124
UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PROCESSOS - PEP PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA ESCALA E POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DO COMPOSTO COMO SUBSTRATO Autor: Márcio José Costa Brito Orientadores: Prof.ª Cleide Mara Farias Soares, D.Sc. Prof. Renan Tavares Figueiredo, D.Sc. ARACAJU, SE - BRASIL FEVEREIRO DE 2008

PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PROCESSOS - PEP

PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

ESCALA E POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DO COMPOSTO COMO S UBSTRATO

Autor: Márcio José Costa Brito

Orientadores: Prof.ª Cleide Mara Farias Soares, D.Sc.

Prof. Renan Tavares Figueiredo, D.Sc.

ARACAJU, SE - BRASIL

FEVEREIRO DE 2008

Page 2: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

ii

PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA ESCALA E POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DO COMPOSTO COMO S UBSTRATO

Márcio José Costa Brito

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE PROCESSOS DA UNIVERSIDADE TIRADENTES COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

ENGENHARIA DE PROCESSOS

Aprovada por:

________________________________________________

Cleide Mara Farias Soares, D.Sc.

________________________________________________ Renan Tavares Figueiredo, D.Sc.

________________________________________________ Álvaro Silva Lima, D.SC

________________________________________________ André Luís de Oliva Campos, D. SC

ARACAJU, SE - BRASIL

FEVEREIRO DE 2008

Page 3: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

iii

Ficha catalográfica: Delvânia Rodrigues dos Santos Macêdo CRB – 5/1425

B862p Brito, Márcio José Costa.

Processo de Compostagem de Resíduos Urbanos em Pequena Escala e Potencial de Utilização do Composto como Substrato/Márcio José Costa Brito; orientação [de] Cleide Mara Faria Soares, Renan Tavares Figueiredo. – Aracaju : UNIT, 2008.

124 p. : il. ; 30 cm Inclui bibliografia e anexos.

Dissertação (Mestrado em engenharia de Processo) – Universidade Tiradentes. 1. Resíduos urbanos. 2. Matéria orgânica, 3 Compostagem, 4

substrato. I Soares, Cleide Mara Faria. II. Figueiredo, Renan Tavares III. Título.

CDU: 628.4

Page 4: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus orientadores e aos alunos de iniciação cientifica que me

apoiaram.

Page 5: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

v

AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho envolveu a ajuda de diversas pessoas e organizações, às quais gostaria muito de agradecer:

Aos meus pais, Hunaldo e Marlene, pelo incentivo e apoio, principalmente nos

momentos mais difíceis; A minha namorada, Cissa, pela compreensão, incentivo e apoio e por ter me

aturado em todos os momentos;

Aos meus orientadores, Cleide e Renan, pelo estímulo, paciência, orientação e atenção;

Aos alunos de iniciação cientifica que me acompanharam durantes os

experimentos: Paula, Sérgio, Igor e Carla; Aos Professores Álvaro e Paulo Sérgio, pelas orientações; Ao Professor André Campos, precursor dos trabalhos de compostagem na UNIT; Ao Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e à Universidade Tiradentes; A toda equipe do Laboratório de Estudos Ambientais (LEA) e do Laboratório de

Minimização e Tratamento de Efluentes (LMTE); A todos os colegas, professores e funcionários do Instituto de Tecnologia e

Pesquisa (ITP) e à Universidade Tiradentes que contribuíram, direta ou indiretamente, na realização desta dissertação.

À Equipe de Jardinagem da UNIT por todo apoio; Aos restaurantes Tasty e Empório Naturista; À Capes, pelo suporte financeiro.

Page 6: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

vi

Resumo da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de

Processos da Universidade Tiradentes como parte dos requisitos necessários para a obtenção

do grau de Mestre em Engenharia de Processos.

PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

ESCALA E POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DO COMPOSTO COMO S UBSTRATO

Márcio José Costa Brito

A crescente produção de resíduos urbanos tem motivado a sua utilização como fontes

alternativas de matéria orgânica. A compostagem de resíduos orgânicos é um dos métodos

mais antigos de reciclagem, durante o qual o resíduo é transformado em fertilizante orgânico.

O processo de compostagem, além de trazer benefícios econômicos, alivia as pressões

ambientais causadas pela má disposição desses resíduos. Neste trabalho foram montadas sete

leiras em pequena escala, utilizando diferentes composições iniciais de resíduos urbanos,

provenientes de feiras livres (frutas e verduras) e da Universidade Tiradentes (podas) e

diferentes diâmetros de partículas. Durante o processo foram monitorados os seguintes

parâmetros: temperatura, pH, umidade, nitrogênio total, contagem microbiana e degradação

de celulose, hemicelulose e lignina. Ao final do processo de compostagem os diferentes

compostos gerados foram caracterizados em relação as suas propriedades químicas e físicas,

visando sua utilização como substrato orgânico. De maneira geral o diâmetro das partículas

influenciou apenas no tempo de compostagem e na atividade microbiana, sem alterar de

forma significativa as características finais dos compostos. Já a composição inicial das leiras

influenciou diretamente no tempo de compostagem, nos teores de nitrogênio e das substâncias

lignocelulósicas, na densidade e na atividade microbiana. Através do monitoramento do

processo de compostagem e caracterização dos compostos, constatou-se que os compostos

gerados apresentaram boa qualidade e, consequentemente, potencial para sua utilização como

substrato, demonstrando a eficiência e aplicabilidade do método de compostagem em pequena

escala.

Palavras-chave: Resíduos urbanos, matéria orgânica, compostagem , pequena escala,

substrato.

Page 7: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

vii

Abstract of Dissertation presented to the Process Engineering Graduate Program of

Universidade Tiradentes as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master

of Science (M.Sc.)

COMPOSTING PROCESS OF URBAN RESIDUES IN SMALL SCALE AND POTENTIAL OF USE OF THE COMPOST AS SUBSTRATE

Márcio José Costa Brito

The increasing production of urban residues has motivated its use as alternative

sources of organic substance. The composting of organic residues is one of the recycling

methods oldest, during which the residue is transformed into organic fertilizer. The

composting process, besides bringing economic benefits, alleviates the ambient pressures

caused by the bad disposal of these residues. In this work seven windrow of small scale had

been mounted, using different initial compositions of urban residues, proceeding from open

market (fruits and vegetables) and from the University Tiradentes (yard waste) and different

diameters of particles. During the process the following parameters had been monitored:

temperature, pH, humidity, total nitrogen, microbial counting, and degradation of cellulose,

hemicelluloses and lignin. To the end of the composting process the different generated

composts had been characterized in relation its chemical and physical properties, aiming at its

use as organic substrate. In general way the diameter particles influenced them only in the

time of composting and the microbial activity, without modifying of significant form the final

characteristics of composts. Already the initial composition of the windrow influenced

directly in the time of composting, nitrogen texts and of lignocelluloses substances, in the

density and the microbial activity. Through the monitoring of the process of composting and

characterization of composts, it was evidenced that the generated composites had presented

good quality and potential for its use as substratum, demonstrating the efficiency and viability

of the application of the method of composting in small scale.

Keywords: Urban residues, organic material, composting, small scale, substrate.

Page 8: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

viii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................12

2. OBJETIVOS.......................................... .............................................................16 2.1 Objetivo Geral ..........................................................................................................16 2.2 Objetivos Específicos ...............................................................................................16

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................. ................................................17 3.1 Problemática dos Resíduos Sólidos no Brasil ..........................................................17

3.1.1 Impactos Ambientais Relacionados à Má Disposição de Resíduos Sólidos ....19 3.1.2 Classificação dos resíduos sólidos....................................................................21

3.2 Matéria Orgânica ......................................................................................................23 3.2.1 Aspectos Gerais ................................................................................................23 3.2.2 Decomposição da Matéria Orgânica.................................................................24 3.2.3 Matéria Orgânica e o Solo................................................................................25

3.3 Aspectos Legais sobre Fertilizantes Orgânicos ........................................................27 3.4 Compostagem ...........................................................................................................29

3.4.1 Classificação dos Métodos de Compostagem ..................................................30 3.4.2 Processo de Compostagem em Pequena Escala ...............................................33 3.4.3 Fatores que Influenciam na Compostagem ......................................................35 3.4.4 Processo de Compostagem...............................................................................41 3.4.5 Degradação de Celulose, Hemicelulose e Lignina ...........................................42 3.4.6 Microbiologia da Compostagem ......................................................................43 3.4.7 Produção de Composto Orgânico .....................................................................46 3.4.8 Características dos Compostos Orgânicos........................................................48 3.4.9 Aplicação do Composto como Substrato .........................................................49

4. MATERIAIS E MÉTODOS................................ .................................................52 4.1 Local e Período da Realização do Estudo ................................................................52 4.2 Montagem e Características das Leiras Estudadas...................................................52 4.3 Coleta e Preparo das Amostras para Análise............................................................53 4.4 Monitoramento das Leiras........................................................................................54

4.4.1 Monitoramento da Temperatura .......................................................................54 4.4.2 Monitoramento daUmidade..............................................................................54 4.4.3 Aeração das Leiras............................................................................................55 4.4.4 Medição do pH .................................................................................................55 4.4.5 Nitrogênio Total de Kjeldahl (NTK) ................................................................55 4.4.6 Determinação de Celulose, Hemicelulose e Lignina........................................57 4.4.7 Contagem Microbiana ......................................................................................62

4.5 Caracterização dos Compostos.................................................................................64 4.5.1 Determinação de Matéria Orgânica, Macronutrientes e Micronutrientes ........64 4.5.2 Determinação da Densidade .............................................................................64 4.5.3 Determinação da Condutividade Elétrica .........................................................65 4.5.4 Determinação de Metais Pesados .....................................................................66

4.6 Aplicação do Composto ...........................................................................................66

Page 9: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

ix

4.6.1 Produção das Mudas.........................................................................................66 4.6.2 Determinação de Massa Seca da Parte Aérea...................................................67

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................ ...........................................69 5.1 Condições Climáticas Durante os Experimentos......................................................69 5.2 Monitoramento da Umidade.....................................................................................71 5.3 Monitoramento da Temperatura ...............................................................................72 5.4 Monitoramento do pH ..............................................................................................75 5.5 Monitoramento do Odor, Cor e Volume ..................................................................77 5.6 Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK).............................................................................77 5.7 Celulose, Hemicelulose e Lignina............................................................................80 5.8 Contagem Microbiana ..............................................................................................81

5.8.1 Leira 1...............................................................................................................82 5.8.2 Leira 2...............................................................................................................83 5.8.3 Leira 3...............................................................................................................84 5.8.4 Leira 4...............................................................................................................85 5.8.5 Leira 5...............................................................................................................85 5.8.6 Leira 6...............................................................................................................86 5.8.7 Leira 7...............................................................................................................87 5.8.8 Análise Quantitativa da Contagem Microbiana................................................88

5.9 Tempo de compostagem...........................................................................................90 5.10 Matéria Orgânica, Macronutrientes e Micronutrientes.............................................91 5.11 Densidade Aparente dos Compostos ........................................................................94 5.12 Condutividade Elétrica (CE) ....................................................................................95 5.13 Metais Pesados .........................................................................................................97 5.14 Determinação da Massa Seca ...................................................................................98

6. CONCLUSÕES................................................................................................101 6.1 Monitoramento das Leiras......................................................................................101 6.2 Caracterização do Processo de Compostagem e dos Compostos...........................101

7. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ................... ...........................104

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS......................... .......................................105

9. ANEXOS..........................................................................................................119

Page 10: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

x

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 3.1 – Composição média do Resíduo Sólido Urbano Brasileiro...................................18 Figura 3.2 - Classificação dos resíduos sólidos segundo a origem ..........................................22 Figura 3.3 - Curva padrão de variação de temperatura durante o processo de compostagem..36 Figura 3.4 - Variação do pH com o tempo de compostagem ...................................................37 Figura 3.5 - Fluxograma Global do Processo de Compostagem ..............................................46 Figura 4.1– Pátio de Compostagem..........................................................................................52 Figura 5.1 - Registros de chuva acumulada em 24 h no mês de Março em Aracaju................70 Figura 5.2 - Registros de chuva acumulada em 24 h no mês de Abril em Aracaju..................70 Figura 5.3 - Registros de chuva acumulada em 24 h no mês de Maio em Aracaju..................70 Figura 5.4 - Perfis de variação da temperatura ambiente das sete leiras em relação aos dias de compostagem............................................................................................................................73 Figura 5.5 - Perfis de variação do pH das sete leiras em relação às semanas de compostagem...................................................................................................................................................76 Figura 5.6 – Evolução da degradação de nitrogênio em relação ao tempo de compostagem ..78 Figura 5.7 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 1. ..................................................82 Figura 5.8 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 2. ..................................................83 Figura 5.9 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 3. ..................................................84 Figura 5.10 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 3. ................................................85 Figura 5.11 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 5. ................................................86 Figura 5.12 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 6. ................................................87 Figura 5.13 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 7. ................................................87 Figura 5.14 – Atividade bacteriana e de fungos máximas para as sete leiras estudadas ..........88 Figura 5.15 – Atividade microbiana total.................................................................................89 Figura 5.16 – Teores de Matéria Orgânica...............................................................................93 Figura 5.17 – Teores de Macronutrientes (Cálcio e Magnésio) ...............................................93 Figura 5.18 – Teores de Macronutrientes (Sódio, Potássio e Fósforo) ....................................93 Figura 5.19– Massa seca da parte aérea, em gramas, para as espécies estudadas..................100

Page 11: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

xi

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3.1 – Valores estabelecidos como parâmetros de controle para o composto orgânico.28 Tabela 3.2 – Teores permissíveis de metais pesados (mg kg-1) no composto de lixo urbano em alguns paises da Europa e Estados Unidos...............................................................................28 Tabela 3.3 – Temperatura e intervalo de tempo necessário para destruir os tipos mais comuns de microrganismos e parasitas ocasionalmente presentes em resíduos orgânicos. ..................45 Tabela 3.4 – Problemas, Possíveis Causas e Soluções durante a Compostagem. ....................47 Tabela 3.5 - Descrição de procedimentos para produção de composto orgânico pelo método de leiras a céu aberto ................................................................................................................47 Tabela 3.6 – Características Químicas de Compostos Orgânicos produzido pelo método de leira a céu aberto utilizando resíduos urbanos misturados a outros substratos. .......................48 Tabela 3.7 – Valores médios de altura, diâmetro e número de folhas e peso médio da matéria seca de raízes e parte aérea de abieiros, aos 105 dias, usando como fonte de nutrientes composto orgânico de lixo urbano de Barcarena, PA. .............................................................51 Tabela 4.1 - Características das leiras estudadas......................................................................53 Tabela 5.1 – Disposição geral dos ensaios realizados..............................................................69 Tabela 5.2 – Teores de Celulose, Hemicelulose e Lignina no inicio e no final de fase de maturação..................................................................................................................................80 Tabela 5.3 – Tempo de compostagem e características iniciais das leiras ...............................90 Tabela 5.4 - Resultados de teores de material orgânica macro e micronutrientes....................91 Tabela 5.5 - Resultados de teores de material orgânica macro e micronutrientes em( g.Kg-1) 92 Tabela 5.6 – Densidade Aparente (g/cm3) e porcentagem de resíduos orgânicos dos Compostos ................................................................................................................................94 Tabela 5.7 - Condutividade Elétrica dos compostos produzidos..............................................96 Tabela 5.8– Teores de metais pesados (mg kg-1) da Leira 1 em comparação aos níveis permissíveis em alguns paises da Europa e Estados Unidos....................................................97 Tabela 5.9 – Valores médios da produção de massa seca trinta e cinco dias após o plantio. ..99 Tabela 5.10 – Composição química da terra fertilizada utilizada nos tratamentos ..................99

Page 12: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

12

1. INTRODUÇÃO

O aumento do número de habitantes no Planeta, associado à concentração das

populações nas cidades, vem agravando a capacidade natural da Terra para absorver o lixo. A

geração de resíduos sólidos urbanos é um fenômeno inevitável que ocorre diariamente em

quantidades e composições que dependem do tamanho da população e do desenvolvimento

econômico de cada município. O atual modelo de desenvolvimento caracteriza-se

principalmente pela exploração excessiva e constante dos recursos naturais e pela geração

desenfreada de resíduos que, em sua grande maioria, são dispostos de forma inadequada.

Atrelado a isto, vem o aumento da poluição do solo, das águas e do ar, levando a um contínuo

e acelerado processo de degradação do meio ambiente, com uma série de implicações na

qualidade de vida da população e nos recursos naturais.

A crescente produção de resíduos urbanos tem levado ao seu uso como fontes

alternativas de matéria orgânica. A produção constante e inesgotável desses materiais, aliada

ao seu baixo custo de obtenção, os tornam atrativos para uso na agricultura, florestas e

recuperação de áreas degradadas. Além disso, considerando que a geração de resíduos é por

si só um problema, o reaproveitamento deles contribui para aliviar a pressão sobre o meio

ambiente (PASCUAL et al., 1997). A reciclagem tem-se mostrado extremamente importante

nas sociedades com altas taxas de consumo de recursos naturais. O crescimento

populacional resultou na transferência de quantidades consideráveis de nutrientes dos solos

agrícolas para os resíduos urbanos (FROSSARD E MOREL, 1995).

Dentro do princípio do desenvolvimento sustentável, é importante buscar a

reciclagem dos nutrientes contidos nos resíduos através da reincorporação dos mesmos nos

ecossistemas produtores tais como florestas e áreas agrícolas. A compostagem in-situ de

resíduos orgânicos não-perigosos, tais como resíduos de podas e alimentos, reduz

significativamente os custos e consumo de energia com transporte, uma vez que o volume

final a ser transportado pode ser reduzido a cerca de 40 a 60% do seu original. Além disso, a

compostagem de resíduos orgânicos urbanos atende aos preceitos estabelecidos na legislação

ambiental da maioria dos países, como por exemplo, a Diretriz da Comunidade Comum

Européia sobre disposição de resíduos (MARQUES E HOGLAND, 2002).

As características socioeconômicas existentes na maioria dos municípios

brasileiros, a vocação agrícola do país, o alto percentual de resíduos orgânicos do lixo, a

grande quantidade de lixões e a necessidade da adoção de processos de tratamento de lixo

Page 13: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

13

que sejam simples, eficientes e de baixo custo, fazem da compostagem um processo de alta

viabilidade de uso no país.

A compostagem de resíduos orgânicos é um dos métodos mais antigos de

reciclagem, durante o qual a matéria orgânica é transformada em fertilizante orgânico. Além

de ser uma das soluções para os problemas dos resíduos sólidos orgânicos, o processo de

compostagem proporciona o retorno de matéria orgânica e nutrientes ao solo. Este processo

é resultado da decomposição biológica do substrato orgânico, sob condições que permitam o

desenvolvimento natural de altas temperaturas, com formação de um produto

suficientemente estável para armazenamento e aplicação ao solo, sem efeitos ambientais

indesejáveis (PEREIRA NETO & MESQUITA, 1992).

Este processo envolve transformações extremamente complexas de natureza

bioquímica, promovidas por diversos microorganismos do solo que têm na matéria orgânica

in natura sua fonte de energia, nutrientes minerais e carbono. O composto possui nutrientes

minerais tais como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre, que são

assimilados em maior quantidade pelas raízes, além de ferro, zinco, cobre, manganês, boro e

outros que são absorvidos em quantidades menores e, por isto, denominados de

micronutrientes (SILVA, 2000). Outra importante contribuição do composto é que ele

melhora as condições do solo. A matéria orgânica compostada se liga às partículas (areia,

limo e argila), formando pequenos grânulos que ajudam na retenção e drenagem da água,

melhoram a aeração, a capacidade de troca catiônica e as propriedades físicas do solo. Além

disso, a presença de matéria orgânica no solo aumenta o número de minhocas, insetos e

microorganismos desejáveis, o que reduz a incidência de doenças nas plantas.

O processo de compostagem mais usual, a partir de lixo orgânico urbano, na

produção de composto orgânico é o de leira por revolvimento, por ser um processo

relativamente simples e de baixo custo. A decomposição da matéria orgânica é realizada

pelo processo aeróbio e a introdução do oxigênio na leira ocorre através do revolvimento

periódico da massa de compostagem.

Atualmente, á medida que cresce o nível educacional da população urbana em

geral, também aumenta a compreensão dos problemas ligados ao gerenciamento do lixo.

Conceitos como redução, separação na origem dos materiais orgânicos e compostagem já se

tornam familiares. Existe muito interesse na promoção da compostagem dos resíduos

orgânicos urbanos de modo descentralizado, em pequena escala, nas próprias comunidades,

bairros, quarteirões, casas, onde ele é produzido (FUREDY, 2001). O processo de

Page 14: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

14

compostagem em pequena escala permite sua aplicação, não só em ambientes urbanos, como

também na agricultura familiar e em pequenas propriedades agrícolas, podendo ser utilizado

como instrumento de educação ambiental, aumentando a possibilidade de realização do

processo.

Muitas agências internacionais e bilaterais criaram projetos pilotos voltados para

a compostagem em pequena escala (HOORNWEG et al., 1999). Para que haja uma

economia significativa de energia e custos de transporte de resíduos sólidos municipais,

assim como uma redução substancial da emissão de poluentes, o desenvolvimento de

sistemas de compostagem locais em pequena escala é essencial, sendo uma estratégia com

grande potencial de sucesso (MARQUES E HOGLAND, 2002).

Quando utilizado na agricultura familiar, o composto ainda contribui para

produção de produtos orgânicos, que vem sendo cada vez mais valorizados. A utilização da

matéria orgânica como fonte principal de adubação, permite que as plantas cresçam mais

resistentes e fortes, restaurando ainda o ciclo biológico natural do solo, fazendo com que se

reduzam de maneira significativa as infestações de pragas, diminuindo, conseqüentemente,

as perdas e as despesas provenientes da utilização dos agrotóxicos e fertilizantes minerais

(LONGO, 1987).

Apesar de todas as vantagens apresentadas, o tratamento de resíduos orgânicos

através do processo de compostagem, na região nordeste, diminuiu em 74,2% entre os anos

de 1992 a 2001 (IBGE, 1992; IBGE, 2001). Esse fato pode ser atribuído à falta de

informação técnica sobre o assunto, resultando em experiências mal sucedidas, e devido as

dificuldades que os municípios tem encontrado para a implantação do processo em grande

escala através das usinas de compostagem.

O presente trabalho tem como principal objetivo demonstrar a viabilidade da

realização da compostagem em pequena escala através do monitoramento do processo e

analise dos compostos gerados. Foi utilizado resíduos de feiras livres (fonte de nitrogênio) e

resíduos de poda (fonte de carbono) como substrato. Os resíduos orgânicos foram coletados

nas feiras livre de Aracaju e como resíduo vegetal foram utilizados os resíduos provenientes

das podas realizadas no Campos II da Universidade Tiradentes em Aracaju. O método de

compostagem utilizado foi o de leiras a céu aberto com oxigenação através de revolvimentos

manuais. As variáveis estudadas foram a relação das porcentagens de resíduos de feiras

livres e resíduos de poda na construção das leiras e o diâmetro das partículas dos resíduos.

Os parâmetros monitorados foram: Temperatura, pH, umidade, nitrogênio total, contagem

Page 15: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

15

microbiana, degradação de celulose, hemicelulose e lignina. Ao final do processo de

compostagem os diferentes compostos gerados foram caracterizados em relação as suas

propriedades químicas e físicas, analisando-se os resultados obtidos em relação ao tamanho

reduzido das leiras utilizadas no presente estudo. Os compostos gerados foram testados

quanto à sua influência no crescimento inicial de mudas de girassóis. Os estudos foram

baseados em metodologias bem estabelecidas, levando-se em conta, para efeito comparativo,

estudos anteriormente realizados.

Page 16: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

16

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como principal objetivo avaliar se a técnica de produção

de composto em pequena escala é aplicável em relação às condições de processo e qualidade

do composto obtido com vistas na sua utilização como substrato.

2.2 Objetivos Específicos

• Avaliar a composição do composto orgânico produzido em pequena escala

originado de diferentes proporções de misturas de resíduos orgânicos e podas;

• Gerar informações do processo de compostagem em pequena escala através do

monitoramento da umidade, pH e temperatura durante todo o processo;

• Caracterizar o composto fisicamente;

• Determinar a carga microbiana durante o processo de compostagem;

• Aplicar o composto orgânico como substrato para o crescimento de plantas de

girassóis;

• Avaliar o desenvolvimento das mudas, por meio da determinação da massa seca das

partes aéreas das mudas produzidas com a utilização dos diferentes compostos gerados.

Page 17: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

17

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Na presente revisão bibliográfica serão apresentados os principais temas

relacionados à geração e destinação dos resíduos sólidos urbanos, ao processo de

compostagem e aos benefícios da utilização do composto orgânico como substrato.

3.1 Problemática dos Resíduos Sólidos no Brasil

O crescimento populacional nos últimos trinta anos, aliado ao acelerado processo

de industrialização ocorrido nesta segunda metade do século passado, vem causando um

aumento considerável na geração dos resíduos sólidos urbanos das mais diversas naturezas. O

consumo crescente de produtos menos duráveis e/ou descartáveis tem causado um processo

contínuo de deterioração ambiental, com sérias implicações na qualidade de vida do homem

(IPT, 2000).

Segundo VALENTE e GROSSI (1999), o problema da disposição dos resíduos

sólidos no Brasil é complexo, praticamente não existe aterros sanitários. A grande maioria

destes resíduos são dispostos em aterros controlados e lixões a céu aberto, onde os resíduos

sólidos urbanos são jogados em qualquer lugar, inclusive diretamente nos rios ou nas suas

proximidades, levando ao carreamento dos mesmos para os corpos d’água.

Os elevados custos associados à coleta, transporte e disposição final dos resíduos

sólidos urbanos, tornam necessários o desenvolvimento e aplicação de técnicas de tratamento

de resíduos de baixo custo e de forma descentralizada (FUREDY, 2001).

JARDIM et al. (1995), citam que as características dos resíduos sólidos urbanos

são influenciadas por vários fatores como: número de habitantes, poder aquisitivo, nível

educacional, hábitos e costumes da população, condições climáticas e sazonais. Mudanças na

política econômica de um país também são causas que influenciam na composição dos

resíduos sólidos de uma comunidade.

A composição física dos resíduos sólidos urbanos é obtida através da análise do

percentual de seus componentes mais comuns, tais como: vidro, plástico, metais, papel,

matéria orgânica e outros. A Figura 3.1 mostra a composição média dos resíduos sólidos

urbanos no Brasil, podendo-se observar que mais de 57% de todo resíduo urbano gerado no

Brasil é composto por matéria orgânica.

Page 18: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

18

A disposição ou destinação final dos resíduos sólidos urbanos consiste em uma

das maiores preocupações dos administradores municipais. Segundo a CETESB (2002), a

disposição e o tratamento de resíduos sólidos distribuem-se da seguinte forma: 76%

depositados em lixões a céu aberto, 22% em aterros controlados e sanitários e apenas 2% têm

outra destinação, como as usinas de compostagem e a incineração.

Figura 3.1 – Composição média do Resíduo Sólido Urbano Brasileiro Fonte: ABRELPE (2006).

O lixão consiste em uma forma inadequada de disposição final de resíduos

sólidos, onde os resíduos são jogados sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio

ambiente ou à saúde pública (JARDIM et al., 1995). Segundo o PNSB (2002), cerca de 59%

dos municípios brasileiros dispõem seus resíduos sólidos em lixões.

Aterro controlado é uma variação do lixão; nesta forma de disposição, os resíduos

sólidos são cobertos com terra, de forma arbitrária, o que reduz os problemas de poluição

visual, mas não reduz a poluição do solo, da água e atmosférica, não levando em consideração

a formação de líquidos e gases (SANT’ANA FILHO,1992).

A destinação dos resíduos urbanos em aterros sanitários, ainda hoje, é tida como

um marco a ser alcançado, já que a maioria desses resíduos são depositados em lixões a céu

aberto. Sabe-se que a deposição de todo o lixo em aterro sanitário não é a melhor alternativa

para solucionar os problemas relacionados com os resíduos sólidos, uma vez que grande parte

dos resíduos apresenta potencial para ser reciclado, inclusive a parte orgânica.

Page 19: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

19

3.1.1 Impactos Ambientais Relacionados à Má Disposição de Resíduos Sólidos

A presença de um lixão influencia sobremaneira a área onde o mesmo está

instalado, causando modificações no meio físico, biótico e antrópico. Apresentam-se a seguir

as modificações mais relevantes, reais ou potenciais, causados pelo descarte de lixo a céu

aberto, segundo a EMURB (2002):

a) Alterações no meio físico:

- Modificações na topografia devido à movimentação de terra;

- Produção de resíduos sólidos devido à remoção da cobertura vegetal;

- Alterações no fluxo de águas superficiais;

- Alterações na qualidade das águas superficiais e subterrâneas;

- Alterações na qualidade do ar, e;

- Alterações na qualidade do solo.

b) Alterações no meio biótico:

- Destruição total ou parcial dos habitats;

- Alterações na fauna e na flora terrestres, e;

- Alterações na fauna e flora aquáticas;

c) Alterações no meio antrópico:

- Modificação da estética paisagística da área;

- Efeitos adversos sobre a saúde da população envolvida;

- Desvalorização de imóveis e áreas em suas proximidades, e;

- Problemas decorrentes do tráfego de veículos.

A disposição inadequada do lixo causa impactos à saúde pública, como proliferação

de vetores de doenças, geração de maus odores e, principalmente, poluição do solo e das

águas subterrâneas e superficiais, pela infiltração de chorume produzido no processo (IPT,

2000).

Os impactos relacionados com a poluição do solo geralmente não são tão visíveis ou

imediatamente perceptíveis. Seus efeitos podem alterar suas características físicas, químicas e

Page 20: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

20

biológicas, uma vez que o solo é um atributo ambiental que não se move e não se renova, ao

contrário do ar e da água (BRASIL, 1983 apud SISINNO E OLIVEIRA, 2000; LIMA, 1995).

A poluição do solo ocorre pela retenção de substâncias tóxicas presentes no chorume

pelo solo. A permanência dessas substâncias no solo depende de vários fatores, que vão desde

características físico-químicas do solo, às características dos resíduos depositados e fatores

climáticos (SISINNO E OLIVEIRA, 2000). A presença de substâncias poluentes do chorume

no solo colabora para o aparecimento de macro e microvetores, responsáveis pela proliferação

de doenças, que podem causar tanto problemas de saúde pública como uma série de outros

problemas, a exemplo, da desvalorização das áreas próximas ao aterro (BOWLER, 1999).

