Principais agravos de saúde do idoso

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  • 7/24/2019 Principais agravos de sade do idoso

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    MDULO 7

    Unidade 3

    PRINCIPAIS AGRAVOS CRNICOS DE SADEDA PESSOA IDOSA 3

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    So Lus

    2014

    PRINCIPAIS AGRAVOS CRNICOS DE SADE

    DA PESSOA IDOSA 3

    MDULO 7

    Unidade 3

  • 7/24/2019 Principais agravos de sade do idoso

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHO

    Reitor Natalino Salgado Filho

    Vice-Reitor

    Antonio Jos Silva OliveiraPr-Reitoria de Pesquisa e Ps-Graduao Fernando de Carvalho Silva

    CENTRO DE CINCIAS BIOLGICAS E DA SADE - UFMA

    Diretora Nair Portela Silva Coutinho

  • 7/24/2019 Principais agravos de sade do idoso

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    Copyright @ UFMA/UNA-SUS, 2014

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHO.

    Universidade Federal do Maranho - UFMAUniversidade Aberta do SUS UNA-SUS

    Rua Viana Vaz, n 41, Centro. CEP: 65020-660 So Lus - MASite: www.unasus.ufma.br

    NORMALIZAO:

    Bibliotecria Eudes Garcez de Souza Silva. CRB 13a Regio nRegistro 453.

    REVISO ORTOGRFICA:

    Joo Carlos Raposo Moreira.

    REVISO TCNICA:

    Elza Bernardes FerreiraClaudio Vanucci Silva de Freitas

    Luciana Branco da Motta

    Universidade Federal do Maranho. UNA-SUS/UFMA

    Principais agravos crnicos de sade da pessoa idosa 3/ Adriana OliveiraDias de Sousa Morais; Maria Jos Sanches; Marilia Simon Sgambatti (Org.).

    - So Lus, 2014.

    30f.: il.

    1. Sade do idoso. 2. Geriatria. 3. Doena crnica. 4. UNA-SUS/UFMA. I.Ferreira, Elza Bernardes. II. Freitas, Claudio Vanucci Silva de. III. Motta,Luciana Branco da. IV. Ttulo.

    CDU 613.9-053.9

    http://www.unasus.ufma.br/http://www.unasus.ufma.br/http://www.unasus.ufma.br/
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    APRESENTAO

    J h algum tempo, a complexidade e a magnitude dos agravos sade dos idosos esto exigindo novas medidas teraputicas, com pessoal

    qualificado e treinado, atravs da preveno destes agravos, de atendimento

    em centros especializados de Geriatria e Gerontologia, alm da nfase na

    ateno domiciliria.

    O acentuado processo de envelhecimento das ltimas dcadas leva

    necessidade de uma nova organizao dos servios de sade, visto que as

    pessoas envelhecidas apresentam necessidades especficas caracterizadaspela cronicidade e multiplicidade dos problemas.

    Cuidar de idosos est cada dia mais frequente na nossa realidade,

    mas nem sempre uma tarefa fcil. Os profissionais de sade conheceram a

    infncia, a juventude, a vida adulta, a dor, as doenas, porm, nenhum de ns

    ainda vivenciou a velhice.

    J se sabe que fatores relacionados ao envelhecimento saudvel esto

    relacionados ao estilo de vida desde a infncia. Logo, trabalhar na tentativa demelhorar o envelhecimento saudvel est cada dia mais precoce na vida da

    populao em todos os nveis de ateno.

    Portanto, bem difcil compreender este ciclo de vida e suas

    complexidades, mas pretende-se ajud-los a olhar a velhice no como cenrio

    ruim e sim com imagens mais positivas deste perodo, como pessoas que

    envelhecem e tem direitos a uma qualidade de vida, independente do seu

    modo de viver a vida.Ao final desta unidade Principais Agravos Crnicos da Sade da Pessoa

    Idosa 3, o aluno ser capaz de reconhecer os principais agravos nas pessoas

    idosas, tais como: dor crnica, distrbios do sono e hipo e hipertireodismo,

    bem como o manejo destes agravos e sua teraputica, contribuindo, assim, no

    aumento da autonomia e independncia desta populao.

    Bons estudos!

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    SUMRIO

    1 DOR CRNICA .............................................................................. 71.1 Tratamento do idoso com dor crnica ....................................... 12

    2 DISTRBIOS DO SONO................................................................. 14

    2.1 Insnia ..........................................................................................14

    2.1.1 Diagnstico ......................................................................................................... 16

    2.2 Hipersonia .................................................................................... 19

    2.3 Apneia do sono ............................................................................ 20

    3 HIPERTIREOIDISMO ..................................................................... 20

    3.1 Causas ...........................................................................................213.2 Sintomas ....................................................................................... 21

    3.3 Diagnstico .................................................................................. 22

    4 HIPERTIREOIDISMO SUBCLNICO ............................................... 23

    5 HIPOTIREODISMO ........................................................................ 24

    5.1 Causas principais ......................................................................... 24

    5.2 Diagnstico .................................................................................. 24

    5.3 Tratamento ................................................................................... 25

    6 HIPOTIREOIDISMO SUBCLINICO (HSC ........................................ 26 REFERNCIAS ...................................................................................................... 27

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    UNIDADE 3

    1 DOR CRNICA

    MUITO IMPORTANTE!

