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Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO DE REVISÃO 1 A APLICAÇÃO DAS PRINCIPAIS TEORIAS ADMINISTRATIVAS NAS PEQUENAS EMPRESAS VAREJISTAS DE MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO Thiago Luiz Cirelli 1 , Leandro Mendes Lopes 2 RESUMO O trabalho compõe-se de um breve relato histórico identificando as principais teorias administrativas, alguns de seus principais pensadores e autores que ficaram conhecidos como fundadores das escolas de administração. Frente esse relato histórico, tem-se por objetivo confrontar a aplicabilidade das principais teorias administrativas levantadas com o modelo de gestão aplicado hoje em pequenas empresas do varejo de material de construção. Essa questão torna-se pertinente a partir do momento que a construção civil em nosso país é uma das maiores alavancas da economia e mais de noventa por cento das nossas empresas são consideradas como pequenas. A metodologia esta embasada em levantamento bibliográfico e estudo de caso composto por questionário respondido por gestores de dez pequenas empresas de materiais de construção da cidade de Ourinhos (SP). O resultado revela que o pequeno gestor ainda relutante quanto à valorização dos recursos humanos como diferencial competitivo e dispensando pouca atenção ao uso de tecnologia também como diferencial em sua organização. Palavras-chave: Teorias Administrativas, Pequenas Empresas, Administração ABSTRACT This essay consists of a brief summary describing the principal business administration theories, and names of the principal thinkers and authors, that became known as the founders of business administration. Based on historical data, a study was made to compare the applicability of some of the principal administration theories, when exposed to the light of local practice, at this current time, buy small retail business firms that supply material for local building construction. This is an important point when we consider civil construction in our country, that is one of the greatest levers of the economy, and that more than ninety percent of the local supplier firms are classified as being small. The methodology used for this study is based on printed matter and case studies, and that made use of questionnaires, that were answered by the management staff of ten small civil construction material suppliers, of this town, Ourinhos, São Paulo State. The results revealed that the small supplier is still reluctant to improve the quality of customer service personnel, so as to improve his competitive edge, and nor did he give much value to the use of modern technological assets as an advantage to his firm. Key words: Administrative Theories, Small Business Firms, Administration INTRODUÇÃO As empresas consideradas pequenas representam mais de noventa por cento de todos os empreendimentos em nosso país hoje. Essa informação ganha maior importância se incrementada com o fato de que essas pequenas empresas são responsáveis pela alocação de milhares de pessoas no mercado de trabalho, tendo em vista que grande parte dos brasileiros, se questionados sobre o assunto, responderão que trabalham em uma pequena ou micro empresa. Completando a apresentação do assunto em pauta e diminuindo o leque sobre pequenas empresas, foca-se então as que atuam no varejo de materiais de construção, sua localização física em nossa cidade, número médio de colaboradores, faturamento mensal, 1 Bacharel em Administração com habilitação Administração Geral pela Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos. 2 Bacharel em Comunicação Social: Publicidade e Propaganda UNIMAR – Marília – SP. Especialista em Marketing (MBA) UNIVEM – Marília – SP. Docente do Curso de Marketing FAESO – Ourinhos - SP [email protected]

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    ARTIGO DE REVISO

    1

    A APLICAO DAS PRINCIPAIS TEORIAS ADMINISTRATIVAS NAS PEQUENAS EMPRESAS VAREJISTAS DE MATERIAIS PARA CONSTRUO

    Thiago Luiz Cirelli1, Leandro Mendes Lopes2

    RESUMO

    O trabalho compe-se de um breve relato histrico identificando as principais teorias administrativas, alguns de seus principais pensadores e autores que ficaram conhecidos como fundadores das escolas de administrao. Frente esse relato histrico, tem-se por objetivo confrontar a aplicabilidade das principais teorias administrativas levantadas com o modelo de gesto aplicado hoje em pequenas empresas do varejo de material de construo. Essa questo torna-se pertinente a partir do momento que a construo civil em nosso pas uma das maiores alavancas da economia e mais de noventa por cento das nossas empresas so consideradas como pequenas. A metodologia esta embasada em levantamento bibliogrfico e estudo de caso composto por questionrio respondido por gestores de dez pequenas empresas de materiais de construo da cidade de Ourinhos (SP). O resultado revela que o pequeno gestor ainda relutante quanto valorizao dos recursos humanos como diferencial competitivo e dispensando pouca ateno ao uso de tecnologia tambm como diferencial em sua organizao. Palavras-chave: Teorias Administrativas, Pequenas Empresas, Administrao

    ABSTRACT This essay consists of a brief summary describing the principal business administration theories, and names of the principal thinkers and authors, that became known as the founders of business administration. Based on historical data, a study was made to compare the applicability of some of the principal administration theories, when exposed to the light of local practice, at this current time, buy small retail business firms that supply material for local building construction. This is an important point when we consider civil construction in our country, that is one of the greatest levers of the economy, and that more than ninety percent of the local supplier firms are classified as being small. The methodology used for this study is based on printed matter and case studies, and that made use of questionnaires, that were answered by the management staff of ten small civil construction material suppliers, of this town, Ourinhos, So Paulo State. The results revealed that the small supplier is still reluctant to improve the quality of customer service personnel, so as to improve his competitive edge, and nor did he give much value to the use of modern technological assets as an advantage to his firm. Key words: Administrative Theories, Small Business Firms, Administration

    INTRODUO As empresas consideradas pequenas representam mais de noventa por cento de todos

    os empreendimentos em nosso pas hoje. Essa informao ganha maior importncia se incrementada com o fato de que essas pequenas empresas so responsveis pela alocao de milhares de pessoas no mercado de trabalho, tendo em vista que grande parte dos brasileiros, se questionados sobre o assunto, respondero que trabalham em uma pequena ou micro empresa.

