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20-06-2017 Taxas em Portugal são altas, mas o IRS efectivo não O "enorme aumento de impostos" de Vitor Gaspar em 2013 pôs os portugue- ses a pagar cerca de mais 30% de im- posto do que até ai. Contudo, a refor- ma fiscal de 2015 acabou por aumen- tar muitas deduções e atenuar o efei- to. Sendo as taxas marginais altas, so- bretudo para rendimentos até 100 mil euros, as taxas efectivas estão em li- nha ou abaixo da média internacional. A tendência é comum a diversos esca- lões de IRS, e não só aos mais baixos. PAGAMOS MAIS IRS DO QUE NOS OUTROS PAÍSES? abaixo da média 24 36 PRIMEIRA LINHA MUDANÇAS NO IRS Na hora de baixar o IRS, a esquerda faz bem em colocar as fichas todas no segundo escalão? Os números são escassos, os estudos mais ainda, mas os dados que existem mostram que, apesar de as taxas marginais serem bem altas, o IRS efectivo não destoa da média internacional. ELISABETE MIRANDA elisabetemirandaonego( ios.pt ( ;ovem > querin- tn )(luzir maior progressividade no IRS eoncen irando se a des dobrar o segundo eseali - 1( de ren dimento em (11115..1 . 1';II 3 sede um grUpi >e Imiti) helenigéneo, que vai dos 7 aos 20 mil euros de rendimentookclavel,ondecalx• mais dc um milhão de famílias e que paga. em média, 2.71X) et de IIIS ao ano. E assim talai> 1111 postoquejustitique medidas ésix• eialmente dirigidas? .\ pergunta itã( > tem uma res p( ista taxativa, porque (Is dado s que são públicos não abunclam. mas permitem dar uma ideia ge ral sobre < > assunti 4. Comecem( is pelo que se sabe. Salx-se. desde Ilig‹ > que Ntá rio Centeno tem razão quando dizqueo segundo escalão de [RS enfrenta uma taxa marginal de IRS a taxa que incide ai x•i ass i breu intervidode malimenn is de cada escala( demasiado alta. Fazendo i uma cri )mparaçãc> inter nacional com as laxas marginais praticadas is países ti idadi euro.os 28.5r(- colocam o I RS portugues entre is mais penali- zad( Ires. irexemplo, um o >ntri buinteoan I( It xteunisbnit( r al o anu leal em Portugal a mais alia taxa marginal de 111Sentre, is i xis falldadureS deu eun>. E. se la nhar20.1 )( )( las ianoenfrenta o ter- ceiro nível de tributação mais alto (ver int. ( )!..9. afiaqueacomjxutha(sta peça). Omitido. a taxa marginal de lIttiaqueot . >vento aludepard es- o ilhercentrara descida do impa Is ti) a( > iiível do segund< > escalfiO de 1 RS esta I( inge de dar uma n(içii() exactadaoirga fiscal suportadalx. las famílias,pch iqtk>épmeiso levar lambem ern omta aschamadas xas efectivas de 1115.1sh)é, a pio ix >Não entre o imposto efectiva mente paga já líquido de todas as deduçõesào deeta.e( rendiment( > bodo declarado p‹ weada fiunília. A partir das estatísticas que sã( públ sat>e-se por apn maçã() que as famílias que estão. neste escali1( i pagam em I RS en O'i e 16% do seu rendimenti) bruto as estatísticas do 1RS di vingadas pela Autoridade Trilai gíria não apresentam os dado. !ma-esc:115( ide rendimento colec lavei. At ravi'-: ( ki ou t ra ar >R b. t i e dial( is, fiirneek 1x‘l0( . 11)verni ) Parlamento. fica a saber-se ( ¡nem está no segundoesealão de real imenio e( ileetavel, desem SEGUNDO ESCALÃO PAGA 2.700 EUROS DE IRS 0 escalão que o Governo quer desagravar paga cerca de 2.700 euros em média de IRS, segundo números oficiais. Rendimento IRS medro colectavei por agregado (euros) (euros por ano) Até 7.035 206 De mais de 7.035 2.686 até 20.100 De mais de 20.100 9.848 até 40.200 De mais de 40.200 24.201 até 80.640 Superior a 80.640 76.884 Fonte. MIMSIPIII) das Finanças. Nota. o IRS Médio por agretta(10 calculado a partir do IRS liquidado poi escuso de rendimento colectavel rol I014. pelo que os tIL:1111,14” devem SP, 11(10% como indicativos 28,5% É A TAXA MARGINAL de IRS que enfrenta um contribuinte com 10.000 euros brutos/ano. É a mais alta taxa europeia. bolsam) media 2.700 euros de imposto por ano. Quem esta no terceiro escalão paga mais d< > tri plo em média. E quem está no quart( > escalão desembolsa cerca de 24.000 euros zmoem 1 RS (ver tabela que acompanha este texto). A questão seguinte é a de sa I>er o an( > é que. ela terna is inter naciirriais. e' imparam estes níveis de tributaç .50. Indirectamente. reeorrend( inn est tal> da ( )(' )E intitulado l'axing \Vages", o in segue ter-se uma tu /Ç'5( >das ou- gas tributarias p(w país, já ajusta- das pelo nível de poder (te o im pra, e deduzidos das potenciais deduções fiscais a que os o int ri bointes tem direito. A limitação destes dados é que são simula ções tetirieas sobreo itnp< >st( > 1)4) teneial. E nesta comparaçã( inleraa ei >nal o pais nem p( sol lia lil;ii está na média ou :Mak( (l;, ale dia europeia pard de rendimento (ser I I igr:111:1 Por exempli i, um si Mein i•eni ti bis que ganhe II),I100 (110 45 ao ano (riu paridade dc poder de cr impra) paga l( Y de !RS líqui em Portugal, abaixo da média. Se este contribuinte tis er não paga nada de I [IS (embora outros países escolham centrar via() aos filhos por via extra fiscal Lu ... MAS AS TAXAS EFECTIVAS NEM POR ISSO SOLTEIRO. SEM FILHOS 19.060</ANO Bégica (6/4b do sala' a médio, em PPP) 19,5 Finlândia 15,0 Alemanha 14,0 Itália 12,4 UE•22 12,1 OCOS média 11,4 França 11,0 Espanha 10,4 Portugal 10.2 Luxemburgo 10,1 Irlanda eie 8,7 Áustria ei 8,3 Holanda El 6,4 o 12

