procedimentos de execução de revestimento externo

Embed Size (px)

Citation preview

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construo Curso de Especializao em Construo Civil

1

"PROCEDIMENTO EXECUTIVO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM ARGAMASSA" Solano Alves Pereira Junior

Belo Horizonte 2010

2

Solano Alves Pereira Junior

"PROCEDIMENTO EXECUTIVO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM ARGAMASSA"

Monografia apresentado Faculdade de Engenharia da UFMG, como requisito para concluso do curso de especializao de gesto de tecnologia na construo civil. Orientador: Prof. Dr. Antnio Neves de Carvalho Jnior

Belo Horizonte 2010

3

AGRADECIMENTOS

Agradeo aos professores e ao orientador pelo apoio e aos demais mestres pelo conhecimento transmitido. Agradeo tambm a minha famlia pelo apoio carinho e dedicao.

4

RESUMOO presente trabalho visa a organizar alguns conceitos bsicos relativos execuo de revestimentos de argamassa aplicados na face externa das vedaes de edifcios. Entende-se por tecnologia de execuo de um dado servio na construo como o conjunto sistematizado de conhecimentos cientficos e empricos, pertinentes criao, produo e uso deste servio. O subconjunto de conhecimentos empricos relativos execuo de revestimento de argamassas existente em nosso pas extenso e contraditrio. Estes conhecimentos encontram-se dispersos e so geralmente transmitidos de forma oralizada entre os "iniciados", ou seja, os operrios e tcnicos que atuam no canteiro de obra. A execuo de revestimentos em argamassa tem sido relegada a um segundo plano no processo de produo de edifcios de mltiplos pavimentos, sendo que muitas vezes a definio da argamassa de revestimento, forma de aplicao e processo de produo no so obedecidas pelos mestres de obras ou pelos encarregados dos servios de revestimento. Para elaborao deste trabalho as bases de aplicao de revestimentos consideradas sero as de concreto ou de alvenaria de vedao de blocos de concreto ou cermico. Este documento tambm representa uma ampla proposta para o desenvolvimento tecnolgico dos servios de revestimento. Desta maneira, a estrutura do documento pode ser dividida em trs partes distintas. A primeira parte sobre os conceitos inerentes aos revestimentos; a segunda sobre funes e propriedades intrnsecas aos revestimentos argamassados, onde, analisa os parmetros a serem especificados no projeto de revestimento e salienta os principais fatores necessrios ao planejamento da execuo e de aceitao, indicando diretrizes para apropriao dos consumos de materiais e da produtividade de mo de obra e por ltimo os comentrios finais relacionam as necessidades para o desenvolvimento tecnolgico do assunto.

5

LISTA DE SIGLASABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas EPI Equipamento de Proteo Individual MPa Megapascal NB Normas Brasileiras RA - Resistncia UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

6

SUMRIO 1. INTRODUO 2. REVESTIMENTO EM ARGAMASSA 2.1 Funes do Revestimento de Argamassa 2.2 Propriedades do Revestimento de Argamassa 3. ELABORAO DO PROJETO PARA A PRODUO DO REVESTIMENTO 3.1 Anlise e Compatibilizao dos Diversos Projetos 3.2 Definies de Projeto 3.2.1) Definio de Argamassa 3.2.2) Projeto do Canteiro de Obras 3.2.3) Espessura do Revestimento 3.2.4) Detalhes Construtivos 3.2.4.1) Juntas 3.2.4.2) Peitoris 3.2.4.3) Pingadeiras 3.2.4.4.) Reforo do Revestimento em Tela Metlica 3.3) Redefinies de Projeto 3.3.1) Posicionamento dos Arames de Prumo 3.3.2) Mapeamento de Fachada 3.3.3) Readequao do Projeto Devido s Condies Existentes (Reprojeto) 3.3.4) Controle Massa nica ou Emboo 4.1) Ferramentas Necessrias 4.2) Equipamentos 4.3) Preparao da Base (limpeza e reparo da base) 4.4) Limpeza e Tratamento Geral 5. EXECUO DO CHAPISCO 5.1) Locao dos Arames da Massa 5.2) Mapeamento 8 9 9 10 16 17 18 19 22 24 26 26 28 29 29 29 31 31 32 33 34 34 34 35 35 37 37 37

