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Pró-Reitoria de Pós -Graduação e Pesquisa
Lato Sensu em Gestão Educacional
GESTÃO EDUCACIONAL E SEUS DESAFIOS NA ESCOLA PÚBLICA
Brasília - DF 2011
Autor: Renato André Pedrosa da Silva
Orientadora: Profª. MSc. Neusa Fátima Maiochi
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RENATO ANDRÉ PEDROSA DA SILVA
GESTÃO EDUCACIONAL E SEUS DESAFIOS NA ESCOLA PÚBLICA
Artigo apresentado ao curso de pós-graduação em Gestão Educacional da Universidade Católica de Brasília (UCB), como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Gestão Educacional. Orientadora: Professora Mestra Neusa Fátima Maiochi
Brasília 2011
3
Artigo de autoria de Renato André Pedrosa da Silva, intitulado “GETÃO EDUCACIONAL
E SEUS DESAFIOS NA ESCOLA PÚBLICA”, apresentado como requisito parcial para obtenção
do grau de especialista em Gestão Educacional da Universidade Católica de Brasília, em 07 de
dezembro/2011, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:
_____________________________________________
Profª. MSc. Neusa Fátima Maiochi
Orientadora
Curso de Especialização em Gestão Educacional – UCB
_____________________________________________
Profª. MSc.Núbia Aparecida da Silva Rosa
Curso de Especialização em Gestão Educacional – UCB
Brasília, 07 de Dezembro 2011
4
Agradecimentos
� Ao meu Deus, por ter me dado força, na elaboração desse projeto.
� A toda a minha família, pai, mãe, irmãos e sobrinhos, o meu muito obrigado, pelo apoio, ao longo desses dois anos de curso.
� A orientadora Neusa Maiochi, por ser uma profissional capacitada, pois sempre que
precisei, esteve disponível para me ajudar no que fosse preciso.
� E a todos os professores e colegas, que contribuíram de modo ímpar, na minha caminhada.
5
RESUMO
Este trabalho trata da democratização da gestão escolar, através de uma pesquisa bibliográfica, e possui os seguintes objetivos: conceituar a gestão democrática escolar; a trajetória de consolidação do modelo de gestão enquanto paradigma no sistema educacional brasileiro; ilustrar a importância da prática de gestão democrática; descrever a participação e função dos gestores escolares nesse processo; apresentar os principais instrumentos que permitem a participação de colaboradores na tomada de decisão e na gestão da escola; bem como, por fim, analisar os possíveis desafios afetos à gestão escolar, na atualidade, levando em conta, especificamente, o caso do Distrito Federal.
Palavras-chave: Educação; Gestão educacional; Gestão democrática; Gestão escolar pública.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------- ------------------------------------------- 07
2. GESTÃO EDUCACIONAL -------------------------------- ------------------------------------ 08 2.1 Gestor Educacional -----------------------------------------------------------------------------10
3. PRINCÍPIOS DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA ---------- --------------------12
3.1 O Projeto Pedagógico ---------------------------------------------------------------------------12 3.2 Os Conselhos escolares -------------------------------------------------------------------------13
4. OS DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR PÚBLICA --------------------------------------15
5. DESAFIOS: O CASO DO DISTRITO FEDERAL -------------- -----------------------------17
6. CONCLUSÃO ----------------------------------------------------------------------------------------19
7. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------ -----------------------------------21
7
1-INTRODUÇÃO
O presente trabalho procura, por meio de uma revisão de estudos e análises anteriores,
fazer uma reflexão sobre a trajetória e emprego de um conceito no âmbito educacional brasileiro,
qual seja: gestão. O emprego desse conceito a partir da década de 1980, com as disposições da
Carta Magna, e especial destaque na década de 1990 com a as previsões da lei de Diretrizes e Bases
da Educação, ilustra uma mudança de concepção sobre a escola, seu papel, funcionamento e
organização.
Se antes a escola era um espaço autoritário, hierarquizado, destinado a mostrar resultado
em termos de notas, após essas mudanças operadas no sistema educacional mediante os
instrumentos normativos citados, ela passou a ser encarada como um ambiente onde as decisões são
tomadas de forma compartilhada, com a participação de membros da comunidade escolar e
destinada a contribuir com a formação de um cidadão crítico e completo, ciente de suas
responsabilidades e direitos.
Essa alteração de concepção acompanhou a evolução da sociedade e as pressões por
espaços mais participativos e democráticos com vistas a ampliar a capacidade das estruturas do
Estado de responder às demandas e interesses da sociedade e melhor prover de políticas e bens
públicos, também na área da educação.
