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Processo Administrativo - Denise Silveira.pdf

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I78cISEHARD, Denise da Silveira Caderno de Processo Administrativo Dom Alberto/Denise da S. Isehard. Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010. Inclui bibliografia. 1. Direito Teoria2. Processo Administrativo TeoriaI. ISEHARD, Denise da Silveira II. Faculdade Dom AlbertoIII. Coordenao de DireitoIV. Ttulo CDU 340.12(072) Catalogao na publicao: Roberto Carlos Cardoso Bibliotecrio CRB10 010/10 Pgina 2 / 76APRESENTAO OCursodeDireitodaFaculdadeDomAlbertotevesuasemente lanadanoanode2002.Iniciamosnossacaminhadaacadmicaem2006, apsaconstruodeumprojetosustentadonosvaloresdaqualidade, seriedade e acessibilidade. E so estes valores, que prezam pelo acesso livre atodososcidados,tratamcomseriedadetodosprocessos,atividadese aes que envolvem o servio educacional e viabilizam a qualidade acadmica epedaggicaquegeramefetivoaprendizadoquepermitemconsolidarum projeto de curso de Direito. Cincoanossepassarameumcicloseencerra.Afasede crescimento,deamadurecimentoedeconsolidaoalcanaseupicecoma formaturadenossaprimeiraturma,comaconclusodoprimeiromovimento completo do projeto pedaggico. Entendemosseresteomomentodenoapenascelebrar,masde devolver,sobaformadepublicao,oprodutodotrabalhointelectual, pedaggicoeinstrutivodesenvolvidopornossosprofessoresduranteeste perodo. Este material servir de guia e de apoio para o estudo atento e srio, paraaorganizaodapesquisaeparaocontatoinicialdequalidadecomas disciplinas que estruturam o curso de Direito. Felicitamosatodososnossosprofessoresquecomcompetncia nos brindam com os Cadernos Dom Alberto, veculo de publicao oficial da produo didtico-pedaggica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto. Lucas Aurlio Jost Assis Diretor Geral Pgina 3 / 76 Pgina 3 / 76PREFCIO Todaaohumanaestcondicionadaaumaestruturaprpria,a umanaturezaespecficaqueadescreve,aexplicaeaomesmotempoa constitui.Maisainda,todaaohumanaaquelapraticadaporumindivduo, nolimitedesuaidentidadee,preponderantemente,noexercciodesua conscincia.Outracaractersticadaaohumanasuaestruturaformal permanente. Existe um agente titular da ao (aquele que inicia, que executa a ao),umcaminho(aaopropriamentedita),umresultado(afinalidadeda aopraticada)eumdestinatrio(aquelequerecebeosefeitosdaao praticada).Existemaeshumanasque,aoseremexecutadas,geramum resultadoeesteresultadoobservadoexclusivamentenaesferadoprprio indivduoqueagiu.Ouseja,nasaesinternas,titularedestinatriodaao soamesmapessoa.Oconhecimento,porexcelncia,umaaointerna. ComobemdescreveOlavodeCarvalho,somenteaconscinciaindividualdo agente d testemunho dos atos sem testemunha, e no h ato mais desprovido detestemunhaexternaqueoatodeconhecer.Poroutrolado,existemaes humanasque,umavezexecutadas,atingempotencialmenteaesferade outrem,isto,osresultadosseroobservadosempessoasdistintasdaquele que agiu. Titular e destinatrio da ao so distintos. Qualquer ao, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo oualegria,temorouabandono,satisfaooudecepo,atosatosde trabalhar,comprar,vender,rezarouvotarsosempreaeshumanasecom talestosujeitasestruturaacimaidentificada.Noacidentalquea linguagem humana, e toda a sua gramtica, destinem aos verbos a funo de indicaraao.Semprequeexistirumaao,teremoscomoidentificarseu titular, sua natureza, seus fins e seus destinatrios. Conscientedisto,omdicoepsiclogoViktorE.Frankl,queno cursodeumacarreirabrilhante(trocavacorrespondnciascomoDr.Freud desdeosseusdezesseteanosedesterecebiaelogiosemdiversas publicaes)desenvolviatcnicasdecompreensodaaohumanae, consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnstico e cura para os eventuaisproblemasdetectados,destacou-secomoumdosprincipais estudiososdasanidadehumana,doequilbriofsico-mentaledamedicina como cincia do homem em sua dimenso integral, no apenas fsico-corporal. Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua famlia foramcapturadoseaprisionadosemcamposdeconcentraodoregime nacional-socialistadeHitler.Duranteanossofreutodososflagelosqueeram ininterruptamente aplicados em campos de concentrao espalhados por todo territrio ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstncias, em que a vida sente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade nica, Pgina 4 / 76 Pgina 4 / 76queFranklconsegue,aoolharseusemelhante,identificaraquiloquenosfaz diferentes, que nos faz livres. Durantetodooperododeconfinamentoemcamposde concentrao(inclusiveAuschwitz)Franklobservouqueosindivduos confinadosrespondiamaoscastigos,sprivaes,deformadistinta.Alguns, peranteamenorrestrio,desmoronavaminteriormente,perdiamocontrole, sucumbiam frente dura realidade e no conseguiam suportar a dificuldade da vida. Outros, porm, experimentando a mesma realidade externa dos castigos edasprivaes,reagiamdeformaabsolutamentecontrria.Mantinham-se ntegrosemsuaestruturainterna,entregavam-secomoqueemsacrifcio, esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida. Observandoisto,Franklpercebequeadiferenaentreoprimeiro tipodeindivduo,aquelequenosuportaadurezadeseuambiente,eo segundotipo,quesemantminteriormenteforte,quesuperaadurezado ambiente,estno fatodequeosprimeirosjno tmrazoparaviver,nada os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de viver que os mantm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua vida.Aoatribuirumsentidoparasuavida,oindivduosupera-seasimesmo, transcende sua prpria existncia, conquista sua autonomia, torna-se livre. Aosairdocampodeconcentrao,comofimdoregimenacional-socialista,Frankl,imediatamenteesobaformadereconstruonarrativade suaexperincia,publicaumlivretocomottuloEmbuscadesentido:um psiclogonocampodeconcentrao,descrevendosuavidaeadeseus companheiros,identificandoumaconstantequepermitiuquenoapenasele, masmuitosoutros,suportassemoterrordoscamposdeconcentraosem sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida. Nestemesmomomento,Franklapresentaosfundamentosdaquilo queviriaasetornaraterceiraescoladeViena,aAnliseExistencial,a psicologia clnica de maior xito at hoje aplicada. Nenhum mtodo ou teoria foi capaz de conseguir o nmero de resultados positivos atingidos pela psicologia deFrankl,pelaanlisequeapresentaaoindivduoaestruturaprpriadesua ao e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido (da finalidade) para toda e qualquer ao humana. Sentidodevidaaquiloquesomenteoindivduopodefazere ningummais.Aquiloquesenoforfeitopeloindivduonoserfeitosob hiptesealguma.Aquiloquesomenteaconscinciadecadaindivduo conhece. Aquilo que a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de deciso. Pgina 5 / 76 Pgina 5 / 76No existe nenhuma educao se no for para ensinar a superar-se asimesmo,atranscender-se,adescobrirosentidodavida.Tudoomais morno, sem luz, , literalmente, desumano. Educar,pois,descobrirosentido,viv-lo,aceit-lo,execut-lo. Educarnotreinarhabilidades,nocondicionarcomportamentos,no alcanar tcnicas, no impor uma profisso. Educar ensinar a viver, a no desistir,adescobrirosentidoe,descobrindo-o,realiz-lo.Numapalavra, educar ensinar a ser livre. ODireitoumdoscaminhosqueoserhumanodesenvolvepara garantirestaliberdade.QueosCadernosDomAlbertosejamveculosde expressodestaprticadiriadocorpodocente,quefazemdavidaum exemplo e do exemplo sua maior lio. FelicitaessodevidasaFaculdadeDomAlberto,peloapoiona publicaoepelaadoodestametodologiasriaedequalidade. Cumprimentosfestivosaosprofessores,autoresdestebelotrabalho. Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justia, o Direito. . Luiz Vergilio Dalla-Rosa Coordenador Titular do Curso de Direito Pgina 6 / 76 Pgina 6 / 76Sumrio Apresentao........................................................................................................ Prefcio................................................................................................................. Plano de Ensino.................................................................................................... Aula 1 A Processualidade Ampla..................................................................................... O Processo Administrativo e sua Evoluo Histrica........................................... Aula 2 Principio do Processo Administrativo.................................................................... Aula 3 Projeto de Pesquisa (Continuao)...................................................................... Aula 4 Codificao do Processo Administrativo A Lei n. 9.784/99.............................. Aula 5 Artigo..................................................................................................................... Aula 6 Processo Administrativo Disciplinar...................................................................... Aula 7 Fase recursal........................................................................................................ Aula 8 Interveno do Estado na Propriedade Privada e no Domnio Econmico - Parte I................................................................................................................... Aula 9 Desapropriao e Procedimento Parte I............................................................ Desapropriao e Procedimento Parte II........................................................... Aula 10 Interveno do Estado na Propriedade Privada e no Domnio Econmico - Parte II.................................................................................................................. Pgina 7 / 7634812182228374344445055626773Pgina 7 / 76Misso: "Oferecer oportunidades de educao, contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Centro de Ensino Superior Dom Alberto Plano de Ensino Identificao Curso: DireitoDisciplina: Processo Administrativo Carga Horria (horas): 60Crditos: 4Semestre: 10 Ementa Conceito,histrico,possibilidades.Justiaeprocessualidadeadministrativa.Teoriageraldoprocesso administrativo. Processos administrativos em espcie. Execuo e inexecuo dos contratos administrativos e suas garantias. Interveno da propriedade. Interveno no domnio econmico. Responsabilidade civil da administrao.Controledaadministrao.Processoadministrativo.Controleadministrativo.Controle judicirio. A administrao pblica em juzo. Objetivos Gerais: Especficos: Inter-relao da Disciplina Horizontal: Direito Constitucional I e II, Direito Administrativo I e II. Vertical: Direito Constitucional I e II, Direito Administrativo I e II. Competncias Gerais -leitura,compreensoeelaboraodetextos,atosedocumentosjurdicosounormativos,comadevida utilizao das normas tcnico-jurdicas;- interpretao e aplicao do Direito;- pesquisa e utilizao da legislao, da jurisprudncia, da doutrina e de outras fontes do Direito;-adequadaatuaotcnico-jurdica,emdiferentesinstncias,administrativasoujudiciais,comadevida utilizao de processos, atos e procedimentos;- correta utilizao da terminologia jurdica ou da Cincia do Direito;- utilizao de raciocnio jurdico, de argumentao, de