Segundo SISINNO e OLIVEIRA (2000), ao atingir os lençóis d`água subterrâneos, o

chorume pode poluir poços, provocando endemias, desencadeando surtos epidêmicos ou

provocar intoxicações, se houver a presença de organismos patogênicos e substâncias tóxicas

em níveis acima dos permissíveis. Os mesmos autores ainda citam, que esses processos

tornam o uso da água limitado, podendo ocorrer pelo contato direto horizontal da água

subterrânea atravessando o lixo quando o lençol é alto, ou por capilaridade até atingir o lençol

d`água.

A deposição de resíduos sólidos urbanos ainda provoca a geração de gases através da

decomposição desses resíduos por bioreações promovidas pela ação de microrganismos, que

os transformam em substâncias mais estáveis. Como exemplo dessas substâncias pode-se

citar, dióxido de carbono, água, gás metano, gás sulfídrico, mercaptanas e outros

componentes minerais (NOVA GERAR, 2003).

Segundo ENSINAS (2003), o aterramento do lixo, juntamente com o tratamento

anaeróbico de esgotos domésticos e efluentes industriais, é apontado como uma das maiores

fontes de liberação de metano para atmosfera, contribuindo significantemente para o

agravamento do efeito estufa. Os aterros são responsáveis por cerca de 5 a 20% de metano

liberado por fontes com origem em atividades humanas (IPCC, 1996 apud ENSINAS, 2003) e

pode contribuir em parte de 2-4% do total global das emissões gasosas do efeito estufa

(EMURB, 2002).

Segundo o inventário Nacional de Emissões de Metano Gerado pelos Resíduos no

Brasil (CETESB, 1998), cerca de 805 mil toneladas de metano foram gerados em 1994, sendo

que 84% desse total foi resultado dos resíduos sólidos municipais (ENSINAS, 2003; NOVA

GERAR, 2003).

Page 21: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

21

Além do metano os compostos orgânicos voláteis (COV’s), os hidrocarbonetos

policíclicos aromáticos (HPO’s) e os compostos de odores desagradáveis também são

preocupantes. As emissões de COV’s contribuem para formação do ozônio, que juntamente

com os HPOs e o metano provocam efeitos adversos à saúde humana e ao desenvolvimento

da vegetação. Essa preocupação torna-se maior em áreas de depósito de lixo onde não ocorre

o devido controle. Nestes casos geralmente ocorre migração dos gases para áreas próximas ou

até mesmo emanações pela superfície (ENSINAS, 2003; EMURB, 2002).

Outro impacto provocado pelo metano é que em altas concentrações no biogás (5%

é o limite mínimo de explosividade), existem riscos de incêndios e explosões em instalações

próximas aos aterros. As emissões descontroladas de gases ainda estão relacionadas com

odores desagradáveis que podem levar indivíduos residentes em áreas próximas aos aterros a

distúrbios emocionais, além de favorecer a desvalorização dos imóveis localizados próximos

a esses aterros (USEPA, 1991 apud ENSINAS, 2003; EMURB, 2002).

A maioria dos impactos apresentados anteriormente, a exemplo da proliferação de

vetores e a formação de gases e chorume, estão diretamente relacionados com a presença de

resíduos orgânicos, uma vez que esses impactos ocorrem devido à degradação dos mesmos.

Vale ressaltar, que esses resíduos orgânicos, equivalente a aproximadamente 57% de todo

resíduo urbano gerado no Brasil, são justamente os resíduos passíveis de serem empregados

no processo de compostagem.

3.1.2 Classificação dos resíduos sólidos

Segundo a NBR 10.004 (ABNT, 2004), “os resíduos sólidos são os resíduos no

estado sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nessa

definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e esgoto, aqueles gerados

em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos

cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos

de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face da melhor

tecnologia possível”.

Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com sua origem, como

mostra a Figura 3.2.

Page 22: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

22

Já os resíduos sólidos urbanos podem ser definidos como sendo um conjunto

heterogêneo dos resíduos sólidos gerados em residências e/ou em estabelecimentos

comerciais e prestadores de serviços, bem como daqueles resultantes das atividades de

limpeza (varrição, capina, poda, etc.) de vias e logradouros públicos (ENSINAS, 2003).

Figura 3.2 - Classificação dos resíduos sólidos segundo a origem Fonte: SCHALCH (1995).

Segundo GOMES (1989) e JARDIM et. al. (1995), os resíduos sólidos urbanos

ainda podem ser classificados de acordo com seus diferentes graus de biodegrabilidade:

- Facilmente degradáveis: materiais de origem biogênica;

- Moderadamente degradáveis: papel, papelão e outros produtos celulósicos;

- Dificilmente degradáveis: trapos, couro (tratado), borracha e madeira;

- Não - degradáveis: vidros, metal, plástico.

De acordo com a norma NBR 10.004-ABNT (2004), os resíduos sólidos também

podem ser classificados em três categorias:

a) Resíduos classe I – Perigosos: resíduos sólidos em função de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar

riscos à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou

Page 23: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

23

incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando

manuseados ou dispostos de forma inadequada;

b) Resíduos classe IIa – Não Inertes: resíduos sólidos que não se enquadram na classe I

(perigosos) ou na classe III (inertes). Estes resíduos podem ter propriedades tais como:

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

c) Resíduos classe IIb – Inerte: resíduos sólidos que, submetidos a testes de solubilização não

tenham nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões

de portabilidade de águas, excetuando-se os padrões: aspecto, cor, turbidez e sabor, Como

exemplo destes materiais podemos citar, rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas

que não são decompostos prontamente.

3.2 Matéria Orgânica

Como foi visto anteriormente, cerca de 57% de todo resíduo urbano gerado no

Brasil é constituído de matéria orgânica, que por sua vez apresenta potencial para produção de

composto orgânico. A seguir serão abordados os principais pontos relacionados à utilização

da matéria orgânica na geração de composto.

3.2.1 Aspectos Gerais

A partir do momento em que o homem deixou de ser nômade e tornou-se

sedentário houve a necessidade da busca de terras férteis, ricas em matéria orgânica, para

produção de alimentos. Com isso, a matéria orgânica tem sido há milênios considerada como

principal fator de fertilidade do solo (KIEHL, 1985). A aplicação de matéria orgânica para

adubação já era utilizada pelos índios Maias na América, que ao plantar milho, colocavam um

ou mais peixes no fundo das covas como oferenda aos deuses, e assim, mesmo sem saber já

realizavam uma adubação orgânica com um material de fácil decomposição e rico em

nutrientes. Existem relatos, escritos por filósofos que viveram na velha Roma, de práticas

agrícolas com a utilização de matéria orgânica, a exemplo da “estercação”, adubação verde,

entre outras (MARÍN et al., 2005).

Segundo LOPEZ-REAL (1996), a compostagem de resíduos fecais humanos,

juntamente com vegetais e esterco animal, tem sido praticada na China por séculos e tem sido

considerada a responsável por manter a fertilidade do solo por mais de 4000 anos.

Page 24: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

24

Há também registros de operações com utilização de resíduos orgânicos para

produção de composto há mais de dois mil anos, porém estas práticas só foram

detalhadamente descritas a cerca de 1000 anos atrás. Na Europa, durante o século XVIII e

XIX, os agricultores transportavam seus produtos para cidades e, em troca, regressavam as

suas terras com resíduos sólidos urbanos para utilizá-los como corretivos orgânicos do solo

(BRITO, 2006).

Segundo KIELH (1985), até o ano de 1842 os adubos aplicados aos solos eram

praticamente de origem orgânica; só a partir dessa data, com o lançamento da teoria

mineralista do barão Justus von Liebig, surgiram os fertilizantes minerais. Atrelado a isso, nas

décadas de 1970 e 1980, a utilização dos resíduos orgânicos urbanos perdeu a popularidade na

produção de composto, principalmente pelo fato dos resíduos gerados a partir dessa época

apresentarem características cada vez mais inadequadas para geração de fertilizantes

orgânicos.

Em contra partida, a partir da década de 1990 até os dias atuais, o processo de

utilização de resíduos orgânicos para geração de fertilizantes tem despertado um novo

interesse, principalmente pela falta de locais para destinação correta desses resíduos e devido

às pressões exercidas para utilização de métodos com menor impacto ambiental, visando o

atendimento aos princípios do desenvolvimento sustentável (BRITO, 2006).

3.2.2 Decomposição da Matéria Orgânica

A matéria orgânica, sob o ponto de vista químico, é toda substância que apresenta

em sua composição o carbono tetracovalente, tendo suas quatro ligações completadas por

hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre ou outros elementos (KIEHL, 1985). Na natureza

existem três grandes reinos: mineral, animal e vegetal; a matéria orgânica provém dos reinos

animal e vegetal.

A síntese da matéria orgânica a partir de elementos minerais e compostos simples

é realizada por microrganismos autotróficos e por plantas clorofiladas. Pelo processo de

fotossíntese, utilizando energia solar, gás carbônico, água, amido e açúcar, as plantas

sintetizam compostos como proteínas, celulose e outras substâncias encontradas nos tecidos

vegetais. As plantas servem de alimento aos animais, enquanto que o homem e os animais

carnívoros e onívoros se alimentam de plantas e outros animais. Os restos orgânicos, animais

e vegetais, retornam ao solo sendo transformados em nutrientes por microrganismos,

Page 25: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

25

assimilados pelas plantas, completando o ciclo da matéria orgânica (KIEHL, 2002; PEREIRA

NETO, 1989).

Ao incorporar resíduos de plantas e/ou animais diretamente ao solo ou dispor em

pilhas para sofrer fermentação, havendo condições de umidade e aeração favoráveis com a

presença de microrganismos, iniciará uma rápida decomposição que decrescerá com o tempo.

A decomposição é feita por um grupo diversificado de microrganismos, a

exemplo de bactérias, fungos, actiomicetes, protozoários, algas, além de vermes, insetos e

suas larvas, resultando na liberação de elementos químicos que estavam imobilizados,

tornando-os disponíveis na forma de nutrientes minerais (CAMPOS, 1998; SIQUEIRA,

2006). Durante o processo de decomposição da matéria orgânica uma grande quantidade de

substâncias é formada para gerar as células microbianas; através da morte dos

microrganismos essas substancias serão atacadas por outros organismos, ocorrendo uma

reciclagem até o ponto em que a matéria orgânica original e complexa se transforme em

compostos minerais simples (KIEHL, 1985).

Os constituintes dos resíduos orgânicos são decompostos em diferentes estágios,

com diferentes intensidades e por populações de microrganismos diferentes. Primeiramente

são degradados os açúcares, amidos e as proteínas solúveis. Em seguida ocorre a

decomposição de algumas hemiceluloses e das demais proteínas. A celulose, certas

hemiceluloses, os óleos, as gorduras e as resinas são decompostos de forma mais demorada e

por organismos específicos. As ligninas, certas graxas e taninos são materiais considerados

como os mais resistentes à decomposição (HAUG, 1993).

Segundo KIEHL (2002), durante o processo as proteínas são primeiramente

hidrolizadas por enzimas proteolíticas produzidas pelos microrganismos, gerando

polipeptídios, aminoácidos e outros derivados nitrogenados, os quais podem ser utilizados por

outros organismos. O nitrogênio orgânico é convertido à forma amoniacal, sendo que a

quantidade produzida é função do teor de proteína, carboidratos e outros constituintes. Daí

percebe-se a importância da concentração inicial de nitrogênio no processo de decomposição

da matéria orgânica.

3.2.3 Matéria Orgânica e o Solo

A matéria orgânica exerce importantes efeitos benéficos sobre as propriedades do

solo, contribuindo substancialmente para e crescimento e desenvolvimento das plantas. Esses

Page 26: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

26

benefícios ocorrem devido à sua influência sobre as propriedades físicas, químicas, físicos-

químicas e biológicas do solo, provocando o aumento de produtividade (PEREIRA NETO,

1989). A produtividade do solo é um atributo que depende basicamente de fatores: climáticos,

propriedades físicas e propriedades químicas do solo. Esses três fatores apresentam, quanto a

sua importância, diferentes grandezas, sendo os fatores climáticos os mais importantes por

serem de difícil controle, normalmente denominado como fatores primários. As condições

físicas são referidas como fatores secundários por apresentarem grau médio em relação ao seu

controle. As condições químicas são fatores terciários, assim classificados pelo fato de serem,

relativamente, os de mais fácil controle (KIEHL, 1985).

Ainda segundo o mesmo autor, um solo pode ser fértil (rico em nutrientes) e não

ser produtivo por não apresentar condições favoráveis com relação aos outros dois fatores. A

fertilidade do solo pode ser elevada através do emprego de fertilizantes minerais, corretivos e

fertilizantes orgânicos. Os fertilizantes minerais e os corretivos podem elevar a fertilidade do

solo, porém, são incapazes de melhorar as propriedades físicas, fato que ocorre através da

aplicação da matéria orgânica.

Segundo MARÍN et al. (2005), dentre as propriedades físicas do solo que sofrem

melhoras através da adição de matéria orgânica pode-se citar:

- Densidade aparente: a matéria orgânica reduz a densidade aparente do solo, proporcionando

maior facilidade para emergência de sementes e penetração das raízes das plantas;

- Estruturação: a matéria orgânica melhora a estruturação do solo, ou seja, melhora a

agregação das partículas primarias (areia, silte, argila) permitindo a formação de agregados

estáveis;

- Aeração e Drenagem: a matéria orgânica melhora a aeração e a drenagem interna do solo,

ajudando a manter as proporções ideais entre as fases sólidas, liquidas e gasosas do solo;

- Retenção de água: a matéria orgânica aumenta de forma direta e indireta a capacidade do

solo de reter água através das melhorias que ela causa na granulometria e estruturação do

solo e por proteger a superfície do solo contra a formação de crostas impermeáveis;

- Consistência: a matéria orgânica altera a consistência do solo, reduzindo a tenacidade, a

plasticidade, a aderência e melhorando a friabilidade.

Com relação às propriedades químicas, a matéria orgânica exerce três funções

distintas: fornecedor de nutrientes, corretivo de toxidez e pH e condicionador do solo. Com

Page 27: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

27

relação aos nutrientes, todos os dezesseis elementos químicos essenciais para alimentação das

plantas, macro e micronutrientes , podem ser encontrados na matéria orgânica (KIEHL,

1985).

A matéria orgânica ainda proporciona melhorias em algumas propriedades físico-

químicas do solo, como por exemplo, adsorção de nutrientes, capacidade de troca catiônica,

superfície específica; e promove constante dinamismo nos solos, devido à presença de

diversos organismos benéficos ao solo, atuando de forma benéfica também nas propriedades

biológicas do solo (MARÍN et al., 2005).

3.3 Aspectos Legais sobre Fertilizantes Orgânicos

Segundo KIEHL (1985), “Fertilizante orgânico pode ser definido como sendo

todo produto de origem vegetal ou animal que, aplicado ao solo em quantidades, em épocas e

maneiras adequadas, proporciona melhorias de suas qualidades físicas, químicas, físico-

químicas e biológicas, efetuando correções de reações químicas desfavoráveis ou de excesso

de toxidez e fornecendo às raízes nutrientes para produzir colheitas compensadoras, com

produtos de boa qualidade, sem causar danos ao solo, à planta ou ao ambiente.”

No Brasil, as características dos materiais comercializados como fertilizantes

devem obedecer às especificações existentes, que dispõem sobre a inspeção e a fiscalização

da produção e comercio de fertilizantes e corretivos agrícolas e aprovam normas sobre

especificações, garantias e tolerâncias. Dentre os documentos legais que tratam do assunto

pode-se citar:

- Decreto-lei 86.955 de 18/12/82

- Portaria MA 84 de 29/03/82

- Portaria 01 da Secretária de Fiscalização Agropecuária do MA de 04/03/83

Segundo o Decreto-lei 86.955 (1982), o composto orgânico é classificado como

Fertilizante Composto, ou seja, fertilizante obtido por processo bioquímico, natural ou

controlado com mistura de resíduos de origem vegetal ou animal.

Os valores dos parâmetros de controle estabelecidos para os compostos orgânicos,

segundo a lesgilação brasileira, são apresentados na Tabela 3.1.

Page 28: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

28

As legislações brasileiras, em relação aos compostos orgânicos, estão limitadas a

fiscalização e especificação de alguns parâmetros químicos para fertilizantes

comercializáveis. Nada é citado em relação a teores de metais pesados e presença de

patogênicos, que são especialmente preocupantes quando o composto é gerado com resíduo

urbano e biossólidos provenientes de processos industriais.

Tabela 3.1 – Valores estabelecidos como parâmetros de controle para o composto orgânico Parâmetro Valor Tolerância pH Mínimo de 6,0 Até 5,4 Umidade Máximo de 40% Até 44% Matéria Orgânica Mínimo de 40% Até 36% Nitrogênio Total Mínimo de 1,0 % Até 0,9% Relação C/N Máximo de 18/1 Até 21/1

Segundo FUREDY (2001), mesmo nos países desenvolvidos, os padrões de

qualidade para compostos estão sendo questionados. A "Composting Association", do Reino

Unido, está trabalhando para estabelecer um padrão voluntário para que o país especifique

critérios mínimos para identificar elementos potencialmente tóxicos, microorganismos

patogênicos e contaminantes físicos. Os países em desenvolvimento que estão procurando

estabelecer padrões para os fertilizantes produzidos por compostagem estão, em sua maioria,

adotando a abordagem baseada na presença de metais pesados.

Para os metais pesados, a restrição se dá principalmente quando estes elementos

se encontram acima dos limites considerados aceitáveis. MONTEIRO (2001), afirma que a

concentração de metais pesados na maioria dos fertilizantes orgânicos produzidos no Brasil,

estão abaixo dos valores limites estabelecidos pelas normas da EPA (Agência de Proteção

Ambiental Americana) e da União Européia, ressaltando que o Brasil ainda não conta com

norma técnica própria que estabeleça limites para os metais pesados nestes fertilizantes. Na

Tabela 3.2 são apresentados os teores permissíveis de metais pesados no composto de lixo

urbano nos Estados Unidos e alguns países da Europa.

Tabela 3.2 – Teores permissíveis de metais pesados (mg kg-1) no composto de lixo urbano em alguns paises da Europa e Estados Unidos País Pb Cu Zn Cr Ni Cd Hg Alemanha 150 100 400 100 50 15 1 Áustria 900 1000 1500 300 200 6 4 França 800 - - - 200 8 8 Suíça 150 150 500 - - 3 3 Itália 500 600 2500 500 200 10 10 Holanda 20 300 900 50 50 2 2 Estados Unidos 500 500 1000 1000 100 10 2

Fonte: GROSSI (1993); SILVA et al. (2002)

Page 29: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

29

Segundo SILVA et al. (2002), a utilização no solo de um composto de lixo que

possua uma composição de metais pesados compatível com os valores apresentados na tabela

anterior, mesmo em doses mais elevadas (80 a 150 Mg ha-1), não deve apresentar problemas

de fitotoxidez.

Com relação à presença de agentes patogênicos, alguns cientistas acreditam ser

pouco prático estabelecer níveis limites de patogênicos para os compostos produzidos nos

países em desenvolvimento, e que a única abordagem viável é controlar melhor o próprio

processo de compostagem, através da seleção dos materiais orgânicos que serão utilizados ou

monitorando a temperatura (HOORNWEG et al., 1999).

Na compostagem com leiras por revolvimento, quando bem operado, os

microrganismos patogênicos não são preocupantes, uma vez que a temperatura atingida

durante a degradação dos materiais orgânicos, é suficiente para exterminar esses

microrganismos indesejáveis (PEREIRA NETO & MESQUITA, 1992), como será melhor

apresentado no item 3.2.6, referente à microbiologia da compostagem.

3.4 Compostagem

As características socioeconômicas existentes na maioria dos municípios

brasileiros, a vocação agrícola do país, o alto percentual de resíduos orgânicos do lixo, a

grande quantidade de lixões e a necessidade da adoção de processos de tratamento de lixo que

sejam simples, eficientes e de baixo custo, fazem da compostagem um processo de alta

viabilidade de uso no país.

KIEHL (1985), define compostagem como um processo biológico de

transformação da matéria orgânica crua em substâncias húmicas, estabilizadas, com

propriedades e características completamente diferentes do material que lhe deu origem.

Segundo IPT (2000), a compostagem é a decomposição aeróbica da matéria

orgânica que ocorre por ação de agentes biológicos microbianos na presença de oxigênio e,

portanto, precisa de condições físicas e químicas adequadas para levar à formação de um

produto de boa qualidade.

Para PEREIRA NETO (1989), a compostagem é um processo aérobico

controlado, desenvolvido por uma colônia mista de microrganismos, efetuado em fases

distintas: a primeira, quando ocorrem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas

Page 30: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

30

predominantemente termofílicas, e a segunda, chamada de fase de maturação, onde ocorre o

processo de humificação do material compostado.

Em outra definição, RICHARD (1992) define compostagem como uma

intervenção humana no processo natural de decomposição. Com uma combinação de

condições ambientais propícias e um tempo adequado, os microrganismos transformam a

matéria orgânica putrescível em um produto estabilizado.

Como pôde ser visto nas definições citadas anteriormente, o processo de

compostagem distingue-se da decomposição natural que ocorre na natureza por ser um

processo controlado, ou seja, com a interferência humana. Essa interferência visa à obtenção

de um produto de melhor qualidade, dentro dos padrões exigidos pela legislação, em um

espaço de tempo mais curto.

Segundo IPT (2000), o processo de compostagem apresenta as seguintes

vantagens:

- redução de cerca de 50% do lixo destinado ao aterro;

- redução dos impactos ambientais associados a degradação dos resíduos orgânicos em locais

inadequados;

- economia de aterro;

- aproveitamento agrícola da matéria orgânica;

- melhoria das propriedades físicas do solo;

- reciclagem de nutrientes para o solo;

- economia na aquisição de fertilizantes minerais;

- processo ambientalmente seguro;

- eliminação de patógenos;

- economia de tratamento de efluentes;

- economia na coleta e transporte dos resíduos sólidos.

3.4.1 Classificação dos Métodos de Compostagem

Segundo KIEHL (1985) e CAMPOS (1998), para efeito didático pode-se

classificar os métodos de compostagem segundo os fatores predominantes no processo de

fermentação. Assim, tem-se:

Page 31: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

31

a) Quanto à aeração

• Método aeróbico: Neste método procura-se garantir a presença de oxigênio do ar

atmosférico evitando-se a compactação da massa. A decomposição aeróbica é caracterizada

pela elevação da temperatura muito acima da temperatura ambiente. Neste processo são

gerados gases, sendo o anidrido carbônico o principal deles. Com esse método pode-se

também atingir um elevado grau de estabilização da matéria orgânica, o que não ocorre com

alguns materiais no processo anaeróbico.

• Método anaeróbico: Neste método a fermentação é realizada por microrganismos que

podem viver em ambientes isento de ar atmosférico. A decomposição se dá com a massa

encharcada ou completamente imersa em água, como ocorre com o lodo de esgoto nos

tanques digestores das estações de tratamento ou com o material dos biodigestores. Neste

processo são gerados gases como o metano, que pode ser utlizado como fonte energética, gás

sulfídrico, ácidos orgânicos e mercaptanos de cheiro desagradável. O processo anaeróbio é

mais demorado que o aeróbico, mas em compensação não exige os cuidados com o controle

da temperatura, aeração e umidade, como acontece com o processo aeróbico.

b) Quanto à temperatura

•••• Criófilo : quando o processo ocorre à temperatura ambiente. No caso do processo

anaeróbico, pelo fato de não haver elevação sensível da temperatura da massa, a qual se

mantém próxima da temperatura do líquido a qual essa massa esta imersa, o processo é

sempre criófilo.

•••• Mesófilo: quando a decomposição ocorre a uma faixa de temperatura de 35 a 50°C o

processo de digestão é mesófilo. Na fermentação aeróbica a massa se aquece por efeito do

metabolismo exotérmico dos microrganismos alcançando uma faixa de temperatura mesófila.

Esse aquecimento pode ser feito de forma artificial pra acelerar o processo.

•••• Termófilo : se na fase mesófila a atividade microbiana continuar a proporcionar um

aumento na temperatura pode-se atingir temperaturas acima de 50°C, o que caracterizará o

processo termófilo.

Page 32: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

32

c) Quanto ao Ambiente

• Ambiente Aberto: são considerados em ambiente abertos os processos nos quais a massa

a ser decomposta é colocada em montes nos chamados pátios de compostagem. Neste caso

necessita-se de uma maior área e de um maior tempo de decomposição.

• Ambiente Fechado: os processos em ambientes fechados são aqueles nos quais o material

a ser fermentado é encaminhado para digestores em forma de tambores rotativos ou tanques

com revolvedores mecânicos para movimentação da matéria orgânica.

d) Quanto ao tempo de compostagem

• Lento: os processos lentos também são conhecidos como processos naturais, são aqueles

nos quais a matéria orgânica a ser fermentada é disposta em montes nos pátios de

compostagem após separação dos materiais não degradáveis.

• Acelerado: os processos acelerados ocorrem quando o material a ser compostado sofre

algum tipo de tratamento especial visando melhorar as condições de decomposição. Como

exemplo pode-se citar: injeção de ar na massa, aquecimento artificial, padronização do

diâmetro das partículas do material a ser compostado, entre outros.

Os processos de compostagem ainda podem ser classificados de acordo com seu

grau de complexidade, o que influencia em seu custo e necessidade de mão-de-obra

especializada. Segundo HAUG (1993), os principais métodos de compostagem segundo seu

grau de complexidade são:

• Pilhas estáticas: o material é colocado em pilhas estáticas onde a aeração ocorre

apenas devido ao fluxo convectivo do ar. É um processo de baixíssimo custo, muito

lento e que resulta em um composto de baixa qualidade devido à desuniformidade da

decomposição.

• Pilhas aeradas: o material é colocado em pilhas onde a aeração poderá ocorrer ou por

revolvimento periódico das pilhas ou por aeração forçada através do bombeamento de

ar para o interior das pilhas. Esse método permite controlar a umidade e temperatura

Page 33: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

33

das pilhas e evitar a decomposição anaeróbica. Na realização do revolvimento

periódico também se promove uma melhor uniformização do material.

• Reatores: a compostagem é realizada em ambientes que promovem condições ótimas

para acelerar a decomposição do material. Os reatores possuem meios para revolver,

irrigar e aerar o material, possibilitando um maior controle da aeração, temperatura e

umidade, sem a geração de odores desagradáveis. Apresenta a desvantagem de ser um

método de elevado custo de implantação e manutenção, além da necessidade de mão-

de-obra especializada.

Atualmente, outra classificação vem sendo utilizada para os processos de

compostagem de acordo com a escala em que a produção do composto é realizada. Os

processos podem ser classificados de grande (usinas de compostagem), média (leiras com

volumes superiores a 3m3) e pequena escala (realizadas em composteiras ou leiras com

volume inferior a 3m3), que é o objeto de estudo do presente trabalho (MARQUES E

HOGLAND, 2002).

3.4.2 Processo de Compostagem em Pequena Escala

A realização da compostagem com resíduos sólidos urbanos em grande escala,

através de usinas de triagem e compostagem, muitas vezes deixa de ser praticada devido à

falta de informação, falta de recursos financeiros para sua implantação e/ou interesse dos

governantes. Apesar dos exemplos de sucesso obtido por alguns municípios de pequeno porte

(SILVA et al., 2002), esse método não tem sido muito aplicado no Brasil, sendo que menos

de 2% de todo resíduo sólido gerado no país é destinado a compostagem (CETESB, 2002).

A compostagem de médio porte, praticada com leiras de volume superior a 3m3,

apresenta grande potencial de execução em propriedades de produção agrícolas que utiliza os

próprios resíduos vegetais e excrementos animais para produzir o adubo orgânico, reduzindo

custos na compra de fertilizantes químicos. Entretanto, a aplicação da compostagem de média

escala, de forma descentralizada, torna-se limitada em ambientes urbanos, por falta de espaço,

assim como em pequenas propriedades agrícolas e na agricultura familiar por não disporem

de uma quantidade de resíduo suficiente para montagens das leiras. Além do fato das leiras de

médio porte ocuparem uma área considerável, as leiras maiores são mais difíceis de serem

revolvidas, podendo resultar em um composto heterogêneo e de baixa qualidade.

Page 34: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

34

O processo de compostagem em pequena escala abre um leque de oportunidades

para aplicação do processo. Também denominado de compostagem caseira, pode ser aplicada

no quintal das próprias residências, utilizando os resíduos orgânicos domésticos. O processo

em pequena escala também pode ser aplicado através da montagem de leiras de pequenas

dimensões, variando de 1 a 3m3 de volume. Neste caso, o processo pode ser aplicado em

condomínios, em empresas que tenham refeitórios, na agricultura urbana e familiar, em

pequenas propriedades agrícolas e até mesmo em escolas e universidades, servindo como

instrumento de educação ambiental.

Outro ponto que também deve ser abordado é em relação à qualidade do

composto gerado em comparação ao método em grande escala. Quando o resíduo é separado

na fonte geradora, através da coleta seletiva, existe uma tendência desse composto ter uma

melhor qualidade, uma vez que o mesmo não foi misturado a outros resíduos que possam

contaminar os mesmos. Vários produtos que fazem parte da composição do lixo urbano, como

produtos de limpeza, papel, cosméticos, pilhas, baterias, óleos e restos de alimentos contêm

compostos de difícil degradação, que podem provocar desde problemas dermatológicos até o

câncer em seres humanos (SILVA et al., 2002).

Quando se trata do processo em grande escala, esses normalmente, ocorrem em

usinas de triagem, onde os resíduos são separados após passar por um processo de coleta

convencional, para posteriormente serem compostados. Essa pratica pode ocasionar, por

exemplo, a incorporação de metais pesados ao produto final a ser utilizado como adubo

orgânico. Atualmente, essa é a grande preocupação no que diz respeito da utilização de “lixo”

urbano no processo de compostagem. Já no processo em pequena escala esse risco é reduzido

uma vez que os resíduos utilizados são gerados no próprio local onde ele será utilizado,

passando por um processo seletivo.

A compostagem em pequena escala, realizada de forma descentralizada, ainda

proporciona uma economia significativa de energia e custos de transporte de resíduos sólidos

municipais, assim como uma redução substancial da emissão de poluentes, uma vez que o

resíduo recebe uma destinação adequada e no próprio local onde é gerado (MARQUES E

HOGLAND, 2002).

