22
Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira. A C Ó R D Ã O (SDI-2) GMDAR/SBO/FSMR RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. INDEFERIMENTO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA NA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. SEGURANÇA CONCEDIDA NO REGIONAL PARA DETERMINAR A REINTEGRAÇÃO DO IMPETRANTE AO EMPREGO. DISPENSA SEM JUSTA CAUSA DO TRABALHADOR ENFERMO. SEQUELAS DE ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO DO EMPREGADO À CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO. DIRETRIZES DA OJ 64 E OJ 142 DA SBDI-2 DO TST. 1. Cuida-se de mandado de segurança aviado contra o indeferimento do pedido de tutela provisória de urgência postulada na reclamação trabalhista. 2. Segurança concedida no Regional para reintegração do Impetrante ao emprego, ante a constatação de que foi dispensado quando ainda em tratamento médico e psicológico das consequências do acidente de trabalho, além de configurar dispensa discriminatória. 3. Tese recursal no sentido de que, uma vez decorrido o prazo previsto no art. 118 da Lei nº 8.213/1991, a rescisão contratual sem justa causa é lícita, não havendo falar em dispensa discriminatória. 4. A prova acostada aos autos revela que, no momento da dispensa sem justa causa, o Impetrante ainda estava recebendo tratamento médico das sequelas do acidente de trabalho típico (eletrocussão) – em que ocorreu a carbonização de partes do corpo, amputação de dois dedos e a perda de força palmar, circunstâncias que teriam ocasionado a redução da capacidade laborativa em 50% - consistente em iminente cirurgia reparadora de retrações cicatriciais no tronco e acompanhamento psicoterápico. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

A C Ó R D Ã O

(SDI-2)

GMDAR/SBO/FSMR

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE

SEGURANÇA. INDEFERIMENTO DE TUTELA

PROVISÓRIA DE URGÊNCIA NA RECLAMAÇÃO

TRABALHISTA. SEGURANÇA CONCEDIDA NO

REGIONAL PARA DETERMINAR A REINTEGRAÇÃO

DO IMPETRANTE AO EMPREGO. DISPENSA SEM

JUSTA CAUSA DO TRABALHADOR ENFERMO.

SEQUELAS DE ACIDENTE DE TRABALHO

TÍPICO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO DO

EMPREGADO À CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE

EMPREGO. DIRETRIZES DA OJ 64 E OJ 142 DA

SBDI-2 DO TST. 1. Cuida-se de mandado de

segurança aviado contra o indeferimento

do pedido de tutela provisória de

urgência postulada na reclamação

trabalhista. 2. Segurança concedida no

Regional para reintegração do

Impetrante ao emprego, ante a

constatação de que foi dispensado

quando ainda em tratamento médico e

psicológico das consequências do

acidente de trabalho, além de

configurar dispensa discriminatória.

3. Tese recursal no sentido de que, uma

vez decorrido o prazo previsto no art.

118 da Lei nº 8.213/1991, a rescisão

contratual sem justa causa é lícita, não

havendo falar em dispensa

discriminatória. 4. A prova acostada

aos autos revela que, no momento da

dispensa sem justa causa, o Impetrante

ainda estava recebendo tratamento

médico das sequelas do acidente de

trabalho típico (eletrocussão) – em que

ocorreu a carbonização de partes do

corpo, amputação de dois dedos e a perda

de força palmar, circunstâncias que

teriam ocasionado a redução da

capacidade laborativa em 50% -

consistente em iminente cirurgia

reparadora de retrações cicatriciais no

tronco e acompanhamento psicoterápico.

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 2: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.2

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

5. A espécie examinada não se enquadra

perfeitamente na hipótese de garantia

mínima de continuidade do vínculo de

emprego pelo período de um ano após o

retorno do empregado acidentado, em que

se parte da premissa de que a prestação

de serviços foi retomada porque o

trabalhador teve restaurada a

capacidade laborativa. Afinal, consta

dos autos que o Impetrante ainda guarda

severas sequelas do acidente de

trabalho, pendentes de tratamento

cirúrgico, o que parece inviabilizar o

rompimento do vínculo laboral. A rigor,

se já estavam programadas cirurgias

reparadoras para depois de junho/2018,

“para corrigir sequelas e retratações

cicatriciais que é comum (sic) ocorrer

em pacientes vitimas de grandes

queimaduras”, tal como assinalado no

relatório médico juntado aos autos,

parece questionável se o Impetrante

estaria realmente apto para fins de

rescisão contratual, sobretudo à luz da

jurisprudência já sedimentada, segundo

a qual o prazo prescricional para a

pretensão reparatória pelos danos

material e moral sofridos pelo

trabalhador conta-se a partir da

ciência inequívoca da consolidação das

lesões. O caso examinado, em que o

Impetrante ainda se encontra em

tratamento médico, assemelha-se à

reintegração do portador de doença

ocupacional, conforme diretriz da OJ

142 da SBDI-1, a qual, ademais, expõe

rol exemplificativo - e não taxativo -

das hipóteses de razoabilidade na

restauração liminar do vínculo de

emprego quando o trabalhador foi

dispensado em situação de

vulnerabilidade. 6. Portanto,

configurado o direito líquido e certo do

Impetrante à reintegração ao emprego,

correto o acórdão regional no tocante à

concessão da segurança, sem prejuízo,

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 3: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.3

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

se for o caso, da reversão da decisão

antecipatória no curso ou ao final do

processo originário. Recurso ordinário

conhecido e não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso

Ordinário n° TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000, em que é Recorrente

COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA COELBA, Recorrido WILTON

DE LEMOS ALVES e Autoridade Coatora JUÍZA DA 20ª VARA DO TRABALHO DE

SALVADOR.

WILTON DE LEMOS ALVES impetrou mandado de segurança,

com pedido liminar (fls. 24/36), contra ato do Juízo da 20ª Vara do

Trabalho de Salvador, que, nos autos da reclamação trabalhista nº

000329-59.2018.5.05.0020, indeferiu o pedido de tutela provisória de

urgência no sentido de sua reintegração ao emprego (decisão proferida

em 24/7/2018, anexada à fl. 135).