    Completando a apresentao do assunto em pauta e diminuindo o leque sobre pequenas empresas, foca-se ento as que atuam no varejo de materiais de construo, sua localizao fsica em nossa cidade, nmero mdio de colaboradores, faturamento mensal,

    1 Bacharel em Administrao com habilitao Administrao Geral pela Faculdade Estcio de S de Ourinhos.

    2 Bacharel em Comunicao Social: Publicidade e Propaganda UNIMAR Marlia SP. Especialista em

    Marketing (MBA) UNIVEM Marlia SP. Docente do Curso de Marketing FAESO Ourinhos - SP [email protected]

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    quem so normalmente os fundadores e quais teorias administrativas mais se enquadram no perfil do gestor deste tipo de empreendimento.

    Enxergando-se a importncia das pequenas empresas para a economia do pas neste momento, salienta-se que o ramo da construo civil, na qual as lojas de varejo de materiais de construo esto intimamente ligadas, um dos ramos que mais cresce em volume de vagas para trabalhadores de todas as classes. Identificar como os gestores destas empresas se adaptam aos desafios do dia-a-dia fazendo uso ou no de teorias e tcnicas administrativas, torna-se um assunto de suma importncia tendo em vista os j citados volume de emprego que este setor gera e consequentemente o impacto econmico positivo que traz.

    Para conseguir atingir o objetivo final do trabalho foram levantados, material terico de vrios autores e um site abordando o assunto em questo. Desenvolveu-se tambm embasado no material terico, um questionrio composto por onze questes, que por sua vez estavam relacionadas cada qual a uma teoria administrativa constante no referencial terico. O questionrio foi devidamente respondido por gestores de dez pequenas empresas atuantes no varejo de materiais de construo da cidade.

    Reconhecer o uso e at mesmo o conhecimento ou no das teorias administrativas acaba sendo a principal vertente deste trabalho, tendo em vista que grande parte das empresas questionadas composta, como a maiorias das micro e pequenas empresas, pelo pai de famlia auxiliado normalmente pela esposa e posteriormente os filhos. Assim sendo, o intuito identificar se esses empreendimentos se mantm no mercado, administrando os desafios de cada dia como podem, se o mercado com auxilio de incentivos federais, estaduais ou municipais tem contribudo para o setor em, ou se seus gestores procuram informao e embasamento terico para melhorarem seu trabalho e consequentemente se perpetuarem no mercado.

    Em sntese o que se buscou na confeco deste trabalho apresenta-se atravs de um breve relato de cada principal teoria administrativa, e de um estudo acerca das pequenas empresas varejistas de material de construo civil de Ourinhos (SP) e a aplicao das teorias da administrao.

    TEORIAS ADMINISTRATIVAS Teoria Administrativa segundo Taylor

    Analisando-se as principais idias que revolucionaram os pensamentos administrativos do sculo XX, e que continuam influenciando e ensinando administradores nos dias de hoje,

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    tem-se trs figuras importantes que deram incio a movimentos de padronizao da administrao; Taylor, Fayol e Ford.

    Como ponto inicial tem-se a chamada Escola Cientfica que se originou quando nos Estados Unidos, entre o fim da Guerra Civil e o comeo do sculo XX, a indstria expandiu-se aceleradamente. Foi esta a era das grandes invenes e do surgimento das empresas que viriam a tornar-se grandes conglomerados (MAXIMIANO, 2000, p. 134).

    Segundo Maximiano (2000) a expanso da indstria estimulou o debate sobre o aumento da eficincia e da produtividade, que vinha desde o inicio da Revoluo Industrial. V-se j no sculo XVIII, o chamado de ateno para os ganhos de produtividade decorrentes da diviso do trabalho, em comparao com os mtodos artesanais que ento dominavam as atividades produtivas.

    Assim, graas s necessidades comerciais de atendimento ao pblico no ps-guerra e ao aceleramento dos meios de fabricao, foi necessrio aprimorar os meios de produo dentro das indstrias. Assim, o primeiro grande pensador a destacar-se neste sentido foi Frederick Winslow Taylor (1856-1915), conhecido desde ento como o precursor da Escola Cientifica de Administrao.

    Os estudos de Taylor que embasam a Escola de Administrao Cientifica esto apoiados nos quatro pontos que seguem:

    1. O objetivo da boa administrao era pagar salrios altos s ter baixos custos de produo.

    2. Com esse objetivo, a administrao deveria aplicar mtodos de pesquisa para determinar a melhor maneira de executar tarefas.

    3. Os empregados deveriam ser cientificamente selecionados e treinados, de maneira que as pessoas e as tarefas fossem compatveis.

    4. Deveria haver uma atmosfera de intima e cordial cooperao entre a administrao e os trabalhadores, para garantir um ambiente psicolgico favorvel aplicao desses princpios. (MAXIMIANO, 2000, p.155)

    Deve-se ressaltar ainda que os princpios demonstrados acima sofreram um complemento no qual Taylor enfatizava ainda o principio da diviso do trabalho entre administrao e mo-de-obra (Maximiano, 2000). Com relao a esse complemento tem-se:

    Existe uma diviso quase igual de trabalho e de responsabilidade entre a administrao e os trabalhadores. A administrao incumbe-se de todo o trabalho para o qual esteja melhor preparada que os trabalhadores, enquanto no passado quase todo trabalho e a maior parte da responsabilidade recaam sobra a mo-de-obra. (MAXIMIANO, 2000, p.158)

    Em sntese, os pensamentos de Taylor e a Escola de Administrao Cientifica, trazem que estudos de tempos e movimentos, descries de cargos, organizao e mtodos,

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    engenharia de eficincia e racionalizao do trabalho (Maximiano, 2000) so a base para uma administrao de qualidade.

    Observando-se do mesmo ponto de vista, porm com palavras de outro autor tem-se que a Administrao Cientifica que administrar passa a ser um processo que regula e modela o processo de produo tendo em vista metas e parmetros de tempo e custo (KNAPIK, 2005, p.26).

