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1 PRIMEIRO CONTATO COM A PRÁTICA DOCENTE: REFLEXÕES SOBRE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 1 Andréa Santos de Araujo 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Comissão de Graduação em Geografia RESUMO Este trabalho tem como base as observações sobre o comportamento dos alunos em sala de aula e a percepção destes em relação ao ambiente escolar, referentes aos Estágios de Docência I e II Ensino Fundamental e Médio, respectivamente. Completando as observações, há aplicação de questionários, visando melhor conhecer o aluno, sua vida cotidiana e suas opiniões em relação à escola. Há também proposições de procedimentos metodológicos para relacionar conteúdos de geografia com a vida cotidiana do estudante, destacando, nesses procedimentos, o conceito de lugar. Palavras-Chaves: Escola. Aluno. Cotidiano. Lugar. Metodologia. ABSTRACT This work is based on observations on the behavior of students in the classroom and their perception regarding the school environment, referring to Stages I and II Teaching - Elementary and High School respectively. Completing the observations, there are questionnaires in order to best meet the student, their daily life and their opinions about the school. There are also proposals for methodological procedures to relate content to everyday life geography student, emphasizing in these procedures, the concept of place. KEYWORDS: School, Student, Everyday, Place, Methodology. 1 INTRODUÇÃO O referido trabalho foi elaborado em relação às experiências adquiridas em sala de aula durante a realização dos Estágios em Docência I e II- Ensino Fundamental e Médio somado com os respectivos relatórios finais. O Estágio em docência I- Ensino Fundamental foi realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Anne Frank, localizada no bairro Bom Fim, nas turmas de 7º série/8º ano, cuja idade média dos alunos era de 13 anos, no primeiro semestre de 2012. O Estágio em Docência II- Ensino Médio realizado no Colégio Estadual 1 Trabalho de Conclusão de Curso elaborado sob orientação do Prof. Dr. Nelson Rego, apresentado como requisito parcial para obtenção de título de Licenciada em Geografia. 2 Graduanda em Geografia

Primeiro Contato Com Práticas Docente - Reflexões Sobre Práticas Pedagógicas

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Práticas Docentes

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  • 1

    PRIMEIRO CONTATO COM A PRTICA DOCENTE: REFLEXES

    SOBRE PRTICAS PEDAGGICAS1

    Andra Santos de Araujo2

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Comisso de Graduao em Geografia

    RESUMO

    Este trabalho tem como base as observaes sobre o comportamento dos alunos em

    sala de aula e a percepo destes em relao ao ambiente escolar, referentes aos Estgios de

    Docncia I e II Ensino Fundamental e Mdio, respectivamente. Completando as observaes, h aplicao de questionrios, visando melhor conhecer o aluno, sua vida

    cotidiana e suas opinies em relao escola. H tambm proposies de procedimentos

    metodolgicos para relacionar contedos de geografia com a vida cotidiana do estudante,

    destacando, nesses procedimentos, o conceito de lugar.

    Palavras-Chaves: Escola. Aluno. Cotidiano. Lugar. Metodologia.

    ABSTRACT

    This work is based on observations on the behavior of students in the classroom and

    their perception regarding the school environment, referring to Stages I and II Teaching -

    Elementary and High School respectively. Completing the observations, there are

    questionnaires in order to best meet the student, their daily life and their opinions about the

    school. There are also proposals for methodological procedures to relate content to everyday

    life geography student, emphasizing in these procedures, the concept of place.

    KEYWORDS: School, Student, Everyday, Place, Methodology.

    1 INTRODUO

    O referido trabalho foi elaborado em relao s experincias adquiridas em sala de

    aula durante a realizao dos Estgios em Docncia I e II- Ensino Fundamental e Mdio

    somado com os respectivos relatrios finais. O Estgio em docncia I- Ensino Fundamental

    foi realizado na Escola Estadual de Ensino Mdio Anne Frank, localizada no bairro Bom Fim,

    nas turmas de 7 srie/8 ano, cuja idade mdia dos alunos era de 13 anos, no primeiro

    semestre de 2012. O Estgio em Docncia II- Ensino Mdio realizado no Colgio Estadual

    1 Trabalho de Concluso de Curso elaborado sob orientao do Prof. Dr. Nelson Rego, apresentado como

    requisito parcial para obteno de ttulo de Licenciada em Geografia. 2 Graduanda em Geografia

  • 2

    Jlio de Castilhos, localizado no bairro Santana, em turma de 2 ano, cuja idade mdia dos

    alunos era de 18 anos, no segundo semestre de 2012.

    Este trabalho tem como objetivo conhecer o ambiente escolar, as percepes e

    desinteresses dos alunos em relao a esta instituio. A partir de questionrios que

    desvendem suas realidades cotidianas e suas opinies sobre a escola, consequentemente

    entenderei o papel da instituio para os alunos e os lugares que os estudantes preferem

    frequentar ou estar periodicamente. Com a inteno de analisar prticas pedaggicas que

    utilizaram o conceito de lugar, atravs de locais comuns aos alunos.

    Todavia, notam-se diferenas entre o primeiro e o segundo estgio, mas tambm

    semelhanas como, por exemplo, a diviso dos alunos em sala de aula - de um lado os

    bagunceiros ou a turma de trs rotulados de repetentes e que adquirem pior rendimento

    escolar e do outro os quietos rotulados como os inteligentes e bons alunos que

    adquirem melhor desempenho na escola. Observou-se a eficincia dos alunos em eternizar o

    recreio, para essa discusso utilizarei Brando (1993) por empregar-se de impresses da sua

    vida escolar como integrante da turma de trs. No entanto, esta percepo no foi somente

    constatada nas prticas docentes, mas tambm em observaes feitas em escolas para outras

    disciplinas na mesma Universidade durante o curso de licenciatura e em relatos dos meus

    colegas nas aulas de estgio docente. Desta maneira, acredito ser relevante escrever sobre o

    assunto por revelar constrangimentos por parte de alguns alunos a expor suas ideias,

    interpretaes e opinies com medo de represso dos outros colegas.

    Portanto, a fim de poder integrar cada turma foram pensados questionrios para

    conhec-los melhor, igualmente como suas impresses sobre o lugar da escola e sobre sua

    vida cotidiana, com o intuito de pensar propostas para ambas as turmas de alunos quietos

    e bagunceiros que os levem a participarem e sentirem-se pertencentes ao ambiente

    escolar. Neste trabalho esto presentes relatos de uma professora iniciante cuja nica

    experincia em sala de aula foi durante os estgios de docncia I e II - os resultados e

    concluses esto presentes nas partes finais deste trabalho.

    2 AS ESCOLAS

    De acordo, com os regimentos das duas escolas onde foram realizados os estgios

    docentes, tm como objetivo criar condies para que o processo de construo do

    conhecimento se torne cada vez mais participativo e acontea atravs do acesso aos meios

    culturais existentes na comunidade. Preparando assim, cidados participativos e responsveis

    orientados por princpios ticos e munidos de conhecimentos e habilidades para enfrentar a

  • 3

    vida com certa autonomia. Portanto, ambas as instituies olham a escola como um espao

    participativo para o desenvolvimento do aluno, apresentando-se como um espao democrtico

    para criao e recriao permanente do conhecimento, sendo este identificado com a vivncia

    do estudante.

    As escolas so instituies responsveis pelo desenvolvimento dos conhecimentos

    ticos e de capacidade crtica dos alunos. De acordo com Xavier (2008, p.17) o compromisso

    fundamental da instituio escolar continua sendo com a aquisio e a produo de

    conhecimento e com o desenvolvimento harmonioso da criana e do jovem. Mas como

    desenvolver conhecimentos se a escola ou a maneira de ensinar a mesma desde o comeo

    desta instituio? De acordo com Becker (2001, p.16), O professor ensina e o aluno aprende.