PRIMEIRA LINHA Taxas em IRS DO QUE PAGAMOS MAIS … · PRIMEIRA LINHA MUDANÇAS NO IRS ... segue ter-se uma tu /Ç'5( >das ou-gas tributarias p(w país, já ajusta-das pelo nível

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20-06-2017

Taxas em Portugal são altas, mas o IRS efectivo não

O "enorme aumento de impostos" de

Vitor Gaspar em 2013 pôs os portugue-

ses a pagar cerca de mais 30% de im-

posto do que até ai. Contudo, a refor-

ma fiscal de 2015 acabou por aumen-

tar muitas deduções e atenuar o efei-

to. Sendo as taxas marginais altas, so-

bretudo para rendimentos até 100 mil

euros, as taxas efectivas estão em li-

nha ou abaixo da média internacional.

A tendência é comum a diversos esca-

lões de IRS, e não só aos mais baixos.

PAGAMOS MAIS IRS DO QUE NOS OUTROS PAÍSES?

abaixo da média

24 36

PRIMEIRA LINHA MUDANÇAS NO IRS

Na hora de baixar o IRS, a esquerda faz bem em colocar as fichas todas no segundo escalão? Os números são escassos, os estudos mais ainda, mas os dados que existem mostram que, apesar de as taxas marginais serem bem altas, o IRS efectivo não destoa da média internacional.

ELISABETE MIRANDA

elisabetemirandaonego( ios.pt

( ;ovem > querin-tn )(luzir maior progressividade no IRS eoncen irando se a des

dobrar o segundo eseali-1( de ren dimento em (11115..1.1';II 3 sede um

grUpi >e Imiti) helenigéneo, que vai dos 7 aos 20 mil euros de rendimentookclavel,ondecalx• mais dc um milhão de famílias e que paga. em média, 2.71X) et

de IIIS ao ano. E assim talai> 1111

postoquejustitique medidas ésix• eialmente dirigidas?

.\ pergunta itã( > tem uma res

p( ista taxativa, porque (Is dados que são públicos não abunclam. mas permitem dar uma ideia ge ral sobre < > assunti 4. Comecem( is pelo que se sabe.