Nesse processo de consolidação do conceito de gestão democrática nas escolas públicas,
destaca-se com freqüência o papel dos gestores/dirigentes escolares. Esses atores desempenham
papel essencial enquanto pessoas capazes de lidar com as inovações promovidas e de transmitir aos
demais partícipes da escola (professores, alunos, funcionários e pais) esse novo modelo mais
democrático e as novas crenças administrativas. Destaca-se também nesse contexto, como
essenciais para a gestão democrática, os instrumentos que ampliam a participação da sociedade nas
decisões da escolar e a aproximam da sua administração. São eles, por exemplo: eleição dos
diretores, a criação dos conselhos escolares e a construção dos projetos pedagógicos.
Por mais esforços que tenham sido empreendidos na consolidação desse modelo de gestão
escolar, o fato é que este apresenta hoje diversos desafios e obstáculos a serem superados. Os
desafios e limites desse modelo, após duas décadas de esforços desprendidos para sua
implementação, parecem decorrer, sobretudo da incapacidade dos novos mecanismos de gestão de
suplantar e romper por completo com as estruturas autoritárias da administração escolar tradicional.
Essas estruturas convivem com as inovações e geram certo hibridismo que impede que mudanças
substantivas possam ser operadas em prol da melhoria da qualidade e acesso do sistema
educacional.
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Adicionalmente à análise dos desafios relacionados à gestão escolar como um todo, este
trabalho tem o intuito de apresentar alguns desafios enfrentados pelos gestores educacionais do
Distrito Federal, em específico. Não se pretende, com isso, esgotar as questões inerentes à gestão
escolar, mas sim lançar luz sobre tema tão importante e realidade tão enriquecedora (a do Distrito
Federal), de modo a contribuir com os debates e consolidar achados importantes.
.
1. GESTÃO EDUCACIONAL
Como descreve sabiamente Lück (2000) em seu texto “Perspectivas da Gestão Escolar e
Implicações quanto à Formação de seus Gestores”, é de conhecimento geral que vivenciamos uma
série de mudanças que vão desde o acesso às novas tecnologias até o modo como nos relacionamos
com as outras pessoas. Para a autora, a mudança mais significativa, no entanto, está na maneira
como vemos essa nova realidade, participamos dela e estabelecemos sua construção.
Segundo a autora, as transformações na dinâmica social reduzem o espaço do
individualismo, autoritarismo, a centralização de poder e o imobilismo, pois essas ações levam as
instituições, sejam elas quais forem, ao fracasso e a estagnação. O mundo atual pauta-se, muito
mais, por interação, parcerias, redes, alianças e cooperação na provisão de melhores resultados na
prestação de serviços à sociedade (LÜCK, 2000, p 42).
Tais mudanças alcançaram o ambiente escolar, especialmente pelo fato de ser visto
como capaz de contribuir com o desenvolvimento econômico e social de uma nação. A escola como
instituição social está inserida numa comunidade e tem a obrigação de acompanhar com empenho e
responsabilidade essa nova dinâmica, bem como contribuir com a consolidação desses conceitos e
práticas interativas e, por conseguinte, da democracia.
No passado, o ambiente escolar tinha como modelo uma gestão estática, cujas
obrigações restringiam-se a comandar, fazer cumprir ordens que vinham de instâncias superiores,
controlar e supervisionar o trabalho dos funcionários. O sustentáculo desse modelo hegemônico era
o de que todos os atores imersos no ambiente escolar (alunos, professores, diretores, etc.) deveriam
sujeitar-se às regras estabelecidas pelo órgão superior e agir conforme tais determinações, sob pena
de serem dele banidos. Segundo essa concepção, em linhas gerais, seria dever do Estado prover
educação; dever dos diretores impor sua autoridade e alocar pessoas e recursos de forma a alcançar
os objetivos organizacionais; dever dos professores, basicamente, “corrigir provas” e “dar notas”; e,
por fim, dever dos alunos, respeitar a hierarquia, se adequar ao sistema e tirar notas.
Tais pressupostos resultaram em um sistema educacional verticalizado, onde o respeito
à hierarquia é essencial, extremamente burocratizado e distanciado dos processos sociais e dos
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conflitos de interesse existentes. Em outras palavras, um sistema escolar alheio às demandas reais
da sociedade, para quem o serviço educacional deve ser prestado.
Contudo, a partir da década de 1980, de acordo com Lück (2000), tiveram início várias
mudanças na área educacional, seguindo alterações que se processavam no campo político, devido a
uma busca por descentralização e democratização da gestão nas escolas. Essas mudanças
acompanharam um movimento de luta da classe trabalhadora pelo direito de acesso dos seus filhos
à escola pública e pelas queixas freqüentes quanto à falta de vagas, altas taxas de reprovação e o
abandono escolar. No mesmo sentido, os professores começam a melhor se organizar a constituir-se
em sindicatos na tentativa de conquistarem planos de cargos e salários, valorização da profissão e
capacitação.