    Se algum observasse uma sala de aula na dcada de 60 ou de 50, ou, quem sabe, de dois

    sculos atrs, diria, provavelmente, a mesma coisa [...], essas aulas eliminam ou diminuem a

    criatividade e curiosidade do aluno, igualmente o saber no pode ser transmitido para o

    estudante como simples: professor a fonte de saber e o aluno o depsito de conhecimento.

    O autor legitima esta pedagogia pela epistemologia empirista onde v o estudante como uma

    tbua rasa ou uma folha de papel em branco que vai ser preenchida pelo profissional da

    educao e tudo o que o aluno tem a fazer submeter-se fala do professor: ficar em

    silncio, prestar ateno, ficar quieto e repetir tantas vezes quantas forem necessrias,

    escrevendo, lendo, etc., at aderir em sua mente, o que o professor deu.(BECKER, 2001,

    p.18). Este um modelo de turma que alguns professores idealizam, como uma turma ideal,

    mas no encontramos neste modelo o processo de ensino-aprendizagem, pois tudo o que o

    aluno faz decorar o contedo no assimilando com o seu cotidiano e consequentemente

    no v a importncia daquele estudo na vida profissional, servindo apenas para ser aprovado.

    O autor v essa epistemologia e pedagogia como sendo a do mercado de trabalho onde o

    aluno aprende a silenciar frente autoridade de algum superior mesmo discordando deste, ou

    seja, o aluno aprende a no pensar e criticar submetendo-se a ordem do empregador.

    No entanto, Becker (2001) tambm comenta outras pedagogias que levam ao

    entendimento do modo de construir o conhecimento pelo aluno, uma delas a no diretiva

    cuja base epistemolgica apriorista a priori vem antes de algo o indivduo j nasce com

    o conhecimento, onde o professor interfere o mnimo possvel na ao do aluno, qualquer

    ao que o aluno decida fazer , a priori, boa, instrutiva. (BECKER, 2001, p.19). Deste

    modo, o professor auxiliar do aluno, pois o sujeito aprende por si mesmo.

    Contudo, podese notar que a pedagogia existente nos regimentos escolares

    observados a pedagogia relacional cuja base o construtivismo o qual Becker (2001, p.23)

  • 4

    prope que o aluno s aprender alguma coisa, isto , construir algum conhecimento novo,

    se ele agir e problematizar a sua ao as escolas so dotadas desta viso construtivista onde o

    aluno pode construir o seu prprio conhecimento. Mas referente s observaes que precedem

    a prtica, no necessariamente nas aulas de geografia, o que notei nas exposies e nas falas

    de alguns professores foi o modelo tradicional de escola - onde o professor fala e o aluno tem

    que ficar quieto, escutando, seno rotulado de mau aluno em conversa com estes

    professores mostraram o quo cmodo passar o contedo sem intervenes dos estudantes

    com perguntas que atrapalham a aula e que, s vezes, no se referem ao contedo. Aulas

    estas, seguidas de acordo com o livro didtico, sem qualquer informao diferente trazida pelo

    professor que faa aquele perodo em sala de aula tornar-se menos montono e

    desestimulante, referente a esta questo notou-se abatimento em relatos a partir de conversa

    com os estudantes, apresentado mais adiante. Neste contexto, Callai (2009, p.89) est certa

    quando diz que os contedos em si so mais do que simples informaes a serem aprendidas,

    eles devem significar a possibilidade de se aprender a pensar, desse modo no basta apenas

    apresentar os contedos, o professor tem que dar a oportunidade do aluno fazer um dilogo

    com o conhecimento.

    De acordo com Becker (2001), o uso de materiais como reportagens e msicas, por

    exemplo, pelo profissional da educao indispensvel, pois trs oportunidade de

    problematizao por parte do professor e oferece uma gama de atividades que podem ser

    feitas com esse material, alm de trazer a participao em aula, tornando-a mais interessante

    para o aluno. Assim, o professor se torna o estopim na construo do conhecimento pelo

    estudante, conforme Becker (2010, p.244) o conhecimento e, por conseguinte, o sujeito

    humano, no nasce pr-determinado, nem determinado pelo meio em que vive, mas

    constri-se na interao, isto , na relao da bagagem hereditria com o meio social,

    acionado pela ao. As atividades desenvolvidas pelo professor podem trazer o meio social

    para o aluno atravs do cotidiano, do que ocorre constantemente na nossa sociedade, afim de

    que se construa o prprio conhecimento, fazendo as ligaes necessrias para o entendimento.

    Nesse contexto, Xavier (2008) prope a necessidade dos estudantes estarem em

    constante contato com tecnologias, como computador e a internet, assim como acesso dirio a

    jornais, revistas, programas de TV e filmes:

    Precisa a escola conciliar o duplo papel do espao de estudo e de lazer, cabendo ao

    professor e professora a promoo da anlise crtica das reportagens e dos

    programas, permitindo ao estudante a leitura do que no est sendo dito, dos

    silncios, do significado das imagens. (XAVIER, 2008, p.18).

  • 5

    Assim, a escola tem como desenvolver um carter tico e crtico ao aluno, na medida

    em que proporciona uma possibilidade de anlise de acontecimentos cotidianos e no apenas

    com a memorizao de contedos sem relao nenhuma com a vida do aluno.

    Autores falam na importncia em utilizar imagens em sala de aula, principalmente em

    geografia, Kaercher (2007) evidencia isso quando diz que:

    O trabalho com imagens em geografia to importante quanto o trabalho com

    mapas, e ambos, geralmente, so pouco usados. Desde fotografias que mostram

    paisagens, que no sofreram ao de seres humanos, at as que representam obras

    feitas por eles como prdios, plantaes, fbricas, favelas, meios de transporte, mquinas todas podem ser interpretadas pela geografia. Podemos ver um objeto se transformar com o passar do tempo. (KAERCHER, 2007, p. 18).

    Com a utilizao das imagens o professor pode relacionar a matria com o cotidiano

    do aluno, como sugere o autor: construir o conhecimento a partir da transformao destes

    objetos com o passar do tempo ou utilizando as imagens como forma de entender a natureza e

    as temticas sociais.

    Silva e Arcanjo (2012) falam em linguagens alternativas o que se refere utilizao

    de mdias na metodologia da aula, como: charges, msica, jornais e imagens, expondo o

    contedo da melhor maneira possvel. Nas aulas de estgio docente, sempre o professor

    aconselhava causar desconforto no aluno trazendo algo no comum a ele atravs do dilogo,

    da pergunta e da interao professor/aluno. Nesse sentido, necessita-se da utilizao de

    mtodos que faam o aluno interagir com o professor, mtodos que utilizem imagens ou

    objetos do cotidiano. Usar estas mdias, citadas anteriormente, no difcil no tempo atual,

    pois estamos em um perodo em que todos os alunos, praticamente, tm acesso internet ou

    fontes de informao, diferentemente de tempos passados, que utilizvamos enciclopdias e

    mimegrafos. De acordo com questionrios passado aos alunos no incio das aulas Quadro 1

    -, verificou-se que, praticamente, todos os alunos, em ambos os estgios docentes, tm acesso

    internet e possuem computador em casa, utilizando como principais acessos as redes sociais,

    conforme Grfico 1 e Grfico 2. Assim, afirma-se o quo facilitada nos dias de hoje o

    acesso internet e aos meios de comunicao, a informao j faz parte do dia-a-dia do

    estudante. O que possibilita a ns professores podermos aproveitar esse acesso ilimitado em

    nossas aulas utilizando da melhor maneira possvel estas mdias amplamente distribudas em

    nossa sociedade.