persuaso e de reflexo crtica;- julgamento e tomada de decises;- domnio de tecnologias e mtodos para permanente compreenso e aplicao do Direito. Competncias Especficas -leitura,compreensoeelaboraodetextos,atosedocumentosjurdicosounormativos,comadevida utilizao das normas tcnico-jurdicas na busca da satisfao dos direitos sociais;- interpretao e aplicao dos direitos sociais, adequados ao caso concreto;- pesquisa e utilizao da legislao, da jurisprudncia, da doutrina e de outras fontes do Direito, atentando para o acompanhamento constante da legislao previdenciria;-adequadaatuaotcnico-jurdicanainstnciaprevidenciriaadministrativaejudicial,comadevida utilizao de processos, atos e procedimentos;- utilizao de raciocnio jurdico, de argumentao, de persuaso e de reflexo crtica no que se refere s polticas de proteo social, em especial no Brasil e Amrica Latina;- julgamento e tomada de decises de acordo com o regramento previdencirio atual. Habilidades Gerais Pgina 8 / 76 Pgina 8 / 76Misso: "Oferecer oportunidades de educao, contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. - desenvolver a capacidade de leitura, compreenso e elaborao de textos, atos e documentos jurdicos ou normativos, com a devida utilizao das normas tcnico-jurdicas;- desenvolver a capacidade de interpretao e aplicao do Direito;-incentivarapesquisaeutilizaodalegislao,dajurisprudncia,dadoutrinaedeoutrasfontesdo Direito;- desenvolver a capacidade de atuao tcnico-jurdica adequada, em diferentes instncias, administrativas ou judiciais, com a devida utilizao de processos, atos e procedimentos;- utilizar adequada terminologia jurdica ou da Cincia do Direito;- desenvolver a capacidade de raciocnio jurdico, de argumentao, de persuaso e de reflexo crtica;- desenvolver a capacidade de julgamento e tomada de decises;- dominar tecnologias e mtodos para permanente compreenso e aplicao do Direito. Habilidades Especficas - conhecer os instrumentos tcnico-jurdicos Direito da seguridade social; - interpretar os textos previdencirio, legais e jurisprudenciais; - contextualizar o Direito Previdencirio no universo das outras disciplinas, bem como as outras cincias;- operacionalizar a interdisciplinaridade no Direito Previdencirio. Contedo Programtico Estratgias de Ensino e Aprendizagem (metodologias de sala de aula) Aulas expositivas dialgico-dialticas. Trabalhos individuais e em grupo e preparao de seminrios. Avaliao do Processo de Ensino e AprendizagemAavaliaodoprocessodeensinoeaprendizagemdeveserrealizadadeformacontnua,cumulativae sistemticacomoobjetivodediagnosticarasituaodaaprendizagemdecadaaluno,emrelao programao curricular. Funes bsicas: informar sobre o domnio da aprendizagem, indicar os efeitos da metodologiautilizada,revelarconseqnciasdaatuaodocente,informarsobreaadequabilidadede currculos e programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados, etc. Para cada avaliao o professor determinar a(s) formas de avaliao podendo ser de duas formas: 1 uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0 2 uma prova de peso 8,0 e peso 2,0 proveniente do SPE. Pgina 9 / 76 Pgina 9 / 76Misso: "Oferecer oportunidades de educao, contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Avaliao Somativa Aaferiodorendimentoescolardecadadisciplinafeitaatravsdenotasinteirasdezeroadez, permitindo-se a frao de 5 dcimos. Oaproveitamentoescolaravaliadopeloacompanhamentocontnuodoalunoedosresultadosporele obtidos nas provas, trabalhos, exerccios escolares e outros, e caso necessrio, nas provas substitutivas. Dentreostrabalhosescolaresdeaplicao,hpelomenosumaavaliaoescritaemcadadisciplinano bimestre. Oprofessorpodesubmeterosalunosadiversasformasdeavaliaes,taiscomo:projetos,seminrios, pesquisasbibliogrficasedecampo,relatrios,cujosresultadospodemculminarcomatribuiodeuma nota representativa de cada avaliao bimestral. Emqualquerdisciplina,osalunosqueobtiveremmdiasemestraldeaprovaoigualousuperiorasete (7,0) e freqncia igual ou superior a setenta e cinco por cento (75%) so considerados aprovados. Aps cada semestre, e nos termos do calendrio escolar, o aluno poder requerer junto Secretaria-Geral, noprazofixadoeattuloderecuperao,arealizaodeumaprovasubstitutiva,pordisciplina,afimde substituir uma das mdias mensais anteriores, ou a que no tenha sido avaliado, e no qual obtiverem como mdia final de aprovao igual ou superior a cinco (5,0). Sistema de Acompanhamento para a Recuperao da Aprendizagem Sero utilizados como Sistema de Acompanhamento e Nivelamento da turma os Plantes Tira-Dvidas que so realizados sempre antes de iniciar a disciplina, das 18h00min s 18h50min, na sala de aula. Recursos Necessrios Humanos Professor. Fsicos Laboratrios, visitas tcnicas, etc. Materiais Recursos Multimdia. Bibliografia Bsica GASPARINI, Digenes. Direito Administrativo. So Paulo: Saraiva. MEDAUAR, Odete. Processualidade no Direito Administrativo. So Paulo: RT, 2008. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. So Paulo: Malheiros. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Discricionariedade administrativa. So Paulo: Atlas, 2001. ZANCANER,Weida.DaConvalidaoedaInvalidaodosAtosAdministrativos.SoPaulo:Malheiros, 2008. Complementar FREITAS, Juarez. O Controle dos Atos Administrativos. So Paulo: Malheiros, 2009. LUZ, Egberto Maia. Direito Administrativo Disciplinar. So Paulo: RT, 2002. CRETELLA JNIOR, Jos. Prtica de Processo Administrativo. So Paulo: RT, 2008. CABRAL, Antnio da Silva. Processo Administrativo Fiscal.So Paulo: Saraiva. COSTA FILHO, Sinsio Cyrino da. Processo Administrativo Fiscal Previdencirio.Juspodium, 2005. Peridicos Jornais: Zero Hora, Folha de So Paulo, Gazeta do Sul, entre outros. Jornais eletrnicos: Clarn (Argentina); El Pas (Espanha); El Pas (Uruguai); Le Monde (Frana); Le Monde Diplomatique (Frana). Revistas: Revistas: Magister, Revista dos Tribunais, Revista do Conselho Federal de Justia. Sites para Consulta www.tjrs.jus.brWWW.cnj.jus.br Pgina 10 / 76 Pgina 10 / 76Misso: "Oferecer oportunidades de educao, contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. WWW.cjf.jus.br www.trf4.gov.br www.senado.gov.br www.stf.gov.br www.stj.gov.br www.ihj.org.br www.oab-rs.org.br Outras Informaes Endereo eletrnico de acesso pgina do PHL para consulta ao acervo da biblioteca:http://192.168.1.201/cgi-bin/wxis.exe?IsisScript=phl.xis&cipar=phl8.cip&lang=por Cronograma de Atividades AulaConsolidaoAvaliaoContedoProcedimentosRecursos 1 2 3 4 5 6 7 1 1 8 9 10 11 12 13 2 2 3 Legenda ProcedimentosRecursosProcedimentosRecursosProcedimentosRecursos CdigoDescrioCdigoDescrioCdigoDescrio AEAula expositivaAEAula expositivaAEAula expositiva TGTrabalhoem grupo TGTrabalho em grupoTGTrabalho em grupo TITrabalho individual TITrabalho individualTITrabalho individual SESeminrioSESeminrioSESeminrio Pgina 11 / 76 Pgina 11 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard PROCESSO ADMINISTRATIVO Ementa: 1.A processualidade ampla. 2.Processo ou procedimento administrativo. 3.Finalidades do processo administrativo. 4.O processo administrativo no rol dos direitos e garantias fundamentais. 5.O devido processo legal no mbito administrativo 1. A processualidade ampla: Nemtodososatosadministrativossoeditadosdeimediatopelos agentes administrativos. Em determinados casos, o ordenamento jurdico impe aprecednciadeumasrieencadeadasdefases,cujomomentofinala ediodeumatoadministrativo.Assim,algunsatossoemitidoscomo resultado de um processo administrativo. Durantemuitotempootermoprocessovinhaassociadoaumafuno jurisdicional. No se cogitava de processo no mbito do direito administrativo, de processos atinente s relaes entre Administrao e cidados (isolados ou como pessoas jurdicas). Apartirdadcadade50,processualistaseadministrativistasforam convergindoparaaideiadeprocessoligadoaoexercciodopoderestatal.O processo, nesse entendimento, expressa um aspecto dinmico de um fenmeno que se vai concretizando em muitos pontos no tempo, refletindo a passagem do poderematosoudecises.Assim,oprocessoexistetantonoexerccioda funo jurisdicional, como na funo legislativa e na funo executiva. Aprocessualidadequeestpresenteemvriosmbitosdaexperincia jurdica apresenta um ncleo de elementos comuns, a seguir indicados: a)aprocessualidadeexprimeoviraserdeumfenmeno;hum perodo de dinmica, em que atuaes evoluem; b)osvriospontosnotemposignificamatoseatuaesdequese sucedemumaooutro,numencadeamentoemqueomomentoprecedente impulsionaosubsequente,atametafinal.Paraqueoencadeamentose efetue,odireitoprevdeveresenusparaquemestlegitimadoaatuarno momento posterior. Desse modo, nem toda a sucesso de atos para chegar a umresultadofinalseapresentacomoprocessualidadeestafiguramais especfica que soma de atos. c) o encadeamento sucessivo de atos ocorre no como algo eventual ou meramente lcito, mas como algo juridicamente necessrio e obrigatrio. Pgina 12 / 76 Pgina 12 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard d)afigurajurdicadoprocessodistintadafiguradoato,masambas guardamcorrelao,comoinstrumentalidadedaprimeiraemrelaoao segundo; e)oesquemaprocessualabrange,nasuasrie,todososatosque,de modomediatoouimediato,soteleologicamentevinculadoselaboraodo atofinal.Emboradotadosdevidaprpria,osatosdasrieprocessual encontramsuarazodesernadecisofinal.Noentanto,essevnculo teleolgicoaumresultadounitrionoeliminaarelevnciadosatosparciais, sobretudonotocantesgarantiadedireitoseaoseupapeldeoferecer condies para uma deciso correta; f)oesquemaprocessualcompe-sedeatividadesprovindasdemuitas pessoas fsicas, quer sejam ou no representantes de rgos da entidade que emite o ato final. Quando determina a sua ao mediante esquema processual, o ordenamento est exigindo a coadjuvao de muitas pessoas ou rgos, de acordo com pautas preordenadas juridicamente. O ato resultante da cooperao de vrias pessoas imputado ao ente estatal que o emite; g)ossujeitosqueexercematividadesnoesquemaprocessualesto interligadospordireitos,deveres,nus,poderes,faculdades.Essacomplexa ligao entre sujeitos compe-se, ento, de posies jurdicas ativas e passivas de cada um deles. A partir desse ncleo comum, irradiam-se pontos de diversidade entre os vriostiposdeprocesso,emgrandepartedecorrentesdascaractersticasda funo a que se ligam e do ato final a que tendem. Portanto, h peculiaridades noprocessoadministrativoquedistinguemdoprocessojurisdicionaledo processo legislativo. 