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Direito Penal 17 de fevereiro de 2012, às 10h50min Princípio da Legalidade e a Teoria de Binding. Trata-se de um simples artigo sobre o Princípio da Legalidade e a Teoria de Binding, onde o mesmo diferencia a Lei Penal de Norma Penal! Por Wagner Paulo Butsch inCompartilhar O Princípio da Legalidade (nullum crimen, nulla poena sine praevia lege), expressa a maior garantia jurídica em um Estado Democrático de Direito, onde define que (Não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem prévia cominação legal – art. 5º XXXIX CFRB). Trata-se de uma das maiores conquista do homem, durante toda a sua existência, pois está estritamente ligado ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Este princípio surgiu na Magna Charta Libertatum, de 1.215, onde os barões ingleses impuseram ao Rei João Sem Terra, o fim dos abusos de seus poderes absolutos e cruéis, a qualquer cidadão livre. Posteriormente, foi consagrado naConstituição Carolina Germânica, de 1.532. Mas foi somente no final do séc. XVIII, que este princípio ganhou efetividade, através dos ideais Iluministas, propostos especialmente por Rosseau, em sua obra '' Do Contrato Social´´, que buscava acabar com os abusos estatais e garantir a segurança jurídica. Com a teoria da separação dos poderes, criada porMontesquieu, o Estado-Juiz, foi impedido de usurpar a função de legislador. A partir deste momento, a função de selecionar os comportamentos e atitudes humanas mais prejudiciais para uma vida em sociedade harmônica, passou a ser dos legisladores, os representantes do povo. Ao Juiz, ficou garantido a Jus Puniendi. Neste instante apareceram outros três princípios de extrema importância no ordenamento jurídico. O Princípio da Intervenção Mínima, onde define que o Direito Penal, somente deve se preocupar com a proteção dos bens mais importantes e necessários à vida em sociedade¹. O Princípio da Lesividade, que determina quais as condutas que poderão ser incriminadas pela lei penal². E por último, o Princípio da Fragmentariedade,onde os bens jurídicos que necessitam de proteção do Direito Penal, comprovada a lesividade, passam a fazer parte de uma pequena parcela protegida pelo Direito Penal³. Com todas estas garantias inseridas em nosso ordenamento jurídico, somente a de haver crime, quando existir uma perfeita correspondência entre a conduta praticada e a previsão legal, segundo (Fernado Capez, Curso de Direito Penal, parte geral, 15º edição, p. 59). Mesmo que a conduta praticada pelo agente, possa sofrer uma reprovação da sociedade, a mesma, não servirá de justificativa para a imposição de uma sanção penal, se o fato no for expressamente defeso em lei. Logo, se não há um

Princípio Da Legalida e a Teoria de Binding

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Princípios Constitucionais

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Page 1: Princípio Da Legalida e a Teoria de Binding

Direito Penal17 de fevereiro de 2012, às 10h50min

Princípio da Legalidade e a Teoria de Binding.

Trata-se de um simples artigo sobre o Princípio da Legalidade e a Teoria de Binding, onde o mesmo diferencia a Lei Penal de Norma Penal!

Por Wagner Paulo Butsch

inCompartilhar

O Princípio da Legalidade (nullum crimen, nulla poena sine praevia lege), expressa a maior garantia

jurídica em um Estado Democrático de Direito, onde define que (Não há crime sem lei anterior que o

defina, não há pena sem prévia cominação legal – art. 5º XXXIX CFRB).

 

Trata-se de uma das maiores conquista do homem, durante toda a sua existência, pois está estritamente

ligado ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.

Este princípio surgiu na Magna Charta Libertatum, de 1.215, onde os barões ingleses impuseram ao Rei

João Sem Terra, o fim dos abusos de seus poderes absolutos e cruéis, a qualquer cidadão livre.

Posteriormente, foi consagrado naConstituição Carolina Germânica, de 1.532.

Mas foi somente no final do séc. XVIII, que este princípio ganhou efetividade, através dos ideais

Iluministas, propostos especialmente por Rosseau, em sua obra '' Do Contrato Social´´, que buscava

acabar com os abusos estatais e garantir a segurança jurídica. Com a teoria da separação dos poderes,

criada porMontesquieu, o Estado-Juiz, foi impedido de usurpar a função de legislador. A partir deste

momento, a função de selecionar os comportamentos e atitudes humanas mais prejudiciais para uma vida

em sociedade harmônica, passou a ser dos legisladores, os representantes do povo. Ao Juiz, ficou

garantido a Jus Puniendi. Neste instante apareceram outros três princípios de extrema importância no

ordenamento jurídico.

O Princípio da Intervenção Mínima, onde define que o Direito Penal, somente deve se preocupar com a

proteção dos bens mais importantes e necessários à vida em sociedade¹. O Princípio da Lesividade, que

determina quais as condutas que poderão ser incriminadas pela lei penal². E por último, o Princípio da

Fragmentariedade,onde os bens jurídicos que necessitam de proteção do Direito Penal, comprovada a

lesividade, passam a fazer parte de uma pequena parcela protegida pelo Direito Penal³. Com todas estas

garantias inseridas em nosso ordenamento jurídico, somente a de haver crime, quando existir uma

perfeita correspondência entre a conduta praticada e a previsão legal, segundo (Fernado Capez, Curso

de Direito Penal, parte geral, 15º edição, p. 59).

Mesmo que a conduta praticada pelo agente, possa sofrer uma reprovação da sociedade, a mesma, não

servirá de justificativa para a imposição de uma sanção penal, se o fato no for expressamente defeso em

lei. Logo, se não há um tipo penal regulamentando o fato, não haverá nenhuma interferência do Direito

Penal. É exatamente neste ponto Karl Binding revela sua teoria. Tal teoria explica que as normas penais

incriminadoras, não são proibitivas, mas sim descritivas. Portanto, quem pratica um crime não age contra

a lei, mas de acordo com esta, segundo (Fernado Capez, Curso de Direito Penal, parte geral, 15º edição,

p. 59). Se analisarmos o tipo penal, art. 121 CPB (matar alguém), podemos constatar que não há uma

infração do criminoso à lei, mas sim uma adequação à mesma. Aqui é possível distinguir norma penal de

lei penal. Não matarás, é proibido roubar, dirigir sem habilitação, ''[...]´´, são absolutamente, regras de

cunho moral, social, religioso, é a norma penal. Já a lei penal, como mencionado acima, não reprova, ou,

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proíbe, mas descreve a conduta, que se cumprida pelo agente conforme a descrição do tipo ganhará

legitimidade para sair da espera do Jus Puniendi in abstracto, para o Jus Puniendi in concreto.