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Problema 12 SOF2 Neurologia 1)Quais as funções do SNA, nomeadamente na homeostasia corporal? Tem, como função, manter a homeostasia, ou seja, o equilíbrio do meio interno, controlando funções viscerais como pressão arterial, motilidade do trato gastrointestinal, vesical e a sudorese, e funções involuntárias mediadas pela atividade de fibras musculares, cardíacas e glandulas. Simpático Funções: prepara e mobiliza o corpo para uma emergência/ ação; A estimulação simpática provoca: aumento da frequência cardíaca, dilatação brônquica, liberação de adrenalina e noradrenalina, dilatação arteriolar ao nível do músculo-esquelético, aumento da sudação, dilatação pupilar, contrição arteriolar cutânea e intestinal e inibição da micção e do peristaltismo; Parassimpático Funções: Regula o repouso e funções vegetativas, e promove a conservação e armazenamento de energia; A estimulação parassimpática provoca: motilidade intestinal, da salivação e da absorção intestinal, há diminuição da frequência cardíaca, constrição brônquica, início da micção e constrição pupilar; 2) Como está organizado funcionalmente o SNA? Sistema Nervoso Autónomo Encontra-se sob influência de múltiplos fatores, nomeadamente: centros superiores como o hipotálamo e a amígdala, tronco cerebral, neurónios medulares (medula espinhal), diversos estímulos provenientes de neurónios aferentes periféricos e viscerais. Tem, como função, manter a homeostasia, ou seja, o equilíbrio do meio interno, controlando funções viscerais como pressão arterial, motilidade do trato gastrointestinal, vesical e a sudorese, e funções involuntárias mediadas pela atividade de fibras musculares, cardíacas e glêndulas. Sistema Nervoso Central Periférico Sensorial/ aferente Motor/ eferente Sistema nervoso autónomo/ vegetativo (SNA) simpático parassimpático entérico sistema nervoso somático (SNS) SNS: potencial de ação do SNC »»» músculos esqueléticos. SNA: potencial de ação do SNC »»» musculo liso, cardíaco e glândulas.

Problema 12 SOF2 Neurologia

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Page 1: Problema 12 SOF2 Neurologia

Problema 12 SOF2 Neurologia

1)Quais as funções do SNA, nomeadamente na homeostasia corporal?

Tem, como função, manter a homeostasia, ou seja, o equilíbrio do meio interno, controlando funções viscerais como pressão

arterial, motilidade do trato gastrointestinal, vesical e a sudorese, e funções involuntárias mediadas pela atividade de fibras

musculares, cardíacas e glandulas.

Simpático

Funções: prepara e mobiliza o corpo para uma emergência/ ação;

A estimulação simpática provoca: aumento da frequência cardíaca, dilatação brônquica, liberação de adrenalina e

noradrenalina, dilatação arteriolar ao nível do músculo-esquelético, aumento da sudação, dilatação pupilar,

contrição arteriolar cutânea e intestinal e inibição da micção e do peristaltismo;

Parassimpático

Funções: Regula o repouso e funções vegetativas, e promove a conservação e armazenamento de energia;

A estimulação parassimpática provoca: motilidade intestinal, da salivação e da absorção intestinal, há diminuição

da frequência cardíaca, constrição brônquica, início da micção e constrição pupilar;

2) Como está organizado funcionalmente o SNA?

Sistema Nervoso Autónomo

Encontra-se sob influência de múltiplos fatores, nomeadamente:

centros superiores como o hipotálamo e a amígdala,

tronco cerebral,

neurónios medulares (medula espinhal),

diversos estímulos provenientes de neurónios aferentes periféricos e viscerais.

Tem, como função, manter a homeostasia, ou seja, o equilíbrio do meio interno, controlando funções viscerais como pressão

arterial, motilidade do trato gastrointestinal, vesical e a sudorese, e funções involuntárias mediadas pela atividade de fibras

musculares, cardíacas e glêndulas.

Sistema Nervoso

Central

Periférico

Sensorial/ aferente

Motor/ eferente

Sistema nervoso autónomo/

vegetativo (SNA)

simpático

parassimpático

entérico

sistema nervoso somático (SNS)

SNS: potencial de ação do SNC »»» músculos esqueléticos.

SNA: potencial de ação do SNC »»» musculo liso, cardíaco e glândulas.

