treatment Needs (CPITN). A
porcentagem de desdentados foi de 55,74%, sendo 44% do gênero masculino e 60,15%
do feminino. A presença de sangramento gengival e cálculo (60,49%) foi
significativamente maior que a ausência de doença (2,47%); 27,16% apresentaram bolsas
com profundidade de 4-5 mm, e 9,88%, bolsas maiores de 6 mm. O número médio de
sextantes excluídos foi de 3,29%. Da totalidade do grupo, 80,25% necessitou de
tratamento sob a forma de raspagem, acrescidos de intensificação dos cuidados de
35
higiene, e 9,88% (indivíduos com periodontite severa), de tratamento complexo. Os
resultados encontrados pelo estudo, confirmaram a necessidade de atuação odontológica,
preventiva e curativa, em indivíduos com 60 anos ou mais. Finalizaram o trabalho,
afirmando que a educação em saúde bucal deve ser vista como fator prioritário, em
qualquer população e, em especial, para população de risco, como a composta por
indivíduos com 60 anos ou mais.
Kaiser et al. (2006) realizaram um artigo de revisão de literatura onde tiveram como
objetivo abordar os princípios básicos que podem reger o atendimento dos idosos,
especialmente aqueles portadores de alguma deficiência (visual, auditiva, mental,
ortopédica ou de fonação). Segundo os mesmos, apesar da necessidade de uma maior
atenção à Odontogeriatria no Brasil, e tendo em vista o crescente aumento da população
de idosos, a maioria das faculdades de odontologia não incluiu esta ciência em seus
currículos. Além disso, a maioria dos profissionais encontra-se ainda despreparada para
prestar um atendimento ideal à população de terceira idade, especialmente aos idosos
portadores de deficiências. Concluíram o artigo alertando que: a) o crescimento da
camada populacional denominada de “terceira idade”, tem tornado os conhecimentos em
relação aos idosos, essenciais para os profissionais da área odontológica; b) o
atendimento direcionado a esses pacientes, principalmente os que apresentam algum tipo
de deficiência, apesar de ser ainda muito incipiente na Odontologia, já foi bastante
estudado em outras áreas da saúde; c) a adequação dos conhecimentos já existentes à
Odontologia e o próprio direcionamento dos estudos para a área da Odontogeriatria,
tendem a melhorar os atendimentos e as perspectivas de saúde oral nessa faixa etária.
Montandon et al. (2006) relataram que os caminhos e limites da Odontogeriatria,
estão baseados nos princípios de integralidade de atendimento que norteiam a
36
Gerontologia, e têm buscado soluções para as necessidades das pessoas em processo
de envelhecimento. Afirmaram que o atendimento do paciente idoso, necessita de um
claro diferencial que vai desde o preparo do ambiente físico da clínica que facilite a
locomoção com segurança, passando pelo transporte e manejo de pacientes com
comprometimento físico, até a própria conduta de avaliação e atendimento. Os princípios
de comunicação com o paciente idoso, devem prover adequada confiança no profissional,
interação e acolhimento. A avaliação do paciente deve incluir dados da história sistêmica
atual e passada, condições cognitivas, funcionais, estado de humor, autonomia,
conhecimento da realidade em que vive e, finalmente a história odontológica, com as
expectativas, necessidades e condições clínicas. Alertaram que o cirurgião-dentista, deve
discernir as queixas relacionadas às transformações naturais do envelhecimento,
daquelas referentes a processos patológicos. Além disso, é fundamental que o
profissional avalie o grau de dependência e as atividades que são assistidas por um
cuidador, guiando o processo de planejamento clínico e de educação em higiene bucal.