Desse modo, o que se percebe é que abertura democrática no Brasil e os anseios da
população por maiores espaços de participação alcançaram o sistema escolar, gerando demandas
que desafiavam o modelo tradicional. As pressões por uma gestão educacional mais democrática,
com participação de todos os atores na construção da organização, intensificaram-se e resultaram na
eleição de diretores escolares em diversos estados e municípios. A medida permitia, dentre outras
coisas, que os professores passassem de espectadores para figuras ativas no processo de formulação
e gestão da política educacional, visto que passavam a assumir função no processo de tomada de
decisão.
Para a consolidação desse modelo de gestão democrática cabe destacar o papel da
Constituição de 1988 (especialmente de seu artigo 206, inciso VI) e da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação - Lei nº 9.394, de 1996 (especialmente de seu artigo 14). Tais instrumentos normativos
concebem, em síntese, a educação como um direito público, acessível a todos indistintamente, e
dever do Estado e da família, a ser promovida e incentivada em parceria e colaboração com a
sociedade, de modo que Estado e sociedade compartilhem responsabilidades tanto em relação aos
direitos quanto aos deveres (LIMA, 2001, p. 47).
Conforme as novas definições estabelecidas, às pessoas, independente de sua situação
social, econômica e cultural, podem intervir na construção de públicas e na gestão as instituições
democráticas públicas.
A gestão democrática, então, pode ser entendida, como ampliação da participação da
comunidade, baseando-se nos princípios de descentralização administrativa, participação,
flexibilidade, transparência e autonomia (cada escola assuma suas decisões, analise suas prioridades
de forma a atender as peculiaridades locais). Os principais instrumentos promotores desse modelo
de gestão são, sobretudo: a criação dos conselhos escolares, associações de pais e mestres e de
grêmios estudantis, a elaboração de um projeto político pedagógico em âmbito interno com
10
participação efetiva dos membros da comunidade escolar, e, como já citado, a escolha direta dos
diretores (LIMA, 2011, p. 49).
Dessa forma, a dinâmica escolar que se apresenta no contexto atual, marcada pela
substituição do termo administração pelo termo gestão na educação brasileira, requer dinamismo,
debates e, principalmente, que todos os membros da comunidade escolar adentrem os muros da
escola e façam parte das decisões que serão tomadas e dos rumos da escola. Com essa nova
configuração, a expectativa é que a coletividade participe de forma responsável das decisões e se
comprometa com os resultados, melhorando, ainda que paulatinamente, a qualidade do ensino. A
intenção subjacente ao modelo, Ademias, é que se busque de não só aprovar alunos e mostrar dados
estatísticos de melhoria, mas também estabelecer a formação do homem enquanto cidadão,
consciente, crítico e apto a desempenhar seus papéis na sociedade (LÜCK, 2003, p.55).
2.1 - Gestor Educacional
Todo esse movimento, alterando o sentido e concepção da educação, da escola e da
relação escola/sociedade, tem demandado um esforço especial de gestão, e nesse contexto a
formação dos gestores, ou dirigentes escolares, passa a ser um desafio para o sistema. O fato é que
as melhorias operadas e os esforços empreendidos na construção de novas étnicas e métodos são
infecundos caso não acompanhados por um esforço de capacitação dos dirigentes para lidar com as
inovações desse processo (LÜCK, 2000, p. 28-29).
São as atuações dos dirigentes que permitiram, de fato, o rompimento com as velhas
crenças administrativas e a consolidação, viabilidade e legitimidade do novo modelo mais
democrático, segundo COLARES & COLARES, 2003, p. 94).
Ser gestor de uma escolar pública, hoje, é ter em mente que suas ações não serão
tomadas sozinhas, mas em conjunto com todos os que fazem parte da comunidade escolar na qual a
instituição está inserida. No entanto, uma vez tomada as decisões de forma compartilhada, é preciso
colocá-las em prática. É nessa hora, sobretudo, que o dirigente se torna essencial, pois a ele cabe
coordenar e administrar com bases nas aspirações da comunidade escolar (LIBÂNEO, 2004, p. 10).
O dirigente, nesse novo contexto, exerce funções não somente administrativas e
financeiras, mas também, pedagógicas, culturais e sociais. Para tanto, de ser dinâmico, bom ouvinte,
articulador de propostas, é estar atento a tudo o que acontece na escola, e, principalmente para o
desempenho dos alunos. Tornar-se gestor implica em é coordenar e articular os atores envolvidos
no ambiente escolar e permitir um esforço cooperativo, em meio a interesses por vezes conflitantes,
com vistas à melhoria efetiva dos resultados educacionais e da formação dos alunos (LÜCK, 2000,
57).
11
Cabe ainda enfatizar, como destaca Fortunati (2007) em seu livro “Gestão da educação
pública”, o fato de que o papel dos dirigentes na gestão escolar é influência extremamente relevante
sobre a possibilidade de acesso dos alunos às oportunidades da vida em sociedade e que poderá
contribuir significativamente para a diminuição dos indicadores de insucesso escolar, tais como a
reprovação, o abandono escolar e a evasão, caso seu trabalho seja realizado com sucesso, através do
apoio da comunidade escolar.