4. PRODUO DO REVESTIMENTO Procedimentos Bsicos para a Execuo de

7

5.3) Lavagem da Base 5.4) Aplicao do Chapisco 5.5) Taliscamento 6. APLICAO DA ARGAMASSA 6.1) Emboo 6.2) Sarrafeamento 6.3) Reboco 7. JUNTAS DE MOVIMENTAO E DESSOLIDARIZAO 8. ARGAMASSA PROJETADA EM REVESTIMENTO EXTERNO 8.1) Tipos de Argamassa 8.2) Materiais e componentes 8.3) Equipamentos e ferramentas projetada 8.4.1) Aspectos visuais 8.4.2) Dureza da superfcie e aderncia 8.5) Emboo e argamassa de acabamento 8.5.1) Aspectos visuais 8.5.2) Dureza da superfcie e aderncia 8.6) Atribuio de responsabilidade na fase de execuo 9. CONSIDERAES FINAIS 9.1) Substratos para aplicao de argamassa 9.2) Componentes dos revestimentos de argamassa 10. CONCLUSES 11. BIBLIOGRAFIA

38 38 39 41 41 42 42 43 44 45 46 46 47 55 55 56 57 57 58 61 62 63 65 67

8.4) Metodologia executiva de revestimento externo de fachada em argamassa

8

1. INTRODUOEste trabalho abordar os principais itens a serem considerados quanto elaborao do projeto de revestimentos argamassados, levando-se em considerao no apenas o aspecto tecnolgico, ms tambm, aspectos organizacionais do canteiro de obras, o dimensionamento das equipes de produo, e dos balancins para a aplicao do revestimento de fachada; fatores estes fundamentais para a concepo do projeto e produo de revestimentos argamassados. Os sistemas de revestimentos tm sofrido modificaes significativas nos ltimos anos. Essas modificaes advm de novos materiais bsicos (novos cimentos, agregados artificiais, por exemplo), novos materiais finais, como o caso das argamassas industrializadas, e novos processos construtivos, como por exemplo, as argamassas de revestimento projetadas mecanicamente. O intuito apresentar diferentes aspectos entre a aplicao de argamassa manual e argamassa projetada desenvolvendo um produto especfico para projeo pelo mtodo bombeado, analisando fatores como qualidade na aplicao, aderncia, resistncia mecnica, perda do material, desempenho da mo de obra, aproveitamento do material e custo benefcio. Avaliando um novo processo construtivo, enfocando aspectos relativos ao prprio material a as implicaes que sua adoo causa no canteiro. Ser uma comparao entre etapas equivalentes em sistemas diferentes, como a anlise da produtividade das etapas de projeo em relao aplicao convencional, pode representar de forma inadequada o sistema como um todo, uma vez que a melhoria na produtividade do sistema mecanizado est mais relacionada com a logstica que a sua adoo exige do que com o processo de projeo em si.

9

2.REVESTIMENTO EM ARGAMASSASegundo SELMO (1989), argamassas so conceituadas pela engenharia civil como materiais obtidos atravs da mistura, em propores adequadas, de aglomerante(s), agragado(s) mido(s) e gua, com ou sem aditivos. A NBR 7200/98 define argamassa inorgnica como a mistura homognea de agregado(s) mido(s), aglomerante(s) inorgnico(s) e gua, contendo ou no aditivos e adies, com propriedades de aderncia e endurecimento. Na construo civil brasileira, o sistema construtivo tradicional para edifcios de mltiplos pavimentos aquele composto por estrutura reticulada de concreto armado, com vedaes verticais executadas em alvenaria de blocos (cermicos, de concreto, concreto celular auto-clavado e slicio-calcrio), revestidos interna e externamente com argamassa mista a base de cimento, cal e areia.