Segundo FUREDY (2001), ainda existe muito receio a aplicação desse método em

ambientes urbanos. Há uma tendência cultural de querer sempre afastar o lixo das casas e uma

idéia que a permanência desses poderia trazer inconvenientes como vetores de doenças e mau

Page 35: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

35

cheiro. Porém, quando bem executado, o processo de compostagem não apresenta tais

importunos, como será melhor apresentado no decorrer do presente trabalho.

Essa tendência fez com que as pesquisas fossem direcionadas para o ambientes

agrícolas com a utilização do processo em média escala, sendo que os modelos padrões para o

processo de compostagem são especificados nessa escala.

Através desse estudo pretende-se demonstrar que a compostagem em pequena

escala também atende aos requisitos necessários para obtenção de um composto de boa

qualidade que poderá ser utilizado nos jardins de casas, escolas, condomínios e em pequenas

hortas em ambientes urbanos e na agricultura familiar. È bem verdade, que por se tratar de um

processo em pequena escala, alguns parâmetros devem ser melhor monitorados, como será

melhor apresentado no item referente aos resultados e discussão.

3.4.3 Fatores que Influenciam na Compostagem

A decomposição do material orgânico é diferenciada segundo as características

físicas, químicas e biológicas dos seus diversos componentes. Dentre os fatores que

influenciam a compostagem pode-se citar: pH, temperatura, relação da concentração C/N,

umidade, diâmetro de partículas, grau de aeração e dimensionamento das leiras (HAUG,

1993). Estes fatores muitas vezes estão relacionados entre si e serão melhor descritos a seguir.

a) Temperatura

Segundo KIELH (1985), a temperatura é um dos fatores mais importantes para

determinar se a operação de compostagem se processa como desejável. A produção de calor

de um material é indicativo da atividade biológica na pilha de composto e, por isso,

indiretamente, do seu grau de decomposição. Isso ocorre pelo fato do metabolismo dos

microrganismos responsáveis pela compostagem ser exotérmico. A produção de calor

depende da velocidade a que a decomposição se processa, do teor de umidade, arejamento,

relação C/N da mistura dos materiais, da forma e do tamanho da pilha de compostagem e da

temperatura ambiente (HAUG, 1993).

De maneira geral, os grupos de microrganismos têm uma faixa de temperatura

ótima de desenvolvimento. O controle da temperatura é muito importante, uma variação para

mais ou para menos pode provocar uma redução da população e da atividade metabólica.

Page 36: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

36

Durante o processo de compostagem deve-se monitorar a temperatura das pilhas. Para isso

deve-se registrar a temperatura de vários pontos da pilha, no interior e no exterior, ou em

diferentes camadas. A temperatura deve alcançar os 40 a 50 °C em dois ou três dias e quanto

mais depressa o material for decomposto mais cedo a temperatura começará a descer. A

decomposição da matéria ocorre mais rapidamente na fase termófila (acima dos 50°C) que

pode demorar semanas ou mesmo meses, dependendo do tamanho e composição da pilha de

compostagem (KIEHL, 2002).

Segundo PEREIRA NETO (1989), quando as pilhas têm volume pequeno o calor

criado pelo metabolismo dos microrganismos tende a se dissipar e o material não se aquece.

Em pilhas maiores essa temperatura pode alcançar até os 80°C. Convém impedir que a

temperatura da pilha ultrapasse muito os 65°C porque a essa temperatura os microrganismos

benéficos ao processo de compostagem são eliminados. Nestes casos a reviragem da pilha e

respectivo arejamento diminui as temperaturas porque o calor se dissipa. As altas

temperaturas são desejáveis pelo fato de destruírem sementes infestantes, esporos, ovos e

quase todos os microrganismos patogênicos, os quais são poucos resistentes a temperaturas

em torno de 50 a 60°C por um certo período de tempo. A Figura 3.3 apresenta a curva padrão

de temperatura durante o processo de compostagem.

Figura 3.3 - Curva padrão de variação de temperatura durante o processo de compostagem Fonte: KIEHL (2001)

b) pH

O pH do composto pode ser indicativo do estado de decomposição dos materiais.

Durante as primeiras horas de compostagem, o pH decresce até valores de, aproximadamente,

5, e posteriormente, aumenta gradualmente com a evolução do processo de compostagem e

Page 37: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

37

estabilização do composto, alcançando, finalmente, valores entre 7 e 8. Assim, valores baixos

de pH são indicativos de falta de maturação devido à curta duração do processo ou à

ocorrência de processos anaeróbios no interior da pilha em compostagem (KIEHL, 2002).

Segundo HAUG (1993), à medida que os fungos e as bactérias digerem a matéria

orgânica liberam ácidos que se acumulam e acidificam o meio. Este abaixamento do pH

favorece o crescimento de fungos e a decomposição da celulose. Posteriormente estes ácidos

são decompostos até serem completamente oxidados. No entanto, se existir escassez de

oxigênio, o pH poderá descer a valores inferiores a 4,5 e limitar a atividade microbiana,

retardando, assim, o processo de compostagem. Nestes casos deve-se remexer as pilhas para o

pH voltar a subir. A Figura 3.4 apresenta a variação padrão do pH com o tempo de

compostagem.

Figura 3.4 - Variação do pH com o tempo de compostagem Fonte: Kiehl (1985)

c) Umidade

Sendo a compostagem um processo biológico de decomposição da matéria

orgânica, a presença de água é imprescindível para as necessidades fisiológicas dos

organismos. A umidade constitui-se no único meio de transporte usado tanto para solubilizar

o substrato, quanto para eliminar o material residual digerido. Portanto, todo nutriente

Page 38: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

38

precisará ser primeiramente dissolvido em água, antes de ser assimilado pelos

microrganismos.

Um teor de umidade de 50 a 60% é considerado indicado para a compostagem.

Abaixo de 35-40% de umidade a decomposição da matéria orgânica é fortemente reduzida e

abaixo de 30% de umidade praticamente é interrompida. O limite superior depende do

material e do tamanho das partículas sendo freqüentemente considerado entre valores de 55 e

60% de umidade. Uma umidade superior a 65% retarda a decomposição, e produzem-se maus

odores em zonas de anaerobiose localizadas no interior da pilha de compostagem, além de

permitir a lixiviação de nutrientes (LIMA, 1995). O excesso de umidade também pode reduzir

a quantidade de ar no interior da pilha, uma vez que o espaço que seria ocupado pelo ar

poderá estar ocupado com água.

Segundo SILVA (2000), a umidade está diretamente relacionada com o tamanho

das partículas e com o tamanho e formato das pilhas. Quanto menores e mais finas forem as

partículas, maior será a capacidade de retenção da umidade. Com relação ao tamanho das

pilhas pode-se concluir que pilhas pequenas tendem a perder mais umidade. À medida que a

matéria orgânica vai se humificando sua capacidade de reter umidade também aumenta.

Caso perceba-se um excesso de umidade nas pilhas deve-se realizar revolvimentos

das mesmas para que essa umidade possa ser reduzida. Há uma regra para determinar quando

e quantas vezes se deve revolver. Segundo KIEHL (1985), quando o conteúdo de umidade

estiver acima do limite máximo recomendado, deve-se iniciar o revolvimento no 3° dia,

repetindo até o 10° ou 12° dia conforme o seguinte esquema:

- Umidade entre 60 e 70%, revolver a cada 2 dias por 4 ou 5 vezes;

- Umidade entre 40 e 60%, revolver a cada 3 dias por 3 a 4 vezes;

- Umidade abaixo de 40%, requer irrigação, a não ser que o processo de compostagem esteja

na fase final.

A falta de critério no controle da umidade poderá ocasionar: geração de chorume;

emanação de odores fétidos; atração de vetores (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.); o

desenvolvimento de reações anaeróbias, podendo levar inclusive à paralisação metabólica do

processo e, conseqüentemente, à produção de composto orgânico de má qualidade (LELIS,

1998).

Page 39: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

39

d) Aeração

O arejamento da pilha favorece a oxigenação e a secagem no seu interior, isto é,

fornece o oxigênio para a atividade biológica, remove umidade da massa em compostagem e

remove calor, diminuindo a temperatura da massa (PEREIRA NETO, 1989).

Segundo HAUG (1993), o oxigênio é necessário para os microrganismos obterem

energia resultante da oxidação do carbono orgânico, o qual, posteriormente, liberta-se como

carbono inorgânico, na forma de dióxido de carbono. A falta de oxigênio causa um ambiente

redutor resultando em compostos incompletamente oxidados.

Apesar de 21% do ar atmosfera ser oxigênio, os micróbios aeróbios conseguem

sobreviver em atmosferas com 5% de oxigênio. No entanto, abaixo de 10% de oxigênio, este

elemento poderá ser limitante. Quando o nível de oxigênio fica abaixo de 5%, criam-se zonas

de anaerobiose. Se a atividade anaeróbia não for excessiva, a pilha de compostagem

funcionará como um filtro que impedirá a libertação dos gases com maus odores que

posteriormente serão degradados no seu interior. Se a atividade anaeróbia for intensa

resultarão cheiros desagradáveis que não devem acontecer se o processo de compostagem for

bem conduzido. Se o composto começar a cheirar mal é provável que a leira esteja muito

molhada e que necessite de arejamento ou de um material poroso, a exemplo da casca de

arroz, para reduzir o teor de umidade (SILVA, 2000).

e) Dimensão das Partículas

Outra característica que é fundamental para o processo de compostagem é a

dimensão das partículas dos materiais. Segundo HAUG (1993), o processo de decomposição

inicia-se junto à superfície das partículas, com presença de oxigênio difundido na película de

água que as cobre, e onde o substrato seja acessível aos microrganismos e às suas enzimas

extra-celulares. Como as partículas pequenas têm uma superfície específica maior, estas serão

decompostas mais rapidamente, desde que exista arejamento adequado.

As partículas devem ter entre 1,3 cm e 7,6 cm. Abaixo deste tamanho seria

necessário utilizar sistemas de ar forçado, enquanto que os valores superiores podem ser bons

para pilhas mais estáticas e sem arejamento forçado. O ideal é que os materiais utilizados na

compostagem não tenham dimensões superiores a 3 cm de diâmetro. Quanto menor for o

tamanho das partículas, maior é a sua superfície específica e, portanto, mais fácil é o ataque

Page 40: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

40

microbiano ou a disponibilidade biológica das partículas, mas em contrapartida, aumentam os

riscos de compactação e de falta de oxigênio (KIEHL, 2002).

f) Dimensão e Formato das Leiras

A forma e o tamanho da pilha de compostagem também influenciam a velocidade

da compostagem, designadamente pelo efeito que têm sobre o arejamento e a dissipação do

calor da pilha. O tamanho ideal da pilha pode ser variável. O volume de 1,5 m x 1,5 m x 1,5

m tem sido considerado bom para materiais diversos (BRITO, 2006). No entanto, o volume

deve depender do sistema e das tecnologias de compostagem utilizadas (KIEHL, 1985).

A pilha muito baixa não composta bem e não aquece rapidamente. Por isso, em

locais muito frios, pode ser preferível pilhas mais altas que 1,5 m. Por outro lado, as pilhas

demasiado altas, com 2,5 m a 3 m, podem se tornar excessivamente quentes e matar os

microrganismos responsáveis pela compostagem e/ou podem ficar muito compactas,

diminuindo o arejamento no seu interior. A altura da pilha também poderá depender da sua

largura. Para se ter pilhas mais altas é necessário montá-las mais largas, pois o ângulo que as

laterais inclinadas fazem com a vertical gira em torno de 40 a 60° (PEREIRA NETO, 1989).

Quanto à forma, as pilhas podem ter a seção triangular ou trapezoidal. A forma

triangular, com ápice ligeiramente arredondado, é recomendado para as estações chuvosas,

pois favorece o escorrimento da água da chuva. A trapezoidal, ao contrário, facilita a

infiltração de água, isso às vezes pode ser conveniente. Essa forma é mais utilizada para

construção de leiras mais baixas e largas (SILVA, 2000). Durante o processo as pilhas podem

sofrer uma redução de 40 a 60 % do seu volume inicial. Essa redução pode servir de

indicativo que o processo está ocorrendo e proporciona redução de custos de transporte do

composto dos locais onde ele é gerado para o local onde será utilizado (MARÍN et al., 2005).

g) Relação Inicial C/N

A relação C/N ideal para a compostagem é freqüentemente considerada como 30.

Essa relação é indicada devido aos microrganismos responsáveis pela compostagem

absorverem os elementos de carbono e nitrogênio em uma proporção de 30 partes de carbono

para cada parte de nitrogênio. O carbono é utilizado como fonte de energia, sendo dez partes

incorporadas ao protoplasma celular e vinte partes eliminadas como gás carbônico. O

Page 41: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

41

nitrogênio é utilizado para o crescimento dos microrganismos em uma proporção de dez

partes de carbono para uma de nitrogênio (HAUG, 1993).

As perdas de nitrogênio podem ser muito elevadas (cerca de 50%) durante o

processo de compostagem dos materiais orgânicos, particularmente quando faltam os

materiais com elevada relação C/N. Para relações C/N inferiores, o nitrogênio ficará em

excesso e poderá ser perdido como amoníaco, causando odores desagradáveis. Para relações

C/N mais elevadas a falta de nitrogênio irá limitar o crescimento microbiano e o carbono não

será todo degradado, promovendo o não aumento da temperatura, consequentemente a

compostagem se processe mais lentamente. Um volume de três partes de materiais ricos em

carbono para uma parte de materiais ricos em nitrogênio é uma mistura muitas vezes utilizada.

Com o aumento dos materiais ricos em carbono relativamente aos nitrogenados o período de

compostagem requerido aumenta (KIEHL, 2002; PEREIRA NETO, 1989).

Após o processo de compostagem a relação de C/N do composto bioestabilizado

deve está por volta de 12/1 até 10/1. (MARÍN, 2005).

3.4.4 Processo de Compostagem

Segundo SILVA (2000), o processo de compostagem com leiras em pátio tem dois

estágios importantes: a digestão e a maturação. A digestão corresponde à fase inicial de

fermentação, em que o resíduo orgânico se decompõe por processo anaeróbio, tornando-se

bioestabilizado. A fase de maturação é bastante lenta e caracteriza-se pelo elevado grau de

fermentação, sendo o composto orgânico mais rico em nutrientes, que passaram da forma

orgânica para a mineral, tornando os nutrientes mais disponíveis para serem utilizados pelas

plantas. Geralmente a primeira etapa dura entre 25 a 35 dias e a fase de maturação varia de 30

a 60 dias (PEREIRA NETO, 1989). Segundo MARÍN et al. (2005), a duração de cada estágio

da compostagem está relacionada com a natureza da matéria orgânica a ser decomposta e com

fatores que interferem na eficiência do processo, a exemplo dos fatores citados anteriormente.

No início, a massa de lixo está à temperatura ambiente e o meio é ligeiramente

ácido, predominando os microrganismos mesofílicos capazes de viver e agir na faixa de

temperatura de 25 a 45ºC. Esses microrganismos atacam as substâncias mais facilmente

degradáveis, carboidratos simples e nitrogenados solúveis, gerando ácidos orgânicos simples,

o que resulta numa diminuição do pH (SIQUEIRA, 2006). As reações de oxidação são

exotérmicas, razão pela qual a temperatura da massa sobe, alcançando valores acima de 40ºC.

Page 42: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

42

A partir daí, passam a predominar os microrganismos termofílicos, provocando o aumento do

pH, passando a alcalino. Quando a temperatura atinge os 55ºC, passam a atuar os

microrganismos capazes de decompor as hemiceluloses, ceras e proteínas. A temperatura se

eleva ainda mais, aproximadamente 65ºC, esterilizando ou matando sementes infestantes,

esporos, ovos e quase todos os microrganismos patogênicos presentes na massa. A

temperatura deve ser controlada para evitar que os microrganismos responsáveis pela

estabilização do lixo sejam destruídos (SILVA, 2000).

Segundo KIEHL (2002), à medida que se esgotam as substâncias de decomposição

rápida, a intensidade das reações químicas diminui, assim como a temperatura da massa. A

decomposição prossegue lentamente e a temperatura diminui até atingir temperatura

ambiente. O pH também vai se aproximando do neutro. Está ultima etapa é chamada de

maturação. O composto maturado apresenta coloração escura, amorfo, com aspecto de húmus

e cheiro de terra. A relação de C/N do composto bioestabilizado situa-se por volta de 12/1 até

10/1, devido à perda de C, como fonte de energia pelos microrganismos, ser maior que a

perda de N-amônio (BERNAL et al., 1998). Essa elevada perda de C faz com que a massa

final do composto geralmente corresponde a cerca de 40 a 60% da sua massa inicial (LEAL,

2006).

3.4.5 Degradação de Celulose, Hemicelulose e Lignina

Segundo GREBUS et al. (1994), a compostagem realizada em grande e em

pequena escala é especialmente indicada para resíduos sólidos com grande teor de celulose e

lignina, tais como resíduos de jardinagem e poda. Os teores de celulose e lignina têm grande

influência na velocidade de compostagem e nas características físicas e químicas do produto

obtido (LEAL, 2006). Segundo HOITINIK e POOLE (1980) apud KIEHL (1985), quando a

relação lignina/celulose é menor que 0,4 a decomposição dos resíduos será lenta, enquanto

que relações maiores que 0,5 tornará a compostagem mais rápida.

A celulose e a hemicelulose são polissacarídeos produzidos por plantas e no

processo de compostagem estão associados aos substratos fornecedores de carbono. Para

utilização desses polissacarídeos, os microrganismos dependem da produção de enzimas, a

exemplo das celulases, xilanases, entre outras, responsáveis pela quebra das macromoléculas,

disponibilizando-as em unidades de açúcar assimiláveis pelos microrganismos (SIQUEIRA,

2006). Segundo o mesmo autor, a lignina é uma substância polifenólica, normalmente de

Page 43: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

43

difícil degradação. Algumas espécies de fungo possuem a capacidade de degradar a lignina,

geralmente mediante a ação de um conjunto de enzimas chamadas de ligninases. Celulose,

hemicelulose e lignina são substâncias intermediarias necessárias para que ocorram trocas

covalentes na formação de novas estruturas, podendo, como exemplo, ocorrer a transformação

de celulose em hemicelulose durante o processo de compostagem (SHARMA, 1995).

Segundo FERMOR et al.(1985), apud SIQUEIRA (2006), a maioria dos

microrganismos presentes no processo de compostagem apresentam a capacidade de

decompor a fração lignocelulósica do substrato. Entretanto, segundo estudos realizados por

SIQUEIRA (2006), nenhum membro da microbiota do composto consegue, isoladamente,

degradar a lignina. Já SÁNCHEZ-MONEDERO et al. (1999), obtiveram valores de 70 a 80%

para degradação de celulose/hemicelulose e 30 a 50% para degradação de lignina, após 20

semanas de compostagem, tempo considerado longo para o processo.

MADEJÓN et al. (2001), estudando a compostagem de resíduos da produção de

açúcar de beterraba, observaram que a utilização de material rico em lignina resultou em

degradação mais lenta da matéria orgânica.

3.4.6 Microbiologia da Compostagem

Diferentes comunidades microbianas, incluindo bactérias e fungos, predominam

em diferentes fases da compostagem. Segundo SIQUEIRA (2006), as bactérias, actinomicetos

e fungos são responsáveis por mais de 95% da atividade microbiana que ocorre no processo

de compostagem.

Durante a compostagem há uma sucessão de predominância de microrganismos

de acordo com a influência de determinados fatores, como por exemplo, presença de

substâncias químicas, matéria prima que está sendo digerida, teor de umidade, disponibilidade

de oxigênio, temperatura, relação C/N e o pH. As combinações desses fatores proporcionam o

crescimento mais rápido de determinados microrganismos, fazendo com que esses

predominem no meio durante determinada fase do processo. Entretanto, segundo

MCKINLEY & VESTAL (1984), a temperatura é o fator físico-químico que tem maior

influência em relação à sucessão e atividade microbiana no processo de compostagem.

Digerida a substância química responsável pelo aumento de determinada população de

microrganismos, altera-se alguns dos fatores citados anteriormente. Essas mudanças fazem

Page 44: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

44

com que os organismos presentes morram e cedam lugar a uma nova e diferente população, a

qual passará a dominar a massa (CAMPOS, 1998).

No inicio da decomposição dos resíduos orgânicos, na fase mesofílica,

predominam bactérias e fungos mesófilos produtores de ácidos. Com a elevação da

temperatura, à medida que se aproxima da fase termofílica, a população dominante será de

bactérias fermentativas e nos picos de temperatura aparecem bactérias termofílicas, a exemplo

dos bacillus badius e Bacillus coagulans. Essas bactérias fermentativas utilizam substratos

facilmente degradáveis e com isso proliferam-se rapidamente, aumentando o numero de

unidades formadoras de colônia já no inicio do processo, onde as bactérias são dominantes

(ISHII et al. 2000). Actinomicetos termófilos geralmente aparecem quando o carbono e

nitrogênio facilmente assimiláveis esgotaram-se e a água livre diminui. Fungos termófilos

somente começam a aparecer no estágio final da fase termofílica (SMITH et al., 1995 apud

SIQUEIRA, 2006).

A elevação da temperatura e conseqüente alteração da microbiota é influenciada,

em grande parte, pelo aumento e disponibilidade de oxigênio. Passada a fase termófila, o

composto perde calor e retorna a fase mesófila, porém com outra composição química, uma

vez que os açucares e o amido já devem ter sido consumidos. Essa etapa é caracterizada pelo

crescimento de uma nova comunidade de microrganismos mesófilos e apresenta uma

população complexa de fungos e bactérias, a exemplo de Sphingobacterium multivorum,

Alloiococcus otite, Clostridium fervidus, Cl. Filimentosum e Alcaligenes sp. NKNTAU. Este

comportamento ocorre principalmente devido as mudanças no pH, teores de carbono, ácidos

orgânicos e ácidos húmicos (TAKAKU et al., 2006; ISHII et al. 2000).

O processo termina com a fase criófila, podendo ser encontrados espécies de

microrganismos normalmente encontradas no solo, assim como protozoários, nematóides,

formigas, miriópodes, vermes e diversos tipos de insetos (KIEHL, 1985; ISHII et al. 2000).

Segundo RYCKEBOER et al. (2003), quanto maior a temperatura menor será a

diversidade de microrganismos e maior será a atividade microbiana. A temperatura acima de

60° C pode prejudicar a diversidade de microrganismo presente na compostagem. Para se

obter uma maior diversidade de microrganismos no processo, a temperatura máxima desejável

não deve exceder os 60°C (STROM, 1985). Os fungos e actinomicetas proliferam-se melhor

em temperaturas mais baixas e as bactérias são dominantes em temperaturas elevadas

(HERRMANN & SHANN, 1997; KLAMER & BAATH, 1998).

Page 45: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

45

Com relação à umidade, de modo geral, os fungos são menos afetados por

ambientes de baixa umidade do que as bactérias e podem freqüentemente crescer em

substratos secos pela sua capacidade de absorver umidade a partir da atmosfera. Os fungos

podem sobreviver em uma faixa ampla de pH e geralmente apresentam uma demanda mais

baixa por nitrogênio do que as bactérias. Portanto, os fungos apresentam, a princípio, uma

vantagem adaptativa sobre as bactérias em ambientes deficientes em nitrogênio (HAUG,

1993).

Segundo MACAULEY et al. (1993), por meio do monitoramento da sucessão

microbiana no manejo efetivo da compostagem, pode-se identificar a presença de espécies de

fundamental importância, que irão refletir na qualidade e maturidade do composto, servindo

como indicativo do estágio em que o processo se encontra.

Além dos microrganismos responsáveis pela compostagem, ocorre a presença de

microrganismos patogênicos, indesejáveis para o processo, uma vez que o composto poderá

ser utilizado para o cultivo de espécies de hortaliças que podem ser ingeridas cruas. A

preocupação é maior quando a compostagem é realizada com resíduo orgânico, lodos de

estações de tratamento de efluente e/ou excretas de animais (HAUG, 1993). Quando bem

conduzido, o processo de compostagem elimina esses microrganismos devido às elevadas

temperaturas atingidas durante o processo (DÉ PORTES et al., 1998). Na Tabela 3.3 são

apresentadas as temperaturas e intervalos de tempo necessário para destruir os tipos mais

comuns de microrganismos ocasionalmente presentes em resíduos orgânicos.

Tabela 3.3 – Temperatura e intervalo de tempo necessário para destruir os tipos mais comuns de microrganismos e parasitas ocasionalmente presentes em resíduos orgânicos.

Microrganismo Tempo e temperatura de morte Salmonella tyfosa O crescimento é paralisado acima de 45°C. Morte em 20-

30 minutos à 55-60 °C. Salmonella sp. Morte com 60 e 20 minutos à 55 e 60 °C,

respectivamente. Shigella sp. Morte com 60 minutos a 65°C Esterichia coli Uma grande proporção morre com 60 e 15-20 minutos à

55 e 60 °C, respectivamente. Entamoeba histolytic Morte com alguns minutos à 45 °C e com alguns

segundos à 55°C. Taenia saginata Morte com alguns minutos à 55 °C Trichinella aparilis Morte rápida à 45°C e instantânea à 65°C Brucella abortus e Brucella suis Morte em 3 minutos à 62-63 °C e com uma hora à 55°C. Micrococcus piogenes Morte em 10 minutos à 50 °C Streptococcus piogenes Morte em 10 minutos à 54 °C Mycobacterium turberculosis var. hominis Morte em 15 a 20 minutos à 66 °C Corynebacterium diphtheria Morte em 45 minutos à 55 °C Néctar americanus Morte em 50 minutos à 45 °C

Fonte: BARAZZETA (1987), apud SHARMA et al.(1997) modificada.

Page 46: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

46

3.4.7 Produção de Composto Orgânico

A qualidade do composto está diretamente relacionada com o tipo de material que

é utilizado na compostagem. Segundo HAUG (1993), dentre os materiais que apresentam

bom potencial para produção de composto pode-se citar: lodos de estação de tratamento de

efluentes industriais e domésticos, resíduos de podas de jardins, resíduos vegetais, resíduos

sólidos urbanos, dejetos animais como, por exemplo, esterco bovino.

Nem todos os materiais presentes no lixo são passiveis de compostagem, daí a

necessidade de selecionar os resíduos. Essa seleção pode ocorrer na fonte geradora dos

resíduos, no caso dos resíduos domésticos, na própria residência, ou em usinas de triagem,

onde os materiais recicláveis e compostáveis são segregados (SILVA, 2000). A Figura 3.5

mostra um fluxograma global do processo de compostagem.

C o le taS e le t iv a

T r ia g e m

T r itu ra ç ã o H o m o g e n e iz a ç ã od o re s íd u o

F o rm a ç ã od a s le ir a sF e rm e n ta ç ã o

M a tu ra ç ã oo u

H u m if ic a ç ã o

O b te n ç ã o d oC o m p o s to

D is t r ib u iç ã o d oC o m p o s to

U t i li z a ç ã oc o m o a d u b o

Figura 3.5 - Fluxograma Global do Processo de Compostagem

Durante o processo de compostagem, quando não operado corretamente, podem

ocorrer alguns problemas. Na Tabela 3.4 são apresentados alguns problemas que podem

ocorrer no processo, suas possíveis causas e soluções.

A triagem visa reduzir a quantidade de material que não se decompõe

biologicamente. Os materiais para compostagem não devem conter vidros, plásticos, tintas,

óleos, pedras, nem devem conter materiais com excesso de gorduras (retardam a

Page 47: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

47

compostagem). A carne também deve ser evitada porque pode atrair animais para as pilhas de

compostos.

Tabela 3.4 – Problemas, Possíveis Causas e Soluções durante a Compostagem.

PROBLEMAS CAUSA SOLUÇÃO 1 - Pilha demora mais que cinco dias para esquentar

a) material muito seco; b) material muito compactado; c) falta de oxigênio (encharcamento); d) falta de nitrogênio.

a) adicionar água à massa de compostagem e manter a umidade a 55%; b) adicionar material que promova a porosidade da massa: cavaco de madeira, palhas de vegetais; c) revirar a leira; d) adicionar material rico em nitrogênio (grama).

2 - Odor desagradável a) umidade em excesso; b) tamanho da partícula muito grande; c) anaerobiose devido ao longo ciclo de reviramento.

a) revirar a leira; b) promover a quebra do material durante o reviramento com o auxílio de um enxadão; c) seguir o ciclo correto de reviramento.

3-Geração espontânea de vegetação nas pilhas

a) colonização de sementes por pássaros, ventos, etc.

a) retirar toda e qualquer vegetação das pilhas.

4 - Cheiro de Amônia a) relação C/N imprópria e muito baixa.

a) adicionar material rico em Nitrogênio.

5-Queda gradual de temperatura na fase ativa após 30-60 dias

a) exaustão de Carbono disponível, fim do substrato.

a) verificar se a umidade, a oxigenação e a porosidade são satisfatórias, em caso afirmativo levar para o pátio de maturação.

6 - Surtos e moscas sobre a Pilha

a) baixa condição de higiene no local. a) manter a área limpa.

Fonte: Pereira Neto, 1996.

Na Tabela 3.5 são descritos alguns procedimentos para produção de composto

pelo método da leiras a céu aberto encontrados em trabalhos publicados por diferentes

pesquisadores.

Tabela 3.5 - Descrição de procedimentos para produção de composto orgânico pelo método de leiras a céu aberto Tipos de Resíduo Tipo de Aeração Formato das Leiras Dimensões das Leiras Referências

- Lixo urbano - Capim - Caroço de Açai

Revolvimento Manual Seção Trapezoidal Comprimento: 4,0 m Largura: 2,0 m Altura: 1,2 m

TEXEIRA et al. (2002)

- Lixo urbano - Capim - Caroço de Açai

Túnel de Ventilação Seção Trapezoidal Comprimento: 4,0 m Largura: 2,0 m Altura: 1,2 m

TEXEIRA et al. (2004)

- Resíduo orgânico - Podas

Revolvimento Manual Cônico com topo achatado

Altura: 1,20 m Diâmetro: 0,90 m

DIAS e VAZ (1997)

- Bagaço de Cana - Capim napier - Palha de café

Revolvimento Manual Seção Trapezoidal Comprimento: 3,0 m Largura: 1,5 m Altura: 1,0 m

MATOS et al. (1998)

- Lixo orgânico - Casca de pínus

Revolvimento Manual --------------

---------------

FACHINI et al. (2004)

Page 48: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

48

3.4.8 Características dos Compostos Orgânicos

As características físicas e químicas dos compostos irão depender diretamente do

tipo de substrato e do método de produção utilizado. São encontrados na literatura uma vasta

quantidade de trabalhos que apresentam as características químicas de compostos produzidos

a partir de resíduos urbanos misturados a outros substratos (Tabela 3.6). Com relação aos

métodos utilizados, o método de leiras a céu aberto destacou-se, principalmente, por ser um

método simples e apresentar baixo custo de execução.