    Objetivos de aprendizagem:

    Descrever as causas e consequncias da dor crnica;

    Compreender as formas de avaliao da dor no idoso;

    Identificar as formas de tratamento para a dor crnica.

    O processo de envelhecimento, alm de ser acompanhado por uma

    srie de limitaes funcionais e elevada dependncia, muito frequentemente

    resulta em quadros de dor, sendo esta, muitas vezes, a principal queixa

    do indivduo. Essa condio leva ao intenso sofrimento fsico e psquico,

    acompanhado pela depresso, afastamento social, alteraes do sono,

    desesperana, entre outros.

    A dor considerada pela Associao Internacional de Estudos da Dor

    (IASP) como uma experincia desagradvel, sensitiva e emocional, associada

    ou no ao dano real ou potencial de leses dos tecidos, e relacionada com

    a memria individual, com as expectativas e as emoes de cada pessoa,

    podendo ser aguda ou crnica (MERSKEY; BOGDUK, 1994). Trata-se de uma

    manifestao subjetiva, que envolve mecanismos fsicos, psquicos e culturais.

    A dor aguda surge de forma sbita e tem como funo alertar o

    indivduo para o perigo de uma leso. A dor crnica definida como experincia

    sensorial desagradvel, com durao maior de seis meses ou que ultrapassa o

    perodo usual de recuperao esperado para a causa desencadeante da dor. A

    dor crnica merece maior ateno por parte dos profissionais de sade, pois

    influencia negativamente o cotidiano do indivduo (CELICH; GALON, 2009).

    Quando considerados todos os idosos, tm-se uma prevalncia de dor crnica

    de aproximadamente 51% (DAVIS, 1997).

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    Entre as principais causas de dor crnica, nos idosos, encontram-se a

    osteoartrose, osteoporose e suas consequncias, doena vascular perifrica,

    neuropatia diabtica, neuropatia ps-herptica, polimialgia reumtica,

    neoplasias e problemas muculoesquelticos (CELICH; GALON, 2009).

    Essa sensao quando presente pode levar a consequncias como

    alterao do apetite, distrbios do sono, obstipao intestinal, incontinncia

    urinria, ansiedade, entre outras, o que compromete seu bem-estar geral

    e, consequentemente, aumenta a dependncia para as atividades de vida

    diria. Alm disso, confronta o idoso com sua fragilidade e o sentimento de

    insegurana, de perda da autonomia e da independncia.

    ATENO!

    Avaliao da dor no idoso

    A avaliao da dor em pessoas idosas demanda uma abordagem

    abrangente, incluindo as caractersticas da dor (intensidade, qualidade,

    variaes no decorrer do tempo e de situaes), impactos da dor (grau de

    perturbao psicolgica / afetiva, grau de limitaes funcionais com relao

    a atividade rotineiras, impacto social), e as formas de enfrentamento da dor,

    o que inclui as crenas e atitudes frente a ela, bem como a identificaao dos

    fatores desencadeantes. A avaliao da dor se torna mais complexa entre os

    idosos com alteraes cognitivas ou perdas sensoriais (viso ou audio).

    preciso considerar tambm condies como a depresso, fatores psicossociais

    e a negao, muitas vezes presentes entre eles. A avaliao do idoso com dor

    envolve tambm um exame fsico minucioso e avaliao do estado funcional,

    psquico e social (KAYE; BALUCH; SCOTT, 2010).

    Lembre-se:

    Para a avaliao da presena de dor, existem na literatura alguns

    instrumentos validados, que podem ser classificados em unidimensionaisou

    multidimensionais. As escalas unidimensionais avaliam somente uma das

    dimenses da experincia dolorosa, sendo as mais utilizadas:

    http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=39#Unidimensionaishttp://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=39#Unidimensionaishttp://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=39#Unidimensionaishttp://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=39#Unidimensionais
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    Escalas unidimensionais de dor

    I - Escala Verbal Numrica: O doente informado sobre a necessidade de

    classificar sua dor em notas que variam de 0 a 10, de acordo com a intensidade da

    sensao. Nota zero corresponderia a ausncia de dor, enquanto nota 10 a maior

    intensidade imaginvel. Na prtica, a nota 10 seria virtual.

    II - Escala Visual Numrica: As explicaes so as mesmas da escala

    anterior, acrescidas da escala concreta impressa abaixo, onde o doente

    localizar espacialmente a intensidade de sua dor com uma marca.

    Ex: 0__1__2__3__4__5__6__7__8__9__10

    CLASSIFICAO DA DOR:

    Zero (0) = Ausncia de dor

    Um a Trs (1 a 3) = Dor de fraca

    intensidade

    Quatro a seis (4 a 6) = Dor de

    intensidade moderada

    Sete a nove (7 a 9) = Dor de forte

    intensidade

    Dez (10) = Dor de intensidade

    insuportvel

    Pode ser utilizada tambm a Escala Comportamental (EC). Ao

    comportamento lgico atribudo uma nota, questionando-se diretamente ao

    paciente sua lembrana da dor em funo de suas atividades da vida diria, sendo:

    Nota zero Dor ausente ou sem dor

    Nota trs Dor presente, havendo perodos em que esquecida

    Nota seis A dor no esquecida, mas no impede exercer atividades da vida diria

    Nota oitoA dor no esquecida e atrapalha todas as atividades da vida diria, exceto

    alimentao e higiene

    Nota dezA dor persiste mesmo em repouso, est presente e no pode ser ignorada,

    sendo o repouso imperativo

    Fonte: FUNDAO ANTONIO PRUDENTE. Centro de Tratamento e Pesquisa do Hospital do Cncer.