Assim, o plano de tratamento odontológico deverá estar baseado nas condições físicas e
sistêmicas do idoso, adaptado à sua realidade. Afirmaram que os estudos na área da
Odontogeriatria, apontam a alta prevalência de edentulismo, cáries coronárias e
radiculares, doenças periodontais, desgastes dentais, dores orofaciais, desordens
têmporo-mandibulares, alterações oclusais, lesões de tecidos moles e hipossalivação. Em
relação às alterações sistêmicas, relataram que o risco de endocardite, deve ser
conhecido pelo profissional. Também, doenças reumatóides, como a artrose e a gota
podem levar a limitações (incapacidades) e dificuldades básicas no processo de higiene
bucal. Nestes casos, engrossar o cabo das escovas dentais e apertar o tubo do creme
dental com as palmas das mãos, conferem importante ação multidisciplinar ao processo
de higiene bucal do paciente funcionalmente comprometido. A escova elétrica pode ser
37
utilizada pelo paciente portador de artrite. Diante de um paciente com anemia ou
hipossalivação, como na Síndrome de Sjögren, é importante que a escova dental tenha
cerdas extramacias. No caso de pacientes com alterações demenciais, como a demência
vascular e a doença de Alzheimer e de outras doenças debilitantes e progressivas como o
Parkinson, o direcionamento da atenção odontológica deverá estar baseado na fase em
que se encontra a doença, com o estabelecimento de uma rotina eficaz de cuidados que
poderá incluir flúor, educação preventiva e a utilização de digluconato de clorexidina.
Deve-se contar com o apoio de um cuidador, em pacientes que apresentem menor
capacidade funcional ou cognitiva, para complementação da higiene com escova elétrica,
dispositivos em "Y" para utilização do fio dental ou escovas interproximais e para
realização do enxágüe (em caso de paciente acamado) com auxílio de seringa
descartável e cuba do tipo "rim". O cirurgião-dentista deve também ser educador do
cuidador, como no caso do ensinamento da higienização da mucosa desdentada com
solução de digluconato de clorexidina a 0,12%, sem álcool e gaze, que deverá ser feita
pelo cuidador.
Rios (2006) realizou um levantamento das alterações bucais e sistêmicas, através
de fichas clínicas avaliadas no período de janeiro a julho de 2005, de pacientes idosos,
encaminhados à disciplina de Semiologia da Associação dos Cirurgiões Dentistas de
Campinas (ACDC). O objetivo do levantamento foi de analisar os motivos de
encaminhamento de pacientes da terceira idade, pelos cirurgiões-dentistas, para
avaliação de um especialista em Estomatologia. Foram examinados 101 prontuários
nesse período, considerando como idosos pacientes acima de 60 anos de idade. Os
resultados apresentaram falhas dos cirurgiões-dentistas ao encaminharem pacientes
idosos a centros de referência, indevidamente, por falta de conhecimentos anatômicos e
falhas no diagnóstico oral. Além disso, o estudo mostrou a dificuldade da própria clínica
38
de referência, em obter informações do paciente quanto ao seu estado sistêmico e
preenchimento incompleto dos prontuários pelos cirurgiões-dentistas. A autora relatou a
evidente necessidade de planejamento em educação continuada, para os cirurgiões-
dentistas (principalmente da rede pública), com o objetivo de qualificar o atendimento a
esses pacientes, poupando-os. Finalizou o estudo afirmando que a Odontologia como
ciência da saúde tem papel fundamental na prevenção, diagnóstico e tratamento das
alterações fisiológicas naturais e patológicas a que estão submetidos os idosos, e dentro
de um contexto interdisciplinar e multi-profissional, garantirem a estes pacientes,
tratamentos seguros e precisos que possibilitem manutenção e sempre que possível
melhora das condições de vida.
Silva et al. (2007) realizaram uma revisão de literatura, com intuito de abordar as
enfermidades que mais acometem os pacientes da terceira idade (desde as doenças
crônicas até mesmo as doenças crônicas degenerativas). Foi realizada uma descrição
quanto ao conceito e aos sinais e sintomas das enfermidades, observadas com maior
frequência nos pacientes idosos, que foram as seguintes: depressão, perda da memória,
estresse, aterosclerose, osteoporose, artrite reumatóide e desordem têmporo-mandibular,
hipertensão arterial, doenças vasculares, doenças cardíacas, obesidade, diabetes
mellitus, incontinência urinária, distúrbios auditivos e visuais, doença de Parkinson e a
doença de Alzheimer. Baseado na revisão de literatura, os autores alertaram que não só
os profissionais da saúde, bem como todos aqueles que lidam com os idosos de uma
forma geral, devem ter a preocupação de tratá-los com maior atenção, paciência e
perseverança, a ponto de minimizar as limitações que cada um apresenta. Finalizaram o
estudo afirmando que os fatores que têm demonstrado de fundamental importância para a
preservação da identidade psicológica do idoso, é o amor e o respeito ao seu mundo
significativo.
