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Procedimento dos crimes de competência do Tribunal do Júri. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ CONHECER O PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI Solicitação O TRIBUNAL DO JÚRI INTRODUÇÃO A Instituição do Tribunal do Júri, rodeada de controvérsias, permanece em grande parte das legislações contemporâneas, em geral, com variantes. É com certeza o procedimento que causa mais fascínio, provoca toda a sociedade, tanto os juristas mais renomados, quanto a massa que clama justiça às cegas, bem como a imprensa, vislumbrada com os índices de audiência que obtém com esse tema, abordado, em geral, com ênfase no discurso da denominada criminologia midiática da qual trata EUGENIO RAÚL ZAFFARONI. Todavia, o Júri tem antecedentes bem remotos, haja vista que a participação de cidadãos comuns no julgamento de seus pares, nos casos de delitos considerados mais graves, é uma premissa existente nos diversos modelos de sociedade ao longo da sua história. Já na Grécia antiga existia uma forma primitiva do Júri, o Tribunal da Helieia, os heliastas, em número de 6.000 (seis mil), distribuídos em 10 (dez) seções de 600 (seiscentos) membros, criados anualmente por sorteio em meio aos cidadãos com mais de 30 (trinta) anos, de reputação ilibada e não devedores da Cidade-Estado (BONFIM, 2012, p. 606). No entanto, é na Inglaterra que se pode buscar as origens remotas do Tribunal do Júri moderno, uma vez que a instituição inglesa nasceu de um procedimento antigamente usado na Normandia, levado a solo britânico após a tomada da Inglaterra por William, o Conquistador (1066). Assim, depois que o julgamento das ordálias ou juízos de deus foi abolido pelo Papa Inocêncio III, em 1215, por ocasião do 4° Concílio de Latrão, a Inglaterra se orientou no sentido de um então novo modelo de justiça penal, estabelecendo para tanto, àquela época, o número de 12 (doze) jurados, em alusão aos 12 (doze) apóstolos do evangelho cristão, pois, assim, estaria presente o espírito santo e a decisão seria sempre justa. Este corpo de 12 (doze) cidadãos era denominado Júri (jurados) porque prestava juramento antes de dar seu veredicto, o que era considerado

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Procedimento dos crimesde competência do Tribunal

do Júri.O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ

CONHECER O PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI

Solicitação

O TRIBUNAL DO JÚRI

INTRODUÇÃO

A Instituição do Tribunal do Júri, rodeada de controvérsias, permanece em grande parte daslegislações contemporâneas, em geral, com variantes. É com certeza o procedimento que causa maisfascínio, provoca toda a sociedade, tanto os juristas mais renomados, quanto a massa que clama justiça àscegas, bem como a imprensa, vislumbrada com os índices de audiência que obtém com esse tema, abordado,em geral, com ênfase no discurso da denominada criminologia midiática da qual trata EUGENIO RAÚLZAFFARONI.

Todavia, o Júri tem antecedentes bem remotos, haja vista que a participação de cidadãos comuns nojulgamento de seus pares, nos casos de delitos considerados mais graves, é uma premissa existente nosdiversos modelos de sociedade ao longo da sua história.

Já na Grécia antiga existia uma forma primitiva do Júri, o Tribunal da Helieia, os heliastas, emnúmero de 6.000 (seis mil), distribuídos em 10 (dez) seções de 600 (seiscentos) membros, criadosanualmente por sorteio em meio aos cidadãos com mais de 30 (trinta) anos, de reputação ilibada e nãodevedores da Cidade-Estado (BONFIM, 2012, p. 606).

No entanto, é na Inglaterra que se pode buscar as origens remotas do Tribunal do Júri moderno, umavez que a instituição inglesa nasceu de um procedimento antigamente usado na Normandia, levado a solobritânico após a tomada da Inglaterra por William, o Conquistador (1066). Assim, depois que o julgamentodas ordálias ou juízos de deus foi abolido pelo Papa Inocêncio III, em 1215, por ocasião do 4° Concílio deLatrão, a Inglaterra se orientou no sentido de um então novo modelo de justiça penal, estabelecendo paratanto, àquela época, o número de 12 (doze) jurados, em alusão aos 12 (doze) apóstolos do evangelho cristão,pois, assim, estaria presente o espírito santo e a decisão seria sempre justa. Este corpo de 12 (doze) cidadãosera denominado Júri (jurados) porque prestava juramento antes de dar seu veredicto, o que era considerado

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verdadeiramente dito (BONFIM, 2012, p. 606).

No Brasil, o Tribunal do Júri surgiu no ano de 1822, e era exclusivo para os crimes de imprensa.Posteriormente, a Constituição Imperial de 1824, estendeu-o às causas cíveis e criminais, muito emboranunca houvesse funcionado nessas matérias. Com o advento do Código de Processo Criminal do Império, de1832, atribuiu-se à instituição o julgamento de quase todas as infrações penais (TOURINHO FILHO, 2009,p. 719).

Atualmente a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, no Art. 5º, inciso XXXVIII, trataexpressamente do Tribunal do Júri, destinado ao julgamento dos CRIMES DOLOSOS CONTRA AVIDA. Ademais, o Código de Processo Penal brasileiro prevê o procedimento especial do Tribunal do Júrino Art. 394 § 3º. Outrossim, os Arts. 406 a 497 do CPP disciplinam o procedimento especial do Tribunal doJúri. Referidos dispositivos sofreram substancial alteração com o advento da Lei 11.689/2008.

O TRIBUNAL DO JÚRI NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

O Art. 5.°, inciso XXXVIII, da Constituição da República dispõe: “é reconhecida a instituição dojúri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações;c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida”.

Conforme entendimento de GUILHERME DE SOUZA NUCCI o Tribunal do Júri é uma garantiafundamental formal, haja vista que está previsto no catálogo de direitos e garantias fundamentaisconstantes do Art 5º da Constituição Federal ( NUCCI, 2012, p. 40).