    Dor: mensurao. 2003. Disponvel em: http://goo.gl/KaCiyF.

    Os mecanismos de defesa

    emocionais desenvolvidos

    pelo paciente para suportar

    a dor fazem seus cuidadores

    desconfiarem de sua

    existncia (FUNDAO

    ANTONIO PRUDENTE, 2003).

    http://www.hcanc.org.br/http://goo.gl/KaCiyFhttp://goo.gl/KaCiyFhttp://www.hcanc.org.br/
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    Para saber mais sobre a mensurao da dor:

    ANDRADE, F. A.; PEREIRA, L. V.; SOUSA, F. A. E. Mensurao da dor no idoso:

    uma reviso. Rev Lat Am Enfermagem, v. 14, n. 2, p. 2716, mar./abr. 2006.Disponvel em: .

    FUNDAO ANTONIO PRUDENTE. Centro de Tratamento e Pesquisa do

    Hospital do Cncer. Dor:mensurao. 2003. Disponvel em:

    http://goo.gl/rB538P.

    MARIN, M. J. S.; BONFIN, E. H. B. Identificando a presena de dor em idososcom alteraes cognitivas. Fisioter. mov.v. 16, n. 1, p. 1116, jan./mar. 2003.

    Observa-se, no entanto, que tais escalas podem ser aplicadas a idosos

    com alterao na comunicao verbal, o que impede sua utilizao. Na impos-

    sibilidade de verbalizar a presena e localizao da dor, os idosos apresentam

    manifestaes atravs de modificaes do comportamento, emisso de sons e

    expresso facial e corporal que podem indicar a presena de dor.Parker (1998) afirma que a dificuldade para a verbalizao da dor ocor-

    re devido coexistncia de fatores como afasia, restrio qumica e mecnica,

    alteraes do estado de conscincia, diminuio sensorial, depresso, perda

    da memria e da funo intelectual. A autora acrescenta ainda que a falta de

    instrumentos adequados de avaliao e o desentendimento sobre a percep-

    o da dor do indivduo idoso so fatores que impedem a deteco da dor.

    Diante de tais consideraes, a autora acima apresenta uma lista demanifestaes (Quadro 1) contendo sinais sugestivos da presena de dor no

    idoso com alterao cognitiva, que compreende: 1. Manifestaes compor-

    tamentais (comportamento agressivo belisco, mordida, pancada, arra-

    nho; agitao pernas para cima, tenso, movimentos repetitivos; atividades

    de vida diria resistncia aos cuidados, incluindo: proteo de membros, se-

    gurar nas grades da cama e nas pessoas que esto prestando cuidados; recusa-

    se a movimentar-se; alteraes do sono e reduo da aceitao alimentar), 2.

    http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n2/v14n2a18.pdfhttp://www.hcanc.org.br/http://www.hcanc.org.br/http://goo.gl/rB538Phttp://goo.gl/rB538Phttp://www.hcanc.org.br/http://www.hcanc.org.br/http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n2/v14n2a18.pdf
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    Emisso de sons (verbalizao silenciosos, queixas de dor, crticas e culpa;

    vocalizao gemer, choramingar, gritar, chorar, resmungar). 3. Aparncia

    (expresso facial olhar fixo, mais envelhecida, entristecida, com aspectodefensivo, careta, boca com lbios cerrados e testa franzida rpido; linguagem

    corporal tenso, apresenta concentrao, com sudorese, com palidez).Quadro 1 - Alteraes que sugerem a presena de dor em idosos com problemas na

    comunicao verbal.

    Alteraes

    Em relao ao comportamento:

    1. Comportamento agressivo 2. Agitao 3. Atividades de vida diria

    * belisco * pernas para cima * protege os membros

    * mordidas * tenso * agarra-se pessoa que cuida

    * arranho * movimentos repetitivos * diminuio do sono

    * pancada * agarra-se nas grades

    * recusa-se a movimentar-se

    * diminuio de apetite

    Em relao emisso de sons:

    Fonte: MARIN, M. J.

    S.; BONFIN, E. H. B.

    Identificando a presena

    de dor em idosos com

    alteraes cognitivas.

    Fisioter. mov. v. 16, n. 1,

    p. 1116, jan./mar. 2003.

    1. Verbalizao de sons 2. Vocalizao

    * refere que tem dor * gemer

    * presena de queixa, crtica ou

    culpa* chorar

    * no verbaliza * gritar

    *resmungar

    Em relao aparncia:

    1. Expresso facial 2. Linguagem corporal

    * olhar fixo * tenso

    * mais envelhecido * apresenta concentrao

    * entristecido * com sudorese

    * com aspecto defensivo * com palidez

    * careta

    * boca com lbios cerrados

    * testa franzida

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    IMPORTANTE:

    Os idosos com dificuldade de expressar a presena de dor so mais vulnerveis

    ocorrncia de dor e so aqueles que tomam menos medicamentos(PICKERING; JOURDAN; DUBRAY, 2006).