39
4 DISCUSSÃO
Nas últimas décadas, tem sido constatado um declínio nas taxas de natalidade e
um aumento na expectativa de vida, com consequente crescimento da população idosa,
graças ao desenvolvimento da ciência e de novas tecnologias, que tem como objetivo a
melhora na qualidade de vida (Souza et al., 2001). E quanto mais longa a vida média da
população, mais importante se torna o conceito de qualidade de vida, e a saúde bucal tem
um papel relevante nisso. Saúde bucal comprometida pode afetar o nível nutricional e o
bem-estar físico e mental e diminuir o prazer de uma vida social ativa (Barbosa et al.,
2002).
Envelhecer e manter a qualidade de vida, com saúde geral e bucal, serão os
grandes desafios a serem alcançados neste século. Tratar do idoso representará a
manutenção e o aprimoramento da qualidade de vida dessas pessoas e um grande
aprendizado para o envelhecimento (Hebling, 2003).
Entende-se por envelhecimento o fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e
sua existência na sociedade. Manifestando-se em todos os domínios da vida, inicia-se
pelas células, passa aos tecidos e órgãos e termina nos processos extremamente
complicados do pensamento (Vargas, 1983). Definido em termos biológicos, o
envelhecimento compreende os processos de transformação do organismo que ocorrem
após a maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de
sobrevivência. Esses processos são de natureza interacional, iniciam-se em diferentes
épocas e ritmos e acarretam resultados distintos para as diversas partes e funções do
organismo (Neri, 2005).
40
Segundo Fajardo et al. (2003), é necessário buscar compreender o comportamento
do idoso, a dinâmica social com a terceira idade e o processo de envelhecimento, tanto
em seus aspectos saudáveis quanto nos principais distúrbios e transtornos mais
frequentes, pois a Odontogeriatria sugere a preparação de um profissional com um perfil
sensível à integração das multidisciplinas (Sociologia, Antropologia, Psicologia, etc), para
efetiva atuação em sua ação e assistência. O profissional necessita conscientizar-se de
que o idoso não é simplesmente "mais um paciente" no consultório (Madeira et al., 2000)
e, portanto, é imprescindível a utilização de um protocolo de atendimento diferenciado,
com o intuito de se promover a satisfação dos pacientes (Scelza et al., 2005), já que o
tratamento do paciente idoso difere do tratamento da população em geral, devido às
mudanças fisiológicas durante o processo de envelhecimento natural, da presença de
doenças sistêmicas crônicas e da alta incidência de deficiências físicas e mentais nesse
segmento da população (Fajardo et al., 2003).
Algumas doenças específicas associadas ao processo de envelhecimento e que
exigem cuidados próprios são as doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose e
doença de Alzheimer/demência. As doenças cardiovasculares e o tratamento médico
dispensado a pacientes cardíacos podem levar a emergências durante o tratamento
dentário. Controle constante da pressão arterial e da terapia com anticoagulantes é
indispensável. Os pacientes diabéticos frequentemente apresentam doenças
cardiovasculares e estão mais susceptíveis a processos infecciosos se a doença não esta
sendo adequadamente controlada (Barbosa et al., 2002) e o diabetes também favorece o
aparecimento da doença gengival, produz halitose e dificulta a cicatrização (Sequeira et
al., 2001). A osteoporose pode levar à perda acentuada de osso alveolar e mais
facilmente à fratura mandibular. Aqueles com doença de Alzheimer/demência podem
apresentar diferentes níveis de dificuldade de comunicação e de comportamento (Barbosa
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et al., 2002), são casos típicos de pacientes que precisam de tratamentos em casa
(Carvalho, 2002), onde o direcionamento da atenção odontológica deve ser baseado na
fase em que se encontra a doença com o estabelecimento de uma rotina eficaz de
cuidados que poderá incluir flúor, educação preventiva e a utilização de digluconato de
clorexidina. (Montandon et al., 2006).
