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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O DESAFIO DE UM BOM PLANEJAMENTO PARA O
PROFESSOR
Eliângela dos Santos Maia
ORIENTADOR
Prof. Dr. Vilson Sérgio de carvalho
TAPAUÁ-AM
JULHO/2008
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O DESAFIO DE UM BOM PLANEJAMENTO PARA O
PROFESSOR
Eliângela dos Santos Maia
Trabalho monográfico apresentado ao Instituto “A vez do Mestre” – Universidade Cândido Mendes como parte dos requisitos para obtenção de Grau de Especialista em Docência do Ensino superior.
TAPAUÁ-AM
JULHO/2008
3
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, que nos proporcionou vida e
saúde, força para caminhar, prosseguir e chegar ao final
dessa jornada com êxito. Aos meus familiares, que sempre
me apoiaram a ajudaram a vencer as dificuldades, a minha
eterna gratidão. Ao professor e amigo Altevir Nascimento que
me mostrou o caminho a percorrer em busca desse sonho e
que muito me ajudou em todos os momentos. A o meu
querido tutor Vilson Sérgio de Carvalho que muito colaborou
para que esse sonho fosse possível e se tornasse real. A
todos que direto ou indiretamente colaboraram para que eu
pudesse chegar à conclusão desse curso.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus filhos: Jhon Andreo e José
Victor, a minha querida e amada irmã Luizimar. E aos muitos
professores que tiverem a coragem de se aventurar
verdadeiramente na arte de Planejar e tomar como desafio
essa arte que é maravilhosa. A “EDUCAÇÃO”.
5
RESUMO
Planejar é uma exigência do ser humano; é um ato de pensar sobre o possível
e viável de fazer. É como a sociedade humana pensa o seu “o que fazer”. O
planejamento justifica-se por si mesmo, pois a sua necessidade é a sua própria
evidência e justificativa. No que diz respeito à postura do educador, é
importante destacar que o planejamento da atividade educativa é o ponto de
partida para promover mudanças necessárias no seu campo de ação. Desse
modo, é necessário que os docentes, na busca por qualificar sua ação, tomam
por base uma atitude consciente, capaz de perceber as distintas realidades e
mediar o processo de ensino-aprendizagem de modo a consolidar o ato
transformador que deseja. O planejamento educacional deve basear-se em
alguns elementos que são primordiais para o seu desempenho: Diagnóstico da
situação; Objetivos; Conteúdos; Procedimentos, Recursos e Avaliação.
Planejamento Educacional é um processo contínuo que se preocupa com o
para onde ir e quais as maneiras adequadas para chegar lá. É o de maior
abrangência entre os níveis de planejamento na educação escolar. Assim
sendo, acredita-se que todas as ações humanas requerem planejamento para
que sejam bem executadas e possam alcançar êxito.
6
METODOLOGIA
Os desafios de um bom planejamento para o sistema educacional e para os
professores é um tema que chama muita atenção, pois, planejar deve ser um
desafio.
Este trabalho contará com pesquisa bibliográfica, e de campo. O instrumento
para realização da mesma será um questionário que constitui-se de 05(cinco)
questões do tipo descritiva a serem respondidas pelos professores e gestor da
Escola Municipal Professor Paulo Freire, na cidade de Tapauá.
O método de procedimento na abordagem desta pesquisa será o
fenomenológico, que consistirá na descoberta de pressupostos implícitos a
uma dada realidade, buscando ultrapassar a aparência dos fenômenos em
estudo, em busca da sua essência, nesse caso os desafios de um bom
planejamento para o professor.
O mesmo contará com uma pesquisa documentária indireta, que é o
levantamento de dados imprescindíveis a toda e qualquer pesquisa, onde
utilizou-se a pesquisa bibliográfica,(fontes secundárias), tendo como
embasamentos principais:Paulo Freire,(1980),Maximiliano Menegolla,(2000);
Danilo Gandin,(1994) entre outros, com intuito de reunir subsídios básicos para
o desenvolvimento deste trabalho
Na delimitação do estudo, a presente investigação será realizada em
Tapauá /Am, com Professores e Gestor da Escola Municipal Professor Paulo
Freire.
A amostragem utilizada será de caráter não-probalistica, na forma de
amostra intencional, onde, se caracteriza pelo emprego de critérios
previamente definidos e por um esforço deliberado para se obter amostras
representativas mediante a inclusão de áreas típicas ou grupos supostamente
capazes de fornecer as informações necessárias à investigação.
Procedimentos da Coleta de Dados – Estabeleceu-se a seleção e
delimitação do caso objeto de estudo, a partir da observação dos professores
7
ao planejar e dos comentários feitos pelos mesmos na sala dos professores.
Em seguida procedeu-se o trabalho de campo de forma ampla, com o objetivo
de conhecer plenamente a realidade a ser estudada. Para isso, utilizou-se a
documentação indireta, observação, e questionários distribuídos aos
professores e Gestor. Finalizando a presente etapa procedeu-se a redação do
relatório a partir de todo material coletado, podendo assim constatar a
relevância e importância deste trabalho para a classe docente.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO? 9
CAPITULO I
O QUE É PLANEJAMENTO 11
CAPITULO II
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL 15
CAPITULO III
OS DESAFIOS DE UM BOM PLANEJAMENTO PARA OPROFESSOR 18
CAPITULO IV
O PLANEJAMENTO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR 23
CAPITULO V
RELATÓRIO DA COLETA DE DADOS 29
CONCLUSÃO 32
BIBLIOGRAFIA 33
9
INTRODUÇÃO
Planejar é uma exigência do ser humano; é um ato de pensar sobre o
possível e viável de fazer. È como a sociedade humana pensa o seu o que
fazer. O planejamento justifica-se por si só, pois, a sua necessidade é a sua
própria evidência e justificativa.