2. Processo ou procedimento administrativo: Aceitaaexistnciadeprocessonombitoadministrativo,surgea controvrsia no tocante a sua denominao: seria processo ou procedimento? Vrios critrios de distino entre essas duas figuras foram arrolados pos administrativistas e processualistas. Muitosadministrativistasetributaristasutilizamotermoprocedimento. Umadasexplicaesparaousodessevocbuloencontra-senoreceiode confusocomoprocessojurisdicional.Masessaconfusonoocorre,em virtude do acrscimo do qualificativo que identifica a funo a que se refere assimalocuoprocessoadministrativorevelaquesetratadeprocessoque existe no mbito da funo administrativa. No aspecto substancial, procedimento distingue-se de processo, porque, basicamente, significa a sucesso encadeada de atos. Processo, por seu lado, Pgina 13 / 76 Pgina 13 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard implica, alm de vnculo entre atos, vnculo jurdicos entre sujeitos, englobando direitos, deveres, poderes, faculdades na relao processual. Processo implica, sobretudo, atuao dos sujeitos sob o prisma do contraditrio. Assim,oprocessoadministrativocaracteriza-sepelaatuaodos interessados,emcontraditrio,sejaanteaprpriaAdministrao,sejaante outro sujeito (administrado em geral, licitante, contribuinte, por exemplo), todos, neste caso, confrontando seus direitos ante a Administrao. AConstituioFederalconsagrouotermoprocessoparasignificara processualidade administrativa. Por isso encontra-se esse termo no inciso LV do art. 5: Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados emgeralsoasseguradosocontraditrioeaampladefesa,comosmeiose recursos a ela inerentes. Em outrosdispositivos, a Constituio usa o termo processo para atuaes no mbito administrativo: inc. XXI do art. 37 processo de licitao e no 1 do art. 41 processo administrativo (disciplinar). 3. Finalidades do processo administrativo: Senumprimeiromomentoprocessosignificameiodeobservnciados requisitos de legalidade do ato administrativo e garantia de respeito dos direitos dos indivduos, seus objetivos foram se ampliando medida que se alteravam asfunesdoEstadoedaAdministrao,asrelaesentreoEstadoe sociedadeeasprpriasconcepesdedireitoadministrativo.Extrapolou-seo perfildoprocessoadministrativoligadosomentedimensodoato administrativo em si, para chegar legitimao do poder. As vrias finalidades apresentam cumulativas sem se exclurem, embora sejam expostas de modo separado, por exigncias de sistematizao cientfica. a) Garantia: Na sua funo garantista, o processo administrativo vem finalizado garantiajurdicadosadministrados(particulareseservidores),poistutela direitosqueoatoadministrativopodeafetar.Issoporqueaatividade administrativatemdesecanalizarobrigatoriamenteporparmetros determinados,comorequisitomnimoparaserqualificadacomolegtima.No esquema processual o cidado no encontra ante a si uma Administrao livre, e sim uma Administrao disciplinada na sua atuao. b) Melhor contedo das decises: No processo administrativo os interessados soouvidos,apresentamargumentoseprovas,ofereceminformaes. Contribuem, portanto, para a determinao do fato ou da situao do objeto do processo.Comissoseampliamospressupostosobjetivosdadeciso administrativa. c)Legitimaodopoder:Aprocessualidadeestassociadaaoexercciodo poder. O poder , por si prprio, autoritrio. No mbito estatal, a imperatividade caractersticadopoder,paranoserunilateraleopressiva,deveencontrar expressoemtermosdeparidadeeimparcialidadenoprocessopreordenado. Da a importncia dos momentos de formao da deciso como legitimao do Pgina 14 / 76 Pgina 14 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard poder concreto, pois os dados do problema que emergem no processo permitem saberseasoluocorretaeaceitveleseopoderfoiexercidocomas finalidades para as quais foi atribudo. d)Corretodesempenhodafuno:Oprocessoadministrativo,ensejandoo afloramento de vrios interesses, posies jurdicas, argumentos, provas, dados tcnicos,obrigaconsideraodosinteressesedireitospresentesemcerta situao.Muitasvezesodesempenhoincorretodafunoprovmdo insuficiente conhecimento ou considerao dos dados em questo. e)JustianaAdministrao:Humpensamentoqueassociajustia exclusivamenteaoPoderJ udicirio.Demododiversocoloca-seumapostura que atribui tambm Administrao uma tarefa de justia. Tal postura importa emmudanadascondutasadministrativasinerentesounegligentes,movidas porm-founo,noatendimentodedireitosecidadosouservidores,no sentido de que possvel tambm Administrao desenvolver justia. O processo administrativo direciona-se realizao da justia no s pelo contraditrioeampladefesa,vistosdongulodoindivduo,mastambmpor propiciar o sopesamento dos vrios interesses envolvidos numa situao. f)AproximaoentreAdministraoecidados:Medianteacolaborao individualoucoletivadesujeitosnoprocessoadministrativorealiza-sea aproximao entre a Administrao e cidados. Rompe-se, com isso, a ideia de Administraocontrapostasociedade,mudaaperspectivadocidadovisto emcontnuaposiodedefesaparacomopoderpblico.Oprocesso administrativo instrumentaliza as exigncias pluralistas do contexto sociopoltico dosculoXXeinciodosculoXXIeademandadedemocracianaatuao administrativa. g) Sistematizao de atuaes administrativas: O processo institudo implica organizao racional e edio de muitos atos administrativos. Sistematizam-se, desse modo, vrias atividades. Sob o ngulo da Administrao representa meio desimplificarprticas,poisnosepodepediracadaservidorqueinvente,a cadaquestoquesurge,todasasmedidasquedevamseradotadas.Parao administrado,permiteoconhecimentodomododeexercciodefunes administrativas,emcontraste,assim,comfunesnoprocessualizadas,cujo modo de exerccio dificilmente se d a conhecer. h)FacilitarocontroledaAdministrao:Acolaboraodossujeitoseo conhecimentodomododeatuaoadministrativa,decorrentesdoesquema processual, facilitam o controle por parte da sociedade, do Poder J udicirio e de todos os outros entes que fiscalizam a Administrao. 4.Oprocessoadministrativonoroldosdireitosegarantias fundamentais: O dispositivo chave em matria de processo administrativo o inc. LV do art.5,querezaoseguinte:Aoslitigantes,emprocessojudicialou Pgina 15 / 76 Pgina 15 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard administrativo,eaosacusadosemgeralsoasseguradosocontraditrioe ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Visualizado quanto Administrao, o preceito assegura, aos litigantes em processo administrativo e aos acusados no mbito administrativo, o contraditrio e a ampla defesa, com os meios e os recursos a ela inerentes. O preceito acima est inserido no ttulo dedicado aos direitos e garantias fundamentais. Nem sempre, na teoria e na prtica, se torna possvel separao ntida dos direitos e garantias. J os Afonso da Silva, ao tratar do confronto entre direitos e garantias, menciona a conotao destas como direitos instrumentais, porque destinadas a tutelar um direito principal (Curso de direito constitucional positivo, 29 ed., 2007, p. 412). O inc. LV do art. 5, apresenta-se precipuamente como garantia, porque sedestinaatutelardireitos,porquerepresentameioparaquesejam preservados,reconhecidosoucumpridosdireitosdoindivduonaatuao administrativa. Sob o ngulo do cidado, trata-se de direito instrumental. Deve serenfocadotambmcomogarantiadedireitosdifusos,doquefornece exemploolicenciamentoambientalcomaparticipao,emcontraditrio,de entidades ambientalistas direcionadas defesa dos interesses difusos. a) litigantes em processo administrativo: AleituradocitadoincisoLVsuscitaaquestodosignificadodotermo litigantes a perspectiva do processo administrativo. Diferentemente do passado, ascorrentesdoutrinriascontemporneasjtrabalhamcomaideiade multiplicidade de interesses, de diversidade de pontos de vista, de controvrsias a respeito de direitos no mbito da atuao administrativa. Da merecer acolhida a diretriz aventada por Ada Pelegrini Grinover ao examinar o sentido do termo litigantesnaesferaadministrativa:Olitigantesurgeemrazodeuma controvrsia,emrazodeumconflitodeinteresses.(...)Haverlitigantes semprequehouverumconflitodeinteresses,semprequehouveruma controvrsia (Garantias do contraditrio e ampla defesa, J ornal do Advogado, So Paulo, n. 175, p. 9, nov. 1990). A exigncia do processo administrativo abrange, portanto, situaes em quedoisoumaisadministradosseapresentamemsituaodecontrovrsiaentresi,peranteumadecisoquedevasertomadapelaAdministrao;por exemplo: nas licitaes, concursos pblicos, licenciamento ambiental. Abrange tambmoscasosdecontrovrsiaentreadministrados(particularesou servidores)eaAdministrao,porexemplo:licenasemgeral,recursos administrativosemgeral,reexamedelanamento(processoadministrativo tributrio). b) acusados no mbito administrativo: Na esfera administrativa o termo acusado designa as pessoas fsicas ou jurdicassquaisaAdministraoatribuideterminadasatuaes,dasquais decorreroconsequnciaspunitivasporexemplo:imposiodesanes Pgina 16 / 76 Pgina 16 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard decorrentesdopoderdepolcia,inclusivesanesdetrnsito;atuaes disciplinaressobreservidoresealunosdeescolaspblicas,atuaes disciplinaresque,pordelegao,cabemsordensprofissionais;aplicaode sanes por m execuo de contratos administrativos. 5. O devido processo legal no mbito administrativo: A exigncia da atuao administrativa processualizada, prevista no inciso LV para as hipteses indicadas, vincula-se fundamentalmente ao inc. LIV do art. 5, que estabelece a clusula do devido processo legal, nos seguintes termos: Ningumserprivadodaliberdadeoudeseusbenssemodevidoprocesso legal. Originadanoart.39,daMagnaCartade1215,aclusulainicialmente vinculou-seaiprocessopenal,sobretudoparapossibilitarodireitodedefesa. Depois se estendeu ao processo civil. A doutrina ptria recentemente posiciona-se favoravelmente vigncia da clusula no mbito administrativo. Com efeito, o inciso LIV tem sentido amplo, sem indicao do campo de incidncia, sendo cabvel reconhecer sua acolhida na esfera administrativa, o que representa um estgio avanado de uma evoluo que j vinha ocorrendo na jurisprudncia , bem como se reflete na smula 21 do STF, que vedou a demisso sumria de servidoresemestgioprobatrio,obrigandoaAdministraodar-lhes conhecimentodasalegaescontrasuapermanncianocargoeadar-lhes oportunidade de defesa. RelacionandoosincisosLIVeLV,pode-sedizerqueosegundo especifica,paraaesferaadministrativa,odevidoprocessolegal,aoimpora realizaodoprocessoadministrativo,comasgarantiasdocontraditrioeda ampladefesa,noscasosdecontrovrsia,anteaexistnciadeacusados.No mbito administrativo, desse modo, o devido processo legal no se restringe s situaesdepossibilidadedeprivaodeliberdadeedebens.Odevido processolegaldesdobra-se,sobretudo,nasgarantiasdocontraditrioeda ampla defesa, aplicadas no processo administrativo. Pgina 17 / 76 Pgina 17 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard PROCESSO ADMINISTRATIVO Ementa: 1.O Processo Administrativo e sua evoluo histrica; 2.O mtodo processual a servio dos interesses pblicos; 3.Processo, Legalidade e Democracia. 