  • 6

    Grfico 1- Acesso dos alunos na internet Ensino Fundamental

    Grfico 2- Acesso dos alunos a internet Ensino Mdio

    Nota-se uma pequena diferena entre os alunos do Ensino Fundamental e Mdio em

    relao ao tipo de acesso, mas surpreendente que a grande maioria usa a internet para

    acessar as redes sociais. Tambm, h diferena em relao quantidade de alunos em sala de

    aula, no Ensino Mdio o nmero caiu pela metade, isso o resultado provavelmente da

    evaso escolar de acordo com a vice-diretora da escola - observando a chamada desta turma

    no incio do ano eram trinta e quatro alunos matriculados e durante o estgio docente, entre os

    meses de setembro a novembro, restaram doze alunos os quais em mdia nove iam s aulas.

    Nestes questionrios realizados no incio das prticas docentes semelhante ao proposto

    no artigo de Kaercher (2007), no qual o autor chama de cartografias pessoais, saber mais

    dos gostos dos alunos, suas msicas preferidas, seus sonhos e medos fazem com que

    conheamos melhor o perfil do estudante. Este questionrio foi produzido inicialmente para

    Fonte: Alunos do Ensino Fundamental, 2012/1

    Fonte: Alunos do Ensino Mdio, 2012/2

  • 7

    Questionrio Ensino Fundamental

    os estudantes do ensino fundamental, a partir das diferenas de idades, logo, foram propostos

    reformulaes em relao s perguntas realizadas para o ensino mdio, segundo Quadro 1.

    1- Nome:

    2- Idade:

    3- Bairro:

    4- Tens irmos? Quantos?

    5- Quantas pessoas moram junto contigo?

    Citar.

    6- Profisso da me:

    7- Profisso do pai:

    8- Tens acesso a internet?

    9- Que sites costumas acessar?

    10- Qual o estilo de msica que gostas?

    11- Se tu pudesses olhar no espelho tua

    identidade, como seria a imagem refletida

    nesse espelho?

    12- J pensou em fazer faculdade?

    13- O que quer estar fazendo quando

    tiveres com 18 anos?

    14- Quando tenho tempo livre eu gosto de

    me ocupar com:

    Isso me faz bem por que...

    15- Algo que me deixa muito indignado

    (ou, o contrrio, feliz) :

    Por qu?

    Questionrio Ensino Mdio

    1- Nome:

    2- Idade:

    3- Bairro:

    4- Tens irmos? Quantos?

    5- Quantas pessoas moram junto contigo?

    6- Profisso da me:

    7- Profisso do pai:

    8- Tens acesso a internet?

    9- Que sites costumas acessar?

    10- Qual o estilo de msica que gostas?

    11- Se tu pudesses olhar no espelho tua

    identidade, como seria a imagem refletida

    nesse espelho?

    12- Quer fazer faculdade?

    ( ) Sim, J pensou qual curso?

    ( ) No, Por qu?

    13- O que quer estar fazendo daqui a 10

    anos?

    14- Quando tenho tempo livre eu gosto de

    me ocupar com:

    Isso me faz bem por que...

    15- Algo que me deixa muito indignado

    (ou, o contrrio, feliz) :

    Por qu?

    Quadro 1 Cartografando os alunos

  • 8

    3 IMPRESSES SOBRE A ESCOLA E SALA DE AULA

    Ambas as escolas foram receptivas e atenciosas, mostrando empenho para seguir as

    propostas do plano poltico pedaggico. No entanto, algo que chamou a ateno na sala de

    aula, foi o nmero reduzido de alunos, principalmente no ensino mdio. Assim, conforme

    Guerreiro (2012) autora que escreve sobre os dados do ensino mdio em todo o Brasil entre

    eles a reprovao, evaso e solues tomadas regionalmente - o senso escolar de 2011,

    produzido pelo MEC, revelou que a taxa de reprovao do ensino mdio no Brasil atingiu

    13,1%, o pas tem avanado em sua meta de universalizar o ensino e manter os jovens por

    mais tempo na escola. O problema que, ainda que os alunos permaneam mais anos na

    escola, nem sempre conseguem progredir nos estudos. (GUERREIRO, 2012, p. 25). Durante

    a segunda prtica docente, notei o enorme descaso por parte destes estudantes em relao ao

    contedo escolar, a maior preocupao era com o nmero de faltas, pois a professora atribua

    nota por presena. Mas a culpa pelo descaso, que resulta na reprovao e evaso escolar, da

    escola? do professor? Ou do aluno?

    Com sua pesquisa a autora aponta vrios fatores para o aumento do ndice de

    reprovao e consequentemente da evaso escolar no pas, um desses fatores a preciso

    estatstica gerada pela melhora dos instrumentos de medio, o que indica que nos prximos

    anos os nmeros devem piorar. Outro fator apontado so as recentes polticas para o ensino

    mdio [...] essa etapa s entrou na agenda pblica federal na segunda metade da dcada de

    1990 com a criao do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e da

    Valorizao dos Profissionais da Educao (Fundeb). (GUERREIRO, 2012, p. 25). A autora

    tambm aponta a Emenda Constitucional 59, que torna obrigatria a educao dos 4 aos 17

    anos a partir de 2016. (GUERREIRO, 2012, p.25). Assim, como ocorreu no ensino

    fundamental, quando a educao comeou a ser obrigatria diminuram as taxas de evaso

    escolar, acredita-se que isso ocorrer tambm no ensino mdio. Segundo a autora, estas

    polticas para diminuir a reprovao e consequentemente a evaso escolar no exerce efeito

    aqui no nosso Estado, pois estas esto focadas nas regies mais carentes ao Norte e Nordeste

    do nosso pas, a rede estadual do Amazonas possui menos alunos do que a do Rio Grande do

    Sul, no s por uma questo geogrfica, mas porque menos jovens passam do ensino

    fundamental para o ensino mdio. (GUERREIRO, 2012, p.25). Realmente notei esta

    diferena de alunos entre as duas etapas, como tambm a partir de conversas com futuros

    colegas de profisso, pois o estgio no somente o professor estagirio em sala de aula, mas

    tambm conversas com outros professores que esto a mais tempo lecionando,

  • 9

    compartilhando suas alegrias e frustraes com os chamados novatos a partir de conversas

    informais nas sala dos professores.

    Notam-se nos dados pesquisados na prtica docente que no ensino fundamental

    (Grfico 1) o nmero de alunos era o dobro do ensino mdio (Grfico 2), lembro que a

    amostragem uma turma de cada nvel, no se pode generalizar, mas acredito com as leituras

    feitas, com dados de colegas do estgio e conversas com professores que esse fator se

    propaga. Guerreiro (2012) comenta sobre iniciativas de tornar a escola mais atrativa para o

    aluno relacionando o contedo com sua realidade, quando diz que o governo federal criou

    o Programa Ensino Mdio Inovador, que estimula mudanas no currculo escolar e atividades

    diferenciadas, que atraiam os alunos. (GUERREIRO, 2012, p.26). Um exemplo apontado

    pela autora so as atividades desenvolvidas no Centro Educacional So Francisco, no Distrito

    Federal, que oferece atividades culturais e esportivas, como: circo, dana e teatro para os

    alunos alm de poderem trabalhar com projetos de pesquisa de acordo com seus interesses sob

    orientao de um professor. No posso deixar de citar o Colgio de Aplicao da UFRGS, no

    qual tive oportunidade de trabalhar como bolsista de extenso, onde diversas vezes participei

    das atividades do projeto Amora, projeto este parecido com o que ocorre na escola da

    periferia de Braslia, onde os alunos so convidados a fazer um projeto de pesquisa sobre

    orientao de algum professor, no necessariamente pertencente rea de pesquisa do aluno,

    resultando em um aprendizado mtuo.

