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“A Paz es tá na boa Educação”

01. Leia o fragmento e observe o gráfico a seguir.

Abre-se um novo espaço na área de medicina dotrânsito, no qual se discute que os usuários do sistemaurbano expostos a altas concentrações de poluentes têmmaior probabilidade de sofrer acidentes viários. Odesenvolvimento desta ideia aponta o monóxido de carbonocomo principal agente causador deste fenômeno, já quediminui a oxigenação cerebral, provocando perdamomentânea de memória.

Disponível em: <www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/07/16/

interna_gerais,306325/caminhao-com-acido-sulfurico- tomba-e-deixa-dois-

feridos-na-br-381-em-nova-era.shtml>. Acesso em: maio 2013.

A curva no gráfico indica o comportamento de veículosutilitários em relação à velocidade de deslocamento e àcorrespondente emissão de monóxido de carbono porquilômetro rodado. Nesse sentido, é correto afirmar que:a) a emissão de monóxido de carbono aumenta

exponencialmente para velocidades até 8 km/h.b) a emissão de monóxido de carbono aumenta

linearmente para velocidades abaixo de 8 km/h.c) para a velocidade de 12 m/s, a emissão de monóxido de

carbono é próxima de 3 g/km.d) para velocidades cada vez maiores, ocorre redução na

emissão de monóxido de carbono.e)mesmo com o veículo parado, há emissão de monóxido

de carbono próxima a 12 g/km.

02. Dois cilindros de mesma massa e mesmo raio são soltos damesma altura, a uma velocidade inicial nula, e descem ummesmo plano inclinado. Os coeficientes de atrito entre oplano e os cilindros são iguais, nenhum dos dois desliza, e,mesmo assim, um deles rola mais rapidamente que o outro.O aparente paradoxo é desfeito quando se observa que a

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FÍSICA - Franklim Rinaldo LITERATURA - Rômulo Arantes FILOSOFIA/SOCIOLOGIA - ElielsonSantana

distribuição de massa é diferente nos dois cilindros. Hámaior concentração de massa próximo ao eixo do primeirose comparado ao segundo. Portanto, é correto afirmar que:a) o primeiro cilindro desce mais rapidamente porque a

parte de sua energia mecânica que é gasta comrotação produz uma velocidade angular maior.

c) o segundo cilindro desce mais rapidamente porque aparte de sua energia mecânica que é gasta comrotação produz uma velocidade angular maior.

c) até certo valor de coeficiente de atrito, o primeiro cilindrodesce mais rapidamente; acima desse valor, o segundopassa a rolar mais rápido.

d) até certo valor de coeficiente de atrito, o segundocilindro desce mais rapidamente; acima desse valor, oprimeiro passa a rolar mais rápido.

e) o segundo cilindro desce mais rapidamente porque,por ser uniforme, não sofre solavancos.

03. Após erupção solar, Terra pode ter tempestade

geomagnética

Erupções ocorridas no Sol nesta semana,consideradas as mais intensas deste ano, podem provocaraté o fim da manhã deste sábado (13) uma tempestadegeomagnética na Terra, que, dependendo da intensidade,pode afetar sistemas de telecomunicações do planeta e arede de distribuição de energia elétrica, segundocientistas.

[...] No entanto, ainda não há como saber se terátamanha intensidade a ponto de afetar equipamentosterrestres ou apenas provocará fenômenos como asauroras boreal e austral, um "show natural" de luzescoloridas que podem ser acompanhadas em regiõespróximas aos polos Sul e Norte. [...]

Tempestade solar: partículas ionizadas são expelidas peloSol e viajam a altíssimas velocidades.

Disponível em: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/

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“A Paz es tá na boa Educação” 2

Tempestades solares são formadas de partículas ionizadase podem afetar diretamente as telecomunicações, o queacaba causando transtornos. Apesar disso, a Terraapresenta uma proteção natural, a qual está relacionadacom:a) o campo magnético terrestre, que desvia a trajetória de

grande parte das partículas ionizadas, minimizando osefeitos em nosso planeta.

b) a rotação da Terra, que desvia as partículas ionizadasassim que chegam à atmosfera terrestre.

c) a translação da Terra, pois, quando as partículas sãoemitidas pelo Sol, a Terra se desloca em sua órbita,escapando dessas partículas.

d) a atmosfera terrestre, que refrata esses íons, alterandosua trajetória e velocidade e diminuindo o impacto comos seres vivos na superfície.

e) a atmosfera terrestre, que difrata esses íons, deixandopassar apenas ondas eletromagnéticas provenientes doSol.