Salx-se. desde Ilig‹ > que Ntá rio Centeno tem razão quando dizqueo segundo escalão de [RS enfrenta uma taxa marginal de IRS a taxa que incide ai x•i ass i breu intervidode malimenn is de cada escala( demasiado alta. Fazendo i uma cri )mparaçãc> inter nacional com as laxas marginais praticadas is países ti idadi

euro.os 28.5r(- colocam o I RS portugues entre is mais penali-zad( Ires. irexemplo, um o >ntri buinteoan I( It xteunisbnit( r al o

anu leal em Portugal a mais alia taxa marginal de 111Sentre, is i xis falldadureS deueun>. E. se la

nhar20.1 )( )( las ianoenfrenta o ter-ceiro nível de tributação mais alto (ver int.( )!..9.afiaqueacomjxutha(sta peça).

Omitido. a taxa marginal de lIttiaqueot .“ >vento aludepard es- o ilhercentrara descida do impa Is

ti) a( > iiível do segund< > escalfiO de 1 RS esta I( inge de dar uma n(içii() exactadaoirga fiscal suportadalx. las famílias,pch iqtk>épmeiso levar lambem ern omta aschamadas xas efectivas de 1115.1sh)é, a pio ix >Não entre o imposto efectiva mente paga já líquido de todas as deduçõesào deeta.e( ► rendiment( > bodo declarado p‹ weada fiunília.

A partir das estatísticas que sã( públ sat>e-se por apn maçã() que as famílias que estão. neste escali1( i pagam em I RS en

O'i e 16% do seu rendimenti)

bruto as estatísticas do 1RS di vingadas pela Autoridade Trilai gíria não apresentam os dado. !ma-esc:115( ide rendimento colec lavei. At ravi'-: ( ki out ra ar >R b. t i e

dial( is, fiirneek 1x‘l0(.11)verni )

Parlamento. fica a saber-se ( ¡nem está no segundoesealão de real imenio e( ileetavel, desem

SEGUNDO ESCALÃO PAGA 2.700 EUROS DE IRS

0 escalão que o Governo quer

desagravar paga cerca de 2.700 euros em média de IRS, segundo números oficiais.

Rendimento IRS medro colectavei por agregado (euros) (euros

por ano)

Até 7.035 206

De mais de 7.035 2.686 até 20.100

De mais de 20.100 9.848 até 40.200

De mais de 40.200 24.201 até 80.640

Superior a 80.640 76.884

Fonte. MIMSIPIII) das Finanças. Nota. o IRS Médio por agretta(10 calculado a partir do IRS liquidado poi escuso de rendimento colectavel rol I014. pelo que os tIL:1111,14”

devem SP, 11(10% como indicativos

28,5% É A TAXA MARGINAL de IRS que enfrenta um contribuinte com 10.000 euros brutos/ano. É a mais alta taxa europeia.

bolsam) media 2.700 euros de imposto por ano. Quem esta no terceiro escalão paga mais d< > tri plo em média. E quem está no quart( > escalão desembolsa cerca de 24.000 euros zmoem 1 RS (ver tabela que acompanha este texto).

A questão seguinte é a de sa I>er o an( > é que. ela terna is inter naciirriais. e' imparam estes níveis

de tributaç.50. Indirectamente.

reeorrend( inn est tal> da ( )(' )E intitulado l'axing \Vages", o in segue ter-se uma tu /Ç'5( >das ou-gas tributarias p(w país, já ajusta-das pelo nível de poder (te o im pra, e deduzidos das potenciais deduções fiscais a que os o int ri bointes tem direito. A limitação destes dados é que são simula ções tetirieas sobreo itnp< >st( > 1)4)

teneial.

E nesta comparaçã( inleraa

ei >nal o pais nem p( sol lia lil;ii

está na média ou :Mak( (l;, ale dia europeia pard

de rendimento (ser I I igr:111:1

Por exempli i, um si Mein i•eni ti

bis que ganhe II),I100 (110 45 ao ano (riu paridade dc poder de cr impra) paga l(Y de !RS líqui

em Portugal, abaixo da média.