Este trabalho tem como tema O desafio de um bom Planejamento para o
professor, Evidenciará quais as dificuldades encontradas pelos docentes ao
planejar, e porque muitos não gostam de planejar suas aulas. Relatará ainda
os desafios de um bom planejamento para o professor.
O planejamento é importante porque evita a rotina e a improvisação;
contribui para a realização dos objetivos visados; promove melhor qualidade de
ensino; garante maior segurança ao professor.
Ao pensarmos em planejar nossas aulas, vem a tona a pergunta-O que irei
trabalhar ou fazer amanhã?De acordo com as normas de cada instituição, o
planejamento pode ser quinzenal, mensal e até anual. Na maioria das vezes
ouvem-se professores reclamando desses planos, outros ainda dizem: -
Porque tenho que planejar? Ao ouvir e ver essas questões é que me propus a
investigar de forma mais sucinta e minuciosa a questão do Planejamento
Educacional, e outros questionamentos que este trabalho irá apresentar.
No processo de planejamento, procuramos responder às seguintes
perguntas: O que pretendo alcançar? Como posso alcançar?Quais os recursos
necessários?Como analisar a situação a fim de verificar se o que pretendo foi
alcançado?
Portanto ao longo desse trabalho será explicitada a relevância e a
importância do Planejamento educacional, para cada docente, bem como as
partes que o compõe, assim como o conceito e aplicação do mesmo.
Objetiva-se que cada um compreenda que planejar é imprescindível na
prática educacional e que é só através de bons planos que conseguiremos
melhorar a educação e até nossas próprias vidas.
10
Este trabalho tem sua estrutura da seguinte forma: Capítulo I O que é
Planejamento: Neste capítulo tenta-se definir de forma sucinta o que é
planejamento.
O Capítulo II-tem como tema Planejamento Educacional, tentando
evidenciar e definir Planejamento Educacional para uma melhor compreensão.
No Capitulo III-tenta-se justificar Os Desafios de um bom Planejamento para
o Professor, tenta-se verificar se planejar é mesmo um desafio, ou torna-se
com o tempo.
O Capítulo IV tem como titulo; O Planejamento e a Formação do Professor
acredita-se que este capítulo possa ser de muita relevância, pois, o mesmo
trata da importância de planejar para a vida de cada docente e para uma boa
prática educacional.
Por último e não menos importante, o capítulo V. que trata do Relatório da
Coleta de Dados, ou seja, traz toda importância deste trabalho, com os dados
obtidos no decorrer do mesmo.
.
11
CAPÍTULO I
O QUE É PLANEJAMENTO?
É uma ação que fazemos do dia-a-dia ou a longo prazo. Sempre estamos
planejando com a finalidade de concretizar e satisfazer determinado objetivo,
só que o fazemos, muitas vezes de forma inconsciente.
É o ato de refletir, analisar e avaliar uma determinada questão, ou um
assunto para que se possa aplicá-lo em determinada realidade.
É pensar, prever, como deve ser como pode ser e como posso fazer para
realizar o que pretendo. É questionar, e acima de tudo, procurar meios e
soluções.
É definir objetivos e estabelecer metas; é criar possibilidades e estratégias, é
analisar os resultados, avaliando o que deu certo ou não.
Planejamento é um processo que consolida o caminho a ser percorrido para
atingir objetivos previamente construídos, destaca-se que seu significado é
resultado de uma reflexão diagnóstica racionalizada pela análise do contexto
que possibilita uma intervenção consciente na realidade, através de uma
reflexão crítica sobre os resultados obtidos.
É uma determinação antecipada dos objetivos que devem ser alcançados
pela organização e dos modos como faze-lo.
É um modelo teórico voltado para o futuro, da determinação dos objetivos ao
detalhamento dos planos a serem executados. É ainda um processo lógico e
necessário.
Dessa forma o planejamento é então o resultado de um processo que
envolve algumas fases: Reflexão Diagnóstica, Ação, Reflexão Crítica.
Cada uma dessas fases é resultado da evolução do planejamento e se
manifesta por meio de análises de um diagnóstico ou estudo do
estabelecimento de normas e padrões para que a ação seja realizada.
12
O general do exercito chinês, Sun Tzu, no século XIV afirmou que:
Se você conhece o inimigo, e conhece a si mesmo, não precisa temer
o resultado de l00 batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o
inimigo, para cada vitória ganha, sofrerá também uma derrota. Se
você não conhece nem ao inimigo nem a si mesmo, perderá todas as
batalhas. (Sun Tzu, 2002, p.12)
Nesse contexto, o conhecimento da realidade, seja externa ou interna, é
essencial para reconhecer o cenário onde se insere. Desse modo é necessário
estudar, sob a perspectiva crítica, a situação existente, visando compor um
conjunto de dados baseados na descrição da realidade e seus reflexos na
situação atual.