04.Com a ascensão da Igreja Católica na Europa, a produçãode vitrais popularizou-se, especialmente durante a IdadeMédia. Dos corantes que eram adicionados ao preparo dosvidros, havia uma classe que era produzida de uma rocha.O que intrigou os alquimistas da época é que a coloraçãodo pó produzido dependia do quanto a rocha era triturada,

isto é, pigmentos finos e espessos, mesmo sendo do mesmo

material, eram de cores diferentes. Hoje, sabe-se que a luz

espalhada vista saindo de um objeto depende das partículas

trituradas que a compõem. Quanto maiores são essas

partículas, maiores os comprimentos de onda que elas

espalham.

Com base no exposto e em conhecimentos sobre ondaseletromagnéticas, assinale a alternativa correta.a) Essa rocha, quando é pouco triturada, produz um pó

mais azulado; quanto mais macerada, maior a tendênciado pó produzido ser vermelho, pois o comprimento deonda é maior.

b) Com base na análise acerca do tamanho departículas, se a composição da atmosfera mudassee tivéssemos predominantemente partículas de outrostamanhos suspensas no ar, a cor do céu ainda seriaa mesma.

c) Se objetos grandes espalham comprimentos de ondagrandes, coisas tão pequenas quanto átomos nãoespalham luz visível e por isso não podem ser vistos,sendo mais bem estudados com raios X, que têmcomprimentos de onda menores.

d) Ao se esfarelar o material, sempre se catalisa umareação química com o ar, ou seja, produz-se um novomaterial; a nova substância, em vez de produzir luzvermelha, produz luz azul em maior abundância.

e) A energia da luz espalhada por partículas grandes émaior, pois seu comprimento de onda também émaior; ondas de rádio carregam muito mais energiaque raios gama, que só atuam no interior do núcleoatômico.

Leia o texto abaixo.

Texto I

Difícil fotografar o silêncio.Entretanto tentei. Eu conto:Madrugada a minha aldeia estava morta.Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as

casas.Eu estava saindo de uma festa.Eram quase quatro da manhã.Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado.Preparei minha máquina.O silêncio era um carregador?Estava carregando o bêbado.Fotografei esse carregador.Tive outras visões naquela madrugada.Preparei minha máquina de novo.Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.Fotografei o perfume.Vi uma lesma pregada na existência mais do que napedra.Fotografei a existência dela.Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.Fotografei o perdão.Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.Fotografei o sobre.Foi difícil fotografar o sobre.Por fim eu enxerguei a Nuvem de calça.Representou para mim que ela andava na aldeia debraços com Maiakovski - seu criador.Fotografei a Nuvem de calça e o poeta.

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Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa mais justapara cobrir sua noiva.A foto saiu legal.

(Manoel de Barros)

05. Manoel de Barros,um dos maiores nomes da poesia,é umpoeta sul-mato-grossense, com uma poesia bastantepeculiar que reflete um universo composto por coisas,caramujos, lesmas, formigas, trastes, jacarés, cigarras eoutros seres insignificantes aos olhos do atarefado homemda cidade. No poema acima, podem-se ver as marcasconstantes da sua poesia, em que se destaca a função:a) fática, pois o eu lírico, na sua busca por compreender

e refletir o mundo a sua volta, procura constantementeverificar que a mensagem está sendo transmitida.

b) referencial, uma vez que o eu lírico retrata o universodo pantanal sul-mato-grossense através de conceitosque explicam objetivamente esse mundodesconhecido para o leitor urbano.

c) conativa, já que, através de sua linguagem poética, oeu lírico convida o leitor a mergulhar nesse universocomposto por coisas, plantas e animais, instigando-oa viver uma outra realidade.

d) emotiva, pois o eu lírico, ignorando o universo exteriorque o cerca, concentra-se no eu, desvendando ao leitorseus sentimentos em uma poesia essencialmenteconfessionalista.

e) poética, pois o estilo de Manoel de Barros sustenta-sena combinação dos vocábulos de maneira inédita,fatoque acarreta numa linguagem inovadora comexpressões insólitas e distantes ao lugar comum.