O gestor é, portanto, na visão de Fortunati (2007), “o coração e a alma da escola”, pois
ele tem papel central na manutenção e desenvolvimento da unidade de ensino e também na
determinação do clima organizacional, emocional e intelectual da escola. Sendo assim, o gestor
deve manter contanto permanente com os alunos, os pais, os professores, os funcionários, enfim
toda a comunidade envolvida no processo educacional.
Dessa forma, o gestor proporcionará um relacionamento transparente entre a escola e a
comunidade, pois a participação e integração não dependem somente da abertura que o corpo
diretivo proporciona, mas, principalmente da conscientização de todos os envolvidos sobre a
necessidade e importância desta participação e integração.
É comum no ambiente educacional de nossa sociedade, que ainda atua restringida por
uma tendência centralizadora, que se observe a dificuldade dos gestores em promover a criação de
um ambiente participativo. Os alunos, professores, pais e funcionários não percebem, na maior
parte das vezes, a necessidade de estarem envolvidos juntamente com o diretor no processo de
construção e desenvolvimento do ambiente escolar. Essa falta de percepção acarreta a
desestabilização da ordem diretiva e gera dificuldades para o cumprimento das funções de todos os
envolvidos com o processo de educação, o que, por fim, causa problemas no desenvolvimento
educacional e também social dos jovens estudantes.
É necessário, portanto, que o gestor esteja devidamente equipado para criar e sustentar
um ambiente que promova e incentive a participação ativa de todos, dando destaque à
responsabilidade que possuem no bom desenvolvimento do processo educacional.
Lück (2000) aponta algumas ações que podem ser adotadas por parte dos gestores para a
criação deste ambiente participativo. São elas: a criação de uma visão de conjunto que promova
uma ação de cooperação; o desenvolvimento de uma atmosfera de confiança entre os envolvidos; a
valorização das qualidades dos participantes; a eliminação de divisões e busca por associação dos
esforços de todos; a centralização nas idéias ao invés de pessoas para o estabelecimento da demanda
do trabalho; e por fim, o desenvolvimento da prática de assumir responsabilidades em conjunto.
Em razão de todo o exposto, percebe-se que a escolha dos gestores requer muita
responsabilidade. Quesitos como formação profissional e competência técnica, bem como
capacidade de liderança e gestão, devem ser, portanto, avaliados. Se antes ela era feita por meio de
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nomeação, com frequência arbitrária, pelo governador ou prefeito, geralmente para atender a
interesses político-partidários (Libâneo, 2004, p.113), hoje ela é mais uma prerrogativa da
comunidade escolar e do sistema de ensino, que podem exercê-la via eleição direta ou
representativa, ou ainda concurso público.
3. PRINCÍPIOS DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA
Gestão democrática é a maneira de administrar uma escola de forma que os vários
segmentos da comunidade escolar tenham vez e voz, onde todos possam participar ativamente para
a melhoria da qualidade de ensino.
A gestão democrática está prevista, ainda que forma vaga e imprecisa (Colares & Colares,
2003, p. 94), na Constituição brasileira de 1988, que estabelece em ser artigo 206, Inciso VI: o
ensino será ministrado, dentre outros, com base no princípio da “gestão democrática do ensino
público, na forma da lei”. Em consonância com a Carta Magna, as Constituições de diversos estados
e as Leis Orgânicas de diversos municípios também adotaram o principio da gestão democrática nas
escolas públicas.
Também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394, de 1996) em vigor, e em
seu artigo 14 afirma que “os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do
ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades” e trata também dos
princípios da gestão democrática nos incisos I e II “participação dos profissionais da educação na
elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes”.
Com base no disposto na LDB algumas clarificações são importantes no que diz respeito
ao projeto pedagógico e aos conselhos escolares.
3.1 O Projeto Pedagógico
Gerir democraticamente implica, sobretudo, em descentralizar o poder, permitindo a
participação de todos, seja na tomada de decisões, ou na execução das mesmas e ser transparente
quanto à administração como um todo. Sendo assim, e para que isto aconteça de modo organizado,
como a própria lei afirma, é necessário que os profissionais da educação elaborem o projeto político
pedagógico da instituição. Este documento é um guia para o desenvolvimento do trabalho escolar,
uma seqüência de ações que irão orientar a prática.
O projeto expressa a cultura da escola, pois reflete seus valores, hábitos, desejos,
propostas, intenções e crenças. Ao mesmo tempo, também representa a criação e o desenvolvimento
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do ambiente escolar, na medida em que permite a transformação da realidade e a produção do que
se deseja.