Vivemos em uma constante guerra, nosso dia-a dia é uma batalha
interminável, lutamos em nossa vida pessoal e profissional, para que não
sejamos vencidos pelo cansaço é necessário que estejamos preparados.Caso
contrario sofreremos uma derrota a cada momento.
Sem conhecimento da realidade não é possível fazer e muito menos
executar um bom plano, certamente o professor que planeja sem esse
conhecimento, não alcançará seus objetivos.
A avaliação diagnóstica busca adquirir conhecimento do contexto de acordo
com a seqüência, objetivos, políticas, funções e meios. Definir a estratégia e
os objetivos é de fundamental importância para o planejador.
A ação trata-se da implementação e execução daquilo que foi planejado,
buscando consolidar a proposta construída para uma intervenção qualitativa.
O ato de planejar é uma ação que envolve toda e qualquer atividade
empreendida por uma pessoa ou instituição. Trata-se de refletir sobre o
possível e o viável a ser realizado, prevendo condições e meios necessários
para atingir objetivos.
13
Planejar consiste em determinar antecipadamente o que deve ser feito e
como deve ser feito, de modo a atingir os objetivos pretendidos.
Nesse sentido, Castro (1976) destaca que:
Planejar implica uma reflexão para orientar de acordo com ela a
ação com o fim de alcançar determinados objetivos [...] significa
prever como alcançar certos objetivos, a partir de certas realidades
condicionantes e seguindo determinados caminhos traçados com
antecipação. ( P.51)
O planejamento é fundamental á atividade humana, tendo em vista ser o
indivíduo dotado de racionalidade, de modo a procurar sempre transformar
suas idéias em algo concreto, ainda que não o faça sempre de forma
consciente. O homem possui uma estrutura básica que o leva a divisar o futuro,
analisar a realidade e propor ações e atitudes para transformá-la.
O planejamento é um processo de busca de equilíbrio entre meios e fins,
entre recursos e objetivos visando ao melhor funcionamento do ambiente que
deseja promover mudanças.
Sobre essa temática Baffi(2000) afirma:
O ato de planejar é sempre uma reflexão que resulta numa tomada
de decisão sobre a ação, prevendo as necessidades e
racionalizando o emprego dos meios (materiais) e recursos
(humanos) disponíveis, com a função de concretizar os objetivos
dentro de uma temporalidade e em etapas previamente definidas a
partir de uma avaliação da situação. (p.2)
De acordo com essa afirmação de Baffi podemos constatar que planejar é
um ato cíclico, uma vez que parte do conhecimento da realidade para promover
ações que possam modificar o contexto e a ele retornar para avaliar, ao final,
14
as alterações realizadas com recursos matérias e humanos que foram
disponibilizados dentro de um prazo antecipadamente determinado. Isso
implica afirmar que a reflexão que promove a tomada de decisão e atuação no
ambiente pode ocorrer em um espaço temporal curto ou longo, dependendo
das condições existentes, tanto no que diz respeito aos recursos quanto á
própria condição da interferência.
Os professores, sujeitos da ação pedagógica, e a escola devem assumir o
planejamento como um momento para envolver a todos em busca dos
objetivos que devem ser definidos coletivamente e buscar respostas para
questões como:
O que pretendemos alcançar?
Em quanto tempo pretendemos alcançar?
Como podemos alcançar?
O que fazer e como fazer/
Quais os recursos necessários?
Como analisar a situação a fim de verificar se o que pretendíamos foi
alcançado?
Como pode ser observado, o planejamento é uma descrição de intenções a
partir do delineamento dos objetivos que se busca, traduzindo-se em postura e
vivência críticas permanentes diante do trabalho pedagógico. O planejamento
possibilita a apropriação e participação do conjunto dos envolvidos na
construção de uma escola capaz de ser um espaço de crescimento para os
alunos e todos os que nela trabalham, em sintonia com a produção social do
conhecimento.
15
CAPÍTULO II
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
Segundo Menegolla e Sant’ Anna (2000) O planejamento para Educação
aponta as seguintes características que o diferencia dos demais tipos:
a - Abordagem racional e crítica do problema;
b- Determinação dos objetivos e recursos que se deseja atingir;
c-análise das conseqüências, possibilitando construir cenários pessimistas e
otimistas para as necessidades levantadas;
d- Determinação das metas específicas, de modo a refletir, com exata
objetividade, os prazeres necessários para atingir o objetivo estabelecido;
e- Desenvolvimento dos meios, selecionado os recursos necessários e
existentes que possibilitem o sucesso do planejamento;
f- Processo contínuo, que engloba uma série de ações definindo desde a
filosofia da educação que se deseja até o estabelecimento dos processos que
atenderão ao que foi delineado.(p.37)
Considerando sua abrangência, o planejamento, como processo contínuo e
dinâmico, de reflexão, tomada de decisão, implantação e acompanhamento,
deve ser sempre uma ação coletiva, integrada capaz de por em prática aquilo
que foi traçado.
No entanto, sua composição ocorre em níveis diferenciados, tendo em vista
o alcance das ações, bem como o grau de responsabilidade que as decisões
envolvem.
O planejamento educacional é um processo contínuo que se preocupa com
o para onde ir, e quais as maneiras adequadas para se chegar lá, tendo em
vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento
da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do
indivíduo.