Ademais, é o Tribunal do Júri um ÓRGÃO DO PODER JUDICIÁRIO, nesse sentido éimportante citar:

É praticamente pacífico na doutrina ser o júri um órgão do Poder Judiciário (...). São fundamentosdisso: a)o Tribunal do Júri é composto de um Juiz Presidente (togado) e de vinte e cinco jurados, dos quaissete tomam assento no Conselho de Sentença. O magistrado togado não poderia tomar parte em um órgãomeramente político, sem qualquer vínculo com o Judiciário, o que é vedado não somente pela Constituição,mas também pela Lei Orgânica da Magistratura nacional; b) o art. 78, I, do CPP determina que “noconcurso entre a competência do Júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competênciado Júri”, vindo a demonstrar que se trata de órgão do Judiciário; c) o art. 593, III, d, do CPP, prevê apossibilidade de recurso contra as decisões proferidas pelo Júri ao Tribunal de Justiça, não tendo qualquercabimento considerar que um “órgão político” pudesse ter suas decisões revistas, em grau de apelação, porum órgão judiciário; c) a inserção do Júri no capítulo dos direitos e garantias individuais atende muitomais à vontade política do constituinte originário de considera-lo cláusula pétrea do que a finalidade deexcluí-lo do Poder Judiciário; d) a Constituição Estadual de São Paulo, como a de outros Estados daFederação, prevê, taxativamente, ser ele órgão do Judiciário (art. 54, III) (NUCCI, 2012, p. 45).

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO JÚRI

A Constituição Federal, no Art. 5.°, XXXVIII, tratou de enumerar os princípios fundamentais queinformam a instituição do Júri. Senão vejamos:

A PLENITUDE DE DEFESA: A Constituição da República assegura ao acusado submetido aojulgamento pelo Júri a plenitude de defesa e, não somente a ampla defesa. Assim, surge a perplexidade, pois,realmente existe diferença entre plenitude de defesa e ampla defesa? A primeira é uma defesa plena,completa, absoluta, enquanto que, a segunda é apenas vasta e abrangente. Percebe-se que o constituinteoriginário quis estabelecer um nível maior de defesa no âmbito do Tribunal do Júri, tendo em vistaque os julgadores, os jurados, são juízes de fato. A manifestação do princípio da plenitude de defesa, nãodecorre, apenas, da participação no sorteio dos jurados, direito também conferido à acusação, mas napossibilidade do defensor utilizar tudo o que for possível para realizar a defesa técnica. Assim sendo, nãoprecisa ficar restrito aos argumentos meramente jurídicos, mas, além disso, poderá utilizar argumentosmetajurídicos, sociais, filosóficos, políticos, psicológicos, religiosos etc. O defensor deverá procurardemonstrar aos jurados, todas as teses de defesa possíveis. Nesse sentido, é interessante o disposto no Art.497, inciso V do Código de Processo Penal, pois constitui atribuição do juiz presidente a nomeação dedefensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, inclusive, dissolver o Conselho de sentença edesignar novo dia para o julgamento, com a nomeação de novo defensor (NUCCI, 2012, p. 28/32).

O SIGILO DAS VOTAÇÕES: O veredicto dos jurados decorre das respostas dadas aos quesitosformulados pelo juiz presidente na sala especial. A votação será realizada na denominada sala especial (videArt. 485, caput, do Código de Processo Penal), recebendo cada jurado pequenas cédulas feitas de papelopaco, contendo umas a palavra "SIM" e outras a palavra "NÃO", com o escopo de, secretamente seremrecolhidos os votos (Art. 486 do CPP). Durante a resposta aos quesitos, o oficial de justiça recolherá, emurnas separadas, as cédulas relativas aos votos e as que não forem utilizadas (Art. 487 do CPP) (BONFIM,2012, p. 610). Ademais, conforme o disposto no Art. 489 do Código de Processo Penal brasileiro acontagem dos votos será realizada por MAIORIA DE VOTOS. Portanto, computando 4 (quatro) votos(SIM ou NÃO), a decisão será finalizada passando, então, para o próximo quesito, se possível, oufinalizando a votação. Nesse sentido, a Constituição no Art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “b”, faz referênciaao sigilo das votações (NUCCI, 2012, p. 32/34).

A SOBERANIA DOS VEREDICTOS: A soberania dos veredictos está prevista no Art. 5º, incisoXXXVIII, alínea "c" da Constituição da República e caracteriza-se na manutenção da decisão dos juradosacerca dos elementos que integram o delito, que não poderá ser substituída em grau de recurso. Todavia,não obstaculiza, porém, conforme entendimento doutrinário majoritário, que o Tribunal, julgando a decisãomanifestamente contrária à prova dos autos, determine seja o réu submetido a novo Júri (vide Art. 593,inciso III, alínea “d” e § 3º do CPP). Ademais, não impede a possibilidade jurídica de impugnação por meiode revisão criminal (vide Art. 621 do CPP).

A COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA: OArt. 5º, inciso XXXVIII, alínea "d" trata da competência mínima do Júri, não podendo a legislaçãoinfraconstitucional retirar do Tribunal do Júri a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra avida. Nada impede, entretanto que o legislador amplie essa competência, inserindo outras infrações penaisreputadas graves. Não se trata de competência exclusiva, cabendo ao Tribunal do Júri julgar outros crimes,

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desde que haja conexão ou continência com algum crime doloso contra a vida. São crimes dolosos contra avida, portanto sujeitos ao julgamento pelo Tribunal do Júri nos termos do Art. 74 § 1.° do Código deProcesso Penal:

- HOMICÍDIO DOLOSO, SIMPLES, MAJORADO, PRIVILEGIADO OU QUALIFICADO(Art. 121 do Código Penal);

- INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (Art. 122 do Código Penal);

- INFANTICÍDIO (Art. 123 do Código penal);

- ABORTO, EM TODAS AS SUAS MODALIDADES (Arts. 124, 125, 126 e 127 todos doCódigo Penal).

A competência do Júri abrange tanto os delitos consumados quanto os tentados. A Súmula 603do Supremo Tribunal Federal dispõe que “a competência para o processo e julgamento de latrocínio é dojuiz singular e não do Tribunal do Júri”. Os crimes conexos, conforme previsão do Art. 78, inciso I doCódigo de Processo Penal, também são julgados pelo Tribunal do Júri (exemplo: homicídio qualificado eocultação de cadáver, Art. 211 do Código Penal).

Ademais, acresça-se que o Genocídio, cujas maneiras de execução equivalem a delitos dolosos contraa vida (vide Art. 1º, alienas “a” e “d”, da Lei 2.889 de 1956), pode ser julgado no âmbito do Tribunal doJúri, como crime conexo. Portanto, em regra, o genocídio é da competência da justiça comum, salvo,quando nas hipóteses retro mencionadas, em que será considerado crime conexo aos dolosos contra avida.