O projeto representa a oportunidade de a direção, a coordenação pedagógica, os professores e a comunidade, tomarem sua escola nas mãos, definir seu papel estratégico na educação das crianças e jovens, organizar suas ações, visando a atingir os objetivos que se propõem. É o ordenador, o norteador da vida escolar. (LIBÂNEO, 2004 p, 153)
Necessário acrescentar que os projetos não são inflexíveis e imutáveis. Ou seja, desenhado
em um ano letivo e não mais mexido até o ano seguinte. Na verdade, o projeto é avaliado com
freqüência (pelo menos idealmente) durante um ano letivo de modo a verificar se as ações
realizadas de fato correspondem ao estabelecido. Caso as metas precisem ser alteradas diante de
eventos novos, existe essa possibilidade de redesenho do plano de trabalho, sempre com o intuito de
melhor atender aos interesses dinâmicos, por natureza, da sociedade. Por isso, é que se conclui que
os projetos não são homogêneos e únicos para todas as escolas. Cada uma compõe o seu projeto de
forma a responder mais adequadamente a suas especificidades.
Contudo, o que se vê na prática, principalmente em razão do fato da sociedade brasileira
ser apática politicamente e pouco participativa, é que o projeto político pedagógico acaba tornando-
se uma mera exigência burocrática, cumprida pelas direções escolares que não podem fugir das
exigências legais que lhe são impostas. A comunidade escolar não entende a dimensão de
participação que a gestão democrática requer e, por conseguinte, acaba não dando a importância
devida à construção desse instrumento de gestão que é o projeto pedagógico. Muitas vezes o que a
experiência revela é que os projetos são replicados ano a ano, sem comprometimento com suas
metas e previsões.
3.2 Os Conselhos Escolares
O segundo princípio e não menos importante que a elaboração do projeto político
pedagógico da escola é a constituição do Conselho Escolar. Os Conselhos foram criados e
mobilizados por meio da Secretaria Municipal de Educação e Cultura – SMEC, como parte da
política de democratização da gestão pública. É um colegiado de membros de todos os segmentos
da comunidade que participam do sistema educacional (pais, estudantes, professores, demais
funcionários, membros da comunidade local e o diretor) e tem funções consultivas (caráter de
assessoramento), deliberativas (decide em instância final sobre determinadas questões),
14
fiscalizadoras (verificar e cobrar o cumprimento de normas e a legalidade ou legitimidade de ações)
e mobilizadoras (ação efetiva de mediação entre o governo e a sociedade).
No processo de gestão democrática dos negócios públicos, os conselhos assumem uma
dimensão de expressão da sociedade organizada. Não se lhes atribui responsabilidades de governo,
mas de voz plural da sociedade para guiar a ação do Estado segundo a lógica da cidadania. São
espaços de interface e colaboração entre as estruturas do Estado e a sociedade.
Quanto aos Conselhos Escolares pode-se dizer que são fóruns que permitem a expressão da
vontade da sociedade na formulação das políticas e das normas educacionais e nas decisões dos
dirigentes. Cabe ao Conselho Escolar zelar pela manutenção da escola e participar da gestão
administrativa, pedagógica e financeira, contribuindo com as ações dos dirigentes escolares a fim de
assegurar a qualidade de ensino.
Entretanto, na prática, a participação da comunidade ainda é muito tímida. E isto só se dará
de fato, quando a sociedade entender que também faz parte desse espaço e que tem direito de nele
intervir com vistas à melhoria da educação ali oferecida. É preciso preparar a comunidade local para
a participação, e, nesse sentido é que foi criado o Programa Nacional de Fortalecimento dos
Conselhos Escolares, que, segundo o próprio MEC, tem como objetivos:
• ampliar a participação das comunidades escolar e local na gestão
administrativa, financeira e pedagógica das escolas públicas;
• apoiar a implantação e o fortalecimento de conselhos escolares;
• instituir, em regime de colaboração com os sistemas de ensino, políticas de
implantação e fortalecimento de conselhos escolares;
• promover em parceria com os sistemas de ensino a capacitação de
conselheiros escolares;
• estimular a integração entre os conselhos escolares;
• apoiar os conselhos escolares na construção coletiva de um projeto
educacional no âmbito da escola, em consonância com o processo de democratização da
sociedade; e
• promover a cultura do monitoramento e avaliação no âmbito das escolas, para
a garantia da qualidade da educação.
Nesse processo em busca da democratização da escola e de sua gestão, o gestor, como visto,
tem papel fundamental, pois deixa de ser aquele que resolve tudo sozinho, para mediar de forma
dinâmica as decisões tomadas pelo grupo. Torna-se um articulador, que se preocupa com a
interação entre as diversas áreas e os diferentes segmentos. O gestor deve ser um líder
15
comprometido com a qualidade da educação e a principal ferramenta de seu trabalho deve ser o
diálogo, pois a tomada de decisões autoritárias não leva à reflexão e a democratização social como
se pretende. O gestor que sabe dialogar, tem nos diferentes segmentos escolares seus aliados,
parceiros na construção da educação que queremos, é capaz de incentivar e unir esforços em prol do
bem comum: a aprendizagem de todos os alunos.