    1.1 Tratamento do idoso com dor crnica

    O objetivo do tratamento da dor crnica no idoso deve ser pautado

    na necessidade de retomar as atividades de vida diria e manter o conforto.

    Desta forma, envolve tanto o tratamento medicamentoso como o no-me-

    dicamentoso, sendo que a terapia medicamentosa para a dor persistente mais eficaz quando combinada com programa de exerccios, terapia de neu-

    ro-eletroestimulao transcutnea ou TENS (Transcutaneous Electrical Nerve

    Stimulation Therapy), aplicaes de calor e frio, mtodos psicolgicos (por

    exemplo, relaxamento, psicoterapia cognitivo-comportamental), programas

    educacionais, intervenes sociais e terapias complementares (por exemplo,

    acupuntura) (SOCIEDADE BRASILEIRA PARA ESTUDO DA DOR, 2006).

    A atividade fsica ajuda a aliviar o estresse emocional, diminuindoassim um importante fator de risco para doenas crnicas e comporta-

    mentais. Na osteoporose, a atividade fsica contribui para remineralizaao

    ssea, associada com a alimentao. Na fibromialgia, exerccios fsicos

    promovem o relaxamento nos locais de dor, favorecem a mobilidade de

    grupos musculares que se encontram em contrao prolongada. No reu-

    matismo, a fora e o tnus aumentam, impedindo a manifestao da dor.

    No geral, nos casos de dor localizada, o exerccio fsico aumenta a massamuscular ao redor da articulao e desenvolve a estabilidade, possibilitan-

    do utiliz-la sem dor (FERREIRA, 2007).

    Ao ser institudo tratamento medicamentoso, ateno especial deve

    ser dada s alteraes do processo de envelhecimento, como a reduo da

    reserva funcional de rgos como o rim e fgado, suscetibilidade aos efeitos

    colaterais e as possveis interaes medicamentosas (BRITO, 2007).

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    Deve ser dada preferncia para analgsicos simples, como a dipirona e

    o paracetamol, com cuidado em relao ao risco de hepatotoxicidade associa-

    da ao uso indiscriminado de altas doses de paracetamol (> 4 g/d). O pacientedeve ser orientado a realizar o uso contnuo da medicao para otimizar a co-

    bertura analgsica, devendo evitar o uso apenas se necessrio.

    Os anti-inflamatrios no-hormonais (AINH) apresentam boa resposta

    analgsica, porm no devem ser utilizados por longos perodos de tempo,

    devido aos riscos relacionados ao trato gastrointestinal e complicaes

    cardiovasculares e renais. Deve ser dada preferncia aos inibidores seletivos

    da ciclooxigenase-2 (COX2), pela menor incidncia de efeitos adversosgastrointestinais.

    Em casos de dor moderada a intensa, o uso adicional de medicao de

    maior potncia analgsica, como os analgsicos morfnicos, faz-se necessrio.

    Mesmo assim, preciso dar preferncia queles considerados mais fracos,

    como a codena, o tramadol e a oxicodona, iniciando com

    doses baixas, com progresso de acordo com a tolerncia e

    a eficcia. O paciente deve ser alertado quanto aos efeitos

    colaterais mais prevalentes,como: nusea, inapetncia,

    obstipao, tontura, sedao, deteriorao cognitiva,

    depresso respiratria e prurido. Os opioides devem

    tambm ser empregados em intervalos fixos, com doses de

    reforo adicionadas quando houver escape entre as doses,

    para que se obtenha a dose diria total necessria (BRITO,

    2007, p.128).

    Os analgsicos adjuvantes so frequentemente utilizados e so

    especialmente interessantes em caso de dor neuroptica (dor iniciada por leso

    no sistema nervoso), como os antidepressivos tricclicos, anticonvulsivantes,

    neurolpticos e inibidores da recaptao da noradrenalina e serotonina,

    no entanto, sua utilizao deve ser cuidadosa em funo das inmeras

    possibilidades de efeito colateral (BRITO, 2007).

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    Saiba Mais:

    BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Portaria No 710,

    de 27 de junho de 2013. Aprova o Protocolo Clnico e Diretrizes Teraputicasda Artrite Reumatoide. Dirio Oficial [da] Repblica Federativa do Brasil,

    Braslia, DF, 28 jun. 2013. Seo 1, p. 67. Disponvel em:http://goo.gl/TySJiz.

    FINE, P. G. Chronic pain management in older adults. Journal of Pain and

    Symptom Management, v. 38, n. 2, aug. 2009. Disponvel em:

    http://goo.gl/rLShLj.

    2 DISTRBIOS DO SONO

    Os distrbios do sono, em

    idosos, representam um problema

    de sade importante, embora

    pouco valorizado. Prevalentes em 15a 60% dos idosos, essas alteraes

    fazem com que haja diminuio na

    qualidade de vida, mudanas no

    humor, diminuio da capacidade de

    concentrao, da memria e da ateno, levando a um aumento da morbidade

    e mortalidade (CAMARGOS, 2006). Os tipos de distrbios do sono mais

    comuns so: insnia, hipersonia e apneia do sono.