    Ainda segundo Knapik, 2005, p. 28 os princpios da administrao cientifica de Taylor so:

    Planejamento; substitui o trabalho que era realizado segundo os critrios de cada funcionrio pelos mtodos cientficos, a improvisao pelo planejamento e padronizao do mtodo. Preparo; seleciona os trabalhadores de acordo com suas aptides para desenvolv-las para que produzam mais e melhor de acordo com o que foi planejado. Dispe o layout das mquinas e ferramentas de produo de forma racional e prtica. Controle; a gerncia deve dar suporte aos trabalhadores e certificar-se se que o trabalho est sendo feito de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo planejamento. Execuo; transmitir e dividir responsabilidades e tarefas entre os trabalhadores de forma que o trabalho fique mais organizado e funcional. Exceo; as ocorrncias que acontecem dentro dos padres no devem chamar a ateno do gerente, mas as que ocorrem fora desses procedimentos devem alert-lo, para que possa corrigir as falhas.

    Ainda com relao s escolas clssicas de administrao sabe-se que o pensamento central dessa escola pode ser resumido na afirmao de que algum ser um bom administrador medida que seus passos forem planejados, organizados e coordenados de maneira cuidadosa e racional (Motta, 2001, p. 24). Em sntese, s pode-se conseguir administrar com qualidade se obtiver todos os nmeros necessrios com relao a volume de produo possvel, tempo gasto em determinadas tarefas e especializaes nas diversas tarefas para cada funcionrio em especial.

    Teorias Administrativas segundo Fayol Falando-se agora de um mais um grande pensador administrativo, tem-se Henry Fayol

    (1841-1925) como o precursor da to conhecida funo do administrador dividida em quatro partes que so: Planejar, Organizar, Comandar e Controlar.

    Como tem-se acima, uma das funes do administrador para Fayol era organizar e assim sendo Motta (2001) traz que organizar era uma funo muito ampla e no se restringia organizao dos recursos humanos e materiais da empresa, tambm inclua a sua obteno.

    As idias bsicas da Escola Clssica a segundo Fayol com relao organizao so:

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    Quanto mais divido for o trabalho em uma organizao, mais eficiente ser a empresa.

    Quanto mais o agrupamento de tarefas em departamentos obedecer ao critrio da semelhana de objetivos, mais eficiente ser a empresa.

    Um pequeno nmero de subordinados para cada chefe e um alto grau de centralizao das decises, de forma que o controle possa ser cerrado e completo, tendero a tornar as organizaes mais eficientes.

    O objetivo da ao organizar mais tarefas do que os homens. Dessa forma, ao organizar, o administrador no devera levar em considerao os problemas de ordem pessoal daqueles que vo ocupar a funo. Dever criar uma estrutura ideal. (MOTTA, 2001, p. 253)

    Para ser mais resumido, a administrao cientfica segundo Fayol baseia-se na diviso do trabalho, centralizao das decises, poucos subrdinados para cada gerente, impessoalidade nas decises e a constante busca pelo aperfeioamento.

    Como se sabe, os estudos de Fayol basearam-se em uma indstria, porm o mesmo aplica o papel do dirigente que segue a qualquer ramo de atividade, assim segundo ele, a empresa uma entidade abstrata, conduzida por um sistema racional de regras e de autoridade, que justifica sua existncia medida que atende ao objetivo primrio de fornecer valor, na forma de bens e servios a seus consumidores. (MAXIMIANO, 2000, p.142)

    Em suma, Fayol prega com o trecho acima que a empresa s tem algum valor de pessoalidade e financeiro se conseguir atender de forma satisfatria os anseios de seus clientes.

    Como j vimos os preceitos de Taylor que recaiam sobre uma diviso de trabalho correta, sobre padronizaes no passo-a-passo da linha produtiva, sobre controles de tempo e determinao de tarefas especificas a cada funcionrio mais qualificado para desempenh-las, temos em Fayol uma importncia mais acentuada sobre a gerencia que deveria por sua vez seguir os dezesseis deveres que seguem para conseguirem por em pratica os preceitos por ele levantados que eram, planejar, organizar, comandar e controlar.

    1. Assegurar a cuidadosa preparao dos planos e sua rigorosa execuo. 2. Cuidar para que a organizao humana e material seja coerente com o objetivo,

    os recursos e os requisitos da empresa. 3. Estabelecer uma autoridade construtiva, competente, enrgica e nica. 4. Harmonizar atividades e coordenar esforos. 5. Formular as decises de forma simples, ntida e precisa. 6. Organizar a seleo eficiente do pessoal. 7. Definir claramente as obrigaes. 8. Encorajar a iniciativa e o senso de responsabilidade. 9. Recompensar justa e adequadamente os servios prestados. 10. Usar sanes contra faltas e erros. 11. Manter a disciplina. 12. Subordinar os interesses individuais ao interesse geral. 13. Manter a unidade de comando. 14. Supervisionar a ordem material e humana. 15. Ter tudo sobre controle.

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    16. Combater o excesso de regulamentos, burocracia e papelada. (MOTTA, 2001, p. 258)

    Analisando-se com ateno os dezesseis pontos relacionados por Fayol, v-se que resumidamente so deveres que tm por finalidade levar o administrador a tomar decises, estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos integrantes da organizao, de modo que as atividades de planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar estivessem numa seqncia lgica. (MAXIMIANO, 2000, p.143)

    Para finalizar sua teoria administrativa, Fayol ainda traz o que chamou de quatorze princpios que devem ser seguidos para que a administrao seja eficaz (Maximiano, 2000, p.143) e de forma resumida e interpretada, tem-se que a diviso do trabalho, consistia na alocao de mo-de-obra especfica e especializada para cada funo dentro da empresa; autoridade e responsabilidade, como o nome informa, poder de mandar e direitos e deveres de quem cumpre as ordens dadas pelas autoridades competentes.

    Disciplina, seguir os princpios estabelecidos no contrato de trabalho entre a empresa e o funcionrio seguindo as normas e padres dos bons costumes e respeito; unidade de comando, preferncia pelo trabalho desenvolvido por indivduo sobre uma unidade de comando individual; unidade de direo, apenas um comandante, usufruindo-se de apenas um conjunto de normas, que visam o objetivo especifico.