Os pacientes idosos ainda podem estar sujeitos a outras complicações próprias da
terceira idade, como a depressão, perda da memória, estresse, aterosclerose,
hipertensão arterial, obesidade, incontinência urinária, doença de Parkinson (Silva et al.,
2007), alergias e doenças reumáticas (Pinelli et al., 2005). A higienização bucal pode se
tornar difícil para os pacientes com artrite e outras doenças reumáticas deformantes
(Barbosa et al., 2002), como a artrose e a gota (Montandon et al., 2006). Nestes casos, o
engrossar o cabo das escovas dentais e o apertar o tubo do creme dental com as palmas
das mãos, conferem importante ação multidisciplinar ao processo de higiene bucal do
paciente, funcionalmente comprometido. A escova elétrica pode ser utilizada pelo paciente
portador de artrite, embora a escova manual utilizada com movimentos circulares e
suaves permita maior estímulo articular (Montandon et al., 2006). Vale mencionar também
que o risco de endocardite, pneumonia por aspiração e de disseminação de infecções,
deve ser conhecido assim como a rotina eficaz de cuidados (Montandon et al., 2006).
Além disso, muitos idosos têm medo do cirurgião-dentista, muitos têm a mobilidade
comprometida e dependem de cadeiras de rodas, bengalas, apoio de terceiros para
caminhar, ou simplesmente não andam mais. Possuem problemas médicos variados
(visão, audição, etc) ou instabilidade de postura, que os impossibilitam de deitar na
cadeira odontológica ou levantar dela (Sequeira et al., 2001). Isso tudo deve ser levado
em consideração, uma vez que grande parte dos idosos encontra-se totalmente
dependente (Carvalho, 2002), e foi constatado que o paciente geriátrico que possui algum
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grau de dependência, tem uma deficiência na higiene oral, sendo isso representado como
o mais sério problema de saúde bucal (Mello et al., 2000).
Na área da Odontogeriatria, os estudos apontam uma alta prevalência de edentulismo,
cáries coronárias e radiculares, doenças periodontais, desgastes dentais, dores
orofaciais, desordens têmporo-mandibulares, alterações oclusais, hipossalivação e lesões
de tecidos moles (Montandon et al., 2006). E isto também deve ser levado em
consideração quando do atendimento ao idoso, como por exemplo a perda da dentição
que influi sobre a mastigação, digestão, gustação, pronúncia, aspecto estético e
predispõe a doenças geriátricas (Moriguchi, 1990). Um fato importante que deve ser
mencionado, é que diante de um paciente com anemia ou hipossalivação, como na
Síndrome de Sjögren, é importante que a escova dental tenha cerdas extramacias para
menor risco de lesão do tecido gengival (Montandon et al., 2006). No que se refere a
lesões de mucosas, em um estudo de revisão de literatura, as lesões mais frequentes em
idosos institucionalizados relatadas foram as seguintes: hiperplasias fibrosas
inflamatórias, estomatites, candidíases, queilite angular (associadas ao uso de próteses),
presença de extensas hiperplasias de palato (causadas pelo uso de prótese total superior
com câmara de sucção), e em menor número foram relatados leucoplasias e carcinomas
(Munhoz, 2005).