O sucesso escolar está intimamente ligado ao bom funcionamento de toda equipe. Se o
trabalho for harmônico, as metas serão alcançadas e as necessidades supridas, sendo assim, é
essencial que as instituições que ainda não atentaram para a importância do trabalho coletivo o
façam, pois só assim, formaremos o cidadão que pretendemos, consciente de seus direitos e deveres,
participativo e atuante na sociedade em que vivemos.
4. OS DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR PÚBLICA
Não obstante as transformações operadas no sistema educacional brasileiro a partir da
década 90 existem obstáculos que ainda precisam ser suplantados a fim de tornar o ambiente escolar
mais democrático, autônomo e transparente.
Tais obstáculos identificáveis atualmente decorrem, sobretudo, da lógica de descontinuidade
imperante historicamente na trajetória de constituição e consolidação das políticas educacionais no
Brasil, marcada por carência de planejamento de longo prazo, o que evidencia políticas conjunturais
de governo em detrimento de políticas de Estado (DOURADO, 2007, p. 24).
Desse modo, o que se percebe é que as novas formas de organização e gestão não
redundaram em mudança substantiva e, sim, em um cenário de hibridismo no plano das concepções
e das práticas. Vivencia-se, no país, um conjunto de novas ações de gestão educacional que
desestabilizaram o modelo tradicional, sem, no entanto, suplantá-lo. Assim, convivem estruturas
hierárquicas, centralizadoras e autoritárias com os princípios preconizados pelo modelo de gestão
democrática da educação. O velho permanece e acaba coexistindo com estruturas mais modernas,
provocando pouca eficácia pedagógica, pouco espaço para mudanças substantivas nos sistemas de
ensino e pouca efetividade na incorporação de novos formatos de organização e gestão.
Tal dinâmica é intensificada pela ausência de devida articulação entre as estruturas do
sistema de ensino. Em outras palavras, diversos programas federais de educação não conversam
entre si e são atravessados por concepções distintas e até antagônicas, realçando o cenário
contraditório das ações governamentais (DOURADO, 2007, p. 40).
Os limites frequentemente evidenciados à consolidação da gestão democrática estão
associados, então, à lógica centralizada e autoritária que tem permeado as políticas educacionais
para todos os níveis de ensino. Na verdade, não se trata de negar a ocorrência de mudanças efetivas
16
no curso dos acontecimentos referentes à gestão escolar. Aquela escola tradicional, transmissiva,
autoritária, verticalizada, extremamente burocrática mudou. Há evidências disso nas práticas
administrativas, nas relações com os pais de alunos, nas relações interpessoais no interior da escola,
no modo como o diretor conduz os trabalhos junto a professores e alunos, na forma como se
processam as reuniões, sejam as da equipe técnica, sejam as do tipo assembléia, sejam as do
Conselho Deliberativo. O que não quer dizer, porém, que estejamos diante de uma escola
completamente democrática, pautada no trabalho coletivo, na participação dos sujeitos envolvidos,
ministrando uma educação de qualidade. Os novos valores que deveriam preponderar no ambiente
escolar (autonomia, participação, democratização, etc.) ainda não foram adequadamente
assimilados e estão sendo reinterpretados diferentemente por cada gestor escolar.
Na prática, então, o ensino público continua a carregar as marcas do modelo de
administração clássica. A efetiva participação da comunidade local nos destinos da escola ainda é
secundária; os docentes se sentem obrigados a responder às novas exigências pedagógicas e
administrativas, contudo, expressam sensação de insegurança e desamparo, pois lhes faltam
condições de trabalho adequadas e preparo/qualificação para lidar com essa nova realidade; muitas
instituições escolares ainda possuem uma visão conservadora, marcada pela perspectiva
mecanicista, que fragmenta e apenas reproduz o conhecimento, desprezando, portanto, as
particularidades de cada escola; os diretos/gestores ainda concentram muito poder e não estão
capacitados, formados ou treinados para trabalhar em parceria com todos os segmentos da escola,
na gestão compartilhada; O conselho deliberativo, elemento indispensável na construção de uma
gestão democrática, ao longo dos anos, tem-se tornado um instrumento de manipulação, para o
diretor e para os demais membros da comunidade escolar, variando a capacidade de manipulação
conforme o peso de cada um na correlação de forças (Torres e Garske, 2000, p.68); a falta de
recursos com a qual lida o administrador escolar e a qual concorre para perda de autonomia da
escola; etc.
Tudo isso é consequência, sobretudo da ausência de esclarecimento por parte dos setores
governamentais quanto ao que se pretendia com a gestão escolar, da dubiedade das instruções
normativas, da falta de consistência interna entre as medidas legais tomadas, da dificuldade de
processar tantas e tão rápidas mudanças de conduta, bem como da ausência de condições de
implementar de fato um modelo de gestão escolar. O sistema educacional não foi preparado
previamente para corresponder ao movimento histórico que perpassava a sociedade e instalar uma
gestão fundada em princípios democráticos.