É importantísismo ressaltar que não é porque o genocídio é um crime contra a humanidade (vide Arts.5º e 6º, alínea "a" do Decreto nº 4.388 de 2002, que estatuiu o Tribunal Penal Internacional), visando oagente à destruição do grupo, que a competência para seu processamento será exclusiva do Tribunal do Júri. A competência para processar e julgar o crime de genocídio poderá ser da justiça federal. Isto ocorrerá emduas hipóteses. A primeira hipótese se dá com base no Art. 109, V-A, c/c § 5.° do mesmo artigo, todos daConsituição Federal, em que, no caso de grave violação aos direitos humanos, o procurador-Geral daRepública, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratadosinternacionais, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, o deslocamento da competência dajustiça federal. A segunda hipótese se dá quando o genocídio é praticado contra comunidade indígena, emque, segundo o Art. 109, inciso XI da Constituição da República, a competência também é da justiça federal.Foi o que aconteceu, no caso denominado “massacre de Haximu”, em que vários índios Yanomâmis forammortos por garimpeiros, os agentes foram processados e julgados pelo juízo monocrático federal, aliás, oSTF validou esse entendimento (ANDREUCCI, 2009, p. 302).

Nesse sentido, é interessante a pesquisa referente ao RECURSO EXTRAORDINÁRIO nº 351.487-3/2006, RORAIMA, de Relatoria do Ministro Cezar Peluso, cuja ementa é a seguinte:

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EMENTAS: 1. CRIME. Genocídio. Definição legal. Bem jurídico protegido. Tutela penal da existênciado grupo racial, étnico, nacional ou religioso, a que pertence a pessoa ou pessoas imediatamentelesionadas. Delito de caráter coletivo ou transindividual. Crime contra a diversidade humana como tal.Consumação mediante ações que, lesivas à vida, integridade física, liberdade de locomoção e a outrosbens jurídicos individuais, constituem modalidade executórias. Inteligência do art. 1º da Lei nº 2.889/56, edo art. 2º da Convenção contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto nº 30.822/52. O tipo penal do delitode genocídio protege, em todas as suas modalidades, bem jurídico coletivo ou transindividual, figurado naexistência do grupo racial, étnico ou religioso, a qual é posta em risco por ações que podem também serofensivas a bens jurídicos individuais, como o direito à vida, a integridade física ou mental, a liberdade delocomoção etc.. 2. CONCURSO DE CRIMES. Genocídio. Crime unitário. Delito praticado medianteexecução de doze homicídios como crime continuado. Concurso aparente de normas. Não caracterização.Caso de concurso formal. Penas cumulativas. Ações criminosas resultantes de desígnios autônomos.Submissão teórica ao art. 70, caput, segunda parte, do Código Penal. Condenação dos réus apenas pelodelito de genocídio. Recurso exclusivo da defesa. Impossibilidade de reformatio in peius. Não podem osréus, que cometeram, em concurso formal, na execução do delito de genocídio, doze homicídios, receber apena destes além da pena daquele, no âmbito de recurso exclusivo da defesa. 3. COMPETÊNCIACRIMINAL. Ação penal. Conexão. Concurso formal entre genocídio e homicídios dolosos agravados.Feito da competência da Justiça Federal. Julgamento cometido, em tese, ao tribunal do júri. Inteligênciado art. 5º, XXXVIII, da CF, e art. 78, I, cc. art. 74, § 1º, do Código de Processo Penal. Condenaçãoexclusiva pelo delito de genocídio, no juízo federal monocrático. Recurso exclusivo da defesa.Improvimento. Compete ao tribunal do júri da Justiça Federal julgar os delitos de genocídio e de homicídioou homicídios dolosos que constituíram modalidade de sua execução.

Ademais, se a pessoa tiver foro por prerrogativa de função definida na Constituição Federal, segundoo entendimento majoritário, deverá ser processada e julgada pelo Tribunal a que estiver subordinada. É que aConstituição, pode excepcionar a si mesma (TOURINHO FILHO, 2009, p. 717).

PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI

O procedimento especial do Tribunal do Júri é bifásico, compreendendo uma fase preliminar,preparatória, seguida de uma fase definitiva.

A fase preparatória volta-se ao julgamento da denúncia, resultando em um juízo de admissibilidade daacusação, também denominada JUDICIUM ACCUSATIONIS ou juízo da acusação. Esta primeira fase temcomo marco inicial o recebimento da denúncia e termina com a decisão de pronúncia.

A fase definitiva, em contrapartida, tem por finalidade o julgamento da causa, transferindo aosjurados (juízes de fato) o exame da procedência, ou improcedência, da pretensão acusatória. Esta fase édenominada de JUDICIUM CAUSAE, e inicia-se com a preclusão da decisão de pronúncia e termina, apósas alegações orais, com a votação do questionário e a prolação da sentença (BONFIM, 2012, p. 615).

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Primeira Fase "Judicium Accusationis"

A primeira fase do procedimento bifásico do Tribunal do Júri tem início com o recebimento dadenúncia ou da queixa-crime subsidiária, terminando no momento em que preclui a de decisão interlocutóriade pronúncia.

1°) Inicia-se o procedimento com o oferecimento da DENÚNCIA ou da QUEIXA-CRIME (estaultima somente na hipótese do Art. 29 do Código de Processo Penal). Oferecida a denúncia ou queixa-crimesubsidiária, o Juiz poderá rejeitá-la com base no Art. 395 do Código de Processo Penal.

2°) Recebida a denúncia ou a queixa-crime, o Juiz determinará a CITAÇÃO do acusado,concedendo-lhe o prazo de 10 (dez) dias para apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO (vide Art. 406 doCPP).

3°) Na resposta à acusação, poderão ser argüidas questões preliminares (levantamento de eventuaisvícios ou falhas processuais até então ocorridas), bem como possiblita a lei a juntada de documentos ejustificações (excludentes de ilicitude), deve ainda, a defesa especificar as provas pretendidas e arrolar até 8(oito) testemunhas.

4°) Se forem opostas exceções: incidentes processuais que não suspendem, em regra, o andamento daação principal, serão processados em apartado, na forma prevista nos Arts. 95 a 112 do Código de ProcessoPenal (vide Art. 407 do CPP).

5°) Regularmente citado o acusado e não oferecida a resposta no prazo, o magistrado nomearádefensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos (vide Art. 408 do CPP).