O conto tem origem antiga. Liga-se ao desejohumano de contar e ouvir histórias. Nacontemporaneidade, porém, adquiriu características muitopróprias, tornando-se mais concentrado, desprezando afase de apresentação e começando pela complicação,partes essas que compõem a estrutura tradicional dogênero.

O escritor curitibano Dalton Trevisan (1925 - ) trabalhaesse tipo de texto com maestria, nos limites na acidez.Leia a abertura de um conto do autor, que estabelece umarelação intertextual com O Ateneu (1888), de Raul Pompeia(1863-1895).

Despedida

Meu pai leva-me à porta do famoso noturno para a cidadegrande:— Cuide-se, meu filho. É um mundo selvagem.Esse verbo clamante no teu ouvido. Por delicadeza, perdiminha voz. Ó profetas ó sermões!— Longe da família, será você contra todos.

Homem não se beija nem abraça, nós apertamosduramente as mãos. Me instalo a uma das janelas com avidraça descida. Mais que me esforce, impossível erguê-la. Já não podemos falar. Esse pai dos pais ali naplataforma, mudo e solene. O trem não parte. Fumaça naestação? De repente ei-lo de olhos marejados.E, sem querer, também eu comovido. Diante de mim oferoz tirano da família? Ditador da verdade, dono da palavrafinal? Primeira vez, em tantos anos, vejo um senhor muitoantigo. Pobre velhinho solitário. O trem não parte. Meu paisaca o relógio do colete, dois giros na corda. Pressuroso,digo que se vá. Doente, não apanhe friagem. E ele semescutar.Olha de novo o relógio. Aceno que pode ir, não espere apartida. Quero ver a hora? Exibe o patacão na ponta dacorrente dourada. Nosso último encontro, sei lá. E, ainda,na despedida, o eterno equívoco entre nós dois. Malditavidraça de silêncio a nos separar. Desta vez para sempre.TREVISAN, Dalton. "Despedida". In: Quem tem medo devampiro?. São Paulo: Ática, 1998. pp. 75-6.

06. Sobre o fragmento e levando em consideração oenunciado, analise as alternativas a seguir.I. O trem para na plataforma, o relógio para no colete, o

tempo cronológico para na narrativa, alongando osofrimento das personagens.

II. A narrativa é feita por um narrador-personagem, queapresenta uma relação distante que se coloca emcheque entre pai e filho.

III. De forma fantástica, a personagem "pai" muda de"ditador da verdade" e "dono da palavra final" para um"pobre velhinho solitário".

IV. Ao começar pela complicação, a densidade emocionalda relação pai e filho torna-se gritante (e, por vezes,incômoda) aos olhos do leitor.

Estão corretas apenas:a) I e II.b) II e III.c) I e IV.d) II e IV.e) III e IV.

A contemporaneidade mudou conceitos de tempoe de espaço. E essas mudanças, como é natural, chegaramàs artes.

Oswald de Andrade (1890-1954), grandeimpulsionador do Modernismo, trabalhou fervorosamenteo poema-pílula, condensado como espaço e tempo, maspulsante de possibilidades de leituras. Observe.

amor

Humor

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07. É pertinente afirmar, sobre o poema-pílula "amor", que:a) o amor cantado pelo poeta é engraçado, divertido, leve,

indo ao encontro da mesma expressão de amor trazidapela tradição literária até o século XX.

b) o verso solteiro Humor conecta-se ao título amor apenaspela rima (sonoridade), desprezando a conexãosemântica entre os dois segmentos.

c) a relação entre as palavras amore humor, estabelecidano poema modernista, opõe-se à relação "amor e dor",explorada à exaustão durante o Romantismo.

d) o poema "amor" representa o momento no qual Oswaldde Andrade filia-se à vanguarda dadaísta, na qual apalavra de ordem era a aniquilação.

e) Oswald de Andrade trouxe para o primeiro momentomodernista a sensibilidade simbolista, cuja relevânciaestá na sugestão, sem valorizar a descrição.