Page 2: Problema 12 SOF2 Neurologia

Simpático

Funções: prepara e mobiliza o corpo para uma emergência/ ação;

A estimulação simpática provoca: aumento da frequência cardíaca, dilatação brônquica, liberação de adrenalina e

noradrenalina, dilatação arteriolar ao nível do músculo-esquelético, aumento da sudação, dilatação pupilar,

contrição arteriolar cutânea e intestinal e inibição da micção e do peristaltismo;

A nível anatómico,

1 cadeia de gânglios simpáticos paravertebrais, situada bilateralmente ao longo da coluna vertebral, com

cerca de 22 a 23 gânglios que se estendem de C2 até ao cóccix.

Neurónios pré-ganglionares, que estabelecem a ligação entre a medula espinhal e o gânglio nervoso (curto,

eferindo do corno lateral do H medular), onde realizam sinapses num gânglio nervoso, libertando acetilcolina

(ACh) que irá atuar sobre os recetores nicotínicos; estendem-se dos núcleos das colunas inter-medio-laterais

dos segmentos T1 a L3 da medula espinhal, aos gânglios autonómicos para-vertebrais (cadeia simpática) e pré

vertebrais; saem da medula pela raiz anterior e comunicam com a cadeia ganglionar por meio de fibras

mielinizadas – ramos comunicantes brancos;

Fibras nervosas pós-ganglionares, que partem dos gânglios e são muito longas para que atinjam os órgãos-

alvo; realizam sinapses com os órgãos-alvo, libertando-se (nor)adrenalina que irá atuar sobre os recetores

adrenérgicos α ou β, dependendo do tecido envolvido; juntam-se aos respetivos nervos espinhais por meio de

fibras amielizadas – ramos comunicantes cinzentos.

Os gânglios pré-vertebrais situam-se anteriormente à coluna vertebral e circundam os ramos viscerais da

aorta (gânglio celíaco, mesentérico superior e mesentérico inferior).

Dos segmentos T1 a T3 partem fibras para a cabeça e pescoço, de T3 a T11 para os membros superiores e

vísceras torácicas e abdominais e de T12 a L2 para os membros inferiores vísceras pélvicas.

Exceções:

fibras que inervam as glândulas sudoríparas realizam sinapses ganglionares e terminais (nos órgãos-alvo)

mediadas por ACh.

inervação da glândula supra-renal, em que as fibras pré-ganglionares curtas, embora libertem igualmente Ach,

não realizam a sinapse ganglionar nervosa típica, uma vez que a própria glândula supra-renal atua como

gânglio nervoso, produzindo e libertando catecolaminas.

Page 3: Problema 12 SOF2 Neurologia
Page 4: Problema 12 SOF2 Neurologia

Parassimpático

Funções: Regula o repouso e funções vegetativas, e promove a conservação e armazenamento de energia;

A estimulação parassimpática provoca: motilidade intestinal, da salivação e da absorção intestinal, há diminuição

da frequência cardíaca, constrição brônquica, início da micção e constrição pupilar;

Page 5: Problema 12 SOF2 Neurologia

Anatomicamente,

situa-se na porção crânio- caudal da coluna vertebral;

Fibras pré-ganglionares são longas (contrário ao SNA Simpático) e mielinizadas, estendem-se dos núcleos do

tronco encefálico e dos segmentos sacros da medula espinhal (S2, S3, S4) até aos gânglios periféricos, onde

realizam sinapses;

Fibras pós-ganglionares são curtas e amielinizadas (porque os gânglios nervosos se situam próximos do tecido-

alvo) e partem dos neurónios ganglionares para os órgãos efetores;

Fibras parassimpáticas sacras têm origem nas células da coluna inter-medio-lateral de S2, S3, S4, realizam

sinapse em gânglios próximos das vísceras, de onde partem fibras pós ganglionares para suprir a bexiga, cólon

descendente, reto, ânus e órgãos genitais;

Células nervosas localizadas no tronco cerebral constituem os núcleos parassimpáticos dos seguintes pares

cranianos: oculomotor, III (núcleo de Edinger-Westphal), facial, VII (núcleo salivar superior, núcleo lacrimal),

glossofaríngeo, IX (núcleo salivar inferior) e, com 75% das fibras, o vago (núcleo dorsal do vago).