Tabela 3.6 – Características Químicas de Compostos Orgânicos produzido pelo método de leira a céu aberto utilizando resíduos urbanos misturados a outros substratos. Tipos de Resíduo Características Químicas Referências - Lixo urbano - Capim - Caroço de Açai

25,97 g/kg de P2O5; 30,60 g/kg de K2O; 70,88 g/kg de Ca; 12,92 g/kg de Mg; 3,72 g/kg de S; 6,62 de pH;

TEXEIRA et al. (2002)

- Lixo urbano - Capim - Caroço de Açai

2,43% de P2O5; 1,18% de K2O; 3,49% de Ca; 0,33% de Mg; 0,96% de S; 69,25% matéria orgânica; pH 6,42.

TEXEIRA et al. (2004a)

Lixo Urbano 248 g/kg de Matéria orgânica 1,0 g/kg de P; 9,5 g/kg de K; 43,9 g/kg de Ca; 2,7 g/kg de Mg; 2,0 g/kg de S;

RUPPENTHAL & CASTRO (2005)

30% Lixo urbano; 40% capim; 30% caroço de açaí

74,90 % de matéria orgânica; pH 6,7; 3,13% de P2O5; 0,79% de K2O; 3,03% de Ca; 0,23% de Mg; 0,48% de S.

TEXEIRA et al. (2004b)

35% Lixo urbano; 15% serragem; 50% caroço de açaí

94,17 % de matéria orgânica; pH 6,07; 3,85% de N; 1,36% de P2O5; 0,76% de K2O; 1,90% de Ca; 0,22% de Mg; 0,59% de S.

TEXEIRA et al. (2004b)

Page 49: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

49

3.4.9 Aplicação do Composto como Substrato

Atualmente existem vários materiais com potencial de uso como substratos para

produção de mudas e para aplicação direta em solos. Entretanto a falta de estudos e

informações sobre a utilização desses materiais tem limitado sua utilização. Segundo COSTA

et al. (2001), o composto de resíduos urbanos pode se destacar como uma alternativa para

utilização como composto orgânico, principalmente por ser de fácil aquisição e apresentar

baixo custo.

O composto orgânico de resíduos urbanos apresenta boa capacidade com relação

às melhorias das características físicas, químicas e biológicas do solo, causando efeitos

positivos no crescimento e desenvolvimento de plantas. O êxito no estabelecimento de uma

cultura depende de vários fatores, entre os quais se podem destacar a qualidade das sementes

e a escolha e manejo correto do substrato (BACKES e KAEMPF, 1991).

O substrato é composto por uma fase sólida, constituída por partículas minerais e

orgânicas; uma liquida, constituída pela água, na qual encontram-se os nutrientes,

denominada de solução do substrato; e uma gasosa, constituída pelo ar. Sua principal função é

sustentar a planta e fornecer-lhe nutrientes (GOMES e PAIVA, 2004).

Existem muitos tipos de substrato, em suas formas originais e modificadas, que

são usados para produção e crescimento de mudas de diversas espécies. O substrato deve

apresentar boas características físicas e químicas, sendo as físicas mais importantes, uma vez

que as características químicas podem ser mais facilmente manipuladas. Na escolha de um

meio de crescimento essas características devem ser analisadas, além dos aspectos

econômicos. Segundo CAMPINHOS JR. et. al. (1984); SANTOS et al. (2000); SILVA et al.

(2001); COUTINHO e CARVALHO (1983), algumas características são consideradas

essenciais para um bom substrato:

• Baixa compactação e de forma uniforme;

• Baixa densidade;

• Ter boa capacidade de campo e troca catiônica;

• Ser isento de sementes de plantas indesejáveis, de pragas e de microrganismos

patogênicos.

• Boa porosidade para a drenagem do excesso de água durante a irrigação e chuvas,

mantendo uma aeração apropriada para as raízes;

Page 50: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

50

• Apresentar boa agregação das suas partículas nas raízes;

• Boa capacidade de retenção de água;

• Apresentar resistência ao desenvolvimento de pragas e doenças;

• Ser facilmente operado em quaisquer condições de tempo;

• Ser abundante;

• Ser economicamente viável.

O substrato não deve ser muito compacto, pois isso diminui a sua aeração e a

disponibilidade de água para as plantas, prejudicando o desenvolvimento das raízes, assim

como a nutrição das mudas. A presença de matéria orgânica torna-se importante, devido estas

tornarem o substrato mais agregado, aumentando a capacidade de troca catiônica e a

capacidade de retenção de água, regulando as relações hídricas na formação das mudas

(GOMES e PAIVA, 2004).

A porosidade proporciona uma adequada aeração, sendo um aspecto físico muito

importante de um substrato. A deficiência de oxigênio no substrato pode causar a paralisação

do crescimento radicular, podendo provocar danos ou morte desse sistema (KRAMER e

KOZLOWSKI, 1960 apud GOMES, 2001). A acidez pode atuar de maneira direta sobre as

plantas, ocasionando injúrias, ou de forma indireta afetando a disponibilidade de nutrientes,

produzindo condições bióticas desfavoráveis à fixação do nitrogênio e à atividade de

micorrizas, ou ainda aumentando a infecção por alguns patógenos (SANTOS et al., 2000).

Segundo GOMES (2001), dentre os diversos tipos de substratos existentes

destacam-se a vermiculita, o composto orgânico, o esterco bovino, a moinha de carvão

vegetal, a terra de subsolo, a serragem, o bagaço de cana, as acículas de Pinus, o húmus de

minhoca, o composto de resíduos sólidos urbanos e suas misturas em porcentagens variadas.

Segundo SILVA (2000), o composto orgânico, qualquer que seja o processo

utilizado para sua formação, apresenta uma composição com pequenos teores de nitrogênio,

fósforo e potássio (em torno de 1%) e praticamente 50 % de matéria orgânica humificada. É

de grande valor o composto orgânico na recuperação de solos cansados, tendo larga aplicação

na agricultura, em florestas energéticas e na recuperação de áreas degradadas.

Ainda segundo SILVA (2000), dentre as vantagens apresentadas pela utilização de

compostos orgânicos pode-se citar:

- É a melhor fonte de matéria orgânica humificada;

Page 51: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

51

- Substitui o húmus natural do solo;

- Aumenta a capacidade de retenção de água e ar no solo;

- Melhora as condições físicas, químicas e biológicas do solo;

- Possibilita a formação de microbiota no solo;

- Aumenta a porosidade do solo, tornando-o mais arável;

- Assegura a conservação da umidade e protege contra a evaporação, o frio e calor;

- Por ser sanitizado, é empregado diretamente nas plantações de frutas e verduras, que são

consumidas cruas;

- Dá mais vidas aos jardins, mais viço às plantações e eleva a produtividade agrícola, e;

- Restabelece as condições ecológicas locais.

Como pôde ser observado o composto orgânico beneficia o desenvolvimento das

plantas não só em sua fase muda como também em todo seu ciclo de vida. Esses beneficios

ocorrem de forma direta, através dos micro e macronutrientes presentes em sua composição, e

de forma indireta, através das melhorias causadas ao solo onde as plantas irão se desenvolver.

Segundo BRASIL (2003), a melhor dosagem de composto orgânico na formação

de plantas de abieiro, no estádio de mudas, obtendo-se os seguintes resultados (Tabela 3.7).

Essa dosagem também é recomendada por MENDONÇA et al. (2007) e ALMEIDA (2003).

Tabela 3.7 – Valores médios de altura, diâmetro e número de folhas e peso médio da matéria seca de raízes e parte aérea de abieiros, aos 105 dias, usando como fonte de nutrientes composto orgânico de lixo urbano de Barcarena, PA.

Dados a Planta Peso Seco (grama) Dose de Composto Orgânico Altura

(cm) Diâmetro

(cm) N° de folhas

Raiz Caule Folha Parte Aérea

Planta

0% 24,35 0,54 17,92 4,20 1,40 2,93 4,33 8,53 10% 37,13 0,59 22,83 4,50 2,45 5,35 7,80 12,30 20% 35,13 0,56 24,67 4,13 2,40 5,73 8,13 12,25 30% 31,22 0,57 21,08 4,18 2,05 6,03 8,08 12,25 40% 26,69 0,51 21,42 3,08 1,28 5,88 7,15 10,23 50% 25,49 0,50 19,79 2,65 1,30 4,75 6,05 8,70

Fonte: BRASIL (2003). Para o melhor aproveitamento do composto orgânico maturado, Peixoto (1988) e

Kiehl (1998), recomendam que a aplicação seja realizada em covas ou em cobertura, desde

que o composto seja incorporado ao solo, para que sejam evitadas perdas de nutrientes, como

o nitrogênio. Além disso, segundo os autores, a incorporação do composto ao solo promove o

rompimento da camada superficial de solos compactados, favorecendo a penetração da água,

reduzindo assim perdas de nutrientes por lixiviação e conseqüente erosão.

Page 52: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

52

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Nesse capitulo são apresentados os principais materiais e metodologias utilizadas

no monitoramento do processo de compostagem de resíduos urbanos em pequena escala, bem

como os métodos físico-químicos empregados na caracterização do composto.

4.1 Local e Período da Realização do Estudo

Os experimentos foram realizados no pátio de compostagem, cedido pela

Universidade Tiradentes, e no Laboratório de Engenharia de Bioprocessos (LEB), no Instituto

de Tecnologia e Pesquisa (ITP), localizados em Aracaju no estado de Sergipe. A

compostagem foi realizada em uma área de aproximadamente 50 m2 com chão de terra preta

batida (Figura 4.1) utilizando o método de pilhas aeradas por revolvimento e a céu aberto. O

processo de compostagem ocorreu no período de março a maio de 2007 e durante esse

período realizou-se o levantamento pluviométrico.

Figura 4.1– Pátio de Compostagem

4.2 Montagem e Características das Leiras Estudadas

No presente trabalho foram montadas sete leiras utilizando resíduos orgânicos,

provenientes de restos de feiras livres (restos de frutas, legumes e verduras) e resíduos

vegetais, provenientes das podas realizadas na Universidade Tiradentes. Para construção das

Page 53: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

53

leiras foram variadas as porcentagens de resíduos de restos de feiras livres e podas e o

diâmetro das partículas das podas.

A disposição das leiras no pátio foi feita de forma a se manterem paralelas e

espaçadas para facilitar o revolvimento, mantendo-se caminhos largos em torno das leiras

para livre trânsito.

O processo de montagem das leiras teve inicio com a trituração dos resíduos

vegetais com o auxilio de um triturador. As dimensões das partículas foram variadas através

do número de vezes que a poda foi passada pelo triturador. Para as partículas de maior

diâmetro o poda foi passada uma vez pelo triturador, e para obtenção das partículas menores a

poda foi passada três vezes.

As leiras foram preparadas inicialmente com uma camada uniforme de poda, em

seguida foi colocada uma camada de resíduo orgânico. Dessa maneira, o material foi

distribuído em camadas uniformes sucessivas de aproximadamente 15 centímetros, sempre

intercalando camadas de podas e resíduos, até atingir a altura de aproximadamente 1 metro.

As leiras apresentaram dimensões de 1m de largura x 1m de comprimento x 1m de altura,

aproximadamente, caracterizando um processo em pequena escala.

Na Tabela 4.1 são apresentadas as características das leiras estudadas:

Tabela 4.1 - Características das leiras estudadas.

Leira Composição Inicial Diâmetro de Partícula Nomeclatura Leira 1 70% de resíduo orgânico

30% de resíduo de poda Grande L1 - 70% C/30% N - G

Leira 2 60% de resíduo orgânico 40% de resíduo de poda

Grande L2 - 60% C/40% N - G

Leira 3 60% de resíduo orgânico 40% de resíduo de poda

Pequeno L3 - 60% C/40% N - P

Leira 4 50% de resíduo orgânico 50% de resíduo de poda

Grande L4 - 50% C/50% N - G

Leira 5 50% de resíduo orgânico 50% de resíduo de poda

Pequeno L5 - 50% C/50% N - P

Leira 6 40% de resíduo orgânico 60% de resíduo de poda

Grande L6 - 40% C/60% N - G

Leira 7 30% de resíduo orgânico 70% de resíduo de poda

Grande L7 - 30% C/70% N - G

4.3 Coleta e Preparo das Amostras para Análise

As coletas foram realizadas, seguindo o método de quarteamento segundo a NBR

10.007 (ABNT, 1987), que consiste em utilizar uma quantidade de material na forma de

monte, misturar bem e em seguida dividir o monte em quatro partes. Após a divisão, foram

Page 54: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

54

escolhidos dois montes diagonais, que foram posteriormente misturados entre eles. Essa

operação foi repetida até obtenção uma quantidade de material necessária para realização das

analises de pH, nitrogênio total, contagem microbiana, degradação de celulose, hemicelulose

e lignina. No final do processo também foi realizada amostragem de material para analise de

macro e micronutrientes e teores de matéria orgânica.

Após a coleta, as amostras foram colocadas em bandejas previamente taradas e

levadas a estufa a 500 C. Tomou-se cuidado para que essa temperatura não fosse ultrapassada,

com intuito de evitar alterações químicas nas amostras. A secagem foi realizada com a

finalidade de cessar os processos fermentativos que por ventura pudessem acorrer, o que

alteraria a composição do composto, e para facilitar o manuseio do material.

4.4 Monitoramento das Leiras

Após a montagem das leiras estabeleceu-se um esquema de monitoramento das

mesmas seguindo a metodologia utilizada por CAMPOS (1998).

4.4.1 Monitoramento da Temperatura

Para a medição da temperatura foi utilizado o termômetro digital Minnipa-APPA

modelo MT-520 equipado com um termopar de alumínio medindo 25 cm de comprimento. A

medição da temperatura foi feita diariamente em várias camadas da leira em cinco locais

diferentes, obtendo-se a temperatura média. A temperatura ambiente também foi medida.

4.4.2 Monitoramento daUmidade

A umidade foi verificada visualmente, pelo contato e pela temperatura. A

observação visual consistiu em analisar se a massa da leira tinha um aspecto úmido ou seco,

ou ainda, se estava com mau cheiro. Pelo contato pegava-se uma pequena porção e fazia-se

um bolo com a mão, se não escorresse líquido a umidade estava no ponto. O outro método

complementar para determinar a umidade foi através da temperatura. A medição da

temperatura influencia na umidade, pois se a temperatura caísse durante a fase ativa do

processo de compostagem poderia ser um indicativo de que a umidade estava baixa

(CAMPOS, 1998).

Page 55: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

55

4.4.3 Aeração das Leiras

A aeração das leiras foram realizadas através do revolvimento da massa de

resíduo. As reviragens para a aeração das leiras ocorreram inicialmente duas vezes por

semana, durante a fase termofílica, e semanalmente durante a de maturação, seguindo a

metodologia utilizada por CAMPOS (1998).

4.4.4 Medição do pH

O pH foi monitorado semanalmente através da retirada de amostras de 20 g de

composto em diferentes pontos das pilhas, onde foram adicionadas 30 mL de água destilada,

segundo metodologia da EMBRAPA (1999). O pH foi estabelecido no líquido extraído da

prensagem das amostras utilizando um medidor de pH marca Marconi, modelo PA 200.

4.4.5 Nitrogênio Total de Kjeldahl (NTK)

Os teores de nitrogênio total (NTK), dos resíduos a serem compostados e das

amostras dos compostos, foram analisados pelo método de Kjeldahl, baseado em uma

digestão ácida, onde o nitrogênio da amostra foi transformado em amônio (NH4+), o qual foi

posteriormente separado por destilação seguida de uma titulação (SIQUEIRA, 2006). Vale

ressaltar que a análise de NTK fornece os valores do Nitrogênio Orgânico e Amoniacal, não

revelando, portanto, outros tipos como Nitrato e Nitrito (CAMPOS, 1998). Para obtenção de

um maior nível de confiabilidade dos resultados obtidos as análises foram realizadas em

triplicatas.

Os equipamentos e reagentes utilizados foram:

- Tubos para digestão;

- Bureta de 25 mL;

- Erlenmyer de 250 mL;

- Digestores;

- Proveta de 10 e 25 mL;

- Equipamento para destilação;

- Catalisador: 96% K2SO4 + 4% CuSO4.5H2O (em massa), bem moídos e misturados;

- Acido sulfúrico concentrado;

Page 56: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

56

- NaOH concentrado;

- Solução de ácido bórico;

- Mistura indicadora: alaranjado de metila e verde de bromocresol 0,1% em álcool;

- HCl 0,05 N;

- Amostra.

- Digestão da amostra

Em um tubo digestor colocou-se 0,2 g de amostra, 1,5 g de catalisador, 5 mL de

ácido sulfúrico concentrado, evitando que a amostra e os reagentes tocassem as paredes do

tubo.

Colocou-se o tubo no aparelho de digestão e programou-se a temperatura para

230°C no controlador de temperatura; Esperou-se o inicio do refluxo quando o vapor ascende

no tubo; Após 20 minutos do inicio do refluxo desligou-se o aquecimento do aparelho e

deixo-se os tubos resfriarem por alguns minutos, completando o resfriamento em água

corrente.

Com o tubo completamente frio, foi acrescentado 5 mL de água oxigenada e

aguardou-se por 10 minutos.

Caso a mistura não estivesse transparente, retornavasse o tubo ao digestor,

deixando aquecer até o inicio do refluxo, retirarando 15 minutos após o inicio do refluxo até o

resfriamento e observando se a mistura estava transparente. Caso estivesse, a digestão estaria

terminada; caso contrário, com o balão completamente frio adicionava-se 5mL de água

oxigenada, fazendo o mesmo procedimento de aquecimento, até a mistura ficar transparente.

No final do processo, com o tubo completamente frio, juntou-se, vagarosamente,

sob agitação, 40 mL de água destilada.

- Destilação da Amostra

Foram colocados 10 mL de acido bórico 2% em um erlenmyer, juntamento com 4

gotas de alaranjado de metila e 6 gotas de verde bromocresol;

Após ligar o destilador e a vazão de água, colocou-se o erlenmeyer com o ácido e a

solução indicadora na saída do destilador completamente mergulhado na solução e 11 mL de

NaOH no destilador. O tubo digestor com a amostra digerida foi conectado no equipamento e

iniciou-se o aquecimento até a ebulição da amostra;

Page 57: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

57

A saída de NaOH foi aberta lentamente, diminuindo o aquecimento, com o cuidado

para que o acido bórico não ascendesse para o condensador. Após a adição do NaOH deve-se

a temperatura foi aumentada novamente e esperou-se a condensação da amostra no

erlenmeyer contendo o acido bórico e a mistura indicadora.

Procedeu-se a destilação até o volume de cerca de 100 mL no erlenmeyer e no final

do processo o aquecimento foi diminuído; retirou-se o tubo de destilação e o erlenmeyer foi

substituído por um Becker, realizando-se a limpeza do interior do destilador antes de colocar

outra amostra.

- Titulação do Destilado

Lavou-se a bureta 3 vezes com HCl 0,05 N, devidamente padronizado, enchendo-a

completamente com o HCl, zerando a mesma.

Titulou-se a amostra destilada com a solução de HCl até a viragem do indicador

para laranja (a coloração do destilado pode variar de acordo com a amostra, bem como seu

ponto de viragem).

O cálculo do nitrogênio é feito da seguinte formula:

(4.1)

em que:NTK: Teor de NTK na amostra (%)

VHCl: Volume de HCl gasto na titulação (ml);

NHCl: Normalidade do HCl (Normal);

MA: Massa da Amostra (grama)

4.4.6 Determinação de Celulose, Hemicelulose e Lignina

As determinações de Celulose, Hemicelulose e Lignina foram realizadas baseadas

na metodologia utilizada por SIQUEIRA (2006). As amostras dos tratamentos, antes e depois

da fase mesofílica da etapa de maturação do processo de compostagem, tiveram seus teores de

fibra detergente ácida (FDA), e fibra detergente neutro (FDN) definidos de acordo com o

método Van Soest, descrito por SILVA e QUEIROZ (2002). O valor de FDN corresponde ao

Page 58: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

58

teor de hemicelulose e o FDA ao somatório de celulose e lignina. Para determinação de

celulose e lignina foi utilizado o método do permanganato (KMnO4). Para a determinação dos

teores lignocelulósicos foram utilizadas as seguintes equações (SILVA e QUEIROZ, 2002):

- Hemicelulose = FDA – FDN (4.2)

- Celulose = FDA – lignina (4.3)

- Lignina = FDA – celulose (4.4)

- Determinação da Fibra em Detergente Neutro (FDN)

Os equipamentos necessários para determinação de FDN foram: aparelho digestor

consistindo em aquecedores controlados individualmente com condensadores de água; frascos

de erlenmayer de 500 mL e filtro de vidro sinterizado.

Reagentes:

- 1 litro d’água destilada;

- 2 30 g de sulfato láurico de sódio U.S.P. [CH3(CH3)10CH2OSO3Na];

- 18,61 g de E.D.T.A. (etilenodiaminotetracetato dissódico) - Na2C10H14N2O8.2H2O.

- 6,81 g de borato de sódio hidratado - Na2B4O7.10H2O.

- 4,56 g de fosfato de ácido de sódio anidro - Na2HPO4.

- 10 mL de 2-metoxietanol - C3H8O2.

Preparo da solução detergente neutro:

O E.D.T.A. e o Na2B4O7.10H2O foram pesados e colocados em um béquer com

400 mL de água destilada e aquecidos até que fossem dissolvidos. Outra solução de sulfato

láurico de sódio e 2-metoxietanol foi preparada, a fim de juntar-se à primeira. Finalmente,

Na2HPO4 foi também dissolvido, por aquecimento e misturado aos demais reagentes.

O pH da solução detergente neutro ficou entre 6,9 a 7,1, não sendo necessário

ajustar este pH, considerando as precauções tomadas durante o seu preparo e o uso de

reagentes com alto grau de pureza, como:

- acetona;

Page 59: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

59

- sulfito de sódio anidro – Na2SO3;

- decaidronaftaleno – C10H18 (antiespumante).

Determinação:

Pesou-se entre 1,0 g de amostra seca ao ar, triturada em moinho, com peneira de

20 ou 30 “mesh”. A amostra foi colocada em um tubo de 600 mL do aparelho digestor.

Adicionou-se em ordem: 100 mL de solução detergente neutro (temperatura ambiente); 2 mL

de decaidronaftaleno; 0,5g de sulfito de sódio. Aqueceu-se até a fervura (de 5 a 10 minutos),

reduzindo-se a temperatura para evitar a espuma. A temperatura foi ajustada até um nível fixo

e deixou-se em digestão durante 60 minutos, a partir do início da fervura. Após o período de

digestão filtrou-se a amostra em filtro de vidro sinterizado, previamente pesado, por sucção a

vácuo. Está filtração foi realizada imediatamente após a digestão do material, isto é, com o

material ainda bem quente.

A sucção foi lenta no início e mais forte no final. Lavou-se, com água quente

(90ºC a 100ºC), o material dentro do filtro. Repetiu-se esta operação duas vezes, tendo o

cuidado de quebrar a crosta com a ajuda de um bastão de vidro, a fim de facilitar a lavagem e

removeu-se todo complexo gelatinoso formado, principalmente, de proteína e amido. Antes,

porém, lavou-se bem o copo onde se fez a digestão, usando-se o mínimo d’água quente.

Repetiu-se o procedimento, por duas vezes, com acetona (40 mL). Secou-se os filtros a

105ºC, durante 8 horas ou uma noite.

O filtro foi esfriado em dessecador e pesado. Considerou-se como fibra em

detergente neutro a porcentagem dos constituintes da parece celular, calculada pela diferença

entre as pesagens. Os constituintes solúveis, ou o conteúdo celular, foi determinado

subtraindo de 100 a porcentagem encontrada para parede celular.

- Determinação de Fibra em Detergente Ácida (FDA)

A fibra em detergente ácido é a porção menos digerível da parede celular das

forrageiras por microrganismo. Constituída, na sua quase totalidade, de lignocelulose, ou seja,

lignina e celulose. Conhecendo-se a porcentagem dos constituintes da parede celular FDN e

da FDA do material analisado, foi possível calcular a fração de hemicelulose, apenas pela

diferença entre as frações. Por hemicelulose entende-se um grupo de substâncias em que se

incluem os polímeros de pentoses (xilose, ribose, etc.) e certos polímeros de hexoses e ácidos

Page 60: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

60

urônicos. É, em geral, menos resistente a tratamento químico e mais digerível que a celulose,

porém menos que os carboidratos solúveis e amido.

Equipamentos:

Aparelho digestor: utilizou-se um aparelho convencional, próprio para fibra em

detergente neutro e ou fibra bruta. O filtro de vidro sinterizado utilizado foi o de forma alta,

de porosidade média, com volume de 250 mL.

Reagentes: - Solução detergente ácida: adicionou-se 20 g de brometo-cetiltrimetilamônio (CTAB),

próprio para análise, em 1 litro de ácido sulfúrico 1 N, previamente padronizado. Agitou-se

para facilitar a dissolução. Esta solução dissolve as proteínas, gorduras e carboidratos

solúveis.

- Decaidronaftaleno (C10H18).

Determinação:

Pesou-se 1 g de amostra seca ao ar, previamente triturada em moinho, com

peneira de 30 a 40 “mesh”. Adicionou-se 100 mL de solução detergente ácida (temperatura

ambiente) e 2 mL de decaidronaftaleno (antiespumante). Aqueceu-se durante um período de 5

a 10 minutos, até a ebulição; o calor foi reduzido, para evitar a espuma, logo após o início da

ebulição. A digestão foi realizada durante 60 minutos, após o início da ebulição, ajustando-se

a nível lento e constante. A amostra foi filtrada, pesada anteriormente, usando pequena

sucção. Dispersou-se o resíduo com um bastão, lavando duas vezes, no mínimo, com água

quente (90ºC a 100ºC), tendo o cuidado de lavar as paredes do cadinho. Lavou-se duas vezes

com acetona (30 a 40 mL) até que ela se tornasse incolor, removendo-se toda a amostra, a fim

de que o solvente entrasse em contato com todas as partículas de fibra. O filtro foi levado à

estufa a 105ºC, durante 8 horas, em seguida foi esfriado em dessecador e pesado.

- Determinação de Lignina

A determinação da lignina foi feita a partir da fibra de detergente ácido (celulose,

lignina, cutina, minerais e sílica). Existem dois métodos de determinação: o método do ácido

Page 61: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

61

sulfúrico a 72% e o do permanganato de potássio. Neste trabalho foi utilizado o método de

permanganato de potássio.

Reagentes: - Permanganato de potássio: dissolveu-se 50 g de KMnO4 em 1 litro d’água destilada,

protegendo-o contra a luz solar, usando-se recipiente escuro.

- Solução tampão: dissolveu-se 6 g de nitrato férrico hidratado [Fe(NO3)3.9H2O] e 0,15 g de

AgNO3 em 100 mL de água destilada. Adicionou-se misturando 500 mL de ácido acético

glacial, 5 g de acetato de potássio e 400 mL de álcool butil terciário.

- Solução combinada de permanganato (2:1): misturou-se a solução de KMnO4 e esta solução

foi guardada no refrigerador, na ausência de luz. A solução ficou na cor vermelha (purpúrea) e

não conteve precipitado, pois este dificultaria a filtração.

- Solução de desmineralização: dissolveu-se 50 g de ácido oxálico diidratado (H2C2O4.2H2O)

em 700 mL de etanol 95%. Adicionou-se 50 mL de HCl concentrado (12 N) e misturou 250

mL de água destilada.

Determinação:

A fibra em detergente ácido foi determinada, de acordo com a técnica

previamente descrita, usando-se 1g de amostra. Atentou-se para secagem das amostras sempre

em temperatura inferior a 65ºC (55ºC) e a moagem em tela sempre de 20 ou 30 “mesh”. Os

filtros contendo a fibra foram colocados em uma bandeja esmaltada, contendo uma camada

d’água de 2 a 3 cm de altura.

Adicionou-se 30 mL de solução 2:1 em cada filtro, a fim de que o nível d’água, na

bandeja, fosse o mesmo da solução nos filtro. Colocou-se um pequeno bastão de vidro em

cada filtro, para agitar o conteúdo e permitir que a solução de 2:1 entre em contato com todas

as partículas por, aproximadamente, 15 minutos. Os filtros foram succionados a vácuo. A

água da bandeja foi renovada e colocou-se no filtro a solução 2:1 (30mL), mantendo por 90

minutos. A cor purpúrea esteve presente durante todo o tempo da oxidação. Os filtros foram

novamente succionados.

Os filtros foram colocados em uma bandeja limpa, com água e adicionou-se de 20

a 30 mL da solução de desmineralização. Depois, de 5 a 10 minutos, succionou-se para secar

Page 62: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

62

e renovar a solução de desmineralização, até que a fibra ficasse com uma cor amarela. Lavou-

se os filtros com etanol a 80%. Succionou-se até secar e repetiu-se a lavagem duas vezes, com

etanol. Lavou-se duas vezes de maneira similar, com acetona (30 a 40 mL). Os filtros foram

secos a 100ºC, durante oito horas e pesados. Calculou-se o teor de lignina pela perda de peso

da fibra em detergente ácido.

- Determinação de Celulose

A determinação da celulose foi feita através da fórmula apresentada a seguir, uma

vez que os teores de lignina e FDA já haviam sido calculados.

Celulose = FDA – lignina (4.5)

4.4.7 Contagem Microbiana

A contagem dos microrganismos presentes nas pilhas de compostagem foi

realizada pelo método de plaqueamento em superfície. Esse método baseia-se, primeiramente,

na suspensão da amostra em diluente adequado, seguido de diluições sucessivas, inoculação,

incubação e por fim contagem do número de unidades formadoras de colônias (UFC).