2.1. Funes do Revestimento em ArgamassaDe acordo com SABBATINI; SELMO e SILVA (1988), so funes dos revestimentos: Proteger as vedaes e a estrutura contra a ao de agentes agressivos, e por consequncia, evitar a degradao precoce das mesmas, sustentar a durabilidade e reduzir os custos de manuteno dos edifcios; Auxiliar as vedaes a cumprir com as suas funes, tais como: isolamento termoacstico, estanqueidade gua e aos gases e segurana ao fogo. Por exemplo, um revestimento externo normal de argamassa (30 a 40% da espessura da parede) pode ser responsvel por 50% do isolamento acstico, 30% do isolamento trmico e 100% responsvel pela estanqueidade de uma vedao de alvenaria comum;

10

Regularizar a superfcie dos elementos de vedao e servir de base para a aplicao do acabamento final; Funes estticas, de acabamento e aquelas relaciondas com a valorizao da construo ou determinao do edifcio. A funo de proteo dos revestimentos est, em princpio, associada a questes de durabilidade dos elementos estruturais e de vedao, evitando a ao direta dos agentes agressivos ou deletrios que atuam sobre as superfcies dos edifcios, como por exemplo: umidade (de infiltrao, condensao, higroscpica, etc., temperatura ambiente, fogo, poeira, microorganismos, ar e gases poluentes, radiaes, vibraes, cargas de impacto e foras externas). Assim a proteo promovida pelos revestimentos argamassados tem o carter bsico de melhor conservar as propriedades estruturais e de vedao da paredes. Quando o revestimento de argamassa estiver associado a outros revestimentos (por exemplo, um revestimento de pastilhas cermicas, azulejos ou "Frmica") ele tem tambm as funes de substratos. Deve-se salientar que no funo do revestimento dissimular imperfeies grosseiras da alvenaria ou da estrutura de concreto armado.

2.2 Propriedades do Revestimento de ArgamassaAs principais propriedades que o revestimento de argamassa deve possuir para cumprir adequadamente suas funes so: Aderncia; Resistncia Mecnica; Capacidade de Absorver Deformaes; Permeabilidade gua; Propriedades Requeridas pelo Sistema de Vedao; Caractersticas Superficiais; Durabilidade.

11

Os critrios de desempenho para o revestimento de argamassa variam em funo das condies de exposio. As principais propriedades do revestimento podem ser observadas em escala (de 1 a 5) qualitativa na tabela 1, que cresce em funo do nvel de exigncia das propriedades.Propriedades Fachada Capacidade de aderncia Capacidade de absorver deformaes Restrio de fisuras Resistncia a trao e a compresso Resistncia ao desgaste superficial Durabilidade al., 1988) Pintura 1 3 3 1 3 2 Interno Cermica 2 1 1 2 1 2 5 3 3 1 1 1 Forro 3 4 4 3 2 4 Fachada Pintura Cermica 4 2 2 4 1 3

Tabela 1- Nvel de Exigncia das Propriedades do Revestimento de Argamassa (adaptado de Sabbatini et

A seguir, descreveremos estas propriedades de forma sucinta, visto no ter o presente trabalho, a inteno de aprofundar-se nestas conceituaes. Aderncia: Entende-se por aderncia, a capacidade que o revestimento tem de suportar tenses normais de trao e tangenciais atuantes na interface substrato/revestimento sem sofrer um processo degenerativo. O mecanismo de aderncia resultante principalmente da ancoragem mecnica da pasta, que succionada pelos poros da base, onde ocorre a precipitao de silicatos e hidrxidos, promovendo um endurecimento progressivo da pasta, resultando na ancoragem mecnica da argamassa base. Este fenmeno est diretamente associado a diversos outros fatores, tais como: caractersticas da base, composio e propriedades da argamassa no estdo fresco, tcnica de aplicao, respeito ao tempo de sarrafeamento e desempeno, condies climticas quando da aplicao e limpeza da base.