    2.1 Insnia

    o tipo mais comum e definida como queixa de dificuldade de

    adormecer e/ou manter o sono e/ou sono de qualidade ruim; ocorre por mais

    ou menos trs vezes por semana, por mais ou menos um ms; h preocupao

    com a falta de sono e considerao excessiva sobre suas consequncias

    http://goo.gl/TySJizhttp://goo.gl/rLShLjhttp://goo.gl/rLShLjhttp://goo.gl/TySJiz
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    noite ou durante o dia; causa sofrimento significativo ou interfere com

    o funcionamento social/ocupacional (CAMARGOS, 2006, p. 162). So as

    mulheres que apresentam maior frequncia essa queixa, que aumenta com

    a idade. A insnia pode ter como causa tanto fatores situacionais, comopsiquitricos, clnicos, fatores comportamentais e disritmias circadianas.

    Quadro 2 Causas da insnia.

    SUBSTNCIAS CAUSADORAS DE INSNIA

    Substncias onde esto

    lcool Bebidas, alguns xaropes

    Cafena Bebidas, analgsicos, caf, xaropes, antigripais, chocolate

    Teofilina Remdios para bronquite, enfisema e asma

    Efedrina Descongestionantes nasais, xaropes, antigripais

    Corticoides Anti-inflamatrios e antialrgicos

    Neurolpticos Sedativos

    Antidepressivos Antidepressivos

    Tiroxinas Remdios para tireoide e alguns para emagrecer

    Anorexgenos Remdios para perder peso

    CAUSAS MDICAS DE INSNIA X GRAVIDADECausa clnica Insnialeve (%) Insniagrave (%)

    Depresso

    Bronquite crnica

    Doena prosttica

    Insuficincia cardaca

    Dor lombar

    2,6

    1,6

    1,6

    1,6

    1,4

    8,2

    1,5

    2,7

    2,5

    1,5

    CAUSAS PSICOLGICAS E PSIQUITRICAS DE INSNIA

    Estresse: morte de companheiros, perda do cnjuge, perda do espao social, dificuldades

    financeiras, sentimentos de abandono por parte da famlia, limitaes fsicas prprias daidade, mudanas no status social, percepo da prpria condio de sade;

    Ansiedade, depresso e demncia.

    CAUSAS AMBIENTAIS DE INSNIA

    Opo de dormir tarde, ficar at de manh vendo televiso, lendo ou fazendo qualquer

    outra coisa.

    Fonte: BALLONE, G. J.; MOURA, E .C. Transtornos do sono em idosos. PsiqWeb, 2014.

    Disponvel em:http://goo.gl/hajFO6.

    http://goo.gl/hajFO6http://goo.gl/hajFO6
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    2.1.1 Diagnstico

    Quadro 3 Questionamentos diante de um paciente com queixas de insnia.

    Caractersticas Variaes que podem interferir com o sono

    Condies do quarto de dormir Quente, frio, barulhento, mido

    Condies da cama de dormir Quarto ou sala

    Hbito de assistir televiso noite Programas de violncia

    Pessoas doentes em casa Dorme no mesmo quarto; acorda muito noite; ronca

    Tabagismo/etilismo Podem atrapalhar o sono fisiolgico

    Exerccio fsico Sedentarismo est associado a um pior sono

    Medicamentos em uso Principalmente psicotrpico

    A que horas vai dormir? Muito cedo, muito tarde, varivel

    A que horas acorda? Muito cedo ou tarde? Ainda com sono? Fica deitado apsacordar?

    noite, tem alguma dificuldadepara dormir?

    Sempre foi assim? O que acha que est acontecendo?

    Acorda com frequncia e no

    capaz de voltar a dormir?

    Pode significar insnia mista, talvez algum componente

    orgnico (dor etc.)

    Tem perodo ou crise desonolncia durante o dia? Ronca?

    Geralmente reflete um sono no reparador noite(Sndrome da Apneia Obstrutiva do Sono - SAOS?) oucompanheiro SAOS?

    Fonte: CAMARGOS, E. Problemas do sono no idoso. In: HARGREAVES, L. H. H. Geriatria. Braslia,

    2006. cap. 12. p. 161170.

    Importante:y Quais os fatores que promovem melhora ou piora?

    y O paciente est utilizando psicoestimulantes?

    y Tem alguma situao clnica que piora noite e que impea o sono?

    y Os quadros de demncia, depresso, distrbio psiquitrico esto sendo

    devidamente tratados?

    y H a prtica de hbitos de higiene do sono (os relatados anteriormente)?

    y O paciente no um dormidor curto?

    Fonte:OLIVEIRA, Joo Batista Alves de. Distrbio do sono no idoso. 2010.

    Disponvel em: http://goo.gl/cEFEkB.