Os equipamentos e reagentes utilizados foram:

- Erlenmyer de 250 mL;

- Proveta de 100 mL;

- Amostra;

- Bico de Bunsen;

- Câmara de fluxo laminar;

- Tubos de diluição;

- Pipetas de 10 mL;

- Pipeta automática de 1mL;

- Placas de Pétri;

- Alça de espalha mento: alça de Drigalski mergulhada em etanol 70%;

- Diluente: água peptonada 0,1% (H2Op);

- Meio de cultura Agar Nutriente;

- Meio de cultura Agar Sabouraud;

Page 63: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

63

- Solução de antibiótico

Todo o material utilizado foi esterilizado previamente e todos os passos do

procedimento foram realizados em condições de assepsia, ou seja, junto à chama do bico de

Bunsen e/ou numa câmara de fluxo laminar.

- Preparação das amostras e diluições seriadas

Em um erlenmyer de 225 mL foi colocado 10g da amostra e adicionado 100 mL

de Água Salina Peptonada (H2Osp). As amostras foram homogeneizadas e diluidas em série

até a diluição desejada. As diluições utilizadas foram de 10-4 e 10-5, devido à elevada

população microbiana presente no processo de compostagem.

- Preparação das placas

Para o plaqueamento em superfície, as placas foram previamente preparadas, com

15 a 20 mL do meio de cultura adequado ao grupo de microrganismos que se se objetivou

contar. Para contagem de bactérias utilizou-se Agar Nutriente e para a contagem de fungos

Agar Sabouraud suplementado com antibiótico. Antes da utilização, a superfície do meio foi

secada em estufa a 35°C durante oito horas.

- Inoculação

Foram inoculados 0,5 mL, de cada diluição, na superfície de placas previamente

preparadas e, usando uma alça de Drigalski, espalhou-se o inoculo na superfície do meio, até

que todo excesso de líquido fosse absorvido.

O espalhamento do inoculo foi realizado na placa de maior para a placa de menor

diluição, flambando a alça de Drigalski com etanol 70%, entre uma placa e outra. Esperou-se

a alça resfriar, na parte interna da tampa da placa, antes de colocá-la em contato com o

inoculo.

Após a secagem das placas (no mínimo 15 minutos), as mesmas foram invertidas e

incubadas à 35°C por 48 horas.

Page 64: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

64

- Contagem das colônias e cálculo dos resultados

Foram selecionadas as placas que não apresentaram contaminação e em seguida

feita a contagem das unidades formadoras de colônias, com auxílio de um contador de

colônias. Calculou-se o número de unidades formadoras de colônias por grama ou mL da

amostra multiplicando o número de colônias pelo inverso da diluição inoculada (UFC/g ou

mL = n° de colônias/diluição).

Os experimentos foram realizados em triplicata. Considerou-se como número de

colônias a média aritmética da contagem obtida em cada uma das placas da triplicata.

4.5 Caracterização dos Compostos

4.5.1 Determinação de Matéria Orgânica, Macronutrientes e Micronutrientes

As amostras dos compostos e do solo utilizado no presente estudo foram

preparadas de acordo com o item 4.3. Para determinação de Matéria Orgânica, P, K, Ca, Mg e

Na foi utilizado o método do Manual de Análises Químicas de Solos, Plantas e Fertilizantes

estabelecido pela Embrapa (1999). As análises de Fe, Cu, Mn e Zn foram realizadas por

absorção atômica, e assim como as analises de matéria orgânica, macro e micronutrientes,

foram realizadas no Instituto de Tecnologia e Pesquisa de Sergipe – ITPS.

4.5.2 Determinação da Densidade

Para determinação da densidade foi utilizado o Método da Autocompactação

segundo metodologia de RODELLA e ALCARDE (1994). Os equipamentos e reagentes

utilizados foram:

- proveta plástica transparente e graduada de 500 mL

- suporte com barra de ferro com 2 (dois) anéis de 70mm de diâmetro;

- balança analítica para 5000g (intervalo de escala de 1g);

- estufa de secagem;

- bandejas de alumínio; e

- espátula.

Page 65: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

65

A proveta plástica de 500 mL foi preenchida até aproximadamente a marca de 300

mL com o substrato na umidade atual. Em seguida, esta proveta foi deixada cair, sob a ação

de sua própria massa, de uma altura de 10 cm, por 10 (dez) vezes consecutivas. Com auxílio

da espátula nivelou-se a superfície levemente e determinando-se o volume obtido (mL). Em

seguida, pesou-se o material (g) descontando a massa da proveta. O procedimento foi repetido

três vezes com subamostras diferentes. Foi expresso o valor da média das medições utilizando

duas casas decimais.

(4.6)

O valor médio da densidade seca (média de três amostras) foi obtido aplicando-se a seguinte fórmula:

(4.7)

4.5.3 Determinação da Condutividade Elétrica

Foi utilizado o método instrumental para determinação da condutividade elétrica

em um extrato de água com substrato para planta (RODELLA e ALCARDE, 1994). A

amostra foi extraída com água em uma razão de extração 1:5 (v/v) para dissolver os

eletrólitos. A condutividade elétrica especifica do extrato foi determinada e o resultado foi

ajustado para a temperatura de 25°C.

Reagentes: - Água com condutividade <0,2 mS/m (<0,02 dS/m) a 25°C com pH>5,6;

- Solução de cloreto de potássio 0,100 mol/L: dissolveu-se 7,456g de KCl (previamente seco a

105°C por duas horas) em água e diluir a 1000 mL em um balão volumétrico;

- Solução de cloreto de potássio 0,010 mol/L: adicionou-se 100 mL da solução de cloreto de

potássio 0,100 mol/L em um balão volumétrico de um litro e completar com água.

Equipamentos:

- Condutivímetro com cela de condutividade e equipado com correção de temperatura

automático e resolução menor que 0,01 dS/m a 25°C;

Page 66: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

66

- Balança analítica com intervalo de escala de 0,01 g;

- Frascos de plástico ou vidro de tamanho suficiente para acomodar a suspensão mais 10% de

volume de ar;

- Agitador de frascos tipo Wagner capaz de promover agitação da suspensão sem causar

ruptura da estrutura da amostra (40 rpm);

- Papel de filtro faixa branca ou similar.

Determinação:

Tomou-se uma massa da amostra, em balança com precisão de 1g, equivalente a

uma alíquota de 60 mL (utilizou-se a densidade do item anterior). A amostra foi tranferida

para o frasco e adicionou-se 300 mL da solução de cloreto de potássio 0,100 mol/L, tampou e

agitou-se por uma hora em agitador. Filtrou-se a suspensão descartando os primeiros 10 mL.

Determinou-se a condutividade após uma hora de extração do filtrado em mS/cm ou dS/m de

acordo com as instruções do fabricante do equipamento.

4.5.4 Determinação de Metais Pesados

As amostras foram secas ao ar e peneiradas em malhas de abertura de 2mm. Após

o peneiramento foi utilizada uma solução extratora de HCl 0,1 mol/L. As amostras foram

agitadas durante 1(uma) hora em um agitador de frascos tipo Wagner a 40 rpm e

posteriormente filtradas. A determinação de metais pesados foi realizada por absorção

atômica no Laboratório de Estudos Ambientais do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP).

Essa análise foi realizada apenas para Leira 1, por ser a leira com maior porcentagem de

resíduos orgânicos, resíduo esse que apresenta maior potencial em relação à presença de

metais pesados em comparação ao resíduo das podas.

4.6 Aplicação do Composto

4.6.1 Produção das Mudas

O ensaio foi conduzido em estufa durante os meses de Junho e inicio de julho, na

Universidade Tiradentes na área lateral do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), onde

Page 67: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

67

foram analisadas duas espécies de sementes de girassóis, Aguará e V200, desenvolvidas pela

EMBRAPA Soja em Londrina - Paraná. Como substratos foram utilizados os compostos

produzidos no presente estudo e terra utilizada para confecção de mudas na própria

Universidade Tiradentes, cujo resultado da análise química encontra-se no item 5.8 do

Capitulo 5.

As mudas foram produzidas por semeadura direta de três sementes, em

embalagens de polietileno preto com 15 cm de altura e 10 cm de diâmetro. Quando as plantas

atingiram 5 cm de comprimento efetuou-se o desbaste, mantendo a planta mais vigorosa. A

umidade dos substratos foi mantida através de regas realizadas diariamente.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizados com oito

tratamentos e dez plantas por parcela. Os tratamentos utilizados foram os seguintes:

- T1: 60% de terra fertilizada + 40% de composto Leira 1;

- T2: 60% de terra fertilizada + 40% de composto Leira 2;

- T3: 60% de terra fertilizada + 40% de composto Leira 3;

- T4: 60% de terra fertilizada + 40% de composto Leira 4;

- T5: 60% de terra fertilizada + 40% de composto Leira 5;

- T6: 60% de terra fertilizada + 40% de composto Leira 6;

- T7: 60% de terra fertilizada + 40% de composto Leira 7;

- T8: 100% de terra fertilizada.

A utilização da dosagem de 40% de composto orgânico e a metodologia utilizada

foi baseada nos estudos de BRASIL (2003), MENDONÇA et al. (2007) e ALMEIDA (2003),

que comprovaram que essa dosagem de composto orgânico é a mais recomendada para

produção de mudas de diversas espécies.

4.6.2 Determinação de Massa Seca da Parte Aérea

Após 5 semanas (35 dias) do plantio, as mudas foram colhidas, separando-se a

parte aérea do sistema radicular. A parte aérea foi acondicionada em sacos de papel e

colocadas em estufa a 60°C, até atingir peso constante, sendo obtido em 72 horas. Em

seguida, a massa seca da parte aérea foi pesada em balança semi-analítica, utilizando duas

casas decimais de precisão.

Page 68: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

68

A análise de variância (ANOVA) foi utilizada para detectar a diferença

significativa (p ≤ 0,05) entre os tratamentos. Foi utilizado o teste de Tukey para determinar os

valores médios significativos.

Page 69: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

69

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente capítulo são apresentados e analisados os principais resultados

obtidos durante o desenvolvimento do trabalho. A Tabela 5.1, orienta o leitor sobre a

seqüência de apresentação e discussão dos principais resultados obtidos, assim como o item

da metodologia empregada para obtenção dos dados. Os resultados estão focados nas sete

leiras estudadas e são comparados com resultados de outros autores e com limites

estabelecidos por normas e legislações.

Tabela 5.1 – Disposição geral dos ensaios realizados Ensaios Realizados Resultados e Discussão Metodologia

Monitoramento das Leiras

• Monitoramento da Temperatura • Monitoramento da Umidade • Monitoramento do pH • Nitrogênio Total de Kjeldahl (NTK) • Celulose, Hemicelulose e Lignina • Contagem Microbiana

5.1 5.2 5.3 5.4 5.6 5.7

4.4.1 4.4.2 4.4.4 4.4.5 4.4.6 4..47

Caracterização e Aplicação dos Compostos

• Matéria Orgânica, macronutrientes e micronutrientes • Densidade Aparente • Condutividade Elétrica • Metais Pesados • Determinação da Massa Seca

5.10 5.11 5.12 5.13 5.14

4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.5.4 4.6.1

5.1 Condições Climáticas Durante os Experimentos

Por se tratar de compostagem a céu aberto com leiras de pequenas dimensões,

mais susceptíveis a ação das chuvas em relação às leiras de maiores dimensões, fez-se

necessário a realização dos registros de chuva, uma vez que essa pode influenciar nos

resultados obtidos. Os valores de chuva acumulada em 24 h, segundo o INMET, durante os

meses de estudo (março, abril e maio de 2007) são apresentados nas Figuras 5.1 a 5.3.

Page 70: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

70

Figura 5.1 - Registros de chuva acumulada em 24 h no mês de Março em Aracaju. Fonte: INMET (2007).

Figura 5.2 - Registros de chuva acumulada em 24 h no mês de Abril em Aracaju Fonte: INMET (2007).

Figura 5.3 - Registros de chuva acumulada em 24 h no mês de Maio em Aracaju. Fonte: INMET (2007)

Como pode ser observado nas Figuras 5.1 a 5.3 , foram registradas quatro

situações em que choveu mais que 30 mm de chuva. Entre essas, pode-se destacar o período

Page 71: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

71

de 27 a 29 de abril, que apresentou dias consecutivos de chuva, e os dias 1 e 13 de maio,

período que as leiras já se encontravam com seu tamanho reduzido devido à degradação da

matéria orgânica.

5.2 Monitoramento da Umidade

As leiras foram inspecionadas diariamente com o intuito de verificar, visualmente,

o grau de umidade das leiras. Visualmente, o teor ótimo de umidade é aquele em que o

material parece estar úmido, porém não se apresenta aglutinado, guardando a porosidade

necessária à aeração e apresentando-se solto durante o reviramento (PEREIRA NETO E

LELIS, 1999).

No início do processo, quando as leiras apresentavam maiores dimensões, mesmo

em dias mais quentes, não houve necessidade de regas diárias, sendo realizadas de três em três

dias. Em períodos chuvosos também não foi necessária a realização das regas. Após o período

de fermentação as regas passaram a ser realizadas diariamente devido à redução do volume

das leiras. Esse comportamento não é muito comum, uma vez que o recomendado no período

de maturação são as regas semanais (PEREIRA NETO e MESQUITA, 1992).

Segundo HAUG (1993) e KIEHL (2002), leiras de menores dimensões estão mais

sujeitas à perda de umidade, comportamento esse que pôde ser verificado durante o

monitoramento. Durante o processo de compostagem, à medida que as leiras tiveram seu

tamanho reduzido devido à degradação da matéria orgânica, percebeu-se uma perda ainda

maior de umidade. Esse comportamento pôde ser percebido, principalmente, nos dias em que

foram realizadas as reviragens, onde em algumas situações, as partes internas das leiras, que

não sofrem forte influência na perda de umidade pelos ventos e exposição direta ao sol,

também apresentaram aspecto de umidade moderada. Essa perda de umidade pode ser vista

como uma vantagem no que diz respeito ao controle da umidade, uma vez que não houve

formação de chorume durante o processo. Em nenhum momento do monitoramento foi

necessária a aplicação de técnicas para redução da umidade.

LELIS e PEREIRA NETO (1999), realizaram um exaustivo estudo sobre a

umidade durante o processo de compostagem de lixo orgânico. Nesse estudo os autores

verificaram, que em condições de clima tropical, o limite inferior do teor de umidade pode

chegar até 10%. Verificaram também que em pilhas onde não foi realizado o controle de

umidade, foram registrados valores de 5% de umidade e nenhuma atividade de degradação,

Page 72: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

72

porém após 35 dias, quando a umidade foi corrigida para 55-60%, a atividade microbiológica,

até então cessada, se restabeleceu em um período médio de 28 horas, registrando-se

temperaturas termofílicas.

Em contra partida, tem-se o fato de que o excesso de umidade pode causar

diversos problemas, como por exemplo, redução da temperatura e oxigênio das leiras e

provocar maus odores e geração de chorume. No processo de compostagem em pequena

escala o controle da umidade é feito de uma maneira bastante simples. O tamanho reduzido

das leiras provoca por si só um rápido ressecamento do material, além de proporcionar um

fácil manuseio das leiras caso haja necessidade de revolvimento, afim de reduzir a umidade.

Dessa forma, mesmo em períodos chuvosos, o problema com o excesso de umidade poderá

ser facilmente corrigido. Segundo LELIS (1998), após a fase termofílica, quando a pilha já

apresenta considerável estágio de degradação e estabilização, a chuva não mais afetará a

umidade da leira de forma drástica. Esse comportamento foi observado somente no estágio

final do processo de compostagem, onde apesar do tamanho reduzido das leiras, as mesmas

não perderam umidade facilmente devido as propriedades de retenção de água apresentada

pelos compostos.

No entanto, as regas em períodos de estiagem devem ser intensificadas, tentando

manter os teores de umidade sempre acima dos 40% para evitar a redução da atividade

microbiológica, o que poderá retarda o processo de compostagem (PEREIRA NETO, 1996).

No final do processo de compostagem as regas foram cessadas com o intuito de

reduzir a umidade das leiras para facilitar o beneficiamento e armazenamento do composto. A

redução da umidade também visa reduzir a atividade microbiana, condição necessária para um

armazenamento adequado do composto (KIEHL, 1985).

5.3 Monitoramento da Temperatura

Com o monitoramento da temperatura das leiras e da temperatura ambiente,

realizadas diariamente com auxilio do equipamento descrito no item 4.2 do capitulo anterior,

obteve-se a variação da temperatura em função do tempo, conforme apresentados na Figura

5.4.

Segundo KIEHL (1985), depois de montada, a pilha de composto, geralmente,

atinge temperatura de 40 a 50 °C dentro de dois dias, podendo atingir temperaturas de 60 a

70°C antes de quinze dias.

Page 73: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

73

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.4 - Perfis de variação da temperatura ambiente das sete leiras em relação aos dias de compostagem.

Como pode ser observado na Figura 5.4, as temperaturas das sete leiras

apresentaram comportamento semelhante, tendo a fase termofílica iniciada já nas primeiras

horas de compostagem. A explicação para esse comportamento pode está associada ao tipo de

substrato utilizado no processo, resíduo orgânico de feiras livres. Durante o período de coleta

e transporte desses resíduos, aproximadamente um a dois dias, o processo de degradação pode

ter sido iniciado, fazendo com que no momento da montagem das leiras já existisse uma

elevada quantidade de microrganismos responsáveis pelo processo. Este comportamento fez

Fase Termofílica

Fase Mesofílica de Maturação

Fase Termofílica

Fase Mesofílica de Maturação

0 10 20 30 40 50 60 70 8025

30

35

40

45

50

55

60T

empe

ratu

ra (

°C)

Tempo (Dias)

L1 - 70% C/30% N - G Tamb

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

25

30

35

40

45

50

55

60

Tem

pera

tura

(°C

)

Tempo (Dias)

L2 - 60% C/40% N - G L3 - 60% C/40% N - P Tamb

Fase Termofílica

Fase Mesofílica de Maturação

Fase Termofílica

Fase Mesofílica de Maturação

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

25

30

35

40

45

50

55

60

Tem

pera

tura

(°C

)

Tempo (Dias)

L4 - 50% 5/30% N - G L5 - 50% C/50% N - P Tamb

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

25

30

35

40

45

50

55

60T

empe

ratu

ra (

°C)

Tempo (Dias)

L6 - 40% C/60% N - G L7 - 30% C/70% N - G Tamb

Page 74: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

74

com que praticamente não ocorresse a fase mesofílica antes da fase termofílica, comumente

observada no método de compostagem utilizado.

Por outro lado, os picos de temperatura das leiras variaram de 48,9 a 56°C (Figura

5.4), sendo que a literatura (KIEHL 1985; PEREIRA NETO, 1989; MARÍN et al. 2005),

aponta temperaturas máximas de aproximadamente 70°C. Esse comportamento pode está

relacionado com a utilização de leiras de tamanho reduzido. O aumento do tamanho da leira e

a composição dos materiais, que apresentam boas características de isolamento térmico,

influenciam no acumulo de calor em seu interior, fazendo com que a temperatura alcance

valores bastante elevados. As leiras adotadas no presente trabalho apresentam dimensões de

1,0x1,0x1,0m, um pouco inferiores as recomendadas pela literatura de 1,5x1,5x1,5m (BRITO

et al. 2006), de acordo com o objetivo do trabalho, realizar o processo de compostagem em

pequena escala. Outro fator que pode ter influenciado na obtenção de valores baixos de

temperatura máxima é o fato da perda de calor ser proporcional às dimensões das leiras. As

leiras de menores dimensões têm superfície de exposição proporcionalmente maior em

relação às leiras maiores e um volume gerador de calor proporcionalmente menor, aquecendo-

se com menor intensidade (HAUG, 1993).

Entretanto, apesar das temperaturas reduzidas, as mesmas são suficientes para

eliminar a grande maioria dos organismos patogênicos presentes nos resíduos urbanos, já que

a uma temperatura de 55°C durante cerca de 60 minutos quase todos os microorganismos

presentes nos resíduos são eliminados, como foi apresentado na Tabela 3.3 do item 3.4.6.

Com exceção das Leiras 5 e 7 todas as outras atingiram temperaturas acima de 55°C por

tempos superiores a 60 minutos. Vale ressaltar, que por se tratar de um processo

descentralizado, os resíduos utilizados, normalmente, são oriundos de coleta seletiva,

reduzindo os riscos de contaminação dos mesmos.

O estudo da relação da temperatura com o tamanho das partículas foi feito através

da comparação entre as leiras 2 e 3 e leiras 4 e 5, que tiveram mesmas composições e

diâmetros de partículas diferentes, como foi apresentado na Tabela 4.1, no capítulo referente à

metodologia. A partir desse estudo pôde-se perceber que as leiras de menor diâmetro de

partículas (leiras 3 e 5) apresentaram uma menor variação de temperatura (Figura 5.4-b e

Figura 5.4-c). Tal comportamento já era esperado, uma vez que com partículas de menor

diâmetro a circulação de ar na pilha é reduzida, evitando-se maiores variações de temperatura

(MARÍN, 2005). Entretanto, as leiras com diâmetro de partículas maiores (Leiras 2 e 4)

apresentaram, em alguns momentos, temperaturas ligeiramente superiores as leiras de mesma

Page 75: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

75

composição, Leira 3 e Leira 5, respectivamente (Figura 5.4-b e Figura 5.4-c). Esse

comportamento, provavelmente, pode ser explicado devido à maior atividade microbiana

dessas leiras em relação às leiras de partículas menores, como será melhor apresentado no

item 5.8.8. Isso ocorre pelo fato do metabolismo dos microrganismos responsáveis pela

compostagem ser exotérmico, provocando o aumento da temperatura no interior das leiras

(KIEHL, 1985).

Durante o monitoramento do processo pôde-se perceber também que, devido ao

tamanho reduzido das leiras, essas sofreram uma leve influência da temperatura ambiente,

principalmente na fase mesófilica na etapa de maturação.

5.4 Monitoramento do pH

Assim como a temperatura, o pH também foi monitorado durante todo processo,

porém o monitoramento foi realizado semanalmente, conforme descrito no item 4.5. A

evolução do pH das sete leiras em relação ao tempo de compostagem são apresentadas na

Figura 5.5.

Em geral, o comportamento do pH foi semelhante para todas as leiras. No início

do processo o pH variou entre 5,8 e 6,1 e decresceu até valores de 5,6 a 5,1 na primeira

semana. Após a primeira semana o pH evoluiu até valores máximos de 9,5 a 9,2 entre a

terceira e quarta semana. Após esse período o pH teve um pequeno decréscimo estabilizando-

se entre 8 e 8,6.

O comportamento diferenciou-se do comportamento padrão em relação aos

valores máximos de pH durante o processo de compostagem. Segundo HAUG (1993), a

compostagem tem a habilidade de neutralizar altos e baixos valores de pH durante o processo.

Isso se deve a formação de um ácido fraco (CO2) e uma base fraca (NH3), sendo difícil

encontrar um processo de compostagem que não esteja na faixa entre 5,0 a 8,5. Entretanto, as

leiras estudadas apresentaram valores acima de 9,0 entre a terceira e quarta semana de

compostagem, provavelmente devido à pequena produção de CO2.

Já os valores finais de pH estão compatíveis com os apresentados por KIEHL

(1985) e HAUG (1993). Outros trabalhos em que se utilizaram diferentes tipos de resíduo

também apresentam valores de pH alcalinos (BERNAL et al., 1998; VILLAS BÔAS et al.,

1999 e TEJADA et al., 2001).

Page 76: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

76

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.5 - Perfis de variação do pH das sete leiras em relação às semanas de compostagem.

Vale ressaltar que, por apresentarem valores de pH básicos, os compostos

orgânicos são indicados para utilização como corretivo de solos acidificados. Segundo LIMA

et al.(2005), a aplicação de 10 Kg de composto orgânico (50 t.ha –1

), teve resultados

semelhantes à aplicação das doses de calcário dolomítico recomendadas, em parcelas de 2m2

de latossolo vermelho amarelo distrófico. Ainda segundo LIMA et al.(2005), a utilização do

composto de lixo é uma alternativa para correção da acidez desse solo.

Segundo CINTRA e LIBARDI (1998), no estado de Sergipe, na região dos

tabuleiros costeiros, os solos apresentam pH médio de 4,8. Neste caso, a aplicação do

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 135

6

7

8

9

L1 - 70% C/30% N - GpH

Tempo (Semanas)0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

5

6

7

8

9

10

pH

Tempo (Semanas)

L2 - 60% C/40% N - G L3 - 60% C/40% N - P

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 134,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

9,5

10,0

pH

Tempo (Semanas)

L4 - 50% 5/30% N - G L5 - 50% 5/30% N - P

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 134,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

9,5

10,0 L6 - 40% C/60% N - G L7 - 30% C/70% N - G

pH

Tempo (Semanas)

Page 77: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

77

composto seria bastante útil para correção da acidez do solo, assim como no incremento de

matéria orgânica, macro e micronutrientes, como será melhor apresentado no item 5.10 do

presente trabalho.

O composição inicial das leiras e o diâmetro das partículas não influenciaram de

forma significativa nos valores de pH, como pode ser observado na Figura 5.5.

5.5 Monitoramento do Odor, Cor e Volume

Além do monitoramento dos parâmetros anteriormente apresentados, foram

monitorados outros parâmetros, como por exemplo, odor, cor e redução de volume das leiras.

De maneira geral, as leiras apresentaram o seguinte comportamento:

• ODOR: pôde-se perceber a geração de odor desagradável nos primeiros cinco dias de

compostagem, assim como a presença de moscas. Esses problemas foram marcantes

nas três primeiras leiras. A partir da quarta leira utilizou-se uma camada mais espessa

de resíduo de poda no final da montagem da leira, reduzindo o odor e a presença de

vetores. Ao final do processo os compostos apresentaram um cheiro característico de

“terra molhada”, comportamento esse já esperado (KIEHL, 1985).

• COR: Após aproximadamente a quarta semana de compostagem as leiras já

apresentavam uma coloração mais escura, dando indícios do início da fase de

maturação do composto.

• REDUÇÃO DO VOLUME: As leiras com maiores quantidades de resíduos de feiras

livres, Leiras 1, 2 e 3, apresentaram uma maior e mais rápida redução do volume.

Segundo SIQUEIRA (2006), quanto maior o teor de N inicial, maior é a perda de

matéria seca do composto. Isso pode ser explicado pelo fato da atividade microbiana

ser maior em substratos mais ricos em N. De maneira geral, as leiras apresentaram

uma redução de cerca de 50% do volume inicial.

5.6 Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK)

Outro parâmetro analisado durante o processo de compostagem foi a degradação

do nitrogênio através da determinação do nitrogênio total de Kjeldahl. O comportamento do

nitrogênio durante a compostagem é apresentado na Figura 5.6.

Page 78: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

78

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 900,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

NT

K (

%)

T em po (D ias)

L1 - 70% C /30% N - G L2 - 60% C /40% N - G L3 - 60% C /40% N - P L4 - 50% 5/30% N - G L5 - 50% C /50% N - P L6 - 40% C /60% N - G L7 - 30% C /70% N - G

Figura 5.6 – Evolução da degradação de nitrogênio em relação ao tempo de compostagem

A presença de nitrogênio no substrato utilizada no presente estudo está

relacionada com o resíduo orgânico das feiras livres. Como pôde ser observado na Figura 5.6,

as leiras que apresentaram maiores quantidades de resíduos orgânicos (resíduos de feira livre)

também apresentaram maiores teores de nitrogênio.

Em relação à evolução do nitrogênio com os dias de compostagem, as sete leiras

apresentaram resultados semelhantes, havendo um acréscimo relativo do teor de nitrogênio

em relação ao início do processo. Os valores máximos de nitrogênio foram obtidos na análise

realizada no 30° dia do processo de compostagem, com exceção a leira 2 que sofreu um

decréscimo nesse período. Após o 30° dia os teores de nitrogênio sofreram um pequeno

decréscimo que se seguiu até o final do processo. A leira 2 apresentou um comportamento

diferenciado, atingindo o valor máximo ao 45° dia. Apesar desse comportamento diferenciado

da leira 2, os teores finais de nitrogênio de todas as leiras apresentaram resultados condizentes

com resultados citados na literatura, a exemplo de CAMPOS (1998) e JAHNEL et al., (1999).

O aumento relativo no teor de Nitrogênio Total de Kjeldahl, sobre tudo na fase

inicial do processo, ocorreu devido ao decréscimo da matéria orgânica nas leiras, uma vez que

a perda desse material através de sua oxidação a CO2 é bem maior que a perda de nitrogênio

relacionada ao seu consumo pelos microrganismos. Segundo KIEHL (1998), o acúmulo

relativo de nitrogênio na leiras pode estar associado, em menores proporções, à retenção de

nitrogênio presente na água precipitada e a fixação biológica de nitrogênio atmosférico.

Porém, vale ressaltar que a água precipitada, principalmente quando em excesso, pode

Page 79: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

79

provocar a lixiviação não só do nitrogênio como de outros nutrientes. No estudo em questão

esse fato torna-se mais importante devido ao tamanho reduzido das leiras, fator que pode ter

contribuído para que os teores de nitrogênio finais não tenham sido maiores.

Segundo PEREIRA NETO (1996), outro fator que pode influenciar o acréscimo

de nitrogênio nas pilhas é o fato de que a degradação na matéria orgânica resulta na liberação

de nitrogênio, o qual deixa a forma imobilizada, passando à forma mineralizada, tornando-se

disponível às plantas e microrganismos. Porém no presente estudo esse fator não deve ser

levado em consideração devido ao método utilizado. O método de Kijedahl não mede os

teores de nitrito e nitrato. Como no decorrer do processo de compostagem o nitrogênio na

forma orgânica é transformado a nitrogênio amoniacal e em seguida para a forma de nitrato e

nitrito, esses teores não foram medidos devido a limitações do método utilizado, causando

uma tendência de queda no teor de nitrogênio, tendência essa que pôde ser observada a partir

do 30° dia de compostagem. Esse tipo de comportamento também foi observado por

CAMPOS (1998) ao estudar a estabilização da fração orgânica de resíduos sólidos

domiciliares através do processo de compostagem.

BERNAL et al (1998), cita que geralmente ocorre uma diminuição do nitrogênio

amoniacal e aumento de nitrato após a fase termofílica, devido ao processo de nitrificação.

Esse processo dificilmente ocorre durante a fase termofílica pelo fato dos microrganismos

nitrificadores serem inibidos por temperaturas maiores que 40°C. As leiras estudadas

permaneceram, em média, até o 5° dia na fase termofílica. Alguns dias após o término da fase

termofílica, a partir do 30° dia, pôde-se perceber uma queda dos teores de nitrogênio (Figura

5.6). Essa queda pode está associada justamente ao crescimento de microrganismos

nitrificadores que transformaram o nitrogênio amoniacal em nitrito e nitrato, que como foi

explicado anteriormente, não foram medidos no presente estudo.