O Desembargador Relator deferiu a liminar “para suspender

a decisão denegatória de antecipação de tutela proferida A LIMINAR pelo MM. Juízo da 20ª Vara do

Trabalho de Salvador/BA e determinar a imediata reintegração da impetrante ao emprego, sob pena de

multa diária de R$200,00 (duzentos reais)”, conforme a decisão monocrática às fls.

151/155.

A Litisconsorte passiva COELBA – COMPANHIA DE

ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA interpôs agravo regimental às fls.

189/197.

O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, por meio

do acórdão às fls. 642/651, negou provimento ao agravo regimental e

concedeu a segurança, tornando definitiva a liminar antes deferida.

Inconformada, a Litisconsorte interpôs recurso

ordinário, às fls. 655/667, admitido à fl. 670.

Não foram apresentadas contrarrazões, conforme

certidão à fl. 674.

O Ministério Público do Trabalho, em parecer da lavra

da Subprocuradora-Geral OSKANA MARIA DZIURA BOLDO, opinou pelo

conhecimento e não provimento do recurso ordinário (fls. 680/681).

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 4: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.4

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

O recurso ordinário é tempestivo, pois o acórdão foi

publicado em 10/12/2018 (fl. 653) e o recurso interposto em 21/1/2019

(fl. 4). Regular a representação processual (fls. 186/187). Comprovado

o recolhimento das custas processuais (fls. 668/669).

CONHEÇO.

2. MÉRITO

Ao julgar o mandado de segurança, o Tribunal Regional

do Trabalho da 5ª Região assim solucionou a controvérsia:

“DO MANDADO DE SEGURANÇA

De pórtico, impende dizer a matéria posta em apreciação autoriza a

impugnação pela via do Mandado de Segurança, notadamente porque

atendidos os requisitos constantes da Lei nº 12.016/2009, que disciplina a

ação ora manejada, bem como por enquadrar-se o presente caso no item II,

da Súmula 414, do TST.

MÉRITO

DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA.

REINTEGRAÇÃO AO EMPREGO

Trata-se a hipótese de ação mandamental contra ato praticado pelo

MM. Juízo da 20ª Vara do Trabalho de Salvador/BA que indeferiu o pedido

liminar de reintegração ao emprego, através da decisão denegatória de

antecipação de tutela exarada nos autos do processo tombado sob o nº

0000329-59.2018.5.05.0020, em tramitação naquele juízo.

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 5: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.5

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Na referida reclamação trabalhista, figura como empresa reclamada

COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA, aqui

indicada como litisconsorte passivo, e o impetrante como reclamante.

Alega o impetrante, em apertada síntese, que foi dispensado pelo

litisconsorte, em 09/05/2018, não obstante estar em tratamento de saúde,

com indicativo de cirurgia para o mês de junho/2018, para reparar as graves

sequelas decorrentes de acidente trabalho sofrido em 03/05/2007, quando

recebeu uma descarga elétrica de um condutor do circuito de 13.800 Volts,

conforme CAT e laudo médico anexados no ID 180b543 - Pág. 2/ss.

Afirma que a dispensa revela-se discriminatória e nula pois seria

detentor de estabilidade provisória no emprego, prevista no artigo 118 da Lei

nº 8.213/1991, impondo-se a reintegração ao emprego.

Segue afirmando que a decisão objurgada (ID 83eecc2 - Pág. 2) foi

exarada em apenas duas linhas e desprovida de fundamentação, razão pela

qual incidiu a autoridade impetrada em negativa de prestação jurisdicional.

O litisconsorte passivo necessário, por seu turno, nega dispensa

discriminatória e a estabilidade provisória no emprego atribuída ao

impetrante. Afirma que o plano de saúde, custeado pela empresa e pelo

ex-empregado, na forma da CCT, não foi suspenso, o que retira a urgência

para a concessão da decisão farpeada.

Afirma que o impetrante sofreu acidente de trabalho em 03/05/2007,

ficou afastado para tratamento médico até 25/05/2010, com dois novos

afastamentos, cujo último findou em 19/07/2011. Sustenta que a Súmula nº

378, do TST dispõe, em seu item I, que está assegurado o direito à

estabilidade provisória pelo período de 12 meses após a cessação do

auxílio-doença ao empregado acidentado, não sendo devida a ampliação da

estabilidade após esse período, razão pela qual inexistiria estabilidade

provisória quando da dispensa imotivada ocorrida em 09/05/2018.

Aduz que o prazo de doze meses previsto no referido verbete seria

"razoável para que o empregado retorne ao exercício de suas atividades, sem

que seja preterido por outros empregados, quando de seu retorno ao trabalho,

possibilitando a sua readaptação efetiva, evitando assim eventuais dispensas

discriminatórias".

Segue afirmando que o impetrante passou por reabilitação, está apto

para o exercício de suas atividades, conforme ASO demissional, e teve suas

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 6: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.6

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

despesas médicas custeadas pela empresa, detendo mais tempo de contrato

de trabalho após o acidente do que antes dele, o que afasta a alegação de

dispensa discriminatória e implica na necessidade de prova pericial para

comprovação das alegações do impetrante. Por fim, aduz que inexiste prova

de patologia decorrente do acidente de trabalho suscitada na exordial.

Pois bem. Em sede decisão liminar, proferi a seguinte decisão abaixo

transcrita:

Pois bem. Impende dizer que, em tese, o tema e a urgência

do pedido autorizam a impugnação pela via ora eleita,

notadamente porque atendidos os requisitos constantes da Lei nº

12.016/2009, que disciplina a ação ora manejada, bem como por

enquadrar-se o presente caso no item II, da Súmula 414, do TST.

Para a concessão da medida liminar postulada, mister se

faz a presença de dois elementos indissociáveis entre si, a saber,

a relevância dos fundamentos e o risco da demora, com a

possível ineficácia da medida, nos precisos termos do artigo 7º,

III, da Lei n. 12.016/2009.