  • 7/24/2019 Principais agravos de sade do idoso

    17/30

    17

    Diferentes questionrios podem ser utilizados na avaliao

    dos distrbios do sono, dentre esses, citam-se: o Sleep Disorders

    Questionnaire, com questes de avaliao quantitativa e qualitativa; oPittsburgh Sleep Quality Index, que se refere qualidade do sono no ltimo

    ms, fornecendo um ndice de gravidade e natureza do distrbio; o Mini-

    sleep Questionnaire (MSQ), que avalia a frequncia das queixas; o Basic

    Nordic Sleep Questionnaire (BNSQ), que analisa as queixas mais comuns em

    termos de frequncia e intensidade nos ltimos trs meses com especificao

    quantitativa. Entre questionrios mais especficos para determinadas

    alteraes, encontram-se a escala de sonolncia de Epworth - cuja pontuaovai de 0 a 24, sendo caracterizada a sonolncia excessiva para valores acima

    de 10 (Tabela 1).

    Tabela 1 Escala de Sonolncia Diurna de Epworth.

    Fonte: TOGEIRO, Snia Maria Guimares Pereira; SMITH, Anna Karla. Mtodos diagnsticos nos

    distrbios do sono. Rev. Bras. Psiquiatr., So Paulo, v. 27, supl. 1, p. 815, mayo. 2005. Disponvel em:

    http://goo.gl/pe3qNh.

    Leia com ateno: qual a possibilidade de voc cochilar ou adormecer nas situaes que serodescritas a seguir, em contraste a esta sentindo-se simplesmente cansado? Ainda que voc no tenhafeito, ou passado por nenhuma desta situaes, tente calcular como poderiam t-lo afetado. Utilize aescala apresentada a seguir para escolher o nmero mais apropriado para cada situao.

    0 = Nenhuma chance de cochilar1 = Pequena chance de cochilar2 = Moderada chance de cochilar3 = Alta chance de cochilar

    SITUAO CHANCE DE COCHILARSentado lendo ______________________________________________________________________________________________________( )Vendo lendo ________________________________________________________________________________________________________( )Sentado em local pblico, sala de espera, cinema, teatro, igreja _________________________________________( )Como passageiro de carro, nibus, ou trem andando uma hora sem parar ____________________________( )Deitado para descansar tarde, quando as circunstncias permitem ___________________________________( )Sentado e conversando com algum __________________________________________________________________________( )

    Sentado calmamente aps o almoo sem tomar lcool ____________________________________________________( )Se voc estive de carro, em quanto para alguns minutos pegando trnsito intenso _________________( )Total __________________________________________________________________________________________________________________( )

    http://goo.gl/pe3qNhhttp://goo.gl/pe3qNh
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    18

    Muito importante

    TRATAMENTO DA INSNIA

    Evidenciar os fatores desencadeantes.

    Segundo o I Consenso Brasileiro de Insnia, deve-se:

    Interromper o uso de substncias que contenham cafena e/ou

    nicotina 4 a 6 horas antes do horrio de dormir, uma vez que

    tais substncias tm ao estimulante, dificultam o adormecer

    e ocasionam despertar por sndrome de abstinncia durante a

    noite; Evitar o uso de lcool, pois ele induz a um sono de qualidade ruim

    e fragmentado;

    Estabelecer horrios regulares de sono;

    No ir para a cama e tentar dormir sem sono;

    No passar o dia preocupando-se com o sono;

    Levantar sempre no mesmo horrio todos os dias, independente

    do quanto dormiu durante a noite, o que ajuda a adquirir umritmo de sono regular e consistente.

    Evitar cochilos ou deitar durante o dia (podendo fazer exceo a

    pessoas idosas que podem necessitar de cochilo breve no meio

    do dia, cujo ritmo circadiano de sono-viglia bifsico);

    Ir para a cama quando estiver com sono;

    Caso sinta-se incapaz de dormir, levantar da cama e ir para outro

    ambiente e retomar alguma atividade relaxante em ambientecom pouca luminosidade;

    Ficar fora da cama o quanto desejar e s retornar novamente

    para dormir, de modo a favorecer a associao da cama com o

    adormecer rpido;

    No ficar controlando o passar das horas no relgio.

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    O tratamento medicamentoso deve ser estabelecido aps o

    esgotamento das medidas citadas, ser realizado sob prescrio e controle

    mdico regular e no se transformar numa utilizao ininterrupta e semreavaliao peridica. O tratamento medicamentoso com indutores do

    sono, benzodiazepnicos ou antidepressivos, quando utilizado, recomenda-

    se a menor dose efetiva e estar atento para abuso/dependncia/tolerncia.

    Antes de estabelecer um tratamento medicamentoso, verifique:

    Quando se fala de insnia no idoso:

    Diferenciar o normal do patolgico. Conhecer as mudanas que surgem com a idade.

    Saber obter informaes relacionadas com os distrbios do sono.

    Reconhecer as condies patolgicas mais comuns relacionadas

    mesma.

    Uso de questionrios direcionados para esse problema ajuda a

    caracterizar melhor a queixa.

    A busca ativa de insnia e sua correta avaliao so passosfundamentais na avaliao geritrica (S; MOTTA: OLIVEIRA, 2007).

    2.2 Hipersonia

    Sonolncia excessiva diurna/ato de dormir demais/passar dormindo a

    maior parte do tempo em que estaria acordado. Normalmente, secundria

    insnia noturna. Pode tambm ser consequncia de hipotireoidismo,

    de hipoglicemia, de m ventilao pulmonar devida a bronquite crnicae enfisema, de insuficincia cardaca, de uso de medicamentos como

    antihistamnicos (antialrgicos), tranquilizantes, antiespasmdicos,

    antidepressivos, barbitricos, entre outros. O tratamento deve ser pautado

    na identificao da causa (CAMARGOS, 2006).