    Subordinao, primeiramente o interesse geral, e gradativamente resumindo-se ao interesse individual; remunerao pessoal, deve existir de forma proporcional e com base em fatores externos e desenvolvimento interno, centralizao; concentrao de poderes nas mos do chefe e o dever de acatar as diretrizes determinadas por parte dos funcionrios.

    Cadeia escalar, tambm conhecida como ponte de Fayol, rege que o subordinado de chefes de escales diferentes tm que obedecer mesmo que sejam ordens provindas de diferentes escales; ordem, nada mais simples como o prprio nome rege, cada um no seu lugar e cada lugar determinado para cada um; equidade, visa o trato com as pessoas, que basicamente deve ser com respeito e bondade, porm nunca esquecendo-se da energia necessria para que as ordens sejam cumpridas.

    Estabilidade do pessoal, deve-se atentar para a no rotatividade dos funcionrios e visar-se sempre o desenvolvimento das equipes; iniciativa, pr atividade deve ser cultivada dentro das equipes e individualmente tambm, por fim e talvez o mais importante o trabalho e esprito de equipe. (MAXIMIANO, 2000, p. 144)

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    Para entendermos de forma mais simples e resumida o trabalho de Fayol, como vimos em Taylor e como apresentaremos em Ford, os dois pregavam teorias administrativas que comeavam no cho de fbrica e subiam rumo aos mais altos escales administrativos dentro da empresa, j Fayol atentou-se em desenvolver teorias administrativas que visavam os altos escales proporcionando-lhes diretrizes, metas e princpios para melhor dirigirem as organizaes, e chegavam proporcionalmente aos funcionrios menos graduados dentro da empresa. Assim Fayol, cuidou da empresa de cima para baixo... em que o dirigente a principal fonte de energia para as operaes. (MAXIMIANO, 2000, p. 145) Teoria Administrativa segundo Weber

    Ainda visando s escolas de Administrao Cientifica, tem-se Max Weber (1864-1920) como sendo o idealizador da chamada Teoria da Burocracia. Para Weber, o termo burocracia identifica certas caractersticas da organizao voltadas para a racionalidade e para a eficincia e no tem uma conotao negativa como costumamos atribuir. (KNAPIK, 2005, p. 32)

    Para Knapik (2005, p.34), Weber sintetiza suas teorias nos tpicos que seguem:

    1. Formalizao: a empresa age de acordo com regulamentos, define por escrito seus procedimentos que so aplicados em todas as situaes, sem exceo.

    2. Diviso do Trabalho: Cada colaborador tem seu cargo definido com suas competncias, deveres e atribuies especificas e bem definidas.

    3. Hierarquia: Cada colaborador tem apenas um chefe e submetido a ordens que direcionam suas aes e a obedincia assegurada. Cada funo mais baixa esta sob o controle de uma mais alta.

    4. Impessoalidade: O enfoque esta nos cargos e no nas pessoas que o ocupam, porque as pessoas podem mudar de cargo ou sair da empresa. O colaborador deve agir com impessoalidade com seus colegas.

    5. Competncia Tcnica: A seleo dos funcionrios realizada atravs de seus mritos, de sua experincia e qualificao profissional, o plano de carreira tambm premia o bom desempenho e a competncia tcnica.

    6. Diviso entre propriedade e administrao: A administrao esta geralmente separada da propriedade e dos meios de produo, o dono confia a administrao a um especialista em produo ou burocrata.

    7. Profissionalizao: os funcionrios so especialistas em seu campo de ao, so profissionais assalariados de acordo com suas posies hierrquicas e responsabilidades. So nomeados ou promovidos pelo superior imediato.

    8. Legalidade das normas e procedimentos: As normas e procedimentos tm carter legal porque investem s pessoas que tm autoridade um poder sobre seus subordinados.

    9. Procedimentos padronizados: A disciplina. as normas tcnicas e regulamentos, conduzem as atividades dos ocupantes dos cargos. E, a estrutura dos cargos, por sua vez, deve atender as exigncias da organizao. As atividades de cada cargo so definidas segundo regras e padres estabelecidos.

    10. Previsibilidade do funcionamento: Os procedimentos devem ser estabelecidos com o intuito de prever antecipadamente todos os acontecimentos, criar uma rotina de execuo e alcanar mxima eficincia.

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    Desta forma, tem-se Weber analisando a Teoria da Burocracia como sendo um sistema que busca organizar, de forma estvel e duradoura, a cooperao de um grande nmero de indivduos, cada qual detendo uma funo especializada... a racionalidade instrumental... a equao dinmica entre meios e fins (MOTTA, 2001, p.130). Em sntese, para se fechar a linha de pensamento sobre Weber, v-se que a burocracia uma tentativa de formalizar e coordenar o comportamento humano por meio do exerccio da autoridade racional-legal para o atingir de objetivos organizacionais gerais (MOTTA, 2001, p.130) Teoria Administrativa segundo Ford

    Completando a Escola de Administrao Cientifica tem-se Henry Ford (1863-1947) como sendo o idealizador da chamada linha de montagem, o mesmo aplicou os conhecimentos obtidos atravs das teorias de Taylor com a funcionalidade de um modo de fabricao que impulsionou a indstria automobilstica de forma nica e duradoura, uma verdadeira revoluo nos mtodos que a partir de ento deixaram de ser artesanais e passaram a se chamar produo em massa.

    Resumidamente sobre Ford e seu modelo de administrao e produo tem-se dois princpios bsicos:

    O primeiro principio a diviso do trabalho. O processo de fabricar um produto dividido em partes, e isto significa que cada pessoa e grupo de pessoas, num sistema de produo em massa, tem uma tarefa. A diviso do trabalho implica a especializao do trabalhador. Na produo artesanal, o trabalhador faz um produto do comeo ao fim desde o projeto at o controle de qualidade final ou uma parte significativa de um produto final.