16
O planejamento para educação deve considerar três aspectos essenciais,
que são: a sua qualidade, a estratégia adotada e a sua consolidação pela
participação do coletivo. Freire (1980) diz que:
‘’ É preciso que a educação esteja em seu conteúdo, em seus
programas e em seus métodos adaptada ao fim que se persegue;
permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa,
transformar o mundo, estabelecer com os outros homens relações de
reciprocidade, fazer cultura e a história’’. (p.39)
Fala-se muito em formar sujeitos críticos, reflexivos, que possam vir a
transformar o seu meio, a sua própria realidade, mas, não basta apenas falar
disso nos bancos escolares é preciso que se dê base, suporte e condições
para esse sujeito ser transformador.
Na educação, o planejamento deve ser visto como uma exclusão de
medidas improvisadas; antecipação do futuro; estabelecimento de caminhos
que possam nortear mais adequadamente a execução da ação educativa, não
se limitando a prevê-la, mas também a avaliá-la.
Em se tratando de uma atividade inerente ao fazer humano, o planejamento
na educação deve se caracterizar como um processo que envolve a previsão
de ações com base no conhecimento da realidade, como a racionalização dos
meios e recursos para promover a intervenção no ambiente, o delineamento de
objetivos com metas e etapas efetivamente definidas de modo a permitir uma
criteriosa avaliação do que foi feito. Isso o torna um eficiente e eficaz meio para
alcançar os propósitos para o qual foi traçado.
Ele deve ser produto da reflexão sobre o ato de educar, instrumento
promotor de uma série de conhecimentos, habilidades e valores, algo cuja
finalidade fundamental é promover a assimilação de saberes que permitam ao
indivíduo resolver os problemas enfrentados em seu cotidiano.
Planejar, então significa agir de modo a fazer com que este sujeito possa
compreender analisar, interpretar o contexto para, nele, atuar criticamente,
17
enfrentando as questões e os problemas abertos e difusos que a realidade
coloca.
Ao descrever o significado de planejamento educacional Menegolla (2000)
afirma:
‘’Planejar uma educação que configure a pessoa dentro das
estruturas sociais, que oprima a pessoa pelas direções definidas e
acabadas, é barrar a libertação da pessoa. È fazer da educação um
instrumento de conformismo de massas. É impedir o
comprometimento e o desenvolvimento integral da pessoa humana.
[...] É preciso planejar uma educação que, pelo seu processo
dinâmico, possa ser criadora e libertadora do homem. Planejar uma
educação que não limite, mas que liberte que conscientize e
comprometa o homem diante do seu mundo. Este é o teor que se
deve inserir em qualquer planejamento educacional. ‘’(p.26)
Diante disso, é possível afirmar que o planejamento educacional deve,
fundamentalmente, iniciar por uma reflexão sobre o tipo de educação
necessária para integrar e desenvolver o cidadão, de modo a permitir que ele
se insira na sociedade, compreendendo suas responsabilidades e seus
direitos, comprometendo-se consigo e com os outros para viver criticamente e
com liberdade. Com efeito, o ato de educar e educar-se, é acima de tudo, uma
projeção para o futuro, com base no passado e no presente,, capacitando o
indivíduo por meio da assimilação de saberes que permitam o enfrentamento
de problemas, que se modificam e que evoluem com o tempo.
18
CAPÍTULO III
OS DESAFIOS DE UM BOM PLANEJAMENTO PARA O
PROFESSOR:
A prática educacional exige que estejamos em constante aprendizado, em
uma busca incansável por conhecimento, um bom professor precisa conhecer
os meios, as formas e sentir-se bem ao planejar, pois, é necessário faze-lo,
para que se tenha êxito na prática da docência.
A prática do planejamento tem sido questionada quanto a sua validade como
instrumento de melhoria qualitativa, no processo de ensino com o trabalho do
professor. (Lopez, 2000) diz;
‘’A vivência do cotidiano escolar nos tem evidenciado situações
bastante questionáveis neste sentido. Percebe-se, de inicio, que os
objetivos educacionais propostos nos currículos dos cursos
apresentam-se confusos e desvinculados da realidade social. Os
conteúdos a serem trabalhados, por sua vez, são definidos de forma
autoritária, pois, os professores, via de regra, não participam dessa
tarefa. Nessas condições, tendem a mostrar-se sem elos
significativos com as experiências de vida dos alunos, seus
interesses e necessidades. ’’(p.41)
O principal objetivo da educação é criar homens que sejam capazes de fazer
coisas novas, não simplesmente de repetir o que outras gerações já tenham
feito homens que sejam criativos, inventivos e descobridores, objetiva também
formar mentes que possam ser críticas, que possam verificar, e não apenas
aceitar tudo o que lhes seja oferecido.
Se como docentes temos o desafio de formar cidadãos críticos, reflexivos,
de criar homens que sejam capazes de criar coisas novas, não podemos então
19
simplesmente pegar o caderninho de planos do ano anterior e novamente
chegar à sala de aula e retransmitir esse conteúdo já batido e saturado aos
nossos alunos.
Para Libâneo (1994,).
‘’ Conteúdos são conhecimentos sistematizados, selecionados das
bases das ciências e dos modos de ação acumulados pela
experiência social da humanidade e organizados para serem
ensinados na escola; são as habilidades e hábitos, vinculados aos
conhecimentos, incluindo métodos e procedimentos de
aprendizagem e de estudo; são atitudes e convicções envolvendo
modos de agir, de sentir e de enfrentar o mundo. ’’(p.80)
A competência básica de todo e qualquer professor é marcada pelo domínio
do conteúdo específico. Somente a partir desse ponto é possível construir a
competência pedagógica.