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    2.3 Apneia do sono

    Apresenta maior prevalncia em homens e caracteriza-se por apneia

    maior que dez segundos ou hopopneia, associada a roncos e a despertaresleves e repetidos ao longo da noite. Nos idosos com esse distrbio, podem ser

    observados: sonolncia durante o dia, depresso, dor de cabea e prejuzo da

    memria. O quadro de apnia do sono est ainda relacionado a um aumento

    do risco de morte sbita dormindo. Como tratamento conservador da apneia

    do sono, encontram-se CPAP (Contnuos Positive Airway Pression), aparelhos

    orais e perda de peso (CAMARGOS, 2006).

    3 HIPERTIREOIDISMO

    Objetivos educacionais:

    Compreender o significado de hipo e hipertireoidismo no idoso e

    as respectivas sndromes subclnicas;

    Descrever a importncia da sua identificao e abordagem;

    Reconhecer as especificidades dos sinais e sintomas do hipo ehipertireoidismo, bem como o seu tratamento.

    A glndula tireoide, responsvel pelo adequado funcionamento de

    diversos rgos e sistemas, tem possibilidade de disfuno aumentada com

    o processo de envelhecimento, podendo desencadear hipertireoidismo e o

    hipotireoidismo.

    O hipertireoidismocorresponde ao aumento dos nveis sricos dehormnios tireoidianos devido produo aumentada pela glndula. Sua

    prevalncia de 0,7% 3% em idosos, sendo mais comum nas mulheres

    (VILAS BOAS; MONDELLI; VALLE, 2010).

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    3.1 Causas

    Bcio multinodular txico (mais prevalente em idosos: cerca de

    50% dos casos); Doena de Graves (mais prevalente nos jovens);

    Drogas que contm iodo: amiodarona (fenmeno Jod Besedow);

    Raros: adenoma hipofisrio, carcinoma folicular metasttico;

    Hipertireoidismo transitrio: tireoidite subaguda (VILAS BOAS

    MONDELLI; VALLE, 2010).

    3.2 SintomasFigura 1 - Sintomas clssicos do hipertiroidismo.

    Sudorese Nervosismo

    Cabelo fino

    Pele quente

    Fraqueza muscular

    Perda de peso

    Exoftalmia

    Bcio

    Palmitao taquicardia

    Tremor

    Mos midas

    Pulso rpido

    Tremor

    Edema

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    No idoso, os sintomas clssicos so incomuns ou se confundem com

    doenas associadas (tremores, intolerncia ao calor, sinais oculares,

    nervosismo, perda de peso, sintomas gastrointestinais); Sintomas mais comuns no idoso: anorexia, perda de peso, fraqueza

    muscular (desencadeando instabilidade postural), agitao, confuso

    mental, fibrilao atrial;

    Pode ocorrer sintomatologia atpica, como depresso, mania, delirium,

    alteraes cognitivas, quedas, perda funcional. Alm de elevao das

    enzimas hepticas e intolerncia glicose, agravamento de doenas

    cardiovasculares pr-existentes, reduo da capacidade cardiopulmonare da resposta a exerccios e osteoporose.

    3.3 Diagnstico

    TSH abaixo de 0,45 mUI/L;

    T4 livre acima de 1,5 mg/dl;

    TSH suprimido, T4 livre normal, T3 total e livre elevados (adenoma

    txico ou bcio multinodular).

    TRATAMENTO

    Metmazol: inibem a sntese de T3 e T4 nas clulas foliculares. De 20 a 30

    mg ao dia em duas ou uma tomada;

    Propiltiouracil: 300 a 600 mg/dia (como dose de ataque, por oito

    semanas), em trs tomadas, o que dificulta a aderncia ao mesmo.

    Na fase de manuteno, deve ser utilizada uma dosagem de 100 a400 mg/dia;

    Iodo radioativo (I131): tratamento definitivo, efetivo e bem tolerado.

    Indicado para idosos com hipertireoidismo moderado e aumento da

    glndula;

    Beta bloqueadores: propranolol, atenolol: efeito rpido no SN simptico,

    contribui para melhorar os sintomas. So teis na fase inicial do

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    23

    tratamento, juntamente com as drogas antitiroideanas (VILAS BOAS

    MONDELLI; VALLE, 2010).

    Destaque: A evidncia atual insuficiente para recomendar a favor

    ou contra do rastreio de doena da tireoide em adultos assintomticos.

    No entanto, a American Thyroid Association recomenda mensurao da

    funo tireoidiana em todo adulto a cada cinco anos a partir dos 35 anos e a

    American College of Physicians recomenda rastreio da funo tireoidiana em

    toda mulher, a partir dos 50 anos com um sintoma que poderia ser de causa

    tireoidiana (VILAS BOAS MONDELLI; VALLE, 2010).

    4 HIPERTIREOIDISMO SUBCLNICO

    Diagnstico laboratorial

    TSH suprimido (< 0,1), T4 livre, T3 livre normais ou no limite

    superior de anormalidade.Pode estar associado a aumento do risco de arritmias supraventriculares,

    sobretudo fibrilao atrial (28%), hipertrofia de ventrculo esquerdo, aumento

    da contrao miocrdica, disfunes diastlica e sistlica, osteoporose,

    alteraes de cognio e reduo da qualidade e da expectativa de vida.