6°) Em obediência ao princípio constitucional do contraditório, o magistrado, oferecida a resposta,dará oportunidade para o Parquet ou querelante manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias, se argüidaspreliminares ou juntados documentos, é o que a doutrina vem denominado de réplica (vide Art. 409 doCPP). A realização das diligências requeridas e a oitiva das testemunhas deverão ser realizadas no prazomáximo de 10 (dez) dias (Art. 410 do CPP).

7°) Após , o Juiz designará AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO, (videArt. 411 do CPP). Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, sepossível, no caso de estar vivo, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nestaordem. Haverá ainda os esclarecimentos dos peritos, que dependerão de prévio requerimento e dedeferimento pelo juiz (Art. 411, § 1° do CPP). Proceder-se-á às acareações e ao reconhecimento de pessoas ecoisas , interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se aos debate.

8°) Ao término da instrução, se for o caso, será observado o disposto no Art. 384 do Código deProcesso Penal (vide Art. 411, § 3° do CPP). Trata-se da possibilidade da denominada mutatio libelli.

9°) Não sendo hipótese de mutatio libelli, ocorreram os debates orais. À acusação e à defesa seráoportunizado o tempo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez) minutos para realizarem suas

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alegações orais (vide Art. 411, § 4° do Código de Processo Penal). Na hipótese de mais de um acusado, otempo dos debates será individual para cada um, ou seja, a acusação e a defesa terão 20 (vinte) minutos,prorrogáveis por mais 10 (dez) minutos, para apresentarem suas pretensões em relação a cada acusado (Art.411, § 5° do CPP). O assistente de acusação terá a palavra por 10 (dez) minutos, após o Parquet,prorrogando-se por igual período o tempo de defesa (Art. 411, § 6° do CPP).

10°) Encerrados os debates orais, o juiz decidirá na própria audiência ou no prazo de 10 (dez) dias(vide Art. 411, § 9° do CPP). Assim, Caberá ao juiz, ao final, proferir uma entre as seguintes decisõespossíveis:

A – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DE PRONÚNCIA (Art. 413 do CPP)

A Pronúncia é a decisão interlocutória mista, que julga admissível a acusação, remetendo o caso àapreciação do Tribunal do Júri. Conforme o disposto no Art. 413 do Código de Processo Penal, o juiz, demaneira fundamentada, pronunciará o acusado quando houver indícios de autoria e prova da materialidadedelitiva.

Para as correntes doutrinárias e jurisprudenciais majoritárias, prevalece, nesta fase, o princípio do "indubio pro societate", ou seja, na dúvida o juiz poderá pronunciar o acusado remetendo o julgamento aoTribunal do Júri.

O Art. 413 § 1º do Código de Processo Penal determina que a fundamentação da pronúncia deverá serlimitada à indicação da materialidade, bem como dos indícios suficientes de autoria ou de participação,especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. No entanto, o Art. 7º doDecreto-Lei nº 3.931/19941, a Lei de Introdução ao Código de Processo Penal, dispõe que não se insere nadecisão de pronúncia qualquer causa de diminuição especial de pena, pois viloaria o princípio da plenitudede defesa limitando as teses dos defensores (NUCCI, 2013, p. 763).

Da decisão de pronúncia caberá recurso em sentido estrito (vide Art. 581, inciso IV do CPP).

B – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DE IMPRONÚNCIA (Art. 414 do CPP)

A impronúncia é a decisão interlocutória na qual o magistrado encerra a primeira fase do processo,deixando de dar início ao julgamento em plenário do Júri, haja vista que pode inexistir prova damaterialidade delitiva, bem como ausência de indícios suficientes de autoria. Assim, conforme Art. 414 doCódigo de Processo Penal o magistrado deverá impronunciar o acusado.

No entanto, se surgirem novas provas outro processo penal pode ser instalado, salvo se ocorreu aextinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva.

Da decisão de impronúncia caberá recurso de apelação (vide Art. 416 do CPP).

C – SENTENÇA DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (Art. 415 do CPP)

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O Art. 415, incisos I a IV do Código de Processo Penal prevê, expressamente, hipóteses de absolviçãosumária. Assim, o juiz poderá absolver sumariamente o acusado se constatar alguma das hipóteses previstas:I - estiver provada a inexistência do fato; II - estiver provado não ser o réu o autor ou partícipe do crime; III -o fato narrado evidentemente não constituir infração penal; IV ficar demonstrada alguma excludente deilicitude ou dirimente de culpabilidade, ressalvado, neste último caso, a da inimputabilidade penal.

O Art. 415, parágrafo único, do Código de Processo Penal determina que o juiz não pode absolversumariamente o acusado em caso de inimputabilidade penal, se a defesa aventou outras teses. Por exemplo,ainda que o acusado seja ininmputável, o juiz não poderá absolvê-lo e aplicar-lhe medida de segurança (videArts. 96 a 99 do Código Penal) se apresentou a tese da legítima defesa, haja vista que poderá sustentá-la paraos jurados.

Da decisão de absolvição sumária caberá recurso de apelação (vide Art. 416 do CPP).

D – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DE DESCLASSIFICAÇÃO (Art. 419 do CPP)

A decisão de desclassificação remete o julgamento da causa ao juízo competente quando o juizdepreender da existência de crime diverso dos dolosos contra a vida, consumados ou tentados (vide Art. 74 §1º do CPP). Assim, nessa situação remeterá os autos do processo ao juiz competente (vide Art. 419 do CPP).

Da decisão de desclassificação caberá recurso em sentido estrito (vide Art. 581, inciso II do CPP).

Preparação do Processo para Julgamento em Plenário

1°) Recebidos os autos, o juiz presidente determinará que se intimem o Ministério Público ou oquerelante e o defensor para, em 5 (cinco) dias, oferecerem o rol de testemunhas, no máximo 5 (cinco), quedeporão em plenário do Júri, podendo ser juntados documentos e requerer diligências (Art. 422, CPP).

2°) Em seguida, após as manifestações, o juiz delibera acerca de quais provas serão produzidas deimediato e quais ficarão para o plenário. Promoverá as diligências necessárias para sanar qualquer falha ouvício até então ocorridos. Buscará esclarecer fato interessante à busca da verdade real. Cabe ao juiz sanarqualquer nulidade antes da ocorrência do julgamento em plenário, justamente na fase de preparação dasessão do Tribunal do Júri (art. 423, caput e inciso I).

3°) Posteriormente, deve o magistrado elaborar, por escrito, o relatório do processo, que será entregue,por cópia, a cada um dos jurados componentes do Conselho de Sentença (art. 423, II, CPP).