Se este contribuinte tis er não paga nada de I [IS (embora outros países escolham centrar

via() aos filhos por via extra fiscal Lu

... MAS AS TAXAS EFECTIVAS NEM POR ISSO

SOLTEIRO. SEM FILHOS

• 19.060</ANO

Bégica

(6/4b do sala' a médio, em PPP)

19,5

Finlândia 15,0

Alemanha 14,0

Itália 12,4

UE•22 12,1

OCOS média

11,4

França 11,0

Espanha 10,4

Portugal 10.2

Luxemburgo 10,1

Irlanda eie 8,7

Áustria ei 8,3

Holanda El 6,4

o 12

10.000€ 20.000€ 35.000€ 50.000 c 80.000E 100.000E 200.000E Número de escalões de IRS

Portugal 28,50% 28,50% 37% 45% . 45% 48% 48% Portugal 5

Espanha 19% 24% 30% 37% 45% 45% 45% Espanha 5

França 14% 30% 30% 41% 45% 45% França 5

Áustria 35% 42% 42% 48% 50% 50% Áustria 7

Bélgica 25% 40% 45% 50% 50% 50% 50% Bélgica 5

Alemanha 14% 14% 14% 14% 42% 45% 45% Alemanha 4

Finlândia 0% 6,50% 17,50% 21,50% 31,75% 31,75% 31,75% Finlândia 4

Irlanda 20% 20% 40% 40% 40% 40% 40% Irlanda 2

Itália 23% 27% 38% 38% 43% 43% 43% Itália 5

Holanda 8,40% • 12,25% 40,40% 40,40% 52% 52% 52% Holanda 4

Luxemburgo 0% 18% 32% 39% 39% 39% 39% Luxemburgo 19

3.a taxa mais alta

6.a taxa nmis alta

*Miar de as taxas marginais serem altas, quando se olha para as taxas efectivas de IRS, os números contam uma história menos desfavorável. E porquê? Porque operam aqui as deduções e todos os

abatimentos que se podem fazer, e que podem fazer variar muito a factura fiscal. Segundo dados da OCDE, que partem de simulações para vários níveis de salário bruto, já ajustados ao poder de compra

(tecnicamente em paridades de poder de compra), Portugal aparece com taxas efectivas de IRS no 7.0 ou 8.0 lugar entre 11 países - isto é, na segunda metade da tabela. Quando os filhos entram ao barulho, então,

a factura fiscal é mesmo das mais baixas senão a mais baixa da Europa fundadora do euro - daí que já no passado tenhamos escrito um texto intitulado "Os filhos são o melhor do IRS".

SOLTEIRO. SEM FILHOS

28.450E/ANO

(100% do salário médio. em PPP)

SOLTEIRO, SEM FILHOS

47.510C/ANO

(167% do salário médio, em PPP)

2 FILHOS

28.510E/ANO

(100% do salário médio, em PPP)

2 FILHOS

fritt 47.510E/ANO

(167% do salário • médio, em PPP)

CASADOS. CASADOS.

Bélgica

Finlincha

Itália

Alemanha

Luxemburgo

Holanda

UE - 22

portuga'

OCDE • média

Irlanda

Espanha

França

Áustria

o

26,8

■ 22,0

■ 21,6

19,0

18,1

16,9

116,8

116,6

15,7

15,2

Bélgica

Itália

Finlândia

Holanda

Alemanha

Irlanda

Luxemburgo

Portugal

UE • 22

OCDE-média

Espanha

Áustria

França

Grécia

o

29,9

29,4

27,9

27,5

27,4

25,8

23,4

22,9"

21,5

24 36

Finlândia

Holanda

Bélgica

Itália

Austria

10,1

9,6

França 1.17,9

Espanha II 7,7

Irlanda ■ 6,8.

Luxemburgo 1.16,5

Portugal II4,3

Alemanha, 10,9

O 12

21,9

16,4

24 36

22,4

19,0

15,0

12,6

12,5

12,3

12,0

11,9

11,1

11,0

11,0

10,8

Portugal 9,7

Grécia MI 8,1 O 12

34,5

13,9

12

OCDE -média

UE - 22

Bélgica

Finlândia

Itália

UE - 22

Luxemburgo

OCDE-média

Irlanda

Holanda

Austria

Espanha

França

Alemanha

Fonte: OCRE e Comissão Europeia, para a comparação das taxas marginais e do número de escalões. OCDE. "Taxing ',Vages 2016". para os gráficos que comparam taxas efectivas. Nota!: os dados sobre escalões de IRS referem-se à situação por pais em 2016. Nota 2: os dados sobre as taxas efectivas de IRS por pais estão ajustadas ao nivel de poder de compra relativo (PPP) no seio da OCDE:

os rendimentos nominais subjacentes. originalmente em dólares, foram convertidos em euros ao cambio de final de 2016.