Vale mencionar que é essencial a realização de avaliações periódicas dos tecidos
moles da boca e próteses (Munhoz, 2005), pois é importante a atuação odontológica
preventiva e curativa em indivíduos com 60 anos ou mais (Tiberio et al., 2005). As ações
devem ser integradas com os demais profissionais de saúde, envolvidos no atendimento e
na prevenção, como médicos, enfermeiras, fisioterapeutas e nutricionistas, entre outros,
bem como com seus cuidadores (Hebling, 2003). Então, a Odontologia como ciência da
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saúde, tem papel fundamental na prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações
fisiológicas naturais e patológicas a que estão submetidos os idosos, e dentro de um
contexto interdisciplinar e multiprofissional, garantirem a estes pacientes tratamentos
seguros e precisos que possibilitem manutenção e sempre que possível melhora das
condições de vida (Rios, 2006).
Mas, há necessidade de uma maior atenção à Odontogeriatria no Brasil, pois a
maioria das faculdades de Odontologia não incluiu esta ciência em seus currículos (Kaiser
et al., 2006) e isto não deveria estar ocorrendo, porque a inclusão desta ciência enfatiza o
cuidado da saúde bucal na população idosa, com atenção especial ao atendimento
preventivo e curativo de idosos com doenças ou condições de caráter sistêmico e crônico
associados a problemas bioquímicos, fisiológicos, físicos ou psicológicos (Souza et al.,
2003).
As cáries, doenças periodontais, problemas endodônticos, xerostomia, próteses
mal adaptadas e outras lesões são passíveis de tratamento e prevenção (Madeira et al.,
2000) e as atividades preventivas reduzem o risco de enfermidades bucais (Brondani,
2002).
Em um estudo onde analisaram-se algumas atividades preventivas educacionais
odontogeriátricas, com o intuito de verificar sua eficácia, foi verificado que: a) as
instruções de higiene, cuidados com dentes/próteses e a aprendizagem devem ser uma
constante; b) a sensibilização e a motivação para o aprendizado devem ser uma
preocupação incessante no contexto ensinoaprendizagem; c) a manutenção para uma
modificação comportamental educacional, deve ser feita com atividades constantes e
diversificadas (verbal, demonstrativa) para que o indivíduo se sensibilize e se motive a
aprender. Além disso, no estudo afirmou-se que é importante observar: a) o conteúdo do
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que se quer ensinar (informações básicas, técnicas adequadas e de fácil aprendizagem,
qualidade e quantidade da informação); b) a maneira (escrita, verbal, explicativa,
audiovisual, adequação de linguagem, demonstração prática); c) frequência (deve-se
observar a motivação e interesse de cada um, sem sobrecarregar); d) público alvo
(diversidades culturais, sociais e econômicas, limitações físicas para o desenvolvimento
de atividades) (Brondani, 2002).
Quando da elaboração de atividades preventivas educacionais odontogeriátricas, o
profissional deve conscientizar-se de que o conhecimento por si só não é capaz de
modificar hábitos (Melo et al., 2001). É fundamental a utilização de meios corretos de
higienização (Souza et al., 2001) e também a realização da motivação, pois embora com
idades avançadas, indivíduos motivados têm capacidade de aprender, necessitando
apenas de incentivo e orientação (Moimaz et al., 2004). Como medidas de orientação
podem ser realizadas aquelas relacionadas quanto à limpeza regular diária dos dentes, as
orientações quanto ao controle da dieta e orientações visando o fortalecimento da
superfície dentária (através do uso do flúor) (Pucca Júnior, 1996). Mas o primeiro passo
na elaboração destas atividades deve ser o entendimento de como o paciente geriátrico
percebe sua condição bucal (Silva et al., 2001).
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5 CONCLUSÃO
É importante a inclusão da Odontogeriatria nos currículos das faculdades, uma vez
que com o aumento do número de indivíduos nesta faixa etária, uma maior demanda de
serviços odontológicos serão requisitados nos próximos anos. O cirurgião-dentista deve
ser um profissional sensível, que domine várias disciplinas da ciência e deve garantir um
atendimento diferenciado e individualizado. A importância da prevenção das doenças
orais, e especialmente os cuidados com a dentição, devem ser cultivados até na terceira
idade, pois contribuem em muito para uma maior longevidade e principalmente na
qualidade de vida do idoso. E neste aspecto, as atividades preventivas educacionais
odontogeriátricas são imprescindíveis e devem ser realizadas frequentemente.
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