Nenhum professor conseguirá êxito em seu trabalho se não for capaz de
compreender, com razoável profundidade e com a necessária adequação á
realidade escolar e social, os conteúdos específicos de sua área de
conhecimento que serão objeto de sua atividade.
Como trabalhar a interdisciplinaridade e a transversalidade sem ter domínio
básico de sua área de atuação? É necessário, dentre as competências exigidas
ao profissional da educação, domínio do saber disciplinar, sem o qual não se
efetiva a transmissão de conhecimentos.
De acordo com Candau (1997,).
“É a partir do conteúdo específico que o tratamento pedagógico deve
ser trabalhado. Enquanto as unidades específicas não assumirem
como responsabilidade própria a formação dos professores, muito
pouco poderão fazer as unidades de ensino.”(p46).
20
O ato de ensinar envolve sempre uma compreensão bem mais abrangente
do que o espaço restrito do professor em sala de aula, ou as atividades
desenvolvidas pelos alunos. Tanto o professor quanto o aluno e a escola
encontram-se em contextos mais globais que interferem no processo educativo
e precisam ser levados em consideração na elaboração e execução do ensino.
Neste sentido, os professores precisam aprender a construir uma visão
cultural de modo, ao ensinar, não só transmitam e possibilitem a construção
dos conhecimentos dos alunos, mas sejam eles próprios agentes de
transformação cultural. Cada docente deve ter claro um projeto de formação
cultural que servirá de orientação para suas ações.
Com tanta diversidade cultural, social, intelectual é muito difícil para o
docente acompanhar tanta diversidade, mudanças constantes, e torna-se um
desafio cada vez maior planejar, pois, é preciso conhecer a realidade onde a
escola e os discentes estão inseridos, para que assim se possa elaborar bons
planos e conseguir executa-lo com êxito.
De maneira geral, podemos constatar que o professor entende do conteúdo
que ensina. Mesmo que o conteúdo fique diluído em técnicas e métodos, pode-
se afirmar que ele conhece os itens do programa e sabe como transmiti-los a
seus alunos. A prática do professor está vinculada ao conteúdo que ele sabe e
ensina. Como conseqüência, o professor acaba ensinando aquilo que ele sabe,
nem sempre aquilo que o aluno precisa ou gostaria de aprender. Se isso
corresponde à realidade, então, é desta situação que deve partir o
planejamento.
De acordo com Vasconcellos (1998)
‘’O professor deve procurar tomar consciência de qual é o seu
projeto, e conhecer-se nos vários pontos de vista: humano - traço de
firmeza de caráter, capacidade de perceber e respeitar o outro como
pessoa, como diferente, tolerância; ético – Princípios parâmetros,
coerência, senso de justiça, compromisso com o bem comum;
21
intelectual- capacidade de rever os pontos de vista, inteligência no
trato com a realidade, aprender seu movimento, ir além do senso
comum; profissional – competência, domínio da matéria e da
metodologia de trabalho, segurança nos conceitos e tácticas,
interesse, ânimo no que faz, preparo das aulas, atualização.’’(p.45)
Portanto, planejar é tão importante que ajuda o professor a evitar a
improvisação, a organizar a própria ação educativa, a implantar um processo
de transformação, a agir de modo mais racional, a ser mais claro, mais
objetivo, mais preciso, mais justo e a administrar melhor o seu tempo de aula.
Assim sendo planejar leva, também, ao crescimento pessoal do professor. O
professor que planeja, reflete e quem reflete não age simplesmente por agir. As
decisões são tomadas conscientemente. Tal atitude é própria do professor -
educador, aquele que transcende ao ato de ensinar bem, com eficiência, corre,
também, atrás da eficácia e esta só é conseguida no ato de planejar as aulas
com competência, engajamento e compromisso com as transformações
sociais.
Toda ação humana é política em essência, embora nem sempre essas
ações sejam atos conscientes. Uma vez conscientes ou não, as ações do ser
humano contrariam ou reforçam uma prática, um conceito, uma definição ou
uma estrutura já instituída. Não existe, portanto, ação neutra, toda ação causa
uma reação, ou seja, no caso do planejamento uma resposta.
Semelhantemente, planejar constitui um ato humano repleto de
intencionalidade. Ao planejar, o professor deve estar consciente da importância
e da abrangência de sua atividade para descobrir representações equivocadas,
desmontando mitos e preconceitos. Ajudar o sujeito pessoal e coletivo a se
convencer que sua ação é importante, embora limitada.
Avaliar a atuação da escola e projetar os passos futuros, destacar a
necessidade de ter-se claro as metas que se deseja atingir e organizar os
meios que a viabilizem é tarefa do planejamento. É necessário planejar as
ações que se articulam em torno do projeto educacional da escola, construído
coletivamente. Esse é o caminho para se combater as atividades
22
desarticuladas e casuístas, caminhando na construção de práticas educativas
sintonizadas com as atuais necessidades dos alunos e da sociedade.
Portanto, tomar o projeto educacional como referência, no momento do
planejamento, significa retoma-lo, reelaborá-lo, aperfeiçoa-lo. E isso é condição
essencial para que ele ganhe vida no cotidiano escolar e constitua-se em eixo
articulador da prática educacional e da formação dos educadores em serviço.