4°) Caso a lei de organização judiciária não atribua ao juiz presidente o preparo do processo parajulgamento, o juiz competente lhe remeterá o feito devidamente preparado até 5 (cinco) dias antes do sorteiodos 25 (vinte e cinco) jurados para a reunião periódica ou extraordinária (Art. 424, caput, do CPP). Aliás, osprocessos preparados até o encerramento da reunião deverão ser remetidos para a realização do julgamento(Art. 424, parágrafo único, do CPP).

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5°) Regularizado o feito, o juiz designará data para julgamento no Plenário, e determina a intimaçãodo representante do Ministério Público, do querelante, se houver, do assistente da acusação, se existir, do réue seu defensor. Lembrar, ainda, que a inquirição do ofendido, se viável, deve ser providenciada, assim comodos peritos, se solicitado pelas partes (Art. 431, CPP). Salvo motivo relevante, na ordem de julgamento dosprocessos terão preferência (art. 429): I – os réus presos; II – dentre os presos, os mais antigos na prisão; III– em igualdade de condições, os que tiverem sido pronunciados há mais tempo.

6°) O órgão do Tribunal do Júri é composto de um Juiz de Direito, que é seu presidente, e de 25 (vintee cinco) jurados, que se sortearão dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentençaem cada sessão de julgamento (Art. 447 do CPP). Os Arts. 432 e 433 do Código de Processo Penaldetermina que o procedimento desse sorteio será realizado após a organização da pauta de julgamentos(Arts. 429 a 431 do CPP). Assim, o juiz determinará a intimação do Ministério Público, da OAB e daDefensoria Pública para acompanharem o sorteio.

7º) A audiência de sorteio não será adiada em face da ausência de comparecimento e ocorrerá entre o15° e o 10° dias úteis anteriores à instalação da Reunião. No dia e hora designados, serão sorteados 25jurados, da lista geral de alistamento organizada anualmente, que deverão servir na sessão (Art. 433, caput,CPP). Exigi-se que o sorteio seja feito a portas abertas, cabendo ao juiz presidente retirar da urna geral ascédulas com os nomes dos jurados. Essas cédulas serão, então, recolhidas a outra urna, que ficará sobresponsabilidade do magistrado. Expede-se edital convocatório, onde constará a data em que o Júri sereunirá, bem como o nome dos jurados sorteados, afixando-se à porta do fórum (Art. 435, do CPP). Após,serão os jurados devidamente intimados para o comparecimento à sessão de julgamento pelo correio ou porqualquer outro meio hábil (por exemplo, por telefone), conforme dispõe o Art. 434 do Código de ProcessoPenal.

8º) Nesta fase é possível que ocorra o DESAFORAMENTO. Trata-se de decisão que altera acompetência fixada pelo lugar da infração penal (vide Art. 69, inciso I c/c Art. 70, ambos do CPP). Odesaforamento poderá ocorrer nas hipóteses previstas nos Arts. 427 a 428, ambos do Código de ProcessoPenal, em quatro situações: a) se o interesse da ordem pública reclamar; b) se houver dúvida sobre aimparcialidade do Júri; c) para garantir a segurança pessoal do acusado; e d) se o julgamento não se realizarno período de seis meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia desde que para a demoranão tenha contribuído a própria defesa. Com efeito, deferida a alteração da competência, o processo seráremetido para outra comarca, para o julgamento por outro Tribunal do Júri.

Segunda fase "Judicium causae"

JULGAMENTO EM PLENÁRIO

O julgamento no Plenário do Tribunal do Júri, aqui no Brasil, é próximo do que se vê nos filmesestadunidenses. Debates acalorados entre a acusação e a defesa, pessoas comuns decidindo o futuro do réu eum juiz responsável para lavrar a sentença, tudo permeado por uma verdadeira guerra de nervos. Ademais,assim como nos filmes, o ponto culminante do julgamento é o debate entre a acusação e a defesa. Comoprecisam convencer pessoas comuns, de suas versões do fato, eles costumam utilizar de uma dialética com

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forte apelo emocional.

Por força do princípio da publicidade dos atos processuais, previsto nos Arts. 5º, inciso LX e 93,inciso IX, ambos da Constituição Federal, bem como no Art. 792 do Código de Processo Penal qualquerpessoa, em regra, pode assistir o julgamento. Em geral, o Plenário é ocupado por parentes do réu e da vítima,jornalistas e estudantes de direito.

O funcionamento do Tribunal do Júri obedece à lei de organização judiciária de cada Estado (Art. 453do CPP). O plenário é o local onde será julgado o acusado. O Tribunal é composto pelo juiz togado, que opreside, e por 25 (vinte e cinco) jurados sorteados para a sessão. Há, na realidade, 26 (vinte e seis) pessoasenvolvidas no julgamento (um juiz de direito e 25 juízes leigos), dos quais, em uma segunda etapa, atinge-seo número de 8 (oito) (um juiz presidente e 7 sete jurados). Por outro lado, para validamente começar seustrabalhos, devem reunir-se, pelo menos, 16 (dezesseis) pessoas (um juiz togado e 15 (quinze) jurados).Portanto, pode-se dizer que há o Tribunal do Júri pleno (26 pessoas), e o Tribunal do Júri mínimo (16pessoas) e o Tribunal do Júri constituído para o julgamento (8 pessoas) (vide Arts. 447 a 452 do CPP).

É importante salientar que o ALISTAMENTO DOS JURADOS está regulado no Art. 425 doCódigo de Processo Penal. Ademais, os Arts. 432 a 435 do Código regulamentam os sorteios e convocaçõesdos JURADOS. A relevante função de JURADO está regulada nos Arts. 436 a 446 do Código de ProcessoPenal.

Por conseguinte, é importante conhecer o fluxograma do procedimento realizado no plenário doTribunal do Júri. Senão vejamos:

1°) Até o momento do início da sessão, o juiz presidente decidirá sobre os casos de isenção e dispensade jurados, bem como pedidos de adiamento do julgamento, fazendo consignar todas as deliberações em ata(Art. 454 do CPP);

2°) Verificação do comparecimento das partes, (Arts. 455 a 461 do CPP). A falta de qualquertestemunha não será motivo para adiamento, salvo se postulada sua intimação por mandado e arrolada emcaráter de imprescindibilidade (Arts 422 e 461 do CPP). Se não for encontrada no local indicado,proceder-se-á ao julgamento. Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz suspenderá os trabalhos afim de que seja trazida, ou adiará o julgamento para o primeiro dia útil desimpedido, ordenando suacondução coercitiva.

