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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICOS: ALTERAÇÃO NA AQUISIÇÃO DA LEITURA - DISLEXIA ZENEIDE FERREIRA DA ROCHA ORIENTADORA SIMONE FERREIRA Rio de Janeiro 2011

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICOS: … · ALTERAÇÃO NA AQUISIÇÃO DA LEITURA - DISLEXIA ZENEIDE FERREIRA DA ROCHA ORIENTADORA SIMONE FERREIRA ... sobre o processo de linguagem

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICOS:

ALTERAÇÃO NA AQUISIÇÃO DA LEITURA - DISLEXIA

ZENEIDE FERREIRA DA ROCHA

ORIENTADORA

SIMONE FERREIRA

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICOS:

ALTERAÇÃO NA AQUISIÇÃO DA LEITURA - DISLEXIA

Rio de Janeiro

2011

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Zeneide Ferreira da Rocha

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AGRADECIMENTOS

A Deus

Aos meus filhos João Lucas e Andreza da

Rocha Reis

Aos meus pais pelas orações

Ao meu marido, Adail Costa pela força e

incentivo.

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RESUMO

O estudo em questão situado na área de educação com ênfase acerca dos problemas de aprendizagem específicos na escola: Alteração na aquisição da leitura – Dislexia surgiu no intuito de analisar propostas cientificas que atendam as necessidades de alunos disléxos de 1º ao 9º do Ensino Fundamental, e apresentar orientações adequadas à escola numa proposta psicopedagógica. Permitindo-nos uma análise das concepções de BEAUCLAIR, WEISS, CRUZ, PORTO, e outros autores que com seus estudos e pesquisas, que contribuíram para elucidar questões que interferem no desenvolvimento da leitura de alunos com dislexia, permitindo assim, mudanças significativas na educação e na vida dessas crianças.

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METODOLOGIA

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica.

Os autores utilizados nas pesquisas foram: Beauclair (2009), Weiss

(2010), cruz (2009), Porto (2009), Shaywitz (2006).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO 1 9

PESRPECTIVA HISTÓRICA ACERCA DE DISLEXIA 9

CAPÍTULO 2 21 SALA DE AULA 21

CAPÍTULO 3 33

ORIENTAÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS À ESCOLA 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS 43

BIBLIOGRAFIA 46

WEBGRAFIA 48

ÍNDICE 50

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INTRODUÇÃO

O tema deste estudo é transtorno da aprendizagem específica na

escola: detecção, avaliação e metodologia. A questão central deste trabalho:

Quais as queixas sinalizadas pelos pais ou professores, para uma possível

identificação precoce da dislexia, e o que deve ser indicado aos pais, à sala de

aula e a escola numa atuação psicopedagógica. O tema sugerido é de

fundamental relevância, pois, muitos são os problemas específicos que podem

interferir no processo de aprendizagem do aluno durante a escolarização.

Quando esses problemas são detectados cedo, ou seja, no início da vida

escolar, criam-se possibilidades de articular ações que promovam a

aprendizagem desse aluno, sem muitos prejuízos.

A dislexia é um dos transtornos de aprendizagem específicos, que

alteram o processo de aquisição da leitura afeta não só na vida escolar, mas

também na vida adulta.

Na sala de aula, o aluno disléxo, sem ter sido diagnosticado pode

passar por situações constrangedoras, atingindo sua autoconfiança, causando-

lhe situações de fracassos, e até gerar outras dificuldades.

Hoje é comum ouvir conversas sobre dislexia, principalmente entre

professores e profissionais da educação. Observa-se que alguns conhecem

bem sobre o assunto, mas não sabem como proceder diante do problema.

Outros desconhecem e o banalizam, inflige o termo “dislexia” de formas

aleatórias, a qualquer dificuldade demonstrada pelo aluno. Diante desse

contexto, faz-se necessário um estudo acerca do tema, no intuito de analisar

concepções cientificas adequada, que diversifiquem as propostas de

intervenção especifica na comunidade escolar (pais, alunos e professores) e,

sobre tudo, aprimore a atenção devida ao aluno que seja respeitado seu ritmo

e limitações contribuindo no seu desenvolvimento de forma tranqüila e segura.

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Assim neste trabalho pretende-se de forma clara expor sobre a

complexidade do entendimento de um dos transtornos de leitura: dislexia.

Abordando-se concepções significantes nas propostas e ações

interventivas que irão favorecer as interações em sala de aula e o

desenvolvimento de aprendizagem da leitura para disléxicos. Obtendo-se

oportunidade de conhecer novos paradigmas sob a luz da teoria da

psicopedagogia, é com base nas concepções de autores que se dispuseram

com suas mentes brilhantes, essas alterações de aprendizagem e com 0essa

busca incansável nos provam que é possível apresentar respostas

significativas para as nossas inquietações , assim, essa busca incansável nos

provam que é possível apresentar respostas buscam-se informações , sobre o

processo de linguagem e seus componentes e a disfunção que provoca o

insucesso dos leitores disléxicos no processo de aquisição da leitura.

O trabalho psicopedagógico implica na situação de aprendizagem do

sujeito individualmente ou em um grupo do seu próprio contexto. Essa

compreensão requer uma modalidade particular de atuação para cada situação

em estudo, isso significa que não há procedimentos predeterminados.

A metodologia do trabalho, ou seja, abordagem do tratamento, a forma

de atuação vai se construindo em cada caso na medida em que a problemática

aparece. Cada situação é única e requer dos especialistas psicopedagogos

atitudes especificas.

Diante dos processos de aprendizagem, o psicopedagogo busca

compreender as dificuldades de aprendizagem, posicionando-se de forma

preventiva e terapêutica para atender as necessidades do aluno e apoiá-lo no

seu processo de aprendizagem.

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CAPITULO 1

PERSPECTIVA HISTÓRICA ACERCA DA DISLEXIA

Para melhor compreender os discursos atuais acerca de

transtorno específicos de aprendizagem – Dislexia é necessário recorrer a sua

história, ou seja, os fatos que surgiram, como surgiram e principalmente como

foram tratados. Pois através dessa análise podem-se constatar os avanços e

ao mesmo tempo os desafios que impulsionam para uma mudança concreta no

contexto atual. Assim, como também é relevante destacar atuação

psicopedagógica diante das questões que interferem no processo de

aprendizagem do aluno, comprometendo seus aspectos dimensionais, ou seja,

dimensão racional, ligado a razão, afetivas ou desiderativas e relacionais.

Dimensões, que se complementam constituindo um ser pluridimensional ou

uma unidade de complexibilidade. É sobre esse ser, com suas diversidades,

seus sintomas, suas angústias que o psicpedagogo se coloca para apoiá-lo na

conquista de sua autonomia e de seu sucesso escolar.

O olhar do psicopedagogo se constrói na busca permanente da reflexão

teórica e através das vivências e pesquisas cotidianas abertas aos novos

paradigmas que apontam para a transdisciplinaridade e a complexidade.

(BEAUCLAIR, p.20,2008).

É neste campo de ação psicopedagógica na área de educação e

contribuição de várias ciências humanas que buscamos distinguir os

movimentos que constituíram de forma coerente sobre os relatos e tratamento

de pessoas disléxicas que antecederam os estudos atuais.

Os primeiros estudos sobre Dislexia foram realizados na segunda

metade do século XIX, por médicos da Grã-Bretanha, eles falavam sobre

crianças que eram inteligentes, habilidosos com os números e resolução de

problemas, eram também estimulados pelos pais e professores, mas que

apesar de sua inteligência, eles não conseguiam se apropriar da leitura.

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No final do século XIX, os médicos Oftalmologistas Hinshelwood e

Morgan, estudaram sobre crianças que também eram inteligentes, que vinham

de famílias escolarizadas, mas que não conseguiam ler.

Em 7 de novembro de 1996, motivado por trabalhos do Oftalmologista

do Dr. Hinshelwood, o Dr. W. Pringle Morgan escreveu sobre um garoto de 14

anos British Medical Journal, o seguinte artigo: Ele sempre foi brilhante, rápido

nos jogos, relacionava-se bem com os colegas da mesma classe e que apesar

de todos esses requisitos intelectuais e sensoriais, não conseguia aprender a

ler. Descreveu ainda que o garoto estivesse na escola desde os Sete anos de

idade e, muito tinha sido feito para que ele se apropriasse da leitura, que

apesar dos treinamentos persistentes ele só conseguia soletrar palavras de

uma sílaba e com grandes dificuldades.