Os receptores ganglionares são colinérgicos nicotínicos enquanto que, nos órgãos-alvo, são muscarínicos.

NOTAS:

O núcleo de Edinger-Westphal, no mesencéfalo, envia fibras pré-ganglionares para o gânglio ciliar, de onde partem

fibras pós-ganglionares para o esfíncter da íris (contração pupilar) e para o músculo liso do corpo ciliar (acomodação do

cristalino).

O nervo facial envia fibras pré-ganglionares parassimpáticas para os gânglios ptérigo-palatino e submandibular, cujas

fibras pós-ganglionares suprem as glândulas lacrimais, as glândulas salivares submandibulares e sublinguais e a mucosa

no assoalho da boca.

O nervo glossofaríngeo, através do gânglio ótico, fornece inervação parassimpática para a glândula parótida.

O nervo vago supre praticamente todas as vísceras torácicas e abdominais até à flexura esplénica do colón.

Page 6: Problema 12 SOF2 Neurologia

As respostas simpáticas são generalizadas enquanto que as respostas parassimpáticas são mais localizadas. O controlo

superior dessas respostas é da responsabilidade do hipotálamo e do tronco cerebral.

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Entérico

Consiste em plexos localizados na espessura da parede do

tubo digestivo

Os neurónios estão relacionados com a via gastrointestinal

para controlar muitas das suas funções

Intestino tem um extenso sistema de células na sua parede

que não se adequam na divisão parassimpática e simpática

do SNA

o Esses neurónios e os plexos entéricos funcionam de

forma mais ou menos independente, de acordo com os

seus próprios códigos reflexos

o Assim, muitas funções intestinais prosseguem bem sem

a supervisão simpática e parassimpática.

Os neurónios da parede do intestino incluem:

o neurónios sensoriais de projecção local e central:

monitoram condições mecânicas e químicas no

intestino, ou seja, detectam alterações na composição

química do conteúdo do tubo digestivo ou estiramento

das suas paredes.

o Neurónios de associação: ligam entre si os neurónios

entéricos sensoriais e os motores

o neurónios motores: controlam a actividade dos

músculos liso na parede do intestino (estimulando ou

inibindo a sua contracção) e secreções grandulares.

As células intrínsecas da parede do intestino é organizada

em:

o Plexo mientérico- dedicado a regular a musculatura do

intestino

o Plexo submucoso-localizado abaixo da membrana

mucosa do intestino; ocupa-se com o monitoramento químico e com a secreção glandular

Nos plexos mioentérico e submucoso, alguns neurónios são inervados por fibras nervosas simpáticas provenientes da

cadeia paravertebral e dos gânglios colaterais, como também, por fibras nervosas parassimpáticas dos nervos vago; os

restantes neurónios são independentes da regulação autónoma.

As fibras nervosas neuropeptidérgicas intrínsecas e pós-ganglionares autónomas suprem com inervação macrófagos,

linfócitos T, plasmócitos e outras células do sistema imunitário, o que proporciona uma rede reguladora das defesas do

trato gastrointestinal e da reação imunitária do tecido linfóide associado ao intestino (GALT).

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Sistema Nervoso Autónomo Imunitário

é representado por circuitos envolvidos na modulação da intensidade do sistema imunitário;

participa tanto do sistema nervoso autónomo simpático como no parassimpático;

É hipotálamo que regula as funções neurovegetativas, incluindo a intensidade da resposta inflamatória.

Page 14: Problema 12 SOF2 Neurologia

Informação adicional:

Na medula óssea e no timo, as fibras simpáticas modulam a proliferação celular, a diferenciação e a mobilização.

No baço e nos linfónodos, as fibras simpáticas modulam a reação imunitária inata e o intervalo de tempo das respostas

imunológicas adquiridas, particularmente a escolha da resposta imunitária celular (Th1) ou a resposta imunitária

humoral (Th2).

As fibras autónomas regulam, também, as respostas inflamatórias no tecido linfóide associado à mucosa do intestino

(GALT – placas de peyer), dos brônquios (BALT) e da pele.

A ampla inervação neuropeptidérgica está presente no parênquima dos órgãos linfóides.

Os nervos simpáticos pós-ganglionares também suprem hepatócitos e adipócitos.