No presente caso, verifica-se, em análise perfunctória, a

existência de ambos os requisitos, o que viabiliza o pedido de

reintegração ao emprego, formulado em sede de tutela

antecipada. Extrai-se da prova pré-constituída nos presentes

fólios que o reclamante foi dispensado enquanto submetido a

tratamento médico, cirúrgico e psicológico das sequelas

físicas e emocionais que é portador, decorrentes de acidente

de trabalho.

Com efeito, a CAT emitida pelo litisconsorte e os

históricos médico e psicológico, retratados nos documentos de

ID 180b543 - Pág. 2/ss, apontam que o impetrante sofreu

acidente de trabalho (choque elétrico em serviço) e que

permanece até o corrente ano em tratamento, com necessidade de

cirurgias reparadoras das sequelas e "retratações cicatriciais"

advindas da amputação de dedos e queimaduras de 2º e 3º graus,

conforme fotografias anexadas no ID fd48361.

O laudo médico de ID 044a035 - Pág. 3 aponta a

necessidade de realização de cirurgias a partir de

junho/2018, ao passo que o relatório psicológico (ID 5e43b3f

- Pág. 2) indica a continuidade do acompanhamento

profissional das consequências mentais e emocionais do

acidente de trabalho sofrido pelo impetrante.

Com efeito, a doença do trabalhador, aí incluídas as

deformidades físicas e sequelas pendentes de tratamento e

decorrentes de acidente de trabalho, mitiga o poder do

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 7: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.7

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

empregador de resilir unilateral e arbitrariamente o contrato de

trabalho, diante dos auspícios dos princípios da dignidade da

pessoa humana, do valor social do trabalho, da função social da

propriedade e do contrato, conforme art. 1º, III e IV; art. 170, III,

da Constituição da República e art. 421 do Código Civil.

Embora, , esgotado o prazo da estabilidade provisória de

emprego a priori previsto na Lei 8.213/1991, porto convicção de

que a existência de sequelas que exigem cirurgias afasta o limite

temporal de 12 meses da lei, sendo certo que o período de

estabilidade passa a ser aquele necessário à recuperação do

trabalhador. Assim, é vedada a demissão do empregado, mesmo

após o término do prazo legal da garantia provisória de emprego,

nas situações como a do caso em apreço.

Ademais, o empregado, enquanto em tratamento de saúde,

não pode ser dispensado, ainda mais considerando que o

infortúnio que suprimiu sua saúde plena decorreu das atividades

laborativas prestadas ao empregador, pois a saúde é direito

fundamental amparado pela Carta Magna.

Na contramão dos deveres impostos ao empregador pelo

ordenamento jurídico, em cognição sumária, extrai-se do

arcabouço probatório posto no presente mandamus que o

impetrante foi dispensado enquanto portador de sequelas e de

danos à saúde física e emocional decorrentes de acidente de

trabalho.

Nesse passo, pode-se concluir que a dispensa havida

revela-se, em análise perfunctória, discriminatória e, por

conseguinte nula, sendo certo que qualquer discriminação,

sob a aparência de legalidade, atenta contra as referidas

garantias fundamentais postas na Carta Magna, bem como

contra os princípios da dignidade da pessoa humana, da

valorização do trabalho e da boa-fé objetiva contratual.

A legislação pátria veda qualquer critério discriminatório

direcionado pelo empregador ao empregado, seja na admissão,

seja na dispensa, valendo frisar que o poder potestativo da

dispensa deve ser mitigado em face da função social da empresa.

Nesse sentido, uma das medidas adotadas pelos Estados

Democráticos é reforçar a gama de direitos sociais, criando

políticas de inclusão e incentivando a permanência dos

trabalhadores nos postos de trabalho. Modernamente, o que se

pode constatar é que Estado Democrático de Direito e proteção

contra práticas discriminatórias são conceitos indissociáveis.

Além das normas constitucionais e da Organização

Internacional do Trabalho, a Lei n.º 9.029/95 proíbe a adoção de

qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso

ou manutenção da relação de emprego.

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 8: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.8

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

No caso em apreço, permanece a presunção da dispensa

discriminatória do trabalhador acometido de sequelas de

acidente de trabalho pendentes de tratamento. Ao empregador se

confere o importante papel no processo de readaptação do

empregado acidentado, o que torna inadmissível que, em lugar

de ajudá-lo na reinclusão e na recuperação da saúde, o

empregador promova a dispensa que, portanto, se considera

discriminatória.

A dispensa discriminatória é caracterizada pelo desamparo

material e psicológico, capaz de conduzir a redução da

expectativa de vida. Perder o emprego significa perder a

dignidade, perder o acesso à assistência médica e,

fundamentalmente, os bens necessários a uma existência digna.

Pelo exposto, viola direito líquido e certo do trabalhador a

não concessão de medida liminar em reclamação trabalhista,

para fins de reintegração no emprego, quando o obreiro, no

momento da demissão, estava em tratamento médico das

consequências físicas decorrentes de acidente de trabalho.

Observe-se que existem dois valores a serem perseguidos

pela norma de proteção invocada pelo impetrante: a saúde do

trabalhador portador de doença/sequela/saúde reduzida e o seu

direito à subsistência; e a proteção ao poder de direção do

empregador. Esses valores não são igualmente tutelados,

prevalecendo o primeiro deles.

Tais circunstâncias, de possível dano ao trabalhador,

privado da subsistência e de plano de saúde para tratamento de

suas sequelas decorrentes de acidente de trabalho, autorizam o

deferimento da tutela antecipada, em caráter liminar, aqui

pretendida, tudo com vistas à garantia da efetividade do

provimento jurisdicional futuro e ao afastamento do dano ao

obreiro decorrente da demora dessa prestação.

Desse modo, restaram presentes os requisitos para a

concessão da tutela antecipada previstos na Lei 12.016/09 e no

Código de Ritos Pátrio, notadamente a tutela de urgência,

defere-se a imediata reintegração da impetrante ao emprego.

Ante o exposto, nos moldes do art. 7º, III, da Lei nº.