3°) É necessário a colocação das testemunhas de acusação e defesa em salas próximas, permanecendoincomunicáveis (Art. 460 do CPP).

4°) Conforme o Art. 462 do Código de Processo Penal após a realização das diligências previstas nosArts. 454 a 461 do CPP, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas com os nomes dos 25 (vintee cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão lhes faça a chamada.

5º) Assim, contadas as cédulas e feita a chamada para atestar, publicamente, estarem os jurados nolocal, torna-se a colocá-las na urna, que é devidamente fechada. À proporção que forem proferidos seusnomes, cada jurado, deverá responder presente. O juiz, então, anuncia que está instalada a sessão,determinando ao oficial que faça o pregão (Art. 463, §1° do CPP), o pregão é o anúncio do processo a serjulgado, com a identificação do acusado e do suposto crime praticado.

6°) Ainda antes do sorteio do Conselho de Sentença, o juiz advertirá os jurados presentes dos

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impedimentos e das suspeições (Art. 466 do CPP), para que, se for o caso, quando chamado, o sorteadodecline afirmando a sua situação de incompatibilidade. Ademais, o juiz-presidente deverá advertir os juradosde que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si, nem manifestar sua opinião sobre as coisasdo processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2° do Art. 436 do Código deProcesso Penal.

7°) Procede-se, então, ao sorteio do Conselho de Sentença (Art. 467 do CPP). Verificado que a urnacontém as cédulas pertinentes aos jurados presentes e após as advertências acima referidas, o juiz passa arealizar ao sorteio dos 7 (sete) jurados que deverão integrar o Conselho de Sentença. Nessa oportunidade, àproporção que os nomes forem sendo sorteados e lidos em voz alta (Art. 468 do CPP), a Defesa e, depoisdela, a Acusação poderão recusar até 3 (três) jurados, sem dar os motivos da recusa. São chamadas recusasimotivadas ou peremptórias. Ademais, é possível a recusa em virtude de impedimentos esuspeições. Haverá separação do julgamento apenas, se, em virtude das recusas, não for atingido o númerode 7 (sete) jurados para completar o Conselho de Sentença (art. 469 §1° do CPP), é o chamado “estouro daurna” (Art. 471 do CPP).

8°) Diante disso deve ser realizado o juramento solene. Sorteados os 7 (sete) jurados e formado oConselho de Sentença o juiz presidente deverá proferir a seguinte exortação: “ Em nome da lei, concito-vosa examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciênciae os ditames da justiça” (vide Art. 472 do CPP). Em seguida, procederá à chamada nominal de cada jurado,que responderá: “ Assim o prometo”.

9°) Dispõe o Art. 472, parágrafo único, do CPP: “O jurado, em seguida, receberá cópias dapronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatóriodo processo”.

10°) Prestado o compromisso terá início a INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. Assim, será ouvido oofendido, se possível, quando o juiz presidente, o Parquet, o assistente de acusação, o querelante e odefensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido.

11º) Logo em seguida serão inquiridas as testemunhas arroladas pela acusação. A inquirição serádireta e sucessiva, na seguinte ordem: juiz, acusador, assistente e advogado do acusado (Art. 473, caput, doCPP). Após e do mesmo modo serão inquiridas as testemunhas de defesa pelo juiz, pelo advogado, peloParquet e pelo assistente de acusação (Art. 473, §1° do CPP). Os jurados poderão fazer perguntas à vítima eàs testemunhas, mas sempre por intermédio do juiz presidente, de forma indireta (Art. 473, §2° do CPP).

12°) Se necessário podem ser realizadas acareações, reconhecimentos de pessoas e coisas, bemcomo esclarecimentos dos peritos ou leitura de peças (Art. 473, §3° do CPP).

13º) Por fim, será realizado o INTERROGATÓRIO DO ACUSADO. O interrogatório deveráobservar o disposto nos Arts. 185 a 196 do CPP (vide Art. 474 e 475 do CPP). Os jurados, também, temdireito de fazer perguntas ao acusado. Os sujeitos processuais podem perguntar diretamente (vide Art. 212do CPP). No entanto, os jurados indagaram por intermédio do juiz presidente (vide Art. 474, § 2º do CPP).

14º) Encerrada a instrução em plenário iniciará a realização dos DEBATES ORAIS.

15º) Preliminarmente, O Ministério Público deverá realizar a acusação nos termos da decisão depronúncia. O Promotor de Justiça terá o tempo regulamentar de 1 hora e 30 minutos para manifestações

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horais (2 horas e 30 minituos, em caso de 2 (dois) ou mais acusados) (vide Art. 476, caput e §§ 1° e 2° doCPP)

16°) Terminada a acusação terá a palavra a Defesa do acusado, pelo mesmo tempo (Art. 476, §3°do CPP). O defensor deverá, necessariamente, opor resistência à acusação, sob pena de nulidade dojulgamento. Se o magistrado perceber que o defensor está intentando a condenação em processo impróprio aisso, deixando o acusado manifestamente indefeso, deve dissolver o Conselho de Sentença, colocando na ataas razões, designando nova data para o julgamento (vide Art. 497, inciso V do CPP).

17°) Encerradas as alegações orais da defesa o juiz presidente concederá ao Ministério Público aoportunidade de RÉPLICA. Se a resposta for positiva, passa-lhe a palavra por 1 (uma) hora para aacusação, se houver mais de um réu 2 (duas) horas (Art. 477, caput, CPP). Se não desejar, cessam osdebates;

18º) Após a réplica, cabe ao defensor manifestar-se em TRÉPLICA, por 1 (uma) hora, havendo maisde um réu 2 (duas) horas. Admite-se a reinquirição de qualquer das testemunhas já ouvidas em plenário (Art.476, §4° do CPP). É fundamental que elas estejam aguardando e não tenham sido dispensadas. Essa novainquirição deve ser realizada dentro do tempo da parte que assim deseje. Não poderá haver tréplica sem aréplica, e esse é o atual entendimento majoritário. A defesa pode inovar na tréplica de acordo com oentendimento do Superior Tribunal de Justiça.

O Direito ao Aparte

Poderão as partes fazer uso de apartes, desde que sejam breves e não tenham por fim tumultuar ojulgamento em plenário. Aparte é, a intervenção da acusação durante a manifestação da defesa, ou ainterferência desta durante a fala do Promotor. Nos termos do Art. 497, XII, do Código de Processo Penalcaberá ao juiz presidente “regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das partes, quando a outraestiver com a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos para cada aparte requerido, que serãoacrescidos ao tempo das partes”.