Ao testar a capacidade do garoto com os números, o resultado foi

satisfatório, pois ele resolvia tudo com facilidade: leu as sentenças

matemáticas e as resolveu corretamente. O garoto dizia gostar de matemática,

não tinha dificuldade com ela, mas a palavra impressa ou escrita não tem

significado para ele. Assim, consegue ler o numeral 7, mas não a palavra sete.

Outras características eram descritas nessas investigações, pois, os

médicos consideravam os relatos da família, professores e do desenvolvimento

do paciente de fundamental importância nos trabalhos realizados. Assim

médicos da equipe de Morgan, descreveram que poderiam “acrescentar que o

menino era esperto e de inteligência média em seus diálogos”, seus olhos são

normais, sua visão é boa, relataram também, que o professor da criança

investigada, ensinou-lhe durante muitos anos dizendo ser uma criança bem

preparada se o ensino fosse completamente oral.

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1.1 Evoluções Conceituais

Nesse trabalho Dr. Morgan consegue descrever as características

básicas da descrição atual do desenvolvimento e aplicou o termo “cegueira

verbal”. Ele foi o primeiro a considerar o termo “cegueira verbal” uma disfunção

do desenvolvimento, que ocorre em crianças saudáveis.

O termo cegueira verbal foi um termo utilizado anteriormente pelo neurologista

alemão Adolf Kussmaul que pesquisou o caso de adulto que liam, mas que

perdeu a capacidade de ler.

Em 1990, D. Hinshelwood, publicou uma serie de artigos, incluindo

casos de crianças com cegueira verbal congênita. Essas crianças, não

apresentavam nenhuma lesão cerebral, mas apresentavam dificuldade ao

longo de seu desenvolvimento de leitura. Os relatos eram similares pelos fatos

de apresentarem crianças com dificuldades de leituras, mas que

demonstravam capacidade e inteligência para realizar. Sua definição para

dislexia mostrou que não se tratava de uma questão global e generalizada,

mas algo isolado e circunscrito, ou seja, algo limitado.

Segundo Shaywitz (2006) uma criança que é lenta em todas as

habilidades cognitivas não seria classificada como disléxica; Uma criança

disléxa teria que ter pontos fortes no que diz respeito à cognição e não apenas

problemas nas funções de leitura.

Assim, os relatos apontam que Hinshelwood dedicou-se a um número

crescente em suas pesquisas sobre a cegueira verbal e que trabalhou muito

para tornar publico suas observações, viabilizando-os através de palestras e

artigos no intuito de contribuir com suas informações, sobre os quadros clínicos

característicos e podendo ser diagnosticados com mais facilidade.

Shaywitz (2006) ressalta que Hinshelwood e seus colegas foram mais do

que simples observadores, ou registradores de suas descobertas; eles estavam

preocupados com as implicações do distúrbio; o quanto ele durava; sua

freqüência; que grupos de crianças corriam maior risco; qual tratamento era

melhor.

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1.2 Processos de Leitura e a Dislexia

Do século XIX até os dias atuais muitas pesquisas foram realizadas

sobre a Dislexia, mas os resultados mais determinantes surgiram nas

pesquisas realizadas nas ultimas décadas. Pesquisadores de áreas de

conhecimento diversificadas e com a evolução de novas técnicas, surgem

novas relatos de trabalhos realizado com pessoas disléxicas e assim, nascem

novas concepções cientificas e a cada tempo o número de especialistas em

estudar o assunto, cresce expressivamente.

Com base na análise da leitura, alguns processos psicológicos abordam

sobre os processos que constituem algumas intervenções inerentes a

decodificação no que se refere à Dislexia.

Assim, na psicologia da leitura podemos identificar quatro módulos

ligados à leitura: Perceptivo, léxico sintático e semântico, sendo que esta

complexidade também esta ligada a linguagem visual e a linguagem auditiva.

MÓDULO PERCEPITIVO

Segundo Citoler (2006) para estar presente na execução das atividades

cognitivas da particular importância a uma determinada componente da

memória, a memória de trabalho ou operativa, que consiste na habilidade para

reter o elaborar informações enquanto se vai processando outra informação

nova que vai chegando aos sistemas. Assim no processo da leitura é

necessário que a este nível da memória seja armazenado as letras, as palavras

ou frases de acordo com o nível do desenvolvimento do aprendiz.

MÓDULO SINTÁTICO

No módulo sintático refere-se, a compreensão como estão relacionadas

às palavras entre si, ou seja, ao conhecimento sobre a estrutura gramatical

básica exigindo do leitor uma leitura eficiente acerca das informações

absorvidas das palavras na leitura de um texto.

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MÓDULO LÉXICO

Segundo CRUZ (2007) no módulo léxico há duas maneiras de acesso

léxico: uma via direta ou léxica que permite a conexão do significado com os

sinais gráficos, através da intervenção da memória global das palavras, e uma

via indireta, fonológica ou subléxica, que recupera a palavra mediante a

aplicação das regras das regras de correspondência entre grafemas e

fonemas, levando a que se alcance o significado

Assim, os sinais auditivos ( e,i., fonéticos) passam, agora a corresponder aos

sinais visuais (e,i.,gráficos),ou seja, a aprendizagem da leitura coloca e assenta

num problema de transferência de sinais(Fonseca,1999, Apud Cruz, 2009,p.

134).

Sendo assim, na aprendizagem do desenvolvimento da leitura envolve a

decodificação de símbolos gráficos (i,e,.grafemas) e a sua associação

interiorizada com componentes auditivos( i,e.,fonema) que lhe acrescentam

um significado.

Segundo Fonseca, (1999) a leitura é um duplo segundo sistema

simbólico constituindo a aprendizagem por conseqüência, uma relação

simbólica entre o que se ouve e o que se diz, e o que se vê e lê.

Este autor também apresenta as fases que constituem a leitura que são:

1. Descodificação de letras e palavras pelo visual, através de uma

categorização (letra-som) que se verifica no córtex visual;

2. Identificação visuo-auditiva é tactilo-quinestésica, que se opera na área

de associação visual;

3. Correspondência símbolo-som (grafema-fonema), que traduz o

fundamento básico do alfabeto, ou seja, do código. Deste modo, cada letra tem

um nome ao qual está associada e, nesta operação de correspondência, está

envolvido um sistema cognitivo de conversões.

4. Integração visuo-auditiva (visuo-fonética) por análise e síntese, isto é,

quando se generaliza a correspondência letra-som. O girus angular processa

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esta informação em combinações de letras e sons, como se fossem

segmentos, os quais, depois de unidos, geram a palavra portadora de

significado;

5. Significação, envolvendo a compreensão através de um léxico, ou

melhor, de um vocabulário funcional que dá sentido às palavras. Cabe à área

de Wernicke a função de converter o sistema visuo-fonético num sistema

semântico.

Os sons são capitados pelas orelhas e levado-os até o córtex cerebral

da área de Wernicke,ponto convergente entre os lobos temporal, e

occipital,onde são decodificados e reconhecidos por meio da comparação com

sons já memorizados anteriormente.(RELVAS,2009,p.69).

MÓDULO SEMÂNTICO

O módulo semântico refere-se a compreensão do significado das

palavras, das frases e dos textos, isto é, extrair o significado das palavras o

qual tem que ser coordenado com as tonalidades imposta pela estrutura

gramatical e pelo contexto linguístico e extralingüístico, tendo ainda que ser

considerado a interrelação dos significados das palavras com conhecimento

anterior e procedente do leitor.

Desta forma, observa-se que no processo de leitura e a dislexia

percebe-se que, envolve um conjunto de que, embora podendo ser vistos a

partir de perspectivas como a psicologia cognitiva, a neuropsicologia e a

neuroliguistica. É também, nesse entrelaçamento de descobertas por

diferentes áreas no campo da educação, da saúde que temos acesso a

informação sobre ao funcionamento do nosso cérebro no momento da

aprendizagem da leitura.

As dificuldades específicas de aprendizagem da leitura misturam-se ao

nível do cognitivo do neurológico não existindo para as mesmas uma

explicação evidente (Rabelo, 1993, Apud Cruz, 2009, p. 149).

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Assim, se a escola e família investem de forma adequada na

aprendizagem dessa criança e ela participa de um ambiente que propicia as

condições necessárias para aprendizagem da leitura e, mesmo assim,

manifestam inesperadas dificuldades severas de aprendizagem, então, tudo

indica serem dificuldades específicas de leitura.

Nesta perspectiva Hearton e Winterson (1996) sugerem que existem causas

visíveis que equiparamos as dificuldades gerais escondida

Causa Visíveis:

1. Baixa inteligência (causa visível)

2. Escolaridade inadequada ou interrompida (causa visível)

3. Desvantagem socioeconômica (causa visível)

4. Deficiência física (causa visível)

5. Desordem neurológica visível (causa visível)

6. Problemas emocionais. (causa visível)

Diante das causas visíveis e escondidas são utilizadas diversas

expressões para definirem as dificuldades especificas de leitura, sendo o termo

Dislexia e o mais popular.