1. O Processo Administrativo e sua evoluo histrica: OProcessoAdministrativotemaclssicodoDireitoAdministrativo, cujos fundamentos ns no Brasil ainda no fomos capazes de compreender ou deaceitar.Nstemosumahistria,almdeautoritria,dedesorganizao administrativa,umalutapermanentepararealizarastarefasdodia-a-diasem organizaoeplanejamento,oqueconcorrecontraaideiadeprocessoe procedimento administrativo. AvisosobreoEstadodecorrediretamentedanossahistria.A Administrao Pblica, no sentido contemporneo, muito distinta daquela do passado.Noentanto,muitasdasideiase,sobretudo,muitasdasformasda Administrao antiga permanecem ou resistem em morrer. AAdministraocontemporneabaseadanoconceitodeburocracia. Conquantoessaexpressotenhaumaconotaonegativanalinguagem popular, na verdade ela correspondeu a uma evoluo notvel na organizao do poder poltico. Por qu? Aideiadeburocraciaseopeaomodeloanterior,odaAdministrao patrimonial,isto,umaAdministraodosnegciospblicos,ligada propriedade ou patrimnio. Se olharmos para o Brasil no incio do sculo XIX, e paraosmunicpiosespecialmente,veremosaconfusoentrepoderpolticoe propriedade.Quemexerciaopoderpolticoconcretamentedetinhaopoder econmico, isto , a propriedade. Outrora,aAdministraoPblicatambmseconfundiucomos estamentos, isto , os grupos de status que, sem serem os dos proprietrios, exerciamopoderattulopermanente,semvinculaomaiorcomasvrias camadasdasociedade.contemporneaaideiadeAdministraoPblica como corpo de burocratas que exerce o poder poltico por conta de outrem, isto , que deve a legitimidade da sua atuao investidura alheia, que deve prestar contascoletividade.afiguradealgumobrigadoaexerceropoder impessoalmente, que maneja uma competncia que no lhe pertence, que no sua propriedade. EsteconceitodeAdministraoPblicanasce,emtermosprticos,no sculo XIX. O grande fundamento desse tipo de exerccio do poder poltico so as revolues do final do sculo XVIII. Mas, na prtica estatal e administrativa, a Pgina 18 / 76 Pgina 18 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard lutapelacriaodaburocraciaedoEstadoburocrtico,nestesentido,a prpria histria do sculo XIX. De modo que tratamos de algo muito recente, a Administrao Pblica transformada em burocracia, exercida como atividade em si, sem se confundir com o poder patrimonial. 2. O mtodo processual a servio dos interesses pblicos: AAdministraocontemporneaassumecompromissoscomumaideia repetida com insistncia, mas que no vivida com profundidade de interesse pblico,bempblicobemcomumouinteressecoletivo,noimportaa nomenclatura.Nopassado,aAdministraoPblicaseconfundiucomo patrimnio;administrarosinteressesgeraisdacoletividadeeratratardos negcios do proprietrio, de modo que as duas classes de interesse os gerais e patrimoniais - se confundiam. A separao entre negcio privado e negcio pblico no tinha condies de acontecer. E ela s ser vivel na medida em que o poder se burocratizar. Esta introduo histrica explica porque, embora o processo administrativo seja fundamentalaoEstadocontemporneo,notinhaamenorimportncianos Estados administrativos que o precederam. um instituto criado em decorrncia da noo de Administrao Pblica burocrtica, cuja atuao independente da vida privada de cada um dos burocratas, que cuidam de interesses que no so os seus pessoais. Quem atua assim, precisa de um mtodo de ao que evite a contaminao,queimpeaosinteressesprivadosdecontaminaremosatos praticadosnoexercciodopoderburocrtico.Essaagranderazoda existnciadomecanismosofisticadoaquedamosonomedeprocesso administrativo. Trata-sedetentativadeimpedirqueosagentesadministrativos, colocados no corpo do Estado para realizar interesses impessoais, desvirtuem sua ao e misturem os atos pblicos com seus interesses pessoais ou com sua viso privada. Deseja-se que o agente pblico seja instrumento da realizao de interesses que transcendem a ele e, para viabiliz-lo, imaginou-se trazer da vida judicial este mecanismo: o processo. Oquehdefundamentalnaideiadeprocessooprincpioda impessoalidade. Quer-se despersonalizar quem decide, de forma a transform-loeminstrumento,emcadacasoconcreto,deinteressesmaiselevados,os pblicosoucoletivos,impedindoqueadecisopolticasejacontaminadapor interesses pessoais. Na viso da poltica, h grande ceticismo quanto possibilidade de existir ointeressepblicocomoalgodistintodoprivado,bemcomoquanto viabilidade da poltica como espao onde se fazem opes e se tomam decises que no se confundem com aquelas que os interesses localizados, previamente existentes, querem impor sociedade. uma viso ctica quanto autonomia da poltica. Pgina 19 / 76 Pgina 19 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard Temos de reconhecer a Constituio, sobretudo no contexto democrtico, como ponto de partida e como desafio. Isso quer dizer o qu? A Constituio fez uma srie de escolhas e estamos condicionados por elas.Aquiloquepodemosmencionarcomoagrandeescolhaemmatriade processo administrativo, foi a de construir uma Administrao Pblica com base na ideia de impessoalidade, para realizar os interesses da coletividade como um todo. 3. Processo, Legalidade e Democracia: O texto original da Constituio Federal de 1988, houve j a preocupao de dizer que a Administrao Pblica se rege pela impessoalidade. O que isso seno a afirmao constitucional de que existe um conjunto de ideias acoplado quelas normas tcnicas? Portrsdesseprincpiodaimpessoalidadehumapreocupaode expressarqueoadministradorpblicogestordeinteressescoletivos,que transcendem a ele, donde a obrigao de guiar suas decises pelo objetivo de descobri-los e realiz-los. Nessa perspectiva, que a Constituio retoricamente nos propicia, pe-se oproblemadesabercomoimplementaressasintenes.Aresposta constitucional a este desafio o uso de processos administrativos. Eles so o mecanismo para a realizao da Administrao Pblica impessoal. Oquehportrsdestaconcepodeprocessoligadoaoprincpioda impessoalidade?Adequeoagentepblicoseapresentacomomero instrumento que o comanda e faz com que dele brote o interesse pblico a ser realizado. Navisojurisdicionalmaisantiga,ovalordoprocessooderealizar concretamente decises j previamente tomadas pela lei. Ento ele est muito ligadolegalidade.Anormaabstrataenoatingeosindivduos concretamente,oquesfazpormeiodoprocesso.Semele,hriscodeas decisesconcretasnorealizaremoqueabstratamentealeipreviu.Ento,o processo o meio tcnico de efetivao da legalidade. Para o Direito Administrativo, o processo tambm um meio tcnico de realizaoconcretadasopesabstratasdasleis.Sealeitributria,com grandeobjetividade,criouumahiptesedeincidncia,umabaseimpunvele umaalquota,isto,disciplinoucompletamentetudooqueinteressaparaa tributao,evidentementenecessrioque,noscasosconcretos,a AdministraoPblicaverifiquesesedeuounoasituaodescrita abstratamentepelanorma.Paraisso,elaprecisaagirdeacordocomalgum mtodo, representado pelo processo. O processo tributrio o mtodo por meio do qual a Administrao Pblica realiza a identificao, no mundo fenomnico, das abstraes que esto na lei. Nesses casos, o processo tributrio mtodo paraidentificarconcretamentecoisasquepreexistem,porqueneleso Pgina 20 / 76 Pgina 20 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Direito Administrativo I Profa. Denise da Silveira Iserhard administrador pblico tem poder vinculado e o processo simplesmente permite a aplicao da lei. Pgina 21 / 76 Pgina 21 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard PROCESSO ADMINISTRATIVO Ementa: 6.Princpios do processo administrativo. 7.Tipologia do processo administrativo. 8.Fases do processo administrativo. 6. Princpios do processo administrativo: Na doutrina, o rol dos princpios do processo administrativo varia de autor para autor, segundo as concepes de cada um e o teor do direito legislado em cada pas. Especificamente para o processo administrativo, a Constituio prev oprincpiodocontraditrio,daampladefesaedarazovelduraodo processo.Osdemaisdecorremdeformulaodoutrinria,jurisprudenciale legal. 6.1 Princpio do contraditrio: Em essncia, o contraditrio significa a faculdade de manifestar o prprio pontodevistaouargumentosprprios,antefatos,documentosoupontosde vistaapresentadosporoutrem.Fundamentalmente,ocontraditrioquerdizer informao necessria e reao possvel (Cndido Dinamarco, Fundamentos do processo civil moderno, 2 ed, 1987, p. 93). Elementonsitocaracterizaodaprocessualidade,ocontraditrio propicia ao sujeito a cincia de dados, fatos, argumentos, documentos, a cujo teorouinterpretaopodereagir,apresentando,porseulado,outrosdados, fatos,argumentos,documentos.garantiadocontraditrioparasiprprio correspondeonusdocontraditrio,poisosujeitodeveaceitaraatuaono processo de outros sujeitos interessados, com idnticos direitos. Doprincpiodocontraditrio,centradonainformaonecessriapara possibilitarareao,emanamfaculdades,direitos,enfim,consequnciasque formam o corpo do seu prprio contedo. Tendo em vista a sua profunda inter-relao com o princpio da ampla defesa, alguns desdobramentos vm inseridospelasdoutrinaejurisprudnciatambmnoroldeelementosconfiguradores desteltimo.Seroarroladosaseguirosdesdobramentosmaisdiretosdo princpio do contraditrio. a)Informaogeral:Significaodireito,atribudoaossujeitoseprpria Administrao, de obter conhecimento adequado dos fatos que esto na base deformaodoprocessoedetodososdemaisdocumentos,provasedados quevieramluznocursodoprocesso.Daresultamexignciasimpostas Administraonotocantecomunicao,aossujeitos,deelementosdo processo em todos os seus momentos. Vincula-se, tambm, informao ampla o direito de acesso a documentos que a Administrao detm ou a documentos Pgina 22 / 76 Pgina 22 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard juntados por sujeitos contrapostos. Em decorrncia do contraditrio, vedado o usoouainvocaodeelementosquenoconstamnoexpedienteformal, porquedelesnotiveramcinciaprviaossujeitos,tornando-seimpossvela reaoataiselementos.Noordenamentoptrio,oprincpiodapublicidade, consagradoconstitucionalmente,irradia-sedeformaacentuadanasatuaes administrativas processualizadas. b) Ouvida dos sujeito ou audincia das partes: Esse aspecto mescla-se com facilidadeaosdesdobramentosdaampladefesa.Consiste,emessncia,na possibilidadedemanifestaroprpriopontodevistasobrefatos,documentos, interpretaeseargumentosapresentadospelaAdministraoeporoutros sujeitos. A se incluem o direito paritrio de propor provas (com razoabilidade), o direito de v-las realizadas e apreciadas e o direito a um prazo suficiente para o preparo de observaes a serem constrapostas. c)Motivao:Aoportunidadedereagiranteainformaoseriavseno existisse frmula de verificar se a autoridade administrativa efetivamente tomou cincia e sopesou as manifestaes dos sujeitos. A este fim responde a regra damotivaodosatosadministrativos.Pelamotivaosepercebequandoe como determinado fato, documento ou alegao influi na deciso final. Evidente queamotivaonoesgotaaseupapel;almdisso,propiciareforoda transparnciaadministrativaedorespeitolegalidadeetambmfacilitao controlesobreasdecisestomadas.Afaltadenormaexplcitaqueimponha motivao no a dispensa nas atuaes administrativas processualizadas, visto configurar decorrncia necessria da garantia do contraditrio. 