Dois são os tipos de apartes existentes no Tribunal do Júri: a) o aparte livre, que consiste em umaconcessão do orador que estiver fazendo uso da palavra; b) o aparte regulamentado pelo Art. 497, XII, doCPP, que decorre de um requerimento dirigido ao juiz-presidente, pelo apartante.

Restrições impostas às partes

Existem certas restrições impostas à acusação, bem como à defesa. Nesse sentido determina o Art.478, do CPP, in verbis: “Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazerreferências”:

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I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgam admissível a acusação ou àdeterminação do uso de algemas como argumentação de autoridade que beneficiem ou prejudiquem oacusado;

II – ao silêncio do acusado ou à ausência, de interrogatório por falta de requerimento, em seuprejuízo.

Ademais, para não ocorrer inovação na produção de provas, surpreendendo qualquer das partes,preceitua o Art. 479 do CPP, in verbis: “Durante o julgamento não será permitida a leitura dedocumento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte”. Aliás, o parágrafo único, do mesmo dispositivodetermina que: “Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outroescrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualqueroutro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação ejulgamento dos jurados”.

O Art. 480 do CPP, dispõe in verbis: “A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qualquer momentoe por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a peçapor ele lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento defato por ele alegado".

19°) Concluídos os debates, o juiz presidente indagará dos jurados se estão habilitados a julgar ou senecessitam de outros esclarecimentos (vide Art. 480, § 1° do CPP).

20°) A seguir, o juiz presidente lerá os quesitos e indagará das partes se têm requerimentos oureclamações a fazer, devendo qualquer deles, bem como a decisão, constar da ata (Art. 484, CPP). Ademais,ainda em plenário, o Juiz presidente explicará aos jurados o significado de cada quesito. A leitura eexplicação dos quesitos, segundo o Art. 484 do CPP, devem ser feitos em plenário, na presença do público.

Quesitos

O Art. 482 do Código de Processo Penal estabelece que serão os jurados questionados sobre matériade fato e se o acusado deve ser absolvido. A ordem da seqüência dos quesitos está regulada no Art. 483 doCódigo de Processo Penal:

I – quesito sobre a materialidade do fato;

II – quesito sobre a autoria ou participação;

III – quesito se o acusado deve ser absolvido;

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IV – quesito sobre causas de diminuição de pena alegadas pela defesa;

V – quesitos acerca de circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas napronúncia ou em posteriores decisões que julgaram admissível a acusação.

21°) Se os jurados estiverem habilitados a julgar, após a leitura e explicação dos quesitos em plenário,serão convidados a acompanhar o juiz presidente e as partes (exceto o próprio acusado) à SALAESPECIAL (denominada também de “sala secreta”). Não havendo sala especial, o público deverá se retirardo plenário (Art. 485, caput, e §1° do CPP).

22°) Na sala especial será realizada a VOTAÇÃO, nesta ocasisão os jurados recebem pequenascédulas de papel opaco, contendo umas a palavra SIM e outras a palavra NÃO, para que, respeitado oprincípio constitucional do sigilo das votações, possam proferir seus votos (vide Art. 486 do CPP).

23°) O juiz dá por iniciado os trabalhos, colocando em votação o primeiro quesito, cabendo-lhe sempre, com tranqüilidade, aguardar que todos estejam prontos para depositar o voto. Assim, faz a leitura doquesito em voz alta e indaga se estão preparados a votar, concedendo tempo suficiente aos jurados paraescolherem a cédula correta, correspondente ao voto desejado, a fim de colocar na urna. A primeira urna quepassa, no sentido anti-horário, conduzida pelo oficial de justiça, começa a recolher os votos válidos, a partirdo primeiro jurado (levando-se em conta o que foi sorteado e aceito em primeiro lugar e assimsucessivamente), passando, após, ao segundo, terceiro, quarto, quinto, sexo, sétimo. Quando termina eentrega a urna de carga ao juiz, determina este que outro oficial, no sentido horário, começando do sétimojurado, até o primeiro, recolha os votos de descarga (Art. 487 do CPP).

24°) Se mais de 3 (três) jurados responderam negativamente a qualquer um dos quesitos referentes àmaterialidade ou autoria delitiva, a votação será encerrada, sendo o acusado absolvido (vide Art. 483, §1° doCPP). Por outro lado, se mais de 3 (três) jurados responderem afirmativamente a tais quesitos, seráformulado outro quesito com a seguinte redação: “O jurado absolve o acusado?” (vide Art. 483, §2° doCPP). Caso haja condenação, com a resposta negativa a este quesito, o julgamento prossegue. As decisõesdo Júri serão tomadas por maioria de votos (vide Art. 489 do CPP). Terminada a votação, o termo seráassinado pelo juiz, pelos jurados e pelas partes (Art. 491 do CPP);

25°) Dispõe o Art. 483, §3° do Código de Processo Penal: “decidindo os jurados pela condenaçãoprossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; II –Circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisõesposteriores que julgam admissível a acusação”.

26°) Havendo crime tentado ou divergência a respeito da tipificação do delito, sendo este tambémdoloso contra a vida e, portanto, da competência do Júri, haverá quesitos sobre estes fatos, a seremrespondidos após o segundo quesito (Art. 483, §5° do CPP).

27°) Sustentada a desclassificação do crime para outro de competência do juízo singular, seráformulado quesito a esse respeito, a ser respondido após o segundo ou terceiro, conforme o caso (Art.483,§4° do CPP).

28°) SENTENÇA. Terminada a votação e assinado o respectivo termo, o juiz presidente lavrarásentença que deverá ser fundamentada, salvo quanto às conclusões que resultarem das respostas ao quesitos.

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A sentença está regulada no Art. 492, I e II do Código de Processo Penal. .

29°) A sentença será lida em plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de instrução ejulgamento (vide Art. 493 do CPP).

30°) Ata do julgamento. De cada sessão de julgamento será lavrada ata, que descreverá fielmentetodas as ocorrências e incidentes. A ata é regulamentada pelos Arts. 494, 495, 496, todos do Código deProcesso Penal. Nela constarão todos os elementos descritos no Art. 495 do Código de Processo Penal,incluindo-se outras formalidades essenciais ao julgamento. Será assinada pelo juiz e pelas partes, adquirindonesse ato sua autenticidade.