    O segundo principio a fabricao de peas e componentes padronizados e intercambiveis. Cada pea ou componente pode ser montado em qualquer sistema ou produto final. Na produo artesanal, muitas peas so desenvolvidas para um produto ou cliente especifico como acontece com as roupas sob medida.(MAXIMIANO, 2000, p.140)

    Teoria das Relaes Humanas de Mayo Posteriormente s escolas estudadas, Elton Mayo (1880-1949) vem a ser o precursor

    da chamada Escola de Relaes Humanas, juntamente com outro grande pensador da poca Kurt Lewin (1890-1947), o foco de pensamento segundo eles exatamente opositora s teorias clssicas de Taylor e Fayol (KNAPIK, 2005).

    Para Knapik (2005) o foco dessa abordagem era humanizar e democratizar a administrao, ela nega e combate os preceitos da Teoria Clssica e substitui por dimenses vindas da psicologia e da sociologia como a informalidade, a motivao, o esprito de equipe, os estilos de liderana, etc.

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    Uma marcante diferena desta teoria sobre as j comentadas o fato da forma de recompensar o trabalhador, no sendo apenas baseado no que o mesmo produz, mas tambm recebia recompensas sociais e simblicas, alm de necessidades de valorizao e reconhecimento do trabalho, contatos sociais e demais necessidades psicolgicas (KNAPIK, 2005).

    Ainda sobre a Escola de Relaes Humanas, tambm conhecida como teoria comportamental, Maximiano (2000, p. 295) traz que:

    A qualidade do tratamento dispensado pela gerencia aos trabalhadores influencia fortemente seu desempenho. Bom tratamento, bom desempenho. O sistema social formado pelos grupos determina o resultado do indivduo, que mais leal ao grupo do que administrao. Por causa da influncia do sistema social sobre o desempenho individual, a administrao deve fortalecer as relaes com o grupo, em vez de tratar os indivduos como seres isolados. O supervisor de primeira linha ser no um controlador, mas um intermedirio entre a administrao superior e os grupos de trabalho. O trabalho em equipe, o autogoverno e a cooperao so conseqncia prticas dos estudos apresentados.

    Para Motta (2001) a escola comportamental tambm enfocava um erro que Freud teria cometido por considerar o indivduo como unidade bsica da sociedade, enquanto os tericos da poca de introduo dos pensamentos humanos pregavam que muito mais importante era o grupo primrio. nele que se efetiva a educao do indivduo, pois nele o indivduo adquire hbitos e atitudes.

    A Escola de Relaes Humanas desmistificou aquele conceito de que o trabalhador era parte da mquina, e salientou que para se conseguir maior produtividade individual, o trabalhador deve ser respeitado nos seus desejos, sejam estes pessoais, financeiros, de realizao individual ou dentro de um grupo.

    Teoria dos Sistemas ou Estruturalista Continuando na linha do tempo das teorias administrativas tem-se a partir da dcada

    de 50 a chamada Teoria Estruturalista que segundo seus pensadores tentou-se abordar o conjunto das teorias burocrticas, clssicas e humanas em um s modelo de administrar.

    De incio tem-se o que um sistema, sua definio segundo Chiavenato (2002, p. 322): [...] denota um conjunto de elementos interdependentes e interagentes ou um grupo de unidades combinadas que formam um todo organizado. Sistema um conjunto ou combinao de coisas ou partes, formando um todo complexo ou unitrio.

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    Levando-se em conta as organizaes, segundo Chiavenato (2002), do ambiente vem a entrada (imput) de informaes, energia, recursos humanos e materiais alm de clientes e fornecedores, dentro da instituio, sob o gerenciamento do estratgico, so processadas e transformadas (throughput) essas entradas, posteriormente vem s sadas (output) que basicamente so as determinaes de quais caminhos, quais decises, que objetivos a organizao deve tomar para continuar e aumentar sua participao no mercado e lucratividade.

    O principal foco do estudo estruturalista acerca do ambiente que a organizao est inserida, sendo a mesma considerada um sistema aberto. Segundo Chiavenato (2002), as organizaes interdependem das relaes bem administradas com o ambiente externo para conseguir sobreviver. Lembrando que at a poca em questo, as teorias administrativas cientficas, focavam apenas os aspectos internos das organizaes sendo consideradas como sistema fechado.

    Teoria Comportamental Abordando-se a prxima era das teorias administrativas, tem-se a chamada Teoria

    Comportamental, (tambm conhecida como Teoria Behaviorista), que por sua vez trouxe um novo enfoque dentro das teorias administrativas: a abordagem das cincias do comportamento[...] o abandono das posies normativas e prescritivas das teorias anteriores [...] e a adoo explicativas e descritivas (CHIAVENATO, 2002, p.391).

    A Teoria Comportamental tem os estudiosos Herbert Alexander, Chester Bernard, Douglas Mcgregor, Rensis Likert e Chris Argyris como sendo os precursores dos estudos no final da dcada de 40.

    Chiavenato (2002) aborda nessa teoria grande alguns pontos relevantes em comparao com outras escolas administrativas. Comeando por uma contrariedade Teoria Clssica de Administrao, dando nfase no homem dentro do processo produtivo, elevando o processo e as mquinas ao segundo plano. A Teoria Comportamental mostra-se apenas como sendo um desdobramento da Teoria das Relaes Humanas, embasando-se apenas nos pontos iniciais, e posteriormente reformulando-os integralmente. Com relao Teoria da Burocracia, a Comportamental tambm totalmente crtica, atacando principalmente o modelo mquina de administrar pregado pela primeira.

    Em sntese, Chiavenato (2002, p. 8) traz: A Teoria Comportamental fundamenta-se no comportamento individual das pessoas. Para poder explicar como as pessoas se comportam, torna-se necessrio o estudo da motivao humana. Assim, um dos temas fundamentais da Teoria Comportamental da Administrao a motivao humana, campo no qual a teoria administrativa

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    recebeu volumosa contribuio. Os autores behavoristas verificam que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivao humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizaes.

    Em sntese, a Teoria Comportamental visa motivar o trabalhador dentro da fbrica, atentando tambm ao tempo que o mesmo no se encontra dentro da organizao. Com este foco, Maslow apresenta uma pirmide na qual identifica as chamadas necessidades humanas. Resumidamente as divises dessa pirmide so:

    Fisiologia necessidades bsicas sobrevivncia do indivduo e somente com o suprir dessas necessidades que o indivduo ter condio de passar ao segundo patamar da pirmide das necessidades.