Assim o termo Dislexia, é atualmente aceito como se referindo a um

subgrupo de desordem dentro do grupo das dificuldades de aprendizagem

específica, mas que é freqüentemente usado de um modo abusivo, pois tem

sido dada a idéia incorreta de que todos os indivíduos com problema de leitura

ou de instrução, de um modo geral, têm dislexia (Kirk, 2005, Apud Cruz,2009,

p.151).

De acordo com Word Health organization (2004), a Dislexia é uma

desordem que se manifesta pela dificuldade em aprender a ler, apesar de a

instrução ser a convencional, oportunidades socioculturais, resulta de

discapacidade cognitivas que tem frequentemente uma origem estrutural

neurológico.

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1.2.1 Dislexia, Surgimento Classificação e Tipologia

Alguns autores enfatizam que é importante que se faça distinção entre a

Dislexia, para distingui-las depende do momento de seu surgimento, assim,

pode se classificar como dislexias adquiridas, as evolutivas ou

desenvolvimental.

As adquiridas: caracterizam-se por pessoas que foram leitoras

competentes e perde essas habilidades como conseqüência de uma lesão

cerebral;

As evolutivas: Incluem as pessoas que experimentam dificuldades na

aquisição de leitura.

Assim a principal diferença entre as dislexias adquiridas e as dislexias

evolutivas está no fato de que nas primeiras existe um acidente conhecido que

afeta o cérebro, (por um exemplo: Traumatismo craniano, lesão cerebral) e que

pode explicar a alteração, e quando que na desenvolvimental, as causas ainda

são investigadas.

Embora existam vários tipos de dislexia, apenas aprofundamo-nos em

três tipos, a fonológica, a superficial e a profunda.

Dislexia Adquirida

Fonológica: dificuldade no uso subléxico por lesão cerebral.

Superficial: dificuldade no uso do procedimento léxico por lesão

cerebral.

Profunda: dificuldade do uso de ambos os procedimentos por lesão

cerebral.

Dislexia Evolutiva

Fonológica: Dificuldade na aquisição do procedimento subdisléxo por

problemas fonológicos, perceptivo-visuais e neurobiológicos.

Na dislexia fonológica, os indivíduos lêem através da via léxica ou direta,

já que a fonológica (i. e., subléxica ou indireta) está alterada. Assim, os

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indivíduos com este tipo de alteração caracterizam-se por serem capazes de

ler as palavras regulares ou irregulares, desde que sejam familiares, sendo, no

entanto, incapazes de ler palavra desconhecidas (i.e., não familiares) ou

pseudo-palavras, já que não podem utilizar o mecanismo de conversão de

grafemas (por exemplo, podem ler “casa”, mas não “caso”).

Assim, os disléxicos fonológicos cometem muitos erros na leitura das

pseudo-palavras e, quando essas palavras se parecem com palavras

familiarizadas, ocorrem erros de lexicalização (leem braia ao em vez de praia).

Cometem também erros morfológicos ou derivados em que matem o

prefixo, mas mudam o sufixo, ou seja, andava em vez de andar.

Superficial: Dificuldade na aquisição do procedimento léxico por

problemas fonológicos, perceptivo-visuais e neurobiológicos.

Na dislexia superficial os indivíduos podem ler utilizando o procedimento

fonológico (via subléxica ou indireta), mas não conseguem fazer por intermédio

da via léxica direta, ou seja, o reconhecimento das palavras é feito através do

som. Os disléxicos superficiais, normalmente, são incapazes de reconhecer

uma palavra como um todo e, consequentemente, têm dificuldades com as

palavras irregulares, lendo melhor as palavras regulares, familiarizadas ou não.

Os indivíduos com esse tipo de alteração utilizam com freqüência

estratégias de tentativas e erros para ver se adivinham a pronúncia adequada

da palavra.

Mista: Dificuldade na aquisição de ambos os procedimentos por

problemas fonológicos, perceptivo-visuais e neurobiológicos.

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1.3 Estudos Recentes

Estudos das ultimas décadas apontam que os problemas disléxicos se

encontram na dificuldade de entender ou reconhecer o som das palavras,

sendo, portanto um problema fonológico. Dentre uma avaliação temos a

abordagem da equipe médica da Dr. Shawitz (2006).

Dentre esses, temos uma avaliação cientifica mais clara sobre dislexia

realizada pela equipe de pesquisadores da Dr. Shaywitz da Yale University em

que publicaram uma descoberta neurofisiológica justificando que a falta de

consciência fonológica seja uma possibilidade no defect da leitura, abordando

também os componentes fonológicos do sistema linguístico.

Segundo shawitz (2006) a dislexia não reflete um defeito generalizado

na linguagem, mas sim uma deficiência inerente a um componente específico

do sistema de linguagem: o modulo fonológico

O modulo fonológico é como se fosse uma fabrica de linguagem a parte

funcional do cérebro, onde os sons da linguagem são reconhecidos e

montados sequencialmente para formar palavras que são segmentadas em

sons elementares (Shaywitz. 2006 p. 43)

Sendo assim a dislexia é um problema de linguagem situado no modulo

fonológico, ou seja, o problema do disléxo está na dificuldade de reconhecer os

fonemas das palavras.

O modelo fonológico na perspectiva da Neurociência

O sistema de Linguagem seria composto por uma série de graduação de

módulos ou componentes. Cada módulo ou componente é responsável por

aspecto da linguagem, esse processo que se efetiva no cérebro, são rápidas e

automáticas e não podem ser controladas, são ações compulsivas.

Por isso, é impossível não escutar a conversa de alguém que está

sentada ao meu lado, conversando com outra pessoa numa sala de espera.

Assim, como é impossível também, desligar algo em nós para não ouvirmos

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músicas que não é de nosso interesse em um ambiente público. Não temos

como controlar essa função.

Nesta linha de pensamento, a equipe de pesquisadores da Dr² Shaywitz

conseguiu determinar a localização da disfunção no sistema de linguagem.O

sistema de linguagem foi destacado em níveis para compreender a localização

da pequena disfunção.

Localização da disfunção no sistema de linguagem ou sistema lingüístico:

A leitura e a fala

Discurso

Sintaxe

Semântica

Fonologia

A pesquisa revela com precisão que o problema da dislexia está no

nível mais baixo do sistema linguístico (Shaywitz, 2006, p.44)

Nos níveis superiores da Hierarquia da linguagem estão, por exemplo,

os componentes presentes na semântica (vocabulário ou significado das

palavras), na sintaxe (estrutura gramatical). No nível mais baixo da Hierarquia,

esta o módulo fonológico, que se dedica ao processo dos diferentes elementos

sonoros da linguagem.

A autora enfatiza ainda que o fonema é o elemento fundamental do

sistema lingüístico e o elemento essencial de todas as palavras ou escrita.

Por isso, no desenvolvimento da leitura, antes que as palavras sejam

identificadas, entendidas e armazenadas na memória devem primeiro ser

segmentadas em unidades menores, assim, é preciso identificar as letras, os

sons dos fonemas, e ao passo que isso vai acontecendo novos desafios vão

surgindo e superados, apropriando-se das unidades simples as complexas.

Nas crianças disléxicas, as unidades menores, que são os fonemas, não

são bem desenvolvidas e não identificam os elementos por conta da disfunção

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no módulo fonológico. De acordo com a hipótese fonológica, um déficit limitado

e condensado no processo fonológico interfere na decodificação, impedindo o

reconhecimento imediato das palavras. Essa deficiência básica, no que é

essencialmente uma função de nível baixo da linguagem, impede o acesso aos

processos de linguagens de nível superior, impossibilitando a obtenção de

significados a partir da leitura de um texto.

Diante desses conhecimentos, a instituição escolar precisa

compreender que os leitores que possuem todas as funções em potencial

apropriam-se da leitura com facilidade. É também nesse mesmo espaço, que

existe uma menor porcentagem de alunos disléxicos impossibilitados desse

privilégio. Comprova-se cientificamente que ler é mais difícil do que falar,

porém para os disléxicos isso se torna mais um desafio, pois tanto a fala

quanto a leitura depende da mesma partícula, ou seja, o fonema. Assim, falar é

natural e ler não é. Ler é invenção humana e deve-se aprender em nível

consciente. E é a própria naturalidade da fala que faz a apropriação da leitura

algo tão complexa.