No entanto existem professores que desconhecem o projeto político
pedagógico da escola em que trabalham, outros as escolas nem o possuem,
como poderão colocá-lo em prática?
Dias (2003) destaca que:
‘’[...] a escola é organizada com a finalidade de atingir certos
objetivos, os quais dão sentido à organização escolar e orientam,
consequentemente, a tomada de decisões no que se refere à
natureza dos currículos e programas, ao tipo de edifício escolar, à
quantidade e qualidade do equipamento, ao número e qualificação
do pessoal escolar. Portanto, quem quer que se proponha a
trabalhar em uma escola precisa procurar informar-se sobre seus
objetivos e, na medida do possível, dar sua própria contribuição para
o aperfeiçoamento dos mesmos. ’’(p.3)
23
CAPÍTULO IV
O PLANEJAMENTO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR:
Este capítulo tratará da formação do professor, discutindo questões do tema
que possibilitem a compreensão eo vínculo que existe entre um bom
planejamento, para a prática docente de cada um.
Este estudo se torna necessário pela necessidade de ampliar as discussões
e debates sobre a relação conflituosa entre as exigências do mercado de
trabalho profissional da educação; pela emergência em compreender tal
relação, bem como as suas implicações no processo de ensino aprendizagem.
O professor, como intelectual orgânico das classes subalternas, compreende
a questão curricular como o projeto macro de seu planejamento. Por isso, os
conteúdos devem estar de acordo com a realidade do aluno, respeitando sua
individualidade, suas experiências culturais.
A aprendizagem é um sistema de inclusão e por isso é preciso que o
professor compreenda que o aluno deverá ter uma postura de elaboração
própria diante d o saber conhecimento, mas é necessário que cuide da
aprendizagem dos alunos nesta sociedade do conhecimento.
Para o exercício da prática docente é preciso que o professor esteja em
constante busca pelo conhecimento, em constante aprendizado, pois a cada
dia torna-se mais difícil o ato de ensinar, planejar e principalmente colocar em
prática o planejamento.
É necessário que haja mais palestras, reciclagens, treinamentos e mesmo
encontros mensais, para que professores gestores e pedagogos, possam
trocar idéias sobre sua prática docente. Buscando dentro das experiências de
cada um resolver os seus problemas, suas dificuldades e assim conseguir
êxito, e executar com exatidão seu plano mensal, semanal e diário.
O compromisso do intelectual em que a desigualdade é, na maioria das
vezes, legitimidade, gerando a degradação do trabalho, perda do poder,
24
expropriação capitalista da habilidade e do conhecimento, deve ser com uma
pedagogia que verdadeiramente desafie o aprender e conhecer. Afinal a
pedagogia é decisiva em tempos de conhecimento.
O compromisso do professor é de produzir conhecimento. E esta produção
gera aprendizagem. E aprender é um ato político, é a constituição de um
sujeito. A constituição de um sujeito é necessária, é o saber de si, no qual a
singularidade se expressa na dimensão do outro.
‘’A socialidade de todos os dias que tentamos compreender o cerne e bem o
lugar em que a potência social tenta se exprimir. ’’(Maffesoli, 2001, p.77)
Por isso, o professor como intelectual é facilitador da aprendizagem e o
aluno construtor. Assim, a educação é para imaginar novas maneiras em que o
conhecimento proporcione bem-estar, pois é nesse sentido que o ser humano
produz sua condição social. Desse modo, o professor que aprende a silenciar
os ruídos, compreende a vivência das classes subalternas, a partir da
concretude do cotidiano em que se encontra.
De certo modo, s classes subalternas não visualizam um projeto futuro
amplo, pois seu futuro está nas necessidades mais imediatas de subsistência:
Está sempre preocupada com o que vai ser no dia seguinte, se terá ou não o
alimento para aquele dia. Isto é uma preocupação centrada na produção e
manutenção da própria existência. Por isso, é preciso que os trabalhadores
busquem um sentido para sua existência que supere estas situações que
condenam a todos e todas a uma condição subhumana.
Se o professor não estiver preparado para agir nessa situação, ele não
saberá como li dar com as diversas situações que aparecerão no cotidiano
escolar, não podendo assim elaborar e executar um bom planejamento.
Por isso é tão importante que o professor tenha uma boa formação, um bom
acompanhamento, e esteja em constante aprendizado.
25
4.2- A escola como espaço de Formação Continuada
A sociedade brasileira vive um desenvolvimento desigual, em que uma
minoria tem acesso aos direitos de moradia, alimentação, educação, entre
outros, enquanto a maioria da população encontra-se muito distante de tais
recursos. Neste sentido, as classes subalternas buscam na educação escolar
uma possibilidade de mudanças concretas em suas condições de vida e acaba
se defrontando com uma escola que por vezes, vivencia um processo de
distanciamento dos interesses populares, reforçando o individualismo e
estimulando a competitividade.
Dessa forma, refletir sobre a formação do professor e professora constitui-se
em uma reflexão sobre a formação dos mesmos frente a esta realidade social,
em nosso caso, uma sociedade dividida em classes, com interesses
antagônicos.