12.016/09, DEFIRO A LIMINAR para suspender a decisão

denegatória de antecipação de tutela proferida pelo MM. Juízo

da 20ª Vara do Trabalho de Salvador/BA e determinar a imediata

reintegração da impetrante ao emprego, sob pena de multa diária

de R$200,00 (duzentos reais).

Com efeito, constitui o objeto principal deste writ a concessão da

segurança, negada em sede de tutela antecipada em primeiro grau, para

reintegração ao emprego do ora impetrante, com base no seu estado de saúde

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 9: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.9

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

decorrente de acidente de trabalho e estabilidade provisória prevista no art.

118, da lei 8.213/91.

O art. 118 da Lei 8.213/91 dispõe que „o segurado que sofreu acidente

do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção

do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença

acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente’.

Pois bem. A legislação pátria veda qualquer critério discriminatório

direcionado pelo empregador ao empregado, seja na admissão, seja na

dispensa. A interpretação da função social da empresa deve ir muito além de

que há ilimitado poder potestativo de dispensa.

No caso em apreço, restou incontroverso o acidente de trabalho sofrido

pelo impetrante e o afastamento previdenciário, na modalidade 91, com

percepção de auxílio doença acidentário, em períodos alternados, cessado em

19/07/2011 (ID bbe4ca4).

O impetrante demonstrou, mediante prova pré-constituída, consistente

em vastos relatórios, fotografias e exames médicos, que foi dispensado, em

09/05/2018, quando estava em tratamento das sequelas em sua saúde, de

ordem física e mental, decorrentes de acidente de trabalho sofrido em

03/05/2007, consiste em exposição a fio de alta tensão e contato com

descarga elétrica de um condutor do circuito de 13.800 Volts, que causou

queimaduras graves em membro superior esquerdo, carbonização e

amputação de dedos polegar e indicador, além de choque tóxico (CAT e

laudos médicos ID's 180b543 - Pág. 2/ss e 044a035 - Pág. 2).

Demonstrou o impetrante, também, a necessidade de manutenção

do tratamento, com realização de cirurgia para correção de sequelas e

"retrações cicatriciais" próprias das queimaduras sofridas, em

junho/2018, após a extinção do contrato de trabalho (relatório médico

ID 044a035 - Pág. 3). Foram apresentados, ainda, relatórios psicológicos

com informações sobre as consequências emocionais decorrentes do

acidente e das mutilações sofridas (ID 5e43b3f - Pág. 2/ss).

Assim, o impetrante comprovou a plausibilidade do seu direito, pois

portador de lesões em sua saúde e que, embora não se encontre percebendo

benefício previdenciário, ainda se encontra em tratamento. Ao contrário do

que acredita o litisconsorte, nenhum trabalhador pode ser dispensado

enquanto em tratamento médico das sequelas decorrentes de acidente de

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 10: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.10

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

trabalho. A garantia legal e provisória de emprego remanesce até a

recuperação total da capacidade laborativa do autor, na medida em que ainda

faz tratamento para o mal que lhe aflige.

Nesse sentido, a expressão „pelo prazo mínimo de 12 meses‟, constante

do art. 118, da lei 8.213/91, deve ser corretamente entendida. A lei assegura o

patamar mínimo quanto a esta garantia de emprego, não sendo válida a

fixação do período de estabilidade em nível inferior, por meio de outras

fontes normativas, nem mesmo por negociação coletiva. Concretizando os

princípios da norma mais favorável e da proteção, é plenamente possível e

válida a estipulação de prazo superior ao mínimo legal.

Esgotado o prazo da estabilidade provisória de emprego, previsto na

Lei 8.213/1991 e consagrado na Súmula 378, do TST, porto convicção de

que a existência de sequelas que exigem cirurgias e tratamentos médico e

psicológico afasta o limite temporal de 12 meses da lei, sendo certo que o

período de estabilidade passa a ser aquele necessário à total recuperação do

trabalhador. Nesse passo, é vedada a demissão do empregado, mesmo após o

término do prazo legal da garantia provisória de emprego, nas situações

como a do caso em apreço. Não exaurido o período de estabilidade, se afasta

a aplicação da súmula nº 396, do TST invocada pela autoridade impetrada.

Ressalte-se que não se pretende a perpetuação do vínculo de emprego,

mas a proteção de empregado que permanece em tratamento das graves

lesões sofridas por acidente de trabalho causado pelo descumprimento por

parte do empregador da obrigação de manter ambiente de trabalho hígido e

seguro. Entendimento diverso estaria a relegar o empregado a estado de

necessidade, em momento em que mais necessita do trabalho, com o fim de

manter o tratamento médico, o que inibe o poder de dispensa do empregador

pelos atos e omissões praticados por ele.

Observe-se que existem dois valores a serem perseguidos pela norma

de proteção aplicada: a saúde do trabalhador portador de doença e o seu

direito à subsistência; e a proteção ao poder de direção do empregador. Esses

valores não são igualmente tutelados, prevalecendo o primeiro deles, afinal,

nos termos da Constituição Federal, a saúde é direito fundamental de cunho

social, devendo ser preservada tal garantia de ordem constitucional (art.6º).

Com efeito, as sequelas na saúde do trabalhador, ainda em tratamento,

mitigam o poder do empregador de resilir unilateral e arbitrariamente o

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 11: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.11

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

contrato de trabalho, diante dos auspícios dos princípios da dignidade da

pessoa humana, do valor social do trabalho, da função social da propriedade

e do contrato, conforme art. 1º, III e IV; art. 170, III, da Constituição da

República e art. 421 do Código Civil.

O prejuízo decorrente dessa dispensa do obreira é evidente, de modo

que não se vislumbra teratologia ou ilegalidade na decisão proferida em sede

liminar que deferiu a reintegração ao emprego. Ao revés, tem-se que está

revestida de razoabilidade e adequada à verossimilhança das alegações do

impetrante.

Nesse passo, pode-se concluir que a dispensa havida revela-se

discriminatória, sendo certo que qualquer discriminação, sob a aparência de

legalidade, atenta contra as garantias fundamentais postas na Carta Magna,

bem como contra os princípios da dignidade da pessoa humana, da

valorização do trabalho e da boa-fé objetiva contratual.