15.0

14.8

21.0

21,0

20,9

16,6

15,1

14,7

11,7

abaixo da média

24 36

AS TAXAS MARGINAIS SÃO ALTAS...

À primeira vista, o IRS por cá é muito alto. Comparando as tabelas de IRS dos 11 países fundadores do euro, as taxas marginais são altas em Portugal, para um leque alargado de níveis de rendimento. E são-no especialmente para quem ganha 10.000 euros ao ano, que enfrenta uma taxa de 28,5%, o que parece sair em defesa da tese do Governo de que estes contribuintes pagam muito imposto. Mas estamos perante taxas marginais que não são as taxas efectivas.

N.o DE ESCALÕES VARIA

Entre a minimalista Irlanda e o maxima-lista Luxemburgo, encontram-se regras muito diferentes em matéria de esca-lões. A maioria tem cinco, como Portu-gal, mas isso pode não dizer muito.

ProgressiVidade tem pouco mais que um século de vida

I fiz-se que uni imposto é pri)-gressivo quando a taxa de im-p()sto aumenta a medida que o rendimento sobe. A progressi-vidadeestà intimamente ligada ao conceito de capacidade ciai-tribut iva e tem implícita a ideia de que quanto maior é o rendi-mento de um contribuinte, me-lu ir é o valor que lhe atribui, ra-zão pela qual tem de fazer uni est.( >No proporcionalmente maior do que quem menos ga-nha.

Os impostos progressivos são unia constnicão tetírica re-cente, que surge associada às pre<>cupações em lin-iluda edi- ticaçàode um Estado Se- gundo conta Sérgio \ 'asques, num ensai‹ 1 sobre -capacidade contributiva, rendimento e pa trimónio", em 1913, nos Es-tados Unidos, e em 1014, em França, se institui um imposto progressivo sobrei) rendimen-to pcssiial. Em I kirtugal,ele sur-giu pela primeira vez em 1022 embora tenha sido uma expe-riéncia efémera.

1loje em dia. a progressivi- dade é 11111M Ido nj." 1 do ar_

igo 104."da Constituição. mas não há qualquer indicação so-bre qual o númeni de escalões nem a magnitude das axas que devem ser fixadas, uma tarefa para a qual o legislador iem li-berdade o que tem alimenta - do o debate político.

.‘Constituiçãotambém im-póequeo lItti seja (mico, embo-

ra as diversas categorias de ren - dimento possam ser tributadas de t')rmadistinta umas pi iren-globamentooutras ix ir taxas es-peciais e lil)eratórias.•

A Constituição exige progressividade mas não diz como se chega lá, alimentando o debate.

O secretário de Estado Rocha Andrade e o seu ministro Mário Centeno têm de conciliar c

PRIMEIRA LINHA MUDANÇAS NO IRS

Numa altura em que o Governo negoceia com os parceiros à esquerda novas mexidas no IRS, o Negócios fez uma ronda por especialistas para saber como introduzir maior justiça e progressividade no imposto. Uns aproximam-se do que está a ser pensado, outros nem por isso.

Taxas, escalões, deduções: a progressividade do IRS tem vários caminhos

ELISABETE MIRANDA

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( 1()Ver1)0, Bl()C) (I(' ES

litlertla 1>CI>(é111 vin

do a discutira melln Ir

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dos ainda divergem sol)re iiSeanti

11110S:1 SegUir.. \SS)111 1:11111X;111 ni

teceentre liscalistas,undecadzi uni

leni a sua Inrinula ideal para:eche

g:u'n um residi:Rb identico.

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ies que qualquer mexida lein de ser

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Rever escalões: mais quais? \ntnnin Martins. prnIess«r na

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Deduções à colecta por tipo de família

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Skictivo de dar maior progressividade ao IRS com as restrições orçasiteetals.

Miguel Baltazar

da simplificação, já que esta de-dução familiar permitiria limpar boa parte das restantes deduções à colecta.

Englobamento, o eterno problema Actualmente os rendimentos do trabalho e pensões são sujeitos a englobamento, mas os capitais, as rendas e as mais valias podem pagar uma taxa de 28%, o que beneficia quem ganha mais. O PCP tem insistido no engloba-mento de todos os rendimentos e a ideia até tem simpatia à direi-ta, pelo menos em tese, como re-centemente afirmou Bagão Fé-I ix.