    Segurana relacionada ao fato de o funcionrio estar seguro dentro da empresa, ou seja, sem alertas a possveis dispensas ou cortes dentro da organizao.

    Socializao o crculo de amigos, companheiros de servio, afeio, amor, so os pontos a serem supridos nesta etapa das necessidades.

    Estima a percepo que o indivduo tem de si mesmo, envolve autoconfiana, aprovao social, respeito, status.

    Realizao Pessoal foca o trabalhador que consegue atingir um patamar para desenvolver trabalhos criativos, autonomia, participao nas decises da empresa, enfim auto-realizao. (CHIAVENATO, 2000, p. 235)

    Teoria X e Y De forma sintetizada abordam-se por seguinte as teorias conhecidas como Teoria X e

    Teoria Y. Desenvolvida por Mcgregor, a Teoria X define o homem no trabalho como: O homem indolente e preguioso por natureza. Ele evita o trabalho ou trabalha

    o mnimo possvel, em troca de recompensas salariais ou materiais. Falta-lhe ambio, no gosta de assumir responsabilidades e prefere ser dirigido

    e sentir-se seguro nessa dependncia. O homem basicamente egocntrico e seus objetivos pessoais opem-se, em

    geral, aos objetivos da organizao. A sua prpria natureza leva-o a resistir s mudanas, pois procura sua segurana

    e pretende no assumir riscos que o ponham em perigo A sua dependncia torna-o incapaz de autocontrole e autodisciplina, ele precisa

    ser dirigido e controlado pela administrao. (CHIAVENATO, 2000, p. 398)

    Como se v a Teoria X desabona totalmente o trabalhador e contra positivo integralmente s Teorias das Relaes Humanas e Comportamental. Abordando-se ento o

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    perfil da administrao segundo essa teoria, a mesma relata que; a administrao organiza todos seus recursos disponveis com nico objetivo de sanar os interesses da organizao.

    A administrao tem por funo dirigir as pessoas e at mesmo modificar seus comportamentos sempre visando o interesse da empresa. Contrariamente a essa atitude, as pessoas seriam desinteressadas e at mesmo opositivas a esses interesses. Usam-se salrios de contrapartida aos servios prestados e punies a no dedicao integral e esperada por parte da administr o da empresa. (CHIAVENATO, 2000)

    J com relao Teoria Y, os estudos de Mcgregor, so trazidos por Chiavenato (2000, p. 404), a saber:

    A motivao, potencial de desenvolvimento, capacidade de assumir responsabilidade, de dirigir o comportamento para os objetivos da empresa, todos esses fatores esto presentes nas pessoas. Eles no so criados nas pessoas pela administrao. responsabilidade da administrao proporcionar condies para que as pessoas reconheam e desenvolvam, por si mesmas, estas caractersticas.

    A tarefa essencial da administrao criar condies organizacionais e mtodos de operao atravs dos quais as pessoas possam atingir melhor os objetivos pessoais, dirigindo seus prprios esforos em direo aos objetivos da empresa.

    De forma sucinta, a Teoria Y foca as pessoas sendo esforadas, tm gosto pelo trabalho, uma atividade simples como brincar ou descansar, e no uma serie de obrigaes e tarefas inconvenientes e repetitivas. So de fcil aceite com relao a desafios e responsabilidades, automotivadas, autodirigidas, alm de criativas e competentes. (CHIAVENATO, 2000, p.405) Teoria do Desenvolvimento Organizacional

    Continuando-se na linha do tempo das teorias administrativas, tem-se por volta de 1962 um movimento denominado Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO), basicamente esta teoria um desdobramento prtico e operacional da Teoria Comportamental em direo abordagem sistmica (CHIAVENATO, 2002)

    Dentre muitas vertentes, resumidamente o foco do DO est em mudar as pessoas e a natureza e qualidade se suas relaes de trabalho. Sua nfase est na mudana da cultura da organizao. Em principio, o DO uma mudana organizacional planejada. (CHIAVENATO, 2002, p. 193)

    De forma rpida pode-se destacar alguns pressupostos bsicos do DO como: rpida e constante mutao do ambiente; tanto os administradores, os colaboradores e a organizao devem sempre estar abertos a essas mudanas ocorridas; a organizao deve tentar manter

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    seus colaboradores sintonizados com seus objetivos injetando-os sempre motivao; mudana organizacional deve ser continua, sempre em busca dos objetivos pr-determinados, de cima para baixo e de forma que envolva todos que fazem parte da organizao. (CHIAVENATO, 2002)

    Em sntese, a Teoria do Desenvolvimento Organizacional est baseada na premissa de que, com a exata motivao empregada aos colaboradores, com comprometimento dos que so responsveis pelos resultados e com o auxlio de informaes e utilizao das tecnologias mais atuais, consegue-se melhorar o ambiente de trabalho, obter maior produtividade de todos envolvidos e consequentemente aumentar os lucros atingindo maior e melhor participao de mercado.

    Teoria da Contingncia Teoria da Contingncia, enfatiza que no h nada de absoluto nas organizaes ou na

    teoria administrativa. Tudo relativo. Tudo depende. Existe uma relao funcional entre as condies do ambiente e as tcnicas administrativas necessrias para o alcance dos objetivos (CHIAVENATO, 2002, p.355).

    A Teoria da Contingncia apresenta uma grande diferena das teorias administrativas apresentadas at o momento neste trabalho, essa diferena pode se resumir a expresso se - ento, que segundo Chiavenato (2002), as aes administrativas so contingentes das caractersticas situacionais, em busca dos melhores resultados para a organizao.

    Embasados na caracterstica acima j descrita, os tericos desenvolvedores da Teoria da Contingncia trazem seus pontos principais sendo.