    Contudo, qual a resposta para a evaso escolar? Para responder a est indagao,

    utilizo respostas dos meus alunos, pois precisou haver um dilogo com os estudantes do

    ensino mdio, lugar onde se constatou esse fato, dilogo este, fora do contedo escolar

    partindo de assuntos que estavam causando certo desconforto em mim: a indisciplina em sala

    de aula, desculpas para sair, como: ir ao banheiro ou a secretaria e no voltar para a sala e/ou

    pela chamada conter mais que o dobro de alunos que vo regularmente escola. Todavia, esse

    desconforto no ocorria somente comigo, mas todos os professores que conversei reclamaram

    da mesma coisa, o descaso da turma. Assim, as respostas mais citadas pelos alunos foram:

    As aulas so muito chatas, Tem que decorar muita coisa, Essa turma assim mesmo,

    no quer nada com nada e a pior de todas as respostas Muitos nessa turma j esto

    reprovados, o que adianta prestar ateno na aula?. Infelizmente isto verdade, muitos

    destes alunos iam aula por ir, pois j estavam reprovados em outras disciplinas, mas

    compareciam porque era prefervel ficar na escola a estar sozinhos em casa ou iam apenas

    pela presena exigida pelo programa Bolsa Famlia. No entanto, tinham estudantes que

    recebiam suas notas, mesmo que parciais em trimestres anteriores e j sabendo que estavam

  • 10

    reprovados abandonavam a escola. Conforme alguns especialistas, ouvidos por Guerreiro

    (2012), a reprovao no resolve nenhum problema, apenas agrava os dados da evaso escolar

    o que poderia resolver seriam mudanas nas prticas pedaggicas ou na forma de ensinar, da

    maneira que ocorre em algumas escolas como soluo para diminuir estes ndices, tornando a

    instituio mais atrativa para o estudante.

    4 O LUGAR DA ESCOLA PARA O ALUNO

    Com a finalidade de poder entender o que se passa com os alunos em relao escola

    e ao seu cotidiano pensei num questionrio para que os alunos pudessem escrever sobre estas

    questes, a fim de poder entender os motivos da evaso escolar e o desinteresse pela escola.

    Tambm, com o intuito de perceber o lugar da escola para o aluno.

    Primeiramente, o conceito de lugar complexo e refere-se interpretao do

    indivduo. Por ser um dos conceitos polissmico dentro da geografia e mutvel referente

    corrente de pensamento. Para entend-lo, utilizarei alguns autores para caracteriz-lo. Deste

    modo Corra (2010, p.16) complementa quando diz que [...] o embate conceitual no

    exclusivo da geografia: vejam-se, por exemplo, os conceitos de valor entre os economistas,

    classes sociais entre os socilogos e cultura entre os antroplogos.

    Segundo o Novo Dicionrio Aurlio, a palavra lugar tem vrios significados entre

    eles: espao ocupado, stio, povoao, localidade, ocupao e emprego dentre tantas outras.

    No entanto, para a geografia lugar um conceito que existe entre os paradigmas geogrficos

    tornando-se um conceito chave na Geografia Humana. Assim, para Costa e Rocha (2010) este

    conceito na Geografia Tradicional definido visando s caractersticas de uma determinada

    rea e sua noo de localizao no espao. Para a Geografia Cultural o lugar (Tuan, apud

    CORRA, 2010, p.31) possui um esprito, uma personalidade, havendo um sentido de

    lugar que se manifesta pela apreciao visual ou esttica e pelos sentidos a partir de uma

    longa vivncia. Deste modo, o lugar passa a depender do sentimento do indivduo que est

    interpretando-o, ou seja, o lugar importante para uma pessoa no necessariamente ser para

    outra. Tuan (1980, p.5) diz que esse elo afetivo entre a pessoa e o lugar chama-se topofilia

    cujo termo associa-se com o sentimento do individuo perante o lugar, portanto mais

    significado e valor daremos a um lugar quando melhor conhecemos. nesta viso que

    pretendi entender a viso da escola para o aluno e seu sentimento de pertencimento a essa

    instituio.

  • 11

    4.1 Respostas do questionrio sobre lugar da escola

    Visando observar a interpretao da escola pelos alunos, considerando qual o lugar da

    instituio para os mesmos. A fim de colocar em prtica a interpretao do espao feita a

    partir do sentido dado a determinado lugar, entreguei para os alunos do ensino mdio o

    questionrio abaixo Quadro 2 infelizmente, no houve possibilidade de entreg-los no

    ensino fundamental.

    Quadro 2 Questionrio para fins de pesquisa aplicado ao Ensino Mdio

    Nas seguintes perguntas: Qual o papel da escola? Principais respostas: ensinar a

    gente a ter respeito pelas pessoas, ensinar e preparar o aluno para o mundo e formar

    cidado de bem e com carter. Voc vem escola por qual objetivo? A maioria diz que vm

    escola com o objetivo de fazer amigos e encontr-los - um lugar para fazer amigos-,

    outros dizem que vem para estudar aprender coisas novas. Nota-se que essas respostas

    evidenciam a interpretao da escola feita pelos alunos como um lugar de aprendizagem e

    estudo, mas o que realmente ocorre e importa o encontro com seus amigos, a escola torna-se

    um lugar de socializao aonde a ida a sala de aula muitas vezes algo doloroso. Assim,

    Brando (2003) diz que os alunos tentam eternizar o recreio, pois pior que a hora da

    entrada no colgio, s mesmo a da entrada na sala de aula. Por isso mesmo sempre ouve

    [...] o empenho serssimo de trazer para ela o que era possvel do espao e da vida do

    Questionrio para fins de pesquisa

    Obs.: Fao o curso de licenciatura em Geografia na UFRGS e estou coletando dados para o meu Trabalho

    de Concluso de Curso.

    O presente questionrio visa averiguar a impresses de vocs sobre a escola e o cotidiano, no existem

    respostas certas ou erradas. Portanto, sejam sinceros.

    No precisa se identificar as respostas so para fins de pesquisa.

    Obrigada pela colaborao!

    1- Idade:

    2- Sexo: ( )Feminino ( ) Masculino

    3- Voc gosta de vir a escola? Por qu?

    4- Para voc qual o papel da escola?

    5- Voc vem a escola para qual objetivo? Cumpre esse objetivo?

    6- Qual o lugar que voc mais gosta ou se sente bem:

    Na escola: Por que esse lugar?

    Na vida fora do ambiente escolar: Por que esse lugar?

    7- Voc se sente pertencente a esses lugares?

    8- Em qual lugar voc no gosta de estar?

  • 12

    recreio. (BRANDO, 2003, p.112). A volta para a sala de aula algo doloroso para o

    aluno, por esse motivo alguns demoram mais a voltar do intervalo ou trazem o recreio para a

    sala de aula transformando a mesma em desordem.

    Durante a prtica docente, no ensino mdio na escola que estagiei, havia constante

    mudana nos horrios, em virtude das trocas de professores, nesse tempo de estgio estive em

    aula com os alunos durante o primeiro perodo e depois do intervalo. Com essa experincia,

    pude ver as mudanas no comportamento dos alunos em relao ao lugar dos perodos, no

    primeiro perodo os estudantes estavam mais calmos e as brincadeiras e deboches eram

    moderados, fceis de controlar, ou inexistentes. No entanto, aps o recreio a relao com

    alguns alunos tornava-se insuportvel chegando ao ponto de ter que chamar a vice-diretora da

    escola. Este relato pessoal faz entender o que Brando (2003) chama de eternizar o recreio,

    alm da baguna generalizada alguns alunos chegavam sala de aula dez minutos depois do

    trmino do intervalo e no adiantava impedi-los de entrar, evidenciando, assim, o lugar da

    escola pelos estudantes, como ponto de encontro com amigos, apesar de saberem que a escola

    um lugar de estudo.