Manuel Faustino também acha que tem de haver, senão en-globamento, pelo menos uma clarificação, porque, "tal como está, o I RS não se integra em ne-nhum modelo reconhecido pela ( )C DE". Portugal parece querer

imitar um modelo semi-dual, mas trata-se de fraca imitação, já que estes modelos têm duas ba-ses de tributação, uma progres-siva, onde se agrupam os rendi-mentos do trabalho e pensões, e outra proporcional, onde se agrupam todos os outros tipos de rendimentos, que, somados, são sujeitos a uma taxa plana.

Em Portugal, contudo, a taxa plana incide categoria a ca-tegoria de rendimento, o gera "uma confusão em que nin-guém se entende", diz Manuel Faustino, para quem este siste-

66 Para aliviar os rendimentos do trabalho é preferível actuar na dedução especifica. MANUEL FAUSTINO Consultor fiscal, ex-director do IRS

ma "é o maior manual de pla-neamento fiscal que temos. E só escolher".

Dar no IRS, tirar nos indirectos? Toda esta discussão só fará, con-tudo, sentido, se o Governo não resolver compensar o alívio do I RS com uma subida de outros impostos indirectos. Caso con-trário, nem vale a pena mexer- lhe. I RS é o imposto que per- mite maior modulação em ter-mos de prop-essividade. Do pon-to de vista da justiça redistributi-va não faz sentido estar a fazer perder peso do imposto mais re-presentativo da justiça redistri-butiva para agravar outros que são socialmente mais cegos", considera António Martins.

Portanto: ou há folga orça-mental e aí é certo começar-se pelo IRS. Ou não há e mais vale estar-se quieto. •

A MECÂNICA DO IRS

Do rendimento bruto ao IRS a pagar vai uma longa distância

O IRS que paga tem o seu rendimento bruto como ponto de partida, mas, pelo meio, há multas variáveis além das taxas e escalões, que interferem no seu apu-ramento. E na progressividade. Veja aqui as regras principais.

RENDIMENTO BRUTO Consideram-se os rendimentos brutos obtidos pelo contribuinte durante um

ano, como salários, rendas prediais e pensões. Os rendimentos de capitais

(juros e dividendos), as mais-valias e rendas podem ser tributadas à parte.

DEDUÇÕES ESPECIFICAS São abatimentos automáticos ao rendimento bruto que se fazem para com-

pensar o custo que o rendimento deu a ganhar. Se o dinheiro for de pensões,

a dedução é uma. Se forem rendas, é outra. No caso do trabalho dependente,

ela é 4.104euros ou os 11% de Segurança Social, acrescidos de descontos obrigatórios para subsistemas de saúde e quotizações sindicais.

RENDIMENTO COLECTÁVEL É o rendimento sobre o qual recaem as taxas de IRS. Mas atenção: se estivermos perante o casal, o rendimento colectável é a média

dos rendimentos dos dois (e não a soma de ambos).

TAXA DE IRS O rendimento colectável médio determina as taxas marginais a que a família

está sujeita. Aplicando estas taxas, obtém-se a colecta.

COLECTA Em teoria, é o IRS a pagar (mas ainda há as deduções à colecta a abater).

Quem tiver colecta nula, já não aproveita as deduções à colecta.

DEDUÇÕES À COLECTA Depois de obtida a colecta de IRS, ainda podem abater-se as deduções. E elas são muitas: desde logo as despesas gerais familiares, as deduções por filho,

as despesas de saúde e educação, juros de crédito à habitação e rendas, PPR, etc. Estas deduções têm tectos máximos consoante o nível de rendi-

mento e, sobretudo nos casais com filhos, permitem atenuar muito o IRS a

pagar. As autarquias também têm aqui uma palavra a dizer.

IRS A PAGAR A factura final de IRS depende de todas estas variáveis. Quem já fez retenção

na fonte mensal, geralmente tem direito a reembolso. Quem não a fez,

ou fê-la insuficientemente, tem uma nota de cobrança.

EDP é a marca mais valiosa MI DIA 31

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egoc os Terça-feira. 20 de Junho de 2017 Diário Ano XVI N.o 3523 e 2.00

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Taxas marginais de IRS são altas mas o imposto efectivo não é PRIMEIRA LINHA 10 a 13

GRANDE CONFERÊNCIA JORNAL DE NEG(XIOS

Investimento em Portugal e na Europa

Jyrki Katainen. vice-presiden. te da Comissão Europeia. e o orador principal.

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Pedrógão duplicou a área ardida este ano

Vítor Mo c leio da Mana