Uma das medidas adotadas pelos Estados Democráticos é reforçar a

gama de direitos sociais, criando políticas de inclusão e incentivando a

permanência dos trabalhadores nos postos de trabalho. Modernamente, o que

se pode constatar é que Estado Democrático de Direito e proteção contra

práticas discriminatórias são conceitos indissociáveis.

Além das normas constitucionais e da Organização Internacional do

Trabalho, a Lei n.º 9.029/95 proíbe a adoção de qualquer prática

discriminatória e limitativa para efeito de acesso ou manutenção da relação

de emprego.

No caso vertente, permanece a presunção da dispensa

discriminatória. A tese do litisconsorte de que a dispensa ocorreu

quando o autor estava apto ao trabalho, conforme atestado de saúde

ocupacional (ASO demissional ID 48d2539), não deve prosperar pois em

oportunidades anteriores o mesmo empregador apresentou outros

atestados médicos com indicação de aptidão ao trabalho, mas, em

seguida, o autor foi novamente afastado do serviço com recebimento de

auxílio doença acidentário por incapacidade laborativa. Cite-se,

exemplificativamente, o ASO de retorno ao trabalho expedido em

25/05/2010 (ID 48d2539 - Pág. 6), sucedido de novo afastamento

previdenciário em 07/06/2011 (ID bbe4ca4 - Pág. 1).

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 12: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.12

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

A dispensa discriminatória é caracterizada pelo desamparo material e

psicológico, capaz de conduzir a redução da expectativa de vida. Perder o

emprego significa perder a dignidade, perder o acesso à assistência médica e,

fundamentalmente, os bens necessários a uma existência digna, mormente

quando inexistente plena saúde após grave acidente de trabalho.

Pelo exposto, viola direito líquido e certo do trabalhador a não

concessão de medida liminar em reclamação trabalhista, para fins de

reintegração no emprego, quando o obreiro estava em tratamento médico e

albergado pela estabilidade provisória de emprego no momento da dispensa.

Faz necessário destacar a natureza alimentícia do crédito trabalhista,

bem como o fato de que, nas tutelas específicas de reintegração ao emprego,

o risco da irreversibilidade do provimento final deve ser mitigado à luz do

princípio da razoabilidade, levando-se em conta o menor sacrifício possível

ao direito fundamental a ser tutelado no caso concreto.

Tais circunstâncias, de possível dano ao trabalhador, privado da

subsistência, levaram, acertadamente, ao deferimento da tutela antecipada,

em caráter liminar, tudo com vistas à garantia da efetividade do provimento

jurisdicional futuro e ao afastamento ou minimização do dano ao obreiro

decorrente da demora dessa prestação.

Veja-se que o Ministério Público do Trabalho opinou pela concessão

da segurança, tal como aqui expendido, conforme parecer ID 1076518.

Ressalte-se, por fim, que permanece intacto o interesse pela concessão

da segurança do presente, considerando que o litisconsorte não trouxe prova

mandamus quanto à alteração do estado de saúde do impetrante. Ademais,

em consulta processual à reclamação trabalhista originária, no sistema Pje,

depreende-se que sequer foi determinada a ordem de reintegração do

impetrante ao emprego pela autoridade indigitada coatora, conforme decisão

liminar aqui ratificada.

À vista de todo o exposto, outro caminho a ser perfilhado não há senão

a concessão da segurança, mantendo-se os efeitos da decisão liminar

deferida. Custas pelo litisconsorte, no montante de R$19,08 (dezenove reais

e oito centavos) em razão do valor de R$954,00 (novecentos e cinquenta e

quatro reais) atribuído à causa.

DO AGRAVO REGIMENTAL

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 13: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.13

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Busca o litisconsorte passivo a reforma da decisão proferida

monocraticamente que deferiu liminar ao impetrante no sentido de suspender

a decisão denegatória de antecipação de tutela proferida pelo MM. Juízo da

20ª Vara do Trabalho de Salvador e determinar a imediata reintegração do

impetrante ao emprego, sob pena de multa diária de R$200,00 (duzentos

reais).

Tendo em vista o quanto decidido quando da análise da ação

mandamental, outro caminho a ser perfilhado não há senão o do

desprovimento do presente agravo regimental.

Acordam os Desembargadores da Subseção II, da Seção Especializada

em Dissídios individuais do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, à

unanimidade, CONCEDER a segurança e Custas pelo NEGAR

PROVIMENTO AO AGRAVO REGIMENTAL. litisconsorte, no montante

de R$19,08 (dezenove reais e oito centavos) em razão do valor de R$954,00

(novecentos e cinquenta e quatro reais) atribuído à causa.

Acordam os Desembargadores da SUBSEÇÃO DE DISSÍDIOS

INDIVIDUAIS II do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, em sua 2ª

Sessão Extraordinária, realizada no terceiro dia do mês de dezembro do ano

de 2018, sob a Presidência em exercício da Excelentíssima Senhora

Desembargadora do Trabalho YARA TRINDADE e com a presença dos

Excelentíssimos Senhores Desembargadores do Trabalho NORBERTO

FRERICHS, HUMBERTO MACHADO, PIRES RIBEIRO, SUZANA

INÁCIO e Juízas convocadas ANA PAOLA DINIZ, MARIA ELISA

GONÇALVES, ELOÍNA MACHADO, à unanimidade, CONCEDER a

segurança e NEGAR PROVIMENTO ao agravo regimental. Custas pelo

litisconsorte, no montante de R$19,08 (dezenove reais e oito centavos) em

razão do valor de R$954,00 (novecentos e cinquenta e quatro reais) atribuído

à causa.” (fls. 643/651, destaquei)

Nas razões do recurso ordinário, a Litisconsorte

passiva alega que “que no caso em concreto não estão preenchidos todos os requisitos

necessários para concessão da segurança, principalmente por inexistir estabilidade ou qualquer prova

de que a dispensa tenha ocorrido de forma discriminatória” (fl. 660).