A vanguarda dadaísta surgiu na Europa,oficialmente, em 1916. Observe a seguir a reprodução deuma das obras mais importantes desse período, Mona Lisade bigodes, de Marcel Duchamps, e de um trecho do últimomanifesto divulgado pelo idealizador do movimento, TristanTzara.

Disponível em: <http://lucasagrela.wordpress.com/2009/05/>.

Acesso em: 27 fev. 2013.

Para fazer um poema dadaístaPegue um jornalPegue a tesoura.Escolha no jornal um artigo do tamanho que você desejadar a seu poema.Recorte o artigo.Recorte em seguida com atenção algumas palavras que

formam esse artigo e meta-as num saco.Agite suavemente.Tire em seguida cada pedaço um após o outro.Copie conscienciosamente na ordem em que elas sãotiradas do saco.O poema se parecerá com você.E ei-lo um escritor infinitamente original e de umasensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do

público.Disponível em:<www.mundoeducacao.com.br/literatura/

dadaismo.htm>.Acesso em: 27 fev. 2013.

08. Com base na pintura e no texto expostos e emconhecimentos sobre o Dadaísmo, pode-se afirmarcorretamente que:

a) a arte dadaísta propunha a antiarte do protesto, algoque um bigode, um cavanhaque, uma tesoura e umjornal são incapazes de fazer.

b) os textos devem ser lidos como representação deuma era que propunha o trabalho com o inconscientee a liberdade.

c) ao pintar um bigode na Mona Lisa, o que se pretendeé chocar e provocar o público, reforçando a imagemprimeira do quadro original.

d) recortar palavras de um jornal aleatoriamente e colá-las no papel, considerando isso um poema, podedecorrer do fato de surgir daí uma nova e obrigatóriacoerência.

e) setrata de uma subversão da arte, sem a preocupaçãode propor novos rumos, mas com o objetivo dedessacralizar o que era visto como modelo.

Leia os textos abaixo.

Texto I

Disponível em: <http://mudacenamuda.blogspot.com.br/2012/05/os-retirantes-e-cronica-imagetica-do.html>. Acessoem: 18 maio 2013.

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Texto II

Capítulo I - Mudança

Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duasmanchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o diainteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamenteandavam pouco, mas como haviam repousado bastantena areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas.Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dosjuazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados dacatinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filhomais novo escanchado no quarto e o baú de folha nacabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, acuia pendurada numa correia presa ao cinturão, aespingarda de pederneira no ombro. O menino mais velhoe a cachorra Baleia iam atrás.

Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se.O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

- Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca

de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depoissossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhedeu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse.Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos,zangado, praguejando baixo.

A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicadode manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dosurubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.

- Anda, excomungado.O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo.

Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguémpela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fatonecessário - e a obstinação da criança irritava-o.Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, masdificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, nãosabia onde. Tinham deixado os caminhos, cheios deespinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem dorio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.

Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia deabandonar o filho naquele descampado. Pensou nosurubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto,examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiçoindicando vagamente uma direção e afirmou com algunssons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a facana bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou nopulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostadosno estômago, frio como um defunto. Aí a cóleradesapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonaro anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda aSinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrouos bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finoscomo cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançoude novo a interjeição gutural, designou os juazeirosinvisíveis.

Disponível em: <http://margem-da-palavra.jimdo.com/livros-para-download/>.

09. Os textos trazem duas representações de retirantes.Oprimeiro é uma das telas da série Os retirantes, de CândidoPortinari (1903-1962), um dos mais expressivos pintoresbrasileiros. O segundo é o capítulo de abertura de Vidassecas, obra de Graciliano Ramos (1892-1953), autor dachamada Geração de 30 do Modernismo Brasileiro. Sobreeles, é correto afirmar que:a) a ideia dos urubus compondo o cenário, a presença

da morte e da carniça só existe no texto I.b) independentemente do desejo de seus autores, os

textos se complementam.c) há uma maldade em Fabiano e uma paciência maternal

em Sinhá Vitória que a pintura não expressa.d) a pintura explicita aspectos doentios das crianças que

o capítulo "Mudança" deixa de fazer.e) a crítica visual é mais contundente por ser instantânea;

o texto escrito tem pouca força.