Outro fator que pode ter inibido um maior incremento nos teores de nitrogênio,

principalmente na forma amoniacal, foi o fato da grande perda de umidade durante o processo

de compostagem, principalmente devido aos tamanhos reduzidos das leiras. Segundo KIEHL

(1985), a presença de umidade ajuda na retenção da amônia no composto, pois esse gás

combinando-se com a água formando o hidróxido de amônia, podendo reduzir em parte a

perda de nitrogênio.

Apesar das perdas de nitrogênio relacionadas ao tamanho reduzido das leiras,

maior efeito da lixiviação devido às chuvas e a elevada perda de umidade, o teor final de

nitrogênio das sete leiras encontra-se em uma faixa semelhante às apresentadas por autores

Page 80: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

80

que trabalharam com leiras de dimensões convencionais (JAHNEL et al., 1999; ALMEIDA,

2003; FACHINI et al., 2004; BRITO, 2006).

5.7 Celulose, Hemicelulose e Lignina

A degradação da celulose, hemicelulose e lignina foram analisadas em dois

momentos durante o estudo, no início e no final da fase maturação. Os resultados das análises

são apresentados na Tabela 5.2, onde as leiras são apresentadas em ordem crescente em

relação à percentagem de resíduos vegetais.

Tabela 5.2 – Teores de Celulose, Hemicelulose e Lignina no inicio e no final de fase de maturação Início da fase de maturação Composto maturado

Leiras Cel (%) Hem (%) Lig (%) Cel (%) Hem (%) Lig (%) L1 30,23 21,32 10,48 20,16 22,89 15,61 L2 31,49 22,08 11,12 22,25 24,01 17,03 L3 32,03 27,11 12,13 20,52 28,32 16,87 L4 38,42 27,92 13,54 27,05 28,01 18,01 L5 37,69 27,23 12,87 26,45 29,07 17,49 L6 39,02 28,20 13,70 29,20 28,12 17,90 L7 40,61 29,24 14,56 29,84 33,52 18,20

Cel = Celulose; Hem = Memicelulose; Lig = Lignina

Como pode ser observado na Tabela 5.2, todas as leiras apresentaram um

comportamento semelhante em relação à degradação de celulose, hemicelulose e lignina. A

perda de celulose foi da ordem de 30% durante a fase de maturação. Essa perda,

provavelmente, não foi maior devido parte da celulose já ter sido degradada na fase de

digestão, primeira etapa do processo de compostagem onde não foram medidos seus teores.

Os teores de hemicelulose sofreram um pequeno incremento em quase todas as leiras, exceto

nas leiras 4 e 6, onde os valores mantiveram-se praticamente constantes. Esse acréscimo de

hemicelulose pode está relacionado com a degradação incompleta da celulose, gerando

polímeros de cadeias mais curtas, sendo essas identificadas como hemiceluloses nas análises.

No caso das leiras 4 e 6, não houve acréscimo devido ao equilíbrio entre a geração de

hemicelulose pela quebra de celulose e o consumo de hemicelulose pelos microrganismos

presentes no processo.

Com relação aos teores de lignina, todas as leiras apresentaram um acréscimo,

observando-se um efeito de concentração, provavelmente em função da perda de material

(perda de volume) durante o processo. Esse efeito de concentração ocorre devido à

Page 81: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

81

degradação da lignina, pelos microrganismos presentes na compostagem, ser pequena em

relação à perda de massa nas leiras.

Os resultados obtidos de celulose, hemicelulose e lignina são condizentes com os

resultados apresentados por SIQUIERA (2006) ao estudar o processo de compostagem para o

cultivo de Agaricus blazei. As reduções dos teores de celulose encontrada por SIQUEIRA

(2006) foram da ordem de 50%, enquanto que no presente estudo essa redução foi de cerca de

30%. Entretanto, vale ressaltar que no presente estudo a determinação inicial foi realizada no

inicio da fase de maturação, após a fase de digestão, e o estudo realizado por SIQUEIRA

(2006), foi realizada no inicio do processo, onde parte da celulose e hemicelulose são

digeridas.

Através desse estudo pôde-se perceber também a relação dos teores de celulose,

hemicelulose e lignina com a composição inicial das leiras. As leiras montadas com maiores

quantidades de resíduos vegetais apresentaram teores mais elevados de substâncias

lignocelulósicas (MARÍN, 2005).

Aparentemente, o tamanho reduzido das leiras e as dimensões das partículas não

influenciaram de forma significativa nos resultados referentes à degradação de celulose,

hemicelulose e lignina, como pode ser observado na Tabela 5.2.

5.8 Contagem Microbiana

Durante o processo foi realizada a contagem das unidades formadoras de colônia

(UFC) dos fungos e bactérias de acordo com a metodologia apresentada no item 4.7. A

analise da atividade microbiana em relação à temperatura ficou comprometida devido à fase

termofílica do processo ter sido bastante curta, como já foi discutido no item 5.2, não sendo

feita nenhuma contagem nesse período. Assim sendo, a análise da atividade microbiana ficou

limitada a etapa de resfriamento e a etapa mesofílica da fase de maturação.

O pH e a umidade não influenciaram de forma significativa a atividade

microbiana, uma vez que o primeiro se manteve praticamente constante a partir da segunda

semana e a umidade foi controlada durante todo processo.

A seguir são apresentados os resultados qualitativos das contagens microbianas,

para cada leira separadamente, e em seguida são apresentados os resultados quantitativos de

forma comparativa entre as leiras.

Page 82: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

82

5.8.1 Leira 1

Na Figura 5.7 são apresentados os resultados das contagens microbianas

realizadas para leira 1.

(a) (b)

Figura 5.7 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 1.

Ao analisar a Figura 5.7-a, pode-se perceber que houve um acréscimo de UFC de

bactéria (L1bacteria) do 6° até o 41° dia de compostagem, onde a contagem bacteriana

excedeu o limite de contagem. Após esse período ocorreu um decréscimo da atividade

bacteriana à medida que o processo aproximou-se do final. Esse comportamento já era

esperado, já que as bactérias fermentativas, responsáveis pela degradação dos substratos mais

facilmente degradáveis começam a ceder espaço para os fungos responsáveis pela degradação

de substratos como a celulose e a lignina (SIQUEIRA, 2006). Entretanto, a redução da

atividade bacteriana foi menor e em um estado mais avançado da compostagem em

comparação as Leiras 2, 4 e 5, as quais serão apresentadas nos itens 5.8.2, 5.8.4 e 5.8.5,

respectivamente. Esse comportamento pode ser justificado pelo elevado percentual de

resíduos orgânicos presentes na composição inicial da Leira 1. Os resíduos orgânicos são

compostos basicamente por substratos de fácil degradação, sendo degradado

preferencialmente por bactérias fermentativas (ISHII et al. 2000). A presença de uma maior

quantidade de resíduo orgânico na leira pode ter ocasionado a redução tardia e lenta da

população bacteriana.

Em relação aos fungos (Figura 5.7-b), o decréscimo de UFC ocorreu mais cedo e

de forma mais acentuada (L1Fungo), em relação às Leiras 2, 4 e 5. O decréscimo iniciou-se já

no 41° dia de compostagem, após ter tido um pequeno acréscimo em relação ao 6° dia de

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL1 L1Bacteria

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

1,00E+008

2,00E+008

3,00E+008

4,00E+008

5,00E+008

6,00E+008

7,00E+008

8,00E+008

9,00E+008

UF

C/g

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL1 L1Fungo

Tempo (Dias)T

empe

ratu

ra (

°C)

1000000

2000000

3000000

4000000

5000000

6000000

7000000

8000000

9000000

10000000

11000000

12000000

13000000

UF

C/g

Page 83: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

83

compostagem. A provável causa desse comportamento pode ter sido a baixa porcentagem de

resíduos vegetais utilizados, o que proporcionou uma maturação mais rápida da Leira 1. A

presença bacteriana durante o processo foi significantemente maior que a presença de fungos

durante todo o processo.

5.8.2 Leira 2

Na Figura 5.8 são apresentados os resultados das contagens microbianas

realizadas para leira 2.

(a) (b)

Figura 5.8 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 2.

Como pode ser observado na Figura 5.8-a, ocorreu um acréscimo UFC de bactéria

(L2Bacteria) do 8° para o 35° dia de compostagem, onde a contagem bacteriana excedeu o

limite de contagem. Ocorreu um brusco decréscimo da atividade bacteriana a partir do 49° dia

de compostagem que se seguiu até o final do processo. Esse comportamento já era esperado,

já que as bactérias fermentativas, responsáveis pela degradação dos substratos mais

facilmente degradáveis começam a ceder espaço para os fungos responsáveis pela degradação

de substratos como a celulose e a lignina.

Em relação aos fungos (Figura 5.8-b, L2Fungo), pode-se observar uma quantidade

elevada de UFC no inicio da fase mesofílica de maturação, ocorrendo um decréscimo no 35°

dia, voltando a crescer no 49° dia de compostagem. No final do processo houve uma nova

queda da atividade microbiológica. Esse decréscimo final da atividade dos fungos,

provavelmente, é um indicativo do final do processo de compostagem e, consequentemente,

avançado grau de maturidade do composto.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL2 L2Fungo

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

2,00E+007

4,00E+007

6,00E+007

8,00E+007

UF

C/g

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL2 L2Bacteria

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

1,00E+008

2,00E+008

3,00E+008

4,00E+008

5,00E+008

6,00E+008

7,00E+008

UF

C/g

Page 84: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

84

5.8.3 Leira 3

Na Figura 5.9 são apresentados os resultados das contagens microbianas

realizadas para leira 3.

(a) (b)

Figura 5.9 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 3.

Como pode ser observado na Figura 5.9-a, ocorreu um decréscimo de unidades

formadoras de colônia (UFC) de bactéria (L3Bacteria) no 38° dia em relação ao 11° dia de

compostagem, havendo um crescimento brusco até no 52° seguido de um novo decréscimo no

final do processo.

A diminuição da atividade microbiana, principalmente de bactérias, no final do

processo já era esperada devido à redução de substrato disponível à medida que a matéria é

estabilizada (KIEHL, 1985).

Em relação aos fungos (Figura 5.9-b), pode-se observar um decréscimo de UFC

de fungos (L3Fungos) do 11° para o 38° dia, voltando a crescer a partir do 52°, apresentando

um crescimento mais acentuado no contagem realizada no 76° dia de compostagem. A

provável causa desse comportamento, mais uma vez, é o fato de no final do processo a leira

apresentar substratos de difícil degradação, a exemplo de celulose, hemicelulose e lignina, que

normalmente são degradadas por fungos (SIQUEIRA, 2006).

A maior presença (percentual) dessas substâncias, principalmente da lignina, pôde

ser observada nas analises de degradação das substâncias lignocelulóticas, apresentada no

item 5.5. A presença de bactérias foi superior durante todo processo de compostagem.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL3 L3Bacteria

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

1,00E+008

2,00E+008

3,00E+008

4,00E+008

5,00E+008

6,00E+008

7,00E+008

8,00E+008

UF

C/g

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL3 L3Fungo

Tempo (Dias)T

empe

ratu

ra (

°C)

4000000

8000000

12000000

16000000

20000000

24000000

28000000

32000000

36000000

40000000

44000000

48000000

UF

C/g

Page 85: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

85

5.8.4 Leira 4

Na Figura 5.10 são apresentados os resultados das contagens microbianas

realizadas para leira 4.

(a) (b)

Figura 5.10 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 3.

Como pode ser observado na Figura 5.10-a, referente à contagem bacteriana

(L4Bacteria), ocorreu um crescimento de unidades formadoras de colônia (UFC) até o 30°

dia, havendo uma queda no 50° dia, seguida de um pequeno decréscimo no 70° dia de

compostagem. Esse resultado assemelha-se aos resultados apresentados na Leira 2.

Em relação aos fungos (Figura 5.10-b), pode-se observar um decréscimo de UFC

de Fungos (L4Fungos) do 30° para o 50° dia, voltando a crescer no 70° dia de compostagem.

Assim como foi apresentado nas Leiras 1 e 3, a provável causa desse comportamento é o fato

de no final do processo, onde os substratos mais facilmente degradados já foram consumidos,

estarem presentes substratos mais difíceis de serem degradados, a exemplo das substâncias

lignocelulósicas, que normalmente são degradadas por fungos (SIQUEIRA, 2006). Apesar

disso, em geral, a presença de bactérias foi superior durante todo processo de compostagem.

5.8.5 Leira 5

Na Figura 5.11 são apresentados os resultados das contagens microbianas

realizadas para leira 5.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL4 L4Fungo

Tempo (Dias)T

empe

ratu

ra (

°C)

2,00E+007

4,00E+007

6,00E+007

8,00E+007

UF

C/g

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL4 L4Bacteria

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

1,00E+008

2,00E+008

3,00E+008

4,00E+008

5,00E+008

6,00E+008

UF

C/g

Page 86: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

86

(a) (b)

Figura 5.11 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 5.

Como pode ser observado na Figura 5.11a, ocorreu um acréscimo de unidades

formadoras de colônia (UFC) de bactéria do 8° para o 35° dia de compostagem, sendo que a

contagem nesse período excedeu o limite de contagem. A partir do 35° dia ocorreu um

decréscimo da atividade bacteriana que se seguiu até o final do processo. Esse resultado

assemelha-se aos resultados apresentados nas Leiras 2 e 4.

Em relação aos fungos, o comportamento da Leira 5 foi bastante semelhante à

Leira 2, porém apresentou uma maior atividade microbiana. No final do processo, as

atividades microbianas dos fungos, de ambas as leiras, tiveram a mesma ordem de grandeza,

fortalecendo a hipótese da aproximação do final do processo de compostagem.

5.8.6 Leira 6

Na Figura 5.12 são apresentados os resultados das contagens microbianas

realizadas para leira 1.

Como pode ser observado na Figura 5.12-a, referente à contagem bacteriana

(L6Bacteria), ocorreu um crescimento de unidades formadoras de colônia (UFC) até o 50° dia

de compostagem, havendo um pequeno decréscimo no 70°. Esse decréscimo provavelmente

está associado à proximidade do final do processo, onde as bactérias começam a ceder espaço

para os fungos responsáveis pela degradação de substâncias mais difíceis de serem degradas.

Em relação aos fungos (Figura 5.12b), pode-se observar um decréscimo de UFC

de fungos (L6Fungo) do 30° para o 50° dia, voltando a crescer no 70° dia de compostagem,

repetindo o comportamento das Leiras 1, 3 e 4 porém de forma mais acentuada, o que pode

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL5 L5Bacteria

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

1,00E+008

2,00E+008

3,00E+008

4,00E+008

5,00E+008

UF

C/g

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL5 L5Fungo

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

4000000

8000000

12000000

16000000

20000000

24000000

28000000

32000000

36000000

40000000

44000000

48000000

UF

C/g

Page 87: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

87

está associado à maior quantidade de resíduos vegetais (substâncias lignocelulósicas) em sua

composição inicial.

(a) (b)

Figura 5.12 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 6.

5.8.7 Leira 7

Na Figura 5.13 são apresentados os resultados das contagens microbianas

realizadas para leira 7.

(a) (b)

Figura 5.13 - Contagem microbiana e temperatura da Leira 7.

Ao analisar a Figura 5.13-a, pode-se perceber que houve um acréscimo de UFC

bacterianas (L7Bacteria) do 11° para o 35° dia de compostagem, seguido de sucessivos

decréscimos à medida que o processo aproximou-se do final, havendo um decréscimo brusco

entre 76° para 94° dia, onde o processo já estava praticamente finalizado. O decréscimo da

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL6 L6Fungo

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

2,00E+007

4,00E+007

6,00E+007

UF

C/g

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL6 L6Bactéria

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

1,00E+008

2,00E+008

3,00E+008

4,00E+008

5,00E+008

6,00E+008

7,00E+008

UF

C/g

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL7 L7Bacteria

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

2,00E+007

4,00E+007

6,00E+007

8,00E+007

1,00E+008

UF

C/g

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

TempL7 L7Fungo

Tempo (Dias)

Tem

pera

tura

(°C

)

5,00E+007

1,00E+008

1,50E+008

2,00E+008

2,50E+008

UF

C/g

Page 88: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

88

atividade bacteriana ocorreu de forma bastante lenta, apresentando uma queda acentuada

apenas no final do processo.

Em relação aos fungos (Figura 5.13-b), houve uma oscilação em relação à UFC de

fungos (L7Fungos) durante o processo de compostagem. Ocorreu um crescimento bastante

acentuado entre o 11° e 35° dia, seguido de uma queda no 56° dia. No 76° dia houve um

pequeno acréscimo e em seguida um decréscimo de UFC, sinalizando o final do processo de

compostagem. Ao contrário do que ocorreu na Leira 6, a atividade dos fungos foi bastante

elevada na fase de maturação, apresentando valores superiores aos apresentados pelas

bactérias. Esse comportamento está associado à elevada percentagem de resíduo vegetal, rica

em substâncias lignocelulósicas, normalmente degrada por fungos, concordando com KIEHL

(1985), SHARMA (1995) e SIQUEIRA (2006).

5.8.8 Análise Quantitativa da Contagem Microbiana

Após uma análise qualitativa do comportamento da atividade microbiana durante

o processo de compostagem, a contagem microbiana será melhor discutida quantitativamente,

fazendo-se um comparativo entre as leiras e em relação à composição inicial das mesmas. Na

Figura 5.14 são apresentados os valores máximos obtidos nas contagens de bactérias e fungos.

L1 L2 L3 L4 L5 L6 L70,00E+000

1,00E+008

2,00E+008

3,00E+008

4,00E+008

5,00E+008

6,00E+008

7,00E+008

8,00E+008

UF

C/g

Leiras

Bactérias Fungos

Figura 5.14 – Atividade bacteriana e de fungos máximas para as sete leiras estudadas

Page 89: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

89

Ao analisar a Figura 5.14 pode-se perceber que, de modo geral, existe uma relação

entra a atividade bacteriana e a porcentagem inicial de resíduo orgânico. As leiras com maior

porcentagem de resíduos orgânicos apresentaram uma quantidade maior de unidades

formadoras de colônias de bactéria. O contrário foi observado em relação às unidades

formadoras de colônia dos fungos. Os resultados seguiram uma tendência apresentada na

literatura (KIEHL, 1985; SHARMA, 1995; MARÍN et al., 2005, SIQUEIRA, 2006), que

relaciona a degradação dos resíduos vegetais aos fungos lignocelulósicos, explicando a maior

presença de fungos nas leiras com maiores teores de resíduos provenientes das podas. Os

resultados da atividade bacteriana também foram coerentes com a literatura, já que as

bactérias estão relacionadas com a degradação das substâncias de mais fácil degradação,

presente nos resíduos orgânicos (KIEHL, 1985; ISHII et al. 2000; MARÍN, 2005).

Na Figura 5.15 são apresentadas a atividade microbianas total para as sete leiras

estudadas.

L1 L2 L3 L4 L5 L6 L70,00E+000

1,00E+008

2,00E+008

3,00E+008

4,00E+008

5,00E+008

6,00E+008

7,00E+008

8,00E+008

UF

C/g

Leiras

Bactérias Fungos

Figura 5.15 – Atividade microbiana total

Como pode ser observado na Figura 5.15, a atividade microbiana teve uma

relação com a composição inicial das leiras. Quanto maior a percentagem de resíduos

orgânicos na composição inicial da leira maior foi sua atividade microbiana, com exceção da

Leira 6 que apesar de apresentar uma pequena percentagem de resíduos orgânicos (40%)

apresentou uma elevada atividade microbiana.

Page 90: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

90

O estuda da relação da atividade microbiana com o tamanho das partículas, foi

realizado através da comparação das leiras 2 e 3 e leiras 4 e 5, que tiveram mesmas

composições iniciais e diâmetros de partículas diferentes. As leiras que apresentaram um

maior diâmetro de partículas, Leira 2 e Leira 4, apresentaram maior atividade microbiana em

relação à Leira 3 e Leira 5, respectivamente. A provável causa desse comportamento pode ser

explicada pela limitação de oxigênio nas Leiras 3 e 5. Quanto menor for o tamanho das

partículas, maior é a sua superfície específica e, portanto, mais fácil é o ataque microbiano ou

a disponibilidade biológica das partículas, mas em contrapartida, aumentam os riscos de

compactação e de falta de oxigênio (KIEHL, 2002).

5.9 Tempo de compostagem

A determinação do tempo de compostagem baseou-se em informações obtidas no

monitoramento de todos os parâmetros citados anteriormente. Como exemplo pode-se citar a

temperatura, no final do processo de compostagem a temperatura aproxima-se da temperatura

ambiente, demonstrando a redução da atividade microbiana, outro parâmetro que também

serviu de indicativo. A cor e o odor foram outros parâmetros essenciais para identificação do

fim do processo, assim como o valor do pH e os teores de nitrogênio e substâncias

lignocelulósicas. Na Tabela 5.5 são apresentados os resultados para o tempo de compostagem

e as características iniciais das leiras.

Tabela 5.3 – Tempo de compostagem e características iniciais das leiras Tempo de Compostagem Composição Inicial Diâmetro de partículas Leira 1 75 dias 70% de resíduo orgânico

30% de resíduo de poda Grande

Leira 2 83 dias 60% de resíduo orgânico 40% de resíduo de poda

Grande

Leira 3 86 dias 60% de resíduo orgânico 40% de resíduo de poda

Pequeno

Leira 4 81 dias 50% de resíduo orgânico 50% de resíduo de poda

Grande

Leira 5 83 dias 50% de resíduo orgânico 50% de resíduo de poda

Pequeno

Leira 6 90 dias 40% de resíduo orgânico 60% de resíduo de poda

Grande

Leira 7 95 dias 30% de resíduo orgânico 70% de resíduo de poda

Grande

Ao analisar a Tabela 5.3, pode-se perceber uma relação do tempo de

compostagem com a composição inicial da leira e com o diâmetro de partículas . As leiras que

Page 91: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

91

apresentaram maiores percentagem de resíduos orgânicos apresentaram os menores tempos de

compostagem. Esse comportamento já era esperado, já que os resíduos orgânicos, ricos em

nitrogênio, são mais facilmente degradados, como foi explicado anteriormente no item 5.8.

Com relação ao diâmetro de partícula, as leiras com partículas de maior diâmetro

apresentaram menores tempo de compostagem. Esse comportamento deve estar relacionado

com a maior atividade microbiana registrada nessas leiras, como foi apresentado no item

anterior.

De maneira geral, o tempo de compostagem para o processo em pequena escala

não apresentou divergência em relação ao processo em escala convencional, durando

aproximadamente 3 meses (KIEHL, 1983; HAUG, 1993; MARÍN, 2005; BRITO, 2006).

5.10 Matéria Orgânica, Macronutrientes e Micronutrientes

Após o processo de compostagem os diversos compostos gerados foram

analisados em relação aos teores de matéria orgânica, macro e micronutrientes. Os resultados

obtidos, utilizando a unidades indicadas pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, são

apresentados na Tabela 5.4.

Tabela 5.4 - Resultados de teores de material orgânica macro e micronutrientes Parâmetro Unidade L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7

Matéria Orgânica g.dm-3 96,8 110 113 87,6 110 94,4 115

Cálcio cmol.dm-3 7,77 8,3 6,96 8,15 7,25 7,89 12,9

Magnésia cmol.dm-3 3,23 3,4 3,44 2,65 3,45 3,81 6,3

Sódio cmol.dm-3 0,14 0,12 0,2 0,21 0,12 0,15 0,22

Potássio cmol.dm-3 0,8 0,49 1,54 0,83 0,61 0,79 1,52 Fósforo cmol.dm-3 1,99 1,84 0,83 1,29 1,57 1,26 0,37 Ferro mg.Kg-1 912,5 755 1087,5 785 850 990 293 Cobre mg.Kg-1 0,28 0,58 0,91 0,31 0,78 0,39 ND Manganês mg.Kg-1 22,45 25,75 20,95 20 24,63 12,4 12,2 Zinco mg.Kg-1 21,05 31 26,25 20,5 58,5 17,55 15

Os resultados de matéria orgânica, macro e micronutrientes apresentados nas

análises das leiras do presente estudo ficaram abaixo dos resultados obtidos por outros autores

que estudaram o processo de compostagem utilizando resíduos urbanos em escala

convencional (ALMEIDA, 2003; FACHINI, 2004; TEXEIRA et al., 2004a; TEXEIRA et al.

2004b; RUPPENTHAL e CASTRO, 2005). Esse comportamento pode ser explicado devido

Page 92: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

92

esses elementos estarem em sua forma mineralizada, sujeitas a lixiviação. Por se tratar de um

processo de pequena escala e a céu aberto, as chuvas ocorridas (item 5.1) e as regas

constantes para o controle da umidade, podem ter provocado a lixiviação de parte desses

nutrientes.

Apesar dos valores de nutrientes mais baixos que os compostos apresentados na

literatura, os compostos gerados no presente estudo, ainda sim, apresentam valores de

nutrientes satisfatórios, principalmente se comparado com os solos da região dos tabuleiros

costeiros de estado de Sergipe, como será melhor apresentado na Tabela 5.5.

Para facilitar o entendimento dos resultados de forma quantitativa, foi feita uma

transformação de unidades de cmolc.dm-3 para g.Kg-1 para o macronutrientes e de cmolc.dm-3

para mg.Kg-1 para os micronutrientres. Essa transformação também irá facilitar a comparação

que será realizada com os resultados de analises do solo dos tabuleiros costeiros no estado de

Sergipe, apresentado por CINTRA e LIBARDI (1998). Os resultados em (g.Kg-1) são

apresentados na Tabela5.7.

Tabela 5.5 - Resultados de teores de material orgânica macro e micronutrientes em( g.Kg-1) Parâmetro Unidade L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 Solo* Matéria Orgânica g.Kg-1 96,8 110 113 87,6 110 94,4 115 22

Cálcio g.Kg-1 3,11 3,33 2,79 3,27 2,91 3,16 5,17 0,24

Magnésia g.Kg-1 0,80 0,84 0,85 0,66 0,86 0,94 1,56 0,12

Sódio g.Kg-1 0,03 0,03 0,05 0,05 0,03 0,03 0,05 0,03

Potássio g.Kg-1 0,31 0,19 0,60 0,32 0,24 0,31 0,0012 0,0002 Fósforo g.Kg-1 0,62 0,57 0,26 0,40 0,49 0,39 0,11 0,01 Ferro g.Kg-1 0,91 0,76 1,09 0,79 0,85 0,99 0,09 NR Cobre g.Kg-1 0,0003 0,0006 0,0009 0,0003 0,0008 0,0004 0,2930 NR Manganês g.Kg-1 0,022 0,026 0,021 0,020 0,025 0,012 ND NR Zinco g.Kg-1 0,021 0,031 0,026 0,021 0,059 0,018 0,012 NR

*Solo dos Tabuleiros Costeiros do estado de Sergipe (CINTRA e LIBARDI, 1998). ND – Não detectado NR – Não realizado

Como pode ser observado na Tabela 5.5, os resultados de matéria orgânica,

macro, micronutrientes das leiras estão bem acima dos resultados apresentados por CINTRA

e LIBARDI (1998), demonstrando que os solos dessa região apresentam carência de

nutrientes e matéria orgânica.

As Figuras 5.16 a 5.18 apresentam o comparativo dos teores de matéria orgânica e

macronutrientes entre as leiras e o solo. Os valores de micronutrientes não são apresentados

por não terem sido analisados por CINTRA e LIBARDI (1998).

Page 93: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

93

Teores de Matéria Orgânica

0

20

40

60

80

100

120

140

L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 Solo

Mat

éria

Org

ânic

a (g

/Kg)

Figura 5.16 – Teores de Matéria Orgânica

Teores de Macronutrientes

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 SoloLeiras

Con

cent

raçã

o (g

/Kg)

Magnésia

Cálcio

Figura 5.17 – Teores de Macronutrientes (Cálcio e Magnésio)

Teores de Macronutrientes

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 Solo

Leiras

Con

cent

raçã

o (g

/Kg)

Sódio

Potássio

Fósforo

Figura 5.18 – Teores de Macronutrientes (Sódio, Potássio e Fósforo)

Através das analises das Figuras 5.16 a 5.18, pode-se perceber que os teores de

matéria orgânica dos compostos ficaram cerca de 4 a 5 vezes maior que os teores

apresentados nos solos. Os valores de cálcio e magnésio também foram consideravelmente

mais elevados, cerca de 6 e 13 vezes, respectivamente. Em relação aos valores de fósforo e

potássio foram obtidos valores em média 80 e 10 vezes maiores, respectivamente, sendo que

apenas para o sódio os valores foram similares. Com isso, pode-se demonstrar que o método

de compostagem em pequena escala, utilizando resíduos sólidos urbanos, é viável para

Page 94: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

94

produção de composto orgânico com potencial para utilização não só como condicionador de

solo, como também, para fertilizante orgânico do solo, sobre tudo, na região dos Tabuleiros

Costeiros do Estado de Sergipe.

5.11 Densidade Aparente dos Compostos

Para caracterização física dos compostos gerados e do solo utilizado para

preparação das mudas de girassol, foi realizada análise da densidade aparente, segundo

metodologia apresentada no item 4.10, cujos resultados são apresentados na Tabela 5.6,

juntamente com as porcentagens de resíduos orgânicos utilizados na composição inicial das

leiras .

Tabela 5.6 – Densidade Aparente (g/cm3) e porcentagem de resíduos orgânicos dos Compostos Parâmetro L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 Solo Densidade (g/cm3) 0,59 0,56 0,57 0,56 0,55 0,50 0,45 1,47 Resíduo orgânico (%) 70 60 60 50 50 40 30 00

Segundo KIEHL (1985), a matéria orgânica reduz a densidade aparente do solo,

trazendo benefícios e melhorando as características físicas do mesmo. Ainda segundo esse

autor, os solos arenosos, de textura grosseira, apresentam densidade que variam de 1,4 a 1,6

g/cm3 e os solos argilosos, de textura fina, apresentam valores de 1,2 a 1,4 g/cm3. Segundo

GROLLI (1991), o valor de densidade considerado satisfatório para propagação de plantas

varia de 0,17 a 1,0 g/cm3. Sendo assim, tanto os solos arenosos como os argilosos necessitam

da incorporação de material de menor densidade para atingir a faixa satisfatória.