Diante disso, o trabalho com leitura na escola deve ser um processo

ativo, participativo e significativo na vida do leitor, pois criar possibilidades para

que o outro se aproprie dessa invenção é algo significante. È preciso portanto,

que na sala de aula professores criem condições para que na classe de alunos,

as diferenças possam ser atendidas de forma mais criteriosa para a promoção

da leitura.Afinal, professores também desempenham funções fundamentais na

vida do aluno disléxico no universo de sala de aula.

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CAPITULO 2

SALA DE AULA

Sala de aula, um espaço de construções, independente das diferenças.

Sua função primordial na área da linguagem é inserir as crianças no mundo da

leitura e da escrita, habilitando-as a lidar com os instrumentos da linguagem e

tornando-as capazes de atender as demandas da sociedade. No mundo

moderno, a comunicação se efetiva de várias formas, porém o domínio da

leitura e da escrita é fundamental para o pleno exercício da cidadania e para o

crescimento cognitivo de cada pessoa.

Diante dessa função tão importante, professores precisam ter clareza

dos processos que fazem parte desse tipo de aprendizagem, possibilitando

elaborações de práticas pedagógicas mais dinâmicas no intuito de atender os

grupos heterogêneos enfatizando os alunos com dificuldades simples e os

alunos dislexos. Nesse contexto importa saber como a criança concebe o

objeto da aprendizagem, ou que concepções as crianças tem sobre o processo

de leitura e escrita.

A leitura e a escrita não são realizações recentes da raça humana (o

homem possui uma linguagem escrita há cerca de 5 mil anos. A leitura não

está construída em nosso genes; não existe um módulo de leitura conectado

ao cérebro humano. Para ler o homem tem de tirar vantagem do que a

natureza oferece.(SHAYWITZ 2009, p. 60).

Assim, quando pensamos em leitura e escrita, o que nos vem á cabeça

é sala de aula, a escola aos processos que cada aluno era submetido para

desenvolver habilidades de leitura e escrita. As investigações atuais sobre

leitura e escrita nos mostram que nem sempre foi na sala da escola, que essa

aprendizagem foi oferecida, mas através das instituições religiosas e restritas a

elite. Nesse caso, padres tinham acesso a leitura para interpretar á palavra de

Deus aos católicos. Para os crentes não havia essa permissão, por conta do

movimento desencadeado no século XVII, por Martinho Lutero que se rebelou

contra as doutrinas da igreja católica e estabelecendo as doutrinas que deram

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origem as igrejas protestantes. Umas das mudanças mais importantes eram o

direito de cada cristão à livre interpretação das escrituras. Dessa forma países,

alguns países da Europa, que tinham a forte presença luterana toda a

população tinha acesso a leitura sem que existissem escolas, certamente com

práticas bem rudimentares.

Atualmente, mesmo com Métodos e praticam modernas, sendo a escola

um direito de todos, ainda hoje, temos dificuldade de inserir todas as crianças

de uma turma no mundo da leitura. Enfatizando a leitura e escrita como função

escolar, é Inadmissível a prática de colocar texto ao aluno, com transtornos

específicos de leitura ou que não dominam as habilidades de leitura, diante dos

seus colegas para ler. A sala de aula deve ser espaço de construção de

conhecimento através de práticas estimulantes e que o aluno sinta-se feliz em

superar os desafios sem que precise passar por situações vexatórias perante

seus colegas e professores de sala de aula. Para contribuir com pratica de

leitura e de escrita e atender as diversidades de sala de aula. Hoje temos

inúmeros recursos que podemos lançar mão, fundamentadas através dos

conhecimentos psicopedagógicos dirigida aos disléxos e as crianças que não

sabem ler.

É também numa atuação psicopedagógica, que serão detectados fatores

que interferem na aprendizagem, que devem ser observados como sintomas,

identificados e encaminhados caso seja necessário. Esses fatores que refletem

em sala de como Sintomas, podem ser relacionados a escola, a família ou a

própria criança.

Fatores relacionados à escola:

Para ter um bom rendimento e, assim, uma boa acolhida ou inclusão

considera-se as condições físicas da sala de aula, higiene iluminação, limite

aceitável de numero de alunos, disponibilidades de material didático e

pedagógico adequados e corpo docente dedicados, motivados, qualificados, e

bem remunerados.

Fatores familiares:

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Deve oferecer condições adequadas para que o ensino e a

aprendizagem sejam de sucesso. Considera-se a escolarização dos pais, o

entusiasmo no desempenho da criança com os estudos. Hábitos de leitura

familiar que é fundamental para o desenvolvimento cognitivo da criança.

História familiar de alcoolismo, drogas e outras dependências são fatores

desagregadores da família à criança.

Comprometimentos físicos: dificuldades sensoriais responsáveis pela

aferência perceptiva adequada, seja visual, auditiva, podendo ser hereditária,

congênita ou adquirida, aguda ou crônica;

Comprometimentos psicológicos como alguns transtornos psicológicos: timidez,

insegurança, ansiedade, baixa auto estima falta de motivação, etc.

Qualquer escola precisa ser organizada sempre em função da melhor

possibilidade de ensino e ser permanentemente questionada para que seus

próprios conflitos, não resolvidos, não apareçam nas salas de aula sob a forma

de distorções do próprio ensino. Nessas situações fica o aluno como

depositário desses conflitos e, conseqüentemente, apresenta perturbações em

seu processo de aprendizagem. (BLEGER, 1960 apud WEISS, 2007, p.19)

Sendo assim, no ambiente sala de aula, precisamos perceber de forma

especial cada aluno para poder atendê-los o de acordo de suas possibilidades

cognitivas corresponderem as suas expectativas. Dessa forma, o professor

deve estar atento sobre os sinais que aparecem diariamente, que pode ser

uma dificuldade mais simples, ou um transtorno específico de aprendizagem,

podendo levá-lo ao fracasso caso, não seja ajudado no momento correto. Cada

transtorno tem suas características ou sintomas, e é nas tarefas escolares em

sala de aula que eles ficam mais evidentes. No caso do aluno disléxico

podemos perceber na ação do aluno quando ler escreve, nas elaborações de

textos, etc.

Segundo MOUSINHO (2009) a leitura é fundamental para o

desenvolvimento humano. Para que transcorra tranquilamente, necessita de

alguns requisitos pelo menos nos primeiros anos, a compreensão depende da

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fluência (com uma velocidade que não favoreça muitas segmentações), assim

como da qualidade de leitura em termos de exatidão (precisão, ler as palavras

corretamente, sem adivinhações ou trocas). Mas não é só, para compreender,

é importante extrair significado, correlacionar ao conhecimento de mundo,

realizar inferências, habilidades que devem estar presente também na

linguagem oral.

Quando uma criança começa a ler utiliza-se um estagio logogrífico, ela

não usa o conhecimento do nome das letras ou dos sons das letras para ler, ou

seja, ler palavras de embalagens que tenham significados para ela, por

exemplo: coca-cola, bem10, etc. Essas crianças se utilizam de sinais visuais de

vários tipos, bem familiarizados através dos comerciais, dos rótulos visuais de

vários tipos, como: marcas de lanches, marcas de brinquedos, marcas de

desenhos animados, dos quais elas gostam muito. Estudos recentes garantem

que essas crianças não prestam atenção na própria palavra, mas memorizam

alguns sinais visuais relacionado a palavra dependendo deste sinal para

memorizar e depois reconhecer a palavra. A memorização arbitrária ter valor

limitado. As crianças podem memorizar centenas de palavras, mas por volta da

5° serie terão que se deparar com milhares de palavras, dependendo somente

da memorização não será possível.

Segundo SHAYWITZ (2006) para progredir na leitura, como o código

alfabético funciona. Ligar as letras aos sons e depois pronunciar as palavras

em voz alta é a única garantia de ser capaz de decodificar milhares de

palavras.

“Parecia que no dia seguinte nós já deveríamos ler (...). Era finalmente a minha

vez (...). Eu me atrapalhei com o livro e não tinha idéia de como atacar as

palavras. Fiquei sentado em silêncio, silêncio até que parecia uma eternidade.

Finalmente a professora me disse a primeira palavra, a segunda, a terceira, a

quarta e assim por diante (...). Eu me senti como se fosse culpado, como se eu

tivesse feito alguma coisa errada (...). Aquilo me atingiu profundamente, tirando

toda a minha autoconfiança (...)” (Bauer, 1993, p. 20 e 21).