Esperava-se que a criação de instrumentos institucionais propulsores da participação
(eleição direta para a escolha do diretor, instalação de conselhos deliberativos e o projeto político-
pedagógico, por exemplo) pudessem modificar, por si mesmos, a lógica interna da escola. Contudo,
17
isso não aconteceu, tendo em vista a compreensão limitada da sociedade sobre a democracia. Esta
se restringe ao aspecto formal do processo democrático, por implicar apenas o estabelecimento de
regras e normas, sem incluir a participação direta nas tomadas de decisão. “Ou seja, tem havido
uma utilização de instrumentos democráticos sem a implementação de práticas democráticas, pela
via da participação” (TORRES e GARSKE, 2000, p. 67).
Nesse sentido é que se entende que a solução dos problemas das escolas deve partir,
inicialmente, de uma tomada de consciência das condições concretas que apontam para a
viabilidade de um projeto democrático das relações e decisões dentro das escolas. Isso por que não
basta que se permita formalmente (em lei ou instrumentos regulatórios) a participação de pais,
alunos e professores no destino da escola; é preciso que haja condições que propiciem de fato essa
participação na administração (PARO, 1997. p.13). Posteriormente, é preciso que a sociedade
assuma para si o controle da escola. Isso não quer dizer apenas reivindicar espaços de participação
na definição dos objetivos escolares, mas, sobretudo, atuar efetivamente nos fóruns criados, com
contribuição, cooperação e divisão de responsabilidades.
Na medida em que se conseguir a participação de todos os setores da escola (educadores,
alunos, professores, funcionários e pais) nas decisões que norteiam o seu funcionamento, haverá
melhores condições para se exercer a gestão compartilhada e adequada aos desafios da atualidade.
Do mesmo modo, haverá subsídios para a prestação de uma educação de qualidade, visto que
estarão criadas as bases necessárias para a prática de pressão sobre os setores educacionais
responsáveis pela concessão de recursos e real autonomia ás escolas (PARO, 1997, p.12).
5. DESAFIOS: O CASO DO DISTRITO FEDERAL
O grande desafio enfrentado pelos formuladores de políticas públicas educacionais é
construir uma escola engajada com a comunidade, que ofereça condições para que os alunos
possam ter mais que acesso a educação, e a um serviço de melhor qualidade; uma escola permeável
igualmente por alunos das classes populares e por alunos das classes mais favorecidas; e uma escola
pública capaz de formar para a vida indivíduos plenos, críticos, autônomos, cidadãos de fato.
Mas, tais tarefas não são nada fáceis, sobretudo num contexto com o brasileiro, onde as
políticas educacionais caminham atreladas a interesses políticos de curto prazo e não a projetos
duradouros, com expectativa de vida que excedam a duração de um mandato eletivo. A educação
pública não pode avançar sob tais perspectivas.
No Distrito Federal, as escolas e os gestores escolares lidam diariamente com a falta de
material, falta de pessoal, pouca participação das famílias, muitas vezes ambientes precários, é
salários incompatíveis com a complexidade das tarefa que desempenham e das responsabilidades
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que suportam. Como afirma Castro (2011), “os desafios são formidáveis, nesse cargo, ele não
contrata, não demite, não premia, não pune e não administra recursos substanciais. Em suma, ele
quase não manda.” E completa ainda, “na mais reles empresa, o gerente tem armas de gestão bem
mais poderosas.”
A verdade é que, se queremos uma escola pública de qualidade, é necessário dar mais
autonomia para os gestores e os instrumentos administrativos para uma maior área de atuação.
Lidar com a carência de recursos é algo significativo no panorama atual. No Distrito
Federal são disponibilizadas duas verbas principais para a administração das escolas, por
seus gestores. Uma a nível Federal PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) e outra a
nível Distrital PDAF (Programa de Descentralização Administrativa e financeira da
Secretaria de Estado de Educação).
O PDDE foi criado em 1995 e tem um orçamento previsto para 2011 de R$1,5
bilhão. Conforme o Portal do MEC (Ministério da Educação), o PDDE consiste na
assistência financeira às escolas públicas da educação básica das redes estaduais,
municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial mantidas por
entidades sem fins lucrativos e tem como objetivo a melhoria da infraestrutura física e
pedagógica, o reforço da autogestão escolar e a elevação dos índices de desempenho da
educação básica. Os recursos do programa são transferidos de acordo com o número de
alunos, de acordo com o censo escolar do ano anterior ao do repasse.