12

A NBR 13749/96 estabelece o limite de resistncia de aderncia trao (Ra), para revestimentos de argamassa, que varia de acordo com o local de aplicao e tipo de acabamento, conforme mostrado na tabela 2.Local Interna Parede Externa Teto Tabela 2 - Limites de Resistncia de Aderncia Trao (NBR 13749/96) Acabamentos Pintura ou base para reboco Cermica ou laminado Pintura ou base para reboco Cermica Ra (MPa) >= 0,20 >= 0,30 >= 0,30 >= 0,30 >= 0,20

Resistncia Mecnica: MACIEL; BARROS E SABBATINI (1998), definem esta, como a propriedade dos revestimentos suportarem as aes mecnicas de diversas naturezas, devidas abraso superficial, ao impacto e a contrao termo-higroscpica. Esta propriedade depende da natureza dos agregados e aglomerantes da argamassa empregada e da tcnica de execuo que busca a compactao da argamassa durante a sua aplicao e acabamento. A resistncia mecnica aumenta com a reduo da proporo de agregado na argamassa e varia inversamente com a relao gua/cimento da argamassa. Capacidade de Absorver Deformaes: a capacidade que o revestimento tem de sofrer deformaes de pequena amplitude, sem sofrer ruptura ou atravs de fissuras no prejudiciais, quando submetido a tenses provenientes de deformaes termohigrocspicas. uma propriedade equacionada pela resistncia a trao e mdulo de deformao do revestimento. Esta propriedade permite ao revestimento se deformar sem ruptura ou atravs de microfissuras imperceptveis, quando os esforos de trao, oriundos de pequenas deformaes, ultrapassam o limite de resistncia trao do material.

13

Esta propriedade depende do mdulo de deformao da argamassa (quanto menor o mdulo, maior a capacidade de absorver deformaes), espessura das camadas, das juntas de trabalho do revestimento e da tcnica de execuo. Permeabilidade gua: uma propriedade dos revestimentos a ser definida conforme o nvel de proteo que devem oferecer base contra a ao das chuvas, ou de guas de reas de lavagem da edificao. Diversos fatores influem na permeabilidade, como a natureza da base, o trao e natureza dos materiais costituintes da argamassa, a tcnica de execuo, espessura de aplicao e o acabamento final. Estes fatores em maior ou menor grau vo interferir na sua porosidade e na capacidade de absoro de gua capilar e total. Esta propriedade est relacionada passagem de gua atravs das diversas camadas do revestimento e depende diretamente da natureza da base, da composio e dosagem da argamassa, da tcnica de execuo, da espessura das camadas do revestimento e do acabamento final. Propriedades Requeridas pelo Sistema de Vedao: Nas alvenarias de vedao correntes, feitas com componentes de baixa resistncia mecnica e s vezes at sem a existncia de junta vertical, diversas propriedades so integralizadas pelos revestimentos, a saber: estanqueidade guas e a gases, isolamento acstico e resistncia ao fogo, entre outras. At mesmo os elementos de vedao em concreto armado podem ter suas funes integralizadas pelos revestimentos argamassados base de cal. A despeito da natureza da argamassa os revestimentos podem ter funes de estanqueidade sobre o concreto. Constitui-se, por exemplo, em barreira penetrao de agentes agressivos como gs carbnico atmosfrico, indesejvel nos concretos porosos por concorrer para sua carbonatao, com possibilidade de despassivao e corroso das armaduras. Caractersticas Superficiais: As caractersticas superficiais dos revestimentos dizem