A segunda fase do Modernismo brasileiro, período queconvencionalmente é situado entre 1930 e 1945, foi ricaem obras classificadas como regionalistas, as quaisapresentavam minuciosamente a aridez do sertãonordestino ou a vida dos pampas gaúchos.

A partir de 1945, Guimarães Rosa inaugura o chamadoregionalismo universal. Leia o fragmento do conto"Sarapalha", publicado em Sagarana (1946), livro decontos do autor.

- É isso, Primo Argemiro... Não adianta mais sojigar aideia... Esta noite sonhei com ela, bonita como no dia docasamento... E, de madrugadinha, inda bem as garrixasainda não tinham pegado a cochichar na beirada dastelhas, tive notícia de que eu ia morrer... Agora mesmo,'garrei a 'maginar: não é que a gente pelejou p'ra esquecere não teve nenhum jeito?... Então resolvi achar melhordeixar a cabeça solta... E a cabeça solta pensa nela, PrimoArgemiro...

- Tanto tempo, Primo Ribeiro!...- Muito tempo...- O senhor sofreu muito! E ainda a maldita da sezão...- A maleita não é nada. Até ajudou a gente a não pensar...Primo Argemiro cata pulgas invisíveis nas pernas das

calças. Acerta a correia da cintura. Coça a roupa. Nãoquer olhar para o outro. Não pode. Afinal, por perguntar,pergunta:

- Por que é que foi, que só hoje é que o senhor sonhoucom ela, Primo Ribeiro?

- Não sei, não... Só sei é que se ela, por um falar, dessede chegar aqui de repente, até a febre sumia...

- É... Se ela chegasse, até a febre sumia...- Também, não sei: eu hoje cansei de sofrer calado...

Vem um dia em que a gente fica frouxo e arreia... Também,

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“A Paz es tá na boa Educação” 6

eu só estou falando é com você, que é p'ra mim que nemum irmão. Se duvidar, nem um filho não era capaz de sertão companheiro, tão meu amigo, nesses anos todos... Enão quis me deixar sozinho, mesmo tendo, como tem,aquelas suas terras tão boas, lá no Rio do Peixe. Nãoprecisava de ter ficado... O sofrimento era só meu.

10. A partir da leitura do trecho e do enunciado da questão,pode-se atribuir ao regionalismo universal a ideia de que:a) o homem apresentado na obra roseana, embora

ambientado no sertão mineiro, é o homem universal,com os sentimentos que o acometem.

b) este é um novo modo de considerar o regionalismo,visto que o enredo das histórias continua tendo porcenário o interior do país.

c) embora presente no nome, a universalidade propostanão ocorre, pois ser regional e universal ao mesmotempo é um paradoxo.

d) todo autor regional acaba sendo universal emdecorrência do público que atinge, a exemplo deGraciliano Ramos ou do romântico BernardoGuimarães.

e) o homem universal é como o personagem de"Sarapalha": simples materialmente, doente fisicamente,abalado emocionalmente.

A poesia concreta (ou concretismo) marcou seu espaçonas letras nacionais a partir de 1945. Embora houvesseuma efervescência mundial (final da Segunda Guerra) enacional (término do Estado Novo), a poesia concreta nãose obriga a ser engajada. Instaurou-se agora um olhar sobrea palavra em si, valorizando-a em todas as suaspotencialidades, bem como em sua relação com o espaçoem branco da página. O grupo líder do movimento, formadopelos irmãos Campos (Augusto e Haroldo) e por DécioPignatari, propôs a exploração da palavra em suaspotencialidades semântica (de significado), oral (sonora) evisual (o próprio "desenho" da letra, sua integração/interaçãocom a página em branco). Observe o poema "Velocidade",de Ronaldo Azeredo, a seguir.

Disponível em: <www.not1.xpg.combr/poesia-concreta-

caracteristicas-poemas-e-autores-concretismo>. Acesso em: 6

fev. 2013.