Já o PDAF foi criado em 2008 pela SEDF (Secretaria do Estado de Educação do
Distrito Federal) e segundo o portal do GDF (Governo do Distrito Federal) e tem por
objetivo principal oferecer autonomia gerencial às escolas e DREs - Diretorias Regionais de
Ensino, possibilitando-lhes efetivas condições para colocar em prática seus projetos
pedagógico-administrativo-financeiros. O PDAF está intrinsecamente relacionado com a
Gestão Compartilhada e assegura os meios para que os diretores e vice-diretores possam
realizar, com agilidade e em conformidade com as demandas e necessidades locais, ações
e atividades voltadas para a melhoria das condições de funcionamento das escolas e do
ensino. Constitui-se, portanto, num relevante instrumento para a implementação de
políticas voltadas para a equidade de acesso à educação e a melhoria da qualidade do
ensino.
Com duas verbas importantes à disposição das escolas, é simples supor que os
gestores não estão fazendo a contento seu trabalho. Porém, é fato que, os repasses são
feitos quase que já no final do ano letivo e mal dão para as despesas básicas da escola,
como a compra de papel, material de limpeza, gás e pagamento das contas de água e luz.
E, no mês de novembro de 2011, vale ressaltar, as escolas ainda não receberam o PDAF.
Será porque o programa era do governo anterior?
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Que fazer diante de tantos desafios que se impõem ao gestor, que vão desde
financeiros até a busca de estratégias para resolver o problema da infrequência e o
abandono escolar?
Respostas certas não existem, mas o fato é que, além das competências e
conhecimentos dos métodos de moderna e adequada administração dos recursos das
escolas, os gestores carecem, essencialmente, de falta de autonomia em relação aos
escalões superiores e a precariedade das condições concretas em que se desenvolvem as
atividades dentro das escolas. Isso nos leva a crer, conforme sugere Paro (1997), que
talvez o grande problema das escolas públicas, não só no Distrito Federal, mas em todo o
país, seja muito mais a escassez de recursos do que a sua má gestão.
6. CONCLUSÃO
A discussão levada a cabo ao longo deste trabalho tinha como objetivos principais
elucidar a o contexto no qual surge a gestão democrática, apresentar os instrumentos
institucionais que permitem sua implementação nas escolas públicas e identificar alguns
dos desafios que enfrenta bem como esboçar algumas possíveis soluções para driblá-los.
Para o alcance dos objetivos propostos realizou-se uma revisão da literatura sobre
o assunto, na qual se recupera e se avalia criticamente as análises e conclusões de alguns
trabalhos importantes na área. No último capítulo, no entanto, desenvolveu-se um esforço
de análise um pouco mais ambicioso, visto que se desenvolve um estudo do caso da
gestão educacional do Distrito Federal para ilustrar seus desafios.
Por meio da revisão bibliográfica realizada, identificou-se que a gestão escolar da
forma como hoje é entendida foi forjada no final da década de 1980, com inspiração nos
movimentos pró-democracia e pró-ampliação da participação popular, acompanhado,
assim, as lutas e pressões da sociedade por transformação social e melhor qualidade nos
serviços prestados pelo Estado.
As bases para a gestão escolar foram instituídas pela Constituição de 1988 e pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Cada um desses instrumentos normativos, ao seu
modo, garantiram espaços para a maior participação da comunidade escolar nos rumos da
escola, responsabilizando todos esses atores pelas decisões, bem como pelos eventuais
resultados obtidos. A participação se logrou ampliar por meio de eleição dos diretores
escolares, criação dos conselhos escolares e construção dos projetos políticos pedagógicos
da escola.
Essa mudança de concepção e os instrumentos criados fundamentaram-se nos
princípios de descentralização administrativa, participação, flexibilidade, transparência e
autonomia (cada escola assume suas decisões, analisa suas prioridades de forma a
atender as peculiaridades locais).
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Apesar de todos os esforços empreendidos na implementação desse modelo mais
moderno de gestão das escolas, especificamente das escolas públicas, o que se identifica
é que existem ainda sérios desafios a serem superados para a efetiva consolidação dessa
nova concepção e de uma escola mais democrática e de melhor qualidade. Esses desafios
originam-se das descontinuidades na formulação e implementação de políticas públicas
educacionais, sempre vulneráveis a interesses políticos-eleitorais de curto prazo por
natureza, e da persistente manutenção de estruturas tradicionais de administração
escolar. Adicionalmente, coopera com essa situação a apatia da sociedade brasileira, que
mesmo dotada de instrumentos e canais que favorecem suas participações nos processos
de decisão, permanece, no geral, distante da formulação de políticas públicas.
No caso específico do Distrito federal, o que se observa é que os maiores
obstáculos à consolidação da gestão democrática está associado à precariedade da infra-
estrutura escolar e a carência de recursos colocados à disposição dos gestores para
melhor atender às demandas da sociedade.
Por todo o exposto, acredita-se ter contribuído com os estudos acerca da gestão
escolar, seus desafios e possíveis aprimoramentos. Das questões propostas muito pode ser
acrescentado e, mais aspectos, ainda, questionados e revisados.
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