14

respeito principalmente sua textura. Esta pode variar de lisa spera sendo basicamente funo da granulometria, do teor agregado (frao mais grossa) e da tcnica de execuo do revestimento. Alm disso, os revestimentos devem constituir-se em uma superfcie plana, nivelada, sem fissuras e resistente a danos. Deve tambm haver compatibilidade qumica entre o revestimento e o acabamento final previsto. No caso de tintas leo, por exemplo, sabe-se que no h compatibilidade com revestimentos base de argamassa de cal. A tcnica de execuo de revestimentos com desempenadeira de ao contribui para a obteno de uma textura bastante lisa. Ensaios em campo realizados pela EPUSP, revelaram que tal tcnica deve ser melhor estudada face excelente textura que confere aos revestimentos. Pode ser recomendada em determinadas situaes desde que no prejudique a aderncia da massa corrida ou da pintura, nem se verifique um nvel de fissurao incompatvel por excesso de pasta na superfcie. Durabilidade: A durabilidade dos revestimentos argamassados, ou seja, a capacidade de manter o desempenho de suas funes ao longo do tempo, uma propriedade complexa e depende de inmeros fatores: da etapa de projeto ond a adequao do material analisada e indispensvel a correta especificao do revestimento; da etapa de execuo em que so determinantes as caractersticas dos materiais utilizados e as condies de execuo dos servios; e da etapa de uso em que o servio de manuteno precisa ser automtico e peridico. a propriedade que reflete o desempenho do revestimento durante sua vida til, sendo que os seguintes fatores so inversamente proporcionais durabilidade: fissurao do revestimento, espessura excessiva, a cultura e proliferao de microorganismos, qualidade das argamassas e falta de manuteno. Eficincia: A eficincia uma propriedade resultante do binmio "custo x benefcio". Para maximixar esta propriedade no caso dos revestimentos argamassados, necessrio racionalizar as decises de projeto, o emprego de materiais, a dosagem de argamassas, bem como, a execuo e manuteno dos revestimentos. Entretanto, isto

15

s pode ser conseguido, s custas de um projeto, planejamento e controle eficiente de todas as etapas do processo construtivo, que o objetivo maior a ser, por ora, implantado.

16

3.ELABORAO REVESTIMENTO

DO

PROJETO

PARA

A

PRODUO

DO

A elaborao do projeto para a produo de revestimentos de argamassa pode ser dividida em trs marco etapas distintas: especificaes preliminares, anteprojeto e projeto executivo. MACIEL (1998) comenta estas etapas, afirmando que "as especificaes preliminares do revestimento so definidas numa fase ainda inicial, buscando-se a compatibilizao das interfaces, de forma a atender aos requisitos do edifcio preestabelecidos. Estas especificaes preliminares no so definitivas e servem de ponto de partida para a realizao do anteprojeto do Revestimento"; ainda segundo esta autora, " as especificaes definidas no anteprojeto do Revestimento, aps serem analisadas criticamente, frente aos anteprojetos, e j considerando as informaes com relao produo, so detalhadas definitivamente, no Projeto Executivo". de estrema importncia, que os projetos de produo dos revestimentos sejam elaborados tomando-se por base os manuais de procedimentos da empresa, sem o que, o projeto torna-se intil, sem chances de ser efetivamente utilizado nos canteiros de obra. Esta orientao vai ao encontro da definio de MELHADO (1994) quando conceitua com propriedade que o empreendedor, o construtor e o usurio podem ser considerados clientes do projeto dentro do conceito de qualidade; este autor continua afirmando que "sendo clientes do projeto, o mesmo deveria levar em conta as necessidades do empreendedor, do construtor e do usurio, para ento melhor satisfaz-las. SABBATINI; SELMO e SILVA (1998) tambm tratam dos conceitos sobre projetos, planejamento e controle da execuo de revestimentos de argamassa, quando conceituam que "o projeto de revestimentos corresponde definio clara e precisa de todos os aspectos relativos aos materiais e tcnicas e detalhes construtivos a serem empregados e aos padres e tcnicas de controle de qualidade a serem observados".