Controlo sensorial do sistema motor visceral

SNA requer retroalimentação (feedback) sensorial para controlar e modular as suas diversas funções

Fibras aferentes/ sensoriais viscerais localizam-se: nos gânglios das raízes dorsais ou nos gânglios associados aos nervos

cranianos (nervo vago, glossofaríngeo e facial)

Neurónios dos gânglios da raíz dorsal enviam:

Perifericamente um axónio que termina em especializações sensoriais receptoras

Centralmente um a axónio que termina numa parte do corno dorsal da medula espinhal- onde os neurónios pré

ganglionares das divisões simpática e parassimpática estão localizados

Page 15: Problema 12 SOF2 Neurologia

Adicionalmente ramos desses

neurónios viscerais sensoriais (n

apresentados na imagem) bem como

a entrada aferente dos nervos

cranianos relevantes à sensação

visceral, convergem para o núcleo do

trato solitário do bulbo

Integra um vasto espectro de informação

sensorial viscerais, transmitindo-a para o

hipotálamo e os núcleos relevantes do

tegmento do tronco encefálico.

Toda a informação visceral da qual não

estamos conscientes é essencial para o bom

funcionamento do reflexo vegetativos ( ex:

controle cardiovascular; controle da bexiga)

Page 16: Problema 12 SOF2 Neurologia

Resposta do sistema visceral

Page 17: Problema 12 SOF2 Neurologia

Regulação vegetativa da bexiga

3) Qual o papel dos receptores colinérgicos, nomeadamente os muscarínicos e nicotínicos, no SNA?

Os recetores para neurotransmissores originam sinais elétricos por abrirem ou fecharem canais iónicos na membrana pós-

sináptica. O tipo de canal iónico afetado pelo neurotransmissor e a concentração de iões dentro e fora da célula determinam se

a ação pós-sináptica é inibitória ou excitatória.Temos dois tipos de recetores:

Recetores para neurotransmissores

Ionotrópicos Metabotrópicos

São ativados por ligante e

originam respostas pós-

sinápticas rápidas.

Produzem efeitos pós-

sinápticos mais lentos e que

podem durar mais tempo.

recetores colinérgicos

nicotínicos para a Ach

recetores colinérgicos

muscarínicos para a Ach

Page 18: Problema 12 SOF2 Neurologia

São proteínas inseridas na membrana plasmática de células pós-sinápticas.

Os domínios da molécula recetora, que se estendem até à fenda sináptica, ligam os neurotransmissores libertados neste

espaço pelo neurónio pré-sináptico. A ligação de neurotransmissores, direta ou indiretamente, provoca a abertura ou fecho

dos canais iónicos na membrana pós-sináptica. O fluxo iónico resultante altera o potencial da membrana da célula pós-

sináptica, mediando assim a transferência de informação através da sinapse.

Recetores ionotrópicos/ Canais iónicos ativados por ligante

Estão diretamente ligados aos canais iónicos;

Contêm 2 domínios funcionais: 1 extracelular que liga o neurotransmissor + 1 que se estende através da

membrana formando um canal iónico;

Combinam as funções de ligante do neurotransmissor e de canal numa única entidade molecular;

São multímeros com pelo menos 4 ou 5 subunidades proteicas, cada uma contribuindo para a formação do

poro do canal iónico;

P.ex.: recetores colinérgicos nicotínicos para a Ach.

Recetores metabotrópicos/ acoplados à proteína G

O movimento resultante dos iões ao atravessarem o canal iónico depende de pelo menos 1 passo

metabólico;

Não têm canais iónicos a integrar a sua estrutura e só podem afetar canais vizinhos mediante a ativação de

moléculas intermediárias – proteínas G;

São proteínas monoméricas com um domínio extracelular que liga o neurotransmissor, e um domínio

intracelular que se liga à proteína G;

A ligação dos neurotransmissores aos recetores ativa proteínas G, que se dissociam do recetor e ou

interagem diretamente com os canais iónicos ou vão ligar-se a outras proteínas efetoras (como as enzimas)

para produzir mensageiros intracelulares que abrirão ou fecharão canais iónicos;

Tipicamente, a resposta produzida é mais lenta, por ser necessário que as várias proteínas G se liguem aos

respetivos locais;

O processamento bioquímico intracelular começa quando sinais químicos extracelulares (como neurotransmissores, hormonas e

fatores tróficos) se ligam a recetores específicos expressos em células-alvo. Esta ligação ativa os recetores e estimula cascatas de

reações intracelulares, envolvendo proteínas ligantes de GTP, moléculas de 2os

mensageiros, proteínas cinases, canais iónicos e

outras proteínas efetoras que alteram temporariamente o estado fisiológico da célula-alvo.