6.2 Princpio da ampla defesa: Longocaminhosepercorreudesdeapocaemqueavidaeosbens eramtiradosdohomemspelavontadedosoberano,ataafirmao, consolidaoeaprimoramentodasgarantiasdevida,patrimnio,honra,e outrasmaisconquistadasnocorrerdossculos.Umadessasgarantiaso direito de defesa. Odireitodedefesasignifica,emessncia,odireitoadequada resistnciaspretensesadversrias(Cintra,GrinovereDinamarco,Teoria Geral do Processo, 23 ed, 2007, p. 90). Tem o sentido de busca da preservao de algo que ser afetado por atos, medidas, condutas, decises, declaraes, vindos de outrem. Os princpios do contraditrio e ampla defesa mantm profunda interao, mesclando-se, em muitos pontos, as decorrncias de um e outro. A seguir sero arrolados os desdobramentos mais diretamente vinculados ampla defesa. a)Carterprviodadefesa:Consistenaanterioridadedadefesaem relaoaoatodecisrio.Agarantiadaampladefesasupe,emprincpio,o carter prvio das atuaes pertinentes. A anterioridade da defesa recebe forte matiz nos processos administrativos punitivos, pois os mesmos podem culminar em sanes impostas aos implicados. Pgina 23 / 76 Pgina 23 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard b)Direitodeinterporrecursoadministrativo:Independedepreviso explcita em lei ou demais normas, visto ter respaldo no direito de petio, que, noordenamentoptrio,vemindicadonaConstituioFederal,art.5,XXXIV, alnea a Alm disso, nos processos administrativos o direito de recorrer est alicerado na garantia da ampla defesa, como uma de suas decorrncias. c)Defesatcnica:adefesarealizadapelorepresentantelegaldo interessado, o advogado. Vrias justificativas surgem, de regra, quanto a defesa tcnica: equilbrio entre sujeitos e paridade de armas, vinculado plenitude do contraditrio;oconhecimentoespecializadodoadvogadocontribuiparaa tomadadedecisocomrespaldonalegalidadeejustia,apresenado advogado evita que o sujeito se deixe guiar por emoes do momento. Nosprocessosdisciplinaresdeservidoressefirmaraentendimentono sentido da necessidade da defesa tcnica, o que gerava para a Administrao a obrigatoriedadedeindicaradvogadodativoparaoservidordesassistido.Tal alteraosealteroucomaSmulaVinculante05doSTF,queaboliua exigncia,tornando-sefacultativaadefesatcnica:Afaltadedefesatcnica por advogado no processo administrativo disciplinar no ofende a Constituio. d) Vinculados ao aspecto da informao geral decorrente do contraditrio etangenciandodesdobramentosdesteprincpio,apresentam-seoutros elementosdaampladefesa.Assim,odireitodesernotificadodoinciodo processo,devendoconstardotextoaindicaodosfatosebases.Emais:o direitodesercientificado,comantecednciamnima,dasmedidasouatos referentesproduodeprovas,odireitodoacessoaoselementosdo expediente (vista, cpia ou certido, por exemplo). e)Integratambmaampladefesaodireitodesolicitaraproduode provas,dev-lasrealizadaseconsideradas.Oreconhecimentododireito prova no significa seu exerccio abusivo, como, por exemplo, ouvida de mais de cem testemunhas, realizao de provas tumulturias. Por outro lado, aplica-se ao processo administrativo a regra do inciso LVI do art. 5, da CF, que veda as provas obtidas por meios ilcitos. 6.3 Princpio da razovel durao do processo: A Emenda Constitucional n. 45, de 09/12/2004 Reforma do J udicirio, acrescentouaoroldosdireitosfundamentaisdoart.5,incisoLXXVIII, assegurando a todos, no mbito judicial e administrativo, a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao. No mbito administrativo esse princpio mantm vnculo estreito com o da eficinciaevisatramitao,semdelongasinjustificadas,doprocesso administrativo, para que a deciso seja tomada no menor tempo possvel. Algunsmecanismosparaconcretizaroprincpiopodemseraventados: exignciadecumprimentodeprazosfixados,paraparticulareseagentes Pgina 24 / 76 Pgina 24 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard pblicos,comprevisodeconsequnciaspelodesrespeito,fixaodeefeitos para a inrcia ou silncio, perda para a Administrao da possibilidade de atuar, aps o decurso do prazo para decidir. Avignciadoprincpiodarazovelduraodoprocessoadministrativo noimplicasacrifciodocontraditrio,ampladefesa,devidoprocessolegal, pautando-se pela proporcionalidade e a conciliao de todos os princpios. 6.4 Princpio da oficialidade: Tambm denominado de impulso oficial ou impulso de ofcio, significa o dever,atribudoAdministrao,detomartodasasprovidnciasparase chegar, sem delongas, deciso final. Esseprincpionoelideaatuaodossujeitos,garantidapelo contraditrioeampladefesa.Expressa,emespecial,aresponsabilidadeda Administraopeloandamentoregularecontnuodoprocesso, independentementedeprovocaodossujeitosparaarealizaodeatose providncias, inclusive quanto instruo, no sentido de determinar a coleta de todososelementosnecessriosaoesclarecimentodefatospertinentesao assunto tratado. Algumas decorrncias desse princpio vm comumente apontadas: a) a atuao da Administrao no processo tem carter abrangente, no se limitando aos aspectos suscitados pelos sujeitos; b)aobtenodeprovasedadosparaoesclarecimentodefatose situaes deve tambm ser efetuada de ofcio, alm do pedido dos sujeitos; c)ainrciadossujeitos(particulares,servidores,ergospblicos interessados)noacarretaaparalisaodoprocesso,salvoocasode providncias pedidas pelo particular e que dependam de documentos que deve juntaremtaiscasosaAdministraodeverconcederprazoajuntada, encerrando o processo se tal no ocorrer. 6.5 Princpio da verdade material: Esse princpio, tambm denominado verdade real, vinculado ao princpio da oficialidade, exprime que a administrao deve tomar decises com base nos fatostaiscomoseapresentamrealidade,nosesatisfazendocomaverso oferecida pelos sujeitos. Para tanto, tem o direito e o dever de carrear para o expedientetodososdados,informaes,documentosarespeitodamatria tratada, sem estar jungida aos aspectos suscitados pelos sujeitos. 6.6 Princpio do formalismo moderado: Pgina 25 / 76 Pgina 25 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard Nadoutrinacitadotambmcomonomedeinformalismo.Porm, conforme Odete Medauar, no parece correto essa ltima expresso, porque d aentenderquenohritoseformasnoprocessoadministrativo.Hritose formasinerentesatodoprocedimento.Naverdade,oprincpiodoformalismo moderadoconsiste,emprimeirolugar,naprevisoderitoseformassimples, suficientes para propiciar um grau de certeza, segurana, respeito aos direitos dossujeitos,ocontraditrioeampladefesa.Emsegundolugar,setraduzna exigncia de interpretao flexvel e razovel quanto a formas, para evitar que sejam vistas como fim em si mesmas, desligadas das verdadeiras finalidades do processo. Evidente que exigncias decorrentes do contraditrio e ampla defesa, tais como prazo para alegaes, notificao dos sujeitos, motivao, no podem ser consideradasformalidadesdispensveis.Portanto,oprincpiodoformalismo moderadonohdeserchamadoparasanarnulidadesouparaescusaro cumprimentodalei,visaimpedirqueminciasepormenoresnoessenciais afastem a compreenso da verdadeira finalidade da atuao. 7. Tipologia do Processo Administrativo: TendoemvistaoincisoLVdoart.5aCFelevandoemcontaas modalidades formuladas por Hely Lopes Meirelles, Srgio de Andra Ferreira e Ana Lcia Berbert Fontes, a administrativista Odete Medauar prope a seguinte tipologia para os processos administrativos no direito ptrio: a)processosadministrativosemquehcontrovrsias,conflitode interesses: a.1)processosadministrativosdegestoexemplos:licitaes,concursos pblicos, concursos de acesso ou promoo. a.2)processosadministrativosdeoutorgaexemplos:licenciamentosde atividades e exerccio de direitos, licenciamento ambiental, registro de marcas e patentes, iseno condicionada de tributos. a.3) processos administrativos de verificao ou determinao exemplos: prestao de contas. a.4)processosadministrativosderevisoexemplos:recursos administrativos, reclamaes, impugnao de lanamento. b)processosadministrativosemquehacusadostaisprocessos denominam-se sancionadores ou punitivos: b.1)internossoosprocessosdisciplinaresemquesoindiciados servidores, alunos de escolas pblicas. b.2)externosquevisamaapurarinfraes,desatendimentodenormas,e aplicarsanessobreadministradosquenointegramaorganizaoda Pgina 26 / 76 Pgina 26 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard administrativa; por exemplo: infraes decorrentes do poder de polcia; infraes relativasadministraofiscal;aplicaodepenalidadesaparticularesque celebram contratos com a Administrao, inclusive concessionrios. 8. Fases do Processo Administrativo: Cada fase do processo administrativo representa um conjunto de atos e fatosquedesempenham,quantoaoatofinal,umpapelrelativamente homogneo. O rol e a denominao das fases variam na doutrina. SegundoOdeteMedauar,melhorseriaconsideraroprocesso administrativo em trs fases: a)faseintrodutriaouinicial: integrada por atos que desencadeiam o procedimento;oprocessoadministrativopodeiniciar-sedeofciooupor iniciativa de interessados (exemplo: particulares, individualmente ou em grupo, e servidores para pleitear direitos, etc); b) fase preparatria: nesta fase se colhem todos os elementos de fato e de direito que possibilitem a tomada de deciso justa e aderente realidade; a seincluemosatosefatosrelativossprovas,aformulaodepareceres jurdicos e tcnicos, as audincias pblicas (como no licenciamento ambiental), relatrios,alegaesescritascomcarterdedefesaouno,enfim,todosos elementos que levam a um conhecimento mais acurado da questo tratada no processo, com o objetivo de conduzir a uma deciso correta quanto aos fatos e ao direito. c)fasedecisria:esteomomentoemqueaautoridadecompetente (unipessoal ou colegiado) fixa o teor do ato que emite a deciso e o formaliza; nestafaseseincluemoselementosnecessrioseficciadadeciso,tais como notificao, publicao e eventualmente homologao ou aprovao, pois todos so nsitos prpria deciso. Pgina 27 / 76 Pgina 27 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard PROCESSO ADMINISTRATIVO Ementa: 1. Codificao do Processo Administrativo A Lei n. 9.784/99; 2. Objetivos da Lei n. 9.784/99; 3. Princpios do processo administrativos estabelecidos pela Lei n. 9.784/99; 4. Impedimentos e Suspeio; 5.As etapas do procedimento administrativo 1. Codificao do Processo Administrativo A Lei n. 9.784/99 : Com a publicao da Lei n 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processoadministrativonombitodaAdministraoPblicaFederal,veio disporsobrepreceitosbasilaresdoprocessoadministrativonaesferada Administrao Pblica Federal, direta e indireta, visando proteo dos direitos dosadministradoseamelhorexecuodosfinsdaAdministraoPblica.A sua vigncia foi imediata, seguindo-se publicao em 1. de fevereiro de 1999. AthpoucotemponoexistianoBrasillegislaoquetratassedo procedimento administrativo e que regulasse os atos produzidos no mbito da AdministraoPblica.ALein9.784/1999encontraparalelonoDireito Comparado no Cdigo do Procedimento Administrativo Portugus (Decreto-Lei n.6/96,de31dejaneirode1996),quelheantecede,mascabeoregistro, ainda, da Lei Complementar n 33, de 26 de dezembro de 1996, que trata do Cdigo de Organizao e de Procedimento da Administrao Pblica do Estado de Sergipe. Esta Lei passou muito tempo olvidada, no sendo alvo, pelo que se sabe, de nenhum estudo doutrinrio acerca da matria. Cabe registro, tambm, a publicao da Lei paulista n 10.177, de 30 de dezembro de 1998, que regula o processo administrativo no mbito da Administrao Pblica no Estado de So Paulo, e precedeu o diploma federal em cerca de trinta dias. Essediplomafederal,aLeiGeraldoProcessoAdministrativo,como passou a ser chamada a Lei n 9.784/1999, alvo de especial importncia, uma vezqueteminfluncianosmaisvariadosprocedimentosadministrativos hodiernamente regulados em leis especiais de aplicao mais ou menos restrita. 