    A organizao de natureza sistmica, isto , ela um sistema aberto. As caractersticas organizacionais apresentam uma interao entre si e com o ambiente. Isto explica a ntima relao entre as variveis externas e as caractersticas da organizao (diferenciao e integrao organizacionais). As caractersticas ambientais so variveis independentes, enquanto as caractersticas organizacionais so variveis dependentes daquelas. (CHIAVENATO, 2002, p. 365)

    De forma sintetizada e sem mais delongas, tem-se que a Contingncia esta embasada no seguinte plano de ao para o administrador: analisar o ambiente em que sua organizao se encontra, desde tendncias, tecnologias, perfil de clientes, concorrentes e assim por diante, e decorrente a mutao dos mesmos, tomar as decises administrativas mais cabveis de modo a sincronizar sua empresa ao ambiente externo.

    A Era da Informao

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    Chegando-se mais perto da atualidade tem-se uma mudana drstica no caminho da administrao. A Era da Informao chegou e com ela vem a mudana no dia-a-dia de cada indivduo da nossa sociedade, e consequentemente exige novos rumos das teorias administrativas empregadas nas organizaes de forma geral.

    Em um breve levantamento histrico v-se de 89 92 o desenvolvimento da tecnologia que permitia transmisso de textos e figuras a qualquer microcomputador ligado uma rede mundial, atravs de um acesso simples sem a utilizao dos chamados cdigos de programao. (CHIAVENATO, 2002). Surgia ento, a Internet, que possibilita o trnsito de informaes com uma velocidade nunca antes vista, rompendo fronteiras de espao e tempo que separavam qualquer lugar do mundo das organizaes.

    Diante dessa nova realidade, Chiavenato (2002) relata que as teorias administrativas vm se resumindo a: cadeias de comando mais curtas; menos unidade de comando; amplitude de controle mais amplas, empowerment; nfase nas equipes de trabalho; a organizao como um sistema de negcios interdependentes; infoestrutura; abrandamento dos controles externos s pessoas; foco no negcio essencial (core business); por fim a consolidao da economia do conhecimento.

    AS TEORIAS DA ADMINISTRAO NAS PEQUENAS EMPRESAS Informaes da Pesquisa e Identificao das Empresas

    Para o desenvolvimento desse trabalho utilizamos um questionrio composto por onze questes de mltipla escolha que foi respondido por dez administradores de pequenas empresas do varejo de materiais de construo. Questes estas relacionadas com as principais teorias administrativas tambm salientadas neste trabalho.

    Informa-se que o tempo dispensado desde a entrega do questionrio at o recolhimento do mesmo foi estabelecido pelos administradores questionados, deduzindo-se ento que as respostas obtidas so inteiramente fidedignas ao dia-a-dia de cada instituio abordada e os resultados encontrados por seguinte so de total veracidade e confiana.

    Como ponto de partida do estudo, tem-se algumas definies bsicas do que se considera micro e pequena empresa hoje em nosso pas. Sabe-se ento que existem trs definies mais aceitas que enfocam principalmente rentabilidade e posteriormente quantidade de colaboradores.

    Segundo a lei promulgada em dezembro de 2006, que se encontra na Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas, micro empresas so aquelas com faturamento anual de no

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    mximo R$ 240 mil, j as pequenas so aquelas que faturam entre R$ 240.000,01 e R$ 2,4 milhes anuais.

    Tomando-se outra definio que vem do Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), as micro empresas so aquelas que contam com no mximo nove colaboradores no caso do comrcio e servio, ou at dezenove se for no setor industrial e de construo. J as pequenas que atuam na rea do comrcio e servio contam com dez at quarenta e nove colaboradores, no caso da indstria este nmero pode variar entre vinte e noventa e nove colaboradores.

    De acordo com um rgo federal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social, estipula para concesso de crditos que as micro empresas so as que apresentam faturamento at R$ 1,2 milhes, e as pequenas empresas devem faturar entre R$ 1,2 e R$ 10,5 milhes.

    A identificao, bem como a caracterizao das instituies abordadas segue abaixo na ordem de entrega do questionrio:

    Casa Nova Materiais para Construo. Possui um colaborador, fundada no ano de 2007, pelo casal de proprietrios e que conta com faturamento mdio de dez mil reais.

    Freitas Materiais para Construo. Possui quatro colaboradores, atuante no mercado h nove anos, porm a administrao atual gere a empresa h um ano e trs meses. Possui faturamento mdio de vinte e cinco mil reais.

    Multiconstrues Materiais para Construo. Conta com quatorze funcionrios sendo que os fundadores, um casal, faz parte do corpo trabalhador juntamente a um de seus filhos. Ano de fundao foi de noventa e um, possuindo hoje faturamento da ordem cento e cinqenta mil reais mensais.

    Montuleze Materiais para Construo. Possui oito colaboradores, os fundadores foram pai e filho no ano de noventa e trs sendo que a gesto hoje do filho e sua esposa. Faturamento mdio mensal da ordem de sessenta e cinco mil reais.

    Toc Materiais para Construo. Conta com sete colaboradores, fundada em oitenta e nove pelo casal que hoje compe o corpo de colaboradores com faturamento mdio de cem mil reais.

    Bambu Materiais para Construo. Possui nove funcionrios, fundada em dois mil e dois por dois amigos que hoje tm o empreendimento gerido por uma gerente

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    no fazendo, os mesmos, parte da fora de trabalho da loja. Apresenta faturamento da ordem de setenta mil reais.

    Madeira & Cia. Possui oito colaboradores contando com pai e filho fundadores no ano de dois mil e quatro. Faturamento da ordem de cento e cinqenta mil reais somando-se as duas unidades.

    Zlio Materiais para Construo. Fundada em noventa e oito por casal que hoje dentre os trinta funcionrios conta com o fundador. Com faturamento em torno duzentos mil reais ms.

    Macour Materiais para Construo. Fundada por casal, em dois mil, que faz parte dos cinco colaboradores que a entidade possui, com faturamento em torno de setenta mil reais.

    MM Materiais para Construo. Fundada unicamente pelo seu atual gestor que faz parte dos sete colaboradores disponveis empresa. Data fundao em dois mil e trs, conta com faturamento mdio de oitenta mil reais.