P.ex.: recetores colinérgicos muscarínicos para a Ach

Page 19: Problema 12 SOF2 Neurologia

Sinalização Molecular

A comunicação química coordena o comportamento das células nervosas e gliais individuais em processos fisiológicos, desde a

diferenciação celular até à aprendizagem e à memória. De facto é a sinalização molecular que coordena e possibilita a realização

de todas as funções do encéfalo.

A sinalização química não se resume só às sinapses. Podemos ter, ainda sinalização endócrina e parácrina.

Qualquer sinalização química requer 3 componentes:

1. Sinal molecular (transmite informação de uma célula para outra)

2. Molécula recetora (traduz a informação recebida pelo sinal)

3. Molécula-alvo (medeia a resposta celular, onde ocorre a transdução intracelular de sinal)

Exemplo de transdução intracelular de sinal

1. Sinal: neurotransmissores

2. Molécula recetora: recetores de neurotransmissores

3. Molécula-alvo: canais iónicos

Vantagem importante: amplificação do sinal!

Refere-se à secreção de hormonas na

circulação sanguínea, permitindo-lhes

chegar a qualquer célula-alvo do corpo.

Tem um maior alcance e envolve a

secreção de sinais químicos a um

grupo de células-alvo próximas.

Page 20: Problema 12 SOF2 Neurologia

A amplificação ocorre porque reações de sinalização individuais podem produzir um grande número de produtos e, também,

porque os processos de transdução de sinal são mediados normalmente por um conjunto de reações enzimáticas sequenciais,

cada qual com o seu próprio fator de amplificação – um pequeno número de células que pode ativar um número bastante

elevado de moléculas-alvo. Este processo garante que determinada resposta fisiológica acabe por ser estabelecida apesar de

influências potencialmente adversas.

Ativação de vias de sinalização

Os componentes moleculares das vias de transdução de sinal são sempre ativados por uma molécula sinalizadora que pertence

a 1 de 3 classes: impermeáveis à célula, permeáveis à célula e moléculas sinalizadoras associadas à célula.

São moléculas secretadas, podendo

atingir células-alvo distantes do

local de síntese/ libertação do sinal;

Ligam-se a recetores associados à

membrana celular;

Têm uma vida curta pois são

rapidamente metabolizadas;

p.ex.: neurotransmissores

São moléculas secretadas,

podendo atingir células-alvo

distantes do local de síntese/

libertação do sinal;

Podem passar através da

membrana plasmática para

atuar diretamente nos recetores

presentes no interior da célula.

Estão posicionadas na face

extracelular da membrana

plasmática.

Page 21: Problema 12 SOF2 Neurologia

Tipos de recetores

As respostas celulares são determinadas pelos recetores presentes na célula pós-sináptica, que se ligam às moléculas

sinalizadoras. Esta ligação causa uma alteração na conformação do recetor, disparando consequentemente a cascata de

sinalização. Uma vez que os sinais químicos podem atingir tanto a membrana plasmática como o citoplasma, existem recetores

de ambos os lados da membrana.

Os recetores para moléculas de sinalização impermeáveis (neurotransmissores, p.ex.), são proteínas que atravessam a

membrana e apresentam componentes quer na parte interna quer na parte externa da superfície celular.

O seu domínio extracelular inclui um sítio de ligação

O seu domínio intracelular ativa cascatas de sinalização, após a ligação da molécula de sinalização

Estes recetores agrupam-se em 3 famílias:

1. Recetores acoplados a canais

2. Recetores acoplados a enzimas

3. Recetores acoplados à proteína G

Temos, ainda, outro tipo de recetores – recetores intracelulares.