Sustenta ser “incontroverso nos autos que o Impetrante sofreu

acidente de trabalho, em 03/05/2007, permanecendo afastado em tratamento até 25/05/2010, sendo que

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 14: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.14

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

posteriormente teve que se afastar por mais duas vezes, sendo que o último afastamento findou em

19/07/2011. Neste sentido, de plano verificamos que o Impetrante, no momento de sua dispensa,

ocorrida em 09/05/2018, não mais gozava da estabilidade de emprego prevista no Art. 118, da Lei nº

8.213/91, a qual já havia expirado há muito tempo, em decorrência do transcurso temporal dos 12

meses.” (fl. 661).

Pondera que “O decurso do referido prazo também retira qualquer

probabilidade de se presumir a dispensa como discriminatória, ao contrário do afirmado no V.

Acórdão recorrido. Ora, Exas., como seria discriminatória uma dispensa após mais de 07 anos de

retorno do empregado ao exercício de atividades da Recorrente?”(fl. 662).

Insiste que “comprovado de forma cabal que inexiste no caso em

concreto direito líquido e certo irrefutável ou perigo da demora, que possibilite a declaração de

nulidade da dispensa do Recorrido, em razão de uma suposta estabilidade de emprego, em razão do

acidente ocorrido em 2007, jamais poderia ter sido concedida a segurança pleiteada” (fl. 665).

Ao exame.

Como historiado, o Regional concedeu a segurança por

constatar que “esgotado o prazo da estabilidade provisória de emprego, previsto na Lei

8.213/1991 e consagrado na Súmula 378, do TST, porto convicção de que a existência de sequelas que

exigem cirurgias e tratamentos médico e psicológico afasta o limite temporal de 12 meses da lei, sendo

certo que o período de estabilidade passa a ser aquele necessário à total recuperação do

trabalhador”, bem como por entender que a dispensa foi discriminatória.

A Litisconsorte passiva impugna a decisão,

argumentando, em suma, que o acidente de trabalho ocorreu em 2007,

portanto, a dispensa em 9/5/2018, quando há muito expirada a garantia

de emprego de 12 meses prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/1991, é lícita,

não havendo falar em dispensa discriminatória.

Portanto, discute-se no mandado de segurança se viola

direito líquido e certo do Impetrante o indeferimento do pedido de

provisória de urgência para reintegração no emprego, a partir das

alegações e dos documentos juntados à petição inicial da reclamação

trabalhista.

Cumpre ter presente que a análise da questão veiculada

no mandamus deve se limitar à abusividade ou ilegalidade do ato censurado

e sua eventual ofensa a direito líquido e certo da Impetrante, pois em

sede de mandado de segurança não cabe o exame do mérito da ação

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 15: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.15

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

trabalhista, cuja competência originária é exclusiva do Juízo de primeira

instância.

Destarte, a apreciação deve circunscrever-se à

observância dos requisitos dispostos no art. 300 do CPC de 2015,

autorizadores da concessão de tutela de urgência, quais sejam a

probabilidade do direito e o perigo d dano ou o risco ao resultado útil

do processo.

A concessão da tutela antecipatória está amparada no

princípio disposto no artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal,

bem como no artigo 300 do CPC de 2015.

No caso concreto, consta dos autos que o Impetrante,

atuando em rede viva de energia de distribuição, foi vítima de acidente

de trabalho típico em 3/5/2007, submetido à descarga elétrica de 13.800

volts. Na oportunidade, dois outros empregados foram a óbito, e o

Impetrante sofreu queimaduras na parte posterior do tronco e na mão

esquerda, com dois dedos amputados (polegar e indicador), além de perda

de movimento no dedo médio, perda de força palmar direita e esquerda,

com diversas intervenções cirúrgicas de enxertia.

Conforme as comunicações de decisão da Previdência

social acostadas às fls. 320/329, foi concedido ao Impetrante

auxílio-doença (espécie 91), nos períodos de 24/5/2007 a 3/11/2009 e de

7/6 a 19/7/2011, tendo o trabalhador cumprido Programa de Realibitação

no interregno de 22/1 a 3/11/2009.

Segundo a conclusão da perícia médica realizada na

reclamação trabalhista, há nexo de causalidade exclusivo entre a perda

parcial da capacidade laborativa (50%) e o acidente de trabalho:

“9. CONCLUSÃO

Nexo de causa estabelecido segundo Critérios de Simonin

conforme discussão do Laudo como incontroverso e exclusivo acidentário no

trabalho, segundo provas nos Autos.

Alteração de integridade física e psíquica (Déficit Funcional

Permanente) em grau médio que conferem 50% (médio) de 60% (função da

mão) para dano identificado segundo Tabela SUSEP DPVAT. Hipótese

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 16: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.16

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

diagnóstica é para sequela de eletrocução comprovada por clínica, exame

físico, e complementares de imagem.

Dano estético estimado médio e passível de valoração em 20%.

Repercussão na atividade profissional passível de valoração em

50%.

NTEP positivo para o objeto em análise.”

(conclusão do laudo pericial – fl. 17)

Foram emitidas Comunicações de Acidente de Trabalho

- CAT em 19/8/2010 (fl. 319), 23/8/2010 (fl. 318), 30/5/2011 (fl. 317)

e 7/6/2011 (fl. 316).

A CAT à fl. 47 traz no campo 43, como “descrição da situação

geradora do acidente ou doença”, o seguinte: “podando uma árvore recebeu descarga elétrica

ao pegar no condutor do circuito de 13.800 volts”; partes do corpo atingidas (campo

41): mão esquerda e costas; agente causador (campo 42) eletricidade.

O “Relatório Médico” à fl. 85 noticia que o Impetrante

foi atendido naquela unidade hospitalar quando sofreu queimaduras graves

de 2º e 3º graus em 2007, em decorrência de fio de alta tensão, com

carbonização na face posterior do tronco e em dedos polegar e indicador

(amputados). Registra que o paciente “realizou avaliação ambulatorial neste Hospital

(Sagrada Família” em 17/5/2018 e deverá realizar cirurgias reparadoras para corrigir sequelas e

retratações cicatriciais que é comum ocorrer em pacientes vítimas de grandes queimaduras

(retrações cicatriciais em região dorsal), a partir de junho/2018”.