11 Sobre a palavra velocidade e a forma como foi empregadano poema, pode-se afirmar corretamente que:a) a disposição das letras limita o poema, fecha-o, como

em uma caixa, impedindo a ideia de velocidade.b) a disposição geométrica da palavra é secundária

perante a interpretação semântica do termo.c) a repetição da consoante v imprime velocidade à

leitura, tanto em aspectos sonoros quanto emaspectos visuais.

d) o poema é pobre em termos de sentido, já que exploraapenas uma palavra, o substantivo velocidade.

e) o texto não pode ser considerado um poema, massim uma imagem, já que não apresenta versos.

Leia o texto abaixo.

Texto I

Papo de índioveiu uns ômi de saia pretacheiudi caixinha e pó brancoqui eles disserumqui chamava açucri.aí eles falarum e nós fechamu a cara.depois eles arrepetirum e nós fechamu o corpo.aí eles insistirum e nós comeu eles.

Disponível em: <http://tropicalia.com.br/leituras-

complementares/o-que-ficou-da-poesia-marginal>.

12. Chacal, em sua poesia tropicalista e marginal, como nopoema em questão, retoma elementos do MovimentoAntropofágico (1928). Assinale a alternativa em que háuma interpretação correta de tais elementos do texto.a)A antropofagia era comum na costa brasileira no

período da colonização, o que explica o último verso,mas a oralidade não se justifica, porque os índiosfalavam muito bem o português.

b)A presença do açúcar remete ao momento colonial(era o principal produto de exportação brasileiro), masa atitude dos indígenas não condiz com o momentorepresentado.

c)Em termos de linguagem, a valorização da oralidadeé marcante; destaca-se, também, representado pelavinda dos jesuítas ("saia preta"), o momento dacolonização, o qual termina em ritual antropofágico.

d)Os índios "fecharam a cara" e "fecharam o corpo" parase defender dos estrangeiros, que vinham com oobjetivo de colonizá-los. O "açucri" era veneno paraaqueles.

e)Os "ômi de saia preta" eram os colonizadoresportugueses, de quem os índios precisavam sedefender. A prova disso era o açúcar que traziam paraconvencer os índios.

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“A Paz es tá na boa Educação” 7

A felicidade, para você, pode ser uma vida casta; paraoutro, pode ser um casamento monogâmico; para outroainda, pode ser uma orgia promíscua. Há os que queremsimplicidade e os que preferem o luxo. Em matéria defelicidade, os governos podem oferecer as melhorescondições possíveis para que cada indivíduo persiga seuprojeto. Mas o melhor governo é o que não preferenenhuma das diferentes felicidades que seus sujeitosprocuram. Não é coisa simples. Nosso governo ofereceuma isenção fiscal às igrejas, as quais, certamente, sãocruciais na procura da felicidade de muitos. Mas asescolas de dança de salão ou os clubes sadomasoquistastambém são significativos na busca da felicidade de várioscidadãos. Será que um governo deve favorecer a ideia defelicidade compartilhada pela maioria?

Considere: os governos totalitários (laicos ou religiosos)sempre "sabem" qual é a felicidade "certa" para seussujeitos.

Juram que querem o bem dos cidadãos e garantem afelicidade como um direito social - claro, é a mesmafelicidade para todos. É isso que você quer?

(Contardo Calligaris. Folha de S.Paulo, 10/06/2010. Adaptado.)

13. Sobre esse texto, é correto afirmar que:a) Ao discorrer sobre a felicidade, o autor elege como

foco a autonomia do indivíduo.b) A felicidade é assunto público e por isso pode e deve

ser orientada por critérios objetivos definidos peloEstado.

c) O critério moral e religioso é o mais adequado parareger o comportamento dos indivíduos.

d) O bem-estar e a felicidade pessoal não devem serassuntos restritos ao livre arbítrio individual.

e) Para o autor, a busca da felicidade não deve sesubordinar ao relativismo das escolhas.

14. "A inclinação para o ocultismo é um sintoma da regressãoda consciência. A tendência velada da sociedade para odesastre faz de tolas suas vítimas com falsas revelações efenômenos alucinatórios. O ocultismo é a metafísica dosparvos. Procurando no além o que perderam, as pessoasdão de encontro apenas com sua própria nulidade".