Page 22: Problema 12 SOF2 Neurologia

Proteínas G

2os

mensageiros

Atuam como sinais intracelulares, diferindo no mecanismo pelo qual são produzidos e removidos, bem como nos alvos e efeitos

na cascata de sinalização respetiva. São alguns exemplos:

Page 23: Problema 12 SOF2 Neurologia
Page 24: Problema 12 SOF2 Neurologia

Os organofosforados são um grupo de compostos químicos derivados do ácido fosfórico, amplamente utilizados em

agropecuária como inseticidas, podendo causar intoxicações acidentais em animais e humanos, e até mesmo ser utilizados em

tentativas de suicídio.

Nos últimos anos e à medida que a utilização de insecticidas e pesticidas se vai difundindo no trabalho agrícola, observou-se um aumento significativo das intoxicações provocadas por estes produtos. Os mais utilizados são os organofosforados, como o parathion, e os halogéneos, como o DDT. A toxicidade destes produtos é tão grande que, para além de conseguirem desencadear uma intoxicação caso sejam ingeridos acidentalmente por via digestiva, também o podem fazer quando são inalados e, até mesmo, através do contacto com a pele.

Estes compostos inibem as colinesterases, principalmente a acetilcolinesterase (AchE7), aumentando o nível de

acetilcolina nas sinapses.

A acumulação de acetilcolina nos locais muscarínicos é responsável pela maior parte dos sintomas. Aumento das secreções (broncorreia, salivação, lacrimejo e sudação), broncoconstrição, bradicardia, vómito e aumento do trânsito intestinal são comuns nesta fase.

A acumulação de acetilcolina nos locais nicotínicos (junção neuromuscular) levam a fasciculação muscular e paralisia flácida.

No cérebro os efeitos de inibição das acetilcolinesterases conduzem a dor de cabeça, insónia e confusão. Após exposição severa é possível a ocorrência de convulsões, discurso incoerente e intermitente, coma e depressão respiratória.

A morte pode ocorrer nesta fase devido aos efeitos cardíacos (bradicardia e outras arritmias), respiratórios (depressão respiratória) e no cérebro (depressão dos centros vitais). Esta fase prolonga-se usualmente por um período de 24-48 horas e constitui uma fase de emergência médica que requer assistência numa unidade de cuidados intensivos. Nesta fase existe uma sensibilidade aumentada a fármacos hidrolisados por estas enzimas.

Os organofosforados formam um éster com o grupo OH da

Serina que se encontra no centro activo da enzima,

Ocorre alteração conformacional da

mesma, induzida conjuntamente com

a histidina por um mecanismo de desacetilação.

A enzima colinesterase fica bloqueada e inactiva

A acetilcolinesterase

não pode mais decompor a acetilcolina

Acetilcolina acumula-se nos

receptores sinápticos e fica

sempre ligada a eles

Constantes transmissões

nervosas no sistema parassimpático

Page 25: Problema 12 SOF2 Neurologia

Nicotina e Muscarina

Quando administrado em doses baixas a moderadas, a nicotina atua como um agonista colinérgico, estimulando os receptores

nicotínicos da acetilcolina. A nicotina é absorvida na maioria das membranas do organismo. Posteriormente, é distribuída pela

corrente sanguínea até aos locais onde irá exercer a sua ação farmacológica. Os efeitos da nicotina podem ser rapidamente

observados, pois o seu tempo de semi-vida é de apenas oito minutos. A nicotina ativa encontra-se sob a forma de catião cuja

carga está localizada no nitrogénio do anel pirrol, apresentando uma estrutura muito semelhante à da acetilcolina (maior

neurotransmissor). A acetilcolina pode ligar-se a dois tipos diferentes de recetores: recetores nicotínicos (ativados pela nicotina)

e muscarínicos (ativados pela muscarina). A nicotina e a muscarina constituem os agonistas seletivos de determinados tipos de

recetores colinérgicos. A nicotina liga-se de forma competitiva aos recetores nicotínicos colinérgicos, alterando a conformação

destes recetores e permitindo a abertura do canal iónico por alguns milissegundos. Com a abertura do canal ocorre o efluxo de

potássio para o meio extracelular e ao mesmo tempo ocorre o influxo de sódio e cálcio para o interior da célula, ocorrendo a

despolarização da membrana celular iniciando-se um potencial de ação. Posteriormente o canal fecha, e o recetor fica

momentaneamente refractário aos agonistas: estado de dessensibilização. O recetor readquire a sua conformação inicial, ou

seja, fecha e torna-se sensível aos agonistas.