A adubação com matéria orgânica, quando empregada em quantidade adequada,

reduz a densidade aparente da camada que recebeu o material, sendo esse efeito imediato,

uma vez que está incorporando á terra, com densidade semelhante aos valores anteriormente

citados, um material cuja densidade média varia de 0,2 a 0,6 g/cm3 (KIEHL, 1985).

Como pode ser observado na Tabela 5.8, o valor de densidade aparente dos

compostos variou de 0,45 g/cm3 (Leira 7) a 0,59 g/cm3 (Leira 1), ficando dentro da faixa

considerada satisfatório por GROLLI (1991) e apresentando concordância com valores

apresentados na literatura (FACHINI, 2004; GUERRINI & TRIGUEIRO, 2004;

HOFFMANN JUNIOR et al., 2007). Já o resultado da densidade aparente do solo, 1,47

g/cm3, apresentou um valor superior ao da faixa estabelecida por GROLLI (1991), sendo

enquadrado na faixa dos solos arenosos de textura grossa.

Page 95: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

95

Segundo De BOODT e VERDONCK (1972), apud LACERDA et al. (2006),

quanto maior a densidade aparente, maior a compactação, menor estrutura e menor

porosidade total tem o solo, sendo maiores as restrições para o crescimento e

desenvolvimento das plantas. Solos com densidade elevadas, entre 1,7 a 1,9 g/cm3, inibem de

forma significativa a emergência das sementes e dificultam a penetração e desenvolvimento

das raízes (KIEHL, 1985). Em relação à produção de mudas, substratos com densidade

elevada, ainda influenciam de forma negativa por elevar os custos de transporte do local de

produção aos locais onde as mudas serão utilizadas (KAMPF, 2000).

Em contrapartida, substratos de baixa densidade podem ocasionar problemas de

fixação das plantas e tombamento no cultivo, principalmente em espécies arbórea e de rápido

crescimento, demonstrando a necessidade de se manter uma faixa satisfatória do valor de

densidade dos substratos (SCHMITZ, 2002).

Ainda baseado nos resultados obtidos, pôde-se perceber uma relação entre a

quantidade de material orgânica oriundo do resíduo de feira livre com o incremento da

densidade aparente. À medida que se elevou a dose de resíduo orgânico no substrato utilizado

para montagens das leiras, obteve-se maior densidade aparente (Tabela 5.6). Esse

comportamento também foi observado por STRINGHETA et al. (1997), ao estudar as

características físicas de substratos contendo composto de lixo urbano e casca de arroz

carbonizada. Entretanto, mesmo a Leira 1, composta por 70% de resíduo orgânico, o resultado

de densidade encontrou-se dentro da faixa satisfatória.

Vale ressaltar que as melhorias das condições físicas do solo são consideradas de

grande importância por serem relativamente difíceis de serem controladas, uma vez que os

fertilizantes minerais, normalmente, só melhoram as condições químicas do solo - macro e

micronutrientes (SCHMITZ, 2002).

Os compostos gerados no presente estudo apresentaram valores de densidade

aparente satisfatória, apresentando potencial para melhoria das propriedades físicas do solo e,

consequentemente, para sua utilização como substrato, trazendo benefícios para o cultivo e

produção de mudas. Esse assunto será melhor discutido no item 5.13.

5.12 Condutividade Elétrica (CE)

Ao final do processo de compostagem os compostos gerados foram analisados em

relação aos valores de condutividade elétrica, de acordo com a metodologia apresentada no

item 4.9 do capítulo anterior. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 5.7.

Page 96: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

96

Tabela 5.7 - Condutividade Elétrica dos compostos produzidos UNIDADE L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 Condutividade Elétrica dS/m 4,14 4,51 5,4 4,37 4,74 5,54 4,11

Como pode ser observado na Tabela 5.7, os valores de condutividade elétrica dos

compostos são elevados em relação a valores apresentados em solos, uma vez que solos com

condutividade acima de 4,0 dS.m-1 já pode ser considerado um solo salinizado (BUCKMAN e

BRANDY, 1979). Segundo SÁNCHEZ-MONEDERO et al. (2001), existe uma tendência de

elevação da condutividade elétrica durante o processo de compostagem. O aumento da

condutividade ao longo do processo de compostagem provavelmente é devido ao aumento da

concentração de sais causado pela perda de massa relacionada à oxidação da matéria orgânica

a CO2 (NEGRO et al., 1999).

Há estudos comprovando que a partir de determinados níveis, o adubo orgânico

pode limitar a produção, por provocar salinização do solo, devido à elevada concentração de

íons, os quais variam de acordo com o material que deu origem ao adubo orgânico (COSTA,

1994). Segundo GENEVINI et al. (1991), a elevação da CE do extrato de saturação do solo é

comum após a aplicação de composto orgânico de lixo urbano ao solo devido aos altos teores

de K e Na desses materiais. HERNÁNDEZ et al. (1992) observaram que a CE, inicialmente

2,86 dS.m-1, alcançou 4,28 dS.m-1 ao adicionar ao solo 180 t.ha-1 de composto orgânico de

lixo urbano. Resultados semelhantes também foram obtidos por COSTA (1994).

Entretanto, normalmente ocorre um decréscimo na concentração salina da

superfície do solo adubado com composto orgânico, devido à lavagem de íons solúveis ou em

suspensão, proporcionada pelo movimento descendente da água das precipitações pluviais ou

de sistemas de irrigação (OLIVEIRA, 2000). Como existem variações nesses efeitos em

função do solo (ABREU JUNIOR et al., 2000) e do regime pluviométrico de cada região, é

recomendável que a aplicação de composto de lixo em solos seja monitorada com relação a

esta variável.

Esse efeito de redução da condutividade que ocorre no solo também pode ser

constatado no próprio composto. Os valores de condutividade dos compostos estudados

provavelmente só não foram maiores devido ao regime de regas para o controle da umidade e

as chuvas que ocorrem no período de compostagem, já que as leiras foram montadas a céu

aberto (item 5.1). Este fato contribuiu para que os valores da condutividade dos compostos

gerados pelo processo em pequena escala fossem menores em relação aos valores de

Page 97: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

97

compostos gerados em escala convencional apresentados na literatura (HERNÁNDEZ et al.

1992; COSTA, 1994).

Vale ressaltar também que as dosagens de aplicação de composto podem ser

controladas. Para produção de mudas, por exemplo, é aconselhada a utilização de 30 a 40% de

composto para 60% de outros substratos, dependendo das características dos mesmos

(BRASIL, 2003; MENDONÇA et al., 2007; ALMEIDA, 2003). Já para aplicação ao solo as

dosagens devem ser estimadas a partir de dados climáticos (precipitação pluviométrica) e

características iniciais de salinidade do solo e da espécie que será cultivada, a fim de evitar a

salinização dos solos tratados com este tipo de composto (COSTA, 1994; HERNÁNDEZ et

al., 1992; SANTOS et al., 1999).

5.13 Metais Pesados

As análises para detecção dos teores de metais pesados foi realizado somente na Leira

1, por ser a leira com maior percentagem de resíduos orgânicos, que por sua vez apresenta

maior potencial para presença de substâncias desse tipo, em relação ao resíduo das podas. Na

Tabela 5.8 são apresentados os resultados obtidos para os principais metais encontrados neste

tipo de resíduos, fazendo-se uma comparação com os limites estabelecidos na legislação

americana e européia (GROSSI ,1993; SILVA et al. 2002)

Tabela 5.8– Teores de metais pesados (mg kg-1) da Leira 1 em comparação aos níveis permissíveis em alguns paises da Europa e Estados Unidos Metal Leira 1 Alemanha Áustria Suíça Itália Holanda EUA Pb 0,05 150 900 150 500 20* 500 Cu 0,165 100* 1000 150 600 300 500 Zn 0,3825 400* 1500 500 2500 900 1000 Cr 0,1 100 300 - 500 50* 1000 Ni 0,1 50* 200 - 200 50* 100 Cd 0,025 15 6 3 10 2* 10

*Valores mais restritivos

Como pôde ser observado na tabela 5.8, os níveis de metais pesados ficaram bem

abaixo dos teores estabelecidos nas legislações citadas. MONTEIRO (2001), afirma que a

concentração de metais pesados na maioria dos fertilizantes orgânicos produzidos no Brasil,

estão abaixo dos valores limites estabelecidos pelas normas da EPA (Agência de Proteção

Ambiental Americana) e da União Européia, ressaltando que o Brasil ainda não conta com

norma técnica própria que estabeleça limites para os metais pesados nestes fertilizantes.

Page 98: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

98

A presença de metais pesados nos compostos de lixo urbano está relacionada com a

maneira que o lixo foi coletado e, quando necessário, separado. Os baixos teores apresentados

no composto estudado ocorreram devidos aos resíduos utilizados terem sido provenientes de

uma coleta seletiva realizada em feiras livres de Aracaju. Quando os resíduos passam por um

processo convencional de coleta para depois sofrer a triagem as chances de contaminação, não

só por metais mas também por outras substâncias tóxicas, são maiores.

O controle da presença de metais pesados no composto faz-se necessário porque

uma vez adicionados ao solo esses podem ser absorvidos pela planta, entrando assim na

cadeia alimentar. Segundo SILVA et al. (2002), é possível reduzir os níveis de metais pesados

nos compostos orgânicos provenientes de lixo urbano. A adoção de uma coleta seletiva

eficiente e a o uso de um separador balístico e de um eletroímã no final da esteira de catação

em usinas de triagem são exemplos. O processo de compostagem em pequena escala trás

como vantagem o fato de que, geralmente, os resíduos utilizados no processo são gerados no

próprio local, reduzindo os riscos de contaminação, além de evitar gastos com o transporte

dos resíduos.

A utilização de um composto de lixo que possua uma composição compatível com

os valores citados nas legislações européias, mesmo as menos restritivas, e em doses mais

elevadas (80 a 150 Mg.ha-1), não deve haver problemas de fitotoxidez em solos (SILVA et al.,

2002; MARCHIORI, 2000; LIMA et al., 1999).

Sendo assim, em relação aos níveis de metais pesados, os compostos gerados no

presente estudo não apresentam restrições para sua utilização como substrato e aplicação ao

solo.

5.14 Determinação da Massa Seca

Foi analisada a massa seca da parte aérea de duas espécies de girassóis, Aguará e

V200, utilizando os compostos produzidos no presente estudo. A escolha dessas espécies se

deu pelo fato de suas propriedades de rápido crescimento, serem espécies ornamenteis, por

apresentarem propriedades fitoterápicas (UNGARO, 2000), e com potencial para produção de

biodiesel (HOLANDA, 2004), ou seja, por apresentarem uma vasta utilização.

Durante o estudo não foi possível realizar a pesagem da massa seca do sistema

radicular devido à ocorrência de enovelamento das raízes, ocasionada pela utilização de sacos

de polietileno de pequena dimensão para o tempo de estudo. Esse fato pode ter influenciado

Page 99: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

99

nos resultados da massa seca da parte aérea, entretanto não compromete o estudo comparativo

entre os tratamentos utilizados, uma vez que todos os tratamentos foram submetidos às

mesmas condições.

Na tabela 5.9 são apresentados os valores médios da produção de massa seca da

parte aérea para as espécies V2000 e Águara.

Tabela 5.9 – Valores médios da produção de massa seca trinta e cinco dias após o plantio.

Tratamentos Massa Seca da Parte Aérea (g)

V2000 Águara

T1(70% T + 30% C L1) 7,78 a 7,62 a

T2(60% T + 40% C L2) 4,15 bc 5,73 bc

T3(60% T + 40% C L3) 3,50 bd 5,33 b

T4(50% T + 50% C L4) 2,57 ef 2,53 d

T5(50% T + 50% C L5) 4,56 cg 6,52 c

T6(40% T + 60% C L6) 3,30 de 3,75 e

T7(30% T + 70% C L7) 5,12 g 5,01 b

T8(100% T) 3,02 df 3,21 de *Média de 5 plantas por tratamento ** Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%. T = Terra fertilizada; C = Composto

Na Tabela 5.10 são apresentados os resultados das análises realizadas na terra

utilizada como substrato para produção das mudas.

Tabela 5.10 – Composição química da terra fertilizada utilizada nos tratamentos Parâmetro M.O. Ca Mg Na K P Fe Cu Mn ZN g.dm-3 (cmol.dm-3) (mg.Kg-1)

Terra 81,7 8,22 3,08 1,90 11,2 3,62 73,0 ND 108 22,726 M.O. = Matéria Orgânica ND = Não Detectado

Como pode ser observado na Tabela 5.10, os valores de macro e micronutrientes

da terra utilizada para a avaliação da massa seca foram elevados, caracterizando a presença de

fertilizante mineral. Entretanto, foi requisitado aos funcionários da empresa de jardinagem da

Universidade Tiradentes terra preta isenta de fertilizante mineral. Apesar disso, ainda foi

possível a realização da análise da produção de massa seca entre os diferentes compostos

produzidos, uma vez que todos os tratamentos foram submetidos às mesmas condições, com

exceção do Tratamento 8, onde foi utilizado 100% de terra.

A utilização da terra fertilizada em todos os tratamentos fez com que os nutrientes

deixassem de ser limitantes no processo de desenvolvimento das mudas.

Page 100: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

100

Na Figura 5.19 são apresentados os valores das médias da massa seca obtidas após

35 dias do plantio, para todos os tratamentos e para as duas espécies estudadas.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

V2000 Águara

Espécies estudadas

Mas

sa s

eca

(gra

mas

)T1

T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8

Figura 5.19– Massa seca da parte aérea, em gramas, para as espécies estudadas

Através da análise da Figura 5.19 e da Tabela 5.9, pode-se perceber que os

tratamentos que utilizaram os compostos apresentaram médias mais elevadas que o

tratamento que utilizou apenas terra, com exceção do Tratamento 4, que apesar de ter

apresentado uma média menor foi considerado estatisticamente igual pelo teste de Tukey a

5% para as duas espécies estudadas.

A provável causa desse comportamento deve ser devido às melhorias nas

características físicas do substrato provocada pela adição de composto (itens 3.2.3 e 3.4.9), a

exemplo da densidade, apresentada no item 5.10.

Com relação às mudas da espécie V2000 o Tratamento 1 destacou-se dos demais

tratamentos, apresentados valores mais elevados. Esse comportamento também pôde ser

observado na espécie Aguará, porém de forma menos acentuada. Nos dois casos, a media do

Tratamento 1 diferenciou-se estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%, das médias dos

demais tratamentos.

Não houve uma relação direta da produção de massa seca da parte aérea em

relação à composição inicial das leiras, nem com o diâmetro das partículas.

Page 101: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

101

6. CONCLUSÕES

As principais conclusões obtidas, com a realização do presente estudo, são

apresentadas a seguir separadas por assunto desenvolvido.

6.1 Monitoramento das Leiras

O monitoramento das leiras foi realizado através de estudos avaliando-se a

umidade, temperatura, pH, Nitrogênio Total de Kjeldahl (NTK), celulose, hemicelulose,

lignina e contagem microbiana; e observou-se:

a) Apesar da necessidade de maior controle da umidade na fase de maturação, a umidade

não foi um parâmetro limitante neste estudo;

b) A fase termofílica no processo de compostagem em pequena escala foi menor em

relação ao processo em escala convencional, assim como as temperaturas máximas

obtidas, porém, com exceção das Leiras 5 e 7, foram suficientes para eliminar a

maioria dos organismos patogênicos que possam está presentes no processo;

c) Os compostos produzidos também se mostraram como bons condicionantes de solo,

apresentando potencial para melhorar as propriedades físicas do solo e o pH de solos

ácidos;

d) A degradação do nitrogênio, celulose, hemicelulose e lignina apresentaram

comportamento semelhante ao processo de compostagem em escala convencional, não

limitando o processo em pequena escala;

e) O processo de compostagem apresentou uma atividade microbiana intensa durante

todo processo e um comportamento condizente com o da literatura especializada. A

contagem microbiana serviu como parâmetro de controle, servindo para identificação

das etapas do processo.

6.2 Caracterização do Processo de Compostagem e dos Compostos

A caracterização dos compostos gerados no presente estudo, foram realizadas

através da análise da matéria orgânica, macronutrientes e micronutrientes, densidade

Page 102: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

102

aparente, condutividade elétrica, metais pesados e determinação da produção de massa

seca da parte aérea, podendo-se concluir que:

a) Em relação aos nutrientes, o método de compostagem em pequena escala, utilizando

resíduos sólidos urbanos, mostrou-se viável para produção de composto orgânico com

potencial para utilização como fertilizante, sobretudo, na região dos Tabuleiros

Costeiros do Estado de Sergipe;

b) Com relação a densidade aparente, todas os tratamentos apresentaram valores de

densidade satisfatórios, apresentando potencial para melhoria das propriedades físicas

do solo, a exemplo da retenção de água, estruturação e porosidade, e para utilização

como substrato;

c) Os valores da condutividade elétrica dos compostos foram elevados em relação a

valores apresentados em solos, sendo recomendável o monitoramento dessa variável

para evitar a salinização de solos que sejam adubados com esse tipo de composto.

Entretanto este comportamento não está associado ao processo em pequena escala,

mas à utilização dos resíduos urbanos. O processo em pequena escala pode contribuir

para a redução desses valores uma vez que as leiras de menores dimensões são mais

susceptíveis ao processo de lixiviação dos sais

d) Os teores de metais pesados analisados nos compostos foram muito inferiores aos

estabelecidos nas principais legislações européias e americana, não apresentam

restrições para sua utilização como substrato e aplicação ao solo. Esse comportamento

ocorreu principalmente pelo fato dos resíduos serem oriundos da coleta seletiva,

apresentando-se como uma vantagem do processo em pequena escala;

e) Os compostos gerados no presente estudos, a partir de resíduos urbanos, apresentaram

potencial para utilização como substrato, com destaque para Leira 1, que apresentou o

maior incremento na produção de massa seca da parte aérea em relação aos demais

tratamentos.

A partir dos resultados apresentados ao longo do trabalho, pode-se concluir que os

objetivos inicialmente propostos foram alcançados, ou seja, avaliar a viabilidade do processo

de compostagem em pequena escala, através do monitoramento do processo e análise do

produto obtido visando sua utilização como substrato.

Page 103: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

103

Neste aspecto, verificou-se que o diâmetro das partículas influenciou apenas no

tempo de compostagem e na atividade microbiana, sem alterar de forma significativa as

características finais dos compostos. Já a composição inicial das leiras influenciou

diretamente no tempo de compostagem, nos teores de nitrogênio e das substâncias

lignocelulósicas, na densidade e na atividade microbiana.

Verificou-se também que, de uma forma geral, todas as composições iniciais das

leiras estudadas geraram compostos de boa qualidade, sendo sua utilização dependente da

disponibilidade de resíduos orgânicos e podas. Entretanto vale ressaltar que a Leira 1

destacou-se das demais, principalmente, devido ao reduzido tempo de compostagem, maior

atividade microbiana e por ter apresentado melhores resultados em relação à produção de

massa seca, uma vez que os demais parâmetros analisados não apresentaram diferenças muito

significativas entre as leiras.

A principal contribuição do presente trabalho foi demonstrar que o processo de

compostagem em pequena escala, quando bem conduzido, não apresentou riscos a saúde, até

mesmo em ambientes urbanos, ampliando as oportunidades de aplicação de um método

sustentável para o tratamento dos resíduos sólidos urbanos.

Page 104: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

104

7. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Através do presente estudo constatou-se a viabilidade da realização do processo

de compostagem em pequena escala. Entretanto, devido algumas particularidades do método

e visando a obtenção de maiores informação, visto a importância da aplicação do processo de

compostagem, faz-se necessário a realização de alguns trabalhos, são eles:

1) Realizar estudos aprofundados em relação à umidade durante o processo de

compostagem com leiras de pequenas dimensões;

2) Estudar de forma mais aprofundada a presença de organismos patogênicos, uma vez

que as temperaturas máximas não ultrapassam 60°C e a fase termofílica foi bastante

curta;

3) Estudar com maior detalhe a redução do volume das leiras durante o processo de

compostagem, a fim de estabelecer uma relação entre produção e demande de

composto;

4) Realizar a contagem microbiana na fase termofílica, que no caso da compostagem em

pequena escala utilizando resíduos urbanos ocorreu já nas primeiras horas de

compostagem;

5) Realizar estudos para identificação dos microrganismos presentes no processo de

compostagem em pequena escala, a fim de comparar com os microrganismos

presentes no processo em escala convencional;

6) Realizar estudos mais detalhados em relação ao diâmetro de partículas e,

consequentemente, aeração das leiras;

7) Estudar o processo de compostagem em pequena escala com outros tipos de resíduos,

a exemplo dos resíduos agrícolas, visando sua aplicação na agricultura familiar;

8) Realizar o processo de compostagem utilizando os resíduos gerados na Universidade

Tiradentes;

9) Realizar trabalhos de divulgação do processo de compostagem em pequena escala,

utilizando-o como instrumento de educação ambiental.

Page 105: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

105

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2004. Resíduos sólidos – Classificação -

NBR 10.004. Rio de Janeiro.

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1987. Amostragem de Resíduos –

Procedimento – NBR 10.007. Rio de Janeiro.

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.

Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2006. São Paulo, SP, 2006.

ABREU JUNIOR, C. H.; MURAOKA, T.; LAVORANTE, A. F.; ALVAREZ, V. F. C.

Condutividade elétrica, reação do solo e acidez potencial em solos adubados com composto

lixo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 24, n. 3, p. 645-657, 2000.

ALMEIDA, A. Composto de Lixo Urbano na Composição Química do Solo e seus Efeitos no

Desenvolvimento de Mudas de Maracujazeiro Amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa L).

Revista Biociência, Taubaté, v.9, n.2, p.7-15, 2003.

BACKES, M. A.; KAEMPF, A. N. Substratos à base de composto de lixo urbano para a

produção de plantas ornamentais. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.26, n.5 p. 753-758,

1991.

BERNAL, M. P.; PAREDES, C.; SANCHEZ-MONEDERO, M. A.; CEGARRA, J. Maturity

and stability parameters of compost prepared a wide rage of organic waste. Bioresources

Technology. v. 63, p. 191-199, 1998.

BETTIOL, W.; CAMARGO, O. A. (ed). Impacto Ambiental do Uso Agrícola do Lodo de

Esgoto. Jaguariúna, SP: EMBRAPA Meio Ambiente, 2000.

BOWLER, I. R. Recycling urban waste on farmland: on actornetwork interpretation. Applied

Geography. v.19. p. 29-43, 1999.

Page 106: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

106

BRASIL, DECRETO Nº 86.955, de 18 de fevereiro de 1982. Dispõe sobre a Inspeção e a

Fiscalização da Produção e do Comércio de Fertilizantes, Corretivos, Inoculantes,

Estimulantes ou Biofertilizantes destinados à Agricultura. Disponível em:

http://www.lei.adv.br/86955-82.htm, consultado em 22/09/07.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Comunicado Técnico 86,

Belém, PA, 2003.

BRASIL, Ministério do Interior. Diretrizes Nacionais de Limpeza Urbana: 1° Fase –

Formulação do Programa. Rio de Janeiro: SEMA/CNDU/ABES, 1983.

BRITO, M. Manual de Compostagem. Escola Superior Agrária de Ponte Lima (ESAPL),

Portugal, 2006.

BUCKMAN, H.O., BRADY, N.C. Natureza e propriedades dos solos. 5. ed. Rio de Janeiro:

Freitas Bastos, 1979.

CAMPINHOS Jr. E.; IKEMORI, Y.K.; MARTINS, F.C.G. Determinação do meio de

crescimento mais adequado à formação de mudas de Eucaliptus sp. E Pinus sp. em recipientes

plásticos rígidos. In: Simpósio Internacional: Métodos de Produção e Controle de Qualidade

de Sementes e Mudas Florestais, p.350-358, Curitiba, 1984.

CAMPOS, A. L. O. Avaliação Metodológica da Estabilização da Fração Orgânica

Putrescível em uma Leira de Compostagem de Resíduos Sólidos Domiciliares.

Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil, 1998.

CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental. Emissões de metano no

tratamento e na disposição de resíduos. Relatório de referência: Primeiro inventário brasileiro

de emissões antrópicas de gases de efeito estufa. Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT,

2002.

CINTRA, F. L. D.; LIBARDI, P. L. Caracterização Física de uma Classe de Solo do

Ecossistema do Tabuleiro Costeiro. Scientia Agrícola, vol.55, n.3, Piracicaba, 1998.

Page 107: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

107

COSTA, C. A.; CASALI, V. W.D.; RUIZ, H. A.; JORDÃO, C. P.; CECON, P.R. Teor de

metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano. Horticultura

Brasileira. v. 19. n.01. p 10-16, 2001.

COSTA, C.A. Crescimento e teor de metais pesados em alface (Lactuca sativa L.) e

cenoura (Daucus carota L.) adubadas com composto orgânico de lixo urbano.

Dissertação de Mestrado, UFV, Viçosa, MG, Brasil, 1994.

COUTINHO, C. J.; CARVALHO, C. M. O. Uso da Vermiculita na Produção de Mudas

Florestais. In: ENCONTRO NACIONAL DE REFLORESTADORES, p.54-63, Curitiba, 1983.

DE PORTES, I.; BENOIT-GUYOD, J. L., ZMIROU D.; BOUVIER, M. C. Microbial

disinfection capacity of municipal solid waste (MSW) composting. Applied Microbiology.

v.85. p.238–246, 1998.

DIAS, S. M. F.; VAZ, L. M. S. Compostagem Aeróbica: Tratamento dado ao Lixo Gerado no

Campus da Universidade Estadual de Feira de Santana. In: 19° Congresso Brasileiro de

Engenharia Sanitária e Ambiental, Foz do Iguaçu, PR, 1997.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Manual de análises químicas

de solos, plantas e fertilizantes. Embrapa Solos, 1999.

EMURB – Empresa Municipal de Obras e Urbanização. Projeto Conceitual do Sistema de

Tratamento e Disposição Final dos Resíduos Sólidos de Aracaju e Zona Metropolitana e

Programa de Recuperação da Área Degradada pela Lixeira da Terra Dura. Volume II,

Aracaju, 2002.

ENSINAS, A.V., Estudo de Geração de Biogás no Aterro Delta em Campinas – SP.

Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil, 2003.

FACHINI, E.; GALBIATTI, J. A.; PAVANI, L. C. Níveis de Irrigação e de Composto de

Lixo Orgânico na Formação de Mudas Cítricas em Casa de Vegetação. Revista de Engenharia

Agrícola, v.24. n3. p.578-588, 2004.

Page 108: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

108

FERMOR, T. R.; RANDLE, P. E.; SMITH, J. F. Compost as a substrate and its preparation.

In: FLEGG, P. B.; SPENCER, D. M.; WOOD, D. A. (eds) The biology and technology of

the cultivated mushroom. chap. 6, Chichester: Jonh Wiley and Sons, 1985.

FROSSARD, E.; MOREL, J. L. Assessmentof phosphate fertilizing value of urban sewage

sludges. In: Soil management in sustainable agriculture. Wye College Press, University of

London, UK, Wye College. p.226-230 1995.

FUREDY, C. Reduzindo os Riscos para a Saúde do Uso do Lixo Orgânico Sólido Urbano.

Revista Agricultura Urbana, n.3, março, 2001.

GENEVINI, P.L., TANO, F., BOCCHI, S. Effecto di due matrici organiche sulla fertilitá

chimica del terreno e sulla disponibilitá dei metalli pesanti. Agrochemica. v. 35. p. 190- 198,

1991.

GOMES, J.M.; PAIVA, H.N. Viveiros Florestais: Propagação sexuada. 3 ed. Viçosa: UFV,

2004.

GOMES, J. M. Parâmetros morfológicos na avaliação de mudas de Eucalyptus grandis,

produzidas em diferentes tamanhos de tubete e de dosagens de N-P-K. Tese de

Doutorado, UFV, Viçosa, MG, Brasil, 2001.

GOMES, L. P. Estudo da caracterização física e da biodegradabilidade dos resíduos

sólidos urbanos em aterros sanitários. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de

São Carlos/Universidade de São Paulo. São Carlos,SP, Brasil, 1989.

GREBUS, M.E.; WHATSON, M.E.; HOITINK, H.A.J. Biological, chemical and physical

properties of composted yard trimmings as indicators of maturity and plant disease

suppression. Compost Science and Utilization, vol. 2, n.1, p. 57-71, 1994.

Page 109: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

109

GROLLI, P.R. Composto de lixo domiciliar urbano como condicionador de substratos

para plantas arbóreas. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, Porto Alegre, RS, Brasil, 1991.

GROSSI, M. G. de L. Avaliação da qualidade dos produtos obtidos de usinas de

compostagem brasileiras de lixo urbano através de determinação de metais pesados e

substâncias orgânicas tóxicas. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, SP, Brasil,

1993.

GUERRINI, I. A.; TRIGUEIRO, R. M. Atributos físicos e químicos de substratos compostos

por biossólidos e casca de arroz carbonizada. Revista Brasileira de Ciências do Solo. v.28.

p.1069-1076, 2004.

HAUG, R.T. The Pratical Handbook of Compost Engineering. Lewis, Boca Ratón, 1993.

HERNÁNDEZ, T.; GARCÍA, C.; COSTA, F. Utilización de resíduos urbanos como

fertilizantes orgánicos. Suelo y Plant, v. 2, p. 373-383, 1992.

HERRMANN, R. F.; SHANN, J. F. Microbial community changes during the composting of

municipal solid waste. Microbiol Ecology, n. 33, p. 78-85, 1997.

HOFFMANN JUNIOR, L.; RIBEIRO, N. D.; SANTOS, O. S.; MEDEIROS, S. L. P.; JOST,

E.; POERSCH, N. L. Substrato para o cultivo de feijoeiro em vasos com fertirrigação.

Bragantia, v.66, n.1, p.141-145, Campinas, 2007.

HOLANDA, A. Biodiesel e Inclusão Social. Câmara dos Deputados, Coordenação de

Publicações, Série Cadernos de Altos estudos. n. 1, Brasília, 2004.

HOORNWEG, D., THOMAS, L., OTTEN, L. Composting and its Applicability in

Developing Countries. Urban Waste Management Working Paper Series 8. Washington,

DC: World Bank, 1999.

INMET, Disponível em: http://www.inmet.gov.br, consultado em 25/06/07.

Page 110: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

110

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional

de Saneamento: IBGE, Departamento de Estatística e Indicadores Sociais, 2001.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional

de Saneamento: IBGE, Departamento de Estatística e Indicadores Sociais, 1992.

INTERNATIONAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). Guidelines for National

Greenhouse Inventories: Reference manual. vol. 3. 1996. Disponível na internet via www url:

http://www.ipcc_nggip.iges.or.ip/public/gl/invs6. Arquivo capturado em 20 março de 2007.

ISHII, K., FUKUI, M., TAKII, S. Microbial succession during a composting process as

evaluated by denaturing gradient gel electrophoresis analysis. Journal Applied Microbiol, 89,

p. 768-777, 2000.

IPT, Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado. 2 ed. São Paulo:

IPT/CEMPRE, 2000.

JAHNEL, M. C.; MELLONI, R.; CARDOSO, E. J. B. N. Maturidade de Composto de Lixo

Urbano. Scientia Agrícola, v.56, n.2, 1999.

JARDIM, N.S. et al. Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. São Paulo:

IPT/CEMPRE, 1995.

KLARMER, M.; BAATH, E. Microbial community dynamics during composting of straw

material studied using phospholipis fatty acid analysis. FEMS Microbial Ecology, n. 27, p. 9-

20, 1998.

KAMPF, A. N. Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Agropecuária, 2000.

KIEHL, E. J. Manual de Compostagem: maturação e qualidade do composto. 3. ed.

Piracicaba, 2002.

Page 111: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

111

KIEHL, E. J. Produção de composto e vermicomposto. Informe Agropecuário. v. 22, n. 212,

p. 40-52, 2001.

KEIHL, E. J. Manual de compostagem. Maturação e qualidade do composto. Piracicaba,

1998.

KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1985.

KRAMER, P. J.; KOZLOWSKI, T. T. Physiology of tree. New York: McGraaw-Hill., 1960.

LACERDA, M. R. B.; PASSOS, M. A. A.; RODRIGUES, J. L. V.; BARRETO, L. P.

Características Físicas e químicas de substratos à base de pó de coco e resíduo de sisal para

produção de mudas de sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia Benth). Revista Árvore, v.30, n.2, p.

163-170, 2006.

LEAL, M. A. A. Produção e eficiência agronômica de compostos obtidos com a palhada

de gramínea e leguminosas para o cultivo de hortaliças orgânicas. Tese de Doutorado,

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, Brasil, 2006.

LELIS, M. P. N. e PEREIRA NETO, J. T. A Influência da Umidade na Velocidade de

Degradação e no Controle de Impactos Ambientais da Compostagem. In: XX Congresso

Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, p. 1-10, Rio de Janeiro,1999.

LELIS, M. P. N. Influência da Umidade na Velocidade de Degradação e no Controle de

Impactos Ambientais da Compostagem. Tese de Mestrado, UFMG, Belo Horizonte, MG,

Brasil, 1998.

LIMA, C. R. C.; LIMA, J. S.; AGUIAR, A. C. Estudo Comparativo entre Adubação Orgânica

e Inorgânica através de Indicadores de Sustentabilidade. In: 23° Congresso Brasileiro de

Engenharia Sanitária e Ambiental, p. 1-7, Campo Grande, Set. 2005.

Page 112: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

112

LIMA, J. S.; LICHTIE, J.; OLIVEIRA, E.; MENK, J. R. F. Hortaliças cultivadas com

compostos orgânicos de lixo urbano não apresentam contaminação com metais pesados.

Revista Ceres, v. 46, n. 268, p. 371- 385, 1999.

LIMA, L. M. Q. Lixo: Tratamento e Biorremediação. 3 ed. rev. aum. São Paulo: Hemus,

1995.

LONGO, A. D. Minhoca, de fertilizadora do solo a fonte alimentar. São Paulo: Ed. Ícone,

1987.

LOPEZ-REAL, J. M. Composting of agricultural wastes. In: The Science of Composting –

European Commision International Symposium, Blackie Academic e Professional, p. 542-

550, England, 1996

MACAULEY, B. J., STONE, B., IIYAMA, K., HARPER, H. R. e MILLER, F. C. Compost

research runs ‘hot’ and ‘cold’ at La Trobe University. Compost Science Utilization, p.6-12.

1993.

MARCHIORI, A. C. C. Avaliação de agroecossistemas do cinturão verde da grande São

Paulo que receberam aplicação de composto de resíduos sólidos urbanos por longos

períodos. Dissertação de Mestrado, ESALQ/Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP,

Brasil, 2000.

MARQUES, M.; HOGLAND, W. Processo descentralizado de compostagem em pequena

escala para resíduos sólidos domiciliares em áreas urbanas. In: XVIII Interamerican Congress

of Sanitary and Environmental Engineering, October 27-31, Cancun, Mexico, 2002.

MCKINLEY, V. L.; VESTAL, J. R. Biokinetic analyses of adaptation and succession:

microbial activity in composting municipal sewage sludge. Applied and Environmental

Microbiology. v. 47, p. 933-94, 1984.

Page 113: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

113

MADEJÓN, E.; DÍAZ, M. J.; LÓPEZ, R.; CABRERA, F. Co-composting of sugar beet

vinasse: influence of the organic matter nature of the bulking agents used. Bioresource

Technology. v.76, p. 275-278, 2001.

MARÍN, I.; SANZ, J. L.; AMILS, R. Biotecnología y medioambiente. Ed. Ephemera,

Madri, 2005.

MARQUES, M.; HODLAND, W. Processo Descentralizado de Compostagem em Pequena

Escala para Resíduos Sólidos Domiciliares em Áreas Urbanas. In: XXVIII Inter-American

Congress of Sanitary and Environmental Engineering. Cancun, Mexico, 2002.

MATOS, A. T.; VIDIGAL, S. M.; SEDIYAMA, M. A. N.; GARCIA, N. C. P.; RIBEIRO, M.

F. Compostagem de Alguns Resíduos Orgânicos, Utilizando-se Águas Residuárias da

Suinocultura como Fonte de Nitrogênio. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e

Ambiental, v.2, n.2, p.199-203, 1998.

MENDONÇA, V.; ABREU, N. A. A.; SOUZA, H. A.; FERREIRA, E. A.; RAMOS, J. D.

Diferentes níveis de composto orgânico na formulação de substratos para a produção de

mudas de mamoeiro “Formosa”. Revista Caatinga. v20, n.1. p.49-53, 2007.

MONTEIRO, J. H. P. Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Rio de

Janeiro, IBAM, 2001. 193 p.

NEGRO, M.J., SOLANO, M.L., CIRIA, P., CARRASCO, J. Composting of sweet sorghum bagasse with other wastes. Bioresource Technology. v. 67. p. 89–92, 1999.

NOVA GERAR. Relatório Ambiental de Geração de Energia: Planta de minimização de

gases efeito estufa e aproveitamento energético do bioás gerado no lixão de Marambaia e no

Aterro Sanitário de Adrianópolis. Nova Iguaçu, RJ,Brasil. Relatório para o Banco Mundial.

2003.

OLIVEIRA, F. C. Disposição de lodo de esgoto e composto de lixo urbano num Latossolo

Vermelho-Amarelo cultivado com cana-de-açúcar. Tese de Doutorado, ESALQ/

Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, Brasil, 2000.

Page 114: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

114

PASCUAL, J. A., AYUSO, M., GARCIA, C; HERNANDEZ, T. Characterization of urban

wastes according to fertility and phytotoxicity parameters. In: Waste Management &

Research. p.103-112, 1997.

PEIXOTO, R.T.G. Compostagem: Opção para o manejo orgânico do solo. Londrina: IAPAR, 1988.

PEREIRA NETO, J. T.; LELIS, M.P.N. Variação da composição gravimétrica e potencial de

reintegração ambiental dos resíduos sólidos urbanos por região fisiográfica do Estado de

Minas Gerais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E

AMBIENTAL, 20. Rio de Janeiro, 1999. Anais... p. 1709-1716.

PEREIRA NETO, J. T.; MESQUITA, M. M. F. Compostagem de Resíduos Sólidos

Urbanos: aspectos teóricos, operacionais e epidemiológicos, Lisboa, 1992.

PEREIRA NETO, J. T. Conceitos Modernos de Compostagem. Engenharia Sanitária, v.28,

n.3, p 104-109. 1989.

PNSB – Pesquisa nacional de saneamento Básico 2000. Comentários sobre os resultados

apresentados no tema de Limpeza Urbana pelo Consultor J. H. Penido Monteiro. J. H. Penido

Monteiro, abril, 2002.

REIS, T. C. Distribuição e biodisponibilidade do níquel aplicado ao solo como NiCl2 e

biossólido. Tese de Doutorado. ESALQ/Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, Brasil

2002.

RICHARD, T. L. Municipal Solid Waste Composting: Biological Processing. Biomass &

Bioenergy, v.3, 163-180 p. 1992.

RODELLA, A. A.; ALCARDE, J. C. Avaliação de materais orgânicos empregados como

fertilizantes. Ciências Agrícolas, n. 21, p. 556-562, 1994.

Page 115: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

115

RYCKEBOER, J., MERGAERT, J., COOSEMANS, J., DEPRINS, K., SWINGS, J.

Microbiological aspects of biowaste during composting in a monitored compost bin. Journal

Applied Microbiol., 94, p. 127-137, 2003.

RUPPEMTHAL, V.; CASTRO, A. M. C. Efeito do Composto de Lixo Urbano na Nutrição e

Produção de Gladíolo. Revista Brasileira de Ciências do Solo. v. 29, p. 145-150. 2005.

SÁNCHEZ-MONEDERO, M. A.; ROIG, A.; CEGARRA, J.; BERNAL, M. P. Relationships

between waste-soluble carbohydrate and phenol fractions and the humification indices of

different organic wastes during composting. Bioresource Technology. v.70, p.193-201, 1999.

SÁNCHES-MONEDERO, M.A., ROIG, A., PAREDES, C., BERNAL, M.P. Nitrogen

transformation during organic waste composting by the Rutgers system and its effects on pH,

EC and maturity of the composting mixture. Bioresource Technology. v.78, p. 301-308, 2001.

SANT’ANA FILHO , R. Aterro sanitário. In: TÉCNICAS DE TRATAMENTO DE LIXO

DOMICILIAR URBANO. p.13-43. Belo Horizonte. Curso. Belo Horizonte, ABES, 1992.

SANTOS, C. B.; LONGHI, S. J.; HOPPE, J. M.; MOSCOVICH, F. A. Efeito do volume de

tubetes e tipos de substratos na qualidade de mudas de Cryptomeria japonica (L. F.) D. Don.

Ciência Florestal. v10, n.2, p.1-15, 2000.

SANTOS, I. C.; CASALI, V. W. D.; MIRANDA, G. V. Teores de Metais Pesados, K, Na, no

Substrato, em Função de Doses de Composto Orgânico de Lixo Urbano e de Cultivares de

Alface. Ciência Rural. v.29, n.3, p. 415-421, 1999.

SCHALCH, V. Atividades envolvidas no gerenciamento de resíduos sólidos. In: TAUK

TORNISIELO, S. M. (Org.). Análise ambiental: estratégicas e ações. Rio Claro: CEA/Unesp,

1995.

SCHMITZ, J.A.K.; SOUZA, P.V.D.; KÄMPF, A.N. Propriedades químicas e físicas de substratos de origem mineral e orgânica para o cultivo de mudas em recipientes. Ciência Rural, v.32, n.6, p.937-944, 2002.

Page 116: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

116

SHARMA, H. S. S. Thermogravimetric analysis of mushroom (Agaricus bisporus) compost

for fibre components. In: Elliot T. (ed) Proceedings of the 14th International Congress on

the Science and Cultivation of Edible Fungi. Balkema, Rotterdam, p. 267-273. 1995.

SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos – 3ª

edição. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa-MG. Editora UFV, 2002.

SILVA, F. C.; BERTON, R. S.; CHITOLINA, J. C.; BALLESTERO, S. D. Recomendações

Técnicas para Uso Agrícola do Composto de Lixo Urbano no Estado de São Paulo. Circula

Técnica 3 – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Campinas, SP, 2002.

SILVA, R. P. da; PEIXOTO, J. R.; JUNQUEIRA, N. T. V. Influência de diversos substratos

no desenvolvimento de muda de maracujazeiro-azedo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa

Deg.) Revista Brasileira de Fruticultura. v.23, n.2, p. 377-381, 2001.

SILVA, M. E. C. Compostagem de Lixo em Pequenas Unidades de Tratamento. Viçosa,

CPT, 2000.

SILVA, N.; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A. Manual de Métodos de Análise

Microbiológica de Alimentos. São Paulo: Vorela, 1997.

SIQUEIRA, F. G. Efeito do Teor de Nitrogênio Inoculantes e Métodos de Compostagem

para Cultivo de Agaricus blazei. Dissertação de Mestrado, UFLA, Lavras, MG, Brasil, 2006.

SISINNO, C. L. S., OLIVEIRA, R. M. Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde: uma visão

multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000.

SMITH, J. F.; WOOD, D. A.; THURSTON, C. F. Growth measurement of Agaricus

mycelium in composted substrates as an indicator of compost Selectivity and mushroom

productivity. In : ELLIOT, T. J. (Ed.) Science and cultivation of edible fungi. Rotterdam:

Balkema, v. 1, p. 293-301. 1995.

Page 117: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

117

STRINGHETA, A.C.O.; RODRIGUES, L.A.; FONTTES, L.E.F.; COSTA, C.A.

Caracterização física de substratos contendo composto de lixo urbano e casca de arroz

carbonizada como condicionadores. Revista Brasileira de Ciências do Solo, v.21. p.155-159,

1997.

STROM, P. F. Effect of temperature on bacterial species diversity in thermophilic solid-waste

composting. Applied Environment Microbiol . n. 50, p. 899-905, 1985.

TAKAKU, H.; KODAIRA, S.; KIMOTO, A.; NASHIMOTO, M.; TAKAGI, M. Microbial

Communities in the Garbage Compostingwith Rice Hull as na Amendment Revealed by

Culture-Dependent and Independent Approaches. Journal of Bioscience and Bioengineering.

v.101, n. 1, p. 42-50. 2006.

TEIXEIRA, L.B.; GERMANO, V.L.C.; OLIVEIRA, R.F. de; FURLAN JÚNIOR, J. Processo

de Compostagem, a Partir de Lixo Orgânico Urbano, em Leira Estática com Ventilação

Natural. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2004a. 8p. (Embrapa Amazônia Oriental.

Circular Técnica, 33).

TEIXEIRA, L.B.; GERMANO, V.L.C.; OLIVEIRA, R.F. de; FURLAN JÚNIOR, J.

Características Químicas de Composto Orgânico Produzido com Lixo Orgânico, Caroço

de Açaí, Capim e Serragem. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2004b. 4p. (Embrapa

Amazônia Oriental. Circular Técnica, 29).

TEIXEIRA, L.B.; GERMANO, V.L.C.; OLIVEIRA, R.F. de; FURLAN JÚNIOR, J.

Processo de Compostagem a Partir de Lixo Orgânico Urbano e Caroço de Açaí. Belém,

PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2002. 8p. (Embrapa Amazônia Oriental. Circular Técnica,

105).

TEJADA, M.; DOBAO, M.M.; BENITEZ, C.; GONZALEZ, J.L. Study of composting of

cotton residues. Bioresource Technology, v.79, n.1, p.199-202, 2001.

UNGARO, M.R.G. Cultivo e processamento de girassol. Tecnologia e Treinamento

Agropecuário, v.4, n.17, p.43, 2000.

Page 118: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

118

USEPA - UNITED SATATES ENVIRONMENT PROTECTION AGENCY. Air Emissions

from Municipal Solid Waste Landfills – Background Information fro Propored Standards and

Guidelines. Emissions Standards Division, 1991.

VALENTE, J.P.S.; GROSSI, M.G.L., Educação: “lixo domiciliar” . FUNDACENTRO/

UNESP, 1999.

VILLAS BÔAS, R.L.; PASSOS, J.C.; BÜLL, T.; FERNANDES, D.M. Efeito de doses e tipos

de composto orgânico na produção de alface (Lactuca sativa L.). In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO. Brasília, 1999.

Page 119: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

119

9. ANEXOS ANEXO 9.1 - Riscos para a Saúde na Produção e Utilização do Composto

Por se tratar de um processo de compostagem em pequena escala, com potencial

de utilização em zonas urbanas, na agricultura familiar e pequenas propriedades agrícolas,

faz-se necessário uma análise dos riscos envolvidos no processo.

Durante a produção e utilização dos compostos produzidos com resíduos sólidos

urbanos podem ocorrer alguns problemas relacionados à saúde das pessoas envolvidas. Os

principais problemas associados a essas atividades são:

• ferimentos provocados por fragmentos de vidro, metais e etc;

• aumento dos vetores de doenças;

• poluição dos locais devido a geração de chorume;

• sobrevivência de organismos patogênicos nos resíduos;

• contaminação das colheitas com metais pesados presentes eventualmente nos resíduos.

No processo de compostagem em pequena escala apresentado neste trabalho, a

maioria desses problemas não foram identificados, principalmente devido à natureza dos

resíduos, provenientes de uma coleta seletiva, e pela adoção de procedimentos corretos de

produção, como por exemplo, utilização de equipamentos de proteção individual (luvas,

máscara e protetor auricular ao utilizar o triturador).

Como o material orgânico foi coletado, de forma seletiva, em feiras livres, não foi

registrada a presença de fragmentos de vidros e metias, apenas uma pequena quantidade de

plásticos que não ofereceram riscos no manuseio das leiras.

Durante a produção do composto pôde-se perceber que ocorreu a presença de

moscas apenas nos dois primeiros dias de compostagem das leiras 3, 4 e 6, não sendo

registrada a presença de roedores. O odor pode ser controlada através da aplicação de uma

camada de aproximadamente 20 cm de resíduo vegetal ao final da montagem. Esse efeito

pôde ser percebido na montagem das demais leiras, que não apresentaram problemas em

relação à presença de vetores e odores. Outra técnica que pode ser utilizada com maior

eficiência, quando se tem disponibilidade, é o recobrimento das leiras, após a reviragem, com

Page 120: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

120

composto já curado (maturado). O composto irá agir como filtro para odores, e por apresentar

aspecto de terra evitará a atração de vetores.

Também não foi registrado o escoamento superficial do chorume. Provavelmente

a formação dessa substância ocorreu em quantidade mínima devido ao correto controle da

umidade durante o processo. Mesmo em dias chuvosos o excesso de umidade não representou

um problema com relação à formação de chorume, uma vez que as leiras de pequenas

dimensões perdem umidade rapidamente. Para evitar a formação do chorume, quando não é

possível fazer um controle correto da umidade, é preferível que a leira apresente níveis

reduzidos de umidade a apresentar excesso, como foi discutido no item 5.2 referente ao

monitoramento da umidade.

Como pôde ser observado item 5.12, relacionado aos teores de metais pesados, os

níveis ficaram muito abaixo dos limites estabelecidos pela legislação européia e americana,

não apresentando riscos a saúde. Vale ressaltar que essas substâncias podem acumular no solo

por um período indefinido, sendo essencial seu controle, principalmente quando não se sabe a

origem dos resíduos que será utilizado no processo de compostagem. Uma vez no solo, essas

substâncias podem ser absorvidas pelas plantas (BETTIOL e CAMARGO, 2000) e acumular-

se em seus tecidos, que ao serem consumidas por animais ou humanos entrarão na cadeia

alimentar provocando diversos efeitos negativos aos seres humanos.

Dentre os efeitos negativos ao organismo humano causado pelos metais pesados

pode-se citar: deficiências neurais, câncer, hemorragia, inflamação em órgãos vitais entre

outros (REIS, 2002).

Com relação à presença de organismos patogênicos, quando bem conduzido, o

processo de compostagem atinge temperaturas suficientes para eliminar os diversos agentes

patogênicos presente no lixo, como foi apresentado no item 3.2.6 referente à microbiologia da

compostagem.

A baixa ocorrência de riscos a saúde, apresentada pelo método utilizado, demonstra a

importância da utilização e divulgação das práticas corretas de produção de composto, através

de oficinas e treinamento das pessoas envolvidas. A origem dos resíduos também apresenta

papel fundamental nesse processo. Resíduos separados na fonte, através da coleta seletiva,

apresentam menores riscos em relação à presença de mateis pesados, por exemplo, pelo fato

de não serem misturados a outros resíduos, como pilhas e baterias descartados de forma

inadequada. A seletividade do material também está relacionada com a presença de vetores. A

Page 121: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

121

presença de carne e alimentos nas leiras de composto pode contribuir para presença de

animais, moscas e roedores.

ANEXO 9.2

Tabela 9.1 – Dados do Monitoramento da Temperatura Tempo (dias) Leira 1 Leira 2 Leira 3 Leira 4 Leira 5 Leira 6 Leira 7

1 51 31,8 44,4 44,4 35,4 51 48,9 2 56 50,5 51 51 50,6 56,3 44,7 3 48 54,8 55,8 55,8 49,5 51 43 4 44 49 53,1 53,1 48,2 46,2 43,2 5 41,4 42 52,5 52,5 42,3 41,4 44,5 6 45 39 50,5 50,5 39,3 38,8 41 7 41,9 46 46,7 46,7 37,8 36,2 40,5 8 40,4 46,7 42,3 42,3 39 38,4 36,1 9 39,9 43 42,3 42,3 39,2 35,9 38,9 10 38 44 43,6 43,6 40,8 34,9 40,5 11 37,2 44,5 43,2 43,2 38,4 37 39 12 34,6 40,9 44,4 44,4 39 32,9 38,1 13 34,9 41,2 45 45 39,5 34 38 14 35,9 41,2 42,5 42,5 40,9 34,6 39,8 15 37 39,7 37,5 37,5 37,1 33 39,3 16 38,2 38 38,5 38,5 35,3 33,2 40,2 17 36,6 36,9 37,5 37,5 34,3 33 41,2 18 36,2 35,2 36 36 32,9 32,4 41,2 19 33,9 34,2 34,2 34,2 33 31,9 39,2 20 33,5 33 32,5 32,5 30,8 31,5 36,6 21 33 33 33 33 31 32,1 36,1 22 33,2 33,2 31,6 31,6 31,1 30,9 36,2 23 33,1 34,1 30,4 30,4 32 30,5 34,1 24 33,9 34,5 30 30 33 30,3 34 25 34,7 34,7 30,9 30,9 33 29,2 33,9 26 32,2 34,2 32,1 32,1 32 30,9 33,2 27 32,7 32 33,7 33,7 31,5 32 34 28 32,5 32,1 32 32 31,4 32 34 29 32,2 32,1 31,8 31,8 31 32 33,8 30 32,7 32,5 31 31 31,9 32,5 33,5 31 33 32,4 31,2 31,2 31,9 31,9 34,5 32 32,3 33,5 30,9 30,9 32 31,1 35,2 33 32 34,2 31,2 31,2 31,7 32 37,7 34 31,9 31,6 31,3 31,3 30,9 31,2 37,1 35 31,7 32,3 32,4 32,4 30,8 32,1 33 36 31,2 32 32,6 32,6 30,9 32,3 32,7 37 32,7 31 30,7 30,7 30,4 31,1 33,1 38 34 31 31,2 31,2 30,9 31,8 32,9 39 36,2 31,8 31,3 31,3 31,2 31,1 33 40 34 31,1 30,4 30,4 30,5 30,8 33,2 41 31,9 31,7 31 31 30,4 30,6 33

Page 122: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

122

Tabela 9.1 – Dados do Monitoramento da Temperatura (continuação)

Tempo (dias) Leira 1 Leira 2 Leira 3 Leira 4 Leira 5 Leira 6 Leira 7 42 31,8 32 31,5 31,5 31 31 33 43 32,4 31,8 30,9 30,9 31,2 30,4 35,2 44 32 32 31,3 31,3 31,7 30,8 35,7 45 32,1 32 30,9 30,9 32 31,3 35 46 33 32,8 31,2 31,2 31,9 31,1 34,7 47 32,1 34 30,8 30,8 32,5 31,1 33 48 31 32,2 31,2 31,2 31,3 31,4 31 49 32,9 31,2 31,4 31,4 30,4 31 29,9 50 33,9 31 32 32 30,8 31,2 29,4 51 33,1 31,7 30,5 30,5 31 30,7 29,1 52 33 31,4 29,9 29,9 30,8 30 28,9 53 31,7 31 30,5 30,5 30 30,4 29 54 30,8 31,8 30,1 30,1 31,2 30,4 28,8 55 29,5 31 30,2 30,2 30,7 30,3 28,5 56 29,3 30,3 30,1 30,1 29,6 30 29 57 29 32,4 31 31 31,5 30,9 28,8 58 28,9 33,1 30,8 30,8 32 30,1 28,8 59 29,2 32,9 29,5 29,5 31,7 29,3 60 28,7 32,8 31,3 31,3 32 30,1 28,4 61 28,5 31,3 31,1 31,1 30,6 30,9 27,6 62 28,8 30,4 30,7 30,7 29,4 31 29,8 63 28,9 29,6 31 31 29,1 31,2 28 64 29 29,4 30 30 28,9 29,7 27,9 65 -- 28,9 29,2 29,2 28,2 29,1 66 28,4 28,6 29 29 28,3 28,8 27,5 67 27,3 28,2 29 29 29 29,2 27,8 68 30 28 28,3 28,3 28,8 28,6 28,3 69 29,4 28 28,4 28,4 28,3 28,2 28 70 29,2 28,6 28,8 28,8 28,3 28,4 28,7 71 28,5 29 28,3 28,3 28,5 28 27,5 72 29 28,9 28 28 28,1 27,8 27,9 73 29,4 -- 27,8 27,8 -- 28,2 27 74 29,3 28,2 28 28 27,9 28,3 27,7 75 29,5 27,4 28,2 28,2 26,8 28,5 28,2 76 29,8 -- -- 29,1 -- 27 77 29,9 27,7 27,7 29,3 27,4 27,5 78 29,6 26,8 26,8 29,1 26,6 28 79 28,9 29 29 28,6 29 27,5 80 29,3 28,1 28,1 29 29,3 28 81 29,2 28,3 28,3 29,2 29 29,2 82 29,8 28 28 29 29,3 29 83 30,7 28,1 28,1 28,5 29,8 29,5 84 28,2 28,2 28,2 28,4 28,9 85 29,1 29,1 29,1 28,3 29,4 86 29 29 29 28,2 29,8 87 28,9 29,7 88 27,9 29,3 89 27,6 29,5

Page 123: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

123

Tabela 9.1 – Dados do Monitoramento da Temperatura (continuação)

Tempo (dias) Leira 1 Leira 2 Leira 3 Leira 4 Leira 5 Leira 6 Leira 7 91 28,7 92 28,9 93 29,2 94 29,6 95 28,5

ANEXO 9.3

Tabela 9.2 – Dados Monitoramento do pH

Tempo (semanas) Leira 1 Leira 2 Leira 3 Leira 4 Leira 5 Leira 6 Leira 7 0 5,64 5,98 5,8 5,41 6,12 5,91 5,78 1 4,93 5,51 5,12 5,05 5,65 5,41 5,18 2 7,05 7,15 7,19 7,2 7,78 7,86 7,34 3 9,22 9,32 9,24 9,37 9,26 8,98 7,78 4 9,4 9,58 9,15 9,18 9,23 8,82 8,12 5 9,22 9,36 8,82 8,88 9,38 8,7 9,02 6 9,05 9,04 9,28 9,38 9,34 9,19 8,34 7 9,36 9,14 9,38 8,99 9,35 8,54 8,23 8 9,12 9,08 8,83 8,54 8,4 7,91 8,55 9 8,23 8,74 8,28 8,16 8,1 8,21 8,28 10 8,08 8,5 8,36 8,23 8,55 8,08 8,25 11 8,22 8,53 8,08 8,14 8,37 7,86 8,18 12 8,1 8,37 8,13 8 8,56 8,13 13 8

ANEXO 9.4

Tabela 9.3 – Monitoramento do Nitrogênio Total de Kjeldahl

Tempo (dias) Leira 1 Leira 2 Leira 3 Leira 4 Leira 5 Leira 6 Leira 7 0 0,75 0,86 0,93 0,84 0,96 1,16 0,58 15 1,1 1,27 1,4 1,17 1,44 1,68 0,97 30 1,23 1,46 1,56 1,45 1,3 1,94 1,21 45 1,21 1,42 1,5 1,4 1,45 1,81 1,18 60 1,2 1,31 1,48 1,41 1,6 1,77 1,19 75 1,25 1,23 1,49 1,4 1,59 1,83 1,12 90 1,02 1 1,25 1,18 1,47 1,7 1,05

ANEXO 9.5

Tabela 9.4 – Dados utilizados na análise de massa seca da parte aérea dos girassóis

Repetições T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 1 7,91 6,95 5,92 2,75 7,20 3,44 4,98 3,23 2 7,48 4,93 5,23 2,32 6,99 3,52 5,43 3,40 3 7,45 5,29 4,99 2,58 7,50 4,68 5,15 2,99 4 7,32 5,36 5,37 2,21 5,02 3,62 4,78 3,32 5 7,95 6,12 5,12 2,79 5,87 3,50 4,69 3,11

Page 124: PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM PEQUENA

124

ANEXO 9.6

Lista de Divulgação dos Resultados

Esta dissertação de mestrado foi elaborada em 18 meses de estudo, durante os quais se

publicou os resultados em periódicos:

- Artigos já aceitos em eventos:

1) FARO, C. C. P; ORELLANA, S. C.; BRITO, M. J. C.; LIMA, P. C. M.; SOARES, C. M.

F.; LIMA, A. S.; FIGUEIREDO, R. T. “Influence of temperature on microbial growth during

urban biowaste composting”. XXIV Congresso Brasileiro de Microbiologia, Brasília-DF, 3 a

6 de outubro de 2007 (Apresentação pôster).

2) BRITO, M. J. C.; LIMA, P. C. M.; SOARES, C. M. F.; LIMA, A. S.; FIGUEIREDO, R. T.

“Transformação de Resíduos Sólidos Urbanos em Substrato Orgânico Através do Processo de

Compostagem em Pequena Escala”. XVII Congresso Brasileiro de Engenharia Química,

Recife-PE, 14 a 17 de setembro de 2008.

3) BRITO, M. J. C.; LIMA, P. C. M.; SOARES, C. M. F.; LIMA, A. S.; FIGUEIREDO, R. T.

“Monitoramento da atividade microbiana durante o processo de compostagem em pequena

escala utilizando resíduos urbanos”. II Workshop Internacional sobre Microbiologia

Ambiental, Aracaju-SE, 17 a 20 de julho de 2008.