2. Objetivos da Lei n. 9.784/99: O Alcance e os objetivos da Lei n. 9784/99esto muito bem delineados logo no seu art. 1, Captulo I, das Disposies Gerais. Art.1.EstaLeiestabelecenormasbsicassobreoprocesso administrativonombitodaAdministraoFederaldiretaeindireta, visando, em especial, proteo dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administrao. Pgina 28 / 76 Pgina 28 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard 1.OspreceitosdestaLeitambmseaplicamaosrgosdos Poderes Legislativo e Judicirio da Unio, quando no desempenho de funo administrativa. 2. Para os fins desta Lei, consideram-se: I-rgo-aunidadedeatuaointegrantedaestruturada Administrao direta e da estrutura da Administrao indireta; II - entidade - a unidade de atuao dotada de personalidade jurdica; III-autoridade-oservidorouagentepblicodotadodepoderde deciso. Aoestabelecernormasbsicassobreoprocessoadministrativono mbitodaAdministraoFederaldiretaeindireta,odiplomaemestudo preceitua que o seu primordial objetivo de oferecer proteo dos direitos dosadministradoseomelhorcumprimentodosfinsdaAdministrao. Essa norma contm a previso de seu aproveitamento, tambm, no domnio dos PoderesLegislativoeJ udiciriodaUnio,quandoestesvenhama desempenhar a funo administrativa. O dispositivo legal acima citado faz, nos seus incisos I a III, do seu 2, a conceituao do que sejam rgo, entidade e autoridade. rgo ela conceitua comosendoaunidadedeatuaointegrantedaestruturadaAdministrao direta e da estrutura da Administrao indireta; entidade a unidade de atuao dotada de personalidade jurdica; e, por fim, autoridade como sendo o servidor ou agente pblico dotado de poder de deciso. 3.PrincpiosecritriosdeprocedimentoestabelecidospelaLein. 9.784/99: A doutrina existente at h pouco tempo sobre processo administrativo e administraopblicaenumerava,comligeirasmutaes,osseguintes princpiosquelhessoaplicveis:legalidade,informalidade,moralidade, publicidade e eficincia, alm dos princpios da ampla defesa e contraditrio. ALein.9.784/1999adicionouaoroljconhecidooutrosprincpios,a saber:finalidade,motivao,razoabilidade,proporcionalidade,moralidade, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. Sovrios,ento,osprincpioselencadospelaLeiGeraldoProcesso Administrativo e apresentados no seu art. 2. Art.2.AAdministraoPblicaobedecer,dentreoutros,aos princpiosdalegalidade,finalidade,motivao,razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. Pargrafonico.Nosprocessosadministrativosseroobservados, entre outros, os critrios de: I - atuao conforme a lei e o Direito; II-atendimentoafinsdeinteressegeral,vedadaarennciatotalou parcial de poderes ou competncias, salvo autorizao em lei; III-objetividadenoatendimentodointeressepblico,vedadaa promoo pessoal de agentes ou autoridades; Pgina 29 / 76 Pgina 29 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard IV - atuao segundo padres ticos de probidade, decoro e boa-f; V-divulgaooficialdosatosadministrativos,ressalvadasas hipteses de sigilo previstas na Constituio; VI - adequao entre meios e fins, vedada a imposio de obrigaes, restriesesanesemmedidasuperiorquelasestritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico; VII - indicao dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a deciso; VIII - observncia das formalidades essenciais garantia dos direitos dos administrados; IX-adoodeformassimples,suficientesparapropiciaradequado grau de certeza, segurana e respeito aos direitos dos administrados; X - garantia dos direitos comunicao, apresentao de alegaes finais,produodeprovaseinterposioderecursos,nos processos de que possam resultar sanes e nas situaes de litgio; XI-proibiodecobranadedespesasprocessuais,ressalvadasas previstas em lei; XII-impulso,deoficio,doprocessoadministrativo,semprejuzoda atuao dos interessados; XIII-interpretaodanormaadministrativadaformaquemelhor garantaoatendimentodofimpblicoaquesedirige,vedada aplicao retroativa de nova interpretao. Preceituaocaputdodispositivoacimacitado,queaAdministrao Pblicaobedecer,dentreoutros,aosprincpiosdalegalidade,finalidade, motivao,razoabilidade,proporcionalidade,moralidade,ampladefesa, contraditrio,seguranajurdica,interessepblicoeeficincia.Emborano expressamentecitadosnalei,aadministraotambmdeveobedinciaaos princpios da publicidade, da oficialidade, do informalismo e da impessoalidade. Porseuturno,opargrafonicodomesmodispositivolegal,enumera exaustivamenteoscritriosaseremobservadosnombitodaadministrao pblica.Nosedeveolvidar,contudo,quemuitosdessescritriosjesto implicitamentecontidosnaquelesprincpiosquenorteiamaAdministrao Pblica. 3.1 Principio da Legalidade: O art. 37, caput, da Constituio ptria, preceitua que um dos princpios norteadores da Administrao o da Legalidade, sob pena de o administrador pblico ser responsabilizado por esta violao. A eficcia de todo desempenho da administrao pblica tem dependncia da Lei, no h liberdade ou vontade pessoaldoadministradoroqueimportaaobedinciaaosditameseregras previstas no direito positivo, por isso que, referir-se ao princpio da legalidade mencionar o total condicionamento do administrador pretenso da Lei. OinsignemestreadministrativistaHELYLOPESMEIRELLES,ao discorrersobreoquesignificaoprincpiodalegalidade,lecionaque"o administradorpblicoest,emtodaasuaatividadefuncional,sujeitoaos mandamentosdalei,esexignciasdobemcomum,edelesnosepode afastaroudesviar,sobpenadepraticaratoinvlidoeexpor-se Pgina 30 / 76 Pgina 30 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard responsabilidadedisciplinar,civilecriminal,conformeocaso". A fora de toda atividade administrativa, assim, estaria dependente ao atendimento da lei, no possuindo,comosedisse,nenhumaliberdadenemvontadepessoaldo administrador pblico, posto ser de ordem pblica a lei administrativa. OcontroledosatosdaAdministraoPblicaumaexignciado princpio da legalidade, nos precisos termos do art. 5, II, da Magna Carta ptria. Isso j tinha merecido ateno especial de MIGUEL SEABRA FAGUNDES nos idos dos anos 1950. Segundo ele "todas as atividades da Administrao Pblica so limitadas pela subordinao ordem jurdica, ou seja, legalidade. Oprocedimentoadministrativonotemexistnciajurdicaselhefalta, como fonte primria, um texto de lei. Mas no basta que tenha sempre por fonte alei.preciso,ainda,queseexerasegundoaorientaodelaedentroos limites nela traados" A Lei Geral do Processo Administrativo determina que o administrador aja conforme a Lei e o Direito, devendo a interpretao da norma administrativaserdaformaquegarantaoatendimentoaocidado,comose observa do preceituado no seu art. 2, pargrafo nico, I e XIII. 3.2 Princpio da Finalidade. Afinalidadedoatoseuintentofinalstico.Todoatoadministrativo procura obter uma finalidade de interesse da administrao pblica. Tem-sequeoprincpiodafinalidadeexigequeoatosejapraticado sempre com finalidade pblica. O administrador fica impedido de procurar outro fim ou de pratic-lo em seu prprio interesse ou em interesse de terceiros. Este princpio, o da finalidade, probe que o ato administrativo venha a ser praticado sem interesse pblico ou convenincia para a administrao, mirando exclusivamente a atender interesses privados, por favoritismodos agentes da administraopblica.Oadministrador,aoagircontraesteprincpio,estar revelandooseudesviodeconduta,oqueviraconstituir-senumadas modalidades de abuso de poder. 3.3 Princpio da Motivao. Oart.93,IXdaCF/88prevquetodososjulgamentosdosrgosdo Poder J udicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena denulidade.Naleisobexame,essemesmoprincpioconsagradoao estabelecer ela, no seu art. 2, VII, bem como no seu captulo XII, que a deciso doadministradordeverteraindicaodospressupostosdefatoededireito que a determinarem, bem como os atos administrativos devero ser motivados, comindicaodosfatosedosfundamentosjurdicos,emqualquerumadas hipteses do seu art. 50, I-VII. Pelaapreciaodamotivaodosatosemanadosdaadministrao pblicaquesetemocontroledelegalidadeparaaveriguarseoatodo administrador foi praticado ressaltando-se os princpios da proporcionalidade e Pgina 31 / 76 Pgina 31 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard razoabilidade, a partir da avaliao do nexo de causalidade entre os motivos e o resultado do ato respectivo. O princpio da motivao um direito implcito do cidado e dimana da democratizaodosvaloresreguladospelaConstituioFederal.Ato administrativo, sem motivao, afronta o poder discricionrio, enveredando nas raias do arbtrio. 3.4 Princpio da Moralidade. O princpio da moralidade administrativa est implantada na Carta Magna como um princpio fundamental a ser acatado pela Administrao Pblica. So desmesuradososdesdobramentosdamoralidadeadministrativaporatingirde modocentraloaspectoaxiolgicodasaesconcretasdesenvolvidaspelos agentes pblicos. ParaTUPINAMBMIGUELCASTRODENASCIMENTO, complexa, a extrao da expresso constitucional do significado do princpio da moralidadenaadministraopblica.Lecionaoinsignemestrequeentreas formasabarcadaspelamoralidadeadministrativaestaprobidade administrativa,queconsistenaobrigaodeagircomhonestidadena AdministraoPblica.Contudo,amoralidadeadministrativaabrangeuma orientao comportamental que no se restringe exclusivamente ao campo da honestidade. E esta a dificuldade na abordagem do tema, que no tem sido enfrentado pela doutrina nacional como assunto de preferncia. Assim,imoraloatoadministrativoquenorespeitaoconjuntode solenidadesindispensveisparaasuaexteriorizao;quandofogeda oportunidadeoudaconveninciadenaturezapblica;quandoabusanoseu procedereferedireitossubjetivospblicosouprivados;quandoaao maliciosa,imprudente,mesmoquesomentenofuturoumadessasfeiesse tornem reais. 3.5 Princpio do Interesse Pblico. Sob a tica de CELSO ANTNIO BANDEIRA DE MELLO, o princpio da supremaciadointeressepblicosobreointeresseprivado,"daessnciade qualquerEstado,dequalquersociedadejuridicamenteorganizadacomfins polticos",compondoocomponentequeoqualificaequelhedaidentidade prpria. Quandoaleisobcomentodeterminaaobservnciadocritriodo atendimentoafinsdeinteressegeral,vedadaarennciatotalouparcialde poderesoucompetncia,salvoautorizaoemlei",noart.2,II,est estabelecendo,verdadeiramente,doisnorteamentosdiferentes:umaque interessa diretamente finalidade do ato administrativo, que se confunde com o Pgina 32 / 76 Pgina 32 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard interesse pblico, dito a "interesse geral"; outro, que trata de um princpio, como odairrenunciabilidadedacompetnciadorgo,queobjetodedispositivo especfico(artigo11),aoladodainalienabilidadeouindelegabilidadede poderes, salvo quando expressamente autorizado. O critrio de objetividade no atendimento do interesse pblico previsto na aludidaleiencontra-sevinculadovedaodapromoopessoaldeagentes ouautoridades.Aobjetividadenoatendimentodointeresseatributodo princpio do interesse pblico dos atos administrativos, enquanto vedao da promoo pessoal de agentes ou autoridades pblicos respeite ao princpio da impessoalidade e ao da finalidade dos atos. O interesse pblico o relacionado sociedade como um todo e somente ele pode ser legitimamente objetivado, vez que o interesse que a lei consagra e entrega incumbncia do Estado como representante da sociedade. 