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A dislexia é um transtorno específico da leitura. Logo, apesar de o aluno

portador de dislexia conseguir interpretar os textos oralmente, freqüentemente

a precisão e/ou a fluência de leitura estão alterados, prejudicando,

secundariamente, a sua vida escolar. A dislexia não é apenas comum, é

persistente,não tem cura, mas tem tratamento

A criança com dislexia raramente é diagnosticada na educação infantil

ou no início do primeiro ano escolar. Pois as habilidades da leitura, ainda não

estão bem desenvolvidas e pais e professores não encaminham a uma

avaliação, porque acreditam que problemas nessa fase, são passageiros.

Os primeiros sinais de dislexia estão relacionados à fala. Primeiro sinal

de um problema de linguagem e de leitura pode ser o de a criança demorar a

falar (SHAYWITZ, P. 102, 2008)

Sinais na Pré-escola

• problemas de aprendizagem de rima infantis comuns;

• Falta de interesse pelas rimas;

• palavras mal pronunciadas, persistência da chamada linguagem de bebê;

• Dificuldade em aprender e lembrar s nomes das letras;

• Deficiência em saber o nome das letras de seu próprio nome;

Alfabetização e 1º série

• Dificuldade em entender que as palavras podem ser divididas em partes ou

sílabas;

• Incapacidade de aprender a associar letras e sons;

Ex: elefante articulando o som êlêfante ou elefante;

• Dificuldade de ler palavras simples como: gato;

• Histórico de problema de leitura presente nos pais e irmãos;

Sinais de Dislexia a Partir de 2º Serie

• Problema na fala;

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• Pronuncia incorreta de palavras longas, desconhecidas ou complexas;

• Discurso não fluente;

• Uso de linguagem imprecisa, tais como a utilização da palavra coisa ou

negócios em vez da utilização do nome correto do objeto;

• Necessita de tempo para elaborar uma resposta verbal rápida quando é

questionada;

• Dificuldade de lembrar partes isoladas de informação verbal (memória

imediata) - Problema ao lembrar datas, nomes, números, telefones, listas

aleatórias, etc;

Sinais de Dislexia em Jovens e Adultos

• Persistência de dificuldades precoces da linguagem oral;

• Pronuncia equivocada de nomes e pessoas e lugares, ignora partes de

palavras e de lugares e faz confusão com palavras parecidas;

• Falta de loquacidade, especialmente quando está em situação de linguagem;

• Vocabulário expressivo, oralizado que parece menor do que o vocabulário

receptivo, escutado. Hesitação ao pronunciar palavras que possam ser mal

pronunciadas;

A identificação de um problema é naturalmente um principal elemento

para buscar ajuda quanto mais cedo se fizer o diagnóstico mais rápido à

criança disléxica receberá ajuda para superar os desafios da linguagem da

leitura, evitando os problemas decorrentes que atingem a auto estima.

As crianças com dislexia, nos membros da família correm riscos

substanciais de serem disléxicas. A combinação de um histórico familiar de

dislexia e dos sintomas de dificuldade da linguagem verbal pode ajudar a

identificar se uma criança é vulnerável mesmo antes dela ingressar na escola.

(SHAYWITZ, 2006, P. 106)

SHAYWITZ (2006) ressalta que os pais e professores devem monitorar

de perto o progresso de uma criança no processo na aprendizagem de leitura.

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Devem fazer isso já na pré escola. A pré escola é de certa forma, um divisor de

águas para a identificação das crianças vulneráveis a dislexia, pois é neste

ambiente publico onde a criança se depara com o currículo formal para ensinar

a primeira habilidade necessária à leitura.

Sintomas que Podem ser Observados em Sala de Aula:

• Possibilidade de atraso de linguagem;

• Dificuldade em nomeação;

• Dificuldade na aprendizagem de música com rimas;

• Palavras pronunciadas incorretamente; persistência de fala infantilizada;

• Dificuldade em aprender e se lembrar dos nomes das letras;

• Falha em entender que palavras podem ser divididas (sílabas e sons);

• Dificuldade de alfabetização;

Dificuldades Básicas

• Dificuldade de alfabetização;

• leitura sob esforço;

• Leitura oral entrecortada com pouca entonação;

• Tropeços na leitura de palavras longas e não familiares;

• Adivinhações de palavras;

• Necessidades do uso do contexto para entender o que está sendo lido.

Desdobramentos com o avançar da escolaridade

• Leitura lenta, não automatizada;

•Dificuldades em ler legendas;

• Falta de compreensão do enunciado, prejudicando outras disciplinas;

• Substituição de palavras no mesmo campo semântico (ex. mosca/ abelha);

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• Substituição de palavras por aproximação, lexical, atrapalhando a

interpretação geral (ex: na solicitação de trabalho de geografia sobre os

eslavos, o adolescente faz um sobre os escravos;

• Dificuldade para entender outros idiomas.

Alteração na Escrita

• Omissões, trocas, inversões dos grafemas – (surdo/sonoro: p/b, t/d, k/g, f/v,

s/z, x/j; em sílabas complexas: paria ao invés de praia, trita ao invés de trinta) e

outros desvios fonológicos;

• Dificuldade na expressão por meio da escrita;

• Dificuldade na consciência (sem quer apresente oralmente);

• Dificuldade na organização e elaboração de textos escritos;

• Dificuldade em escrever palavras irregulares (sem correspondência direta

entre grafemas e fonema - “dificuldades ortográficas”).

Habilidades Evidentes

• Alta capacidade de aprendizagem;

• Excelência na escrita quando o que importa é o conteúdo e não a ortografia;

• Boa articulação ao expressar idéia e sentimentos;

• Excepcional empatia, calor humano e preocupação;

• Sucesso nas áreas que não dependem de memória imediata;

•Talento para a conceitualização de alto nível e capacidade de apresenta

insights originais;

• Excelente compreensão para histórias contadas;

• Habilidade para gravar por imagens;

• Criatividade; imaginação;

• Facilidade com raciocínio;

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• Bom desempenho em outras áreas, quando não depender de leitura, tais

como: matemática, computação, artes, biologia...

A escola não pode esperar que o aluno disléxico apresente todos os

sintomas, mas uma parte desses que apareça de forma persistente, é sinal que

o aluno deve ser encaminhado a equipe psicopedagógica para ser avaliado.

Quando começar a aparecer constantemente dissociações de corpo da

conduta e sabe-se que o sujeito não tem problemas orgânicos que justifique

essas dissociações, pode-se pensar que estão se instalando dificuldade em

sua aprendizagem. Algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o

mundo. É hora de pesquisar onde esta começando a dificuldade na situação de

aprendizagem presente. (. WEISS. 2007, p.23)

A criança disléxica raramente diagnosticada na educação infantil ou 1°

serie, pois os sintomas aparecem de forma nas séries que a habilidades do

mecanismo da linguagem e leitura já estão bem ampliados.

O diagnóstico é precedido de anamnese,onde é elaborado o perfil da criança

ou adolescente da vida familiar da vida escolar.

É com base na Anamnese (técnica de entrevista) que o psicopedagogo

analisará o perfil histórico do sujeito de vida familiar, da vida escolar,

resgatando as mais simples informações possíveis, desde a gravidez, até a

fase atual do paciente.

Considero a entrevista de Anamnese um dos pontos cruciais de um bom

diagnostico. É ela que possibilita a integração das dimensões de passado,

presente e futuro do paciente, permitindo perceber a construção ou não de sua

própria continuidade e das diferentes gerações, ou seja, é uma Anaminese da

família. A visão familiar da história de vida do paciente traz em seu bojo seus

preconceitos, normas, expectativas, a circulação dos afetos e do

conhecimento, além do peso das gerações anteriores que é depositado sobre o

paciente. (WEISS 2007, P. 63)

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FERNÁNDEZ (2008) afirma que o diagnóstico, para o terapeuta deve ter

a mesma função que a rede para o equilibrista. É ele, portanto a base que dará

suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário.

É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses

provisórias, que serão ou não revisadas ao longo do processo recorrendo, para

isso a conhecimentos práticos e teóricos, esta investigação permanece durante

todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da “... escuta

psicopedagogica...”, para que “... se possam decifrar os processos que dão

sentido ao observado e norteiam a intervenção”. (BOSSA, 2000, P. 24)

O objetivo básico do diagnóstico psicopedagógico é identificar os

desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que, o

impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social.

(WEISS, 2007, P. 34)

O desejo de saber faz um par dialético com o desejo de não saber. O

jogo do saber-não saber, conhecer-desconhecer e duas diferentes articulações,

circulações e mobilidades, próprias de todo o ser humano ou seus particulares

nós e travas presentes no sintoma, é o que nós tratamos de decifrar no

diagnóstico (FERNÁDEZ, 2008, p. 39)

Assim, interpretar o outro seus desejos, seus medos sua ações diárias

não deve ser uma tarefa fácil, da mesma forma como não é fácil chegar a

etiologia de um problema de aprendizagem. Portanto a construção de ação

diagnóstica às vezes exige uma análise longa e criteriosa,sendo em certas

situações só através do diagnóstico o único jeito de poder ajudar o paciente.