17

O projeto dos revestimentos de argamassa tem basicamente os seguintes objetivos: a.definir os tipos de revestimentos a serem executados; b.especificar as argamassas a serem empregadas em cada um dos tipos de revestimento; c. definir as tcnicas a serem utilizadas na execuo dos revestimentos; d. especificar os padres de qualidade exigidos para os servios; e. estudar e definir detalhes arquitetnicos e construtivos que afetam o desempenho dos revestimentos, evitando ou diminuindo sua solicitao por agentes potencialmente prejudiciais; f. definir a sistemtica de controle de qualidade a ser adotada e especificar os requisitos de desempenho a serem atingidos. Porm, necessrio tambm, quando da elaborao do projeto de produo do revestimento de argamassa, a abordagem do planejamento e controle da produo, que englobam entre outros, o projeto do canteiro de obras, a definio da equipe de produo, definio das ferramentas e equipamentos a serem utilizados, plano de controle do volume e da qualidade da produo, prazo e oramento previsto para a execuo dos servios, alm do treinamento das equipes de produo. SABBATINI e BARROS (1990), afirmam que na maioria das vezes os procedimentos especficos para a elaborao de projetos para revestimento no so adotadas, devido ao fato de que os profissionais envolvidos com o problema no conhecem em profundidade as caractersticas dos materiais a serem empregados, no dominam a tecnologia de execuo e no levam em considerao as condies s quais os revestimentos estaro expostos.

3.1 Anlise e Compatibilizao dos Diversos ProjetosAssim como os demais projetos de produo, o projeto de revestimentos deve ser

18

elaborado antes do incio da obra e interagir com os diversos outros projetos de produo com os quais tem uma interface (estrutura, alvenaria, instalaes, impermeabilizao, pisos e esquadrias) de forma que haja maior coordenao entre eles. Para MACIEL (1998), "o desenvolvimento do projeto dos revestimentos de argamassa de fachada ser fundamentado na coordenao entre diversos projetos e na determinao das informaes com relao ao produto e sua produo, seguindo a metodologia bsica apresentada por MELHADO et al. (1995)". SABBATINI, SELMO e SILVA (1988) comentam que " a existncia e a utilizao plena e correta de projetos construtivos tem se mostrado como a melhor ferramenta para a eliminao de desperdcios a reduo de custos, o controle do processo, a obteno da qualidade desejada, enfim, para a racionalizao construtiva e para otimizao do desempenho da atividade de construo de edifcios". Fica claro, portanto, que a coordenao dos projetos a atividade complexa e torna-se ferramenta fundamental para integrao entre os diversos subsistemas, procurando trazer para a engenharia o domnio do processo da produo; tendo como objetivo a reduo dos conflitos, buscando tirar da frente de produo a responsabilidade pela tomada de decises, que em muitas vezes so realizadas de forma no sistmica por pessoas no habilitadas.

3.2 Definio de ProjetoA NBR 7200/98 estabelece que na elaborao das especificaes do projeto para execuo do sistema de revestimento de argamassa devem constar pelo menos: a. tipos de argamassa e respectivos parmetros para a definio do trao; b. nmeros de camadas; c. espessura das camadas;

19

d. acabamento superficial; e. tipo de revestimento decorativo; As etapas do cronograma de execuo devem ser definidas de acordo com as especificaes e com as verificaes preliminares. A seguir, detalharemos as definies que o projeto para a produo do revestimento de argamassa deve apresentar, visando permitir o planejamento, a coordenao e o controle eficiente do processo de produo do revestimento.