Os documentos às fls. 75/82 noticiam quadro de

depressão, necessidade de acompanhamento e tratamento psicoterápico após

o acidente.

Neste contexto, restou claro que o Impetrante, quando

da dispensa sem justa causa, em 9/5/2018 (TRCT à fl. 39), ainda se

encontrava em tratamento médico das sequelas do acidente de trabalho

típico, com carbonização de partes do corpo e amputação de dedos, que

lhe ocasionaram perda da capacidade laborativa em 50%, consistentes em

indicação de cirurgia reparadora de retrações cicatriciais no tronco após

junho de 2018.

Assim delineado, não vejo espaço para reforma do

acórdão regional, porquanto, de fato, estão preenchidos os requisitos

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 17: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.17

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

previstos no artigo 300 do CPC, uma vez que o trabalhador somente pode

ser dispensado do emprego quando estiver apto para o trabalho, o que

parece ainda não ter ocorrido.

Não se sustentam as alegações expostas pela

Litisconsorte (COELBA) nas razões de recurso ordinário, quando alega já

estar expirado o prazo de garantia provisória de emprego prevista no art.

118 da Lei nº 8.213/1991.

Na hipótese em exame, não se trata daquela garantia

mínima de continuidade do vínculo de emprego pelo período de um ano após

o retorno do empregado acidentado, em que se parte da premissa de que

a prestação e serviços foi retomada porque o trabalhador teve restaurada

a sua capacidade laborativa.

Diferentemente, afora a perda permanente de 50% de sua

capacidade laborativa, o Impetrante parece guardar acentuadas sequelas

físicas do acidente de trabalho, pendentes de tratamento médico e

cirúrgico, o que impossibilita o rompimento do vínculo laboral.

O comprometimento da saúde do trabalhador que guarde

relação de causalidade com a prestação de serviços orienta a reintegração

ao emprego. Nesse sentido, a inteligência da parte final do item II da

Súmula 378 do TST, seguindo a qual “São pressupostos para a concessão

da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção

do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida,

doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do

contrato de emprego”.

Apesar de o perito designado pelo juízo – no curso da

reclamação trabalhista, após ter sido exarada a decisão impugnada neste

mandado de segurança -, em resposta a quesitos do trabalhador, ter

empregado as expressões “Cicatriz já consolidada com queloide

hipertrófico” e “dano já consolidado” (fl. 18), não afasta a

verossimilhança das alegações iniciais, baseadas em relatório assinado

por profissional especializado em cirurgia plástica (fl. 85).

Rigorosamente, se já estavam programadas cirurgias

reparadoras para depois de junho/2018, “para corrigir sequelas e

retratações cicatriciais que é comum (sic) ocorrer em pacientes vitimas

de grandes queimaduras”, tal como assinalado no relatório médico à fl.

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 18: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.18

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

85, parece de fato questionável se o Impetrante estaria realmente apto

para fins de rescisão contratual, sobretudo à luz da jurisprudência já

sedimentada, segundo a qual o prazo prescricional para a pretensão

reparatória pelos danos material e moral sofridos pelo trabalhador

conta-se a partir da ciência inequívoca da consolidação das lesões.

Nesse sentido, para o exame da tutela de urgência

vindicada, relativamente à incidência da norma do art. 118 da Lei

8.213/1991 na situação vertente, parece que vem a calhar o decidido

naquele julgado referido tanto na petição inicial do mandado de segurança

quanto da ação trabalhista:

"RECURSO DE REVISTA – ESTABILIDADE PROVISÓRIA.

DOENÇA PROFISSIONAL. SEQUELA DE ACIDENTE DE

TRABALHO. DEMISSÃO DO EMPREGADO QUANDO EM

TRATAMENTO DA DOENÇA. PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO. O

Regional consignou que a dispensa do Reclamante, apesar de ocorrida

mais de um ano depois da alta médica atinente ao auxílio doença

acidentário (benefício usufruído em face do acidente de trabalho por ele

sofrido anos antes), foi contemporânea à sua preparação para a cirurgia

que visava a corrigir problemas de saúde decorrentes do acidente,

entendendo que tal situação, por guardar relação com o referido

acidente, impunha reconhecer o direito do Reclamante à estabilidade

provisória pleiteada. Diante de tal delineamento fático, não é possível a

constatação de ofensa literal do art. 118 da Lei nº 8.213/91, na forma

exigida pelo art. 896, c, da CLT, de contrariedade à Súmula 378, II, do TST

ou de divergência jurisprudencial com arestos inespecíficos, a teor da

Súmula 296, I, do TST, ou que não atendem às exigências do art. 896, a, da

CLT. Recurso de Revista não conhecido (...)"

(TST-RR-55900-88.2005.5.15.0053, 8ª Turma, Relator

Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, DEJT 17/6/2011,

destaquei).

É importante registrar que a ruptura do vínculo de

emprego traduz, efetivamente, dano de difícil reparação para o

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 19: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.19

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

trabalhador, na medida em que o prejuízo financeiro sofrido renova-se

e é agravado mês a mês, atingindo sua subsistência e de sua família.

Sob a perspectiva do artigo 5º, XXXV, da Constituição

Federal, e a partir da razoabilidade do direito material afirmado na

reclamação trabalhista, a efetividade da prestação jurisdicional que

visa à proteção da relação de emprego deve prevalecer em face dos

interesses patrimoniais da Litisconsorte.