3.6 Princpio da Eficincia. Os princpios constitucionais que norteiam a Administrao Pblica foram acolhidospelaEmendaConstitucional n 19/1998, com o acrescentamento doprincpio da eficincia, pelo qual se busca reduzir os gastos pblicos, acolhendo, emmaislargamedida,aosprincpiosdaeconomicidadeelegitimidadedos gastos pblicos. Peloprincpiodaeficincia,nostermosdaConstituioFederal,ficao administradorpblicoobrigadoaoperarcomodirigente,comoempresrio, objetivandoretirardeseusrecursosquesejamdisponveisomximodoque delespodeseralcanado,implicando,necessariamente,naformaodeum novo cenrio para os gestores da coisa pblica. 4. Impedimentos e Suspeio Osartigos18a21trazemnormassobreimpedimentosesuspeiodo servidor ou autoridade e o rito processual para suscitar tais situaes. Vale salientar, contudo, que o art. 20 permite a arguio da suspeio da autoridadeouservidor,sendoadmissvelainterposioderecursocontrao indeferimento, recurso esse em no emprestado o efeito suspensivo. Em face da inexistncia de normas em que seja preceituado a quem deva ser dirigido a exceo de suspeio, a doutrina tem se posicionado no sentido de que deva sersuscitadadiretamenteautoridadequeseconsiderasuspeita,quea acolher, se declarando suspeita, ou no. 5. As etapas do procedimento administrativo: Soelencadosemnmerodecincoospassosdoprocedimento administrativo,quaissejam:instaurao,instruo,defesa,relatrioe julgamento. Pgina 33 / 76 Pgina 33 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard 5.1 Instaurao. Oprocedimentoadministrativoiniciadodeofciopeloadministrado pblicooumedianteprovocaodequalquerinteressado.Sendopor provocao do interessado, o pedido dever conter, salvo na admissibilidade de proposio verbal, diversos dados, imprescindveis formao do processo. Havendoalgumafalhanaproposiodeaberturadoprocesso,dever da administrao pblica orientar o interessado visando o seu suprimento. 5.2 Comunicao dos Atos. A Comunicao dos atos processuais no processo administrativo dever serefetivada,nostermosdoart.26caput,porintermdiodeintimaodo interessado, para cincia de deciso, ou para a realizao de diligncias. Acercadasintimaes,nostermosdaaludidaLeiGeraldoProcesso Administrativo, alguns aspectos devem observados: a)-aformaescrita,emvernculo,contendoaassinaturadaautoridade responsvel; b) efetuada por via postal com aviso de recebimento, ou por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da cincia do interessado (artigo 26, 3); c) efetuada mediante aposio do "ciente" da parte ou do procurador habilitado no processo; d)intimaomediantepublicaooficial,quandohajainteressados indeterminados, desconhecidos ou com domiclio indefinido; e) antecedncia mnima de trs dias teis, quanto data de comparecimento; f) contagem do prazo a partir da data da cientificao oficial, com excluso do dia do comeo e incluso do dia de vencimento, importando dizer, assim, que, narealizaodaintimaopelaviapostaloutelegrfica,oprazoinicia-se quando verificada a recepo da intimao pela pessoa a quem se destinava. A intimao, obrigatoriamente, dever conter, nos termos do art. 26, 1, incisos I a VI, os seguintes dados: I)identificaodointimado,nomedorgoouentidadeadministrativa, endereo e local de sua sede ou da unidade onde o processo tenha curso;II) finalidade da intimao ou do ato que se deva praticar; III) data, hora e local em que se deve comparecer; IV)seobrigatrioocomparecimentopessoaldaparteintimada,ouse esta poder fazer-se representar por procurador; V)notciadequeoprocessotercontinuidade,independentementedo seu comparecimento; VI) indicao dos fatos e fundamentos legais pertinentes. Preceitua o art. 28, do diploma legal sob comento, que sero objeto de intimao os atos do processo de que resultem, para o interessado, a imposio Pgina 34 / 76 Pgina 34 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard dedeveres,nus,sanesourestrioaoexercciodedireitoseatividades, alm de outros atos, de qualquer natureza, que lhes digam respeito. Um aspecto que merece ser ressaltado o de que as intimaes sero passveisdenulidadequandorealizadassemacriteriosaobservnciadas recomendaes legais. Sero considerados prorrogados os prazos at o primeiro dia til seguinte ao dia em que deveriam vencer, se este cair em dia em que no haja expediente ou este se encerrar antes da hora normal. Os prazos processuais administrativos no se suspendem, salvo motivo comprovado de fora maior. 5.3 Instruo Processual e Defesa. Denomina-se de instruo processual-administrativa a etapa do processoadministrativoemquerealizadaaelucidaodosfatosnarradosnapea inaugural de sua instaurao. Na instruo pode o administrado fazer o exerccio todo o seu de direito dedefesademaneiraampla,inclusiveproduzindoecontestandoprovasde naturezadocumental,pericialetestemunhal.Comocedio,adefesa garantia constitucional de todo litigante em todo processo, inclusive o do mbito administrativo. Porocasiodessafase,aqualquertempoantesdadeciso,podeo administradofazerajuntadadedocumentoseaduziralegaesquedizemrespeito matria objeto do processo. Quando o administrado tiver de produzir provas e se estas estiverem ao alcance da administrao pblica, em arquivos existentes nesta, o administrador deverprover,inclusivedeofcio,aobtenodosdocumentosoudas respectivas cpias. Observe-se,ainda,ocontidonopargrafonicodoart.6quevedaa recusa imotivada de documentos, pela administrao pblica. 5.4 Relatrio. O relatrio a narrao de toda a apurao da instruo. Nele dever se fazermenoatodooapurado,compreendoadepoimentos,perciase documentosconstantesdosautos,comrecomendaodadecisoaser proferida pela autoridade competente. umapeameramentedeopinioedeinformao,novinculativa.A autoridade julgadora no est vinculada s concluses da comisso de inqurito expostasnorelatriofinal,podendodaraosfatosenquadramentojurdico diverso, desde que, no entanto, o faa de forma fundamentada, sobretudo se a Pgina 35 / 76 Pgina 35 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard penaefetivamentecominadaformaisgravedoqueaquelarecomendadano relatrio. 5.5 Julgamento. ALeiGeraldoProcessoAdministrativoestabeleceuexpressamentea regra do dever de decidir a que est submetida a Administrao Pblica. no julgamento que se soluciona a demanda administrativa. Ojulgamentoimportantelembrar,deveserobrigatriaedevidamente fundamentado na provas colhidas na instruo e sob o abrigo da lei, sob pena de nulidade. Depois de concluda a instruo, a autoridade julgadora dispe de trinta dias, prorrogvel por igual perodo, desde que haja motivao para tanto, para proferir a sua deciso, nos termos do art. 49, da aludida lei. Pgina 36 / 76 Pgina 36 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard PROCESSO ADMINISTRATIVO Ementa: 6.Instruo Processual. Consultas e audincia pblicas; 7.Dever de decidir e motivao; 8.Recursos e prazos. 6. Instruo processual. Consulta e audincias pblicas: Umainovaodesignificativaexpressodemocrticaparaaatuao administrativa est contemplada na consulta e na audincia pblicas, no curso dainstruoprocessualquandosedecidaouaprecieassuntodeinteresse geral. Atravs de despacho motivado da autoridade abrir perodo de consulta pblica para manifestao de terceiros (artigo 31), se no houver prejuzo para a parteinteressada.Obviamente,aquinoseestarcondicionandoointeresse geralaointeresseprivado,particularizadodeuminteressado,masbuscando preservarodireitoindividualperseguidonoprocedimentoadministrativoem curso.Haverhipteseemqueointeressemanifestopelapartenose distinguirdeoutros,casotpicodasnovasformasdelegitimaoprocessual ativa, quando se tratem de direitos coletivos ou direitos difusos. Porm , haver, ainda,hipteseemqueapretensoveiculadapeloparticularnopossaser atendidaantesdeconsultadososinteressesdeterceiros,querestejambem identificados,aindaquecoletivamente,quersejamannimosouno individualizados. Fala-se da " matriadoprocessoenvolverassuntodeinteressegeral ", ou seja, assunto de repercusso alm da esfera de direitos e interesses de uma ou mais pessoas determinadas . Audincias pblicas foram, no direito brasileiro, pelaprimeiravez,institudasemmatriadedireitoambiental,noexamede projetos relativos a obras ou atividades que exigissem estudo e relatrio prvio de impacto ambiental . 7. Dever de decidir e motivao: Aleifederaldoprocessoadministrativoinstituiuexpressamentearegra dodeverdedecidiraqueestsubmetidaaAdministraoPblica,quando disps, no art. 48, que " Aadministraotemodeverdeexplicitamenteemitir deciso nos processos administrativos e sobre solicitaes ou reclamaes, em matria de sua competncia. "Pgina 37 / 76 Pgina 37 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos (artigo 50), quando: neguem, limitem ou afetem direito ou interesses;imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes;decidam processos administrativos de concurso ou seleo pblica;dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatrio;decidam recursos administrativos;decorram de reexame de ofcio;deixemdeaplicarjurisprudnciafirmadasobreaquestooudiscrepem de pareceres, laudos, propostas e relatrios oficiais; importemanulao,revogao,suspensoouconvalidaodeato administrativo. 8. Recursos e prazos: Outrapreocupaobastanteevidenciadanalegislaoprocessual estudadacomaceleridadedoprocessoe,portanto,comaefetividadedo recurso jurisdio administrativa. - 5/10 dias Atosprocessuais,emgeral,salvodisposioespecfica,tantoda autoridade quanto do administrado, devem ser praticados no prazo de cinco dias (artigo 24), salvo motivo de fora maior. Poderoserdilatadosatodobro,mediantecomprovadajustificao. Esta norma que se aplica subsidiariamente a todos os demais procedimentos administrativos, ainda que regulados por norma especial, haja vista a regra do artigo 69. Compreendidosporessanormaestariamtodososprazosdeordinrio expediente,detrmiteentrergosoudeencaminhamentodeautos, atendimento a despachos ou recebimento e juntada de documentos. - Interregno de 3 dias teis para intimaes: Aintimaoparacinciadedecisoouefetivaodediligncias observaroprazomnimodetrsdiasteis,entreacinciaeaprovidncia determinada ou a data de comparecimento determinado. Pgina 38 / 76 Pgina 38 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard No caso de intimao de interessados indeterminados, desconhecidos ou comdomiclioindefinido,equeregraparticular(artigo26,4)dizdevaser efetuada por meio de publicao oficial, h margem para questionar-se qual o prazo a ser estabelecido para atender intimao.