    5 O ALUNO E SEU COTIDIANO

    Neste capitulo falarei das respostas dos alunos sobre o seu cotidiano, ou seja, seu lugar

    preferido fora da escola. Ressaltando, que esta parte do questionrio se refere aos alunos do

    ensino mdio, pois no pude fazer o mesmo no ensino fundamental.

    Sobre seu cotidiano ou os lugares preferidos, as respostas mais citadas foram: A rua

    da minha casa porque tenho muitas amizades, No meu quarto porque um lugar s meu

    onde posso me encontrar comigo e a mais comentada: Na minha casa com minha famlia

    assistindo televiso. Era esperado que os estudantes comentassem sobre lugares pblicos,

    como praas ou mesmo os Shoppings Centers, no entanto, valorizaram seus amigos e sua

    famlia. Na pergunta sobre o lugar que no gostam de estar, responderam: em nibus, na

    rua, na praia sozinha, no centro, na aula de matemtica e na sala de aula. Callai

    (2009, p.121) fala sobre os lugares pblicos chamando-os de no-lugares so espaos vazios

    de contedo, sem histria o que leva a entender a averso dos alunos a alguns lugares

    populares e a preferncia por estar com seus afins. De acordo com a autora:

    A existncia de lugares que excluem pessoas so cada vez mais frequentes no

    mundo atual. At por isso os lugares com os quais as pessoas se identificam so

    significativos para sua vida e para o desenvolvimento de sua cidadania. Estes lugares

    levam a ideia de pertencimento devido aos laos afetivos que so profundos, dando

    estabilidade e segurana s pessoas e tornando-as participantes, capazes de operar

    transformaes (CALLAI, 2009, p.122).

  • 13

    Estar entre amigos e familiares trs segurana e conforto, pois quando os alunos esto

    na escola eles so meros coadjuvantes porque existem muitos adolescentes e eles so mais

    um, porm quando esto entre seus amigos ou junto famlia so o centro podendo

    evidenciar suas identidades, seu modo de ser. Um estudante que quieto na escola pode no

    ser em casa, porque se sente seguro em falar, pois sabe que se falar alguma bobagem no ser

    recriminado ou ridicularizado.

    Em relao ao pertencimento com os lugares Cavalcanti (2010, p.93) diz: [...] as

    relaes pessoais, a experincia afetiva que do significados aos lugares, positivos ou

    negativos. Os lugares so, portanto, recortados afetivamente. Nesse contexto, a relao

    com os seus familiares e amigos o que faz os lugares possurem significado e afetividade,

    pois nas respostas sobre se sentirem pertencentes aos lugares a maioria respondeu: por estar

    entre amigos, por se sentir a vontade, por ser meu dia-a-dia e por estar entre pessoas

    que gostam de mim, o que evidencia a relao de pertencimento exposta pela autora.

    No apresento respostas para os alunos do ensino fundamental, pois no possuram

    acesso ao questionrio. Porm, no convvio durante o estgio docente com estes alunos e com

    conversas fora do contedo escolar, pude notar que estes gostam de estar entre amigos, sendo

    que muitos deles se encontram nos finais de semana, para ir ao cinema ou jogar vdeo game.

    Conhecer os lugares prediletos dos estudantes e seus laos de pertencimento produz uma

    gama de possibilidades de trabalhar com outros conceitos geogrficos at a noo de

    espacialidade dos alunos, com diz a autora:

    O estudo do lugar [...] permite inicialmente a identificao e a compreenso da

    geografia de cada um, o que bsico para a reflexo sobre a espacialidade da prtica

    cotidiana individual e de outras prticas. [...] A reflexo sobre seu lugar, as

    implicaes ou a significao desse lugar, a compreenso de que outros lugares so

    diferentes, exige que o aluno desenvolva determinadas habilidades espaciais e que

    tenha informaes objetivas do seu e de outros lugares. (CAVALCANTI, 2010, p.

    94)

    Por fim, conhecendo melhor os alunos pude desenvolver atividades em sala de aula

    que chamassem mais a ateno pelos seus gostos cotidianos. Assim, referente aos alunos do

    ensino fundamental, segundo pergunta inserida no questionrio inicial Quadro 1 -, todos

    relataram gostar de msicas, estas variadas nos mais diversos estilos funk, pagode, rock,...

    Deste modo, propus uma atividade utilizando msica. No ensino mdio foi mais complicado,

    mas de acordo com alguns alunos, seus gostos eram de ficar em casa com seus familiares

    assistido televiso. Portanto, pensei em propor uma atividade utilizando reportagens. No

    captulo seguinte, encontram-se as duas propostas comentadas e suas respectivas anlises.

  • 14

    6 MATERIAIS USADOS NAS PRTICAS

    No decorrer do Estgio I Ensino Fundamental podem ser desenvolvidas aulas mais

    livres, sem a interferncia do professor titular da turma, logo trabalhei da maneira que achei

    melhor, utilizando mais recursos didticos alm do quadro negro. No significava que estava

    sem superviso, mas sim livre para montar minha aula sem a interferncia da cobrana de

    contedo da professora titular, com a qual havia constantemente dilogos e conselhos que me

    ajudaram durante esta primeira fase da prtica docente. Ao contrrio, no Estgio II Ensino

    Mdio onde obtinha pouca liberdade em pensar minhas aulas, pois havia preocupao por

    parte da professora com o contedo a ser seguido, limitei-me a utilizar, quando possvel, de

    objetos do cotidiano dos estudantes para as aulas, como as reportagens.

    Nesse contexto, analisarei trs metodologias administradas durante as prticas

    docentes. Desenvolverei tambm anlise do andamento das aulas, farei reflexes a partir do

    que deu certo e errado e o que poderia ter feito de melhor.

    6.1 Perfis das turmas

    Os estgios I e II Ensino Fundamental e Mdio - foram realizados na turma de 7

    srie (8 ano) e na turma do segundo ano do Ensino Mdio. A turma de 8 ano era uma turma

    tranquila e participativa, claro que havia os alunos que no queriam estudar e desvinculam os

    demais, mas nada que no se podia controlar. Todavia, na turma de segundo ano foi diferente

    e o aumento da idade dos alunos impactou no controle, pois por experincia prpria, os alunos

    so mais audaciosos e enfrentam o professor, principalmente os estagirios. No posso

    generalizar, mas em conversas com colegas este aspecto ficou evidente.

    No poderei deixar de citar a diviso da sala pelos alunos, principalmente, no ensino

    mdio. Em razo da desordem, os alunos que queriam estudar ou simplesmente passar de ano

    excluam os alunos bagunceiros no canto da sala o que causava certo constrangimento

    destes alunos ao expor suas opinies, pois os bagunceiros ficavam ironizando suas

    argumentaes. Portanto, o que seria um momento de participao, eliminava-se o dilogo

    pelas brincadeiras infantis. Isto evidencia a conversa realizada com os alunos, comentada

    anteriormente captulo 3 - onde uma aluna disse o seguinte: Essa turma assim mesmo

    no quer nada com nada, estava falando dos bagunceiros da classe que atrapalham as

    aulas. Brando (1993) coloca esse fato como algo da idade, pois relata que fazia a mesma

    coisa durante sua vivncia escolar, mas estes alunos da turma de trs da escola que estagiei

    j passaram da idade de se formar no ensino mdio, esto com mais de dezoito anos, e dois do

    total de seis j so pais, j esto na hora de mudar suas atitudes.