Atribuições do Juiz Presidente

O Art. 497 do Código de Processo Penal regulamenta, expressamente, as atribuições do juiz presidenteno Plenário do Tribunal do Júri. Senão vejamos:

I – regular a polícia das sessões e prender os desobedientes;

II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva autoridade;

III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso de linguagem ou medianterequerimentos de uma das partes;

IV – resolver as questões incidentes que não dependam de pronunciamento do júri;

V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver oConselho e designar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor;

VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização do julgamento, o qual prosseguirásem a sua presença;

VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à realização das diligências requeridas ouentendidas necessárias, mantida a incomunicabilidade dos jurados;

VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para proferir sentença e para repouso ou refeição dosjurados;

IX – decidir, de ofício, ouvidos o MP e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a argüição deextinção de punibilidade;

X – resolver as questões de direito suscitadas no curso do julgamento;

XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de qualquer jurado, as diligênciasdestinadas a sanar nulidade ou a suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade;

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XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das partes, quando a outra estiver com apalavra, podendo conceder até 3 minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo destaúltima.

Quiz

1

Em relação ao procedimento especial do Tribunal do Júri aponte a assertivacorreta:

O Tribunal do Júri é competente para julgar todos os crimes dolosos e culposos contra a vida,consumados ou tentados e os conexos.

O Tribunal do Júri é competente para julgar todos os crimes dolosos contra a vida,consumados ou tentados, excluídos os crimes conexos.

O Tribunal do Júri é competente para julgar o crime de latrocínio.

O Tribunal do Júri é competente para julgar todos os crimes dolosos contra a vida,consumados ou tentados, inclusive seus conexos.

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2

São julgados pelo Tribunal do Júri, exceto:

Homicídio qualificado.

Autoaborto.

participação em suicídio.

Homicídio culposo na direção de veículo automotor.

3

Em relação ao procedimento do Tribunal do Júri, é correto afirmar que:

Em caso de impronúncia, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa-crime se houverprova nova, enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade.

Admite-se desaforamento, nas hipóteses taxativas do CPP, desde que demonstrados anecessidade e o interesse da ordem pública e havendo dúvida sobre a imparcialidade do júriou a segurança pessoal do acusado, sendo prescindível a oitiva da defesa.

A decisão de pronúncia, etapa que encerra a primeira fase procedimental do júri, submete oréu ao julgamento pelo Conselho de sentença e tem eficácia de coisa julgada no que dizrespeito à vinculação do Conselho de sentença ao crime e à autoria descritos na decisão.

nenhuma das alternativas anteriores.

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4

Em que consiste a DESPRONÚNCIA?

Na decisão judicial singular que não recebe a denúncia em crimes da competência doTribunal do Júri.

Na reforma da decisão singular de pronúncia, por um colegiado ou no exercício de juízo deretratação singula, na hipótese de recurso em sentido estrito.

Na decisão judicial de primeiro grau que desde logo absolve sumariamente o acusado noscrimes da competência do Tribunal do Júri.

Na decisão judicial singular que desclassifica o crime de competência do Tribunal do Júripara outro de competência de Juiz ordinário.

5

É cabível a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA no procedimento do Tribunal do Júriquando:

Não houver prova suficiente de ser o acusado autor ou partícipe do fato delituoso.

Reconhecida a inimputabilidade do acusado por doença mental, ainda que esta não tenha sidoa única tese defensiva.

Verificada hipótese de excludente de antijuridicidade, ou, em certos casos, da culpabilidade.

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Não houver prova suficiente da existência do fato típico.

6

Ao final da primeira fase do procedimento especial do Tribunal do Júri, quais asdiferentes decisões que o juiz do Tribunal do Júri poderá tomar:

Pronúncia, impronúncia, desclassificação, absolvição sumária e condenação sumária.

Pronúncia, impronúncia, desclassificação e absolvição sumária.

Pronúncia, impronúncia, despronúncia e desclassificação.

Pronúncia, despronúncia, desclassificação e arquviamento do feito.

7

Em processo de competência do Tribunal do Júri, durante a instrução criminal,surgiram elementos probatórios que indicaram a existência de circunstâncias deinfração penal não contida na denúncia, Nessa situação, a autoridade judiciáriadeverá:

Remeter os autos ao Ministério Público para a finalidade de aditamento da denúncia.

Absolver o acusado face à prova da inexistência do fato conforme descrito na denúncia.

Pronunciar o denunciado nos termos da nova infração penal, embora fique sujeito a pena maisgrave.

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Impronunciar o denunciado, por não ter restado provada a autoria do fato constante dadenúncia.

8

Com relação ao Tribunal do Júri a Constituição da República assegura, comexclusividade:

Sigilo das votações, soberania dos veredictos, a competência mínima para o julgamento doscrimes dolodos e culposos contra a vida, o sigilo nas votações.

Soberania dos veredictos, contraditório, ampla defesa, e sigilo das votações.

A plenitude de defesa, sigilo das votações, soberania dos veredictos e a competência mínimapara o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

A ampla defesa, sigilo das votações, sobernia dos veredictos e a competência mínima para ojulgamento dos crimes dolosos contra a vida.

9

Durante um julgamento realizado em plenário do tribunal do júri o promotor dejustiça leu alguns documentos referentes ao acusado, todavia, tais documentosforam juntados aos autos do processo no dia exato do julgamento. Tal juntada dedocumentos é proibida, conforme disposto expressamente no artigo 479 do Códigode Processo Penal que determina: "Durante o julgamento não será permitida aleitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autoscom a antecedência mínima de 03 (três) dias úteis, dando-se ciência à outraparte". Diante disso, aponte a assertiva que representa os princípios constitucionaisviolados:

Princípio da ampla defesa e do contraditório.

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Princípio da publicidade e do contraditório.

Princípio da ampla defesa e da publicidade.

Princípio da plenitude de defesa e do contraditório.

10

Com relação ao crime de genocídio é correto afirmar que:

sempre será crime da competência do Júri.

o genocídio será da competência do Tribunal do Júri quando praticado(s) homicídio(s) ouaborto (s) e, portanto, for considerado crime conexo ao doloso contra a vida.

O crime de genocídio nunca será julgado pelo Tribunal do Júri.

Todas as alternativas estão corretas.

Referências

ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 8.ed. Salvador,BA: JusPODIVM, 2013.

BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da Prova no Processo Penal. São Paulo: Ed. RT.2003.

BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy Processo Penal. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

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