    Anlise da Situao Com intuito de melhorar a compreenso por parte dos questionados, as perguntas

    foram divididas em cinco grupos os quais eram constitudos pelo que reconhecemos como sendo o foco de cada teoria, ou seja, as questes um, dois e trs priorizavam os meios, mquinas e processos no dia-a-dia da administrao. Por outro lado a questo quatro relacionava-se basicamente a linha de montagem e diviso extrema do trabalho, assim sendo, a mesma no foi apontada como de uso dentro da instituio por nenhum administrador.

    O que se pode chamar de terceiro grupo formado pelas teorias abordadas nas questes seis e dez, que focam a instituio relacionando-se com o meio externo e as conseqncias desse processo. As questes cinco, sete, oito e nove tm por foco as pessoas, os colaboradores, o RH de cada organizao abordado como diferencial competitivo, fornecendo sua criatividade, sua motivao, seus conhecimentos adquiridos dentro e fora do ambiente de trabalho, seus interesses de melhoria pessoal e consequentemente organizacional.

    Finalizando-se o nmero de questes abordadas e assim sendo o ltimo dos grupos, a pergunta onze foca o uso de tecnologia, obteno e aplicao correta das informaes que fluem cada vez de forma mais rpida, como diferenciais importantes na competio entre as empresas.

    A anlise dos questionrios nos mostra que os administradores das pequenas empresas do varejo de materiais de construo da nossa cidade, dispensam maior importncia aos meios

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    e processo pr-determinados, e pouca importncia ao uso de tecnologias atuais e ao corpo de colaboradores. Seis entrevistados assinalaram as questes um, dois ou trs, como sendo de sua ntegra concordncia no modelo de gesto aplicado pelos mesmos. Lembrando-se que as questes que compes os outros quatro grupos, ou foram assinaladas de forma negativa, ou sem aplicao dentro dessas instituies.

    Em contrapartida, o segundo grupo de questes mais assinalado foi o que foca as pessoas como diferencial dentro das instituies. Duas empresas apontaram as questes sete, oito ou nove como sendo base de seu modelo de gesto, lembrando-se que os mesmos tm conhecimento das relevncias contidas nas demais questes abordadas, porm de forma sintetizada e direta, as questes que abordavam o RH basicamente, so as de mais peso no dia-a-dia de suas instituies.

    O restante dos questionados se dividiram igualmente dando importncia paralela ao uso de tecnologia, e a interao com o meio externo como sendo as bases de seu modelo administrativo. Salienta-se, no entanto que os mesmos no apontaram as demais teorias como sendo sem uso em suas instituies, apenas pesaram mais no seu modo de administrar a ateno ao meio em que sua empresa est inserida e tambm as tecnologias e informaes obtidas pelos mesmos como diferencial competitivo.

    O grfico abaixo mostra de forma mais ilustrativa o resultado da pesquisa.

    0 1 2 3 4 5 6

    G1-Produo

    G2-Linha Produo

    G3-Sistemas

    G4-Recursos Humanos

    G5-Informao/Tecnologia

    Aplicao das Teorias Administrativas

    Concorda totalmente com asquestes dos grupos

    Salienta-se que para maior facilidade na interpretao dos resultados obtidos, as onze questes foram divididas em cinco grupos que apresentam caractersticas parecidas com

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    relao s teorias administrativas. E adianta-se tambm que concordaram e aplicam as teorias do grupo um de questes, seis administradores, o grupo dois, caracterizado por apenas uma questo no foi apontado.

    O grupo trs foi apontado apenas uma vez, igualmente ao grupo cinco, e as questes pertinentes ao grupo quatro foram assinaladas por dois gestores como sendo fundamental e de muito uso no seu modelo administrativo.

    CONSIDERAES FINAIS Em sucinta retomada sobre o trabalho apresentado, tem-se primeiramente uma breve

    retomada histrica das principais teorias administrativas desenvolvidas, alguns de seus principais idealizadores e movimentos, que no decorrer dos anos influenciaram e continuam influenciando os modelos de gesto das instituies de forma geral.

    Tambm se encontram algumas definies bsicas do que considerada em nosso pas hoje uma pequena empresa, abordando-se distines que s enquadram tanto com relao quantidade de funcionrios, volume de faturamento, ramo de atividade, no qual se subdivide comrcio, servio ou indstria.

    A metodologia usada para se atingir o objetivo do trabalho acadmico baseou-se em estudo bibliogrfico de vrios autores e site de pesquisa relacionado ao assunto em questo, nos quais se identificaram as teorias administrativas e conceitos de pequenas empresas. Analisando-se os preceitos das teorias foi elaborado um questionrio composto por onze questes, as quais foram devidamente analisadas e respondidas por dez administradores de pequenas empresas do setor varejista de materiais de construo da cidade de Ourinhos.

    Como o objetivo do trabalho acadmico era constatar a aplicao das principais teorias administrativas nas pequenas empresas, o mesmo foi atingido, j que os nmeros conseguidos atravs do questionrio identificam que a maioria, (sessenta por cento) dos gestores desse tipo de empreendimento ainda tem sua administrao baseada em preceitos antigos desenvolvidos por Taylor e Fayol. Focam os meios do processo, possuem hierarquia administrativa rgida com pouca participao e criatividade, em sntese, pouca importncia a colaboradores, qualidade e velocidade das informaes como diferencial competitivo, e pouco ou nenhum uso de tecnologias.

    REFERNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Introduo a Teoria Geral da Administrao. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000

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    CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administrao Vol. II. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002

    KNAPIK, Janete. Administrao Geral e de Recursos Humanos. Curitiba: Ibpex, 2005.

    MAXIMIANO, Antnio Cezar Amuru. Introduo a Administrao. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2000

    MOTTA, Fernando C. Prestes, VASCONCELOS, Isabella F. Gouveia de. Teoria Geral da Administrao. 3. ed. So Paulo: Atlas, 2001

    http://empresasefinancas.hsw.uol.com.br/micro-e-pequenas-empresas-no-brasil1.htm Acessado em: 20/10/08