(Theodor Adorno, filósofo alemão, 1947. Adaptado.)

"Ilumine seus caminhos e encontre a paz espiritual comDona Márcia, espírita conceituada com fortes poderes.Corta mau-olhado, inveja, demandas, feitiçaria. Desfazamarrações, faz simpatia para o amor, saúde, negócios,empregos, impotência e filhos problemáticos. Seja qualfor o seu problema, em uma consulta, ela lhe daráorientação espiritual para resolver o seu problema".

(Panfleto distribuído nas ruas do centro de uma cidade brasileira.)

Assinale a alternativa correta.

a) Os dois textos evidenciam que, em nossa sociedade,prevalece o apelo racional na resolução de problemaspessoais.

b) O texto do filósofo Adorno aborda o ocultismo sob umaperspectiva crítica.

c) De acordo com o filósofo Adorno, a espiritualidadepermite a elevação da consciência.

d) Nos dois textos predomina a irracionalidade naabordagem da relação entre mundo material e mundoespiritual.

e) Os dois textos enfatizam a importância daespiritualidade na vida das pessoas.

15. Renata, 11, combinava com uma amiga viajar em julhopara a Disney. Questionada pela mãe, que não sabia deexcursão nenhuma, a menina pegou uma pasta compreços do pacote turístico e uma foto com os dizeres: "Seeu não for para a Disney vou ser um pateta". A agência deturismo e a escola afirmam que não pretendiamconstranger ninguém e que a placa do Pateta era apenasuma brincadeira. Para um promotor da área doconsumidor, o caso ilustra bem os abusos na publicidadeinfantil."Já temos problemas sérios de bullying nas escolas. Essaempresa está criando uma situação propícia para isso".

(Folha de S.Paulo, 20.04.2010. Adaptado.)

Acerca dessa notícia, podemos afirmar que:a) Em nossa sociedade, os campos da publicidade e da

pedagogia são esferas separadas, não suscitandoquestões de natureza ética.

b) Para o promotor citado na reportagem, o caso emquestão provoca problemas de naturezaexclusivamente jurídica.

c) Uma das questões éticas envolvidas diz respeito àexposição precoce das crianças à manipulação dodesejo, exercida pela publicidade.

d) O público-alvo dessa campanha publicitária constitui-se de indivíduos dotados de consciência autônoma.

e) Para o promotor citado na reportagem, o caso emquestão não apresenta repercussões de naturezapsicológica.

16. Durante a maior parte da história da humanidade, o bem-estar e o interesse dos governantes têm predominadosobre o bem-estar e o interesse dos governados. Os gregosforam os primeiros a experimentar a democracia, isto é,regime político em que os cidadãos são livres e o governoé exercido pela coletividade para atender ao bem-estar eao interesse de todos, e não só de alguns. Aristóteles refletiusobre essa experiência e concluiu que a finalidade daatividade política éa) evitar a injustiça e permitir aos cidadãos serem

virtuosos e felizes.

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“A Paz es tá na boa Educação” 8

b) impor a todos um pensamento único para evitar a divisãoda sociedade.

c) preparar os cidadãos como bons combatentes paraconquistarem outros povos.

d) habituar os seres humanos a obedecer.e) agradar aos deuses.

17. O período do Renascimento foi muito fértil em reflexõespolíticas. Em contraste com o pragmatismo de Maquiavel,alguns pensadores, inconformados com os males de seutempo, escreveram sobre sociedades imaginárias. As obrasdesses pensadores expunham análises realistas quedenunciavam as imperfeições das sociedades, e continhampropostas de sociedades ideais, baseadas na Razão ecapazes de promover a paz, o conhecimento, a justiça e aigualdade em benefício de todos os seres humanos.

A obra mais representativa dessas novas propostas éa) O Discurso do Método, de René Descartes (1637).b) Leviatã, de Tomas Hobbes (1651).c) Sobre o Direito de Guerra e de Paz, de Hugo Grócio

(1625).d) Diálogo sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo, de

Galileu Galilei (1632).e) Utopia, de Thomas More (1516).

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