Em sua tese de doutorado Lima partiu da compreensão da rede de relações
que permeia e envolve os professores com o conhecimento no mundo do
trabalho e construiu o seguinte conceito: ”” Formação contínua é a articulação
entre o trabalho docente, o conhecimento e o desenvolvimento profissional do
professor, como possibilidade de postura reflexiva dinamizada pela práxis. ”“
(2001)
A formação contínua do professor deve ser vista como um processo, em que
a prática se constitui em um instrumento de formação, e no qual professores e
técnicos tornan-se uma equipe pesquisadora e investigadora de caminhos com
novas metodologias para a realização de um trabalho coletivo.ensinar é, pois,
acima de tudo, um aprender constante. As questões sobre o que ensinar
devem nos conduzir a reflexões mais profundas sobre as finalidades da
educação, sobre nossos valores e intenções.
Mesmo considerando a dialética existente na educação, destacamos que,
para a visão tradicional, as escolas são simplesmente locais de instrução,
cabendo ao professor sistematizar os conhecimentos, os quais são
26
apresentados de forma acabada ao aluno que por sua vez, recebe estímulos
para reter tais informações passivamente.
A pedagogia crítico libertadora aprece não como algo pronto e sim como
processo em constante construção. As escolas são vistas como espaços de
luta e de possibilidades que devem ser construídos cotidianamente, com o
reconhecimento, entretanto, de que não podemos entender educação sem
compreendê-la como sujeita a limitações.
Democratizar a escola significa criar mecanismos de participação coletiva.
Os mecanismos deverão ser construídos pela equipe de cada escola, por meio
de um processo de reflexão de seus limites, possibilitando a busca da
superação de situações problemáticas concretas que se apresentam no dia a
dia. É o que afirma Giroux (1997):””as condições materiais sob as quais os
professores trabalham constitui a base para delimitarem ou fortalecerem suas
práticas como intelectuais””.(p.29)
O sistema educacional passa por inúmeras crises e a forma que
frequentemente utiliza para superar esta situação é, criar as chamadas
reformas educacionais, ou seja, propostas de mudanças que vêm de cima para
baixo e não reconhecem no professor o profissional ativo, capaz de elaborar
projetos, planos, cujos objetivos contribuam para as necessárias
transformações na educação.
Uma das questões problemáticas que se pode identificar na maioria das
propostas de reformas educacionais é que pouco se valoriza e estimula a
capacidade do professor em reconhecer seus limites e buscar sua superação.
Assim sendo, nenhuma reforma educativa terá êxito desejado se não passar
por esse compromisso central: o resgate à valorização da ação reflexiva dos
professores.
Blanco,(2002) afirma:”É importante que a formação se centralize na escola
para que as suas necessidades reais sejam traçadas, com a formação sendo
vinculada à construção do projeto educativo institucional”.(p.11)
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“Pimenta (1997) a respeito da formação continuada afirma: ‘‘A atividade é
práxis, compreende que esta práxis se faz na relação com o conhecimento em
um dado momento histórico de dada realidade”. (p.83)
A valorização dos processos de reflexão e sua incorporação efetiva à vida
do professor representam a teia que entrecruza o saber adquirido, formal ou
informalmente. A condição do professor está para além de um mero executor,
ultrapassa os limites da titulação e dos certificados que ele possa exibir em seu
currículo. Está sim na sua competência profissional e intelectual. Está nos seus
saberes vários e nos inúmeros conhecimentos que se entrelaçam e se
entrecruzam na vida, no trabalho, nas associações e grupos que freqüentam
enfim, nas experiências em geral.
A formação contínua estaria, assim, a serviço da reflexão e da produção de
um conhecimento sistematizado, capaz de oferecer a fundamentação teórica
necessária para a articulação com a prática e a crítica criativa do professor em
relação ao aluno, à escola e à sociedade. Estaria ainda ajudando a pensar a
profissão, a profissionalização, o profissionalismo e o desenvolvimento
profissional do professor.
O compromisso com a transformação explicita-se a partir das pequenas
mudanças como, por exemplo, na construção de novas relações entre alunos e
professores, entre escola e comunidade e entre metodologias participativas e
planejamento participativo, colocando-se em evidência que o debate oferece
aos professores a oportunidade de se organizarem coletivamente para
melhorar as condições em que trabalham.
A escola que defendemos é entendida como espaço de luta contra a
exclusão social, mesmo dentro de seus limites, ou seja, palco de contradições,
a escola tanto reproduz a ideologia dominante como pode ser instrumento de
mudanças. Neste último caso, a grande força está nas mãos dos educadores
que assumem uma postura crítica diante da realidade, fazendo uma opção
consciente pelos que são excluídos.
Esses professores de acordo com Gramsci, são intelectuais orgânicos, ou
seja, professores que atuam de forma consciente, assumindo o compromisso
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de difundir a concepção de mundo revolucionário entre as classes subalternas.
Representam a união entre teoria e a prática.
Nos dias atuais, em que o professor em sala de aula é muito mais que um
simples educador, ele necessita ainda mais de conhecimentos atualizados,
capacitações, e principalmente bons conteúdos, para que seu planejamento
possa se tornar uma arma contra o preconceito, a discriminação social e
política, pois, ele é muito mais que educador, é médico, amigo, psicólogo,
companheiro e acima de tudo exemplo aos seus discentes.