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2.1 As Interações

Aprender é um resultado da interação entre estruturas mentais e o meio

ambiente. De acordo com a nova ênfase educacional centrada na

aprendizagem dos alunos. Nesse enfoque o ensino é construído e reconstruído

continuamente

O foco nas interações com outros indivíduos levou Vygotsky a

reconhecer que apropriação da linguagem de seu grupo social em decorrência

destas interações constitui o processo mais importante do desenvolvimento

humano. As interações positivas são estímulos que proporcionam

crescimento e estão presente desde o início da vida através dos primeiros

contatos com os pais e familiares.

Segundo Vygotsky (1987) a aprendizagem de qualquer criança se dá

muito antes da sua entrada na escola, porém a aprendizagem escolar produz

algo fundamental novo no desenvolvimento da criança, já que é através de

experiências de aprendizagens compartilhadas que se atua sobre a zona de

desenvolvimento proximal, o que significa que o aluno realiza hoje com ajuda

do professor ou de um colega mais experiente realizará, amanhã sozinho.

No âmbito institucional, as contribuições de Pichon-Riviére ensina a

importância da interação grupal. Fundamentado na perspectiva da

aprendizagem, aprender a pensar é organizado através da tarefa em grupo

com objetivos em comum. No grupo, as pessoas articulam-se a questionar a

falta e a buscar soluções. A sistematização do conhecimento se dá através do

coletivo. A tarefa educativa como produto da ação coletiva só é possível

quando o grupo aprende a transformar a ação individual numa coletiva.

Na escola, esse processo é construído a partir do entendimento de que

um não representa ameaça para o outro e que se pode arriscar para conhecer

melhor a realidade que compõe a sala de aula e a escola. É possível pedir

ajuda trocar experiências, trocar material, sair para passear com alunos, ouvir

família, ouvir aluno, mudar o jeito de organizar a sala de aula. É possível sentir-

se acolhido diante da adversidade; é possível perceber que errando se pode

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acertar. Trabalha-se com o conceito de aprendizagem que envolve a interação

e vai se transformando na medida em que o grupo aprende a dialogar com os

conflitos.

Segundo Martins (1997) o importante no processo interativo não é a

figura do professor ou do aluno, mas sim o campo interativo criado. A interação

está entre as pessoas e é neste espaço hipotético que acontece às

transformações e se estabelece o que consideramos fundamental nesse

processo: as ações partilhadas, onde a construção do conhecimento se da de

forma conjunta, tanto o papel do professor são olhados não como momentos

de ações isoladas, mas como momentos convergentes entre si e que todo o

desencadear de discussões e trocas colaboram para o alcance do objetivo.

Para esse autor uma das estratégias para que interação positiva, seja

efetivada deve-se também considerar a forma de organização da sala de

aula.Uma forma sugerida é a organização das cadeiras em círculos, no

momento de construção de conhecimento através de conversas ou debate ou

leituras.

Segundo BOSSA (1994) conceito de aprendizagem com o qual trabalha

a psicopedagogia remete a uma visão de homem como sujeito ativo num

processo de interação com o meio físico e social. Nesse processo interfere o

seu equipamento biológico, as suas condições afetivo-emocionais e que

intelectuais são geradas no meio familiar e sociocultural no qual nasce e vive o

sujeito. O produto de tal interação e a aprendizagem.

A boa compreensão da leitura provém do equilíbrio entre o

desenvolvimento das operações da leitura, decodificação e compreensão,

interagindo com os estágios de desenvolvimento do pensamento e dos

processamentos lingüísticos. É importante destacar a importância dos vínculos

afetivos estabelecidos com aprendizagem Esses Vínculos podem ser

constituídos de forma prazerosa na família e na escola. Se ha interações de

leitura na família, ficará mais tranquilo em relação aos desafios de sala de aula.

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CAPITULO 3

ORIENTAÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS À ESCOLA

A instituição escolar mudou com o passar dos tempos. No inicio seu

objetivo era repassar conhecimentos as novas gerações. Hoje diante das

novas exigências provocadas pelo mundo moderno, seus objetivos abrangem a

formação o ser de global dentro da sua complexidade. Mediante a esse

contexto,observam-se novos paradigmas, práticas inovadoras e profissionais

multidisciplinares especializados para atender as diversidades de sala de aula,

com qualidade.

No Brasil, foi criado em 2007, o IDEB-INDICE DE EDUCAÇÂO BÁSICA

para medir a qualidade de cada escola. Assim para que o IDEB de uma escola

cresça é preciso que o aluno aprenda o que lhe foi ensinado na sala de aula e

não repita de ano.

Os problemas de aprendizagem escolar aparecem hoje em toda a

escola do sistema educacional brasileiro. Esta é a realidade das salas, onde

alunos podem não ser contemplados com as orientações que são

desenvolvidas na aula pelos professores,devido algum impedimento, ás vezes

de natureza física,intelectual ou sensorial. A educação especial na perspectiva

inclusiva, não é privilégio é direito de todos os alunos portadores de alguma

deficiência, incluindo os transtornos específicos de leitura. Assim, adequar

currículo, projetos avaliação recursos pedagógico é dever da escola e

professores, no intuito de promover o pleno desenvolvimento desses alunos,

pois no movimento da aprendizagem todos devem participar e apropriar-se do

conhecimento.

Diante dessa realidade do ensino escolar é relevante destacar a

contribuição do psicopedagogo, estará observando minuciosamente os fatores

que causam os problemas. Suas ações serão articuladas para cada situação,

podendo resgatar o papel da escola. Pois o foco do psicopedagogo é o

processo ensino-aprendizagem, investiga, detecta e orienta. Todo o trabalho

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no contexto escolar envolve não só a postura do psicopedagogo, mas também

postura dos profissionais que compõe a escola.

O especialista psicopedagogo não tem “receitas” prontas, as soluções se

constituem a partir das “etapas de análise” das queixas, sintomas e

diagnósticos sobre o objeto de estudo. Sua especialidade precede-se de uma

perspectiva interdisciplinar fundamentando-se em várias áreas de

conhecimento como:

Psicologia do desenvolvimento: compreende o crescimento, o

desenvolvimento e o amadurecimento do aluno e ajuda na seleção e

organização de melhores estratégias desenvolvimento das atividades e

experiências curriculares.

Lingüística permite entender o processo de aquisição da linguagem,

temporal como leitura e escrita.

Pedagogia: compreende as doutrinas, princípios e métodos da educação

Psicanálise fornece embasamento para compreender o mundo inconsciente do

sujeito.

Psicologia genética proporciona condições para analisar o

desenvolvimento cognitivo do individuo, compreendendo o mundo físico e

lingüístico

A leitura psicopedagógica permite a identificação do significado da

aprendizagem de cada aluno, bem como da forma de aprender, de cada etapa

operatória do pensamento, das dificuldades e possibilidades. A organização de

um modelo saudável do espaço, ensino e aprendizagem no espaço escolar,

enfatizando a ressignificação do conhecimento respeitando o ritmo cognitivo e

o desejo dos alunos sem excluir as diferença.

Com base na investigação e da necessidade de cada aluno disléxico de

cada classe o psicopedagogo pode estar elaborando seu plano de ação

envolvendo orientações aos professores aos pais e profissionais envolvidos na

instituição escolar.

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Sendo assim, partindo do fazer psicopedagógico dentro da instituição

escolar Evidenciam-se alunos que precisam ser encaminhados para os

serviços especiais e diagnósticos complementares as ações que contribuíram

para o desempenho do aluno portador de dislexia em sala de aula.

3.1 Avaliação

Segundo Sant’Anna (1995) ao discutir a função da educação, afirma que

esta pode ser desenvolvida em duas perspectivas: na primeira, uma função

integrada, que “busca uma homogeneização entre as pessoas, no que

concerne a ‘idéias’, valores, linguagens e ajustamento intelectual e social”; na

segunda, uma função diferenciada, “busca destacar as singularidades dos

sujeitos, respeitando estas diferenças e preparando-os para desenvolverem

atividade para as quais tenham aptidões.

O processo avaliativo está implicitamente atrelado às funções da

educação.

Nessa direção, a autora afirma que as funções da avaliação

São Regras Gerais da Avaliação:

1) Fornecer as bases para planejamento;

2) Possibilitar a seleção e a classificação de pessoal (professores, alunos,

especialistas, etc.);

3) Ajustar políticas e práticas curriculares.