  • 15

    6.2 Aulas

    Neste tpico sugiro dois planos de aulas pensados levando em conta as respostas dos

    questionrios realizados pelos alunos para isso utilizei as respostas de todos os questionrios

    feitos no ensino fundamental e no ensino mdio, Quadro 1 e Quadro 2 cogitando em propor

    aulas, a partir da realidade dos alunos, apresentando o conceito de lugar. Depois de cada aula,

    h uma anlise do resultado das metodologias utilizadas e os possveis desenvolvimentos que

    poderiam ter sido realizados, pois este trabalho uma reflexo do estgio e cabe analisar o

    que foi e o que poderia ter sido trabalhado em sala de aula - revendo as aulas brotam muitas

    ideias e as crticas, mesmo que pessoais, podem ser construtivas.

    Deste modo, no corpo deste trabalho esto os dois planos de aula contidos nos

    relatrios dos estgios docentes, no contendo as respectivas aulas ou folhas entregues para os

    alunos. O plano de aula 1, a seguir, foi dividido em duas partes em razo de apresentar dois

    recursos didticos diferentes: utilizao de imagens e utilizao de msica. Visando o melhor

    aprendizado atravs das propostas pelos alunos.

    Plano de aula 1- 7 srie/ 8 ano do Ensino Fundamental

    Aula 1 5h/aula

    Tema: Pases desenvolvidos, pases subdesenvolvidos e desigualdades sociais.

    Objetivos:

    - Verificar a capacidade dos alunos em relacionar as imagens - uma favela em

    Madri e a cidade de Johanesburgo na frica do Sul - com o contedo abordado a

    partir a realidade existente no Brasil;

    - Apresentar os esteretipos existentes do Norte rico e do Sul pobre;

    - Conseguir diminuir esse esteretipo e preconceito nos alunos atravs das

    imagens;

    - Realizar trabalho em duplas atravs de colagem sobre letra de msica que fale das

    desigualdades sociais, visando desenvolver o sentido de percepo dos alunos em

    relao s desigualdades sociais brasileiras e as informaes passados pelas

    mdias impressas.

    Contedos:

    - Continuao da configurao do mundo depois do fim da guerra fria;

    - Pases desenvolvidos e subdesenvolvidos atuais;

    - Desigualdade social;

  • 16

    Desenvolvimento:

    Para complementar a ltima aula comear esclarecendo a diviso do mundo entre Norte e

    Sul, mas no se esquecendo de explicar que durante a Guerra Fria tambm havia a

    diviso: 1Mundo, 2Mundo e 3Mundo.

    Entregar folha explicativa sobre a matria e durante a explicao mostrar imagens no

    Data Show, sem legenda ou ttulo, de uma favela em Madri e da cidade de Joanesburgo,

    na frica do Sul. A fim de que os alunos identifiquem em qual continente pertencem

    estas imagens visando, assim diminuir os esteretipos entre norte rico e sul pobre.

    Na sequncia, apresentar a msica Alagados dos Paralamas do sucesso aos alunos a

    fim de conhecerem outros ritmos musicais diferente de seus gostos. Durante o transcorrer

    da msica pedirei para os alunos sublinharem as palavras desconhecidas para podermos

    esclarec-las depois.

    Depois da discusso da letra os alunos faro com recortes de revistas e jornais, um

    trabalho com colagens fazendo paisagens para o enredo da msica, ou seja, um clipe

    atravs de colagem, para entregar junto com a folha de atividade. Apresentando o seu

    trabalho ao final para os colegas a fim de discutir e mostrar suas criaes.

    Recursos e Tcnicas:

    Quadro branco, canetas, mapa-mndi, folha explicativa, rdio, letra da msica

    Alagados dos Paralamas do Sucesso, revistas, jornais e folha de atividade.

    Bibliografia:

    Kaercher, Nestor. Prticas geogrficas para lerpensar o mundo, converentendersar com

    o autor e entenderscobrir a si mesmo. In: Rego, Nelson. Castrogiovanni, Antnio C.

    Kaercher, Nestor. A. Geografia: prticas pedaggicas para o ensino mdio. Porto Alegre:

    Editora Artmed, 2007. p. 17-18.

    Marina, Lcia e Trcio. Geografia. Edio Ensino mdio, volume nico. So Paulo: Ed.

    tica, 2003. p. 218 a 220 e 230.

    _____________. Tudo geografia. Ed. tica. So Paulo, 2003. p. 99.

    http://www.brasilescola.com

    Avaliao:

    A aula transcorreu bem e os alunos estavam participativos, o ponto forte da aula foi as

    imagens no Data Show, os alunos falavam o que a maioria das pessoas pensam: pas

    desenvolvido rico e pas em desenvolvimento pobre, consegui quebrar este

  • 17

    Tabela 1 Bairro dos alunos do Ensino Fundamental

    Fonte: Alunos do Ensino Fundamental, 2012/1

    Aula 1 Parte 1

    Como mencionei anteriormente, a anlise das metodologias apresentada no plano de

    aula, exposto acima, se far em duas partes: uso de imagens e utilizao de colagem.

    A escolha para anlise dessa aula foi por ter trabalhado com imagens de diferentes

    lugares do mundo, e ao mesmo tempo com retratos da realidade cotidiana dos alunos, pois

    havia na turma alunos que residiam em diversos bairros de Porto Alegre conforme Tabela 1

    este fato advm da escola se localizar prximo a rea central de Porto Alegre. No entanto,

    nenhuns dos alunos moravam em favelas, mas a visualizam cotidianamente pela televiso.

    Aluno Bairro

    1 Chcara. das pedras

    2 Ponta Grossa

    3 Rio Branco

    4 Rio Branco

    5 Bom Fim

    6 Medianeira

    7 Centro

    8 Medianeira

    9 Rio Branco

    10 Rubem Berta

    11 Nonoai

    12 Santo Antnio

    13 Menino Deus

    14 Bom Fim

    15 Mario Quintana

    16 Agronomia

    17 Agronomia

    18 Rio Branco

    19 Av. Protsio Alves

    20 Santana

    21 Partenon

    22 Bom Fim

    23 Santa Isabel - Viamo

    24 Rio Branco

    25 Jardim Sabar

    esteretipo e fazer os alunos pensarem sobre a desigualdade brasileira.

    Durante a execuo da msica os alunos reclamaram do ritmo queriam funk mas

    depois a discusso foi boa. Gostaram de fazer o trabalho com colagem e desenho, os

    resultados dos trabalhos foram surpreendentes: vrios alunos foram criativos e se

    empenharam na realizao do trabalho; No entanto, outros no fizeram e alguns fizeram

    com desleixo.

    Mas com o resultado da maioria consegui alcanar os objetivos de observarem nas

    mdias impressas as desigualdades sociais. At recebi elogio da av de um dos alunos

    que trabalha na escola.

  • 18

    Escolher a escala de anlise antes de pensar uma aula obrigatrio, conforme Callai

    (2009, p.83) ao estudar o espao geogrfico, a delimitao do mesmo um passo necessrio,

    pois que o espao imenso, planetrio, mundial. Desta maneira, pensou-se em utilizar

    imagens comuns a estes alunos, pois muitos deles cruzam a cidade e observam estas

    realidades todos os dias, mesmo sendo em lugares distantes, o nvel do local que traz em si

    o global. (CALLAI, 2009, p.84). Utilizando as imagens pude estudar o lugar, a partir das

    relaes sociais e econmicas em relao a classificao dos pases em: desenvolvido ou em

    desenvolvimento.