Vejam-se, por oportuno, as diretrizes das OJs 64 e 142

da SBDI-2 do TST:

64. MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO

LIMINARMENTE CONCEDIDA (inserida em 20.09.2000)

Não fere direito líquido e certo a concessão de tutela antecipada para

reintegração de empregado protegido por estabilidade provisória decorrente

de lei ou norma coletiva. (destaquei)

142. MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO

LIMINARMENTE CONCEDIDA (DJ 04.05.2004)

Inexiste direito líquido e certo a ser oposto contra ato de Juiz que,

antecipando a tutela jurisdicional, determina a reintegração do empregado

até a decisão final do processo, quando demonstrada a razoabilidade do

direito subjetivo material, como nos casos de anistiado pela Lei nº 8.878/94,

aposentado, integrante de comissão de fábrica, dirigente sindical, portador de

doença profissional, portador de vírus HIV ou detentor de estabilidade

provisória prevista em norma coletiva. (destaquei)

O caso examinado, em que o Impetrante ainda se encontra

em tratamento médico, assemelha-se à reintegração do portador de doença

ocupacional, conforme diretriz da OJ 142 da SBDI-1, a qual, ademais, expõe

rol exemplificativo - e não taxativo - das hipóteses de razoabilidade

na restauração liminar do vínculo de emprego quando o trabalhador foi

dispensado em situação de vulnerabilidade.

Confiram-se, a propósito, os seguintes julgados, em

que mantida ou deferida a reintegração de trabalhador ainda submetido

a tratamento médico:

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 20: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.20

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.

INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO A SER OPOSTO

CONTRA ATO DE JUIZ QUE DEFERE A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

E DETERMINA A REINTEGRAÇÃO DO EMPREGADO E O

RESTABELECIMENTO DO PLANO DE SAÚDE. PRESENÇA DOS

PRESSUPOSTOS DO ARTIGO 273 DO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL/73. Hipótese em que o Tribunal Regional denegou a segurança para

manter a reintegração do reclamante e o restabelecimento do plano de saúde ,

até a decisão final, transitada em julgado, na reclamação trabalhista de fundo,

eis que presentes os requisitos do artigo 273 do Código de Processo Civil/73.

Ressalte-se que o litisconsorte foi submetido a procedimento cirúrgico,

quando se encontrava em curso o período destinado ao aviso prévio, que

acarretou choque anafilático e culminou em sequelas relacionadas à

capacidade motora e cognitiva e ao seu campo de visão, ante a presença de

medicamentos no seu organismo utilizados para combater a malária, doença

que fora acometido anteriormente, no desempenho de atividades para a

reclamada. De fato, a jurisprudência desta Corte é no sentido de que não fere

direito líquido e certo o ato do Juiz que, em concessão de tutela antecipada,

determina a reintegração do empregado até a decisão final do processo,

quando demonstrada a razoabilidade do direito subjetivo material. Aplicação

analógica da Orientação Jurisprudencial 142 da SBDI-2 do TST. Recurso

ordinário não provido" (TST-RO-458-05.2015.5.06.0000,

Subseção II Especializada em Dissídios Individuais,

Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT

29/4/2016, destaquei).

"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.

TRABALHADORA DISPENSADA COM TRATAMENTO EM CURSO

DE SÍNDROME DE TÚNEL DO CARPO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

PARA REINTEGRAÇÃO AO EMPREGO. INEXISTÊNCIA DO

DIREITO LÍQUIDO E CERTO AFIRMADO PELO EMPREGADOR. 1.

Cuida-se de mandado de segurança aviado contra decisão de antecipação dos

efeitos da tutela, na qual a autoridade judicial determinou a reintegração da

litisconsorte passiva ao emprego, considerando demonstrado que no

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 21: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.21

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

momento da dispensa a trabalhadora encontrava-se em tratamento de doença

ocupacional. 2. Tese inicial de ausência do direito à reintegração, deduzida

sob o argumento de que a trabalhadora não recebeu benefício previdenciário

de natureza acidentária e que, por isso, não faz jus à garantia provisória de

emprego. 3. Havendo prova de que a litisconsorte passiva estava sendo

submetida a tratamento de síndrome do túnel do carpo - enfermidade

comumente associada ao conceito de doença ocupacional (artigos 19 e 20 da

Lei 8.213/1991) - poucos meses antes da dispensa imotivada, não há

ilegalidade, abusividade ou desproporcionalidade na decisão de reintegração

liminar ao emprego. Recurso ordinário conhecido e não provido"

(TST-RO-173-06.2015.5.17.0000, Subseção II

Especializada em Dissídios Individuais, Relator

Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 29/4/2016,

destaquei).

“RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.

REINTEGRAÇÃO. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA.

REQUISITOS. CONFIGURAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO

LÍQUIDO E CERTO. 1. Mandado de segurança impetrado em face da

decisão do Juízo 10ª da Vara do Trabalho de Campinas/SP em que

antecipados os efeitos da tutela em reclamação trabalhista para se determinar

a reintegração da reclamante aos quadros do reclamado. 2. Constatado, de

acordo com a prova documental colacionada com a petição inicial da ação

trabalhista que, no momento da ruptura contratual, a litisconsorte se

encontrava em tratamento médico de doença possivelmente adquirida no

ambiente de trabalho, cujos danos ocorreram de forma gradativa, resta

demonstrada a verossimilhança das alegações expostas, não havendo que se

cogitar de perigo de irreversibilidade do provimento antecipado, na medida

em que o labor da litisconsorte configura contraprestação às verbas salariais

devidas enquanto vigente a decisão precária ora impugnada . 3. Inteligência

da Orientação Jurisprudencial nº 142 da SBDI-2 do TST. 4. Direito líquido e

certo não demonstrado. Recurso ordinário conhecido e não provido. (TST-

RO-6929-56.2013.5.15.0000, Relator Ministro Emmanoel

Pereira, DEJT de 26/6/2015, destaquei)

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.

Page 22: PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000 RECURSO …s3-sa-east-1.amazonaws.com/sedep-site/wp-content/uploads/... · 2019. 11. 29. · do pedido de tutela provisória de urgência

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.22

PROCESSO Nº TST-RO-1122-58.2018.5.05.0000

Firmado por assinatura digital em 01/10/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Portanto, configurado o direito líquido e certo do

Impetrante à reintegração ao emprego, correto o acórdão regional no

tocante à concessão da segurança, sem prejuízo, se for o caso, da reversão

da decisão antecipatória no curso ou ao final do processo originário.

Com esses fundamentos, NEGO PROVIMENTO ao recurso

ordinário.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Subseção II Especializada em

Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,

conhecer e negar provimento ao recurso ordinário.

Brasília, 1 de outubro de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES Ministro Relator

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10029583588A614C0C.