Orazovelseria,conformeadoutrina,emnohavendoprevisode repetirapublicaodaintimaonoveculodeimprensa-oquetambm poderia ter sido uma regra admitida, nesses casos, utilizar, por analogia, ao que dispe o artigo 232, III, do Cdigo de Processo Civil - que se entende haver sido afastadaemdecorrnciadosprincpiosdaceleridadeedaeconomiaeda menor onerosidade para o administrado - a autoridade fixar sempre o prazo para cumprimento de diligncia ou prtica de outro ato processual no mximo de 10 (dez)dias,contnuos(artigo66,2.),acontardadatadapublicao,como admitido, por exceo, no Pargrafo nico do artigo 24, da Lei n. 9.784/99.Apluralidadedosintimadosnojustificariaampliaodesseprazo, tambmpelaceleridadedesejadaparaoprocessoadministrativoemenor onerosidadeparaoadministrado.Aplicvelsempre,emqualquerhiptese,a regradoartigo27:"Odesatendimentodaintimaonoimportao reconhecimentodaverdadedosfatos,nemarennciaadireitopelo administrado. " Humahiptesedearquivamentodoprocesso,pordecisoda autoridade administrativa, quando ocorra o no atendimento determinao de ointeressadoapresentardados,atuarnoprocesso,oujuntardocumentos solicitados,istosidoconsideradonecessrioapreciaodapostulaofeita (artigo40);observada,entretanto,apossibilidadedeatuaodeofciopelo rgo, suprindo a deficincia verificada (artigo 39, Pargrafo nico). 15 dias Esteoprazo(artigo42)paraaproduodeparecerobrigatrioe vinculanteporrgoconsultivo,salvonormalegalespecialemcontrrio,ou comprovadanecessidadedeprazomaioroudesuaextenso.Sehouver omissodorgoconsultivo,oprocessoquedarsemseguimentoata apresentaodapeaobrigatria,cabendoaresponsabilizaodequemder causa ao atraso. - Parecer obrigatrio no vinculante Se parecer obrigatrio e no vinculante deixar de ser emitido, no prazo a propsito determinado de ofcio pela autoridade (que dever ser o de cinco dias, dilatadoatomximode10,exvidoartigo24),oprocessopoderter Pgina 39 / 76 Pgina 39 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard seguimento e ser decidido com a dispensa da pea opinativa, sem prejuzo da responsabilidade de quem se omitiu. - Laudos tcnicos Quandonecessrioslaudostcnicosdergoadministrativoseo encargonotiversidocumpridonoprazoassinalado,deversersolicitado laudo tcnico a outro rgo de capacidade tcnica e qualificao equivalentes (artigo 43). - 10 dias Esteoprazoemqueterdireitoamanifestaoointeressadoaps instruo,excetoseoutroprazoforlegalmenteprevisto.Noprocedimentode consulta pblica (artigo 31) , entende-se que o perodo de consulta pblica para manifestaodeterceiros,antesdadecisodopedido,afastaria,paraos interessadosquesehouveremmanifestado,noenvolvenovamanifestao, uma vez encerrada a instruo, nos termos do artigo 44. O perodo de consulta pblica ser aquela determinado pela autoridade, em despacho motivado (artigo 31). - 30/60 dias Concludaainstruoprocessual,amatriadeveserdecididapela Administrao em trinta dias (artigo 49), prorrogveis por igual perodo, quando expressamentemotivada.Prazoesse,portanto,destinadoautoridade competente para decidir no processo. - 10 dias Interposioderecurso.Prazocontadoapartirdacinciaouda divulgao oficial da deciso recorrida, por qualquer das formas e modalidades previstas para comunicao dos atos processuais, no artigo 26, 3. - 5 dias Prazo para reconsiderao da deciso, pela autoridade recorrida, ou para encaminhamento do recurso autoridade superior . 30/60 diasPgina 40 / 76 Pgina 40 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard Prazo para deciso do recurso, salvo previso legal em contrrio (artigo 59, 1.) e prorrogao mxima (idem, 2.). Prazo para anulao de atos administrativos favorveis aos destinatrios Aregradoartigo54("OdireitodaAdministraodeanularosatos administrativosdequedecorramefeitosfavorveisparaosdestinatriosdecai emcincoanos,contadosdadataemqueforampraticados,salvocomprovada m-f") constitui-se em norma garantidora de direitos do administrado, prevendo prazodecadencial,paraaAdministrao,paraestaexerceraautotutelados atosadministrativos,que,emboranulos,tenhamefeitosfavorveisparao administrado, inclusive patrimoniais, dentre estes aqueles contnuos, quando o prazo contar-se- da percepo do primeiro pagamento. -Jurisdioadministrativa.Emborasaiba-senoexistirnoDireito brasileiroocontenciosoadministrativo,aAdministraoexerceumpoderde tutela jurdica dos direitos e interesses pblicos e submete-se em sua atuao, ao princpio da legalidade e ao dever de no ocasionar, em contrariedade lei, prejuzosadireitoseinteressesdoscidadosedaspessoasqueentramem relao com a Administrao por fora dessa tutela e dessa atuao legal. Esse poder de tutela do direito e o poder-dever de observar as normas legais e de efetivardireitos e obrigaes - quer pblicos quer privados -, pode assim ser entendidocomoumaformadejurisdioadministrativa,nodecunho contencioso,masjurisdiodeconvencimentoeformaodavontade administrativa, de reconhecimento e acatamento de direitos dos administrados, porqueenvolveumjuzoarespeitodosinteressesefundamentosjurdicos formulados. -Processoeprocedimento.Aplicaosubsidiriaaos procedimentosadministrativos:ALein.9.784,de29dejaneirode1999, trataexpressamentedenormasbsicassobreoprocessoadministrativo, visando a proteo dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos finsdaAdministrao.Explicita,ainda,que"processosadministrativos especficoscontinuaroareger-seporleiprpria,aplicando-se-lhesapenas subsidiariamente os preceitos desta Lei." Assim, por exemplo, processos administrativos como o de concesso de patentes ou o de registro de marcas de indstria e comrcio (Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996), continuaro regulados pela legislao que lhe especfica, emboraosprincpiosenormasbsicassobreprocessoadministrativo, institudospelaLein.9.784/99,possamteraplicaoaessesprocessos especficos,como,porexemplo,asregrasdeimpedimentosesuspeiodos agentesadministrativos(artigo18),ou,aindaemalgunscasos,asregrasde Pgina 41 / 76 Pgina 41 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard comunicao dos atos, que dever ocorrer mediante a intimao do interessado quantoaosatosdoprocessodequeresultemaimposiodedeveres,nus, sanes ou restries ao exerccio de direitos e atividades e os atos de outra natureza de seu interesse (artigo 28). Ser assim porque a Lei n. 9.794, de 29 de janeiro de 1999 trata do processo, enquanto normas especiais dispe quanto ao procedimento a ser seguido, em determinados trmites administrativos para obtenodedireitos,prestaes,providnciaseparaaprticadeatosdos quais possam resultar a imposio de deveres, sanes ou restries de direitos aos administrados. Pgina 42 / 76 Pgina 42 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo Administrativo Profa. Denise da Silveira Iserhard PROCESSO ADMINISTRATIVO Oartigoanexadodeveserimpressopoiseleserasegundaparteda avaliao do dia 02/09/2010. Pgina 43 / 76 Pgina 43 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR Ementa: 1. Noo e terminologia; 2. Comisses processantes; 3. Sindicncia; 4. Processo disciplinar stricto sensu: fases e reviso; 5. Repercusso da sentena penal no processo administrativo disciplinar. 1. Noo e Terminologia: Em essncia, processo administrativo disciplinar a sucesso ordenada de atos determinados a averiguar a realidade de falta cometida por servidor, a ponderarascircunstnciasquenelaocorrerameaaplicarassanes pertinentes. No direito ptrio, durante muito tempo, usava-se a expresso processo administrativosomenteparadesignarprocessodisciplinar,reduzindo-seo gnero a uma de suas espcies. 2. Comisses processantes: No ordenamento brasileiro, as sindicncias e processos administrativos disciplinares stricto sensu correm perante comisses, denominadas comisses processantesoucomissesdisciplinares,embora,nocaso,desindicncia,se mencionemostermoscomissodesindicncia.Emgeral,acomisso integrada por trs servidores; alguns estatutos exigem que os servidores sejam efetivos ou estveis. Emcadanveladministrativopode-seadotarosistemadecomisses permanentes ou sistema de comisses indicadas caso a caso. Osistemadecomissespermanentesadmiteduasmodalidades: comisses permanentes para toda a Administrao, havendo rgos destinados somenteparataisatividades;oucomissespermanentesemcadargo, mesclando-se,nessecaso,asatividadesespecficascomasatividadesda comissopermanente,vlidassomenteparaoscasosdisciplinaresdo respectivorgo.Talsistemanoexcluiapossibilidadedehavercomisses especiais para certos casos, se assim decidir a autoridade competente. As comisses no tem funo de dar a deciso final da sindicncia ou do processoadministrativodisciplinar,apresentam-se,aomesmotempo,como rgo de instruo, de audincia e de assessoria autoridade competente para julgar. Depois da instruo e, se for o caso, das alegaes finais de defesa, a comisso elabora relatrio.Pgina 44 / 76 Pgina 44 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard 3. Sindicncia: Noestatutos,emgeral,aparecemduasmodalidadesdesindicncia:a sindicncia preliminar a processo administrativo e a sindicncia como processo sumrio. Aprimeiramodalidadecaracterizaapeapreliminareinformativado processo administrativo disciplinar, devendo ser instaurada quando os fatos no estiverem definidos ou faltarem elementos indicativos da autoria. Configura meio de apurao prvia, em relao ao processo administrativo disciplinar, destinada a colher elementos informativos para instaur-lo ou no. Nestaacepo,asindicncianoseinstauracontraumservidor:visa apurar possveis fatos irregulares e seu possvel autor. Se o objetivo apurar fatorelativoadeterminadoservidoroudeterminadosservidores,cabemas garantias do contraditrio e ampla defesa, previstas na Constituio Federal (art. 5, LV. Emgeral,observaasseguintesfases:instaurao,instruo,relatrio. Dessasindicnciapoderesultaroseguinte:oarquivamentodocaso,por inexistncia de infrao, de irregularidade, ausncia de autoria; ou instaurao deprocessodisciplinar,anteacaracterizaodofatocomoinfraoea identificao do possvel autor. Asegundamodalidadeasindicnciadecarterprocessual,poisse destinaaapurararesponsabilidadedeservidoridentificado,porfaltaleve, podendo resultar em aplicao de pena. Trata-se, na verdade, de um processo administrativo disciplinar sumrio. Os estatutos em geral destinam a sindicncia para fatos suscetveis de pena de advertncia, repreenso, suspenso at trinta dias,fixandoprazocurtoparaseutrmino,compossibilidadedeprorrogao. Nestamodalidade,ocontraditrioeaampladefesahodeserassegurados, ainda que sumrio o processo, pois existe acusado. Segue as mesmas fases do processo disciplinar stricto sensu, a saber: instaurao, instruo e relatrio. 3.1 Verdade sabida: Deve-se notar que, desde a Constituio Federal de 1988, no mais se pode vigorar a aplicao de sano disciplinar pelo critrio da verdade sabida; por esse critrio podiam ser aplicadas, de imediato, penas leves, por exemplo, repreensoesuspensodeatcincodias,porautoridadequetivesse conhecimento da falta cometida. Tendo em vista que a Constituio Federal, art. 5,LV,assegura,aosacusadosemgeral,ocontraditrioeaampladefesa, Pgina 45 / 76 Pgina 45 / 76 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Curso de Direito Processo AdministrativoProfa. Denise da Silveira Iserhard torna-seinconstit