15
Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso Brasileiro de Bioética Búzios-RJ-Brasil

Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos

Paulo Gilberto Cogo LeivasMinistério Público Federal, RS

Setembro 2009

VIII Congresso Brasileiro de BioéticaBúzios-RJ-Brasil

Page 2: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

1. Questões teóricas e terminológicas

Page 3: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Relação entre Direito e MoralPosição positivista: o Direito não tem qualquer

conteúdo moralPosição jusnaturalista: há normas morais

suprapositivas que valem juridicamente e às quais o Direito é subordinado

Posição não-positivista: o Direito não está subordinado à Moral, mas normas morais devem ser aplicadas no Direito em situações de abertura das normas jurídicas e no caso da chamada injustiça extrema

Page 4: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Teoria da argumentação jurídica

Discute as condições para que uma decisão jurídica seja considerada como corretamente fundamentada

Apresenta regras e formas de argumentos válidos na argumentação jurídica: argumentos jurídicos, argumentos empíricos e argumentos morais

Page 5: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

PrincípiosTermo com diversos usos no DireitoNo direito constitucional princípio é usado

como: norma de otimização, que ordena que algo deve

ser realizado na medida das possibilidadesAdmite graus diferentes de cumprimento

Princípios fundamentam direitos prima facie que podem ou não justificar direitos definitivos

Page 6: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

2. O direito fundamental à saúde

Page 7: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Razões para seu reconhecimento como direito fundamental

• Art. 6º da Constituição Federal: o direito à saúde é um direito fundamental.

• Direito humano previsto em diversos tratados internacionais de direitos humanos (concepção de indivisibilidade e interdependência entre gerações de DHs)

• Direito à saúde como direito à satisfação das necessidades básicas

• Direito à dignidade humana

Page 8: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Dilema de Heinz (L. Kohlberg)

• Heinz deve furtar um medicamento sobre o qual há evidências de que pode salvar a vida de sua esposa? Ele pode ser penalizado por um juiz?

•Solução do filósofo universalista: Heinz deve furtar e não deve ser punido porque tal conduta está de acordo com o princípio da dignidade humana (todo ser humano tem um fim em si mesmo; possui um valor moral incondicionado). Esse juízo moral é universalizável e imparcial.

Page 9: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Princípios morais utilizados pelo filósofo universalista de Kohlberg

• Princípio da universabilidade: Eu posso reconhecer um direito de um indivíduo caso eu possa reconhecer o mesmo direito a todos os indivíduos que se encontram na mesma situação em todos os aspectos relevantes.

• Princípio da imparcialidade: quem defende uma norma deve estar de acordo em aceitar as conseqüências da norma se ele estivesse na condição de sofrer as conseqüências.

Page 10: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Colisão de princípios: proporcionalidade

Outros princípios constitucionais (ex. separação de poderes, direitos de terceiros) e limitações orçamentárias são admitidos como limitações/restrições ao direito fundamental à saúde

A proporcionalidade é um método pelo qual se avaliam se esses limites podem impedir ou não o reconhecimento de um direito à saúde definitivo (prestação concreta de saúde)

A análise da proporcionalidade dá-se em três etapas: adequação, necessidade e ponderação

Page 11: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Proporcionalidade - 1ª etapa: adequação

• A prestação de saúde é eficaz para a promoção do direito à saúde do autor da ação?– A eficácia/efetividade da medida pleiteada precisa

estar embasada na melhor evidência disponível. – Qual é o nível de evidência exigível?

Page 12: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Proporcionalidade - 2ª etapa: “Necessidade”

Existe um outro bem ou serviço já prestado pelo SUS tão eficaz/efetivo quanto o pleiteado na ação?

•Existe Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica?

Aqui trata-se de uma comparação entre meios igualmente eficazes/efetivos. Qual é o meio mais custo-efetivo (QALY)?

Page 13: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Proporcionaliade - 3ª etapa: ponderação

• Ponderação entre o direito à saúde e outros princípios constitucionais (competências do poderes executivo e legislativo para definição de políticas e de orçamentos)– Prioridade prima facie do direito à saúde.– Escalas de importância do direito à saúde

(grave, médio, leve....)– (P1 P P2)C ou (P2 P P1)C

Page 14: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Conclusões• O direito à saúde é um direito fundamental prima facie

fundado no direito à dignidade humana e em necessidades básicas de saúde

• Em processos de argumentações jurídicas em que se discute concessão judicial de prestações de saúde são admitidos argumentos jurídicos, empíricos e morais

• Na aplicação da proporcionalidade em processos de prestações de saúde devem ser avaliados graus de evidência científica, existência de Protocolos Clínicos, custo-efetividade, limitações orçamentárias e grau de importância do direito à saúde para o autor da ação

Page 15: Princípios de Direito e Justiça na Distribuição de Recursos Escassos Paulo Gilberto Cogo Leivas Ministério Público Federal, RS Setembro 2009 VIII Congresso

Muito obrigado!

[email protected]