3.2.1) Definio de ArgamassaA escolha entre a utilizao da argamassa dosada na obra e a argamassa industrializada deve ser baseada em funo da composio do custo direto e indireto de ambas as opes, levando-se em considerao o custo dos insumos, equipe de apoio, a disponibilidade de espao no canteiro de obras para a produo e armazenagem de materiais a serem utilizados no revestimento e a interferncia no transporte vertical. As argamassas industrializadas podem ser fornecidas em sacos de 50 Kg ou em silos, sendo que a opo pela sua utilizao se d, quando seu custo no justifica a dosagem da argamassa em obra e/ou, quando o espao destinado ao canteiro de obras no suporta uma central de produo e armazenagem dos insumos utilizados na produo da argamassa. Suas vantagens em relao argamassa dosada em canteiro so as seguintes: a. Requer menor controle de recebimento e de produo; b. No necessita de central de produo, sendo que a argamassa pode ser misturada no pavimento onde ser aplicada; c. Menor espao para o armazenamento do material; d. Material homogneo, pouco sujeito variaes; e. Dispensa a utilizao de equipe de apoio;

20

f. No h conflitos no transporte vertical de outros materiais. MACIEL, BARROS e SABBATINI (1998), propem uma metodologia para a definio da composio da argamassa dosada no canteiro de obras a partir da medio e mistura dos materiais que ser exposta a seguir: A argamassa dosada no canteiro, geralmente composta por cimento, cal e areia, aditivos ou adies e gua. Cada um desses materiais apresenta caractersticas diferentes e interferem nas propriedades da argamassa e do revestimento. A tabela 4 mostra os principais aspectos dos materiais constituintes da argamassa, que devem ser considerados na definio da argamassa.

21

MATERIAIS Cimento

ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA COMPOSIO E DOSAGEM - Tipo de cimento (caractersticas) e classe de resistncia - Disponibilidade e custo - Comportamento da argamassa produzida com o cimento - Tipo de cal - Forma de produo - Massa unitria - Disponibilidade e custo - Comportamento da argamassa produzida com a cal - Composio mineralgica e granulomtrica - Dimenses do agregado - Forma e rugosidade superficial dos gros - Massa unitria - Inchamento - Comportamento da argamassa produzida com areia Manuteno das caractersticas da areia

Cal

Areia

gua

- Caractersticas dos componentes da gua, quando essa no for potvel - Uso de aditivos acrescentados argamassa no momento da mistura ou da argamassa aditivada

Aditivos

- Tipo de aditivos (caractersticas) - Finalidade - Disponibilidade e custo - Comportamento da argamassa produzida com o aditivo - Tipo de aplicao (caractersticas)

Adies

- Finalidade - Comportamento da argamassa produzida com a adio - Disponibilidade, manuteno das caractersticas e custo Alm das caractersticas dos materiais, existem outros fatores que devem ser considerados na definio, tais como: As condies de exposio do revestimento;

Outros

As caractersticas da base de aplicao; As propriedades requeridas para a argamassa e para o revestimento; As condies de produo e controle da argamassa; O custo.

Tabela 4 - Aspectos a serem considerados na definio do trao da argamassa (MACIEL, BARROS E SABBATINI, 1998)

22

3.2.2) Projeto do Canteiro de ObrasA NR-18 define o canteiro de obras como sendo "a rea de trabalho fixa e temporria, onde se desenvolvem operaes de apoio e execuo de uma obra"; j a NB 1367/91 mais especfica, definindo o canteiro como conjunto de "reas destinadas execuo e apoio dos trabalhos da indstrias da construo, dividindo-se em reas operacionais e reas de vivncia". O projeto de produo de argamassa deve fazer parte integrante do projeto do canteiro de obras. Alm dos locais considerados pela NR-18, devem ser considerados, entre outros, o estabelecimento dos locais de armazenagem dos materiais, a central de produo e a forma de transporte da argamassa at local de sua aplicao, visando promover a movimentao com o menor nmero de interferncias possveis. O prvio conhecimento das condies de acesso e a disponibilizao de materiais e equipamentos na regio onde ser instalado o canteiro so condies fundamentais para as definies de projeto. SOUZA; FRANCO; PALIARI e CARRARO (1997), tratam o canteiro como sendo definido em vrios elementos, estando estes ligados produo entre os quais se encontra a central de produo de argamassas; elementos de apoio a produo, estando aqui relacionados, entre outros, o estoque de areia, estoque de argamassa intermediria, silos de argamassa pr misturada a seco, estoque de cal em saco, estoque de cimento em saco e estoque de argamassa industrializada em sacos; sistemas de transporte com decomposio de movimento; sistemas de transporte sem decomposio de movimento; elementos tcnico administrativo; reas de vivncia; outros elementos de decomposio externa obra. Tratando das diretrizes dos elementos ligados produo, os autores recomendam que sejam observados os seguintes critrios:

23

I - Central de Argamassa: Localizar a central nas proximidades do estoque de areia; prximo ao equipamento para transporte vertical; de preferncia em local coberto (para viabilizar trabalho mesmo na chuva); II - Cuidado com interferncias com outros fluxos de material: O nmero de betoneiras funo da demanda da obra por argamassas (mesmo que a obra s demande uma, conviniente ter uma menor para caso de emergncias); Prever tablado para o estoque de sacos de aglomerante necessrio para o dia de trabalho; Ordem de grandeza de rea: 20 m2. III - Estoque de Argamassa Intermediria: Prximo betoneira de produo de produo de argamassa; prxima ao equipamento para transporte vertical; Altura da ordem de 30 cm; rea funo da demanda por argamassa intermediria; Recomendvel ter duas "caixas" para estocagem no lugar de uma com a soma das duas reas (para uso da mais antiga primeiro). IV - Estoque de Sacos de Cal: Local fechado, prximo ao processo de materiais (viabilizar carregamento sob responsabilidade do fornecedor), isento de unidade; Isolar os sacos de contato com o piso (estrados) e afastar das paredes do ambiente; Procurar induzir poltica de "primeiro a chega = primeiro a usar". Pilhas com no mximo 15 sacos de altura; A rea funo da demanda (ordem de grandeza = 20 m2); comum o uso do mesmo ambiente para a estocagem de sacos de cimento (com ordem de grandeza quanto rea neste caso de 30 m2). V - Estoque de Sacos de Cimento: Local fechado, prximo ao acesso de materiais (viabilizar carregamento sob

24

responsabilidade do fornecedor), isento de umidade; Isolar os sacos de contato com o piso (estrados) e afastar das paredes do ambiente; Procurar induzir poltica de "primeiro a chegar = primeiro a usar". Pilhas com no mximo 10 sacos de altura; rea em funo da demanda (ordem de grandeza = 20 m2); comum o uso do mesmo ambiente para a estocagem de cal e/ou de cimento (com ordem de grandeza quanto rea neste caso de 30 m2). VI - Silo de Argamassa Pr-misturada a Seco: Localizao em posio que permita fcil posicionamento do silo; rea da ordem de (4x4) m2. VII - Estoque de Sacos de Argamassa Industrializada: Local fechado, prximo ao acesso de materiais (viabilizar carregamento sob responsabilidade do fornecedor), isento de umidade; Isolar os sacos de contato com o piso (estrados) e afastar das paredes do ambiente; Procurar induzir poltica de "primeiro a chegar = primeiro a usar". Pilhas com no mximo 10 sacos de altura; rea funo da demanda (ordem de grandeza = 20 m2); Devem ser levados em considerao ainda, os tipos e localizao dos equipamentos de transporte vertical.

3.2.3) Espessura do RevestimentoAs espessuras admissveis para o revestimento de argamassa so especificadas pela NB 13749/96 e esto apresentadas na tabela 5.

25

REVESTIMENTO Parede interna Parede externa Tetos internos e externa

ESPESSURA 5=