No caso de uma exposição contínua à nicotina ocorre um bloqueio devido à dessensibilização do recetor. Por causa deste

bloqueio são sintetizados mais recetores nicotínicos para suprir os que estão bloqueados, o que aumentará consideravelmente

o número de recetores (principalmente no cérebro) levando à tolerância. No entanto este bloqueio não é permanente sendo,

portanto, reversível

Constrição da pupila

Salivação excessiva

Bradicardia

Broncoconstrição; muita

tosse; sibilos

Cólicas; aumento do

trânsito intestinal;

diarreia

Incontinência urinária

Page 26: Problema 12 SOF2 Neurologia

4) Quais as acções da ACh no SN simpático e parassimpático?

Neurotransmissores

A acetilcolina é o neurotransmissor das fibras pré e pós ganglionares do sistema nervoso parassimpático e das fibras pré

ganglionares do sistema nervoso simpático.

A noradrenalina é o principal neurotransmissor das fibras pós ganglionares simpáticas, à exceção das glândulas sudoríparas,

cujo neurotransmissor é a Ach.

Os neurónios ganglionares têm 2 tipos de recetores para a acetilcolina:

Nicotínicos

Muscarínicos

recetores colinérgicos pós ganglionares (células efetoras)

Existem 2 tipos de principais recetores nas terminações adrenérgicas:

α

A sua estimulação está associada à maioria das funções

excitatórias do sistema nervoso simpático (contração do

músculo liso, vasoconstrição, dilatação pupilar, etc.)

β

Recetores β1 localizam-se no miocárdio e β2 principalmente

nos pulmões (cuja estimulação produz broncodilatação).

Secreção e Remoção de Neurotransmissores

Metabolismo da noradrenalina em neurónios dopaminérgicos

A sua síntese inicia-se no axoplasma, sendo completada nas vesículas presentes nas terminações sinápticas, onde participam

diversas enzimas:

tirosina hidroxilase (converte a tirosina em DOPA),

DOPA descarboxilase (converte DOPA em Dopamina),

dopamina beta-hidroxilase (converte dopamina em noradrenalina)

a feniletanolamina n-metil transferase (converte a noradrenalina em adrenalina – sendo esta conversão exclusiva da

medula da glândula supra-renal).

A remoção deste neurotransmissor da fenda ocorre também por difusão, recaptação pelas vesículas ou ainda pela ação das

enzimas MAO e COMT.

Page 27: Problema 12 SOF2 Neurologia

A ação da Ach cessa quando é hidrolisada pela AChE presente

na fenda sináptica em:

Acetato + Colina

Metabolismo da Acetilcolina nos terminais de neurónios colinérgicos

A acetilcolina é um mediador químico de sinapses no SNC, SNP e junções neuromusculares.

Sistema de neurotransmissão colinérgica: Ach + AChr + aparato enzimático

Acetil coA + Colina

Tipos de colinesterases

1. AChE: enzimas com muita afinidade para a acetilcolina. Estão ligadas à membrana neuronal e presentes em todas as

sinapses colinérgicas (esta é a enzima com maior eficiência catalítica).

2. BChE: enzimas com muita afinidade para a butirilcolina e estão presentes em todos os tecidos.

Glicerofosforilcolina

Fosforilcolina

fosfatilcolina

geram

Após a libertação de Ach inteiramente por exocitose, interage

especificamente com os recetores colinérgicos presentes nas

membranas pré e pós sinápticas

Ach é transportada e armazenada em

vesículas sinápticas

Transportada para o

SNC pela circulação

sanguínea

Entra para o terminal

pré-sináptico por

meio de canais

transportadores

dependentes de Na+

ACh

ChAT

VAChT

No axoplasma

- O aumento da permeabilidade aos íons cálcio permite difusão do

neurotransmissor para o interior do neurônio.

- Na fenda sináptica ocorrerá remoção do neurotransmissor por

difusão, por recaptação pelas vesículas ou pela degradação

enzimática (acetilcolinesterase – AChE).