São Funções Específicas da Avaliação

1) Facilitar o diagnóstico

2) Melhorar a aprendizagem e o ensino (controle)

3) Estabelecer situações individuais de aprendizagem;

4) Interpretar os resultados;

5) Promover, agrupar alunos (classificação)

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Segundo Weiz (1990) existe a necessidade de fazer bons usos da

Avaliação, pois “como um observador privilegiado das ações do aprendiz”, o

professor tem condições de avaliar o tempo todo, e é essa avaliação que lhe dá

indicadores para sustentar sua intervenção.

Orientações aos Professores acerca da Avaliação para Alunos

Disléxicos.

• Ampliar o tempo de elaboração das provas - Se o tempo de leitura

é menor nada mais justo do que ter um período mais longo para realizar as

avaliações. Caso contrário, a avaliação poderá ficar incompleta, por falta de

tempo hábil, ou a compreensão do material poderá ser prejudicada.

• Permitir que o professor ou outro membro da escola leia

oralmente as questões durante as provas - A interpretação de enunciados

pode estar comprometida pela dificuldade de leitura que envolve

secundariamente a interpretação. A perda dessa informação central nas

avaliações escritas pode levar ao erro, mesmo em questões que o aluno

domine tranquilamente. Por isso a orientação de que haja um leitor para esses

momentos.

• Permitir que o próprio aluno lesse oralmente as questões durante

as provas - Alguns alunos conseguem compreender um texto lido oralmente,

já que essa modalidade favorece o feedback auditivo ( ouvir a si próprio por

meio da retroalimentação da informação). Entretanto nada compreendem ao

ler silenciosamente, forma mais requerida em testes formais.

• Possibilitar pausas durante as avaliações - Testes longos provocam

um enorme cansaço em alunos disléxicos, uma vez que a demanda do

processamento cognitivo requerido é bem maior do que na maior parte de seus

colegas. Portanto, algumas pausas podem ser importantes para que ele possa

respirar, retomando seu potencial.

• Elaborar enunciados claros e concisos - Se a dificuldade reside na

leitura, enunciados muito longos podem servir como uma grande armadilha.

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Mantendo a clareza e a diretividade, pode-se assegurar que não será a dislexia

que representará um empecilho àquela questão.

Realizar provas orais em substituição às escritas – Tendo

compreendido que a leitura está primariamente prejudicada e que a

interpretação é falha apenas quando depende deste instrumento, e que a

escrita nem sempre consegue expressar o conteúdo desejado, pode-se propor

que pelo menos parte das avaliações possa ser feita oralmente.

Não descontar pontos de erros ortográficos – As dificuldades na

forma de grafar as palavras fazem parte da dificuldade dos disléxicos. Se a

idéia da resposta estiver correta, não parece justo que sejam descontadas

pontos em trocas que a criança, naquele momento, não tem como fazer

melhor.

Possibilitar que as respostas sejam dadas em forma de tópicos ou

diagramas – A demanda cognitiva exigida para a elaboração de textos que

sejam informativos, mantendo a precisão, a coesão e a coerência, tal como é

exigido nas respostas a perguntas discursivas, é muito grande para um

disléxico. A fim de manter o conteúdo, o que é mais relevante na questão,

pode-se possibilitar que as respostas sejam de forma esquemática, seja

através de notações ou diagramas.

Escrivão- A dificuldade de transformar seus pensamentos em um texto

escrito repercute sobre a possibilidade de acertar questões que exigem

respostas discursivas. Neste momento, pode haver um adulto que possa

escrever em seu lugar, a partir das respostas orais.

Desconsiderar baixa qualidade no padrão motor ou possibilitar

outro instrumento de registro, incluindo um escrivão – Em um grupo de

crianças disléxicas a disgrafia de execução (dificuldade no padrão motor da

escrita) é um sintoma que está presente. (Nesses casos, há problemas na

qualidade da letra, que se tornam ininteligíveis, por exemplo) ou de um

escrivão (como já referido aqui) parecem ser soluções viáveis.

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A avaliação deve ser vista como um momento privilegiado de

aprendizagem, como um “mapa” que indica o caminho a ser seguido rumo à

aprendizagem e não como medida de punição (MOREIRA, 2010, P.114)

Sendo assim, a avaliação não pode se restringir ao julgamento sobre

sucesso ou fracassos do aluno, mas deve ser compreendida como um conjunto

de atuações que tem a função de alimentar sustentar e orientar as intervenções

pedagógicas, Portanto, a avaliação da aprendizagem só pode acontecer se

estiverem relacionadas com as oportunidades oferecidas aos alunos em sala

de aula, analisando as mediações adequadas na aquisição de conhecimentos

Enfim, a avaliação, deve ser um ato de inclusão, podendo-se observar

as respostas corretas ou incorretas do aluno como possibilidades de

entendimento daquilo que ocorre no pensamento do aprendiz. É com base

nessas elaborações de acertos ou não, que se fundamenta o ato de planejar, a

fim de criar condições diversificadas atendendo as especificidades de cada um.

Assim avaliação subsidia o professor com elementos para uma reflexão

contínua sobre a sua prática diária, sobre a elaboração de novos recursos

como investimentos se houver necessidades e ainda, a retomada de aspectos

que devem ser revistos ajustados ou reconhecidos como adequados para o

processo de aprendizagem individual ou em grupo e atendendo as

diversidades da classe.

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3.1.1 Metodologia

Ao elaborar um plano de ação é preciso incluir vários instrumentos que

constituirão esse plano e a Metodologia é um desses instrumentos que estará

presente em cada etapa do processo de ensino/ aprendizagem. A metodologia

deve estar associada sempre as experiências do aluno, aos processos de

aprendizagem mais adequados as suas necessidades.

Os métodos podem ser:

Ativos - Estão baseados nas atividades constantes do educando

Toda ação didática está fundamentada nesta atividade contínua que leva a

participação integral do aluno, com o objetivo de atender as diferenças

individuais.

Ativos individualizados - Buscam atender às diferenças individuais

equacionando o ensino á realidade e possibilidade de cada aluno. Desenvolver

ao máximo cada um, adaptando-os a sua capacidade com os objetivos

semelhantes ao do método ativo, isto é, procurar ajustar o ensino, adaptando-o

à capacidade individual.

Manutenção das rotinas - Muitas crianças com problemas de

aprendizagem têm dificuldade neste nível e precisam ser mediada. A

organização das rotinas – saber o que a espera, o tempo que tem para realizar,

o horário do descanso e lazer, faz com que a criança autorregule sua atenção,

tenha motivação e segurança para investir em novas aprendizagens.

Oferecer recursos para organização do conhecimento - Utilizar

material de apoio, com os tópicos mais relevantes e a serem discutidos durante

as aulas. Isto poderá auxiliar o aluno com dislexia a destacar a informação-

chave, estabelecer correlações entre conceitos.

Segmentar uma atividade em sala de aula em varias outras - se o

professor solicitar que o aluno apresente de pouco a pouco suas atividades,

dará oportunidade ao aluno de ter mediação mais frequente, de modo a

organizar a informação e não correr o risco de manter uma atividade começada

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de forma errônea até o fim. Também favorece a autorregulação da atenção. Se

atividade for de leitura, problema central de sujeitos com dislexia, a orientação

apresenta ainda outro objetivo: favorecer a motivação. Um longo texto causa

efeito negativo se comparado a alguns textos pequenos, além de tornar a

interpretação mais difícil.

Aumentar os recursos visuais em sala de aula - o uso de recursos

visuais é altamente indicado por vários estudiosos da área. Mais adaptado ao

estilo cognitivo favorecendo a entrada da informação de outro modo que não

esteja limitado somente ao lado hemisfério esquerdo do cérebro.

Possibilitar pausas durante as aulas, em horários combinados

previamente - tendo em vista a grande demanda de energia das tarefas

acadêmicas, já que a leitura faz parte de boa parte delas, alunos disléxicos

poderiam ser mais freqüente de sala de aula, para “recarregar as baterias”.

Esses momentos devem ser regulares, mas não sob livre demanda, para não

prejudicar momentos cruciais.

Antecipar os conteúdos para que o aluno possa buscar recursos

extras (DVDs, passeios, etc.) - como já destacado, imagens podem

proporcionar ao aluno disléxico uma nova perspectiva do assunto. Visitar

museus, assistir a DVDs de assuntos que serão trabalhados, pode fazer com

que o aluno disléxico assimile melhor as aulas, podendo fazer correlações

entre as diferentes experiências envolvendo o assunto.