29
CAPÍTULO V
RELATÓRIO DA COLETA DE DADOS
Os professores consideram que planejar é sim um grande desafio, pois, não
basta chegar e elaborar um plano de qualquer jeito. A má formação, o
despreparo, e principalmente o baixo salário contribuem para a falta de
motivação dos docentes, é o que este trabalho constatou.
Sarmento (2000) diz:
“Eu costumo dizer que as professoras e os professores vivem hoje um
dilema: a desprofissionalização e a brutalização versus a humanização
do seu trabalho”. Existem elementos políticos que pressionam
fortemente no sentido da desprofissionalização do trabalho dos
professores, como a redução do seu trabalho docente:
recomendações, regulações, fichas de trabalho, modos operativos que
resultam de um mercado educacional bastante competitivo e que
restringem tanto sua capacidade de criar os próprios instrumentos de
trabalho, quanto sua autonomia de interação com os outros
profissionais, com as crianças e com as comunidades “(Sarmento, In
Revista Criança, p.7, 2007)”.
Os professores questionados sobre o que vem a ser um bom planejamento
educacional, dizem que: ““ O mesmo deve proporcionar subsídios ao docente e
a sua prática educativa, precisa ser flexível e maleável, adaptar-se as diversas
necessidades que podem vir a aparecer no decorrer de sua execução e
principalmente respeitar o ambiente escolar e individual de cada um,
adequando-se aos diversos ambientes educacionais.
Disseram ainda que planejar torna-se um desafio porque nem sempre há
disposição, curiosidade, e tempo para que se faça uma análise da realidade e
assim possa ter um conhecimento de loco, para que o planejado possa ser
executado com êxito.
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Alegam ainda que encontram muitas dificuldades ao elaborarem bons
planos; a falta de recurso pedagógico, ansiedade, preocupação, dificuldades ao
elaborar metas e objetivos para atender as reais necessidades dos discentes:
criar estratégias que contribuam verdadeiramente para o processo ensino-
aprendizagem. Levando em conta que falta recurso didático, merenda escolar e
um bom acompanhamento pedagógico, todos dizem fazer o melhor para
alcançar os objetivos propostos.
Rubem Alves (1985 p. 45,47) ”relata que para que haja aprendizagem é
necessário que eu deseje fazer a coisa, do contrário nenhum esforço será
válido”.
“As autoridades educacionais acham que vão melhorar a qualidade
do ensino com cursos de capacitação que, sistematicamente, dão
mais conhecimento aos professores”. “O que é preciso mudar é a
“cabeça” deles, pois a primeira tarefa da educação é ensinar a ver,
ou seja, o educador é parte de uma tarefa mágica, capaz de
encantar crianças e adolescentes, o que é bem diferente de
simplesmente dar aula”. (Revista Nova Escola, p.45-47, 2002).
Todos os entrevistados concordam que um bom planejamento, é capaz de
proporcionar melhores condições no processo ensino aprendizagem, pois, ao
planejar é possível saber; O que fazer. Quando fazer, e o que utilizar para
alcançar os objetivos desejado .Afinal o plano atividades a serem executadas
é uma direção a ser seguida, um caminho a ser percorrido, evitando assim o
improviso e a insegurança.
Porém, como alcançar bons resultados em nossos planejamentos, se nos
falta o principal? Capacitações, estímulo (boa remuneração), material didático,
suporte pedagógico, etc.
Os livros didáticos que são distribuídos às escolas não estão de acordo com
a realidade do aluno, a Secretária de Educação mandou um conteúdo
programático que vem sendo utilizado há seis anos nas escolas municipais
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deste município, a estrutura física também deixa a desejar, não dá para
desenvolver um bom trabalho com condições tão precárias assim.
Assim sendo, os dados coletados só reafirmam que planejar é um grande
desafio para os professores na Escola Municipal Professor Paulo Freire, ainda
há alguns que se sentem despreparados para esse ato tão importante na
educação que é planejar.
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CONCLUSÃO
O ato de planejar se torna um desafio, uma prática prazerosa de acordo
com o momento e a formação de cada um. Existem educadores e apenas
professores, o educador gosta do que faz, escolheu o magistério por gostar
dessa profissão, gosta de ensinar e realmente educa, e existe o professor por
necessidade, que está lá por está, por necessidade, que exerce o magistério
por que não teve outra opção é alienado e aliena seus alunos.
No entanto, há quem goste de planejar e executar seus planos, que tem
sempre suas aulas bem planejadas, não tornando-se repetitivo, respeitando a
cultura de cada um.
É preciso tornar a formação de professores mais atraente e eficaz,
disponibilizando bolsas de estudos vinculadas ao desempenho e subsidiando
centros que, associados a escolas fundamentais e médias, se disponham a
formar uma vanguarda de profissionais. Ao mesmo tempo, é essencial difundir
uma nova lógica de reconhecimento do trabalho docente, especialmente dos
que ensinam nas condições sociais mais carentes, por meio de avaliação dos
alunos no inicío e no fim do ano, premiando e promovendo os responsáveis
pela evolução dos que mais precisam da escola.
Portanto, acredita-se que com melhores salários, incentivos profissionais, o
professor possa diminuir sua necessidade de trabalhar três turnos, diminuindo
assim sua ansiedade, o estresse e a falta de criatividade ao elaborar seus
planos, podendo dessa maneira tornar-se um bom planejador, buscar desafios
e novas estratégias, para transformar a sua realidade e a de seus discentes.
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