Legenda:

Ach: acetilcolina

ChAT ou CAT: colina-o-acetil-transferase

VAChT: transportador vesicular de Ach

AChE: enzima acetilcolinesterase/ colinesterase específica/verdadeira

RCN: recetor colinérgico nicotínico

RCM: recetor colinérgico muscarínico

BChE/BuChE: butiril-acetil-colinesterase/ pseudocolinesterase/esterase sérica

IEBP: inibidor endogéneo de baixo peso molecular

Page 28: Problema 12 SOF2 Neurologia

Atividade Fisiológica dos Recetores Autónomos

α 1: vasoconstrição, midríase, glicogenólise hepática, relaxamento da musculatura lisa do trato gastrointestinal,

secreção salivar espessa, secreção de suor nas extremidades (suor frio).

α 2: inibem a liberação do neurotransmissor, atuando como um mecanismo de feedback negativo. Controlam a

liberação de insulina pelo pâncreas endócrino.

β 1: taquicardia, lipólise e relaxamento da musculatura lisa do trato gastrointestinal.

β 2: vasodilatação, broncodilatação, relaxamento da musculatura lisa do trato gastrointestinal e glicogenólise hepática.

β 3: lipólise.

A maioria das alterações clínicas do sistema nervoso autónomo resultam de atividade insuficiente ou exagerada provocando,

por exemplo:

A insuficiência simpática adrenérgica causa hipotensão ortostática e distúrbio ejaculatório;

A insuficiência simpática colinérgica causa anidrose;

A insuficiência parassimpática, causa: dilatação pupilar, frequência cardíaca inalterada, atonia do intestino grosso,

distúrbio eréctil, etc.

5) Quais as consequências da inibição da colinesterase no SNA?

Os compostos organofosforados são inibidores da colinesterase, impedindo a inativação da acetilcolina, permitindo assim, a

ação mais intensa e prolongada do mediador químico nas sinapses colinérgicas, a nível de membrana pós-sináptica. A

acetilcolina é sintetizada no neurónio a partir da acetilcoenzima A e da colina. É inativada por hidrólise sob ação da

acetilcolinesterase, com formação de colina e acido acético que, por sua vez, são reutilizados para formar acetilcolina. A

acetilcolina é o mediador químico necessário para transmissão do impulso nervoso em todas as fibras pré ganglionares do SNA,

todas as fibras parassimpáticas pós-ganglionares e algumas fibras simpáticas pós-ganglionares. Ainda é o transmissor neuro-

humoral do nervo motor do músculo estriado (placa mioneural) e algumas sinapses interneurais do SNC. Para que haja a

transmissão sináptica é necessário que a acetilcolina seja libertada na fenda sináptica e que se ligue a um recetor pós-sináptico.

De seguida, a Ach disponível é hidrolisada pela acetilcolinesterase. Quando há a inibição da acetilcolinesterase, há uma

acumulação de acetilcolina na fenda, levando a uma hiperestimulação colinérgica.

Suspeita-se de intoxicação por organofosforados quando o paciente provém de uma área rural, tem exposição ocupacional, ou

quando apresenta sintomatologia importante de acometimento do SNC (convulsões), ou quando a atropinização é feita

corretamente, sem melhora da sintomatologia muscarínica.

A intoxicação por inbidores da colinesterase tem um quadro clínico característico de hiperestimulação colinérgica.

O tratamento das intoxicações por organofosforados baseia-se principalmente no uso da atropina, antídoto sintomático e, com

menor frequência, das oximas, antídotos específicos que reativam as colinesterases.

Estes efeitos levam ao lacrimejar, salivação, sudorese, diarreia, tremores e distúrbios cardiorrespiratórios. Estes últimos são

decorrentes de broncoconstrição, aumento das secreções brônquicas e bradicardia, bem como de depressão do sistema nervoso

central, sendo as principais causas de morbidade e mortalidade por tais produtos. Alterações estruturais e funcionais

observadas nos músculos esqueléticos estão relacionadas com as estruturas químicas dos produtos e com o tipo de músculo,

sendo o diafragma o mais afetado, observando-se por vezes necrose muscular. Os organofosforados levam, ainda, à

hiperglicemia transitória até 05 vezes superior aos valores normais, sendo contudo contra-indicado o uso de Insulina.

A toxicidade destes produtos provoca, sobretudo, insuficiência cardiorrespiratória por comprometimento do sistema nervoso

autónomo. Sabe-se que alguns destes compostos induzem uma miopatia caracterizada por degeneração de células musculares,

comprometendo sobretudo os músculos implicados na respiração.