    Indicaes para tratamento: TSH < 0,1.

    Importante:

    Pacientes mais idosos apresentam um limiar menor para apresentar

    sintomas do hipertireoidismo, principalmente aqueles que apresentam

    fibrilao atrial, perda de peso ou respirao curta. Em estudo de observao

    de pacientes idosos com hipertireoidismo, a maioria deles no apresentaram

    mais do que dois sintomas (CAIO JR.; CAIO, 2011).

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    24

    5 HIPOTIREOIDISMO

    O hipotireoidismo uma sndrome ocasionada por sntese ou secre-o insuficiente ou ao inadequada dos hormnios tireoidianos nos tecidos,

    levando lentificao do metabolismo. Pode ser classificado em primrio (fa-

    lncia tireoidiana); secundrio (falncia hipofisria - deficincia de TSH) ou ter-

    ciria (deficincia hipofisria de TSH). O tipo primrio est presente em mais

    de 90% dos casos e tem prevalncia em 2 a 4% das pessoas acima de 65 anos,

    sendo mais frequente nas mulheres (VILAS BOAS; MONDELLI; VALLE, 2010).

    5.1 Causas principais

    Tireoidites, drogas (amiodarona, iodo radioativo, tioaminas, ltio,

    xaropes antitussgenos);

    Tireoidectomia;

    Tireoidite Hashimoto (doena autoimune com infiltrao linfoctica da

    tireoide com substituio do tecido glandular por fibrose).

    Importante:

    A amiodarona, um potente antiarrtmico, com elevado teor de iodo, e com efei-

    to txico directo sobre a glndula pode induzir disfuno da tiroide (a hipo-e

    hipertiroidismo). Portanto, alm de se fazer o diagnstico diferencial e intituir o

    tratamento adequado, importante ter em mente que os pacientes que tomam

    amiodarona geralmente tm risco cardiovascular elevado e onde hipertireoidis-

    mo pode desencadear o desenvolvimento ou a recorrncia de arritmias carda-cas e insuficincia cardaca (GALHARDO; SANCHEZCOVISA; PEREZ, 2010).

    5.2 Diagnstico

    O diagnstico do hipotireoidismo primrio confirmado na presena

    de elevao do TSH e diminuio do t4 livre. Anticorpos anti-TPO: elevado

    (HASHIMOTO).

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    25

    y Dificuldades para diagnstico clnico no idoso:

    Doenas associadas, polifarmcia;

    Apresentao clnica atpica: depresso, delirium, dficit cognitivo,

    quedas, perda funcional;

    Sintomas podem ser confundidos com processo de envelhecimento:

    fadiga, cansao, intolerncia ao frio, pele seca, queda de plos,

    constipao intestinal;

    Alteraes metablicas: dislipidemia e anemia;

    Alteraes cardiovasculares: bradicardia, reduo do dbito cardaco,

    reduo da taxa de filtrao glomerular, ICC descompensada, edemapulmonar, edema de membros inferiores.

    5.3 Tratamento

    O tratamento no idoso deve ser cuidadoso devido maior incidncia

    de cardiopatias.

    Reposio da L-tiroxina em dose nica diria, matinal, em jejum

    (sofre influncias na absoro por alimentos e concomitncia com outrasmedicaes). Iniciar doses baixas 12,5 ao dia e aumentar gradativamente.

    Lembrar que: no adulto jovem, o TSH deve ficar prximo do limite inferior de

    normalidade; no idoso, deve-se evitar essa proximidade.

    Importante:

    A evoluo lenta do hipotiroidismo no idoso facilmente confundida com a

    evoluo normal do processo de envelhecimento.

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    6 HIPOTIREOIDISMO SUBCLINICO (HSC)

    O HSC definido como o achado de valores de TSH(hormnio estimulante da tireoide) acima do limite superior

    de referncia do exame, com uma tiroxina srica livre (T4L)

    normal. Esta disfuno glandular parece ser o primeiro sinal

    de disfuno tireoidiana, mas alguns estudos apontam para

    uma condio benfica, principalmente nos muito idosos,

    podendo at mesmo refletir uma resposta protetora aos

    efeitos do envelhecimento (RAUEN et al., 2011, p. 294).

    A prevalncia do HSC pode variar de 15 a 20% em mulheres acima de

    60 anos e em aproximadamente 8% dos homens idosos. A sua abordagem

    controversa, no entanto, a preocupao deve-se ao risco de progresso da

    doena, que se encontra entre 2% a 5% ao ano.

    Alm disso, tm-se evidncias de que na presena do HSC ocorre piora

    do perfil lipdico (aumento de LDL, reduo de HDL, aumenta aterognese

    e modificaes vasculares protrombticas, com aumento de risco deinsuficincia coronariana (ICO); reduo da contrao miocrdica; e aumento

    da resistncia vascular perifrica.

    Para saber mais:

    RAUEN, G. et al. Abordagem do hipotireoidismo subclnica no idoso.

    Rev Bras Clin Med., So Paulo, v. 9, n. 4, p. 2949, jul./ago. 2011. Disponvel em:

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