Alterar a metodologia em função da dislexia - a modificação da

metodologia é mais comumente proposta na classe de alfabetização, mas é

necessário avaliar caso a caso para escolher a melhor opção. Em alguns

momentos não é imperativo mudar a metodologia propriamente dita, mas

buscar estratégias que favoreçam a aprendizagem de indivíduos disléxicos.

Além de disponibilizar textos sobre algum assunto, criar formas esquemáticas

de apresentar alguns temas (reforçando também o item anterior).

Notações da ortografia de palavras - Palavras grafadas

frequentemente de modo não convencional pelos alunos disléxico podem ser

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destacadas em um caderno de notas, em uma agenda, ou algum lugar onde

sejam facilmente lidas ou fáceis de encontrar mediante dúvidas.

Possibilitar o uso de recursos tecnológicos- caso o padrão motor não

permita uma escrita fluente, dar a opção de utilizar em sala de aula, recursos

como computadores ou similares.

3.1.2 Orientação aos Pais

Os primeiros ensinantes dos filhos são os pais. É na interação com os

pais que os bebês desenvolvem os primeiros gestos, as primeiras palavras,

etc.. Na leitura não deve ser diferente, é aconselhável que os primeiros leitores

de seus filhos devem ser os pais, que podem utilizar os livros infantis

adequados com a idade do seu filho. Ao ler para seu filho devem apresentar o

livro, explorar os desenhos da capa provocando a sua imaginação, enfatizar as

expressões as falas, dar vida à história lida, esta é uma interação positiva entre

pais e filho, e isto pode garantir um forte indicio do desempenho posterior nas

relações do mundo da leitura.

Segundo Shaywitz (2008) a idéia básica é incentivar o seu filho a ser um

ouvinte ativo, uma espécie de estágio anterior ao do leitor ativo. Todos os

passos que você da para realizar isso, são dirigidos para captar a atenção do

seu filho e para atraí-lo.

No processo na escolarização os pais devem seguir as orientações dos

professores e incentivá-lo pelo prazer e pelo conhecimento. Se a criança lê

com muita dificuldade, não exija mais do que ela possa oferecer, leia para ela

em voz alta. Enfatize nesses momentos de leitura as regras fônicas, não

precisa preocupar em ensinar todas as regras, pois são complexas e precisa

também da orientação de especialistas.

Os pais precisam estar atentos sobre a disponibilidade da educação

especial, acompanhar e observar diariamente se seu filho esta recebendo o

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ensino de leitura correto ou seja,de acordo com as suas necessidades de

aprendizagem e integrado as disciplina do currículo

Sendo assim, ante de matricular seu filho em uma escola, procure obter

muitas informações sobre ela, se poder visite a escola antes de matricular seu

filho e observe; o ambiente geral da escola, se as crianças parecem felizes, e

se há uma sensação de organização.

Quando seu filho estiver participando da escola, observe se ele é feliz ou

se ele gosta da escola, dos professores, da sala de aula e dos colegas. Busque

sempre compartilhar da vida escolar de seu filho.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dislexia é um transtorno específico da leitura. Ela é apenas um dos

fatores que trazem prejuízos para o rendimento escolar de um aluno e está

associada a uma dificuldade no nível fonológico da linguagem, trazendo

conseqüências para as demais áreas. As propostas de adaptação escolar para

os alunos disléxicos devem ser como direito do aluno.

Os estudos sobre dislexia iniciou-se na metade do século XIX, por

médicos da Grã-Bretanha. Eles falavam de crianças inteligentes motivadas,

mas que não conseguiam ler. Na metade do século XIX D. Hinshelwood e

Morgane, conseguiram descrever as características fundamentais da descrição

atual sobre dislexia, como sendo uma disfunção de desenvolvimento que

ocorre em crianças saudáveis e foi definida como Cegueira verbal.

Historicamente, muitos estudos foram realizados desde o século XIX até os

dias atuais. Porém foram os estudos das ultimas décadas que descreve sobre

a localização da disfunção no sistema de linguagem, revelando que os

problemas de dislexia estão no módulo fonológico. O módulo fonológico é

responsável por diferentes elementos sonoro, essa disfunção não permite que

o aluno disléxico tenha a consciência fonológica, provocando alterações

alterando o seu desenvolvimento de leitura.

Na sala de aula, se a dislexia não for identificada, o aluno pode passar

por situações de fracasso principalmente crianças com poucas oportunidades

educacionais. Diante deste contexto. percebe-se que a interações sociais

ocorridas podem ou não favorecer a construção da leitura, já que a leitura é

uma função primordial da escola na área da linguagem e sendo assim, tão

importante na vida do ser humano, e a escola precisa proporcionar um

ambiente ideal para essa construção, cada ação deverá dispor de recursos de

leitura, tais como jogos, murais, cartazes, cantinho de leitura e utilizar as novas

tecnologias no intuito de estimular o prazer de aprender dos alunos e incluir em

novos saberes.

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O aluno disléxico não tem direito apenas a uma sala de aula, mas também ao

espaço ao qual ela possa interagir e se apropriar de forma prazerosa de novos

conhecimentos, tendo oportunidades de ampliar seu potencial dentro de uma

instituição acolhedora e consciente de sua função no contexto atual.

Numa proposta psicopedagógica, destacam-se as intervenções de sala

de aula, avaliação e metodologia, considerando-se a necessidade de maior

tempo de provas, provas orais, não descontando pontos por falhas na

ortografia, possibilidade de responder em tópicos ou com a ajuda de um

escrivão.valoriza- se também a necessidade de compreender a avaliação muito

além de testes formais, incluindo a observação em sala de aula, atividades

intra e extraclasses, numa perspectiva mais global de compreensão do aluno.

A parceria entre pais e escolas é imprescindível para tornar a vida da

criança disléxica menos difícil, na medida em que um complementa o trabalho

do outro, facilitando a inserção desta criança no mundo letrado podendo torná-

lo, ainda que sobre esforço em alguns momentos, um bom leitor ou escritor.

É relevante destacar o papel do psicopedagogo na instituição com o

auxilio do psicopedagogo e de todas as pessoas envolvidas na instituição

escolar, valorizar as praticas de leituras favoráveis ao processo de

aprendizagem buscando atender as dificuldades dos alunos com dislexia,

tendo o cuidado para que não se instale nas relações do universo de sala de

aula a dicotomia, o fracasso a baixa auto estimas, mas buscar meios para que

o aluno tenha o desejo de realizar sua aprendizagem com sucesso.

Pode-se concluir que o campo da atuação da psicopedagogia na

aprendizagem, e sua intervenção são preventivos e curativos acerca dos

problemas que afetam os alunos na vida escolar, além de prevenir, evitando

que apareçam outros, nesse sentido, o papel do pedagogo é detectar possíveis

problemas, criar políticas que dinamizam as relações as comunidades

educativas objetivando favorecer os processos de interações, realizar,

orientações metodológicas sobre a avaliação e as mudanças do currículo, para

atender o processo de aprendizagem considerando as necessidades do aluno.

ou do grupo escolar. Desta forma, a continuidade da reflexão em torno dos

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limites do aluno disléxico, a ação psicopedagógica possibilita partindo de uma

análise ou de investigações dos sintomas e diagnósticos do fazer

psicopedagógico dará um direcionamento a ação de intervenção, acessível à

prática pedagógica, orientação aos professores, aos pais, auxiliando e

viabilizando meios para o crescimento do aluno com dificuldades específicas

de leitura e do sistema educacional contemporâneo.

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Ivanilde Moreira - - Ed. Rio Janeiro. Wak Editora, 2009.

PORTO, Olivia. Psicopedagogia Institucional: Teoria, Prática e

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Wak Ed, 2009.

RELVAS, Marta Pires, Neurociência e Educação: Potencialidades dos

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Janeiro: WAK 2010

SHAYWITZ, Sally. Entendendo a Dislexia: Um Novo e Completo Programa

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WEBGRAFIA

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INDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

RESUMO 4

METODOLOGIA 5

SUMÁRIO 6

INTRODUÇÃO 7

CAPITÚLO 1 9

PERSPECTIVA HISTÓRICA - ACERCA DA DISLEXIA 9

1.1 Evoluções conceituais 11

1.2 Processos de leitura e a dislexia 12

1.2.1 Dislexia, surgimento classificação e tipologia 16

1.3 Estudos recentes 18

CAPITULO 2 21

SALA DE AULA 21

2.1 As orientações 31

CAPÍTULO 3 33

ORIENTAÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS À ESCOLA 33

3.1 Avaliação 35

3.1.1 Metodologia 39

3.1.2 Orientações aos pais 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS 43

BIBLIOGRAFIA 46

WEBGRAFIA 48

ÍNDICE 49