    Portanto, a utilizao de imagens nessa aula foram pensadas a fim de desenvolver

    aulas diferentes das que os alunos estavam acostumados, para isso utilizei Oliveira Jr. (2011)

    que fala sobre as fotografias ou imagens:

    [...] participam da construo de nossa imaginao da realidade do mundo contemporneo, educando-nos em nossas maneiras de pens-lo e a ns mesmos

    frente a ele. Mais diretamente, foco das imagens fotogrficas na produo e

    manuteno da ideia de que o espao geogrfico atual plenamente globalizado,

    tendo todos os seus lugares articulados e coerentes entre si, posto que a histria

    vivida por ns uma s e, por isto, temos sim lugares adiantados e lugares atrasados

    no fluxo desta (nica) histria. (OLIVEIRA Jr., 2011, p. 245 e 246).

    O autor evidencia em seu artigo que as imaginaes espaciais esto de acordo com a

    maneira como exposta a imagem ao observador, o autor mostra imagens de duas

    megacidades Londres e Lagos na Nigria - as quais so expostas com jogos de luz, ngulos

    e construes, sendo a cidade europia mostrada com maior desenvolvimento, em relao

    infraestrutura, do que a africana. Utilizando as idias de Oliveira Jr., pensei em duas imagens

    de dois lugares diferentes, mas ao contrrio do apresentado no artigo desse autor, coloquei a

    cidade desenvolvida ou melhor visualizada no continente africano localizada em

    Johanesburgo/ frica do Sul e a dita subdesenvolvida ou em desenvolvimento na

    Europa - favela em Madri/ Espanha. Conforme Quadro 3. A exposio das imagens dos

    pases, realizada sem ttulo ou legenda, visavam eliminar os esteretipos e preconceitos

    existentes nos estudantes pela influencia da sociedade.

    Preconceitos so formas de ver as coisas e as pessoas. So adquiridos, aprendidos ou

    desenvolvidos ao longo dos contatos sociais que se vai fazendo. s vezes, esto

    involuntariamente presentes em nossos pensamentos e aes e podemos at nos

    assustar quando os percebemos em ns mesmos. (SAENGER, 2011, p.36).

    O professor tem por direito mostrar para o aluno outras realidades e a razo de

    existirem, possibilitando que o mesmo construa sua opinio encima do que foi explorado pelo

    profissional docente. Para que isso ocorra o professor tem que ter as ferramentas necessrias

    se utilizando de objetos do cotidiano do estudante. Neste sentido, a escola tem grande

  • 19

    Imagem 1 - Johanesburgo - frica do Sul

    Fonte: http://www.esvaziandoamochila.com/2010/03/onde-ficar-em-johannesburg-

    joanesburgo.html

    Imagem 2 - Favela El Gallinero nos arredores de Madri - Espanha

    Fonte: UOL notcias

    influencia, pois ela disponibilizar estas ferramentas, como Power Point ou sala de

    informtica. Portanto, durante o transcorrer da aula a utilizao das imagens a seguir foram

    essenciais para conseguir manter os alunos participativos e interessados.

    Quadro 3 Imagens utilizadas na aula 1.

  • 20

    A exposio das imagens foi realizada no Power Point sem revelar sua localizao,

    junto a esta vinha pergunta: onde esse lugar? O objetivo foi mostrar imagens com

    perguntas reais que fizessem os alunos entrarem em cena, pois com aulas conteudistas os

    alunos no so convidados a participar. Em relao s respostas da pergunta anterior, foram as

    esperadas: na imagem 1 Respostas: EUA ou Portugal lugares designados como

    desenvolvidos e na imagem 2 Respostas: Brasil ou frica lugares situados em pases

    em desenvolvimento. Quando foram reveladas as verdadeiras localidades os alunos no

    sabiam que na Espanha havia favelas e na frica lugares com aquela estrutura, um dos

    objetivos da aula foi alcanado quebrar esteretipos e desenvolver habilidade de crtica.

    Anlise:

    Em relao a est parte da aula no tenho crticas a fazer, posso dizer que foi uma das

    minhas melhores aulas, os alunos so bem curiosos e participativos o que possibilitou pensar

    aulas mais dinmicas. Trazer imagens para a sala de aula auxilia muito, pois a visualizao de

    exemplos concretos possibilita o aluno relacionar imagem com seu cotidiano, at mesmo no

    seu caminho escola. Penso que nesta aula chamei ao entendimento de que no podemos

    fazer generalizao e criar ideias precipitadas sem saber as reais causas.

    Aula 1 Parte 2

    Esta segunda parte do plano de aula se refere a outra metodologia utilizada no plano 1,

    na qual fornece o caminho para os alunos relacionarem as informaes dos jornais e revistas

    com o cotidiano a partir de letra de msica, que falava sobre desigualdades sociais. O trabalho

    foi pensado usando como ponto inicial a proposta de Kaercher (2007) onde sugere montagem

    de letra de msica livre escolha pelos alunos utilizando colagem ou desenho e sua posterior

    socializao com os colegas de classe.

    Nesta aula coloquei para os alunos ouvirem a msica dos Paralamas do Sucesso

    Alagados - e consequentemente, para no haver disperso, sublinhassem as palavras que

    no haviam entendido. Transcorrendo a msica os alunos no gostaram do ritmo, pois

    preferiam funk, expliquei naquele momento que o que importava era a letra da msica e no o

    ritmo. No tempo restante do perodo conversamos sobre as palavras que no entenderam

    explicando a o que falava a cano.

    Para o prximo perodo, os alunos fizeram, em duplas, trabalho de colagem misturada

    com desenho livre, pois poucos alunos trouxeram o material pedido, contando a letra da

    msica atravs de figuras de revistas e jornais sendo este apresentado aos colegas ao final da

    atividade. No disse que o trabalho era pra apresentar, ficaram sabendo quando terminaram a

  • 21

    colagem, pois no era uma apresentao com tempo delimitado. No entanto, a notcia foi uma

    surpresa para os que fizeram com desleixo notei, assim certos constrangimentos, acredito que

    na prxima vo se esforar mais.

    Anlise:

    A aula foi produtiva e os alunos aprenderam e se divertiram ao mesmo tempo. No

    entanto, deveria ter continuado a atividade com a msica, como sugeria Kaercher (2007, p.17)

    pedindo para que os alunos a partir de uma msica de sua livre escolha, faam uma

    montagem, uma colagem ou um desenho que tenha relao com a letra. O autor sugere para

    darmos outras formas de expresso para o aluno fora da escrita, assim pode surgir talentos

    em sala de aula; foi isto que aconteceu, houve trabalhos maravilhosos e criativos, h alunos

    que desenham muito bem, principalmente um dos alunos diagnosticado como dislxico que se

    expressa melhor por desenho.

    A atividade de Kaercher (2007) sugere que deixemos os alunos utilizarem uma msica

    a sua livre escolha, mas como no fui fiel a proposta anteriormente, poderia ter pedido depois

    da atividade que os alunos fizessem o mesmo com a letra de uma msica a sua escolha que

    no fosse atingir a moral, com este procedimento os alunos iriam construir melhor o seu poder

    de fazer leituras do mundo [...] inclusive no que diz respeito intolerncia. (KAERCHER,

    2007, p.17).

    Plano de aula 2 Segundo ano do Ensino Mdio

    Aula 2 3h/aula

    Tema: Estrutura Fundiria brasileira

    Objetivos:

    - Conhecer a estrutura fundiria brasileira visando o entendimento das desigualdades de

    concentrao e o conflito de terras em nosso Pas;

    - Apresentar reportagens sobre o contedo;

    - Proporcionar que os alunos tambm produzam reportagens.

    Contedo:

    - Estrutura Fundiria Brasileira;

    - Reforma Agrria.

    Desenvolvimento:

    Apresentar aos alunos a estrutura fundiria brasileira atravs de um Jornal Geogrfico

    que contenha a matria da aula e reportagens de jornais sobre o contedo. Ler o jornal

  • 22

    Esta aula foi pensada de acordo com as aulas da disciplina de Instrumentao para o

    ensino em Geografia do Professor Nelson Rego, onde o professor nos possibilitou criar um

    jornal com notcias geogrficas, adaptei a ideia e fiz um jornal contendo a matria com

    notcias retiradas de jornal eletrnico.

    As aulas no ensino mdio foram um pouco frustrantes e decepcionantes, esta foi uma

    aula at que diferente das que enfrentei durante a prtica docente II, pois consegui um pouco

    da ateno de todos os alunos. A euforia inicial por ser algo novo para eles fez com que se

    interessassem pela aula, mas para desenvolverem a proposta de atividade o desinteresse

    ressurgiu novamente. A proposta era fazer o prximo nmero do jornal com reportagens

    junto com os alunos e pedir como atividade que eles faam o prximo nmero do jornal

    colocando reportagens sobre o benefcio da agricultura e seus malefcios para o ambiente

    e o homem. Para fazer o fechamento do contedo sobre a agricultura.

    Recursos e Tcnicas:

    Quadro negro e Jornal Geogrfico.

    Bibliografia:

    Filippi. E. E. Reforma Agrria: experincias internacionais de reordenamento agrrio e a

    evoluo da questo da terra no Brasil. Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2005.

    Marina, L. e Trcio. Geografia. Volume nico. So Paulo: Editora tica, 2003. p. 133,

    407-412.

    Sene, E.; Moreira, J.C. Geografia Geral e do Brasil: Espao geogrfico e globalizao.

    Volume 3. So Paulo: Editora Scipione, 2010. p.243 - 247.

    http:/www.estadao.com.br

    Avaliao:

    Durante a aula os alunos acharam a ideia do jornal interessante, afirmaram que nunca

    tiveram uma aula com esse recurso, mas nenhuns dos alunos fizeram a atividade proposta.

    Ento, foi sugerida outra atividade a fim de poder avali-los: Entregar uma relao entre o

    assunto das reportagens e a matria sobre agricultura vista at o momento, colocando a

    sua opinio sobre o tema reforma agrria. E entregar em folha de caderno, em um dos

    lados. Mas apenas uma aluna entregou do restante da turma uma parte no sabia o que era

    pra fazer e a outra disse que no estava em aula. Foi um sentimento de frustrao

    misturado com fracasso, pois trabalhei encima da ideia por vrios dias.

  • 23

    procuradas na internet sobre o benefcio e o malefcio da agricultura, tema este que iria ser o

    encerramento do contedo determinado pela professora titular.

    No entanto, os alunos no fizeram o que propus, pensei em outra atividade a ser feita,

    que seria entregar uma pgina de folha de caderno relacionando as reportagens do Jornal

    Geogrfico com a matria vista at o momento, inclusive colocando sua opinio sobre a

    reforma agrria, mas somente uma aluna entregou a atividade.

    O uso desta metodologia poderia ter outro rumo se aplicada em outra etapa da escola

    bsica ou em outra turma, infelizmente, no deu certo nesta classe, mas a proposta vlida

    para outras tentativas.

    Anlise:

    De acordo com a metodologia utilizada pensei em colocar as reportagens referentes

    reforma agrria por ser a terra um lugar desejado por muitas famlias sem terra, logo, a terra

    para essas famlias um lugar importante como s moradias so aos estudantes, conforme

    resposta do questionrio sobre seus lugares Quadro 2 - a maioria dos alunos elegeram suas

    casas como os seus lugares preferidos. Pensei em colocar essa questo para os alunos ao

    explicar reforma agrria, pois seria o mesmo que os alunos ficassem sem suas casas e no

    tivessem condies de comprar outra. No iriam querer casas prprias como os sem terra

    querem terras? Propus desta forma porque havia na aula alunos da zona sul de Porto Alegre,

    onde suas famlias possuam pequenas propriedades nas quais as utilizavam para plantio de

    alimentos para complementar a renda familiar.

    Poderia ter feito diferente, colocado algum documentrio ou filme para ilustrar a

    matria, pois a maiorias dos alunos trouxeram opinies de censo comum sobre a questo da

    reforma agrria, como: os sem terras so vagabundos ou querem terras de graa. Talvez

    se trouxesse o filme Terra para Rose - dirigido por Tet Morais em 1987 - as suas opinies

    mudariam um pouco, o que tem que ficar claro que no tinha como meta mudar as opinies

    dos alunos, mas sim trazer pontos de vista diferentes dos que eles esto acostumados a

    observar na mdia.

    Por fim, na discusso das reportagens pude esclarecer as suas opinies equivocadas,

    mas alguns no mudaram sua maneira de ver as informaes e nem a de critic-las. No foi

    possvel aprofundar a discusso em virtude do comportamento dos estudantes. No entanto,

    poderia ter usado outra metodologia como sugerida por Kaercher (2009) para trabalhar a

    geografia dos jornais, discutindo o espao dado notcia como tambm a opinio passada por

    essa, usando desta maneira diferentes escalas de anlise.

  • 24

    7 CONSIDERAES FINAIS

    Com a elaborao deste trabalho pude aprender como ocorre a construo do

    conhecimento crtico e do conhecimento geogrfico pelos estudantes. Observando que a

    geografia no apenas o estudo da terra, mas sim o espao e as relaes estabelecidas neste.

    Atravs da simples observao dos alunos os professores podem notar maneiras de realizar

    prticas diferentes que produzam maior entrosamento destes. Neste trabalho houve a

    construo do conceito de lugar pelos estudantes atravs de imagens e reportagens ligadas a

    lugares comuns a todos estes, so prticas simples, mas que surtiram algum efeito.

    Durante a realizao dos estgios docentes encontrei dificuldades na elaborao das

    aulas e no convvio com alguns alunos. No entanto, as observaes precedentes a prtica me

    motivaram a fazer aulas diferentes das tradicionais, mas claro que tambm utilizei a

    infraestrutura comum a todas as escolas: quadro e o livro didtico, pois se existem so para

    serem usados. No fui uma professora perfeita, pois tenho todas as limitaes de algum

    iniciante. Porm fiz da melhor maneira possvel.

    Entretanto, algo que me deixou chateada, foi o nmero alto de evaso escolar,

    principalmente, no ensino mdio, em conversas com professores que alm de lecionaram no

    ensino mdio tambm o fazem no ensino fundamental, observei que esta prtica do mesmo

    modo se perpetua nessa etapa escolar. Talvez se os professores pensassem em aulas mais

    agradveis e porque no falar divertidas os alunos pensariam duas vezes antes de abandonar

    a escola. De acordo, como os meus alunos do ensino mdio a falta de interesse est nas aulas

    que eles rotulam de chatas. Mas difcil exigir dos professores melhores aulas, quando so

    rotineiramente desmotivados, por motivo salarial ou pelo descaso dos estudantes em sala e

    ainda a presena do medo de agresses por parte dos alunos.

    Por fim, as propostas metodolgicas aqui apresentadas visaram utilizar o cotidiano dos

    estudantes das turmas onde foram exercidas as prticas, o que no evita de serem utilizadas

    em novos momentos em outras realidades. Sempre modificado e fazendo adaptaes se

    necessrio.

    REFERNCIAS

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    2001.

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